Revista Liv nº64

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ano 15 | número 64

abril | 2019

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Claude Troisgros Oui, nós temos um chef trés-brésilien Verona de Romeu e Julieta A arte de Sylvia Martins Liah Soares



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Artes meramente ilustrativas que poderão ser alteradas sem prévio aviso, conforme exigências legais e de aprovação. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas e perspectivas ilustrativas com sugestões de decoração. Medidas internas de face a face das paredes. Os móveis, assim como alguns materiais de acabamento representados nas plantas, não fazem parte do contrato. Memorial de Incorporação registrado no Cartório de Imóveis 1º Ofício – Comarca Belém – R-4/66.529 da matrícula 66.529 em 17/01/18. Protocolo nº 132.506.



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editorial

Liv • liv • [diminutivo de Living] Substantivo feminino 1. Nome próprio feminino./ Diminutivo de Olívia. Diminutivo de Lívia. 2. Em nórdico, significa “defesa, proteção”. Em Norueguês, “vida”. Substantivo masculino 1. Sala de estar 2. Termo na Arquitetura que designa o ambiente que serve para o mobiliário e reuniões familiares Nossa nova revista Publicação com 15 anos de trajetória, uma das mais longevas e tradicionais do Pará. A mais elegante, com certeza – e com mais histórias para contar.

Definir um sonho é dar conceito à uma vida. Decidir que é hora de ressignificar o sonho é abrir uma nova porta. E como se sabe: velhos mapas não abrem novas portas. Percorrer novos caminhos é, sobretudo, manter o olhar infantil, de novidade, para o mundo. Sinto-me assim para apresentar a vocês a nova publicação da Leal Moreira: a Liv, uma nova publicação, com 15 anos de histórias. Embora seja um recomeço, a Liv, tem uma longa trajetória e já se chamou Living e Revista Leal Moreira. Uma década e meia, 64 edições, centenas de matérias e o mesmo sentimento, a mesma emoção. Dirão que estou legislando em causa própria, mas esta revista sempre foi protagonista e inspirou tantas outras que surgiram em Belém. Assim nasce a Liv – nome feminino, de força, que significa vida e, tal qual, pulsante, vibrante – que é também um substantivo masculino. A Liv é um retrato de todos e para todos. Novo formato: mais moderno e mais portátil – com o conceito diferenciado e mesmo layout, inspirado nos antigos LPs, mas totalmente condizente com ícone que representa a atemporalidade elegante e diferenciada da Leal Moreira. Nesta especialíssima edição reunimos Liah Soares, Sylvia Martins; fomos à Verona e fizemos uma viagem ainda mais especial: pelo mundo e suas mudanças, ao longo de 15 anos. Orgulhosamente, para marcar essa nova fase, a capa desta edição traz o chef francês mais brasileiro de que se tem notícia: Claude Troisgros. Tendo recentemente lançado sua biografia, Claude conversou conosco e compartilhou histórias lindas de vida. Para quem não sabe (mas saberá desta e de tantas outras histórias), Claude chegou ao Brasil em 79 e alguns anos depois, decidiu empreender sozinho. Sem dinheiro, teve de vender todos os móveis de sua casa e transformou as dificuldades em um estilo de cozinha, combinando as técnicas tradicionais da respeitada cozinha francesa com os ingredientes brasileiros. Transformou os limões em caipirinha e jamais perdeu as esperanças – muito ao contrário: fez-se solar, ainda mais feliz e construiu um patrimônio emocional do qual tem muito orgulho. Sejam bem vindos à Liv. Nome próprio feminino, substantivo comum masculino; um novo endereço, com alma antiga e olhar renovado para o futuro.

Excelente leitura. André Moreira.

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destino

52 VERONA Romeu e Julieta são só alguns dos motivos para visitar uma das mais encantadoras cidades do mundo.

CLAUDE TROISGROS O chef francês relembra sua trajetória e evoca lembranças de família.

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perfil

SYLVIA MARTINS A artista decidiu apostar no sonho e encontrou na Arte a essência de vida.

galeria

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capa

índice

LIAH SOARES A menina prodígio que saiu do Pará e encantou o Brasil.


especial 15 anos

expediente

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CRIAÇÃO, COORDENAÇÃO E REALIZAÇÃO

Publicarte Editora DIRETOR EDITORIAL

Uma década e meia de grandes histórias, além da chegada de muitas novidades.

André Leal Moreira PROJETO GRÁFICO

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Sair, enfrentar trânsito, restaurante lotado... há cada vez mais gente preferindo levar o chef pra casa.

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Carlos Moreira (1937-2018) DIRETOR EXECUTIVO

Habib Bichara DIRETOR EMPRESARIAL

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Maurício Moreira DIRETOR DE PLANEJAMENTO E MARKETING

André Moreira

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Thomaz Ávila Neto Igor Moreira DIRETOR PATRIMONIAL

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Rua João Balbi, 167 • Nazaré segunda a quinta-feira: 9h às 12h e das 14h às 18h sexta: 9h às 12h e das 14h às 17h30 ATENDIMENTO TELEFÔNICO:

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Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www. lealmoreira.com.br. Nele, você fica sabendo de todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode falar com um corretor.

• Lorena Filgueiras • Rodrigo Cabral • Vanessa Libório

LIV é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

auditada por:


spotlight

Pratagy Lucas Pereira A capa do disco, assinada pelo designer paraense Lucas Pereira, ficou entre as 50 melhores capas de 2018, concorrendo com artistas nacionais e colocando o ParĂĄ novamente em evidĂŞncia no mercado fonogrĂĄfico nacional. 12 | www.revistaliv.com.br



dicas Belém

Empório Kosher Inaugurado no fim do ano passado, o charmoso Empório Kosher é um empreendimento que mistura os conceitos de ambiente de convivência e venda de produtos – tudo voltado para a alimentação específica dos adeptos da fé judaica. Primeiro restaurante kosher do norte do país, o lugar mescla a gastronomia árabe marroquina e a paraense, sem descuidar do aspecto religioso dessa cultura alimentar. Lá, é possível encontrar carnes, vinhos, queijos e massas certificados, além de oferta de serviços de buffet para eventos externos. Experimente as bolinhas de kebab com homus e salada israeli. Acompanhe com um vinho da casa.

Avenida Serzedelo Correa, 890 – Batista Bampos (91) 3223-9049 @emporiokosher

Santa Chicória Queridinho de descolados e entusiastas da gastronomia contemporânea paraense, o Santa Chicória segue se reinventando. Mudou de endereço, passou por uma reformulação e agora recebe a clientela na Senador Lemos. O clima continua o mesmo: pequeno e aconchegante, com uma cozinha criativa e inovadora comandada pelos chefs Ilca Carmo e Paulo Anijar. O foco das criações continua sendo uma interpretação cosmopolita dos ingredientes regionais – sempre utilizando exclusivamente alimentos naturais, sem nenhum conservante ou item industrializado. Conforto, intimismo e savoir-faire fazem o espaço ser o que é. O pastel de moqueca e o peixe ao vatapá são imperdíveis.

Avenida Senador Lemos, 565 - Umarizal (91) 3347-9899 @santachicoria

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Le Cementine

Uma releitura dos tradicionais ladrilhos hidráulicos com olhar multicultural, com seleção de desenhos com referências na geometria, nas mandalas e nas formas retrô, interpretados com linhas mais limpas e contemporâneas.

BELÉM

(91) 3222.5060 • Travessa Benjamim Constant, 1.686 • Nazaré


dicas Belém

Valhalla Tavern A temática nórdica é a tônica do Valhalla Tavern. Linguagem comum ao mundo das cervejas e da mesa farta, o bar aproxima a proposta da mitologia escandinava da noite paraense, valorizando as bebidas artesanais e o astral descontraído de balada intimista – o que é reforçado pelas apresentações de música ao vivo, que ocorrem de quarta a sexta. A decoração abusa das referências à estética bárbara de embarcações, escudos e tons amadeirados, tanto no ambiente interno, com ar de pub, quanto no quintal – que conta ainda com charmosa parede viva em seu paisagismo. Vale provar o Coração Valente – prato da casa feito de medalhões de filé com redução de vinho e cebola roxa, acompanhado de arroz à piamontese, batatas ao murro e farofa. Para beber, se desejar combinar com a vibração da casa, vá de hidromel.

Tv. Benjamin Constant, 1329 walhallatavern.net @valhalla_tavern

Veropinha Dezembro trouxe a Belém o agradabilíssimo boteco gastronômico Veropinha. O nome do bar já entrega o ar intimista e acolhedor: decorado com os azulejos típicos das nossas referências arquitetônicas portuguesas, combinados com paredes rústicas, o lugar ainda tem uma carta indiscutível na manga: a vista para a deslumbrante Praça Batista Campos. Também merece destaque a carta de bebidas do estabelecimento, que apresenta desde famosos drinks europeus como o italiano Negroni até inusitadas e saborosas combinações autorais como o Forte do Castelo – feito de Jack Daniel’s, suco de limão siciliano, xarope de maracujá, clara em neve, pau de canela flambado e alecrim. Para comer, sugerimos começar os trabalhos com o caldo de feijão manteiguinha com colarinho de tucupi; e degustar um sedutor sanduíche de peixe frito, salada de ovo e molho tártaro em seguida. 16 | www.revistaliv.com.br

Rua dos Mundurucus, 1728 @veropinha



dicas Brasil

Sud, O Pássaro Verde Numa casinha branca de portão aberto em pleno Jardim Botânico, a renomada chef Roberta Sudbrack depositou seu desejo de liberdade e de uma gastronomia reconfortante. A ideia do “Sud, O Pássaro Verde” é oferecer uma experiência íntima e descomplicada, com pratos que remontem à cultura de “comida de vó” – o que é reforçado pelo aconchegante salão de apenas doze mesas. A casa opera sem agendamento, sem reserva, sem placa na porta. É para ser simples mesmo: chega, entra, toma um vinho, come uma entrada, almoça ou janta... E, se for jantar, faça isso cedo – porque o restaurante fecha às 21h, com o intuito de permitir que sua equipe tenha uma vida normal e ainda manter uma boa convivência com a vizinhança. Para entrar no clima do menu, sugerimos a terrine caipira da casa, seguida do arroz de frutos da terra – que vem com legumes assados no forno à lenha. Rua Visconde de Carandaí, 35 – Jardim Botânico – Rio de Janeiro-RJ (21) 3114-0464 @sudopassaroverde

Blue Note SP Ícone da noite nova-iorquina, o Blue Note é uma das mais célebres e tradicionais casas de jazz do mundo. A marca, que existe desde os anos 80, acaba de abrir sua segunda filial no Brasil: o Blue Note de São Paulo está privilegiadamente localizado no segundo andar do Conjunto Nacional, com vista para a Avenida Paulista. O espaço continua aconchegante e intimista, como uma boa casa de jazz deve ser – com lotação de menos de 400 lugares, cortina com a tradicional placa Blue Note ao fundo do palco e vidraçaria que permite ver a mais efervescente avenida paulistana. A casa recebe atrações importantes do mundo do jazz – além de oferecer, aos domingos, shows gratuitos com a banda da casa tocando na varanda, em consonância com o clima de cultura livre da Paulista dominical. Avenida Paulista, 2073 – Conjunto Nacional, 2º andar – São Paulo-SP (11) 3179-0050 @bluenotesp



dicas Brasil

Bar dos Arcos Nos antigos dutos de ventilação do imponente Theatro Municipal, mora um dos espaços mais interessantes e inusitados do centro paulistano. O antigo Salão dos Arcos, que recebeu reforma nos anos 80 e desde então só encontrava o público por meio de visitas guiadas, agora é lar de um descolado point noturno: o Bar dos Arcos. Aliando história e design contemporâneo, o ambiente é minimalista e pensado para valorizar a arquitetura centenária. Balcões luminosos convivem com as paredes de pedra, e a interação também se reflete na música – que alia a atmosfera erudita de quartetos de cordas à sonoridade eletrônica experimental dos DJs. Também há lounges que acomodam grupos maiores e reservas especiais. Experimente o Ovo Mollet, que vem com ragout de cogumelos e farofa de castanhas-do-Pará. Para beber, homenageie Bidu Sayão com o drink que leva seu nome: rum, licor de maraschino, coco tostado, suco de abacaxi assado e laranja. Subsolo do Theatro Municipal – Praça Ramos De Azevedo, s/n – República, São Paulo-SP (11) 2039-1250 @bardosarcos

Idealizado por um executivo indiano que se apaixonou pelo clima de eterno verão da costa nordestina, o Zorah Beach é um pequeno e luxuoso hotel em Guajiru – nas proximidades de Flecheiras, 135 km a oeste de Fortaleza. Sumeet Dhillon trouxe para a hospedagem a sofisticação dos empreendimentos asiáticos que se revestem de uma aura de serenidade. São nada mais que 16 apartamentos (as suítes), quatro bangalôs e um superbangalô (chamado vila). Mas não se engane: o Zorah passa longe de ser modesto. As áreas sociais do empreendimento são majestosas, com piscina, com decks molhados, gazebos balineses e jacuzzi.Na frente do bar da praia, há um gramado com daybeds que favorecem o dolce far niente tropical. O restaurante, comandado por uma chef uruguaia, tem inspiração contemporânea e revisita a cozinha regional. Recomendamos o camarão com arroz de tamarindo, seguido pela crème brûlée de cardamomo. 20 | www.revistaliv.com.br

Zorah Beach Rua da Praia, 95 – Trairi-CE (85) 98160-1249 @zorahbeachhotel


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Cantina Bentivoglio No fervilhante centro de Bolonha, a Cantina Bentivoglio quase passa despercebida. A fachada discreta, com uma simbólica placa neon na porta, não deixa entrever o amplo casarão que guarda três salas, um mezanino e uma adega. A decoração é como a das clássicas osterias italianas: cheia de quadros, vinhos, fotografias antigas e outras charmosas quinquilharias. Mas o ponto alto mesmo é a adega, onde funciona o espaço jazz da casa. A música, aliás, é uma autoridade no Bentivoglio, que recebe inclusive grandes nomes da música brasileira – como o violonista Yamandu Costa, que se apresentou lá no mês de março. A pedida clássica do cardápio é o tagliatelli de ragu a bolonhesa, harmonizado com um bom vinho tinto.

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Time Out Market 24 restaurantes, oito bares, casa de espetáculos, tudo reunido debaixo do mesmo teto altíssimo e difusamente iluminado. A proposta não veio de um aglomerado empresarial, mas sim de uma revista. O Time Out Market é um conceito que permitiu a uma equipe de jornalistas fazer a curadoria de um dos maiores espaços gastronômicos do mundo. Os espaços são rotativos e o tempo de permanência de cada empreendimento varia entre uma semana e três anos. A ideia é compilar no sofisticado mercado apenas as melhores referências lisboetas em cada segmento. Ideal para visitar no fim da tarde e tomar uma cerveja artesanal. Avenida 24 de Julho, 49 – Mercado da Ribeira – Lisboa, Portugal +351 21 395 1274 timeoutmarket.com


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Alfresco 64 São 64 andares e 200m de altura. Imagine a vista fascinante do Alfresco 64, bar na cobertura do hotel Lebua, em Bangkok, Tailândia. Criado em parceria com a marca de uísque Chivas, o lugar recebeu o simpático - e comprido - título de “bar de uísque ao ar livre mais alto do mundo”. A decoração é voltada para um clima de aconchego e descontração luxuosa, com muito couro, madeira e luz indireta - em uma distribuição espacial que sugere a proa de um iate. O Alfresco é dividido em dois ambientes - um deles, a área VIP que funciona como “cabine do capitão”, onde é possível consumir garrafas de bourbon que chegam a 22 mil reais. Para viver completamente o lifestyle do opulento empreendimento tailandês, indicamos provar o Lebua Blend - exclusivo para clientes da casa, feito com uísque destilado em 1985 e envelhecido em um barril de shery.

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Pujol Tradição combinada com o arejamento da modernidade gastronômica autoral. Esse é o mote do Pujol, do chef Enrique Olvera. Criado nos anos 2000, o restaurante figura frequentemente na lista dos melhores do mundo, com versões requintadas da típica cozinha mexicana. Localizado em Polanco, uma das colônias mais elitizadas da capital, o Pujol está circundado de embaixadas internacionais e outros polos gourmet. Por conta da fama e do prestígio do lugar, fazer reserva é necessário - com pelo menos três dias de antecedência -, seja para almoço ou jantar. Pela sua característica personalíssima, há apenas duas opções de menu degustação. Escolha uma e mergulhe na experiência de olhos fechados. Vale a pena.

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BRUXAS A tragédia de Brumadinho, a despeito das centenas de vidas desperdiçadas, trouxe à tona um esporte nacional que talvez só perca para o futebol: a caça às bruxas. A busca por culpados e a crucificação do Judas ocupam as rodas de conversas e o noticiário, sem falar das indefectíveis redes sociais, eco de toda justa indignação. De fato, o desperdício de vidas e o desastroso impacto ambiental, por si só, merecem o alvoroço criado em torno da tragédia, mas concentrar-se na busca e punição de culpados podem não ser suficientes para evitar erros futuros, até porque Brumadinho já é uma repetição dos erros de Mariana. A indústria da aviação já nos ensinou que um acidente não é fruto de um único erro, nem de um único culpado, mas uma série de incidentes somados que provocam algo maior. E essa é uma indústria que aprende com os erros e investe cada vez mais na segurança – não porque seja obrigada pelo Estado ou benevolente com a população, mas por uma questão de sobrevivência do negócio. Os passageiros têm que se sentir seguros para continuarem voando mundo afora: um acidente causa um alvoroço e medo suficientes para diminuir os embarques e gerar

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pânico nos aeroportos, por isso devem ser cada vez mais raros. Basta olhar pra trás e ver o quanto se evoluiu – o transporte aéreo é o mais seguro do mundo, só perdendo para o elevador considerando-se o quociente vítimas x passageiros transportados. Outro exemplo fácil de observar é o automobilismo, um esporte que gesta as mudanças que chegam aos carros de passeio. A Fórmula 1 nasceu na década de 1950 onde registrou-se 16 mortes em oito anos. Na década seguinte, mais 11 acidentes fatais. Nos anos 70 foram 10. Na década de 1980 reduziu-se para quatro, para cair ainda mais para duas vítimas em 1994, incluindo aí nosso ídolo Ayrton Senna. Depois disso, somente em 2014 houve outra vítima. As regras, os carros, as equipes foram se modificando ao longo dos anos para tornar o esporte e o próprio meio de transporte mais seguro. Os exemplos citados são apenas para alertar que a indústria de mineração, a sociedade e o governo também devem se mobilizar para que mesmo depois do impacto inicial haja perseverança na busca de modelos mais sustentáveis, não só do ponto de vista ambiental, mas na segurança e sem perder a rentabilidade. E eis aí um de-

safio grandioso. O minério é uma commodity e tem seus preços definidos no mercado mundial, com base na oferta e procura. O Brasil deve investir para melhorar esse quadro geral, mas sem perder competitividade num segmento que hoje é responsável por uma parte significativa das nossas exportações. O desafio se torna maior ainda quando analisamos que culturalmente não temos pendor para seguir regras com rigor. Sempre achamos que se o sinal está fechado e não vem nenhum carro podemos atravessar mesmo assim, contrastando com culturas mais desenvolvidas onde aprenderam que se existem regras é para serem cumpridas e não interpretadas ao gosto de cada um. Na aviação aqui já citada, todo procedimento é repetido à exaustão pela tripulação, inclusive aquelas instruções que os comissários repassam insistentemente a cada pouso ou decolagem e ainda alertam, até passageiros frequentes têm que observar. Um piloto, por mais experiente que seja, deve seguir procedimentos rigorosos, repetitivos e metódicos. Afinal, a Lei de Murphy só perde em certeza para a Lei da Gravidade: se algo pode dar errado, vai dar.



Foto: Tomas Rangel

destino

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Lorena Filgueiras

Divulgação

Salud, Claude! O chef francês relembra sua trajetória e evoca lembranças de família, enquanto fala do futuro, lança sua biografia, um documentário e mantém o bom humor.

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alvez você não saiba, mas nós, da Liv, vamos contar para você: Claude Troisgros é uma lenda vida, patrimônio da arte da boa mesa – afinal, foi na cozinha da família dele que uma nova Gastronomia, como a conhecemos (e degustamos), nasceu. A nouvelle cuisine elevou nossos paladares e receitas a outro patamar, além de ter contribuído para a popularização de sabores. Lendas, como se sabe, são narrativas populares que se amplificam e transformam algo, ou alguém, em um ser/acontecimento distante, pertencente apenas à imaginação coletiva, certo? Não, definitivamente não – especialmente se estivermos falando de Claude, chef conhecido por sua simplicidade e por ser um profissional acessível, carinhoso e emotivo. Considerado um fenômeno multimídia, nosso convidado especial está na TV a cabo, na inter-

net, comanda seus restaurantes, acaba de lançar um documentário sobre suas viagens, uma biografia – que reúne fatos e receitas de uma vida inteira. Aliás, conversar com Claude Troisgros é uma oportunidade única e o papo você confere a partir de agora. Você foi testemunha e partícipe do surgimento da Nouvelle Cuisine. Você imaginava, à época, que o movimento ganharia o mundo? Meu pai participou do movimento da nouvelle cuisine quando eu era muito jovem. Mas o fato é que o movimento começou nos anos 60 e seu auge foi nos anos 80/90. Pequenino, ouvi que havia uma turma de 15 a 20 chefs que ficaram famosos e eram muito amigos. Entre eles, meu pai (Pierre) e meu tio (Jean), Paul Bocuse, Roger Vergé, Michel Guérard, Alain Chapel, enfim, uma série de nomes.

Deles, o único que ainda está vivo é meu pai, Pierre. Eles eram amigos do peito, trabalharam juntos em muitos lugares na França e no mundo, nas décadas de 50 e 60 – e criaram um movimento sem pensar que ele ia ganhar o mundo. Foi algo do tipo “ah, vamos criar isso, mudar isso...”, entre dois copos de vinho e, de repente, aquilo cresceu, evoluiu... com um líder natural, que era o Paul Bocuse, que puxava todos pra frente.... um jornalista que começou a falar disso e o negócio foi crescendo e mudou a história da Culinária francesa e mundial! Isso eu posso falar: tinha entre 10-15 anos de idade então, obviamente para responder à pergunta, não acho que eles sabiam que mudariam o mundo, até porque era algo local e acabou dando novos rumos à cozinha francesa e mundial, valorizando a criatividade do chef e a qualidade dos produtos. »»»

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Foto: divulgação

Como e por que você decidiu vir para o Brasil? Os brasileiros são muito apaixonados por você, ao ponto de considerarem mais brasileiro que francês: qual parte tua é francesa e quais aspectos da sua personalidade já estão completamente adaptados ao modo nacional? Apaixonado, eu não sei. (risos) Agora eu ouço muito que sou mais brasileiro do que francês. Muitas vezes, sou considerado o “mais carrrrrioca dos cariocas”. Obviamente que a minha parte francesa é a técnica da culinária, minha profissão, meu savoir-faire [habilidade em ter êxito, jeito] e tudo que aprendi até chegar no Brasil, aos 24 anos. Minha educação francesa, por exemplo, fala muito alto: tenho essa coisa de não atrasar – eu não atraso nunca! Agora, em relação aos aspectos da minha personalidade, que são muito brasileiros, mas são meus: sou um bon vi-

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vant, uma pessoa que ri o tempo inteiro, que é leve, que gosta da vida, que é uma pessoa simples e feliz! Ensolarado, eu diria! Meu pai sempre fala essa frase: “você nasceu no país errado. Devia ter nascido no Brasil!”. Ele acha que tenho a personalidade brasileira muito mais forte que a francesa. Seu avô, pelo que li, era um homem muito à frente do tempo dele – você mencionou, em uma recente entrevista, um gesto dele muito bonito por sua avó. Será que podes nos contar em detalhes? Minha avó foi a primeira cozinheira da família – ainda no primeiro restaurante, em Roanne. Era um pequeno bistrô, em frente à estação e minha avó cozinhava divinamente bem. Meu avô, por sua vez, era um profundo conhecedor de vinhos

e nascido na Borgonha. Ele jurava, inclusive, que o único vinho bom era o da Borgonha! (risos) Ele era realmente muito à frente do tempo dele, como você falou. Ele tinha um olhar para o futuro e uma modernidade na cabeça – um criador nato! Um belo dia ele acordou e disse para minha avó: “eu quero que você seja responsável por sua arte, do início, que era a cozinha, até o fim, que era o salão, o atendimento aos clientes. A partir de agora, eu quero que você emprate tudo!”. Naquela época, em 1940 e pouco, no pós-guerra, tudo era o serviço à francesa. Nos restaurantes de luxo, havia o gueridom (um carrinho, uma mesa onde os pratos eram dispostos e levados até os clientes), onde a bandeja chegava e o garçom passava servia o cliente da bandeja para o prato, com muito cuidado e amor. Com a decisão do meu avô, os pe-


didos já sairiam empratados de nossa cozinha – foi um dos primeiros restaurantes franceses a fazer isso e era uma loucura na época. E deu muito certo! Se popularizou, tanto que em 90% dos restaurantes do mundo, os pedidos saem empratados e o chef pode mostrar melhor sua arte, já que a gente come com os olhos! E a história de que sua avó que foi salva de um campo de concentração? Era mãe da minha mãe. Ela cozinhava muito bem e trabalhou como cozinheira na casa de um general alemão, que ficou apaixonado pela comida dela...

Foto: Tomas Rangel

Há uma passagem curiosa da sua vida, em que você conta que seu primeiro restaurante, em NY, não levou seu nome, já que Troisgros era um nome muito forte e, tradicionalmente, ligado à cozinha francesa. Levou sim! Não era o nome, mas eram as iniciais C e T. Cheguei ao Brasil em 79 para ser chef de cozinha no restaurante Le Pré Catelan, no Rio de Janeiro. Depois, abri meu próprio negócio: era pequenininho, porque eu não tinha dinheiro. O local tinha 18 lugares e, na cozinha, tinha um fogão que levei de casa e o nome era Roanne – que é o nome da minha cidade. Depois, passei para o Jardim Botânico com um restaurante que se chamava Olympe, que é o nome da minha mãe. Em 1992, eu tive a oportunidade de abrir, junto com um grupo brasileiro, um restaurante em Nova York, que se chamou C.T. A partir de NY, meu nome, Claude, passou a aparecer mais que o nome de família – passei a ser o Claude do Brasil. Isso definiu minha personalidade e me desgarrou de toda uma história da cozinha francesa. Quais foram as principais dificuldades que você encontrou aqui no Brasil, especialmente relacionadas aos hábitos alimentares do brasileiro? Qual você mais estranhou? E por qual se apaixonou? E quando você decidiu ficar de vez no Brasil – quais foram os maiores desafios? »»» 31


Financeira! Quando tive que abrir meu primeiro restaurante, eu não tinha dinheiro. Pedi dinheiro para meu pai e ele não emprestou. Tive que vender todos os móveis que eu tinha para poder colocar algum dinheiro na casa. Levei fogão da minha casa, inclusive, pra dentro do restaurante, o Roanne. Era bem simples. Meu estilo de cozinha, a franco-brasileira, nasceu em função da dificuldade de encontrar ingredientes franceses no Brasil.

Foto: Rodrigo Azevedo

E sobre as viagens que você faz anualmente de moto? Por que faz essa incursão? Qual a importância dela para sua vida pessoal? Já fiz toda a América do Sul e não fiz sozinho – sempre vou com algum amigo, o Paul Gaiser, que é meu amigo há 40 anos. A primeira que fiz sozinho foi há 4 anos. Paul foi comigo mas, no terceiro dia, ele caiu no deserto boliviano e quebrou o ombro, tendo que voltar ao Brasil. Continuei, nas próximas três semanas, sozinho. Pra mim, é muito importante esse momento – e eu não o faria com outra pessoa. É um momento zen. A moto é porque eu sou apaixonado por ela desde os 16 anos de idade. E ir de moto é um modo de me aproximar mais facilmente das pessoas. Já fiz Bolívia, Peru, Equador, Argentina, Chile e vários lugares do Brasil. Fico muito dentro do meu capacete – dormindo e acordando cedo, comendo e bebendo pouco, sem televisão, sem celular... entrando em contato com as pessoas que vou encontrando no caminho. Essa viagem me coloca no eixo, me faz colocar o pé na terra e me tira do lugar de chef famoso, de apresentador de programas. É um momento necessário à minha saúde mental, eu diria.

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Por fim, e não menos importante, hoje, olhando em perspectiva para tudo que você construiu, qual seu maior patrimônio? Meu maior patrimônio nunca é financeiro. O dinheiro não faz a felicidade! Obviamente que meu maior patrimônio é minha família, minha mulher, meus filhos, meus netos, meus genros... toda a minha família está muito perto e somos muito unidos. Em segundo lugar, meu patrimônio é profissional. Como você disse anteriormente, muita gente gosta de mim e eis um grande patrimônio: ser amado e sentir esse amor em qualquer lugar aonde eu vá. »»»

Foto: divulgação/Sextante

Acabas de lançar a bio, um documentário, tem temporada nova no GNT... quais são os planos para o futuro? Um programa na TV Globo ainda este ano! Meus planos futuros são naturalmente para TV (ele cai na gargalhada) – um reality show de culinária. Serei apresentador e terei um júri profissional.

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A receita desta edição é um clássico de Claude Troisgros e que ele, muito generosamente, escolheu para ilustrar esta estreia (e em homenagem à Páscoa). “É um risoto muito sofisticado”, afirma. E compartilha um segredinho: “a parte mais importante de um risoto é o caldo. Pois bem: neste caso, o “caldo” é a água do cozimento do bacalhau. Bon appetit!

Risoto de

bacalhau e abóbora Tempo de preparo: 1h15 Rendimento: 4 porções

INGREDIENTES: Para a abóbora: • 300 gramas de abóbora baiana, sem sementes e cortada em fatias; • 2 colheres das de sopa de azeite extravirgem • Sal e pimenta-do-reino moída na hora e à gosto Para o bacalhau: • 4 postas de bacalhau imperial dessalgado (180 gramas cada); • 1,2 litro de água; • 2 cabeças de alho, cortadas ao meio; • ½ pimenta dedo-de-moça fatiada; • Tomilho, alecrim, louro e sal à gosto. Para o risoto: • 1 cebola picada; • 1 colher das de sopa de azeite; • 250 gramas de arroz arbóreo; • 2 pacotinhos de açafrão espanhol em pó; • 100 ml de vinho branco seco; • 100 gramas de parmesão ralado; • 1 colher das de sopa de pimentão cremoso; • Sal e pimenta-do-reino moída na hora e à gosto; • Salsa picada à gosto. Para finalizar: • Salsa à gosto; • Azeite extravirgem.

MODO DE FAZER: Tempere as fatias de abóbora com azeite, sal e pimenta-do-reino. Envolva-as separadamente em papel-alumínio e leve ao forno a 180ºC para assar por 40 minutos. Desembrulhe-as, passe-as para uma tigela e amasse-as com um garfo. Reserve. Para preparar o bacalhau, ferva a água com o alho, a pimenta-dedo-demoça, as ervas e o sal durantes 5 minutos. Coloque o bacalhau, desligue o fogo, tampe a panela a e deixe cozinhar por 12 minutos. Reserve a água do cozimento e desfie o bacalhau em lascas. Numa panela, sue a cebola no azeite. Junte o arroz e o açafrão e misture por mais dois minutos. Deglace com o vinho branco e espere o líquido secar. Acrescente 2 conchas da água coada do cozimento do bacalhau e reduza, sem parar de mexer. Repita a operação com a água do bacalhau, colocando duas conchas de cada vez, até chegar ao ponto desejado (cerca de 18 minutos). Junte a abóbora amassada, o parmesão e o requeijão. Continue mexendo durante 4 minutos e acrescentando a água do bacalhau, se necessário. Verifique os temperos e adicione o sal e pimenta-do-reino à gosto. Coloque a salsa e as lascas de bacalhau, reservando algumas para decoração e misture. Disponha o risoto no prato e decore com as lascas de bacalhau reservadas e a salsa. Regue com azeite e sirva. 34 | www.revistaliv.com.br


N Ú M E R O S Q U E FA L A M P O R N Ó S



Entregue em Maio de 2018, o Torre Triunfo reune lazer e conforto em uma localização privilegiada. São 108 unidades, com duas opções de planta: 170m² ou 335m² e uma área de lazer completa. Nosso ano começou muito bem: entregamos um Leal Moreira, com um total de 27.417,80m² construídos.

F E V. 2 0 1 8

Salão de festas

Praça de entrada

Quadra poliesportiva Playground



O Torres Devant foi nossa segunda entrega de 2018. Pensado para proporcionar a melhor experiência de moradia aos nossos clientes, o Devant conta com 280 apartamentos, divididos em 2 torres. As versáteis unidades têm 68m² ou 92m² (2 ou 3 quartos).

S E T. 2 0 1 8

Piscina adulto Salão de festas adulto

Pet place Playground



Para finalizar o ano com chave de ouro, entregamos o Torres Dumont. Seu projeto transformou os 13.000m² de terreno em um aprazível cenário para famílias. São 462 unidades divididas em 4 torres. A incrível área de lazer, com mais de 15 itens, proporciona descanso, conforto e segurança.

N O V. 2 0 1 8

Praça das Águas Jogos Juvenis

Piscinas Fitness


Cozinha Gourmet


Estamos na fase de finalização do Torre Unitá, nosso 38º empreendimento a ser entregue em 33 anos de história. São 143m² de um projeto espaçoso, que inclui 3 suítes bem distribuídas. Em privilegiada localização do bairro do

ETAPA FINAL

Umarizal, o Unitá possui uma completa área de lazer, com piscinas, academia e uma brinquedoteca.

Brinquedoteca Academia

Salão de festas


4 EMPREENDIMENTOS 8 TORRES QUASE 1.000 UNIDADES ENTREGUES EM 1 ANO ISSO É LEAL MOREIRA

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Ângela Sicilia chef de cozinha @angelasicilia

CHOCOLATE PARA OS MALES DA

Há algum tempo que desejo falar sobre chocolates e quero aproveitar a proximidade da Páscoa para contar-lhes uma história que envolve meus dois filhos (a genética não falha, talvez por ter ocorrido comigo). Ambos pequeninos, eu fazia questão de dizer que o coelho havia adentrado na casa e escondido ovos de chocolate. Pegadinhas espalhadas, ovos encontrados e a mesma pergunta: “desde quando coelhos põem ovos?” Risada geral. Foram longas as explicações (que saíram mais coesas no segundo filho, admito): o ovo é um símbolo de nascimento, de uma nova vida. O coelho... bem, o coelho, eu não lembro exatamente a justificativa, mas disse que tinha a ver com fertilidade. Gosto da Páscoa por tudo que ela nos traz. Como mezzo italiana que sou, aprecio a mesa farta, muitos comensais em casa. Gosto de tradições e dos rituais à mesa. E gosto de chocolate. Indiscutivelmente eu o considero o me-

ALMA

lhor remédio e suspeito que vocês aí, leitores, partilham da mesma opinião. Se estamos doentes, alguém chega com sopa e um chocolate. Se o mal é um coração partido, chocolate... para festas escolares e familiares, chocolate. Lembro da felicidade que era comemorar meu aniversário (sou leonina, nada mais natural), porque mamãe fazia tudo do jeito que eu queria - com um plus: eu podia comer a massa de bolo que ficava na vasilha. E podia raspar o brigadeiro do fundo da panela. Assim, cresci mantendo uma relação estável e bem gostosa com ele. Foi melhor amigo sempre - mesmo nas dietas. Desconheço remédio mais indicado para todos os males da alma... porque do corpo, francamente, melhor consultar um médico (e levar uma trufa de presente). Deixo para vocês uma receita de brigadeiro de colher que eu amo. Ideal para a Páscoa, serve muito bem como coberturas, recheios... ou para comer purinho. rs.

Meu brigadeiro de colher com pistaches Ingredientes: • 2 latas de leite condensado • 1 caixinha de creme de leite • 1 bela e farta colher de manteiga • 4 colheres das de sopa de chocolate em pó • 2 colheres das de sopa de cacau em pó Modo de preparo: Misture todos os ingredientes em uma panela antes de levar ao fogo. Leve a panela em fogo baixo e mexa sem parar. Quando começar a levantar a fervura, conte 8 minutos e desligue. Deixe esfriar e sirva pequenas taças com o brigadeiro de colher. Sirva-o coberto por pistaches picados ou amêndoas laminadas torradinhas.

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especial

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Camila Barbalho

Íntimo e

pessoal Um sábado de vinhos e queijos com os amigos em casa. O jantar de noivado dos filhos sem fila de espera. O aniversário da matriarca em meio ao conforto do sofá da sala e fotos de família. É difícil não encaixar um evento à possibilidade do serviço personalizado de ter um chef, por uma noite apenas, em casa.

T

em gente que, se pudesse, dava um dedo e até um braço para sempre comer comida “de restaurante” sem precisar sair de casa. E dentre esses, há aqueles que não endossam muito a ideia de, para isso, precisar recorrer ao delivery e receber o prato em uma embalagem plástica ou de isopor. A solução mágica para todos esses problemas surge da união do melhor dentre esses dois mundos, só que melhorada, e atende pelo nome de personal chef. O nome é mesmo sugestivo e não deixa mistérios sobre o significado: é a opção de reunir amigos e/ou familiares, seja

por algum motivo comemorativo ou não, e desfrutar de um menu indefectível preparado por um profissional da gastronomia que se “instala” por algumas horas, com uma pequena equipe, na cozinha da residência. Ah, coloque-se aí alguns ‘pontos a mais’, que vão desde cardápio super personalizado até a tranquilidade de sequer se preocupar com louças sujas na pia, no dia seguinte. E, por incrível que pareça, custa menos do que se imagina, e se for levado em consideração o custo-benefício, pode chegar a empatar com todo o pacote que envolve saída-segurança-conta-volta para casa. »»»

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A chef de cozinha Solange Sabóia trabalha com esse tipo de demanda há cerca de 4 anos, dividindo as tarefas com o também chef Felipe Gemaque. Ela afirma não se lembrar de um começo específico desse tipo de atuação. “Foi mais pela necessidade das pessoas, que chegavam, perguntava se tínhamos como fazer, e então passamos a oferecer esse serviço também”, explica. O mais interessante de todo o processo é que, embora Solange tenha mais ou menos “de cabeça” algumas possibilidades de cardápio montadas, no fim das contas, a decisão final é mesmo do anfitrião - e claro, a “conta” vai depender do tipo de proteína, de guarnição, e por aí vai. A prática já permite que toda a tramitação se dê de forma tão simples entre ela e o cliente, de modo que às vezes uma simples conversa de WhatsApp é suficiente para acertar tudo. “As cozinhas são mais ou menos padronizadas, e dependendo da situação eu até peço foto, mas o formato acaba sendo sempre o mesmo”, justifica Solange, que geralmente conta com um ajudante e pelo menos um garçom - dependendo do número de participantes. A equipe costuma chegar com duas horas de antecedência com todo o menu pré-pronto, só mesmo para finalizar e servir. Para todos os gostos “O público é variado. Tem a turma que faz sempre, tem quem faça só em determinadas ocasiões”, relata a chef. De reunião com os amigos a aniversário de 60 anos ou comemoração de noivado, é quase impossível achar um evento que não possa ser adaptado ao esquema do personal chef. “Acho que os pontos positivos são muitos. Primeiro que é na casa da pessoa, o que inclui maior segurança, poder ficar mais à vontade e poder escolher um menu e comer tudo fresquinho, recém-preparado. E dependendo do pedido, a gente pode até propor, por exemplo, a harmonização com vinhos”, acrescenta. A lógica do custo final é inversamente proporcional ao número de convidados especiais. Na verdade, quanto mais gente, menor o preço por pessoa. “Uma programação para 10 pessoas provavelmente sairá mais cara que um evento para 20, 30, em que é possível diluir os preços dos produtos usados”, detalha.

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Juntar uns quatro casais de amigos uma vez por mês em casa é um dos programas preferidos da cirurgiã Alessandra Barros. Há pelo menos 5 anos ela repete a “farrinha” em casa com a turma, sempre que pode, e geralmente em volta de uma bonita mesa de queijos e vinhos. “Foi super engraçado a primeira vez que fiz, as pessoas chegaram e ficaram encantadas com a beleza da mesa, não acreditavam que era eu que tinha feito. E não tinha sido eu, mesmo!”, diverte-se. Regional passo a passo foi o início No caso dela, começou com a visita de um primo que mora há muitos anos nos Estados Unidos, também chef de cozinha. No anseio de preparar um jantar bem regional para ele, mas fugindo dos ambientes mais comuns de restaurantes, ela contatou Solange e fez o pedido. “Ele mora há 20 anos fora e eu queria que fosse algo especial, com vários passos, coisa de chef mesmo. Eu já conhecia a Solange, o trabalho, e pedi, foi uma noite muito legal. É um serviço de qualidade e prático. Nem com as louças me preocupei, porque desde a primeira vez ela já trouxe tudo!”, recorda. As harmonizações, a qualidade e, principalmente, a segurança de uma noite de comes e bebes incríveis no conforto do lar justificam o investimento, de acordo com Alessandra. “Outra vantagem é poder montar o cardápio, fazer com as coisas que eu gosto, com as coisas que os convidados gostam. No restaurante o cardápio é quase sempre fixo, com a chef eu posso discutir, sugerir, pedir sugestões”, compara. O contato feito por e-mail ou pelo aplicativo de mensagens instantâneas já é suficiente para ela listar inclusive as preferências dos amigos. “Acaba que eu fui deixando um pouco mais de sair e preferindo esse tipo de programação. Quando a gente coloca na ponta do lápis, acho que todos gastariam o mesmo indo comer na rua, e sem precisar contratar um serviço específico de cozinha ou de limpeza. Com a diferença de ser algo totalmente personalizado, desde o antepasto até a combinação dos queijos com os vinhos. É uma praticidade poder não entender de nada disso e proporcionar algo tão agradável”, reconhece a cirurgiã.

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AMORES, AMORES, NEGÓCIOS À PARTE. Eu vivo do desamor, pois sou advogada. Parece piada, mas eu posso explicar. Eu sou especialista na área de Direito de Família e recebo honorários fazendo divórcios ou executando pensões alimentícias. É duro, mas essa é a realidade: muitos amores resultam em litígio e pais que não alimentam seus filhos. Verdades cruéis? Melhor tirar as crianças da sala. Aprendi muito com a dor de cada cliente que me procura ao fim de 10, 20 ou 40 anos de relação. Escrevi um romance usando todo esse material coletado dos escombros de casamentos desfeitos, mas também já realizei alguns divórcios consensuais, seguidos de um “after” entre as partes, num boteco perto do fórum, no melhor estilo “enfim, só”. Eis que, após tantos anos servindo de instrumento para “desunir os casais”, ano passado eu fui convidada para celebrar o casamento de uma prima querida em Portugal. Uma excelente oportunidade para limpar meu currículo, pois pela primeira vez na vida eu “casaria” duas pessoas, ao invés de divorciá-las. Topei! Lembro da angústia que eu senti às vésperas do casamento, já em Portugal, sem saber o que eu falaria no “altar”. Relia o email dos noivos com algumas sugestões, fazia o retrospecto daquela linda relação que eu acompanhei de perto, mas a inspiração não vinha. Sentei no terraço com uma taça de vinho nas mãos em busca de “um legítimo discurso sobre o amor”, e enquanto contemplava os poéticos telhados lisboetas ao pôrdo-sol, ele chegou, puxou a cadeira e sentou ao meu lado. Ele, o Amor que conheci anos antes, logo quando retornei da primeira viagem que fiz a Paris, obcecada com o sonho de lá passar uma temporada. Eu, uma paraense apaixonada pela cultura francesa e ele, um “carioca francês” viciado em açaí, o original, sem guaraná! Dizem que os apetites têm faro. Assim, estamos nos amando desde o primeiro dia em que nos conhecemos. Amar é gerúndio. Só de olhar pro Amor sentando ao meu lado me veio a paz.

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Leila Loureiro advogada, professora universitária e escritora @leilaloureiro

Ele tem mãos imensas que misteriosamente dedilham o violão com delicadeza. Eu sorrio com o seu senso de humor francês e sua afetividade brasileira. Eu adoro o fato dele ter sido criado desde os dois anos de idade no país de Serge Gainsbourg e Simone de Beauvoir, portanto, ele ama demais as mulheres. Certa vez, ele levantou no meio da noite e foi na cozinha. Voltou com um copo d’água e deixou ao meu lado, na cabeceira da cama. Ele achou que eu estivesse dormindo e não imagina que naquele momento eu despertei para o real significado do amor. O amor mata a sua sede e a sede do outro. O amor hidrata. Ele me ensinou a dividir metade da cama e me ensina a falar francês. Ele ama a minha independência e cuida do meu lado frágil. Ele vibra com minhas vitórias e tira sarro dos meus piores defeitos. Ele me apresentou a música de Jacques Dutronc, o melhor croissant de Paris e o samba mais genuíno na zona norte do Rio de Janeiro. Ele me levou ao Teatro Oficina, do seu tio Zé Celso Martinez Corrêa. Ele é um poço infinito. O amor é uma queda livre. “O coração, se pudesse pensar, pararia”, disse Fernando Pessoa. Então, parei de racionalizar o amor e passei a sentilo. Foi quando o discurso do casamento da minha prima fluiu com leveza e emoção. Tão simples quanto verdadeiro. E, assim, logo após a cerimônia que celebrei, a noiva me abraçou apertado e disse: “Foi exatamente do jeito que sonhei. Obrigada”. Nunca deixe de celebrar o amor. O seu e dos outros. Também não abra mão do inalienável e impenhorável direito de amar e ser amado. E mais do que isso, não basta só amar, mas gostar muito de amar aquela pessoa. Eu amo amar o meu Amor. Você ama amar o seu? Ou se pudesse não o amaria? Pense nisso. E caso decida pelo fim, me procure. Eu posso parcelar os meus honorários.



Foto: Morgana Festugato

perfil

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Camila Barbalho

Divulgação

Menina

prodígio No princípio, era o verbo – envolvido em melodias doces, de saltos naturais e identificação imediata. Foi por meio das palavras cantadas que Liah Soares apareceu para o país. Seu nome, porém, ainda não figurava nos letreiros ou banners das grandes casas de show: era nos encartes dos álbuns de célebres nomes da música pop brasileira que a menina de vinte e poucos anos começava a escrever sua história nacionalmente. A simpatia de estrelas de inspiração rural e popular – como Rick e Renner, Sandy e Junior e Wanessa Camargo – veio com muita naturalidade, e as canções da paraense nascida Eliane ganharam as rádios e as bocas de multidões.

E

ra início dos anos 2000. Mal se sabia que aquele som não tinha gosto de terra e mato à toa: Liah cresceu de pé no chão. Uma infância no interior do Pará lhe permitiu rodopiar memórias por entre árvores, coral da igreja, violão presenteado pelo pai. A sonoridade da prodigiosa compositora vinha carregada do seu próprio cotidiano. Muito antes de emplacar o primeiro hit diretamente dos bastidores, a cantora já havia defendido uma obra de sua autoria em um festival grandioso do estado. Com apenas 12 anos, ficou entre os 24 melhores da competição – de um universo de mais de três mil. Era o empurrão que faltava para a jovem colocar a mochila nas costas e construir seu caminho. Saiu de casa aos 14, morou em Santa Catarina, mudou-se mais tarde para o Rio de Janeiro. Nunca teve receio de meter a cara. Foi assim que foi parar

no The Voice – programa que lhe projetou para o Brasil; dessa vez, portando o próprio rosto e o timbre. Liah virou um fenômeno de público e crítica pela criatividade e ousadia nas performances. Não tardou para que se tornasse figura habitual nas trilhas de novela, programas de TV e páginas de revista. Aos 39 anos, a artista vive o seu melhor momento. Num traslado constante entre Portugal, Rio e Belém, ela faz planos para a carreira e para a vida pessoal – enquanto desfruta do sucesso de sua nova música de trabalho, “Girassol”, trilha da novela “O Sétimo Guardião”. Na letra, Liah canta como num sopro só: “sem entender a melodia, eu dancei na luz que a chuva tem no sol/ Eu me refiz em poesia/ Vi que o mundo gira, girassol”. E é assim, solar e em constante refazer, que ela conversa com a Liv, em um papo exclusivo e sincero. Confira: »»»

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Foto: João Mário Nunes

Você tem vivido em Portugal, investindo na carreira internacional e aproveitando o amor ao lado de seu namorado, o ator Carlo Porto. Como tem sido a experiência? É uma mudança definitiva, ou você ainda mora no Rio? Tô nessa ponte aérea Rio-Belém-Lisboa, tentando conciliar da melhor maneira possível trabalho e vida pessoal; e o fato de o meu namorado estar em Portugal colabora bastante pra que eu esteja bastante tempo por lá sim (risos). Mas também estou lá por motivos profissionais, e tem sido muito prazeroso conhecer melhor esse país e fazer novas parcerias com amigos portugueses. Como você avalia o impacto dessa temporada em Portugal na brasileira, amazônida, que você é? A distância de casa faz você olhar de outro jeito pra sua identidade? Ah, é sempre um aprendizado. Fiquei impressionada com o quanto os portugueses amam e conhecem bem a música brasileira. Como artista, fui muito bem acolhida. Já 54 | www.revistaliv.com.br

no início desse ano, recebi o convite de um artista incrível português, o Luís Represas, pra lançarmos por lá um dueto da minha música “Girassol” – que está na trilha da novela das nove [da rede Globo], “O Sétimo Guardião”. A distância de casa faz com que a saudade e a paixão por nossas raízes cresçam, mas eu já aprendi a conviver com essa saudade desde muito nova... Você começou a se dedicar à música ainda menina, participando pela primeira vez de um festival aos 12 anos. Como foi o início da carreira, a partir do momento em que você decidiu que “era isso”? Como sua família viu essa decisão? Minha família sempre me apoiou e incentivou, enquanto eu era uma criança sonhadora que gostava de tocar instrumentos e rabiscar os primeiros versos. Quando a coisa ficou séria e eu decidi me mudar pra São Paulo, daí houve uma resistência – principalmente por parte do meu pai, que ficou muito preocupado com a caçula dele sain-

do tão cedo de casa em busca de uma profissão tão incerta. Como era a vivência no interior do Pará? O conservadorismo de cidades menores como Tucuruí ou São Domingos do Araguaia, ou mesmo a distância dos polos midiáticos do Brasil, intimidou você em algum momento? Minha infância foi um momento mágico na minha vida. A cidade não tinha luz elétrica, só a motor até certo horário... Então tive uma infância muito criativa, livre, de subir na árvore pra comer fruta do pé, brincar na rua com as crianças da vizinhança. Era uma cidade onde todo mundo se conhecia e se respeitava, então foi uma base muito importante na construção de quem eu sou. Mas é claro que foi um baque pra mim, chegar à cidade grande, onde as pessoas não pareciam muito se importar com as outras. Eu carregava comigo a inocência de interior e aquilo me amedrontava sim, mas o sonho de fazer música era maior. Não desisti.


Foto: João Mário Nunes

Foto: divulgação

Como se deu o seu contato com artistas famosos que gravaram suas músicas quando você ainda não tinha estourado nacionalmente - como Rick e Renner, Wanessa Camargo e a dupla Sandy e Junior? Surpreendeu o alcance que suas canções tomaram a partir daí? O primeiro contato foi por meio da editora Warner. Na época, gravei algumas composições inéditas minhas lá e eles foram enviando pra alguns artistas. Depois que Rick e Renner gravaram uma música minha e foi um sucesso, outros artistas começaram a se interessar em ouvir minhas composições. Tive sorte, mas também – graças a Deus – o talento pra escrever e persistência, muita luta. Lembro de ter passado muita dificuldade no início, de não ter dinheiro mesmo nem pra comer; e ainda não podia contar a situação para os meus pais, porque eu sabia que meu pai iria imediatamente me mandar voltar pra casa. Eu não imaginei que minhas canções iriam chegar tão longe nas vozes de tantos artistas, mas foi o caminho que surgiu e sou muito grata porque as coisas foram acontecendo assim. »»» 55


É diferente cantar as próprias palavras? Implica uma maior responsabilidade? Tenho uma maior intimidade, uma propriedade quando canto o que escrevi, ou quando fiz parte do processo criativo, porque sei exatamente o que eu estava querendo dizer ali... Pra mim, a responsabilidade de interpretar outro compositor é maior. Por que você resolveu participar do The Voice, mesmo já tendo conquistado reconhecimento e tendo vários trabalhos gravados? Fazendo esse balanço hoje, que importância o programa teve pra você? O The Voice veio num momento importante. Após alguns trabalhos gravados, eu fiquei muito conhecida como compositora. Enxerguei no programa uma oportunidade de me mostrar mais como intérprete. Foi um desafio e também uma descoberta e aprendizado participar de um programa ao vivo, reinventando clássicos da música brasileira. Ganhei uma parcela de fãs que até então não conheciam meu trabalho, e guardo com muito carinho esse episódio da minha carreira. »»»

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Foto: João Mário Nunes

Foto: Morgana Festugato Foto: Morgana Festugato

Ao ser descoberta como compositora, como você se sentiu? Em algum momento houve alguma frustração por esse sucesso todo ocorrer na voz de outros intérpretes, ou por suas músicas não soarem exatamente como você estava habituada a executá-las? Como fica essa relação entre a compositora e a intérprete que você é? Nenhuma frustração, pelo contrário. Eu ficava muito feliz; pensava que, se um artista de grande porte estava gravando e apostando numa canção que fiz, é porque eu devia estar no caminho certo. Financeiramente, me ajudou bastante no início de carreira; e, principalmente, amadureci e cresci artisticamente fazendo as pré-produções das músicas no estúdio. Quando eu escrevo uma música pra outro artista, me desapego quanto à expectativa de arranjo porque sei que cada um tem uma roupagem e uma identidade musical. Só espero que essa música cumpra o seu papel, levando uma mensagem e emocionando as pessoas.


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Fotos: João Mário Nunes

Seu lançamento mais recente foi o trabalho ao vivo, registrado no Theatro da Paz. Qual a emoção de cantar em casa, depois de realizar tantos feitos, num dos palcos mais importantes da cultura nacional? Após o DVD, ainda lancei alguns singles... Mas, realmente, gravar meu primeiro DVD, ao vivo e ainda no Theatro da Paz, foi um sonho realizado. Algo que eu desejava desde criança... Uma emoção que não consigo explicar. Quais são os projetos que estão no seu horizonte agora? Tem algum sonho que ainda falta realizar?

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Eu agora estou investindo nessas novas parcerias em Portugal, mas também não esquecendo o meu país. Pretendo ainda lançar um EP, ou álbum novo esse ano. E é claro que tenho ainda muitos sonhos a realizar! Você está fechando a casa dos trinta em 2019. Esse é um momento marcante pra você, de alguma forma? Como você se sente em relação a esse marco temporal na sua vida? Eu tenho uma relação muito atemporal com a minha idade. Capricorniana, aos 20 anos me sentia velha pra certas coisas e, depois dos 30, comecei a achar que sou jovem e te-

nho muuuita coisa ainda pela frente (risos). Mas, fazendo um balanço até aqui, sigo satisfeita porque sei que venho seguindo meu coração e tentando fazer o melhor que posso como artista, filha, irmã, amiga... E me sinto pronta pra viver o sonho de ser mãe. Quando você olha pra trás e vê tudo o que já construiu, o que você acha que a menina que você foi - lá no coração do interior paraense - diria da mulher e da artista, que você se tornou? Eu acho que aquela menina lá diria: “égua, maninha, você foi corajosa e chegou aí. Parabéns, guerreira!”.



destino

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Camila Barbalho

Divulgação

Romântica

Verona

“Two households, both alike in dignity/ In fair Verona, where we lay our scene (…)”. Assim começa uma das peças de amor mais poderosas da literatura mundial - talvez a maior de todas, a julgar pelo número de debates, mistérios, referências, suspiros e declarações apaixonadas que nasceram do contato com o trágico destino de dois jovens apaixonados e proibidos de viver esse enlace. A cidade italiana que hospeda a narrativa de Romeu e Julieta é descrita por William Shakespeare com um único e minúsculo adjetivo: fair. A despeito de seu tamanho, a palavrinha possui um sem-número de traduções - de justa a bela, de luminosa a respeitável. Também assim é Verona. Em pouco mais de 200km², ao longo dos quais se distribuem cerca de 260 mil habitantes, a pérola da região do Veneto proporciona uma infinitude de significados - românticos, poéticos e, sobretudo, históricos. Ironicamente, é comum que as palavras fujam quando a retina registra seus cenários.

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ão se sabe se os olhos de Shakespeare chegaram de fato a ver o sol se pôr no leito do rio Adige, que banha toda a cidadela. São muitas, aliás, as incertezas quando o assunto é o dramaturgo inglês. Sua relação com a Itália é uma delas: cerca de um terço de toda sua obra se passa na Terra da Bota, mas não há um só registro confirmatório de que o autor mais lido (com a impressionante marca de quase três bilhões de livros vendidos ao todo, perdendo apenas para a Bíblia) e encenado do mundo realmente esteve no país. Um buraco de seis anos em sua biografia – de 1586 a 1592 – favorece as mais variadas conjecturas: há historiadores que defen-

dem passagens do poeta por terras italianas sob o uso de codinomes largados aqui e ali em livros de peregrinos; há quem diga que ele não era inglês coisa alguma, e sim um siciliano da cidade de Messina – e que Giulietta, na verdade, teria sido a grande paixão irrealizada de sua vida que inspirou sua mais célebre personagem; há teóricos que sustentam, sem titubear, que Shakespeare nunca pôs os pés na Itália e que suas famosas tramas são apenas lendas e “causos” conhecidos, apenas “melhorados” pelo escritor; e há ainda uma provocativa sugestão de que William Shakespeare não seria o verdadeiro autor do corpo de obras atribuído a ele. »»»

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Discussões biográficas à parte, é certo que Verona seria injustiçada não fosse a publicidade literária. Prima menos imponente da grandiosa Veneza e da cosmopolita Milão, seu convite imediato ao turismo é o apelo afetivo – embora tenha sido sua relevância arquitetônica e histórica o que a fez ser proclamada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Conhecida como “cidade dos namorados” graças ao amor proibido dos jovens destinados à inimizade, ela é palco de pedidos de casamento, luas-de-mel, filmes românticos contemporâneos e apaixonados em geral – seja por pessoas, seja pela ideia de se apaixonar. Depois que se chega lá, porém, enamora-se não mais pelos contos, mas pela atmosfera. O encanto veronês impressiona sem ser opulento. Seu impacto visual está precisamente no contraste das vielas – que enfileiram charmosos sobrados de paredes

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coladas, como se também tivessem vontade de se abraçar – com súbitos espaços amplos e construções seculares. Diferentes períodos da história europeia convivem bem mesmo com a modernização do lado contemporâneo da cidade, que circunda a estação principal de trem – onde a viagem de fato, começa. Não são muitos minutos – por volta de quinze ou vinte – andando da estação Porta Nuova até o centro histórico. Essa é, inclusive, uma parte importante da experiência na cidade: Verona é para se conhecer a pé. Demanda alguma disposição para fazer o circuito completo, então é bom levar um calçado confortável e sempre portar uma garrafa d’água. Apesar de tudo ser bem perto, há muita coisa para ver – logo, reservar dois dias para apreciar tudo sem pressa pode ser recompensador. Também é preciso contar com um fato

pouco comentado, mas importante: as ruas são bem parecidas, e se perder é parte da graça. Ter à mão um aplicativo de mapas é conveniente para quem vai fazer um bate-e-volta de trem a partir de Veneza ou Bolonha e precisa chegar logo às atrações, mas é bem mais charmoso desvendar um olhar novo a cada dobrar de rua estreita com tranquilidade – e, de preferência, de mãos dadas. O primeiro sinal de chegada ao coração veronês é o Castelvecchio. Construído em meados do século XIV, o castelo foi o lar da controversa famiglia Della Scala, que governou o lugar por mais de cem anos; e também hospedou uma série de momentos bélicos e políticos do país – como o famoso “processo de Verona”, em que Mussolini condenou à morte os traidores de seu regime. Hoje, abriga o Museu Cívico, com obras que cobrem um milênio


da história artística italiana. Mas o maior apelo da construção está do lado de fora: a ponte Scaligero, que atravessa o rio Adige, é o primeiro grande cartão-postal do turista. A vista de lá poderia facilmente ser confundida com uma pintura. Fundamental gastar uns instantes contemplando a paisagem. Ao descer às ruas, é interessante observar outro elemento característico da arquitetura italiana: as portas – portais medievais localizados no meio da rua – dão uma aura cinematográfica ao transitar pela região. A Porta Borsari é uma das principais, e está no caminho da icônica Piazza delle Erbe. Livremente traduzida como “praça das ervas”, a Erbe foi um antigo mercado – por isso o nome. Hoje, guarda algumas joias da escultura veronesa, como a Fontana di Madonna Verona e o Leone di San Marco. Além de tudo, é uma feirinha de artesanato cercada por bares e restaurantes, onde se pode almoçar do lado de fora, sentar para tomar um vinho, ou ao menos experimentar um clássico gelato italiano. As ruelas entre a Piazza delle Erbe e a Piazza Brà são repletas de lojas das grifes mais importantes e famosas do mundo. Uma ótima oportunidade para quem aprecia o turismo de compras. A Piazza Brà é a principal da cidade, onde fica a impressionante Arena di Verona – o terceiro maior anfiteatro da Itália (atrás apenas do Coliseo e do Anfiteatro di Capua), e o mais bem preservado. Construído na primeira metade do século I, o monumento – que outrora foi palco das sanguinolentas lutas de gladiadores – hoje recepciona belíssimos festivais de ópera e música instrumental em noites de primavera. Mas o ponto preferido e ansiado por todo turista de Verona

é mesmo a Casa di Giulietta. Por ser o ponto mais requisitado da cidade, o fluxo de pessoas é muito intenso – principalmente do lado de fora, onde se encontra sua estátua. Reza a lenda que Julieta é uma espécie de padroeira dos amores, então há uma série de rituais envolvendo sua representação – desde tocar o seio direito da escultura de bronze para ter sorte nos relacionamentos, até deixar um cadeado, ou bilhete com uma inscrição contendo o nome dos enamorados, ou outra mensagem romântica qualquer. De fato, para onde quer que se olhe dentro dos muros da casa, será possível ver corações e cartas de amor grafadas em post-its, tickets de trem, nas paredes e até mesmo em chicletes (!). Há ainda a tradição de enviar cartas à jovem e um grupo rotativo de mulheres trabalha voluntariamente para manter viva a magia dessa prática: as secretárias de Julieta, que se reúnem em um espaço praticamente desconhecido para responder às mais de cinco mil mensagens que a personagem recebe por ano – pedindo sorte para um amor conturbado, força para superar um luto ou, simplesmente, compartilhando um episódio de grande carga emocional. É possível se inscrever na internet para cumprir essa missão. A Casa de Julieta não é um programa para céticos nos assuntos do coração, nem para quem revira o olho para narrativas fantásticas, e isso é sabido. Mas, para além da construção mítica em torno da menina que morreu de paixão e punhal, o ponto turístico é também um importante museu, em mais de um sentido: além de preservar móveis de época e peças seculares de cerâmica, a casa de três andares guarda diversas obras vi- »»»

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suais, entre pinturas e fotografias, que recontam a trama shakespeariana – além de intocados cenários e figurinos do clássico filme de Franco Zefirelli sobre o casal, lançado em 1968. Portanto, apreciadores de história, arte e cinema também terão algo para levar na memória do sobrado. Lá, também é possível tirar uma foto na famosa sacada em que Julieta suspirava por Romeu, assim como há computadores para enviar a ela uma carta virtual – e esperar por uma resposta, mesmo sabendo que virá das mãos de uma voluntária de qualquer idade ou nacionalidade, é parte da emoção envolta no processo. Há, em Verona, assim como em quase toda a Itália, muitas igrejas suntuosas e importantes do ponto de vista arquitetônico. Para quem se interessa por turismo religioso, é possível procurar pacotes de passeio como o bilhete único Chiese Verona – que dá direito a visitar a Basílica di San Zeno Maggiore, Basílica di San Fermo, Duomo di Verona e Santa Anastácia. San Zeno é o lar de belíssimos afrescos e obras de arte sacra, além de conter a cripta que guarda as relíquias do padroeiro da cidade. Santa Anastácia, por sua vez, retém a atenção por suas colunas de mármore branco e vermelho, numa harmonização arquitetônica de tirar o fôlego. Fora desse percurso, ainda tem a inesquecível Igreja de San Matteo – que, de tão badalada, virou um elegante restaurante onde vale muito a pena jantar a dois. Seguindo o mesmo raciocínio do Chiese, o Verona Card também é um modelo de passe turístico, vendido online, que permite o acesso a diversas atrações da cidade – e mais a utilização do transporte público, o que é bom para visitar pontos longe do centro. Há duas versões: o passe de 24 horas, que custa 18 euros, ou o passe de 48 horas, que custa 22. O tempo passa a contar a partir da primeira entrada em um dos pontos conveniados. Um pouco fora da rota do circuito principal, um dos mais belos jardins renascentistas da Europa está a quinze minutos de caminhada rumo ao outro lado do rio. O paisagismo geométrico do Giardino Giusti, cercado por ciprestes e repleto de

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Foto: Camila Barbalho

Foto: Camila Barbalho

fontes e esculturas, é um lugar que merece atenção. Projetado em 1570 por Agostino Giusti, o jardim público é um respiro verde pelo qual já passearam nomes como Goethe e Mozart. Um passeio pelo labirinto envolve uma sentimental lenda italiana: os amantes que conseguem se encontrar no meio do emaranhado de alamedas estão destinados a ficar juntos para sempre. De volta ao centro, não muito longe da praça principal, na via Arche Scaligere, é possível passar pela frente do casarão da família Montecchio, onde Romeu supostamente viveu. O lugar não é aberto à visitação, tendo apenas uma placa de mármore – quase

invisível, por conta de uma infinidade de pichações e rabiscos – com um trecho do primeiro ato da peça de Shakespeare como indicador. A existência deste marco, porém, levanta outra discussão, que ajuda a reforçar o encantamento em torno da obra: não é de todo impossível que Romeu e Julieta tenham sido pessoas reais. As pistas que conduzem a essa ideia são difusas. Por exemplo, a primeira edição impressa da peça conta que a história já havia sido encenada antes. Giralomo Della Corte, poeta italiano contemporâneo de Shakespeare, atribui o drama a um episódio verídico, ocorrido na Verona dos anos 1300. Famílias chama-

das Montecchi e Capelletti existiram de fato – e são citadas n’”A Divina Comédia” de Dante Alighieri como exemplos de rivalidade política e comercial. O historiador Olin Moore ainda aponta a possibilidade de os nomes das duas famiglias serem, na verdade, uma metáfora para dois importantes partidos políticos rivais italianos. Tudo isso faz cogitar que, de repente, dois jovens, ao se verem impedidos pelas circunstâncias de viver o amor em sua plenitude, decidiram mergulhar na certeza de um romance meteórico que lhes custou a vida – e lhes deu não apenas a eternidade, mas uma belíssima cidade para celebrá-los.

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Confira

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Blackwood é considerado um dos mais notáveis escritores de horror de todos os tempos. Sua história mais famosa, ‘Os Salgueiros’, retrata as aventuras de dois viajantes que descem de barco pelo rio Danúbio e passam a viver um verdadeiro inferno de sons e sensações perturbadoras, cercados por salgueiros, em uma região pantanosa.

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Foto: Kahori Matsumoto

galeria


Vanessa Libório

Divulgação/artista

Arte que

se sente

A artista plástica Sylvia Martins vive em uma ponte aérea que conecta Nova York ao Rio de Janeiro. Dona de um estilo muito pessoal e uma biografia ainda mais interessante – carregada de pinceladas do jet set hollywoodiano, Sylvia nos recebeu no Brasil para falar de sua carreira e rememorar sua trajetória.

Foto: Dorothy Ziedman

S

ob o calor de quarenta graus, de uma manhã ensolarada do Verão carioca, Sylvia Martins recebeu a Liv, em seu apartamento no Arpoador, no Rio de Janeiro. Lá dentro, temperatura de montanha... Bem no clima em que a artista plástica está acostumada, já que passa mais tempo em Nova York do que no Brasil. Mas durante 4 meses por ano, é o Oceano Atlântico que dá bom dia a Sylvia. “Hoje, o mar tá maravilhoso para nadar!”, diz a gaúcha, de Bagé, ao se aproximar da janela, referindo-se a um hobby antigo. “Nado todos os dias!” Completa. Vaidosa, inteligente, determinada e sistemática. O interfone toca durante o início da entrevista. Ela pede desculpas e levanta para atender. Volta esbravejando, dizendo que não consegue se adaptar ao modo brasileiro de chegar na casa dos outros sem avisar. “Era o pintor que chamei na semana passada e não veio. Hoje, estava passando aqui perto e queria subir pra fazer o serviço sem sequer ter avisado que vinha. Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos!”, comenta Sylvia, que depois de 40 anos morando fora, se adaptou completamente aos hábitos americanos. “Nova York é a minha casa, mas acho que o Rio de Janeiro é um lugar melhor para se envelhecer!” Ela carrega tantas histórias que às vezes se perde no tempo. Tenta lembrar o ano em que visitou a Índia. Na dúvida, pega a autobiografia, que chama de... “como é que fala mesmo quando a gente quer resumir uma história cronológica?” - “Coletânea?” - “Isso! Desculpe, é que esqueço algumas palavras em português”, comenta a artista que desde os 23 anos fala mais o inglês que sua língua-mãe. »»»

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Foto: Dorothy Ziedman

Eu acho que arte nasce com você. Não adianta você aprender. As 152 páginas da cronologia da vida e obra de Sylvia, foram baseadas no seu maior arquivo: as 40 agendas que acumulou ao longo dos anos. As páginas se confundem com rabiscos feitos por uma criança, vai ver coisa de artista... “Todo mundo adora as minhas agendas, sempre me pedem pra ver. Aqui tenho tudo registrado do que fiz na vida, dos remédios que preciso tomar, as viagens, encontros, as idas ao salão”, conta com um sorriso orgulhoso no rosto. Talvez de maneira inconsciente, os traços nas agendas já eram as primeiras manifestações da arte que Sylvia viria a desenvolver ao longo de sua vida. “Eu acho que arte nasce com você, não adianta você aprender”, diz a artista que relembra ter passeado por várias vertentes até se identificar de corpo e alma com a pintura em óleo. “Tentei gravura, escultura, mas nunca foi a minha praia”. As pinturas de Sylvia refletem sua rica e interessante história de vida. Em algumas, a contemplação pode durar horas, como numa preciosa meditação. Difícil até definir um estilo. Ao mesmo tempo em que utiliza símbolos universais, as mensagens podem esconder ou revelar situações profundamente pessoais. “Pintar é um processo muito doloroso, tem muita emoção. Tudo pra mim é muito intenso: a única coisa que salva o artista é criar”. Sylvia rompeu com os paradigmas da década de 70. Numa época em que as mulheres eram educadas para serem esposas, ela pediu aos pais, aos 14 anos, para sair da cidade no interior do Rio Grande do Sul, com 116 mil habitantes, onde o pai criava cavalos. No Rio, estudou num colégio interno. Depois fez Faculdade de Comunicação. Na época, não havia Faculdade de Artes. Sylvia fez cursos livres. Até que conheceu uma pessoa que perguntou se ela não queria ir para Nova York trabalhar no studio de Andy Warhol, pintor e cineasta norte americano referência, no movimento pop art. “Ele era o papa das artes. Se você conhecesse o Andy, você estava feito!”, diz Sylvia. O ano era 1979. Esse seria seu segundo grande voo.


Foto: Bruno Astuto

Foto: John Jones

Em Nova York, Sylvia estudou na Art Students League por 3 anos. A brasileira chamava a atenção pelo talento, pela garra de ir atrás do que queria e pela beleza. No meio do frisson da capital mundial das artes contemporâneas, conheceu o ator Richard Gere. “Assim que cheguei em NY saía para dançar todos os dias, ia nas discotecas, conhecia pessoas, era uma época muito boa!”, lembra com o olhar saudoso de uma juventude que parece não tão distante. Os dois moraram juntos por 8 anos, mas ela não considera ter sido casada com Gere. “Pra mim casamento tem que ter papel ou filhos, e isso não

teve!”, diz, contrariando as notícias de vários sites que estampam manchetes falando do casamento de Gere com uma brasileira. “Nos damos bem até hoje, outro dia ele me ligou perguntando se não poderíamos nos encontrar num bar que fica próximo ao meu studio no Soho. Me apresentou a atual mulher. Foi agradável”, conta Sylvia com um semblante tranquilo, mas logo deixa escapar que em certo momento os dois viveram um relacionamento aberto e que ficava sabendo dos ‘affairs’ de Richard pelos tabloides. “Não era muito confortável, acho que eu queria algo mais” confessa.

Em meio à agitação do cotidiano nova iorquino, Sylvia aproveitou o embalo e abriu um restaurante junto com uma amiga – um ótimo pretexto para as esticadas noturnas depois que o expediente nos studios acabava. Nessa mesma época, trabalhava para o badalado italiano Giorgio Armani fazendo pesquisas para compor as criações do estilista. A vida da menina que se sentia um peixe fora d’água no interior, alcançava as metas que ela tinha traçado. Dois anos depois, o restaurante fechou. Somado ao fim do relacionamento com o galã mais cobiçado do cinema, Sylvia quis dar um tempo de Nova York. »»»

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Conheceu o playboy grego Constantine Niarchos, caçula dos quatro filhos do bilionário Stavros Niarchos. Em 1993, se mudou com ele para Londres. “Não me adaptei a Londres. Mesmo querendo dar um tempo de NY, sentia que ali não era o meu lugar”. Quatro anos depois, o empresário, único homem com quem ela foi casada no papel e considera como marido, morreu uma semana depois de ter sido considerado o único grego a alcançar o topo do Everest. A artista plástica não gosta de comentar as circunstâncias da morte do ex-marido. As investigações da polícia inglesa apontaram que ele morreu de overdose. Pouco depois, Sylvia voltou para NY.

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Foto: Ana Dantas

Recentemente, a brasileira do mundo decidiu conhecer um lugar que sempre esteve próximo dela, mas que só há quatro anos, colocou no roteiro, como prioridade indiscutível: a Amazônia – mais especificamente Manaus. Era 2015 e Sylvia realizou um sonho: nadou no Rio Negro. “Quando eu entrei naquela água, eu chorei! Foi muito emocionante!”. Mas engana-se quem acha que a experiência serviu de inspiração para uma obra. “Inspiração é uma coisa que não existe, você tem que ir pro studio, sentar a bundinha na cadeira, colocar uma musiquinha, ou ir pro computador e procurar ideias, essa coisa de ah... tô inspirado é besteira, pra mim inspiração é trabalhar!”, diz. Aos 65 anos, Sylvia Martins não se considera uma mulher realizada. Diz que a vida é dura e que envelhecer é difícil. “Hoje mais do que nunca preciso das minhas agendas, a velhice nos faz perder a memória”, comenta com bom humor. »»»

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No apartamento de mais de 200 metros quadrados de frente para a praia, que ela mantém há 18 anos, Sylvia transformou parte da sala em um belíssimo estúdio, mas acredite... nunca pintou nada dentro dele! “A pintura em óleo é um trabalho mais difícil, não dá pra pintar em 15 dias. Para um quadro ficar pronto, leva-se, em média, 3 meses... como eu não costumo ficar aqui tanto tempo, acabo não pintando... Ou então vai ver que é essa paisagem que me tira a concentração!” A gaúcha que saiu de Bagé e ganhou o mundo, tem um discurso muito semelhante ao de um outro brasileiro, que também fez sucesso na Big Apple: Tom Jobim. O músico costumava dizer que ‘Nova York era o máximo, mas que não vivia sem o Rio’. “Preciso me acostumar a morar no Brasil, porque NY é muito bom durante um tempo. Depois, a cidade suga muito. Toda aquela agitação passa a não ter mais tanto sentido. Quero envelhecer pintando e nadando no mar!”, finaliza com o olhar apontado para as ondas como se o balanço das águas refletisse o balanço da vida.

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comer com os olhos e as mãos

Fácil de fazer, saboroso e capaz de matar qualquer fome. Por todas estas qualidades, o hambúrguer se tornou um sucesso de “público e crítica”. Mas antes de vencer o Oscar da gastronomia fast food, o sanduíche já tinha uma história curiosa e se tornou praticamente um símbolo americano.

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Para entender esse enredo quase épico, é preciso voltar no tempo. Mais precisamente para os séculos 12 e 13. Reza a lenda que os Tártaros da Criméia, originários dos turcomanos, tinham o costume nômade de carregar as provisões de carne crua embaixo das celas dos cavalos. Quando eles paravam para comer, a peça já tinha virado uma espécie de pasta e era comida mesmo assim. A comida desembarcou na América pelos Estados Unidos muito tempo depois, já no século 19, trazida pelos alemães, que embarcavam rumo ao sonho americano pelo porto de Hamburgo. Obviamente, a esta altura do texto você já associou o nome do lanche com o local onde ele foi popularizado. Por ser bom e barato, ficou tão famoso na cidade alemã quanto o chucrute. Na terra do Tio Sam, foi chamado de Hamburg Steak (ou bife de Hamburgo, claro). Os marinheiros americanos, que precisavam almoçar algo prático e saciável, tiveram uma ideia diferente e ao mesmo tempo genial: botar a carne entre dois pedações de pães para comer sem se afastar muito tempo do trabalho. Nas décadas seguintes, já no século 20, as lanchonetes incorporaram o produto ao cardápio. O sucesso veio após a Segunda Guerra Mundial. As redes de fast foods, como o McDonalds cresceram junto aos jovens, que usaram os ambientes mais descolados das lanchonetes como pontos de encontros.

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No Brasil, o hambúrguer foi introduzido em 1952 por um tenista americano chamado Robert Falkenburg. Robert foi campeão de Wimbledon e se tornou empresário quando se aposentou. Ele inaugurou a primeira loja da Bob’s no Rio de Janeiro. Já recentemente, os hambúrgueres ganharam mais etapas de preparo, ingredientes e qualidades. Tudo para agradar diferentes paladares – até os mais sofisticados. A mistura de carnes (os chamados ‘blends’), com a brasa substituindo as grelhas e diferentes molhos, foram incorporados aos menus, diversificando públicos para o que foi criado apenas como carne e pão. Segundo o empresário Ricardo Costa, 30 anos, há uma característica primordial para qualquer hambúrguer: você tem que conseguir comê-lo. “O hambúrguer tem de ser proporcional, caber na boca. Tem que dar para morder”, afirma. Outro fator importante é que o blend deve levar em conta a qualidade da carne e da gordura. “A proporção de gordura deve ser correta, com 20% de gordura”. Ah, e se você quiser dar uma passada no The Premium Steaks, poderá comprar os blends de carne prontos e ainda pode ganhar os pães brioches, fazendo sucesso com os amigos com seus próprios sanduíches em casa. Nesta edição, o Ricardo preparou uma receita de Hamburguer própria para você testar em casa e sujar as mãos sem culpa. »»» 81


RECEITA • Blend de Burger – 360 gramas (2 discos de 180 gramas) • 2 unidades de pão brioche

PREPARO DA CARNE Antes de começar, de fato, é muito importante saber escolher as carnes do blend. Que tal a combinação de fraldinha/peito ou acem/peito? O percentual de gordura de um hambúrguer dever ser perto de 20%. Vamos ao modo de preparar? Corte os pães ao meio, passe manteiga e coloque-os na parte de cima da churrasqueira, até dourar bem. Tire os hambúrgueres da geladeira, tempere com sal e pimenta-do-reino e leve à grelha. Procure virar o burger apenas uma vez na grelha – dois minutos de cada lado. Qual a hora de colocar o queijo cheddar? O ideal é virar o Burger e colocar o queijo, pondo um abafador por cima. Grelhe o bacon 1 minuto de cada lado. Monte seu Burger e adicione o Bourbon BBQ por cima.

• 120 gramas de queijo cheddar • Fatias de bacon MOLHO BOURBON BBQ (ACOMPANHAMENTO) • 100 ml de Bourbon • 200 ml de ketchup • 3 colheres das de sopa de vinagre de maçã • 1 colher e ½ de sopa de açúcar mascavo • 1/0 colher de sopa de melaço • 3 colheres de sopa de mostarda dijon • 1 e ½ colher de sopa de molho inglês • ½ colher de sopa de páprica • 1 colher de sopa de shoyu Coloque todos os ingredientes numa panela e leve ao fogo baixo até adquirir a consistência desejada.

DICA NO PONTO (ACOMPANHAMENTO) Pode acrescentar os molhos que desejar no seu Burger para deixa-lo perfeito ao seu gosto. Neste caso, você também pode adicionar uma maionese caseira e a receita a gente também ensina agora!

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MAIONESE CASEIRA • 2 ovos • 1 dente de alho • uma colher de sopa cheia de mostarda Dijon • sal a gosto • pimenta do reino a gosto • óleo de canola

Coloque o óleo de canola na geladeira, para utilizá-lo frio. No liquidificador, coloque os 2 ovos, o dente de alho, o sal e a pimenta. Bata tudo até obter uma mistura homogênea. A partir daí comece a colocar o óleo em fio. Quando a mistura tiver engrossando, adicione uma colher de mostarda Dijon e vá adicionando óleo, até obter a consistência desejada, sempre com o liquidificador na velocidade média.



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GUNSHIP BATTLE: TOTAL WARFARE É um jogo de estratégia, que coloca você em posição de construir veículos como submarinos, navios e caças para levar para batalhas nas quais a melhor tática vence. Um dos melhores jogos para baixar no iPad, o Gunship Battle: Total Warfare ambientaliza você em um verdadeiro campo de guerra, onde você terá que criar, se organizar e unir forças para manter-se firme e derrotar seus inimigos. Custo: Free 84 | www.revistaliv.com.br



15 anos

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Rodrigo Cabral

Divulgação/artista

De

repente,

15

Celebrar uma década e meia de existência é reviver histórias – muitas das quais foram registradas em nossas páginas, ao longo de 64 edições. No apogeu da juventude, a Liv mudou e acompanhou o ritmo frenético do mundo e agora desembarca no celular, em um aplicativo que congrega informação e serviço.

E

se você fosse convidado, agora, a olhar para trás e lembrar-se dos fatos que marcaram a sua vida nos últimos 15 anos? Com certeza não escaparia da clássica e inevitável sensação de “passar um filme na cabeça”. O exemplar que está em suas mãos ou que você explora com o deslizar dos dedos em seu smartphone traz esse convite, de modo impresso e digital, representando uma das principais transformações pelas quais a revista Liv passou ao longo dessa uma década e meia. Inadiável, a versão on-line teve seu primeiro upload em 2011. Hoje, além da disponibilização das páginas para visualização na internet, a revista ganha seu primeiro aplicativo – tanto para Android quanto para o iOs, sendo possível compartilhar as URLs por meio de aplicativos de mensagens e outras redes sociais. “Reservamos para esta edição grandes novidades: o novo tamanho, mais executivo; o novo nome, um site completamente renovado, que privilegia informação e valoriza ainda mais nossos parceiros e anunciantes, além de um app para tornar o acesso à Liv ainda mais democrático e ágil!”, explica o diretor editorial da Liv, André Moreira. »»»

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Bom, mas de volta à retrospectiva, recuperar memórias de 15 anos, realmente, requer o acesso a uma infinidade de dados. Muitas fotos, selfies, vídeos, áudios, memórias que o mundo atual já nos acostumou com a possibilidade e a facilidade de guardar em nuvens e acessar sempre que desejado. Não à toa, no site da revista, há uma galeria de edições anteriores para o acesso on-line. Precisamente, estão disponíveis os exemplares desde o de número 21. Este que você está lendo é o sexagésimo quarto! É muita história! Por isso, vamos evidenciar aqui alguns dos importantes vieses que permearam a produção da revista e a sua conexão com o mundo durante essa trajetória. A primeira edição da Liv saiu da gráfica em 2004 (com a pianista Glória Caputo na capa e com um projeto gráfico diferenciado e inédito aos padrões da época), mesmo ano de fundação do Facebook, que veio a ser a rede social com o maior número de usuários no mundo. Ou seja, a publicação já nasceu sabendo que precisaria encontrar diferenciais para se posicionar frente a toda movimentação que já se apresentava na internet. E encontrou! A própria world wide web, claro, ganhou destaque em muitas pautas. O impacto da rede mundial de computadores na economia, na cultura, no comportamento social, as consequentes inovações tecnológicas foram – e continuam sendo – temas de matérias e colunas. Tudo com muita leveza, instigando os pensamentos e os sentidos de quem viaja junto nessa leitura. Por falar em viagens, o ano seguinte (2005) marcou a fundação do Google Maps, o aplicativo que veio revolucionar a forma das pessoas encontrarem seus destinos. Se o mundo ganhava com a tecnologia a possibilidade de conhecer rotas em questões de segundo, a revista Liv buscava ir além, indicando lugares incríveis para visitar no Brasil e no mundo, apresentando cenários e culturas fascinantes, contando experiências de pessoas pelo planeta, ou seja, mergulhando em detalhes.

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Quando eu comecei a pensar na revista, já pensei nela como é hoje.

Esse foi o contexto do surgimento da Revista Leal Moreira (chamada, no começo de sua trajetória, de “Living”), que completa quinze anos. A publicação chegou ao mercado com a proposta de inovar e encantar os leitores. “Quando eu comecei a pensar na revista, já pensei nela como é hoje: grande e sendo um agente transformador. Dificilmente invisto esforços imaginando algo que não vá fazer diferença”, afirma André Moreira. A revista – que já nasceu com formato de capa de vinil e layout inspirado em discos de jazz – começou com uma tiragem inicial de aproximadamente 5.000 exemplares e com um modelo gráfico e editorial estabelecido, mas sempre aberto a mudanças visando o seu desenvolvimento, como conta André Moreira. “No primeiro ano ainda, ouvi da equipe que, em vez de a revista ser de quem vivia um Leal Moreira, devíamos fazê-la para quem vivia e para quem deseja um Leal Moreira. Isso foi uma sugestão conceitual que fez muita diferença. A partir daí mudaram os personagens e a forma de abordá-los. Essa alteração aconteceu lá pelo quinto número e essa modificação foi, realmente, muito boa para a revista”. »»»

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Uma vitrine para artistas; um banquete para chefs A Liv entrevistou figuras muito representativas para a cultura local e nacional: Oscar Niemeyer (em dezembro de 2006), Antar Rohit, Jorge Eiró, Tomie Ohtake, Os gêmeos; Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Chico Buarque e Nelson Motta – que à época previu que a música paraense ganharia alcance e amplitudes jamais imaginadas. E ele não podia ter sido mais preciso. Na música esses anos foram de

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uma projeção importantíssima. Vimos a banda Calypso driblar a lógica das gravadoras e seguirem por cerca de 10 anos em sólido sucesso nacional, com produção independente. No mesmo compasso, Gaby Amarantos tomou posse do seu espaço no cenário nacional e, além de representar a nossa música, também assumiu outras importantes representatividades, aproveitando sua posição atual para combater o racismo e a ditadura da beleza. Gaby subiu ao palco de um vazio Theatro da Paz para fotografar-se para

nossas páginas. De lá, seguiu para o aeroporto e no dia seguinte, estreava na TV Globo. Por nossas páginas, ecoaram ainda as vozes de Lia Sophia, Arthur Espíndola, Gaby Amarantos, Arthur Nogueira. Felipe Cordeiro foi matéria e nosso colunista. Chefs premiados e estrelados também serviram banquetes aos nossos leitores: Elena Arzak, no ano em que foi premiada a melhor chef do mundo, conversou conosco em uma edição histórica – a maior, com 280 páginas.


Além dela, Massimo Bottura, Jordi, Joan e Josep Roca (do festejado El Celler de Can Roca), Alex Atala, Thiago Castanho, Paulo Martins, Ângela Sicilia (nossa colunista até hoje!). Se o recheio deu água na boca, as capas fizeram um convite irrecusável para devorar todas as páginas. Desde a primeira edição, a Liv sempre trouxe personagens em evidência no país. Atores, cantores, artistas plásticos, pensadores, atletas, histórias instigantes e inspiradoras. E também há espaço para eventos especiais,

como a Casa Cor Pará e a Copa do Mundo. O cuidado com o conteúdo e com o visual, sempre presentes ao longo dos anos, mantiveram a revista sempre em forma. Este ano, além da mudança no nome, o tamanho da versão impressa da Liv mudou, ficando mais executivo e ainda mais gostosa de manusear. Como você já deve ter lido e ouvido muito nesses tempos de vida on-line, a mudança veio “para proporcionar uma melhor experiência ao usuário”. A propósito, lá no passado, esse

foi um dos principais objetivos para a criação da Revista Leal Moreira: proporcionar sempre a melhor experiência para os clientes e parceiros da construtora, oferecendo conteúdos diferenciados, abordagens profundas e diversas sobre temas que fazem parte do dia a dia ou que povoam o imaginário, que trazem poesia e prazer em ler. E essa, com certeza, continuará sendo a principal diretriz para os próximos 15 anos, independente do formato ou da plataforma.

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O

VELHO

AEROPORTO Outro dia me peguei pensando no velho aeroporto de Belém, um local tão gravado na memória que uma simples música, um simples clima, é capaz de reviver com força enorme. Antes de os dias serem tão modernos, o único local que funcionava 24 horas em Belém, fora os locais de esbórnia, era o velho aeroporto de Belém. Meu pai nos levava lá com frequência em busca de seus jornais, o Jornal do Brasil, a Folha de São Paulo ou o Estadão, que desciam direto dos aviões para a apertada banca de revista que havia no segundo andar. Enquanto meu pai se deliciava com as notícias frescas de outras bandas, nós, os três irmãos inquietos, nos divertíamos escolhendo revistinhas da Mônica ou Pato Donald, sempre três para cada, sempre trocadas e relidas à exaustão, pois o dinheiro era curto. O velho aeroporto era muito engraçado aos olhos de uma criança. As lojas eram feitas em blocos octogonais, em estruturas de alumínio e vidro, acho eu. Lá havia uma loja de artesanato, outra de produtos regionais; acho que havia uma de roupas e de lembrancinhas diversas, além da própria banca de revista. Mas, sobretudo, para nossa alegria, havia uma área com poucos fliperamas. No tempo em que nem tínhamos videogame em nossas salas, eram aqueles mondrongos gigantes que faziam nossa diversão, além de fichas e mais fichas perdidas – suado dinheirinho de nossos pais que escorria pela boca gulosa da máquina onde éramos lutadores, exploradores e pilotos de Fórmula 1. De quebra, com o jornal garantido, as revistinhas na sacola e o jogo perdido, sentávamos em algum lugar para comer uns hambúrgueres e tomar milk-shake, tudo de maior novidade que havia no mundo. O velho aeroporto não tinha ar-condicionado, não era essa beleza que é hoje, cheio de mármores e luzes, mas se transformava num mundo de descobertas aos irmãos

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Fernando Gurjão Sampaio advogado e escritor @tantotupiassu tantotupiassu@gmail.com

curiosos que vasculhavam as bordas das lojas angulosas em busca de coisas diferentes. Hoje, mal se vê quem chega e quem parte, mal se vê um avião. Na época do velho aeroporto era diferente. Éramos colocados sentados no grande balcão azul de onde se via todo o pátio de aeronaves, e podíamos ver todo o trabalho de colocação das escadas de metal, e podíamos ver os passageiros saindo, um a um, com os olhos apertados procurando a família numerosa que se apinhava buscando matar a saudade. A gente podia gritar e mandar beijo, e tudo aquilo partia junto com os aviões da Vasp, Varig e TransBrasil que rasgavam os céus desse Norte. Nessas armações de crianças, sentado no balcão do segundo andar, segurado pelas voltas dos braços do pai, perdi a conta de quantas vezes deixei cair um sapato, um brinquedo, e então todo mundo gritava pedindo para alguém mandar de volta o objeto perdido, que vinha tascado na maior força, geralmente por um funcionário do local ou mesmo um viajante de menor correria. O velho aeroporto era nosso shopping, nossa praça de alimentação e nosso parquinho eletrônico, hoje tudo tão comum nos shoppings da vida. Lá a gente via o mundo chegar e partir, lá o dia não parava e brincávamos até cansar, e comíamos até o botão dizer chegar, e já no fim da noite voltávamos para casa, os três sonolentos no banco de trás do velho corcel verde. Pelas ruas de Val-de-Cães, com o clima frio das matas ao redor, o bairro ainda ermo e sem grandes construções, singrávamos pela Júlio Cesar ainda com duas pistas somente, até que adormecíamos no meio do caminho, moleque por cima de moleque embalados pelas músicas de Good Times das rádios, o som que, até hoje, de somente tocar, faz voltar todo o bom tempo do velho aeroporto.



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intitucional - LM

Um site novinho em folha para uma nova revista! Você poderá ler todo o conteúdo desta edição em nosso portal: www.revistaliv.com.br Ah! Não se preocupe: se você quiser acessar as edições da Revista Leal Moreira, o antigo site ainda funcionará, mas em nosso novo endereço, elas também estarão disponíveis para leitura!

Nossas redes sociais App LiV A revista Liv também ganhou uma versão portátil e prática: um aplicativo, disponível tanto para iOs, quanto para Android. Basta ir nas lojas e procurar por nós!

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Para não perder nenhuma atualização nossa, siga-nos em nossas redes sociais: RevistaLiv @revistaliv


intitucional - LM

Primeiro Passo A Leal Moreira realizou, no dia 22 de fevereiro, o evento “Primeiro passo – apresentação do novo planejamento estratégico da empresa”, momento dedicado aos colaboradores para apresentação de metas e novos cenários internos. Na ocasião, o CEO da empresa, Habib Bichara, fez uma palestra de motivação aos presentes e todos foram convidados a participar de uma dinâmica, proposta pelas consultoras Ana Mokarzel e Rosa Moreira, da Talents. O evento foi, sobretudo, uma homenagem aos 33 anos de existência da Leal Moreira e um chamado aos novos tempos e para reafirmar o compromisso com a excelência no atendimento ao cliente. Carlos Moreira, fundador da Leal Moreira, foi lembrado em inúmeros momentos – por seus filhos, João Carlos, Maurício e André, e netos, Igor e Brenda Moreira.

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intitucional - LM

Ato relembra Carlos Moreira Familiares e colaboradores da Leal Moreira reuniram-se no térreo da construtora, no dia 26 de fevereiro, para um ato religioso em homenagem e memória ao fundador da empresa, Sr. Carlos Moreira. Conduzido pelo diácono Francisco Damião da Silva Neto, o ato contou com leituras de passagens bíblicas e orações, além das lembranças de momentos inesquecíveis com Carlos Moreira.

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intitucional - LM

Leal Moreira firma parcerias com Faci/Wyden e Academias Luíza Duarte

Descontos de até 50% em matrículas e mensalidades de cursos de graduação e pós-graduação – em uma parceria inédita com a Leal Moreira, a faculdade FACI/WYDEN ofertou aos colaboradores da construtora oportunidades de iniciar, retomar ou concluir o ensino superior. Já para os que querem tirar do papel a promessa de ano novo de conseguir mais disposição e um shape mais trabalhado, a Academia Luíza Duarte ofereceu descontos irresistíveis aos nossos funcionários.

Dom Cabral/Paex Em prosseguimento à parceria com a Fundação Dom Cabral (uma das mais importantes instituições de ensino e negócios – com padrão e atuação internacionais de desenvolvimento e capacitação de executivos, empresários e gestores), o programa ‘Parceiros para a Excelência’ (PAEX) ganhou mais musculatura dentro da estrutura da construtora, por meio de reuniões mensais e aplicação das melhores práticas de negócios.

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intitucional - LM

Check-list

obras Leal Moreira TO R R E

P ROJ ETO

L A NÇA MENTO

FUNDAÇÃO

ESTRUTURA

FECHAM EN TOS

ACABAM ENTOS

FASE D E ENTR EGA

SE U L E AL MO R E I RA ESTÁ P R O NTO

Torre Lumiar 2 ou 3 dormitórios (1 suíte) • 78m2 e 106m2 • Av. Roberto Camelier, 261 (entre Rua dos Tamoios e Rua dos Mundurucus)

Torre Santoro 2 ou 3 suítes • 123m2 • Av. Governador José Malcher, 2649 (entre Av. José Bonifácio e Tv. Castelo Branco)

Torre Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de Janeiro e Av. Alcindo Cacela)

Torres Floratta 3 e 4 dormitórios (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura)

Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

mês de referência: março de 2019

em andamento concluído

• PROJETO = elaboração e aprovação de projetos executivos. • LANÇAMENTO = apresentação e início da comercialização do empreendimento. • FUNDAÇÃO = execução de fundações. • ESTRUTURA = execução de estrutura de concreto armado. • FECHAMENTOS = execução de alvenarias/painéis externos e internos. • ACABAMENTOS = execução de revestimentos de argamassa, revestimentos cerâmicos (piso e parede), esquadrias e pintura. • FASE DE ENTREGA = paisagismo, decoração e início do processo de entrega com as vistorias. • SEU LEAL MOREIRA ESTÁ PRONTO

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intitucional - LM VARANDA GOURMET

CHURRASQUEIRA

FACHADA

SALÃO DE FESTAS ADULTO LIVING

PASTILHAMENTO

COZINHA SUÍTE

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FACHADAS


OBRAS EM ANDAMENTO 2 QUARTOS, ELEVADORES E

SONHE REALIZE VIVA

MUITO LAZER. APARTAMENTOS DE

44,05 A 49,90m2 EM ANANINDEUA.

PORTARIA

PISCINA

QUARTO CASAL

SALA

TERRA FIORI, O INVESTIMENTO CERTO PARA SUA VIDA. Vendas: Artes e fotos meramente ilustrativas que poderão ser alteradas sem prévio aviso, conforme exigências legais e de aprovação. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas e perspectivas ilustrativas com sugestões de decoração. Medidas internas de face a face das paredes. Os móveis, assim como alguns materiais de acabamento representados nas plantas, não fazem parte do contrato. A incorporação encontra-se registrada no Cartório de Registro de Imóveis, Faria Neto, Único Ofício da Comarca de Ananindeua-PA, no Livro Nº2(RG), matrícula 16911, sob o NºR-5-Matrícula 16911, Protocolo Interno Nº81936, Protocolo Definitivo Nº52465, em 07/06/2013.

Planejamento, Incorporação e Construção:

VENDAS: (91) 3222-5974 Avenida Governador José Malcher, 1350

www.eloincorporadora.com.br


intitucional - LM

Check-list obra Elo

TO R R E

P ROJ ETO

L A NÇA MENTO

FUNDAÇÃO

ESTRUTURA

FECHAM EN TOS

ACABAM ENTOS

FASE D E ENTR EGA

SE U L E AL MO R E I RA ESTÁ P R O NTO

Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: março de 2019

em andamento concluído

TORRE JASMIM - SELADOR E JANELAS

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TORRE GARDÊNIA - SELADOR E JANELAS

TORRE BROMÉLIA - SELADOR E JANELAS

TORRE VIOLETA - SELADOR E JANELAS


50 ANOS DISSEMINANDO RESPEITO E DISCIPLINA NO BRASIL

O NOVO LEAL MOREIRA NASCE COM PAISAGISMO PRONTO

TV. QUINTINO BOCAIÚVA, 1657 - NAZARÉ 3224-6859



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