Divino B’atista
A NOITE QUE NÃO DEVERIA TER ACONTECIDO Copyright © 2018 by Divino B’Atista
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Dados Internacionais de Catalogação (CIP) B’Atista, Divino A noite que não deveria ter acontecido (um conto de Apaixonada por um idiota) / Divino B’Atista – 1ª ed. – Clube de Autores - Brasil: 2018. 24p. ; 21 cm ISBN; 1. Literatura Brasileira. 2. Romance Juvenil. I. Título. CDD B869
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009. Reprodução proibida Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aos meus sempre fiéis leitores: já disse e nunca me cansarei de enfatizar a grande importância que cada um de vocês tem em minha jornada literária.
Nota do Autor Querido leitor, Sempre que acho necessário, crio arquivos extras que não fazem parte do livro, mas que detalham cenas que talvez poderiam fazer um sentido há mais. Essa é uma delas. Ela é a sequência do final do capítulo 14, que poderia ser adicionada entre as páginas 175 e 176, antes da Ana Clara tentar ajudar a Nanda no trágico incidente que ocorreu na comemoração, sob o ponto de vista da Nanda. Eu precisava saber o que ela estava pensando naquele momento, e o resultado é esse. Espero que gostem. Beijos!
Divino B’atista
Eu estava super apertada quando Nathalie apareceu. E é claro que eu não poderia esperar nem um minuto sequer para sair feita um míssil em direção ao banheiro feminino. Principalmente após ela avisar em voz alta que também precisava ir. — Desculpem dizer isso na frente de vocês, e sei que acabamos de nos encontrar, mas... eu vou ter que deixá-las sozinhas novamente. — Nathalie colocou a mão
entre as pernas, cruzando-as em seguida — Tenho que ir ao toalete. — Eu te acompanho, Nathalie. — digo, entregando minha pequena bolsa rosa para a Ana Clara — Estava mesmo a fim de retocar minha maquiagem. Você não se importa se eu for, se importa? — eu quis saber, analisando o olhar perdido da minha prima por trás daquelas lentes horríveis, assim que ela segurou minha bolsa. Ana Clara fez que não com a cabeça, e então não perdemos nem mais um segundo. — Voltaremos em cinco minutos. — acrescentei, agora agarrando a mão da Nathalie, puxando-a logo em seguida.
♥♥♥ Assim que adentramos no banheiro feminino, Nathalie se trancou em umas das cabines privadas, enquanto eu fazia o mesmo em outra. Era um alívio estar ali, despejando toda aquela urina no vaso sanitário.
É hilário, eu sei, mas se a Nathalie não tivesse aparecido bem na hora e não estivesse com a mesma vontade de ir ao toalete, juro que eu não saberia o que fazer. Não que a Ana Clara não pudesse me acompanhar, é claro que ela poderia. Mas... Só acho que já abusei demais da sua sanidade hoje mais cedo quando fomos escolher os nossos modelitos e, certamente, eu não queria ser comparada com aquele famoso tipo de gente que só se lembram das pessoas quando precisam. Ela já estava fazendo o trabalho de ser minha cupída outra vez. Sem comentar o quanto seria mais fácil encontrar o Chris se eu a deixasse vagando por aí, solitária. Quando abri a porta, dei de cara com a Luciana em frente ao enorme espelho preso na parede. Ela parecia retocar sua maquiagem. — Nanda? Quando tempo, hein? — ela me encarou pelo meu reflexo no espelho — É impressão minha, ou depois que aquela sua prima metida a CDF chegou você não quis saber da existência de seus amigos?
— Como é que é? — bufei, enquanto tentava assimilar sua ironia. Ela revirou os olhos antes de abrir a boca outra vez. — Ah, fala sério, Nanda! — e guardou seu batom dentro da sua bolsinha preta — Da última vez que você veio falar comigo, foi no intervalo depois da aula de inglês. Isso só aconteceu porque você não tinha as respostas da prova surpresa e, adivinha, precisava da minha ajuda. — Isso não é verdade! — tentei me defender, me aproximando dela e a encarando, frente a frente — Muita coisa aconteceu, Luciana, e a Ana Clara só está me ajudando a conquis… — parei antes de fazer a maior burrada da minha vida. Nanda, minha filha, o que você está fazendo? Quer mesmo que ela descubra? — Então quer dizer que a Ana Clara está te ajudando a “conquistar” alguém, é isso? — ela me fitou um pouco surpresa, mas com aquela sua certa ironia até — E eu posso saber quem é esse coitado? — e sorriu com certo deboche.
— Olha aqui, Luciana, você entendeu tudo errado. Eu… — parei de falar assim que a Nathalie saiu de uma das cabines espantada. — Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? — ela fuzilou a Luciana com aquele seu olhar maligno, como se eu tivesse acabado de levar uma surra. — Ai, meu Deus! Era só o que me faltava! — Luciana mexeu em uma das mechas de seu cabelo antes de começar a caminhar até a saída — Pra mim já chega! Tenha uma boa noite, “amigas”! — e saiu do banheiro batendo a porta atrás de si com força. — Nossa! — soltei o ar com raiva — Você viu? A verdade é que palavras bonitas se tornam descartáveis perto das atitudes estúpidas. — Não liga não, Nanda. — Nathalie se aproximou, colocando sua mão direita por sobre meu ombro esquerdo — Ela está agindo dessa maneira porque nós duas deixamos de ir aos encontros dela, como
fazíamos antes da sua prima chegar de viagem. — É ridículo como algumas pessoas deixam de gostar de você a partir do momento em que você não faz o que elas querem. — tentei sorrir, mas falhei vergonhosamente — Ainda bem que a Ana Clara voltou, porque eu já não suportava mais fazer tudo que a Luciana queria. — Falando em viagem, acredita que amanhã eu vou ter que ir visitar os meus avos paternos? — ela sorriu gentilmente com o olhar — O meu pai está radiante por isso. — e vejo o brilho morrer em seus olhos no segundo seguinte — Eu não queria ir, mas detesto deixar o meu pai triste. Não quero desapontá-lo. — E pensar que o meu pai deixou de me conhecer para fugir com uma sirigaita. — não consegui evitar. Ouvir a Nathalie comentar sobre ''deixar seu pai triste'' me fez lembrar que a minha história é exatamente o contrário — Quer saber de uma coisa, Nathalie? — liguei a torneira e, com a palma da minha mão, molhei meu pescoço — Às vezes, eu preferiria que o
meu pai tivesse morrido igual ao pai da Ana Clara. Quem sabe assim eu não corra o risco de conhecer algum meio irmão ou até mesmo uma irmã no futuro. — Não diga uma coisa dessas, Nanda, a vida só reserva para as pessoas aquilo que elas merecem. Talvez o seu progenitor não merecesse te conhecer. — Talvez, Nathalie. — digo, refletindo sobre o assunto — Talvez. Mas não gosto de falar muito sobre esse assunto com a Ana Clara, ela sempre fica triste e... passa quase uma semana inteira isolada do mundo. — as imagens da Ana Clara chorando dentro do nosso quarto transcorreram na minha mente. Era como se um filme passasse por sobre os meus olhos. — Então… Vamos? — Nathalie me trás de volta a realidade. — Claro! — eu meio que quase gritei ao lembrar que estávamos perdendo tempo ali naquele banheiro. “Minha prima já deve ter encontrado o Chris perdido por aí”, pensei. E saímos.
♥♥♥ Quando voltamos, lá estava ele. Lindo, charmoso e, como sempre, perfeito. Chris. O meu único e verdadeiro amor. Christian também estava ali ao lado da Ana Clara, como se tentasse se desculpar por alguma coisa, e rapidamente me assustei quando vi que o Chris parecia bastante chateado. — Oi, Chris! — decidi abrir a boca, na esperança de fazê-lo soltar um meio sorriso. O que certamente funcionou, já que no mesmo instante o Chris ficou um bom tempo me analisando, deixando aquela cara de quem não tomou seu café da manhã ir embora de uma vez por todas. — Então, vamos? — para a minha sorte (ou azar) Nathalie decidiu quebrar o silêncio. — É claro! — todos nós respondemos em um só coro. Droga!
Lá se vai a minha chance de paquerar o Chris. Lá se vai o nosso “felizes para sempre”. Sem muita escolha, agarrei minha pequena bolsa rosa das mãos da Ana Clara e só então seguimos em direção as diversas cadeiras posicionadas em frente ao enorme palco que estava a nossa esquerda. Para o meu azar (dessa vez eu tenho certeza), a Luciana estava sentada exatamente em uma fileira atrás de onde nos acomodamos, acompanhada por algumas de suas amigas que compareceram na comemoração de aniversário da Vitória. Foram horas e horas de apresentações e orações. Um levanta e senta interminável seguido por ''coloquei-vos de pé outra vez irmãos'' e ''podei-vos a sentar''. Foi então que... o pior aconteceu. Senti uma tremenda cólica insuportável, parecia que o meu bebê imaginário estava para nascer a qualquer custo. O que fez com que surgisse uma nova nota mental: engravidar jamais.
— Está tudo bem, Nanda? — Ana Clara quis saber, preocupada. Droga! Agora não, por favor! — Não, Ana Clara, não está! — e lancei um olhar reprovador. — O que aconteceu, Nanda? — ela parecia ainda mais preocupada — Me diga! Está se sentindo mal, é isso? Olhei pra ela exatamente como estou acostumada sempre que minha menstruação vem à tona, na esperança de que me entendesse só mais essa vez. — Não acredito, Nanda, é a sua...? — mas ela não terminou. Era tarde demais. Assim como no banheiro, senti descer da mesma forma em que me aliviava minutos antes. Só que desta vez, não era urina. E, como na última vez, eu estava completamente envergonhada. Essa é, sem sombra de dúvidas, a única palavra capaz de me definir no momento. Ou seria... ferrada?
Tudo bem que da última vez em que aconteceu, nós duas ainda estávamos bem em frente da nossa casa, mas... com toda essa gente aqui me encarando, a certeza de ter menstruado não é nada agradável para alguém que está usando um mega e volumoso vestido branco. De repente, senti alguém me puxar pelo braço esquerdo com muita força e, quando vi quem era, notei a expressão de angústia no rosto de Ana Clara. — Nanda, sente-se agora mesmo. — não parecia ser um pedido, e sim uma ordem — Rápido, sua boba. Certamente não era um pedido. Eu a encarei sem entender. — Rápido, teimosa. — ela ordenou mais uma vez. — O que foi? — eu quis saber, assim que sentamos de volta na cadeira. — A Luciana está te filmando. Olhe. — ela apontou seu dedo na direção daquela megera que do qual jurava ser uma das minhas melhores amigas. — Ai, droga! — corei de vergonha no mesmo instante.
De todos os que estavam sorrindo, a Luciana era quem mais soltava risos de deboche com o seu celular na mão. Vaca! Só porque discutimos no banheiro, não significa que ela tenha o direito de fazer uma coisa dessas. Principalmente comigo. — E agora? — sussurrei, desejando que a Ana Clara tivesse alguma ideia maluca capaz de me livrar desse sufoco. — Não acredito que a sua menstruação veio justo agora, Nanda, principalmente com esse vestido. — Ana Clara sussurrou ao olhar para o estrago que aquela mancha tinha me causado. Nesse momento, mais do que nuca, rezei-implorei-berrei para ser engolida por um buraco negro, ao invés de receber tantos olhares apavorantes em minha direção.
Divino B'Atista é goiano, nascido em 1995 em Ceres/GO, mas cresceu em Porangatu (onde passou grande parte da sua infância). Apaixonado por músicas, filmes, e por literatura nacional, vê nas obras de Paula Pimenta e Carina Rissi uma fonte de inspiração. A trilogia "Apaixonada Por Um Idiota" é seu livro de estreia no mundo literário.
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