E Agora?

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Conheça a Trilogia: No Último Volume (livro 1: Mariana) Ao Som do Baile (livro 2: Eloísa) Golpeando o Amor (livro 3: Márcia)

Bônus da Trilogia: E Agora? (livro 0: Mariana) Uma Canção de Natal (livro 1,5: Mariana e Matheus) Mas, mãe, eu só... (livro 2,5: Eloísa) Sempre Com Você (livro 3,5: Márcia)



E AGORA? – Divino B’atista © 2018 by Divino Batista Revisão e preparação de texto: Divino Batista Projeto da capa: Divino Batista

Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem a permissão escrita do autor.

Dados Internacionais de Catalogação (CIP) Batista, Divino E AGORA? /Divino Batista – 1ª ed. – Goiânia, Brasil: 2018. 30p. ; 21 cm 1. Literatura Brasileira. 2. Romance Juvenil. I. Título. CDD B869

1ª edição – Fevereiro – 2016 Reprodução proibida 
Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Para vocĂŞ, LEITOR! Obrigado por fazer parte disso.



Eu estou oficialmente ferrada! Em outras palavras, minha vida havia se tornado uma das maiores catástrofes desse mundo. O motivo disso tudo? Bem, vamos aos fatos… Hoje é o dia em que minha ‘melhor amiga’ (conhecida também por Eloísa Prado), completa seus 11 anos de idade. E aonde é que está o erro? No “presente” que eu ainda não comprei, é claro! Como uma pessoa, em sã consciência, esquece de comprar o presente da melhor


amiga? Principalmente quando essa amiga é tipo SUUUUUPER- AMIIIIIGA???? Mariana, Mariana, o que deu em você? Como pôde fazer isso com a Eloísa??? E para tornar toda essa situação em uma catástrofe ainda maior, lógico, eu ainda havia esquecido de parabenizá-la justo neste dia tããão especial. Se eu estou desconfortável? Mas é claaaro que sim. Caí na cama e coloquei o travesseiro sobre a cabeça para abafar o grito. É isso que dá passar tanto tempo esperando uma ligação do Matheus. Como não esperar? E eu lá tinha culpa se, de uma hora pra outra, os pais dele resolvem se mudar? Sim! Se mudar. Bem, em todo o caso, acho que não né? Matheus, seu filho de uma vaca gorda, porque você não enfrentou os seus pais? Porque você não implorou pendido para ficar aqui comigo? Agora, além de perder o meu único melhor amigo da classe, eu ainda terei que suportar não vê-lo mais todos os dias, pois, ele também seria transferido para um outro Colégio. VIDA, porque você tem que ser tão injusta comigo, hã? ESPERA! Eu tive uma ideia. Pulei da cama e tentei ligar meu computador de mesa, mas o miserável resolveu travar justo hoje. Peguei o meu tablet (presente


da Eló, vejam só), já que o computador de mesa estava travando além do normal e, com o restinho da paciência que me restara naquele momento, entrei na minha conta do Facebook.

Mariana Carey está on-line.

Mariana Carey; Eloííísaaaaa, Feliz Aniversáááriioooo, Liiiindaaaaaa!!! Que Deus Te Elimine.

Eloísa Prado; Nossa, falsa. o.O

Mariana Carey; Mal agradecida, o que foi?

Eloísa Prado; Que Deus ''Elimine'' você…

Mariana Carey; ILUMINEEEEE**** kkkkkkkkkkkkkkkkk desculpa... Ok.


Mariana Carey; Esse infeliz corredor acaba com a gente… *corretor Eloísa Prado; Mariana, me diz uma coisa, o que você está fazendo agora? Mariana Carey; Falando com você.

Só depois de apertar a tecla ''Enter'' é que me dei conta da bandeira que dei.

Eloísa Prado; Ai, sua besta! Eu sei. E além disso? Esperando uma ligação do Matheus.

Obvio.

Eloísa Prado; E onde está o seu celular?


Mariana Carey; Na minha mão. Lógico!!!

Confirmei, me certificando novamente de que o aparelho estava realmente ligado, com carga e com sinal. Já havia feito isso umas sete vezes só nos últimos cinco minutos. Mas, sabe como é, é sempre bom checar e dar mais uma conferida. É como eu sempre digo. Era o que eu suspeitava.

Mariana Carey; Não entendi. o.O

Eloísa Prado ; Mariana, ficar olhando pro celular não vai fazer com que o cara ligue pra você. Ao invés de bancar a idiota esperando o Matheus te ligar, porque que você não toma a iniciativa e liga pra ele?


Mariana Carey; Que tipo de mundo você vive?

Eloísa Prado; Acho que no mesmo que o seu. Por quê?

Mariana Carey; PORQUÊ? Você ainda pergunta? Acha que o Matheus gosta de garotas atiradas, que ficam por ai dando em cima dele? Como se não existisse mais nenhum outro garoto no mundo?! E afinal de contas, nós somos só “amigos”, tá?

Eloísa Prado; Acho, porque? Pera. “Só Amigos”. Ãrãn, sei. Além do mais, não vejo nenhum problema nisso. Esqueceu que o Matheus é homem?

Mariana Carey; Noooosaaaa! Sério?


Não me diga. Grande descoberta, acho até que o Pedro Alvez Cabral ficou chateado agora.

Eloísa Prado; Dá pra você parar de ser tão engraçadinha e focar no assunto?

Mariana Carey; Que eu saiba, não tenho nenhum motivo para tentar ser engraçada, ok? Só não sei mais o que fazer, e essa ansiedade vai acabar me matando se o Matheus não me ligar logo de uma vez. Até porque, ele disse que ligaria. Aliás, ele me afirmou com todas as letras que me ligaria qualquer dia desses. Entende AGORA porque não posso (e não quero) soltar mais o meu telefone celular?

Eloísa Prado; Quer uma dica? Faça alguma coisa interessante.


Mariana Carey; Aguardar o telefonema do Matheus já é super interessante, obrigada!

Eloísa Prado; Não me referia a esse tipo de coisa, né?

Mariana Carey; Então que tipo de coisa você de referia?

Eloísa Prado; Algo ainda maaaais interessante. Consegue me compreender?

Mariana Carey; E o que pode ser maaais interessante que o Matheus?????????????????

Eloísa Prado; Aff!


Mariana Carey; Tipo o quê, por exemplo? ANDA! Fala logo. Sei lá! Vai ler um livro novo, ou então... vai pesquisar a vida de alguma celebridade, contando que ela seja uma escritora ou uma cantora, por mim tanto faz. Aliás, me admiro muito saber que você não esteja fazendo isso agora, o que aconteceu?

Bem que eu tentei contar a Eloísa o motivo real de tudo o que estava acontecendo entre esse meio tempo, mas… — Mariaaanaaaaa, telefone pra você!

Mariana Carey; Podemos conversar depois??? Minha mãe está gritando pelo meu nome aqui, acho que tem alguém ligando (com certeza tem alguém ligando) e também acho que é pra mim (com certeza também é pra mim, já que minha


mãe só berra assim quando você me liga. Só que desta vez não é você, ou é?).

Eloísa Prado; Mas é claaaro que não! Porque eu te ligaria se estamos conversando virtualmente?

Mariana Carey; Por que, talvez, somos diferentes????????????????????? ? Brincadeirinha. Pior que não faz sentido, amiga. É estranho.

Eloísa Prado diz; O que é estranho? o.O

Mariana Carey diz; Alguém me ligar em pleno final de semana. Na verdade, ninguém me liga. Quero dizer (escrever), ninguém tem o numero do telefone aqui de casa (a não ser você e o pessoal lá


da secretaria do colégio). Viiiish! Será que eu tirei nota VERMELHA em alguma matéria? Acho melhor ver quem é. Até parece que VOCÊ iria tirar uma nota vermelha, Mariana. Se liga, garota. VOCÊ é a aluna mais exemplar que o nosso colégio já viu. Certamente não deve ser por esse motivo. Quem sabe não querem lhe desejar parabéns por ter tirado outro 10? Ou que sabe é algo muuuito melhor, tipo... o M-A-T-H- E-US…???????? Mariana Carey não pode responder porque está off- line.

Eloísa Prado; Ótimo! Me deixou falando (escrevendo) sozinha. Muito obrigada, tá? Eloísa Prado não pode responder porque também está off-line.


— Alô? — eu disse, no mesmo instante em que agarrei o aparelho. A Eloísa poderia está repleta de razão. Em hipótese alguma eu havia tirado uma nota vermelha. Quero dizer, N-U-N-C-A eu tinha tirado uma nota vermelha, mas… é como dizem: sempre tem uma primeira vez, não é mesmo? — Oi, Mari, aqui é o Matheus. — Ufa! Ainda bem que eu não tenho poderes sobrenaturais. Já pensou se, só de imaginar uma coisa, ela realmente acontecesse? Imagina. Que loucura. Ainda bem que não tenho. Ou eu deveria me sentir triste por isso? — Mas… enfim, o que será que o Matheus quer comigo a essa hora? — Posso te fazer um convite? — ele prosseguiu, e eu quis acrescentar: ''Uma coisa interessante e legal para o final de semana, por favor, por favor, por favor!'' Mas é claro que eu não disse isso, apenas falei: — Humm. Acho que pode, afinal, foi você quem me ligou. — Eu tentei. Juro que tentei encontrar uma forma melhor de lhe dizer isso mas, não encontrei, então… — eu o interrompi de nervosa. Afinal, o que ele queria insinuar com “tentei encontrar uma forma melhor de lhe dizer isso”? — Como assim, Theus? O que você


quer dizer com isso? — eu meio que quase gritei com ele, desesperada. — Calma, Mari. Deixa eu terminar de falar, porque… essa será a nossa última conversa. “Última conversa”, essas duas palavras ficaram ecoando na minha mente enquanto eu tentava não pensar muito sobre isso. — Como assim, última conversa? Você não quer mais falar comigo, é isso? Não quer mais ser meu amigo? — eu tentava lutar contra as lágrimas que caíam feito tempestade, pois, meu coração havia congelado por completo. — Não é isso, Mari, é que… — notei que ele também tentava segurar as lágrimas pelo outro lado da linha, mas, era impossível não ouvir os soluços que o interrompia — …meus pais não querem que mantenhamos… — e dessa vez, mais soluços apareceram, junto com os meus. — Se isso tiver alguma coisa haver com aquele beijo que você me roubou, olha, eu… — e mais lágrimas caíam — …não acho que tenha sido ruim, tá legal? Aliás, eu já tinha te perdoado, você se lembra disso? — Não é por isso, Mari. — Então é pelo o quê, Theus? — Lembra quando eu disse que os meus pais queriam começar uma vida nova? — eu não tive tempo de responder — Eles não querem ter lembranças da “antiga”.


— Ma-mas… Co-como assim, Matheus? Porquê? — eu tentava entender, mas era difícil com toda essa dor. — Eu prometo guardar nossas lembranças, juro que prometo. — ele ficou em silêncio por alguns segundos e então... — Adeus, Mari. — e desligou.



Eu estava com uma enorme dor de cabeça quando por fim a minha mãe cedeu e resolveu me entregar os seus cartões de crédito. O motivo de tanta insistência surgiu devido ao fato de que a mais nova blusa da ''Paramore'' (a minha Banda de Rock favorita) havia acabado de ser lançada nas melhores vitrines do mundo a fora, e é obvio que eu – fã assídua da banda, tremendamente fanática e totalmente Paramorenática (segundo sou chamada pela minha melhor amiga Eloísa) – não poderia ficar sem um item desses, poderia?


Bem que eu tentei contar a verdade a minha mãe, mas se eu tivesse feito exatamente o que uma garota obediente faz, tenho quase certeza de que os seus cartões de crédito não estariam nas minhas mãos há essa hora. — Finalmente, Mariana, você concordou em ir ao Baile de Formatura deste ano. — pude ver um enorme sorriso amarelo transparecer em seu rosto — Tenho certeza de que você irá amar o evento estudantil desse ano, pois fiquei responsável pela decoração e tudo. — Ahã. — confirmei, tentando não parecer tão irônica no momento — Assim espero, mãe. Sei que mentir não é uma das minhas melhores habilidades desde quando decidi conseguir algo de tão valioso da minha mãe, mas… como uma paramorenática, nada do que tiver relacionado a ética e moral fará parte disso agora. Tudo começou em 2010 quando eu tinha apenas nove anos de idade e, se não me falha a memória, nesse dia estava chovendo muito forte, era uma tempestade pra lá de assustadora. Sei disso porque foi exatamente esse o motivo pelo qual acabei trancada dentro de casa, deitada no sofá completamente solitária assistindo televisão. Eis que então, sem querer, acabei enfiando o meu enorme traseiro em cima do controle remoto, e isso certamente fez com que a TV mudasse de canal descontroladamente logo em seguida.


Droga, Mariana! Logo agora que iria começar o Sítio do Pica pau amarelo, você faz uma burrada dessas? Odeio-me eternamente por ter feito isso – gritei eufórica comigo mesma (como se aquilo fosse resolver alguma coisa). Lembro-me que fiquei uma fera por causa disso, mas por fim acabei me agradecendo por ter sido tão desastrada (já explico). É o seguinte, com a mudança dos canais da TV a cabo, acabei fazendo uma das maiores descobertas da minha vida, a MTV, pois quando finalmente consegui fazer com que a TV voltasse ao normal, a primeira imagem que apareceu na tela foi a do Justin Bieber cantando e interpretando a música pela qual fez com que ele estourasse aqui no Brasil: Baby. Na época o Justin Bieber não era assim tão conhecido com é atualmente, pois no dia seguinte, quando finalmente assistir pela terceira vez o vídeo clipe e anotei o nome da música para poder baixá-la logo em seguida, fiz uma entrada triunfal pelos corredores do colégio sendo a primeira garota a obter a música Baby em um aparelho celular. — Amigaaa, que música é essa? — Eloísa foi a primeira a perguntar — Necessito urgentemente dela, será que você poderia me passar via Bluetooth? — Mas é claro, quero que todos conheçam o meu futuro namorado. — não consegui segurar um sorriso — Ele é lindo, não é mesmo? — e acabei mostrando uma das centenas de outras


fotos que eu havia baixado da internet para o meu celular. Naquele tempo cheguei até a acreditar que era – eu – a responsável pelo Justin ser tão conhecido aqui no Brasil como é hoje, pelo simples fato de levantar-me todos os dias às 6h em ponto, compartilhando no Orkut e mandando por SMS, para todas as minhas amigas, o link do melhor clipe do mundo. Convocando todos a comentar e dividir aquela belezura com pai, mãe, irmãos, primos, amigos, conhecidos e vizinhos! Eu estava completamente apaixonada pelo Justin, prometendo-me casar com ele assim que completasse os meus 16 anos de idade. Foram dois anos seguidos comprando todos os pôsteres, revistas e CDs dele, mas assim que espalharam a notícia de que ele estava namorando uma cantora e atriz da Disney, o meu mundo virou de cabeça para baixo literalmente (mas é claro, porque não havia pensando nisso antes? Eu teria que cursar Artes Cênicas e Aulas de Canto antes de me casar com ele… Droga!). — Amigaaa, Já soube da última do seu futuro namorado? Ou seria melhor chamá-lo de ex-futuro namorado? — lembro-me perfeitamente que a Eloísa segurava uma revista da Capricho nas mãos entreaberta justo na página onde a trágica notícia estava visivelmente bem destacada. — Nããããooo… — gritei aos prantos após ter lido tudo aquilo. Depois de uma notícia bombástica dessas,


passei a desligar a TV toda vez que um vídeo clipe do Justin aparecia na tela. Embora eu ainda me lembre que a pior das notícias foi ter descoberto que a minha concorrente era, nada mais nada menos, que a própria Selena Gomez. Passei a odiar um dos meus seriados americano favorito por causa disso ''Wizards of Waverly Place'' (Os feiticeiros de Wayerly Place). Pelo menos ele havia escolhido alguém há minha altura, modéstia parte. Porém, descobri mais tarde que a minha maior paixão mesmo era pela a música. As responsáveis por essa maravilhosa descoberta agora eram as minhas divas Avril Lavigne e Katy Perry. — Mãeee… deixa eu pintar o meu cabelo, por favor? Eu já tenho trezes anos. — eu implorava aos berros enquanto tentava fazê-la assistir os melhores vídeos clipes já produzidos pelas minhas divas: ''Wide Awake'' e ''Smile''. — Você parece uma maluca chorando desse jeito, Mariana! — reclamou minha mãe — Vai acabar desidratando! Elas nem sabem que você existe! — Mas mãe, todo mundo está usando esse novo visual lá no colégio. — tentei inventar uma meia mentira a ponto de fazê-la ceder em relação a minha insistente proposta. Mas pelo visto minha mãe sempre guardava uma carta na manga. — Todo mundo? Então por que eu ainda não vi ninguém usando esse novo visual lá no meu trabalho? — minha mãe era, nada mais


nada menos, do que a diretora do colégio onde eu freqüentava — Aliás, a aluna que me aparecer por lá com esse tipo de visual novo ficará suspensa até a segunda ordem. — ela engoliu a saliva antes de acrescentar — Aonde já se viu isso, será que vocês, adolescentes, ainda não perceberam que essas cantoras estão usando perucas? — Que nada, mãe, a senhora é quem devia se atualizar, sabia? A Avril Lavigne nunca usaria uma peruca. A Katy Perry até pode ter feito isso, mas a Avril não. — desabafei por fim, defendendo uma das minhas divas. Foi então que, para a minha alegria, quando o vídeo clipe ''Smile'' havia acabado, a minha maior inspiração apareceu na tela. Sim, era ela. Deslumbrante, e dona de uma voz maravilhosamente estupenda, Hayley Williams me cativou no mesmo instante (é claro que eu não sabia o nome dela quando a descobri, é obvio. Por isso é que existe a internet. Salve o Google!). Foi amor a primeira ouvida. Sendo que, o que mais me chamou a atenção foi a cor do seu cabelo: era totalmente laranja. — Olha só, não te falei, não te falei, mãe, que todo mundo estava usando esse novo visual? — pulei feito uma maluca na frente da TV mostrando as cenas em que Hayley aparecia de cabelo laranja em ''The Only Exception''. — Que fofa essa cantora, filha, adorei essa música. Se você me pedisse para usar um estilo


como o dela, eu até poderia abrir uma exceção em relação a esse tal novo visual que você tanto diz, mas… — Sério, mãe? — eu a interrompi enquanto os meus olhos brilhavam — Mas porque não poderei usar o estilo da Avril ou da Katy, a senhora tem algo contra as minhas divas? — Chega de perguntas, Mariana, você quer ou não quer usar esse visual novo? — O que a senhora acha? — tentei não parecer irônica no momento, até porque eu ainda não conseguia acreditar que minha mãe, depois de tantos nãos, finalmente tinha deixado eu pintar o cabelo. Mais tarde, de frente ao computador, descobri o porquê da minha mãe ter mudado de ideia tão rápido, ''The Only Exception'' significa ''A Única Exceção''. OH. MY. GOD. Irônico mesmo foi ter descoberto o significado da palavra Paramore (que soa idêntica a Paramour): Amante secreto. E assim, PA-R-A-M-O-R-E havia se tornado o meu amante (nada) secreto. Será que agora vocês conseguem entender por que sou uma Paramorenática? Se a cor do meu cabelo é laranja hoje, ao invés daquele loiro sem graça, é por culpa da Hayley Williams. ♫♪♫♪ ''That's what you get when you let your heart


win, whoa… That's what you get when you let your heart win, whoa…'' ♫♪ Esse era o som do meu telefone celular berrando em cima da minha cama, enquanto eu ainda procurava algo decente para sair. Afinal, não é todo dia que uma paramorenática consegue enganar a sua mãe assim tão facilmente para simplesmente obter o mais novo item da sua banda predileta. — Amigaaa, finalmente uma notícia boa, hein? — Eloísa berrava do outro lado da linha quando finalmente peguei o aparelho e o coloquei sobre a orelha — Porque não me avisou antes? Você sabe o quanto odeio ser a ultima a saber das coisas, não sabe? — Do que você está falando, Eloísa? — Ai, sua besta! Não vai me dizer que você já desistiu de comparecer ao Baile de Formatura, desistiu? — pude sentir uma mudança no seu tom de voz, era como se ela passasse de eletrizante para totalmente decepcionada — A sua mãe mau me avisou que você iria. Argh! Não me faça ficar triste outra vez, Mariana, por favor. Você sabe o quanto eu gostaria que você fosse, não sabe? — O quê? Como assim a minha mãe te avisou? — eu realmente havia sido pega de surpresa. A minha mãe não tinha nada que ter contado para a Eloísa sobre eu ter concordado em aparecer ao Baile de Formatura, mas, como sempre, a emoção fala mais alto, e quando dou


por mim, toda a vizinhança já estar sabendo da novidade. — Ué, Mariana, ela apenas telefonou para perguntar se eu estava sabendo de alguma coisa, tipo: por qual motivo de você ter finalmente aceitado ir ao Baile de Formatura deste ano. Daí eu respondi que ainda não estava sabendo de nada disso, e que certamente iria te ligar para perguntar o motivo. Depois ela desligou. Você sabe como a sua mãe é controladora, não sabe? Aliás, falando em controlar, você não vai acreditar no número de visualizações que o ''The only exception - cover by Mariana'' alcançou durante esses sete últimos dias… — Quantos? — perguntei, pra lá de curiosa. Afinal, não fazia ideia do número de pessoas que haviam visualizado o mais novo vídeo, que por sinal, não seria o último no meu canal ''PARAMOUR'' no YouTube. — Preparada? — acrescentou, tentando fazer um breve suspense. — Espera só um momentinho… — respirei fundo, entrando na brincadeira — Agora sim, estou preparada. — Vamos lá, então… — eu a interrompi antes dela começar a falar novamente: — Calma! — gritei, jogando as blusas que eu havia retirado de dentro do meu guardaroupa antes de atender o telefonema da Eloísa, ligando o meu computador de mesa logo em seguida — Agora você já pode falar, criatura. Como você já deve ter percebido,


certamente eu não iria acreditar em nenhuma palavra da Eloísa (mesmo sendo best-friends e tudo mais), por isso, tratei logo de me certificar pessoalmente. Abri o link no mesmo segundo e aguardei a página carregar, sem nem piscar os olhos. A velocidade da internet era uma droga, então fiquei observando os elementos surgirem lentamente na tela…


Argh! Odeio pessoas sem criatividade, mortas de espirito e, principalmente, sem compaixão pelo próximo. É o cúmulo do impossível alguém não conseguir gostar dos meus vídeos no YouTube. Todo mundo sabe como é difícil ficar esperando por horas e horas para finalmente poder publicar um vídeo no meu canal ''PARAMOUR''. É quase um milagre quando o botão PUBLISH aparece disponível, esperando apenas que o mouse dê um click ali em cima. E depois de


pronto, com o pensamento positivo lá nos 99,99% de esperanças de obter 1 milhão de VIEWS (visualizações) em uma semana, você vai lá toda esperançosa e descobre que apenas 3 pessoas visualizaram. Isso é, apenas 1 Curtiu, 2 Gostaram do meu vídeo e nenhum comentário sequer. Como podem existir pessoas nesse mundo com esse tipo de desprezo ao próximo? Deus deixou isso bem claro na bíblia: ''amar o próximo como a ti mesmo''. Cadê? Cadê o amor que Deus pediu, seres humanos? Hein? Custava levar a mão no mouse e centralizar a seta em cima da palavra COMPARTILHAR, CURTIR, e COMENTAR? Sem mencionar o quando dá um trabalhão ter que divulgar o vídeo para todos os meus ''amigos'' do meu Facebook – todos anônimos, tanto nas relações financeiras quanto nas fraternas (porque, Deus que me livre, como é que uma pessoa tem tantos amigos em uma rede social, mas quando se está em prantos não vem um se quer ajudar a limpar suas lágrimas?). Até entendo que não sou assim tão POPULAR como eu queria, mas, pelo amor de Deus, Brasil, Planeta, Galáxia, Universo, cadê a compaixão? Onde é que foi parar o amor ao próximo? Quero ser FAMOSA, será que vocês não entendem isso? Tudo bem, Mariana, respira! Conte de 1 a 1.000 que tudo passará (como se alguém fosse


conseguir contar até mil). — Olááá? Terra chamando Mariana! — Eloísa ainda berrava do outro lado da linha — Você ainda está aí, amiga? Responde. — Nossa, não consigo acreditar que o meu vídeo só conseguiu obter 3 visualizações. — realmente eu estava decepcionada com o mundo virtual. Não apenas pelo fato de não ter conseguido um número de visualizações decente como eu esperava, mas porque no dia anterior da gravação do clipe eu havia inventado uma outra meia mentira para conseguir arrancar dinheiro o suficiente da minha mãe para finalmente ter a honra de poder comprar um lindo vestido de cor preto rodado, e volumoso, especialmente para ter certeza de que eu estaria bem vestida nesse clipe. O que certamente não adiantou em nada. Droga! — A culpa é toda sua, Mariana! — prosseguiu Eloísa, quebrando o silêncio que havia se instalado por pelo menos vinte segundos depois dessa trágica descoberta — Ninguém mandou você ter tanta certeza assim de que os garotos iriam adorar o seu novo visual, enquanto você cantava perfeitamente a letra em inglês sem errar nenhuma palavra… — eu a interrompi, dizendo: — Não! — neguei, com toda certeza — Que culpa eu tenho se os garotos de hoje, em pleno século XXI, não conseguem notar o talento que nós, meninas, temos a oferecer?


— Concordo plenamente, amiga. Além do mais, nenhuma garota é capaz de fazer o que você faz. Aliás, não é qualquer garota que segue os passos de todos os cantores e autores desse mundo como você, amiga. Me sinto privilegiada de ser a sua best-friend. Certamente a Eloísa estava repleta de razão. E daí se o meu vídeo só teve apenas três visualizações no YouTube? Ninguém consegue seguir os passos dos cantores internacionais e nacionais, atualizar um blog diariamente, ler todos os livros já lançados e os que acabaram de ser lançados, resenhá-los lá no blog em seguida, decorar todas as músicas internacionais e nacionais, gravar vídeos, editá-los, postá-los, divulgá-los, e ainda conseguir levar uma vida pra lá de normal ao mesmo tempo. Realmente sou uma adolescente incrível aos dezesseis anos de idade. — Falando em autores, vou aproveitar que já liguei o meu computador e checar se algumas das minhas escritoras lançaram algum livro novo. — Antes disso será que você poderia me revelar o motivo de ter aceitado ir ao Baile de Formatura deste ano, amiga? — Eloísa gritou antes do link abrir. Enquanto eu esperava a página do blog carregar, aproveitei para desabafava fielmente com a Eloísa, revelando o porquê de ter dito a minha mãe que eu participaria do Baile de Formatura deste ano, e…


— Pelo visto você vai acabar não encontrando essa nova blusa da Paramore, amiga, se você continuar aí lendo todos os comentários do seu blog. — ouvi gritos que pareciam ser da mãe dela tipo: Eloíííísaaaa — Tenho que ir agora, amiga, se não a minha mãe irá acabar me matando por eu não ter lavado as louças do almoço como eu prometi, se ela me desse de presente o livro que você me indicou lá no blog. — Vai lá, amiga, afinal você está precisando. — Me deseje sorte. — e antes dela desligar ainda teve a honra de acrescentar — E para de enrolar e vá logo atrás dessa nova blusa, amiga, antes que você acabe ficando sem ela. Bufei, e acabei optando por uma calça jeans um pouco mais escura e uma blusinha de pano fino roxa. Teria que servir. Era só me maquiar, pentear o cabelo, pôr um All Star no pé e pronto. Não importava quantas roupas eu colocasse, quão perfeita eu ficasse, eu ainda não tinha o novo item do Paramore nas minhas mãos, ninguém tinha ainda na verdade, e isso nenhuma garota Paramorenática pode aguentar. Afinal, eu tenho roupas legais, cintura 36 e o poder de ficar perfeita independente do que se coloque no corpo! O que mais eu poderia querer (além do novo item do Paramore, é claro)? Por fim, enfiei tudo de que iria precisar numa mochila, tentando ao máximo não amassar nada, e a coloquei nas costas. Peguei o dinheiro


do ônibus, o celular, os meus documentos, dei um tchau rápido pra minha mãe e fui.


Ficou curioso(a) para saber o desfecho dessa emocionante história?

Garanta já o seu exemplar de “No Último VOLUME”


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