RLM nº 33
Belém é mais que o nosso lugar. É nossa identidade.
GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
Leal Moreira
A Leal Moreira se orgulha de ter apresentado o Ver-o-Peso da Cozinha Paraense 2012.
ano 8 número 33
revistalealmoreira.com.br
Larissa França Oito anos de maturação para os Jogos Olímpicos de Londres
Virginia Cavendish Paulinho da Viola Anos 80 Phuket
A Revista Leal Moreira 33 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.
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Especial
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Phuket, paradisíaca ilha na Tailândia, já foi locação de filmes hollywoodianos e essa beleza atrai por ano um milhão de turistas de todo o mundo.
Especial
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Ver-O-Peso da Cozinha Paraense 2012: o maior e mais tradicional festival de Gastronomia do Norte reuniu chefs de todo o Brasil, em um intercâmbio saboroso de ideias e receitas.
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Desde criança, Larissa França sempre soube o que seria no futuro: atleta. Tamanha determinação foi fundamental na construção de uma carreira sólida. Com mais de cem títulos, Larissa acalenta um sonho olímpico.
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Às vésperas de completar setenta anos de idade e celebrando cinco décadas de carreira, Paulinho da Viola continua o mesmo jovem tímido e genial.
destino
capa Larissa França Divulgação
entrevista
índice
perfil A atriz Virginia Cavendish fala sobre o difícil - e delicioso - processo de dar vida aos personagens. A pernambucana também declara seu amor ao teatro.
galeria Falando nas Olímpiadas, convidamos você a viver a cosmopolita Londres, que sediará os Jogos Olímpicos e todas as emoções que ela pode proporcionar.
comportamento Década perdida? Não para os nostálgicos, amantes dos loucos anos 80. Se você também tem fixação por essa década, não pode deixar de ler essa reportagem especial.
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dicas Edyr Proença Celso Eluan especial crowdfunding tech horas vagas Glauco especial cinema Nara enquanto isso confraria gourmet vinho especial institucional Saulo Sinando
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Qual a medida da sua felicidade?
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De quantos m2 seu amor precisa para se expressar?
De quantos m2 sua arte precisa para se inspirar?
De quantos m2 sua amizade precisa para ser eterna?
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Para a Leal Moreira, o metro quadrado Ê muito mais que a medida de onde se mora. É a medida do quanto se vive. Viva o melhor que a vida pode lhe proporcionar. Viva um Leal Moreira.
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editorial Caro leitor, Seja bem-vindo à Revista Leal Moreira 33! Fomos igualmente bem recebidos na casa de um dos maiores músicos brasileiros, Paulinho da Viola. Às vésperas de completar setenta anos, o fluminense tímido, de voz mansa e jeito de menino, falou da felicidade de comemorar cinco décadas de uma carreira sólida, respeitada e rodar o país na companhia dos filhos. De quebra, Paulinho posou - muito à vontade - para nossas lentes. A atriz Virginia Cavendish também está em nossas páginas. O amor pelo teatro move essa pernambucana que descobriu muito cedo o que queria fazer: brilhar nos palcos. Falando em descobertas precoces, a jogadora Larissa França sentiu ainda criança a paixão pelo esporte falar mais alto e encontrou nas quadras de vôlei motivação para crescer e superar todas as dificuldades. A atleta fala à RLM das expectativas pelas Olimpíadas de Londres. Nós, torcedores apaixonados, acompanharemos ansiosos a chegada desse título inédito. Na pauta dos Jogos Olímpicos de 2012, atravessamos o oceano e desembarcamos na terra da Rainha para que pudéssemos revisitar alguns pontos representativos de lá. Nesta edição, você se deliciará com uma nostálgica volta aos anos 80 e entenderá como funciona um sistema de financiamento coletivo, o crowdfunding. Na RLM33, vamos a Phuket, do outro lado do mundo, na Tailândia, onde você encontrará um cenário paradisíaco, exótico e pra lá de convidativo. Você ainda confere uma matéria sobre o “Ver-O-Peso da Cozinha Paraense-2012”, cujo momento mais esperado movimentou Belém, no período de 11 a 15 de abril. A Leal Moreira acredita que o Pará tem muito a mostrar e a encantar, opinião compartilhada pelos chefs que participaram do evento. Vale lembrar que a Revista Leal Moreira não termina na última página deste exemplar. No site www.revistalealmoreira.com.br, você encontra conteúdos exclusivos. Esperamos que você goste. Entre e fique à vontade! André Moreira
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Revista Leal Moreira
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Belém
Point do Açaí
Quem acredita que regionalismo não combina com sofisticação, vai se surpreender com o novo endereço do Point do Açaí. O grupo abriu na Boulevard Castilho França seu terceiro restaurante que nem de longe lembra o primeiro comércio, na Cidade Velha. Instalado em um casarão antigo e bem distribuído em três andares, o lugar manteve a decoração rústica- o charme da franquia, combinando-a com uma atmosfera mais refinada. No cardápio, o que há de mais tradicional na gastronomia paraense: Gó, Pratiqueira, charque, camarão... e muito açaí. Ideal tanto para turistas, quanto para quem é daqui e aprecia a culinária típica da região.
Av Boulevard Castilho França, s/n, próximo à Av. Presidente Vargas • (91) 3212.2168 • www.pointdoacai.net
Circus A hamburgueria Circus mudou de endereço algumas vezes, mas conseguiu a fidelidade do público. Adorada pelos moderninhos e fãs de rock, a lanchonete cresceu e ganhou uma irmã mais jovem – e mais requintada: a Circus Steakhouse. Inaugurado há dois meses,o novo empreendimento mantém o mesmo feeling da lanchonete: shows no telão, decoração descontraída e jovem, bem como referências musicais e cinematográficas no cardápio. A diferença é o design elegante e a localização privilegiada – João Balbi na esquina da Quintino Bocaiúva. Para pedir sem errar, escolha o (já) clássico Kevin Bacon: hamburguer com 30% de bacon, coberto por queijo cuia e salada, acompanhado de molho barbecue ou de maionese artesanal. Ótimo para ser degustado com o divertido milkshake de sorvete de tapioca com Fanta Uva.
Rua João Balbi, 35 • (91) 3242.5925 • www.circusdelivery.com.br www.revistalealmoreira.com.br
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Santa Chicória
Amigas de longa data, as chefs Ilca Carmo e Solange Sabóia cultivaram juntas o sonho de tocar um empreendimento em parceria. O fruto de tanto planejamento e empenho já está funcionando e pronto para ser visitado: o Santa Chicória, um espaço gastronômico que engloba restaurante, empório e escolinha de culinária, priorizando a experiência da comida artesanal. Azeites, pães, temperos, tudo preparado do jeito cuidadoso, característico das duas profissionais. O espaço é bem decorado e sugere um ambiente aconchegante. Nas paredes, caixas de madeira que abrigam vinhos, painéis e uma das famosas grafitagens da artista plástica Dri-k Chagas. No cardápio, sugerimos a deliciosa cheesecake de frutas vermelhas.
Rua Diogo Moia, 1046 • (91) 3347.9899 • www.santachicoria.com.br/
Brasil
Mahalo
Com o charme dos lugares que entendem a simplicidade como sofisticação, o Mahalo faz jus à máxima do “menos é mais”: delicado, convidativo e acolhedor, o restaurante de Cuiabá encontra, na alegria do ambiente e no cardápio elaborado, a fórmula do seu sucesso. Quem comanda a cozinha é Ariani Malouf, formada pela Escola de Cozinha Le Condon Bleu, em Paris. A especialidade da chef em explorar sabores incomuns resultou em um menu contemporâneo e surpreendente. Sugerimos experimentar o linguado ao molho verde com raspa de limão e gratin de legumes com pasta. Indicamos ainda comprar um vinho na Boutique Mahalo e, para quem gosta de cozinhar, agendar uma participação nas aulas mensais da Escola “Da Rica”, ministradas por Ariani para jovens recém-casados, amantes da gastronomia e até mesmo crianças.
Presidente Castelo Branco, 359. Quilombo, Cuiabá-MT • (65) 3028.7700 / (65) 9962.0438 • www.mahalocozinhacriativa.com.br
Alma Maria Localizado na Rua Oscar Freire, o restaurante Alma Maria é um pedaço da Espanha bem no centro de São Paulo. O lugar, projetado pelo arquiteto Arthur Casas, é dividido em quatro ambientes – cada um com cozinha própria e todos beneficiados com a luz natural através do teto de vidro. Destaque para a barra ( balcão logo na entrada ) onde tortillas, montaditos, queijos, e jamóns ibéricos ficam em exposição. O chef que assina o cardápio é o catalão Tony Botella, ex-diretor de um departamento de pesquisas gastronômicas em Barcelona, lugar onde a gastronomia é influenciada por regiões famosas como Andaluzia e Catalunha. Dentre os pratos mais famosos da casa, recomendamos o cordeiro assado, acompanhado do exótico purê de abóbora e menta ao molho de vinho tinto.
Rua Oscar Freire, 439. Jardins, São Paulo-SP • (11) 3064.0047 • almamaria.com.br
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mundo
Fabbrica O Tjep é um escritório holandês de arquitetura, mundialmente reconhecido pela mente inovadora de seus projetistas. Foram eles os responsáveis pelo design do restaurante italiano Fabbrica, em Roterdã. O visual inusitado, indo do vintage ao rústico, fez do local um grande hit entre os mais modernos – o que motivou o surgimento de seu irmão mais novo, na cidade de Bergen. O ambiente revisita trens e fábricas abandonadas (como o nome sugere): há cabos elétricos expostos, toras de madeira empilhadas e cabines abrigando as mesas. O clima visual é deliciosamente divertido e autêntico. Recomendamos experimentar a Zuppa di Fagioli – sopa de feijão branco com cogumelos secos - enquanto se espera o Cannoli van Bresaola, que é recheado com ricota de búfala e abobrinha em conserva.
Breelaan 21, 1861 GC Bergen • Telefone: +72 820 03 01 • www.fabbrica-bergen.nl/
Café Kafka O icônico Mercat del Born é um dos pedaços de Barcelona que mais sofreu metamorfoses estruturais nos últimos anos. De subúrbio perigoso a ponto de hypes e descolados, o reduto se modernizou sem perder uma adorável e convidativa atmosfera noir.O bar reflete bem o espírito boêmio dos literatos europeus, com a aconchegante luz difusa e as várias referências visuais. O cardápio, por sua vez, é exótico: presunto ibérico curado, lingueirão, ostras da Galiza e outras delícias marinhas frescas. Uma excelente pedida para viajantes curiosos e adeptos da patusquia típica de cafés neblinados, saídos de um bom livro.
C/ Fusina, 7. Barcelona 08003 • Telefone: +34 93 315 1776 • www.cafekafka.es www.revistalealmoreira.com.br
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perfil
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Arthur Nogueira
outro O exercício de ser
A pernambucana Virginia Cavendish fala sobre o ofício de ser atriz, a paixão pelo teatro e a busca – quase obsessiva – por personagens de profundidade.
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ela vida inteira, um ator se debruça sobre o desafio de ser quem não é, com o máximo de sinceridade. Um exercício, segundo Virginia Cavendish, que tem a ver com autoconhecimento e que leva a lugares melhores e desconhecidos dentro de si próprio. Atriz e produtora, com trabalhos expressivos na televisão, no cinema e no teatro, ela abriu as portas de seu apartamento, no Alto Leblon, Rio de Janeiro, e conversou com a Revista Leal Moreira sobre carreira, família e projetos. Descendente de intelectuais pernambucanos, Virginia estreou no teatro aos seis de ano idade. Em parceria com o cineasta Guel Arraes, deu vida a personagens marcantes no cinema brasileiro, como a Rosinha, do “Auto da Compadecida”. Virginia é uma mulher que conjuga beleza e inteligência, que tem consciência do próprio papel e se considera, sobretudo, “ambiciosa artisticamente”. Você nasceu em Recife. A música é muito forte por lá. O que dizer do teatro? A música é coisa mais recente. Pernambuco sempre foi o terceiro polo de teatro do Brasil. Na década de 1980, o João Falcão começou a fazer teatro. Tinha o Antonio Cadengue... Depois, no início dos 90, veio o manguebeat, mas veio o cinema também, com o Lírio [Ferreira], o Paulo Caldas, o Claudio Assis, fazendo um cinema independente. A gente não tinha cinema em Pernambuco antes do filme do Lírio, o “Baile perfumado” (1996). E você começou a atuar na década de 1980, em Recife? Sim, comecei como estudante. Eu tinha 17 anos, na UFPE. Fiz trabalhos comerciais e publicitários com o João Falcão. Logo em seguida, fui para Campina Grande. Fiquei seis meses lá, trabalhando com um diretor chamado Moncho Rodriguez, um espanhol que reuniu atores do Brasil todo para morar em comunidade e trabalhar no ‘Centro Cultural Paschoal Carlos Magno’. Foi a minha primeira peça, a primeira vez que eu saí de casa. Achei o máximo. Para mim, aquilo ali era tudo.
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Quando você decidiu sair de casa, foi tranquilo comunicar isso para sua família? Você é filha única? Não. Sou a terceira, a caçula. Meu pai e a minha mãe não tiveram problemas com isso. O meu pai chegou a reclamar algumas vezes do teatro. “Minha filha, vá fazer outra faculdade. Teatro não dá dinheiro”, ele dizia. Mas eu era cega. Só queria saber de teatro. Você vem de uma família de intelectuais. A sua mãe [Sueli Cavendish], por exemplo, é ensaísta e produtora... Sim, hoje ela dá aula de Literatura Comparada, em Pernambuco. Meu tio, Jorge Wanderley, que morreu, era poeta, grande tradutor, um cara brilhante. Foi professor da UERJ durante muito tempo. E o meu pai sempre esteve ligado à universidade: foi pró-reitor, foi do CNPq, porém ligado à área dele, fitopatologia. É um cara respeitado nesse universo, faz palestras em tudo quanto é lugar. Mas a coisa artística tem mais a ver com a minha mãe. E quando foi o primeiro contato com o teatro? A mãe fez teatro no final da década de 1970, com o [Antonio] Cadengue, num grupo importante de Recife. Era a montagem de um Pirandello, “Esta noite improvisa-se”. Minha irmã também participava como a filha da personagem da minha mãe. Eu ia aos ensaios porque não tinha com quem ficar em casa. Comecei a gostar e a querer participar, mas não tinha papel pra mim. Até que um dia a minha mãe insistiu com o diretor e ele concordou: “então, tá bom, você vai ter duas filhas.” Aí entrei na peça. Mas, no final, a minha mãe acabou saindo, porque teve vergonha, não era a dela. Ficamos minha irmã e eu. A sua irmã também seguiu com a carreira? Não. Era uma época meio confusa. Eu tinha só seis anos de idade. Meus pais estavam se separando. Aquilo ali era um barato para mim, para ela. Eu gostava da coxia. Um dos atores era o dono de uma doceria. Tinha sempre docinhos, brigadeiros... coisas que eu amava. O meu primeiro salário foi uma (boneca) Susi (risos). »»»
Rodrigo Sack
Ser uma pessoa que não é, com o máximo de sinceridade. Segundo Virginia Cavendish, esse é o maior desafio do ator.
A pernambucana se prepara para produzir seu primeiro filme, “O outro lado do Vento”.
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Minha ambição é fazer trabalhos que me exijam mais do que eu possa dar. Por causa do personagem, você envereda em você mesmo e sai em outro lugar, melhor.
E a formação profissional como atriz? Como aconteceu? Com 16 anos, eu comecei a pensar em ser atriz. Deu vontade de novo. Aí voltei a fazer teatro. Fiz um curso na Fundação Joaquim Nabuco, uma instituição muito boa em Pernambuco. Dois meses de teoria, dois meses de corpo, dois meses de voz, dois meses de dramaturgia e, no final, montamos a “Valsa nº 6”, do Nelson Rodrigues, com direção do Cadengue. A Geninha da Rosa Borges [Maria Eugênia Franco de Sá da Rosa Borges, atriz e diretora] comandava o grupo. Fiz bem direitinho. Lembro até que ganhei uma bolsa de estudos pra fazer. Foi o meu primeiro curso sério de teatro antes de entrar para a universidade. Você estreou na Globo na década de 1990. Como foi sua chegada ao Rio de Janeiro? Muita coisa aconteceu. Depois de Campina Grande, eu resolvi ir para São Paulo. Passei cinco meses lá e voltei para Recife por causa de um namorado. Não sabia muito bem o que queria. Tinha vontade de ir para os Estados Unidos, ser garçonete de bar, fazer off-Broadway, estudar, aquela coisa toda. Mas fiz o primeiro tele-escola da Globo, em Recife, que foi produzido em Pernambuco e decidi esperar para fazer o segundo, para juntar uma grana e poder viajar para os Estados Unidos, onde também estava o meu pai, fazendo o pós-doutorado. Só que não saiu, a produção do programa ficava adiando e, nesse meio tempo, conheci o pai da minha filha [o cineasta Guel Arraes], que morava no Rio. Começamos a namorar sério e, em vez de ir para os Estados Unidos, acabei vindo para cá, tentar carreira no Rio. Cheguei em 1992. Muita gente procura o Rio com o sonho de ser ator. Dizem que, no Rio de Janeiro, todo mundo é ator/atriz. Como é possível se destacar? Não sei... primeiro de tudo, sorte. Tem a ver com sorte? Tem a ver com sorte, também. O meu ex-marido é diretor. Trabalhamos juntos, produzi peças com ele. Isso deu uma visibilidade. Então, o que eu tivesse pra mostrar, apareceria ali também. Era bom e era ruim ao mesmo tempo. O cara já era conhecido, então eu ficava como “a mulher do diretor”. A velha história de sempre, que é um saco de ouvir. Mas, com o tempo, cada um prova o que tem a dizer.
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O grande sucesso da sua parceria com Guel foi “O Auto da Compadecida” (2000). Como era a relação profissional de vocês? A gente teve uma parceria muito bacana. Profissional, de vida, de tudo. Era muito de verdade. E ele é pernambucano também, assim como o pai dele, a família dele. Todos são de lá. Talvez, pra ele, tenha sido importante me ter como um resgate, porque ele foi exilado, passou a vida toda fora de Recife. Morou na França, depois voltou direto pro Rio. Através de mim, ele voltou a ter esse contato com a origem dele. E para mim também foi muito importante. Guel é um grande diretor. É muito bom você admirar, amar e trabalhar ao mesmo tempo. A gente viajou pelo sertão procurando locação para o filme. Eu, ele e Luisa [Arraes, filha do casal] ainda no colo. Nos perdemos, visitamos a fazenda do Ariano Suassuna. Foi uma experiência muito rara de ter. Todo mundo deveria ver o sertão à noite. É muito bonito. O “Auto” foi feito assim, todo mundo junto, a trupe passeando. Andamos pelo interior do Ceará, pela Paraíba... Engraçado como a Rosinha foi uma personagem marcante, mas, como atriz, eu prefiro muito mais o trabalho que fiz em “Lisbela e o Prisioneiro” (2003). Mas você ainda sente no dia a dia o sucesso da Rosinha? Sim. Na rua, as pessoas me chamam de Dona Rosinha. Em São Paulo, tem guardador de carro que diz “já vi o filme dezessete vezes!”. O povo se identificou... É muito bonito e a história é muito tocante. Acho que é um clássico. É um desafio maior adaptar o personagem de um livro? Quanto tempo de ensaio você levou para fazer a Rosinha, por exemplo? Tem que ensaiar, estudar, entender a gênese do personagem. Quem ela é, de onde vem, como é o desenho dela dentro da trama. O desafio é preencher tudo isso. Se você não preenche, o personagem fica “chapado”. Acho que foram dois meses. O Guel ensaia muito. Ele tem uma coisa que eu nunca vi em outro diretor. A gente recebe o roteiro já com a marca, em vermelho, tudo ‘detalhadinho’. O pernambucano tem um sotaque muito forte. Isso não foi um problema pra você? Eu nunca tive um sotaque muito puxado. Desde o começo, fazendo comerciais com o João [Falcão], eu tive essa preocupação. Qualquer sotaque muito carregado »»»
Televisão
Cinema 1988 – Batom 1989 – Kuarup 1993 – Soneto do Desmantelo Blues 1996 – Corisco e Dadá
1998
2005
Labirinto
Carga Pesada
Dona Flor e Seus Dois Maridos
Mandrake
1999
2006
Andando nas Nuvens
Avassaladoras
O Auto da Compadecida
2008
2000
Ó Paí Ó
O Cravo e a Rosa
Casos e Acasos
2001
2009
As Filhas da Mãe
Caminho das Índias
2004
2010
Da Cor do Pecado
Malhação ID
A Grande Família
A Grande Família
Começar de Novo
2011 Malhação Conectados Homens de Bem
2000 – O Auto da Compadecida 2003 – Lisbela e o Prisioneiro
fica feio. Pernambucano, paulistano, carioca. E também, eu não tenho biotipo pernambucano. Eu não sou Patrícia França, morena, brejeira. Eu posso ser de qualquer lugar. Tem gente que diz que eu pareço italiana... As pessoas não olham pra mim e dizem, “ela é pernambucana”. Na versão de “Lisbela e o Prisioneiro” para o teatro, você fez a protagonista. No filme, não. Por que essa mudança? Eu fiz a Lisbela durante dois anos e meio no teatro. Quando fomos fazer o filme, o Guel achou que tinha que ser outra pessoa. Não sei se era coisa de idade, se foi uma decisão dele e da Paula [Lavigne, produtora do filme]. Você ficou chateada? Fiquei na dúvida. Ele disse para eu fazer a Inaura, a antagonista. Eu pensei “será que eu faço?”. Ele disse “se não for assim, eu não dirijo”. Chegou a esse ponto. Engoli e, racionalmente, decidi fazer. No fim, foi bom, porque conhecia muito bem o personagem, contracenava com ele na peça. Foi uma jogada maravilhosa fazer a Inaura. As duas são pernambucanas, nordestinas, mas bem diferentes.
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Você prefere fazer teatro, cinema ou televisão? No teatro, você tem que estar inteiro. Você não mente no palco. As pessoas vão e dizem “ah, esse ator é péssimo, ele fica com a mão dura”. Você vê o corpo inteiro. Se a tua voz não projeta, não chega na primeira fila e na última; você não tem como enganar. Ou é um bom ator, ou não é. Em televisão, todo mundo é mais ou menos a mesma coisa. Ninguém é muito ruim ou muito bom. A não ser que seja muito ruim mesmo... No cinema, é a câmera na tua cara, muita intimidade, tudo muito pequeno. Onde eu mais me sinto à vontade é no cinema e no teatro. Com a televisão, até hoje ainda não tenho um relacionamento muito amigável [risos]. Mas gosto de fazer, me divirto. Você é uma mulher bonita, mas uma atriz precisa ter desprendimento. De repente, você faz um papel em que aparece sem maquiagem ou mais velha. É tranquilo ser mulher vaidosa e atriz?
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Depende do papel, do veículo. Não importa se é mais velha, se é mais nova, se é feia ou bonita. O personagem precisa ter verticalidade. Você precisa cavar, tirar coisas boas dali e mostrar o que você pode fazer com aquele trabalho. Se não for assim, pra que eu vou fazer? Na televisão, você faz o mesmo personagem a vida inteira. Só dá pra fazer coisas diferentes no teatro e no cinema. Falando em cinema, você tá produzindo um filme... Sim, se chama “O outro lado do vento”. Vamos começar a filmar em setembro, com direção do Walter Lima Junior. É uma adaptação do livro de Henry James, “A outra volta do parafuso” (1898). Um clássico de horror, um suspense psicológico. O livro se passa no interior da Inglaterra e adaptamos para o interior de Pernambuco. Com todas as histórias que tem lá de assombração, Pernambuco é um cenário perfeito, porque tem muito dessas narrativas por lá. Gilberto Freyre publicou um livro, “Assombrações do Recife Velho” (1955), que fala disso: das casas de engenho que rangem com os escravos mortos. O roteiro é do Walter, com Adriana Falcão e dois colaboradores, Guilherme Vasconcelos e Nelson Caldas. Um orçamento de 4 milhões e 200 mil reais. Você vai protagonizar? Sim. Faço uma professora que vai educar duas crianças órfãs num engenho abandonado, no início do século passado. É uma história bem bacana. “Os outros”, filme com a Nicole Kidman, é baseado no mesmo livro. O Walter vai arrebentar, ele é muito bom diretor de atmosfera. Esse é o projeto da minha vida. Não quero ficar fazendo televisão a vida inteira, sempre fui muito mais ambiciosa artisticamente. Que ambição é essa? Produzir teatro e fazer cinema. Agora estou trabalhando com Antunes Filho, em São Paulo. Minha ambição é fazer trabalhos que me exijam mais do que eu possa dar. Por causa do personagem, você envereda em você mesmo e sai em outro lugar, melhor.
PETER PANS Quando completei 40 anos, estava um tanto melancólico, quando meu pai veio, me parabenizou e me ouviu lamentar que eu havia entrado na “casa dos enta”, de onde não mais sairia... enfim, que estava ficando velho. Ele sorriu e fez um comentário que nunca esqueci: “quando tinha 40 anos, eu era tão novo”. Dez anos depois, escrevi uma crônica que iniciava comentando um ato que todos nós ( a maioria ) geralmente fazemos depois de acordar: ficar de frente para o espelho. Nós, homens, para fazermos a barba. Naquele dia, ao contrário de passar o barbeador quase de forma mecânica nos pontos cardeais do rosto, decidi me encarar. Percebi as rugas, os músculos flácidos, algumas cicatrizes, pelos brancos nas sobrancelhas e assustados dois olhos daquele que vive dentro do meu corpo, querendo negar o que viam. Como fazer 50 anos se este ser que me habita acredita não ter mais do que 25, às vezes 12... dependendo da circunstância (vá lá), 18? Como fazer? O tempo passou e recentemente subi mais um degrau na
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direção dos 60 anos. O susto é o mesmo. Teimo em não me reconhecer. Não estou só nesse barco. É toda uma geração. Todos nós que nascemos ali na década de 50 e invadimos os anos 60, com a revolução de costumes, anos 70 de paz & amor, entramos no ano 2000 e nos recusamos a ser tratados como anciãos. E as mulheres? Elas queimaram sutiãs e hoje disputam com as filhas as minissaias, biquínis e roupas de academia, botoxes, silicones, para seguir na liça. O mercado consumidor agradece. Acabaram as divisões entre jovens e adultos. “Somos todos jovens e não se fala mais nisso”. Isso gerou alguns conflitos, mas, na ânsia de parecer uns caras bacanas, temos de ouvir algumas sandices. Os garotos ouvem em duas horas a obra inteira de um Grateful Dead e vêm discutir conosco, como profundos conhecedores. Assistem aos tapes de Zico e vêm achar que Messi é melhor. No reflexo, seguramos aquele grito de indignação que sobe pela garganta. Comentar que comprou desde o primeiro disco de Hendrix ou que assistiu sete ve-
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Edyr Augusto escritor zes seguidas, no Olímpia, o filme “Woodstock”, pode causar má impressão. “Pô, tio, tu é ‘véio, mermo’, hein”? Os filhos, ao contrário de nós, que fugimos de casa bem cedo para enfrentar a vida, experimentar de tudo – principalmente a liberdade – agora não querem deixar o conforto, água, comida, luz, telefone, internet, canais a cabo, seu próprio quarto onde dormem com as namoradas. E fazem todos parte de uma grande turma que cada vez mais se entende, uma emprestando à outra o que tem de melhor. O problema é o que acontecerá daqui para a frente. Até quando seremos jovens? A Medicina, que já alongou bastante a média de vida, alongará ainda mais? Será que, com 80 anos, continuarei a gostar de rock’n’roll, ou o que de novo estiver tocando? Vestindo-me como hoje, jogando meu futebol, vivendo como hoje? Aos 80, malhando, jogando, consumindo. E a aparência? Ficarei ridículo? E sem abrir espaço para as novas gerações, pois nos recusamos a envelhecer. Haverá lugar para todos? E o consumo? Imagino, em julho, como será ir a Salinas ou Mosqueiro. Melhor acampar nas praias, pois se é difícil ir, pior ainda é retornar. E como Prefeitura e Governo do Estado, como de hábito, vivem brigando em detrimento de seus representados, imagino como ficarão Almirante Barroso e a Augusto Montenegro nos horários de pique. E nos aposentaremos, claro, mas continuaremos trabalhando. Por que me retirar se estou vivendo plenamente, trabalhando, produzindo? Hoje, o difícil é parar, sair do circo, botar um pijama, ficar em casa, longe do burburinho do mundo. Do ruído. É tanta coisa acontecendo! Vai ser preciso arranjar emprego para todos. A cada dia, uma enxurrada de jovens se forma em várias especialidades. Nossa geração formou péssimos políticos. Tomara que essa garotada faça melhor. E quem nos dará de comer? De beber? Vai ser bem difícil pedir pra parar, parou. Quando, enfim, desistiremos? Quando será o momento de cair fora, descoberta a cura do câncer, o grande vilão. Quando? Bem, quem sabe, neste momento, qualquer que seja, façamos uma grande festa e no convívio da família, dos amigos, ouvindo as músicas preferidas, os filmes, livros, beijamos os queridos e acionamos um “power off” e saímos em grande estilo. É o mundo dos Peter Pans, onde ninguém envelhecerá!
comportamento
Brinquedos da década de 80 povoam o imaginário lúdico até hoje www.revistalealmoreira.com.br
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Leonardo Aquino
Dudu Maroja
Nostalgia fim sem
O saudosismo pelos anos 80 já dura tanto que parece ser mais que uma moda passageira. O estigma de “década perdida” parece não se encaixar por aqui.
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mbreiras, cabelos espalhafatosos e roupas coloridas o suficiente para se tornarem motivo de vergonha em fotos. Recessão, hiperinflação e economia instável. É possível sentir saudade de um tempo marcado por tudo isso? Sim, se estivermos falando dos anos 80. A nostalgia envolvendo a década que muitos chamam de “perdida” parece ter fôlego para ser mais que um modismo. Artistas que fizeram sucesso na época seguem excursionando em turnês que eventualmente desembarcam no Brasil. Filmes marcantes ganham relançamentos caprichados em DVD ou Blu Ray. Festas temáticas continuam atraindo um público cativo e figurando entre as opções mais comuns das noites nas grandes cidades. São fatos que aquecem a memória afetiva, que está repleta não apenas das referências culturais, como também dos marcos sociais, políticos e econômicos. Se há algo inegavelmente positivo a respeito dos anos 80 é que eles foram criativos. A cultura pop da década surfou em referências mais ousadas e gerou produtos cultuados até pelas gerações que não viveram a época. “Foi um tempo de muita qualidade na indústria cultural. No Brasil, até a publicidade pegou carona. Os comerciais brasileiros foram muito premiados no exterior. E alguns deles ficaram tão enraizados na memória que se tornaram históricos”, afirma o jornalista Ismael Machado. Ele relembra que foi nos anos 80 que surgiram slogans memoráveis como “o primeiro sutiã a gente nunca esquece”, “não esqueça a mi-
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nha Caloi” e comerciais inesquecíveis como o da pipoca com Guaraná Antarctica. Apesar de apontar o intervalo de 1966 a 1976 como o seu favorito na história da música, Ismael é um grande entusiasta da cultura “oitentista”. Ele descreveu o nascimento e o crescimento do cenário pop de Belém nos anos 80 no livro “Decibéis sob mangueiras”, lançado em 2004. Para Ismael, a década foi marcante por motivos que vão além dos produtos da indústria cultural. “Foi uma época boa para ser adolescente. Nos anos 70, era tudo mais complicado por causa da repressão. Os anos 80 descobriram o adolescente como uma efetiva fonte de consumo. A literatura, a música e o cinema buscavam falar o que o jovem urbano queria ouvir naquele momento”, opina. Ismael cita exemplos como o livro “Feliz Ano Velho”, de Marcelo Rubens Paiva, e o filme “Bete Balanço”, de Lael Rodrigues, além das irreverentes bandas da época. “O rock brasileiro rompeu com a MPB tradicional nos anos 80. Não dá pra comparar um Chico Buarque, que parece ter nascido com a idade que tem hoje, com o colorido da Blitz”, afirma. Essa cultura pop influenciou até na escolha de carreiras, como no caso de Ivan Davis, que decidiu se tornar DJ por causa de tudo o que costumava ouvir na infância e na adolescência nos anos 80. “Desde criança, me imaginei trabalhando como DJ justamente porque as músicas da época me encantavam bastante. Confesso que, se eu tivesse oito anos de idade hoje, eu provavelmente não faria a mesma escolha devido à qualidade mu- »»»
Se há algo inegavelmente positivo a respeito dos anos 80 é que eles foram muito criativos. Ousadia era a palavra de ordem.
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sical dos hits atuais”, explica. Nas festas para as quais é contratado, Ivan Davis precisa tocar até as músicas de cuja qualidade se queixa. Mas, na movimentada agenda do DJ, há espaço para um projeto mais autoral e movido à nostalgia. Em janeiro de 2006, ele criou em Belém a festa Pac 80’s (que depois foi rebatizada para Projeto Pac) para tocar os hits que embalaram a década e a juventude de tanta gente. Mas Ivan Davis destaca que essa não é a única iniciativa que celebra a nostalgia oitentista na noite da capital paraense. “Tem o projeto ‘Só 80’, que realiza uma festa mensal sempre lotada. Tem a banda Acordalice, que vive com agenda cheia de shows. Fora as novas festas como a ‘Celebration Night’, a ‘De Volta Aos Bons Tempos e a Base 80’, enumera. Em festas como essas, a celebração dos anos 80 envolve não apenas quem foi adolescente na época, como também pessoas que sentem essa nostalgia quase que de forma retroativa. A jornalista Marina Cei nasceu em 1987, mas adotou a década como sua favorita embora tenha vivido poucos anos dela. Graças à internet, começou a
encontrar informação para transformar as memórias da infância em referências musicais. Acabou apaixonada não apenas pelos artistas dos anos 80, como por todo o universo que envolve a época. “Adoro as roupas, o cabelo, a maquiagem, tudo over e muito divertido. Acho que não era uma questão de ser brega, cafona, como muita gente adora dizer. Foi quando um conceito maior de modernidade começou a pipocar. E se experimentou tudo, sem medida, sem dose”, comenta a fã de bandas como A-ha, Guns N’ Roses e Motley Crue. Para exercitar a paixão retroativa pelos anos 80, Marina passou a frequentar as festas oitentistas em Belém e a viajar, sempre que possível, para ver seus artistas favoritos. Algumas dessas viagens viraram aventuras impagáveis, como a de 2010, quando A-ha e Guns tinham shows marcados para o mesmo fim de semana, no Rio de Janeiro. Visto vez que ainda era estudante universitária e não tinha emprego, Marina apelou: vendeu quase todo o guarda-roupa num brechó para conseguir dinheiro. “Era a última turnê do A-ha e o Guns chegava com ‘Chinese Democracy’. Não tinha como
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FATOS QUE MARCARAM OS ANOS 80 Esportes 1980 Olimpíadas de Moscou (União Soviética): Estados Unidos boicotam os Jogos Olímpicos por motivos políticos. A Olimpíada de Moscou tinha tudo para ser grandiosa. Desde 1974, quando a escolha foi anunciada, a capital russa se preparou para apresentar ao mundo uma Olimpíada à altura da glória do regime comunista. Mas, no ano olímpico, as diferenças políticas levaram a um boicote majoritário, que transformou e esvaziou o torneio. A invasão das forças soviéticas ao Afeganistão em dezembro de 1979 fez o presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, anunciar um boicote aos Jogos. No total, 61 países aderiram ao apelo dos EUA. Dessa forma, competições aguardadas, como basquete, atletismo e natação, perderam o brilho 1983 Nelson Piquet torna-se bicampeão mundial de Formula 1. 1984 Jogos Olímpicos de Los Angeles nos Estados Unidos. 1988 Realização das Olimpíadas de Seul (Coreia do Sul). Ciência e Tecnologia 1980 Publicado o padrão da ethernet (tecnologia para redes locais). 1981 A nave espacial Columbia faz seu primeiro voo. 1983 A Apple lança o computador Macintosh. 1986 Aparição do cometa Halley. Política O país vai às ruas por eleições diretas para presidente do Brasil. O movimento “Diretas Já” ganhou força e reuniu personalidades e o povo em um clamor coletivo. Em 1985, Tancredo Neves é eleito, de forma indireta, presidente do Brasil, porém morre antes de assumir o cargo. Assume o vice-presidente José Sarney. Chega ao fim a ditadura militar no Brasil. Em 5 de outubro de 1988, é promulgada a Constituição Brasileira. Ainda em outubro do mesmo ano, nasce o estado do Tocatins. Economia 1986
eu não ir. Pensei “vou ver meus ídolos e compro um jeans quando voltar”, brinca. Para ver o A-ha, enfrentou uma confusão na entrada da casa de shows e acabou caindo numa escada. “Esfolei as duas pernas inteiras, mas ainda insisti e vi feliz o show bem pertinho da banda. Foi só quando cheguei em casa que me dei conta do verdadeiro estrago. Minhas pernas super feridas, joelhos inchados e meu pé torcido”, relembra. Marina já estava preparada para ver o Guns N’ Roses cheia de curativos quando recebeu a notícia do cancelamento do show: uma chuva torrencial havia feito desabar o palco na Praça da Apoteose. “Nunca chorei tanto na minha vida. O show foi adiado para um mês depois e só consegui ir porque comprei as milhas aérea de um amigo. Agradeço ao Papai do céu por ter voltado com o pé colado na perna”, brinca, lembrando que viu Axl e companhia ainda com o pé imobilizado. O designer gráfico Alzyr Quaresma é outro entusiasta dos anos 80, mas tem idade suficiente para lembrar de alguns marcos da época como se tivessem acontecido ontem. “A eleição indireta »»»
É criado no Brasil o Plano Cruzado (plano econômico do governo Sarney que visava reduzir a inflação com tabelamento de preços). Música 1982 O cantor norte-americano Michael Jackson faz sucesso mundial com o álbum Thriller. 1985 Acontece o primeiro Rock in Rio. Cinema O planeta inteiro se apaixonava por um simpático ser: Steven Spielberg lançava o filme “E.T, o Extraterrestre”.
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de Tancredo Neves, que acabou morrendo antes de assumir a presidência do Brasil, foi algo memorável. Assim como a criação da nova Constituição brasileira em 1988”, relembra, valorizando os grandes fatos políticos. Mas é óbvio que as lembranças de Alzyr também se estendem à cultura pop. Fã de bandas da época, como Tears For Fears, Human League e Pet Shop Boys, Alzyr crê que a música é um indicador de transformações mais profundas entre os anos 80 e os tempos atuais. “Eu diria que são lembranças de um tempo em que as pessoas se respeitavam mais, em que os jovens pensavam mais, lutavam para conquistar seu espaço na sociedade, bem diferente de hoje. Nos anos 80, a música tinha sentido, suas letras expressavam um momento importante da história da humanidade, bem diferente de hoje. Nos anos 80, tudo tinha um sentido, tinha um porquê de existir; hoje, tudo é efêmero demais”, explica. Além da música, Alzyr tem um carinho especial por outras coisas que marcaram a década de 80: os brinquedos. Aquaplay, Comandos em Ação, Atari... todos são motivos de saudade e boas lembranças. “Eu tinha muitos brinquedos, mas, infelizmente por motivos de mudanças, perdi todos. É triste, mas pretendo recuperar todos comprando pela internet”, lamenta. Alzyr será pai ainda este ano e acredita que, por meio desses brinquedos, pode transmitir a paixão oitentista. “Quero que minha filha ou filho aprenda a amar essa década tanto quanto eu”, conta. A nostalgia é cíclica. Assim como estamos falando dos anos 80, os anos 50, 60 e 70 já foram revisitados e redescobertos. O que se percebe é que, por mais que o dos anos 80 não aparente sinais de desgaste, o revival dos anos 90 começa a ganhar força. Na música pop, a lista de bandas da época que haviam parado e voltaram só aumenta: Alice In Chains, Hole, Soundgarden, Faith No More. Sucessos de bilheterias no cinema voltaram às telonas em versão 3D, como Titanic e O Rei Leão. As festas temáticas (com direito a games como “Street Fighter 2”) têm agregado diversão às noites das principais capitais como Belém. E as camisas xadrez, marca registrada da moda grunge inspirada em bandas como o Nirvana, estão cada vez mais comuns nas vitrines e ruas. Para o jornalista Ismael Machado, não há nada mais natural. “Normalmente, essas redescobertas acontecem vinte anos depois da época. Assim sempre foi e assim será. Mas não vejo o saudosismo dos anos 90 substituindo o dos anos 80. Noto, sim, uma convivência entre os dois”, diz Ismael.
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especial
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Lorena Filgueiras e Camila Barbalho
Diego Ventura
complexidade da simplicidade A
Hábitos simples e som sofisticado. Características antagônicas convivem em perfeita harmonia quando o assunto é Paulinho da Viola. “Eu nunca me vi como cantor. Eu acho que o cantor deve ser... é outra coisa, que eu não alcancei. A minha preocupação maior sempre foi querer mostrar a composição. Da maneira mais afinada possível”. À primeira vista, a declaração acima não combina com seu autor. Paulo César Batista de Faria, ou simplesmente Paulinho da Viola, é considerado um gênio da Música Popular Brasileira – título que ele elegantemente recusa. “Para mim, gênio mesmo foi o Pixinguinha. Esse sim é digno de ser chamado assim”. Para entender tanta complexidade, dentro de um modo tão simples de ver a vida, é preciso conhecer um pouco da trajetória de um dos maiores nomes da música brasileira. Filho de um violonista (César Faria, do lendário grupo Época de Ouro, conjunto de choro mais tradicional e longevo do país, criado por Jacob do Bandolim), Paulinho cresceu no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, entre músicos e histórias desse universo. História dele próprio que, inspirado pelo pai, começava a ser escrita. Filho de peixe O violonista César Ramos de Faria sustentava a família com um emprego estável na Justiça Federal, e, nas horas vagas, dedicava-se ao conjunto Época de Ouro. Paulinho, então adolescente, acompanhava o pai e viveu o sonho de muitos músicos de sua época: conviveu com personali-
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dades do quilate de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Tia Amélia, Canhoto da Paraíba. Esse período inspirou Paulinho a compor “14 anos”. À época, em uma conversa de pai para filho, o pai perguntou-lhe se queria estudar filosofia, medicina ou engenharia. Ao ouvir que a inspiração era outra, que o coração estava rendido para as cordas do violão, ouviu do mestre: “Sambista não tem valor nesta terra de doutor”. Aos 19 anos, um encontro com o poeta Hermínio Bello de Carvalho seria determinante no futuro do rapaz acanhado, de fala compassada. É Hermínio quem apresenta compositores como Zé Ketti, Elton Medeiros, Anescar do Salgueiro, Carlos Cachaça, Cartola e Nelson Cavaquinho a Paulinho. Cabe também a Hermínio ouvir os primeiros versos tímidos do jovem sambista e levá-lo ao Zicartola, bar do sambista Cartola e de sua mulher, dona Zica. Cinco décadas já se passaram desde aquele dia e, às vésperas de completar setenta anos de idade, Paulinho da Viola se renova. Na companhia de Beatriz Faria, 31, Cecília Rabello, 32 e João Rabello, 30, (três, de seus sete filhos) ele roda o país com várias apresentações, mantendo o ar intimista que lhe é familiar. Portelense apaixonado, pai dedicado, compositor e instrumentista primoroso. Essas são algumas das algumas das qualidades (visíveis) de Paulinho da Viola. Mas há um lado pouco conhecido do músico, que mantém hábitos simples e não abre »»»
Às vésperas de completar 70 anos de idade e quase cinco décadas de carreira, Paulinho mantém hábitos simples e não abre mão das conversas diárias com a família e os amigos. www.revistalealmoreira.com.br
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Meu pai não tentou mudar o que se manifestou desde cedo. Ele dizia, como todos os pais dizem, que eu jamais deveria deixar de estudar. Eu realmente achei que seria economista.
mão de preservar sua intimidade, embora muito generosamente tenha aberto as portas de sua casa na Barra da Tijuca, coração do Rio de Janeiro, para a Revista Leal Moreira. Nas páginas a seguir – que Paulinho não nos “ouça” – confira a simplicidade e a sofisticação do sambista mais genial do país. Em “14 anos”, você narra uma conversa de pai para filho. Seu pai (o músico César Faria) tentou te convencer a fazer outra coisa da vida, como filosofia, engenharia...? Não. Meu pai não tentou mudar o que se manifestou desde cedo. Ele apenas dizia, como [creio] todos os pais dizem, que eu jamais deveria deixar de estudar. Eu realmente achei que seria economista. A música tocou mais forte no seu coração e você a transformou na sua profissão, paixão que aparentemente também tocou seus filhos. Você alguma vez tentou convencê-los a seguir outra carreira? Como surgiu a ideia de sair em turnê com três deles? Os filhos são uma das coisas mais gratificantes que a gente tem. Em relação à escolha deles, fiz o mesmo que meu pai. Dos [meus] sete filhos, apenas um ainda não fez faculdade. Tem sido uma grande satisfação tocar ao lado do meu pai, do meu filho João e da Beatriz juntos. Você conviveu com Cartola, que era mangueirense
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apaixonado, sendo você um portelense fervoroso. A relação era respeitosa? Sempre foi (risos). A rivalidade entre os sambistas só existe na hora do desfile. No começo de sua carreira, você se apresentava no lendário Zicartola Bar e não ganhava nada pelas performances, mas o Cartola discretamente lhe entregava o dinheiro da condução... Daí você costuma dizer que Cartola o profissionalizou. Você achava, à época, que poderia - e conseguiria - viver da música? Não. Na época, eu realmente achava que faria uma carreira como economista. Você é um dos nomes mais importantes da história da Portela, e do próprio carnaval. Como é sua relação com a escola e com o modo como se faz carnaval hoje em dia? Atualmente, a minha atuação é bem pequena, exatamente por não encontrar mais alguns valores que gostaria que não tivessem se perdido. Apesar de tudo, não deixei de sair com a Portela. Ao longo da sua carreira, você viu nascer os principais movimentos musicais brasileiros. O que mais marcou você? Olha... penso que todos marcaram de alguma forma a minha geração. No meu caso, até a Bossa Nova influenciou... apesar da influência maior da »»»
14 Anos (Paulinho da Viola) Tinha eu 14 anos de idade Quando meu pai me chamou (quando meu pai me chamou) Perguntou se eu não queria Estudar filosofia Medicina ou engenharia Tinha eu que ser doutor Mas a minha aspiração Era ter um violão Para me tornar sambista Ele então me aconselhou Sambista não tem valor Nesta terra de doutor E seu doutor O meu pai tinha razão Vejo um samba ser vendido E o sambista esquecido, O seu verdadeiro autor Eu estou necessitado Mas meu samba encabulado Eu não vendo não senhor
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“Apesar das inúmeras frustações que todos têm, gostaria de terminar de fazer meu próprio cavaquinho”.
Atualmente, a minha atuação [na Portela] é bem pequena, exatamente por não encontrar mais alguns valores que gostaria que não tivessem se perdido. Apesar de tudo, não deixei de sair com ela.
música tradicional. Quais eram os maiores desafios à época? Eles são maiores hoje? Ah, os desafios eram muitos... Espaço na mídia, a qualidade precária do som, o regime militar, a censura... Hoje, na minha opinião, os maiores desafios são a pirataria e a falta de espaço para divulgação. Embora o samba não seja um modismo nem tenha saído de foco na música brasileira, nos últimos anos o estilo voltou a ser muito frequentado por novos compositores e intérpretes. Você acompanha essa produção mais recente? O que difere o samba de hoje do samba feito há algumas décadas? Alguém em particular chamou sua atenção? O samba se transforma, assim como a vida. São muitos os novos sambistas que conseguem trazer outras ideias e algumas delas são muito interessantes. Você cultiva uma vida de hábitos simples e tem hobbies que poucas pessoas conhecem, como a marcenaria e a restauração de carros antigos. Ainda tem a paixão por sinuca.... Que outros pequenos prazeres você cultiva em seu dia a dia? Adoraria ser colecionador de carros antigos, mas só tenho dois, que foram restaurados por
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mim. Respeitei o tempo deles. Se eu não fosse músico, eu seria marceneiro. Além disso, gosto de ler e conversar com meus amigos e minha família. Só isso. Você é muito reservado e pouco se sabe da sua rotina familiar. Ou melhor, sabia-se, até o lançamento do documentário “Meu tempo é hoje”, de Izabel Jaguaribe e do jornalista Zuenir Ventura. Como você recebeu a ideia - e o convite - de um documentário sobre você? Olha, no princípio eu relutei um pouco. Depois, adorei fazer o trabalho e acho que, no final, ficou muito bom. Gostei muito. Apesar da fama, de quais rotinas ou hábitos você não abre mão? Ah, ler e (risos) jogar minha sinuquinha de vez em quanto. Em principio, sua música era extremamente popular, feita para as massas, tal qual o samba tradicional. Porém, a crítica e a mídia passaram a considerar você um artista extremamente sofisticado, rendendo, inclusive, a alcunha de Príncipe do Samba. Entre as duas visões, como o Paulinho vê a si mesmo? Você está sendo muito gentil, mas o “príncipe do samba” chama-se Roberto Silva, um dos maiores »»»
Discografia - Rosa de Ouro (1965) - Roda de Samba – conjunto A Voz do Morro (1965) - Roda de Samba 2 (1966) - Rosa de Ouro Volume 2 (1967) - Os sambistas - conjunto A Voz do Morro (1968) - Samba na madrugada - Paulinho da Viola e Elton Medeiros (1968) - Paulinho da Viola (1968) - Foi um rio que passou em minha vida (1970) - Paulinho da Viola (1971) - Paulinho da Viola (1971) - A dança da solidão (1972) - Nervos de Aço (1973) - Paulinho da Viola (1975) - Memórias Chorando (1976) - Memórias Cantando (1976) - Paulinho da Viola (1978) - Zumbido (1979) - Paulinho da Viola (1981) - A toda hora rola uma estória (1982) - Prisma Luminoso (1983) - Eu Canto Samba (1989) - Paulinho da Viola e Ensemble (1993) - Bebadosamba (1996) - Bebadachama (1997) - Sinal Aberto - Toquinho e Paulinho da Viola (1999) - Paulinho da Viola - Meu tempo é hoje (2003) - Acústico MTV (2007)
O violão inseparável é companhia obrigatória do músico e compositor
sambistas de todos os tempos. Sinceramente, não vejo nada tão sofisticado assim no meu trabalho. Acho até que ele é simples demais. A Clementina de Jesus era – essa sim – muito mais sofisticada. Como você lida com o fato de ser considerado um “gênio da música popular brasileira”? Sem falsa modéstia, não me vejo assim. Para mim, gênio mesmo foi o Pixinguinha. Esse sim é digno do título. Há outros muito bons, mas não muitos. O show virá para Belém? Espero que sim! Tenho muitos amigos em Belém e o público paraense é sempre maravilhoso! Nesses 70 anos de vida e quase 50 de carreira, o que você gostaria de ter feito e ainda não fez? Ainda não fiz 70 anos. Dizem que não se deve comemorar o aniversário antecipadamente (Paulinho abre um sorriso encantador). No mais, apesar das inúmeras frustações que todos têm, gostaria de terminar de fazer meu próprio cavaquinho. Na verdade, eu ainda sonho com muitas coisas....
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TECNOLOGIA
COMPARTILHADA Uma das frases lapidares que admiro diz que “tecnologia é tudo aquilo que vimos nascer”. É quando a onda de espanto provoca ‘ohs’ e ‘ahs’. Imaginem as primeiras pessoas que viram uma transmissão pela TV. O espanto deve tê-las feito cair o queixo (nem sei se o encontraram depois). Apesar de fascinante imaginar como as imagens são transformadas em ondas eletromagnéticas e passeiam pelo mundo, hoje ninguém se espanta com uma TV ligada, nem pergunta como o sinal chega até sua casa. Simplesmente usamos a TV sem questionar. Foi incorporada, não é mais tecnologia. O telégrafo, quando lançado, modificou o mundo; tornou-o menor. Depois vieram rádio, telefone, TV, telex, fax, internet... e as comunicações mudaram radicalmente nossa forma de ver e compartilhar o mundo. Seguindo-se ao espanto e admiração, havia uma espécie de “rito tribal” de se reunir em torno dessas maravilhas tecnológicas para desfrutar o admirável mundo novo. Famílias e vizinhos se reuniam em torno de rádios para ouvir e cantar juntos.
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Copa do Mundo de 1950, aqui mesmo, uniu o país de ponta a ponta pelas ondas do rádio. As primeiras novelas na TV traziam todos para a sala, onde reinava absoluto silêncio, para acompanhar lágrimas e risos. Até os vizinhos menos abastados acompanhavam da janela. Não havia mais o espanto da novidade... mas o ritmo da evolução não era ágil o bastante para vulgarizar o acesso tecnológico e isso permitiu que, durante décadas, a tecnologia mais unisse que separasse pessoas. Era assim com a música. Chamavam-se os amigos para ouvir os novos discos, LPs de vinil ou mesmo os (já esquecidos) CDs. Havia o espaço destinado à música na sala ou até um “quarto de som”, como era comum na década de 70. Antes do Facebook, curtia-se e compartilhava-se ao vivo. O telefone, apesar de raro (e, portanto, caro), era uma identificação da família e todos compartilhavam o mesmo número. - Menina, deixa de namorar no telefone que preciso falar com teu pai. Acabou o gás.
Celso Eluan empresário celsoeluan@ig.com.br Assim foi nos anos passados – dourados ou não. Ocorre que a aceleração nas descobertas e invenções colocou a tecnologia em um ritmo alucinante de competição, provocando uma queda vertiginosa nos preços, permitindo sua penetração não mais somente nas famílias, mas no indivíduo. A música, que antes estava na sala com o rádio ou a vitrola, multiplicou os aparelhos pela casa toda: cozinha, quartos e banheiros até. Passou para o carro, walkman, compactou-se no MP3, invadiu celulares e chega aonde você estiver, com ou sem internet. A TV, que reinava absoluta na sala, com os poucos canais abertos invadiu tamvém todos os ambientes e cada um assiste ao que quiser. Aquele número fixo do telefone se multiplicou em celulares e até seu filho te manda um torpedo dentro de casa para dizer que não quer jantar hoje. A máquina fotográfica, que registrava os encontros e viagens familiares, exigia um ritual que, visto hoje, parece pré-histórico: retirar e mandar revelar o filme. Três dias depois, íamos ver os estragos e belezas das fotos feitas normalmente pelo pai – senhor de todos os lares – que insistia em dominar aquela mágica máquina de congelar o tempo. Hoje, postam-se mais fotos na internet por segundo do que se produzia em anos, nos tempos dos velhos filmes ASA 100. O computador da família está quase esquecido no canto. Notebooks, tablets, smartphones trouxeram para o plano individual o reino cibernético em que cada um é o soberano dos seus bits e bytes. Nesses mesmos aparelhos, o conteúdo, que antes se dividia entre rádio, TV, telefone, máquina fotográfica, filmadora, jornal, revista, livros, se concentra e se identifica com seu dono. Até os automóveis se popularizaram e não há soluções à vista para tanto congestionamento. Se antes nos prédios ou nas casas só havia uma garagem, o carro da família multiplicou-se enquanto essas mesmas famílias diminuíam de tamanho. Enfim, o reino do indivíduo na tecnologia sobressai-se sobre a antiga unidade social: a família. Para esse mercado, a unidade social é mesmo individual, definida por características de grupo como idade, sexo, gosto, hábitos e tudo o mais que o Google possa identificar sobre você e seu novo grupo social. E a família? Ainda bem que nas redes sociais podemos curtir nossa família. Ainda.
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Elielton Amador
Quem
dinheiro?
quer
Se você ainda não ouviu falar, leia com atenção: o Crowdfunding é uma atividade que está revolucionando o modelo de financiamento de projetos culturais, sociais, shows e muitos outros por meio de doações pela internet
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uem já correu atrás de patrocínio sabe como pode ser difícil conseguir financiamento para projetos culturais, esportivos ou sociais. Hoje, além das linhas de créditos, das leis de incentivos, dos financiamentos públicos ou privados, em geral, há uma nova modalidade de apoio que vem conquistando cada vez mais adeptos: o crowdfunding – uma alternativa para levantar fundos, por meio de doações feitas pela internet. A prática é cada vez mais recorrente entre os que buscam captar recursos ou entre os que querem investir. O nome vem da junção das palavras “crowd” (multidão) e “funding” (financiamento) e surgiu nos Estados Unidos em 2002. Desde então, já movimentou mais de US$ 2,5 bilhões em doações espontâneas de pessoas comuns decididas a investir em projetos interessantes que não tinham outro modo de serem executados. Um bom exemplo da “união que faz a força” foi a campanha de Barack Obama, em 2008, que mobilizou mais de um milhão de pessoas que doou somas para a eleição do candidato, por meio do crowdfunding. Mas o sistema se popularizou somente em 2009, com a criação do Kickstarter (site que compilava a maior plataforma de crowdfunding), que, até o ano passado, tinha movimentado mais de US$ 30 milhões para realizar (no esquema “tudo ou nada”) seus projetos – muitos deles fascinantes – de documentários a livros, ou discos. Seu projeto de maior sucesso foi o Diaspora, uma rede social ba-
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seada no peer to peer (sistema de troca de mensagens instantâneas e compartilhamento de arquivo; em outras palavras, programas que possibilitam a distribuição de arquivos em rede, permitindo o acesso de qualquer usuário dessa rede a esse recurso) que garante a privacidade das informações dos usuários. Seus usuários pediram US$ 10 mil e acabaram arrecadando US$ 200 mil, envolvendo seis mil pessoas na campanha. No Brasil, o novo modelo de financiamento chegou ao final de 2010 e já movimentou mais de R$ 2 milhões. Atualmente, existem cerca de 30 sites brasileiros de crowdfunding, a maior parte deles dedicados a projetos culturais ou de música, como o “Queremos”, que já viabilizou shows de várias bandas internacionais no Brasil. Aliás, esse é um dos sites de financiamento coletivo mais bem sucedidos por aqui. Para se ter uma ideia, no início do mês de maio, o site arrecadou, em apenas cinco horas, mais de R$ 50 mil para levar a banda indie americana “Foster The People” ao Rio de Janeiro. Para isso, vendeu 250 cotas a R$ 200 cada. Quando a meta foi atingida, cada investidor recebeu o seu dinheiro de volta e ainda ganhou o ingresso para assistir ao show de graça. Caso a meta de venda de ingressos não seja alcançada, o investidor tem somente uma parte do dinheiro devolvido, mas terá acesso vip ao show. Dessa forma, shows que antes não poderiam ser realizados, acabam acontecendo se os fãs realmente se mobilizarem. De modo geral, os sites funcionam da seguinte »»»
Talita Lobato
Dicas Se você pensa em inscrever um projeto em um site de crowdfunding, fique atento às dicas de André Gabriel. 1 – O vídeo da campanha. Gaste uma energia para montar um vídeo de campanha bem bacana. Tem que haver sensibilidade, tem que engajar as pessoas, pois é a partir dele que o apoiador vai “comprar” o projeto. 2 – Depois, é preciso pensar nas recompensas. Elaborar com carinho e com cuidado as recompensas para quem investir no projeto. Tente pensar em recompensas criativas. 3 – Mobilização. Não se deve achar que a campanha vai decolar sozinha. É preciso acionar suas redes de contato. Divulgar utilizando o Facebbok, Twitter ou e-mail. De modo geral, os primeiros 30% de dinheiro investido vêm dos contatos dos amigos e parceiros do proponente. A partir daí, as pessoas ficam mais sensibilizadas e decidem investir.
Na Rede http://catarse.me/ http://lets.bt/ http://www.embolacha.com.br/ http://www.vaquinha.com.br/ http://queremos.com.br/
forma: o proponente do projeto estipula cotas de investimentos que podem variar de R$ 10 a alguns milhares de reais e cada cota dá direito a uma recompensa. O projeto fica no ar por um determinado período e, não atingindo a meta de recursos a arrecadar, o dinheiro volta para quem investiu. Deu certo com a banda carioca Autoramas, que colocou seu sexto álbum “Música Crocante” para ser financiado através do site “Embolacha”. O grupo arrecadou R$ 562 a mais do que os R$ 14.000 solicitados ao público. Entre as recompensas aos investidores, o vocalista Gabriel Thomaz chegou a oferecer sua rara guitarra da marca Danelectro para quem investisse R$ 5.000 no projeto. Para sua sorte, a banda atingiu a meta sem se desfazer do instrumento. “Na hora, a ideia me pareceu genial, mas depois fiquei arrependido. Ainda bem que ela ainda está comigo”, conta – aliviado – o músico. Nem todos os projetos são bem sucedidos. Dessa forma, é necessário ter estratégias para arrecadar os recursos. Gabriel diz que, no caso deles, a participação dos fãs foi fundamental. A banda, uma das pioneiras a consolidar uma carreira no circuito independente brasileiro, já vinha tentando outras formas de viabilizar projetos de maneira alternativa. “O público sempre foi nosso maior aliado. Estávamos terminando os ensaios, finalizando o novo repertório e ainda não sabíamos como lançaríamos o disco novo. O pessoal do Embolacha entrou em contato e achamos que seria uma boa, pois já tínhamos uma boa experiência com o crowdfunding por causa de um outro projeto nosso (com B Negão, cantor e compositor brasileiro de rap e hip hop) que já tínhamos viabilizado dessa forma. E no nosso público a gente confia”, diz. Crowdfunding lá e aqui O cantor paraense Arthur Nogueira também recorreu ao crowdfunding. No caso dele, o sistema serviu para integrar dois polos geograficamente extremos da música brasileira. Ele, no Pará, e a cantora Gisele Di Santi, do Rio Grande do Sul, pediram pouco mais de R$ 4.000 para fazer um show juntos em São Paulo e, com aproximadamente 27 apoiadores, conseguiram atingir a meta em meados de abril. O show “Meridiano 50” aconteceu no dia 19 de abril no Teatro Oficina, em São Paulo. “Nossa mobilização aconteceu via redes sociais. Explicamos para as pessoas como é simples, seguro e o quanto esse tipo de ferramenta é pertinente hoje em dia. Ajudaram amigos, família, pessoas que moram em Belém, Porto Alegre, São Paulo. O próprio site também tem um público que costuma apoiar os projetos que acha interessante”, explica Arthur. Crowdfunding Social Nem só de músicas e artes vive o crowdfunding. O jovem mineiro, juiz de direito, Fabrício Araújo, 29, por exemplo, enxerga o instrumento como uma boa
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possibilidade de fazer caridade. Ele, que já costumava apoiar associações e entidades de assistência a jovens e outras instituições do terceiro setor, escolhe mensalmente no site mineiro “Let’s”, especializado em projetos na área social, algum para apoiar. “Eu penso que é um modo de ajudar e aproximar as pessoas. Por isso, escolho sempre projetos da minha região. Como tenho pouco tempo, o site é uma boa ferramenta para facilitar quem tem vontade de contribuir”, explica ele. Apesar disso, são poucos projetos sociais que chegam a completar suas metas. Talvez porque ainda não exista uma cultura nesse tipo de apoio. “Acho importante disseminar essa ideia. No início, penso que os projetos devem pedir pouco dinheiro para atingir as metas de modo mais fácil. Tenho visto que projetos culturais têm melhor aceitação do que os sociais. Mas essa nova ferramenta deve ser vista como uma forma de ajudar as pessoas também”, acredita Fabrício. Carreira promissora? Mas o crowdfunding também é um negócio para quem opera. E parece tão promissor que o engenheiro e consultor de empresas André Gabriel, 30, largou a carreira de executivo em grandes empresas para ser empreendedor na área. O mineiro é dono do portal “Let’s” (o mesmo em que o juiz Fabrício Araújo costuma investir). O Let’s cobra uma taxa de 3% sobre o valor arrecadado, menos do que os 7% ou 10% praticados pela maioria dos concorrentes. As doações também movimentam os caixas de bancos e operadoras de cartões de crédito utilizados para a operação de transferência de recursos de quem investe. Ele garante que “hoje em dia, é difícil ter pessoas mal intencionadas nesse meio. É um negocio muito transparente e quem o realiza sabe que a credibilidade é o seu maior capital”. Além de gerir o Let’s e de dar consultoria em todo o Brasil sobre o assunto, André é o criador do “Mobilize”, o primeiro aplicativo de crowdfunding para o Facebook. Uma vez que os dados do projeto (vídeo, fotos, descrição, recompensas, prazo e meta de arrecadação) são colocados no aplicativo, a página do Facebook transforma-se em uma campanha de crowdfunding. A partir desse momento, qualquer pessoa pode acessar a página e apoiar o projeto realizando o pagamento da contribuição dentro da própria rede social. A nova ferramenta pode estimular doadores, como o contador paraense Adriano Mello, 30, que já investiu em projeto como da banda paraense Turbo, que pediu R$ 50 mil para gravar o disco na Suécia. “Eu também investi em uma revista de quadrinhos do Rio de Janeiro, mas acho que nenhum deles foi concluído”, contou ele. “Acho que, com uma plataforma de crowdfunding no Facebook, seria interessante participar e colaborar com os projetos de alguns amigos”, afirmou.
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Camila Barbalho e Vanessa Vieira
Fábio Pina
London calling
A capital inglesa é um cenário convidativo aos que desejam reviver os dias de glória, sem abrir mão da modernidade.
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ristocrática, underground, efervescente, cinzenta, romântica, tradicional, punk. A icônica Londres carrega consigo toda sorte de adjetivos – frutos de sua história e de seus contrastes manifestos na arquitetura, nas pessoas, na música. Tudo é muito emblemático nessa senhora moderninha: do ônibus vermelho, passando pelo representativo Big Ben, à arrojada London Eye;a família real ao tradicional chá das cinco. A cidade que dirige na mão contrária da obviedade tem, na sua multiplicidade, o segredo que atrai mais de 27 milhões de turistas por ano. No próximo mês, um atrativo a mais vai redirecionar os olhos para o pedaço mais plural da Europa: Londres recebe as Olimpíadas de 2012 e estampa de vez sua estética na retina do mundo. O fotógrafo Fábio Pina visitou a cidade em uma de suas passagens pela Europa e registrou alguns desses aspectos tão marcantes por meio de sua abordagem pessoal. Não é a primeira vez que Fábio lança mão do olhar de estrangeiro sobre outro lugar. No ramo há 14 anos e com passagem por diversas áreas da fotografia (como fotojornalismo, publicidade e »»»
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registro de eventos e moda), o profissional exercita a subjetividade do seu modo de observar quando viaja. Ele já fizera o mesmo na “Cidade-Luz”, cujos ângulos registrados por suas lentes resultaram na exposição “Impressões de Paris”, realizada na Feira Pan-Amazônica do Livro em 2009. Porém, como a ida à capital da Inglaterra foi motivada por outra paixão, o ensaio apresentado nas páginas da Leal Moreira não havia sido planejado. “Fui para assistir a um show. Eu não sabia o que vinha pela frente”, relembra. Porém, o momento de lazer foi ofuscado pelo instinto de guardar, em imagens, o que lhe chamasse a atenção. “Quando o fotógrafo está de férias, continua fazendo o que faz no trabalho: fotografando”. Como sua relação com o estilo londrino era de desconhecimento (“as coisas pinceladas pela mídia eram as únicas referências que eu tinha”, conta), Pina acabou optando por um itinerário tradicional. “A cena underground e a noite londrina foram uma grande lacuna nessa minha viagem. Acabei fazendo um roteiro muito típico de turista mesmo”. Curiosamente, estar na condição do visitante habitual fez com que ele se permitisse observar o seu redor de uma maneira peculiar, conseguindo enxergar, em meio aos cenários de cartão-postal, as sutilezas que os ressignificariam. “A diferença é que, quando olho um prédio, uma praça ou um ponto turístico tradicional, não procuro fazer o que já foi feito. O olhar não é esse”. Para adquirir o tal do olhar próprio, explica, não é preciso muito, basta atentar ao que normalmente é posto na conta do banal, do cotidiano, do irrelevante. “Ver detalhes da arquitetura, incluir pessoas que humanizem o espaço, dando referências dos costumes. Quando isso não é possível, o ideal é encontrar o enquadramento mais marcante, ou seja, um ar de novidade ao que já foi visto e fotografado milhões de vezes”, ensina. Dessa forma, tudo é fotografável se quem comanda as lentes sabe a maneira certa de »»»
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enxergar. E o melhor: quem determina essa maneira certa é quem tem a câmera na mão. “Tudo de novo que surge à sua frente oferece um incrível potencial”, resume. Priorizar a essência dos pontos por onde passou fez com que Fábio abrisse mão de um equipamento rebuscado demais – o que dificultaria suas andanças pela cidade e, de quebra, produziria um resultado artificial. Assim, ele optou por um material reduzido que conseguisse captar o que houvesse de mais delicado sem minimizar a dimensão dos ambientes que, de tão famosos, estão presentes no imaginário coletivo do mundo inteiro quando se trata de Londres. “Usei três lentes no máximo, um flash e um mini-tripé. Só isso já dá um resultado muito bacana nas fotos, pois se consegue captar a imensidão dos locais”. Esse jeito meio mochileiro de fotografar possibilitou a Fábio experimentar uma sensação de proximidade em relação à população. “Fiquei surpreso com a receptividade
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das pessoas ao serem fotografadas”, diz, emendando em uma análise da segurança nas capitais europeias: “Nos lugares em que estive, vi diversos turistas e outros fotógrafos andando com suas câmeras profissionais até tarde da noite, em locais de pouco movimento, de forma tranquila, sem preocupação com assaltos e furtos”, observa. Ironicamente, o único aspecto que o incomodou durante a produção deste ensaio foi justamente o espírito da segurança londrina. “Me senti vigiado. Tive medo de ser abordado por um guarda querendo saber para quê eu estava fazendo aquelas fotos”, diverte-se o fotógrafo. Do charme da plural Londres, Pina destaca a convivência pacífica entre modernidade e tradição: “prédios seculares, alguns tão antigos quanto nosso próprio país, vizinhos de edifícios futuristas, como a famosa roda gigante London Eye... esse é o ponto mais marcante”. Convivência, aliás, é a palavra-chave para compreender uma cidade tão tolerante consigo mesma, adjetivável de maneiras opostas considerando onde quer que se olhe. Ao se permitir observar sem pressa todos os contrastes por ângulos novos, pode-se concluir, como o próprio fotógrafo resume de maneira simples e definitiva (conformeseu próprio trabalho) : “Londres é uma surpresa”.
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entrevista
A paraense Larissa França celebra mais de cem tĂtulos. O maior e mais esperado deles, entretanto, pode vir durante os jogos olĂmpicos de Londres
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Alan Bordallo
divulgação
Experiência e maturidade
Larissa França sabia o que queria ser desde cedo e tanta maturidade foi determinante na condução da carreira no vôlei. Segura e mais preparada do que nunca, ela fala da ansiedade e perspectivas para as Olímpiadas de Londres.
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uando criança, a hiperativa Larissa França dividia o tempo de sua manhã entre os treinos de basquete, handebol e vôlei - só o tempo da tarde escapava por causa do compromisso no colégio. A mãe até reclamava, mas não tinha jeito. “Mãe, eu gosto de jogar”, dizia a menina, que já parecia ciente de que sua vontade e paixão pelo esporte a ajudariam a realizar um sonho. A baixa estatura e o fato de morar em Belém - distante dos lugares onde os melhores campeonatos aconteciam - não foram empecilhos para constituir, ao lado de Juliana, a dupla mais vitoriosa do vôlei de praia brasileiro, com a marca de mais de 100 títulos conquistados. Falta um, porém. O grande favoritismo para conquistar o ouro nas Olimpíadas de Pequim acabou quando a parceira Juliana sofreu uma lesão no joelho às vésperas dos Jogos. A uma semana do início da competição, Larissa formou dupla com Ana Paula, mas a falta de entrosamento as tirou do pódio. Agora, com Londres já à vista, a atleta paraense prefere viver um dia de cada vez, forma prudente de conter a ansiedade para que o título não vire uma obsessão. “A contusão da Juliana nos deu ensinamentos que garanto que medalha nenhuma daria”, argumenta, convertendo até a frustração em conquista. A experiência e maturidade adquiridas, além de um ciclo olímpico extraor-
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dinário de oito anos, fazem Larissa crer que hoje a dupla pode ser tão - ou até mais competitiva do que há quatro anos. Nesta entrevista para a revista Leal Moreira, a atleta paraense fala sobre o aprendizado de uma carreira vitoriosa, da perspectiva para Londres em comparação com o Rio2016 e até da saudade da chuva e do cheiro de terra molhada que, para ela, só Belém tem. Como administras a ansiedade a poucos dias dos Jogos Olímpicos de Londres? Pois é, né? A gente teve um aprendizado muito bom em 2008. A gente viu que essa ansiedade toda, esse querer, às vezes, atrapalha. A gente aperta muito, sente na mão e escapa. A experiência em 2008 com a contusão do joelho da Juliana nos deu alguns ensinamentos que, te garanto, medalha alguma daria. Estamos usando isso esse ano. Não pensamos tanto nos Jogos. Lógico que é um ano especial e importante, todos focam nas Olimpíadas. Mas temos tantos campeonatos antes, temos o circuito brasileiro, o circuito mundial. A gente está se preparando bem para esse campeonato mundial, porque é ali que a gente pega confiança, pega credibilidade com os adversários para chegar bem às Olimpíadas. Estamos controlando bem, tentando fazer desse ano mais um ano como tantos outros em que jogamos e »»»
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“Tem oito anos que a gente se prepara para jogar a Olímpiada [...] adquirimos maturidade e confiança”, afirma Larissa. fomos campeãs. A gente sabe que, se estiver bem, a gente vai chegar bem lá. E vamos esquecer um pouco porque, do contrário, a ansiedade bate, a insegurança bate. Todos falam o tempo inteiro sobre isso: amigos, familiares, fãs, patrocinadores, então tem que esquecer um pouquinho ou realmente a ansiedade fica gigante. Essa serenidade com que tratas os Jogos é mostra que a frustração por não ter correspondido ao favoritismo de 2008 foi superada? Claro. A gente já joga há muito tempo, né? Acho que somos a única dupla que se prepara há oito anos para uma Olimpíada. A gente teve o primeiro ciclo olímpico, de 2004 a 2008. Treinamos por quatro anos e não pudemos ir. E agora tivemos o segundo, de 2008 até hoje. Tem oito anos que a gente se prepara para jogar a Olimpíada. Jogamos há muito tempo juntas, e adquirimos maturidade, confiança. Isso [a lesão de Juliana] foi superado. Sabemos que a nossa dupla é forte. Depois de 2008, fomos campeãs mundiais em 2009, 2010 e 2011. E isso nos deu muita confiança de saber que podemos chegar lá e ser o mesmo time competitivo de 2008, com a mesma chance de medalha ou até mais, por ser um time mais maduro.
Quais são as competições até as Olimpíadas e como é a preparação para elas? Olha, o Brasil beneficia os atletas em relação a outros times e países: temos um clima que favorece muito, é sol o ano inteiro. Moro em Fortaleza e consigo treinar numa boa. Não tem frio, não tem neve, não tem nada que impossibilite a gente de treinar. E o Brasil tem um dos melhores circuitos de vôlei de praia do mundo. Pegamos um ritmo de jogo bom. O circuito começa em janeiro e paralisa em abril, quando jogamos até maior o mundial, no período do verão europeu. São 12 etapas do circuito mundial, que vai até agosto, setembro. Depois voltamos para o brasileiro de setembro a dezembro. É um calendário extenso, são 25 competições no ano. Estamos sempre jogando e isso é bom para a gente. Dá ritmo de jogo e nos coloca à frente de outros países. E nosso treino é diário; é nossa profissão. Independente do número de competições, treinamos de seis a oito horas por dia. A parte física fazemos de 7h30 as 9h30. À tarde, fazemos a parte técnica, de 15h30 às 18h. Depois, temos fisioterapia, massagem, a parte de vídeos, psicólogo. É um trabalho que envolve muitas coisas. Dedicamos de seis a oito horas por dia ao vôlei. »»»
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Apesar de observar um movimento crescente de apoio e profissionalização, a atleta diz que é preciso haver mais mobilização
Recentemente, vocês alcançaram a marca de 100 títulos na carreira. Quando você decidiu jogar vôlei de praia imaginava alcançar uma marca tão expressiva? Olha, eu pensava primeiro em poder jogar, porque não sou muito alta (1,75 metro), sou do Norte e, morando em Belém, pensava se teria chance. Quando recebi o convite (para treinar em Fortaleza), fiquei muito feliz. Vim para me dedicar a ser jogadora, mas nunca imaginei essa marca toda, conquistar 100 títulos, bater os recordes que batemos, ser campeã do mundo tantas vezes. Isso é um orgulho realmente. A gente sabe que vencer no esporte é muito difícil. A gente tem muitos atletas e poucos são vitoriosos. E eu me sinto muito orgulhosa por ser vencedora. E também por ser exemplo para as pessoas, já que o esporte é saúde, educação. É sinônimo de coisas boas. Falando sobre o exemplo, qual o papel dos ídolos para os Jogos do Rio de Janeiro em 2016? Você já pensa nesses jogos? Acho que é um passo a passo. Tudo temos que conquistar aos poucos. Na Olimpíada passada, a gente teve o aprendizado de pensar no hoje e ir devagar, porque posso não estar no amanhã. Penso muito em Londres. Sei que a Olimpíada no Brasil vai ser muito importante, vai deixar um legado muito grande para muitas pessoas, instituições, patrocinadores, eventos. Eu espero que realmente tenha esse alcance e que forme muitos atletas, que as pessoas pratiquem mais, entrem no esporte. Mas ainda tem muito tempo até lá; obviamente, vamos fazer um trabalho para isso. Primeiro, vamos finalizar o trabalho desse ano. Quais as deficiências no incentivo ao esporte e como o Brasil pode chegar a 2016 como uma potência olímpica? Acho que o Brasil já tem evoluído bastante. Temos vários projetos que vão trazer mudanças para esse novo ciclo. Acho que, no passado, já houve deficiência maior. Hoje, temos iniciativas,o vôlei de praia como matéria escolar é uma delas. Ensinar dentro de escolas e universidades é
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bom. Mas o grande problema que acontece e persiste é o patrocínio. A gente precisa de estrutura, de ter apoio para formar grandes campeões. Para ter bons atletas, precisamos da profissionalização, não dá para ser atleta e administradora, professora ou jornalista. Tem que ser só atleta e, para isso, é preciso ter um “ganha-pão”. No Brasil, é possível perceber que esse movimento tem crescido com clubes e projetos. Mas ainda precisamos de uma mobilização maior de empresas para que patrocinem bem o esporte. Qual a importância do Pará no início de sua carreira? Aí foi o início de tudo. Acho que a oportunidade que tive em Belém de começar a jogar me fez ser o que eu sou hoje. Minha inicialização, o que passei, foi muito importante. Jogo desde os 10 anos, quando morava no interior e sempre tive vontade de treinar e fazer as coisas. Eu acordava as 5h30, treinava das 6 ao meio-dia. De 6 às 8h jogava basquete, de 8 às 10h jogava handebol, de 10 ao meio-dia jogava vôlei. Minha mãe reclamava e eu dizia: “mãe, eu gosto de jogar”. Depois, almoçava e ia pro colégio. Quando tive a proposta de vir para cá, continuei nesse ritmo. De 6 às 11h, treinava com iniciantes e depois com o masculino porque achava que só ia melhorar se treinasse com alguém muito melhor que eu. O que você faz, volta, e acho que me dediquei bastante. Meu empenho me levou ao que sou hoje. Qual o programa que consideras obrigatório quando vens à Belém? Gosto muito de estar com a minha família. Passo muito tempo longe. São muitas viagens e sempre estou longe em datas comemorativas, aniversário da minha mãe, meu aniversário. Quando estou em Belém, gosto mesmo de estar em casa, ver aquela chuva, sentir aquele cheirinho de terra que só tem aí e ficar em casa com a minha mãe, tomando cafezinho, conversando. Sinto muita saudade da minha família.
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OLIMPÍADAS 2012. NOSSOS CORAÇÕES VÃO A LONDRES JUNTO COM O BRASIL.
horas vagas • cinema DVD
GAME OF THRONES
DICA
Baseado na bem sucedida série de livros de fantasia “A Song of IceFire”, de George R.R. Martin, o novo e extraordinário drama da HBO ganha vida e chega às casas de seus milhares de fãs, em todo o mundo. Ambientada em um mundo onde os verões se estendem por décadas e os invernos podem durar uma vida inteira, o telespectador é convidado à mergulhar em um universo de paisagens distintas, chegando à Muralha do Gelo, que protege o reino do mal, e ao confronto que envolve famílias dos Sete Reinos. O objetivo é se apoderar do Trono de Ferro, em uma luta constante. Imperdível!
DESTAQUE FAROESTE CABOCLO Uma música na cabeça e cinco anos de estrada. Adicione à essa receita um diretor apaixonado por Renato Russo e um elenco impecável. Esses são alguns dos ingredientes do longa “Faroeste Caboclo” [com a direção de René Sampaio] que leva às telas a saga do personagem João do Santo Cristo, cantada pele próprio Russo em um dos maiores sucessos da Legião Urbana. O filme conta a história de um brasileiro, o “tal” João do Santo Cristo, que deixa sua cidade natal e se muda para a capital federal em busca de uma vida melhor. Ao contrário dos sonhos, em Brasília, ele encontra a miséria e o crime, mas também descobre o amor nos braços de Maria Lúcia.
Os embalos de sábado a noite Trinta e cinco anos já se passaram, mas a energia permanece a mesma. Marco de uma época e de costumes, o filme conta a história de Tony Manero (John Travolta), um jovem do Brooklyn que tem um emprego medíocre em uma loja de tintas. Mas é nas pistas de dança que a vida dele ganha brilho. Com uma trilha sonora contagiante, assinada pelos Bee Gees, “Os Embalos de Sábado à noite” é uma boa pedida (o filme rendeu continuações, mas sem muita ênfase). Em edição comemorativa, remasterizada, ele volta às lojas. Difícil vai ser ficar parado (e sentado) no sofá.
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CLÁSSICOS
55 anos de “O Sétimo Selo” O cenário não podia ser mais sombrio: Europa, século 13. O continente, devastado pela Peste Negra, é cenário de uma improvável disputa. Antonius Block (Max Von Sydow) retorna das Cruzadas e encontra sua vila destruída pela doença. A Morte aparece para também levá-lo, mas o cruzado se recusa a morrer e propõe, então, uma partida de xadrez. Um clássico do cinema. A versão em Blu Ray traz entre os extras o ótimo documentário A Ilha de Bergman, sobre a vida e obra do artista.
INTERNET
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Filme B Definido como o “maior e mais completo portal sobre o mercado de cinema no Brasil”, o site “Filme B” é especializado no mercado de cinema no Brasil. Semanalmente, são informados os resultados das bilheterias dos fins de semana no Brasil e nos Estados Unidos, além de estatísticas e análises de comportamento da indústria cinematográfica. Referência para a imprensa nacional e internacional, o boletim já se tornou um veículo para consulta de dados e pode ser acessado por meio de uma assinatura anual. O portal traz ainda o Database Brasil, banco de dados anual com os resultados finais do setor cinematográfico no país ano a ano, desde 2000 até 2008. Vale conferir: http://www.filmeb.com.br/
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horas vagas • música
Ele é dono de uma voz marcante e vigorosa. Junte a essas qualidades convidados igualmente inesquecíveis e terá um resultado primoroso: Duets II é a celebração dos 85 anos de vida de Tony Benett e o presente quem ganha é o fã de boa música. Grandes nomes como Norah Jones, Michael Bublé, Aretha Franklin, Alejandro Sanz e saudosa Amy Winehouse são algumas das estrelas que figuram no setlist. A promessa é encantar até o último minuto. Você vai se emocionar com “Body and Soul”, dueto especial com Amy – a última gravação em estúdio da artista. Benett coleciona, em suas quase nove décadas de existência, mais de 100 álbuns lançados, 15 prêmios Grammy, 2 prêmios Emmy e uma estrela na calçada da fama de Hollywood. Os extras trazem interessantes comentários sobre o processo de gravação.
Tony Benett Duets
DICA
VÍDEO
CONFIRA
Golden Grrrls
B.B King no Brasil Aos 86 anos e com disposição de sobra, B.B King, a lenda viva do Blues, volta ao Brasil para uma nova turnê. Serão cinco shows no país. O primeiro está agendado para 29 de setembro, no Rio de Janeiro. No dia 2 de outubro, o cantor e guitarrista se apresenta no Teatro Guaira, em Curitiba. Em São Paulo, B.B. King fará shows nos dias 5, 6 e 7 de outubro. Nessa última etapa, ele toca no Via Funchal (dias 5 e 6) e no Boubon Street Music Club (dia 7).
Para quem gosta de indie pop (diminutivo de independent, a expressão designa músicos, produtores e artistas que ainda não tem contratos de press and distribution, impressão e distribuição), o trio Golden Grrrls é uma excelente pedida. O lançamento mais recente desses escoceses é o single com duas canções: “New Pop” e “The Red Sea”. O grupo ainda tem mais material (lançado exclusivamente na web). Vale a pena procurar: www.myspace.com/goldengrrrls
INTERNET
CLÁSSICO
Allmusic Complete Eric Clapton Lançado juntamente com a biografia do músico, em 2006, o CD (duplo) Complete Clapton fornece a trilha sonora para uma viagem de décadas de abrangência. Ao longo dos dois CDs, é possível perceber o progresso de Clapton, que transitou do inovador blues-rock psicodélico, passando pelo Cream, Blind Faith, Derek and the dominos, chegando à prolífica carreira solo. Clapton é pessoalmente responsável por verdadeiros cânones do rock clássico e todas as melhores faixas estão nesse CD, simplesmente indispensável aos ouvidos e à qualquer coleção. Os principais singles do músico, de 1966 a 2006, estão nessa coletânea. www.revistalealmoreira.com.br
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Uma fonte de informação sobre música: o “allmusic.com” reúne biografias e resenhas, além de ter listas completas sobre próximos lançamentos. Vale salvar nos “favoritos”. http://www.allmusic.com/
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horas vagas • literatura
DICA
A foto/frame do vídeo “Rumo ao Farol” (2007) (seção “horas vagas - Literatura/RLM32) é de autoria da fotógrafa Danielle Fonseca
GETÚLIO 1882 a 1930: Dos anos de formação à conquista do poder
DESTAQUE
LANÇAMENTO
Getúlio Vargas (1882-1954) é um mito controverso. O presidente é a figura histórica sobre a qual mais se escreveu no Brasil, mas, até então, não havia até agora uma biografia completa, de cunho jornalístico e objetivo, que procurasse reconstituir em minúcias a trajetória pessoal e política do protagonista, do modo mais isento possível. Até então. O mérito é do jornalista cearense Lira Neto, que se debruçou sobre centenas de documentos, na busca de suprir lacunas da própria história brasileira. O resultado é primoroso e resultou nesse primeiro volume (de três livros) de uma grandiosa biografia sobre Getúlio Vargas. Companhia das Letras.
CLÁSSICO
A carne e o sangue A historiadora Mary del Priore volta à lista dos mais vendidos, com “A Carne e o Sangue. A Imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a Marquesa de Santos” (Editora Rocco), recém saído do “forno”. O livro traz os quentes bastidores do Brasil Império: o coração dividido de Dom Pedro I, que tentava se equilibrar entre a protocolar Imperatriz Leopoldina e a fogosa Domitila de Castro do Canto e Melo, a marquesa de Santos. Nessa mescla de sentimentos confusos e uma política igualmente complicada, Mary del Priore retrata o triângulo amoroso que escandalizou a então insipiente sociedade brasileira. Destaque para os trechos de cartas da imperatriz e do imperador.
The Stanley Kubrick Archives Este é o primeiro livro que explora os arquivos do Stanley Kubrik e também se revela ser o mais amplo e compreensivo estudo do cineasta. Em 1968, quando perguntado sobre o significado metafísico de “2001 – Uma odisseia no espaço”, ele respondeu: “não é uma mensagem que eu tenha desejado transmitir com palavras. ‘2001’ é uma experiência não-verbal. Tentei criar uma experiência, uma experiência visual(...)”. A filosofia por trás da 1ª parte do livro “The Stanley Kubrick Archives” é emprestada de sua linha de pensamento. Uma experiência completamente não-verbal. A segunda parte do livro traz à vida o processo criativo do cinema de Kubrick, apresentando uma notável coleção dos seus arquivos, incluindo fotografias, adereços, cartazes, obras de arte, conjunto de desenhos, esboços, correspondência, documentos, roteiros, rascunhos, notas e horários de filmagens.
O Trono do Sol S.L. Farrell O universo da fantasia na literatura nunca mais foi o mesmo desde que Peter Jackson levou “O Senhor dos Anéis” para o cinema. Desde então, convivemos com personagens que vivem em guerra, em uma busca incessante por paz e equilíbrios entre mundos invisíveis. Eis que chega mais uma obra do gênero: “O Trono do Sol”, de um estreante S.L. Farrel, apadrinhado por ninguém menos que George R.R Martin. Esse é o primeiro dos três livros da saga. O cenário é a cidade de Nessântico, tão grande e próspera que rebatizou o próprio país com o mesmo nome. A líder da cidade, Marguerite Ludovici, convive com a inveja dos governantes dos domínios vizinhos, que tramam para derrubá-la do “trono do sol”, como o lugar é conhecido. Uma narrativa entremeada de trajetórias paralelas, que se encontrarão e serão determinantes à luta pelo poderio do reino.
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CONFIRA V de Vingança Em 2006, a Panini lançou uma edição especial da graphic novel “V de Vingança”, de Alan Moore e ilustrada por David Lloyd. À época, a publicação aproveitava para pegar carona no filme homônimo (e baseado na obra), que estreava nos cinemas. Entretanto, a tiragem esgotou e a obra, desde então, encontrava-se fora de catálogo. A Panini lança uma nova tiragem do álbum. A nova edição de V de Vingança terá 304 páginas, formato 17 x 26 cm e custará R$ 24,90. Ambientada em uma Inglaterra de um futuro imaginário, que se entregou ao fascismo, a história captura o clima sufocante da vida de seus habitantes. Até que o inesperado acontece: o sopro de revolução acontece. A graphic novel apresenta uma poderosa e aterradora história sobre perda de liberdade e cidadania em um mundo bem possível. V de Vingança permanece como uma das maiores obras dos quadrinhos e o trabalho que revelou ao mundo seus criadores, Alan Moore e David Lloyd.
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Perguntas bem feitas são mais da metade da resposta. Especialmente em automação e home theater. Programa de relacionamento para especificadores: www.homexperience.com.br Belém - PA Travessa Dr. Moraes, 118 - Nazaré - (91) 3230-0605
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horas vagas • iPad
Real Racing2 HD Real Racing2 HD oferece a experiência de corrida mais realista disponível para iPad: conteúdo e funcionalidades avançadas, gráficos e jogabilidade para tirar o máximo proveito que o iPad é capaz de oferecer. Real Racing2 HD para iPad agora tem mais modos de jogo. Fique atrás do volante para uma corrida rápida, ou siga como novato para ser o campeão do mundo na grande Career Mode. Dispute frações de segundo no Time Trial e participe de campeonatos on-line, ou desafie seus amigos e rivais no Multiplayer Local ou on-line via Game Center.Ele é otimizado para iPad com veículos e ambientes cuidadosamente detalhados, bem como seu excepcional desempenho gráfico e efeitos de som em 3D. Corra através das florestas, circuitos beira-mar e desertos escaldantes com o rugido do motor e do som de uma multidão em seus ouvidos! Enfrente variações de superfície, incluindo asfalto, grama, saibro e chicanes que afetam a velocidade, agilidade e manuseio do veículo Real Racing2 HD é a experiência de corrida mais divertida e realista sobre o iPad, e, se voce possuir um adaptador HDMI para ipad ( vendido separadamente), poderá ter toda essa experiencia em sua super TV de LED, ja que esse aplicativo permite o chamado “espelhamento”, quer dizer, tudo que se vê no iPad, pode ser visto simultaneamente na TV. Custo: US $ 6,99
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Offline Pages Os que possuem iPad com Wi-Fi/3G têm a facilidade de ter conexão de internet a qualquer momento (ao menos teoricamente). Mas quem possui o modelo só com conexao Wi-Fi, tem a limitação de poder acessar somente uma página na internet quando se está em casa ou no trabalho, já que são limitados os pontos de internet aberta. E é para essas pessoas que existe este aplicativo. O Páginas off-line é gratuito e permite fazer download de páginas e exibí-las em seu iPad mais tarde, mesmo que você não tenha uma conexão de internet. É realmente muito fácil utilizá-lo. Primeiro, abra o aplicativo no seu iPad. A interface é simples. No topo, há uma barra de URL onde você pode navegar até a página que você deseja salvar. Uma vez que você encontrou, você pode tocar no botão logo à direita da barra de URL (a seta para baixo na caixa de opções) salvando-o para ver mais tarde. Um pequeno ícone vermelho aparecerá sobre o botão, à esquerda da barra de URL, indicando que ele está sendo salvo. Depois que o ícone desaparecer, você pode fechar com segurança o aplicativo e ir a qualquer lugar, sabendo que a página foi salva. Uma vez arquivada, para visualizar a página, basta tocar diretamente no botão da esquerda da barra de URL (a caixa com os documentos nele) e suas páginas salvas serão listadas. Para visualizá-los, é só tocar. Custo: US $ 4,99
iPhoto A Apple aproveitou o lançamento do Novo iPad para apresentar seu gerenciador oficial de imagens para o sistema iOS 5. Além de armazenar as fotos em álbuns bem organizados, o programa traz uma série de filtros e ferramentas de fazer inveja a outros aplicativos presentes na App Store. Dentro do iPhoto, os álbuns não são apenas galerias de imagens que funcionam como pastas em um PC, por exemplo. Eles se parecem com os reais, oferecendo opção para o posicionamento das imagens e comentários. Outra vantagem é que tudo pode ser armazenado no serviço em nuvem da Apple, o iCloud. Por ser um dispositivo da criadora do iPad, ele utiliza diversos recursos do iOS que ainda não foram tocados por muitos rivais, como a impressão AirPrint e a transmissão de imagens para a TV com ajuda da Apple TV. Sem dúvida, esse é o melhor aplicativo para a organização e edição de fotos em um tablet. Vale cada centavo investido. Obs.(o aplicativo não dá suporte para iPad 1º geração) Custo: US $ 4.99
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Google Earth Há um bom tempo disponível para iPhone e iPod Touch, o Earth recebeu muitos novos recursos em sua atualização para a nova versão. O app ganhou uma versão nativa para o iPad, completada com uma nova barra de ferramentas, um campo de busca e opções de camadas para você escolher exatamente os tipos de informação que quer ver enquanto “voa” por aí. Para quem ainda não conhece, o Google Earth traz fotos de satélite de várias partes do mundo, permitindo conferir de perto fotos da rua da sua casa, ou mesmo atrações turísticas, como o Ver-o-Peso, a maior feira livre a céu aberto, localizada em Belém. Na versão para iPad, o aplicativo ganhou uma Road Layer (algo como camada de estrada) que funciona no iPad e no iPhone. Esse é uma adição às opções de camada já existente, como Places, Businesses, Panoramic Photos, Wikipedia, Borders e Labels e Terrain. O “Google Earth” está disponível em português. Custo: Free
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Gigante pela
própria
desnatureza
Ás vezes, fico observando a cidade de São Paulo, nas suas mais diversas e específicas nuances e me pergunto qual a razão de ser de um lugar assim tão grande e tão denso. Para onde caminha esta humanidade e esta enorme desumanidade? Para onde vai este mega aglomerado humano, que gera uma insana confusão de prédios, de ruas, de viadutos, de túneis, de automóveis, de fumaças, de vontades, de interesses, de problemas e de soluções? Falo de São Paulo porque é a cidade que está no meu país, cidade que conheço mais, embora ainda a conheça muito pouco. Se é que alguém pode conhecê-la bem. Mas poderia estar falando de Mumbai, Xangai, Istambul ou Délhi. Estes gigantescos centros urbanos desafiam a inteligência e o rumo humano, a capacidade de inventar, de reinventar, de criar, de viver e de conviver, desenham novas convivências entre pessoas e as relações das pessoas com o dinheiro, com a riqueza, a pobreza, com o trabalho, o meio-ambiente e com a própria existência. São Paulo é um desafio para encontrar sentido em cada gesto de um mundo que, consciente ou ao acaso, ergue este tipo de lugar surreal. Antes de São Paulo, existia o ser humano. A partir de São Paulo, está surgindo o ser urbano. Uma espécie de simbiose que permite vantagens e desvantagens recíprocas. Em São Paulo, as pessoas não vivem na cidade, a cidade vive nas pessoas.Impacta-lhes, interfere em suas fisionomias, em seus sistemas nervosos e amorosos. A cidade intervém vigorosamente no aproveitamento do bem mais valioso que um ser humano pode ter: seu tempo. São Paulo impõe a todos os seus habitantes um comportamento submisso ao seu gigantismo. É a ditadura da aberração. Seja para
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com um dos seus muitos moradores de alto poder aquisitivo, ou um dos seus milhões e milhões de moradores invisíveis, gente com renda muito baixa ou sem renda alguma. A sensação que se tem ao olhar mais atentamente para São Paulo é que a cidade vive muito mais em resolver problemas do que buscar soluções. É uma cidade ocupada e, por vezes, competente e criativa na busca por sanar as dificuldades que seu próprio tamanho descomunal cria. Assim, todos nós sabemos que o trânsito e os transportes coletivos nesta cidade não têm solução que a vista alcance: tem amenização (com maior ou menor grau de eficiência, mas apenas paliativos para conviver com um monstro terrível e crescente a cada minuto). Isto excita São Paulo. E a irrita, com um charme só seu. A experiência humana num lugar como São Paulo é talvez o maior laboratório para o desenvolvimento de dores e delícias que a civilização poderia criar. O que pode explicar tanta gente vivendo apertada, por temores, limitadores e opressores, estimuladores, num espaço tão pequeno (se levarmos em consideração a dimensão geográfica do Brasil)? E mais, o Brasil só tem uma São Paulo. A América do Sul só tem uma São Paulo. Os fatores dos mais diversos foram deixando de lado a ideia de criação de outros centros urbanos que descentralizassem a força econômica, política e cultural da cidade. O que se vê no Brasil é São Paulo cada vez mais influente, comandante, central, arrogantemente São Paulo. Como bem disse o poeta, tudo em São Paulo parece que ainda é construção e já é ruína. Se São Paulo houvesse tido um plano feito no século 18, deveria estar a toda hora fazendo revisões, ajustes e adap-
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tações. Imagine essa cidade crescendo vertiginosamente sem projeto, sem missão, sem valores, sem plano, sem ordenamento? Na verdade, não precisa imaginar, basta tentar pegar um trem, um ônibus, andar por suas ruas de comércio, para sentir na pele, nos olhos, nas narinas, na alma e no coração os efeitos de uma construção improvável, ingovernável, inviável e, por isso mesmo, tão provocadora e geradora de possibilidades. É preciso viver assim? Tanta gente junta, dividindo os mesmos vírus? São Paulo é descomunal. É ajuntamento sem que ninguém consiga estar junto. É a produção e consumo em escala, de comida, de material de escritório, de hábitos, de costumes e falares, já que tudo tem que ser “mais que muito”. Um cafezinho em São Paulo é “zinho” só no nome carinhoso. Um cafezinho é uma enormidade de volumes, de toneladas, de cadeias produtivas e elos de negócios, é um planeta numa xícara. É a cara de São Paulo. A cidade é uma grande fábrica de lições, várias receitas do que fazer e muito mais do que não fazer. Lições para pequenas cidades, para cidades médias, grandes ou megalópoles. Lições para pessoas físicas e para pessoas jurídicas. Lições para pensar o Brasil e para o mundo. São Paulo não é modelo para ninguém, mesmo porque se sente que aqui ainda não existe claramente um sonho feliz de cidade. Existe uma realidade e só. Realidade que a história vai dizer se é boa ou desastrosa. Aqui se tem a sensação de que tudo é possível. O tudo jamais imaginado por qualquer ousado ou lunático empreendedor. Mas uma cidade que faz com que ações aparentemente simples se tornem impossíveis, como conseguir rapidamente um táxi quando chove muito.
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especial
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Guto Lobato
divulgação
Das
HQsàs
telonas
Marcada por orçamentos faraônicos, bilheterias recorde e críticas nem sempre positivas, a relação entre quadrinhos e cinema alimenta a indústria do entretenimento
À
primeira vista, parecem diferentes – opostos até – em sua maneira de contar histórias. São regidos por leis distintas e ganham popularidade entre públicos de gerações e interesses igualmente variados. No entanto, por força do mercado, imposição de fãs ou ambos, os mundos dos quadrinhos e do cinema têm cada vez mais andado de mãos dadas. Para se ter uma ideia, à exceção de 2009, todas as maiores bilheterias da última década contaram com ao menos um filme cuja trama adaptava HQs. Sinal de que, juntas, essas linguagens compõem um filão lucrativo – que tende a ganhar cada vez mais adeptos e ser a principal força motriz das indústrias cinematográfica e editorial. A despeito da qualidade dos resultados, não há como negar a força comercial das histórias de comic books e graphic novels que são levadas à grande tela. Tampouco dá para afirmar que esse processo é recente – o que é novidade na indústria do cinema. De fato, são os orçamentos faraônicos que ultrapassam os US$ 200 milhões, e não a prática de interligar o mundo dos super-heróis e as salas de exibição. Surgidas à mesma época, ao final do século XIX, as histórias em quadrinhos e a linguagem do cinema serviram para sedimentar a indústria do entretenimento ao redor do mundo. De um lado, as tirinhas, desenvolvidas a partir da evolução do desenho jor-
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nalístico, do folhetim, da caricatura e do cartoon básico, com linguagem inovadora e um sem-fim de possibilidades narrativas; de outro, o cinema, que, caminhando junto à evolução tecnológica, levou à prática a produção de imagens em movimento. Com forte apelo popular, ambas desenvolveram uma trajetória de sucesso que, cedo ou tarde, tinha de se encontrar; afinal, desde o ritmo de narração até os enquadramentos e técnicas de texto, há muito em comum entre suas linguagens – difícil é dizer quem copiou quem. A primeira metade do século XX, de tecnologia ainda limitada no audiovisual, foi marcada pela aparição de alguns heróis nas telonas, como Flash Gordon, Batman e Capitão Marvel. Gigantes do segmento editorial, como a Marvel e a DC Comics, logo perceberam que era possível tornar as HQs sucessos na telona – e os estúdios começaram a apostar, meio que timidamente, na ideia. Em 1978, um marco: das mãos de Richard Donner, foi lançado “Superman”, estrelado por Christopher Reeve, que inaugurou a era de superproduções com um cachê (então astronômico) de US$ 3,7 milhões para Marlon Brando e uma qualidade narrativa – finalmente – reconhecida por alguns fãs. O final da década de 1980 também foi emblemático com “Batman” (1989), de Tim Burton – aclamada por crítica e público, a obra, dotada de uma estéti- »»»
Investimento em propaganda é o principal recurso para ampliar bilheterias. Marvel e Disney, por exemplo, gastaram US$ 100 milhões na divulgação de “Os Vingadores”
ca dark, serviu para abrir os olhos (e os bolsos) de Hollywood, que, à época, ainda sofria os efeitos da crise econômica, para a lucratividade do segmento. Tecnologia, negócios e os riscos à inovação Aliadas a tecnologias de animação e efeitos especiais que permitem reproduções cada vez mais fiéis ao original, as HQs passaram a se tornar peça fundamental na indústria do cinema. Com um pé na nostalgia e outro na busca por espectadores, os estúdios têm revirado a poeira e conseguido alcançar um sucesso à base de heróis clássicos, sobretudo da Marvel (comprada pela Disney, em 2009, por singelos US$ 4 bilhões) e da DC Comics.Um diferencial apenas: ao invés de escravas dos estúdios, as detentoras das marcas passaram a ficar à frente do negócio e contar com grandes empresas somentena fase de distribuição. A virada do século XXI foi de lançamentos rentáveis, como “X-Men: O Filme” (2000), orçado em US$ 75 milhões e capaz de lucrar US$ 296 milhões, e o primeiro da trilogia “Homem-Aranha” (2002), que custou US$ 140 milhões e rendeu nada menos que
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US$ 821 milhões. Nos anos seguintes, heróis como Lanterna Verde, Batman, Homem de Ferro, Thor, Capitão América e Hulk foram, um a um, ganhando suas versões – além de obras HQ como Watchmen, V de Vingança, Estrada para Perdição, Sin City e Constantine. Além dos casos clássicos de quadrinhos indo para o cinema, há ainda exemplos inversos, como o da saga “Millenium”, de Stieg Larson – que nasceu na literatura, passou por duas adaptações para o cinema (a mais pop, “Os Homens Que Não Amavam As Mulheres”, realizada por David Fincher, estreou em 2011) e agora deve ganhar versão em quadrinhos ao final de 2012. “É uma fórmula direta para o sucesso. As HQs já têm sucesso e público-alvo há décadas. Ao recorrer a uma história que atrai espectadores sem grande esforço, a indústria do cinema não precisa construir uma marca ou franquia do zero”, diz o produtor pernambucano Frederico Lapenda, 43, que vive desde os anos 1980 nos Estados Unidos. “Além dos lucros altos para os estúdios e produtoras, as editoras também se beneficiam nessa relação. Muitos jovens vão com seus pais e tios ao cinema, conhecem o herói
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Na busca por espectadores os estúdios buscam inspiração nas HQs e despertam a nostalgia de fãs apaixonados
ou franquia e correm para as revistas atrás deles. Isso quando não vão assistir ao mesmo filme várias vezes, levando amigos e familiares.” Com experiência em produtoras como a Paradigm Pictures, da qual hoje é presidente, Lapenda afirma, no entanto, que o casamento entre quadrinhos e cinema não é necessariamente positivo para ambos os lados. “As bilheterias são fortes, as detentoras dos direitos dos quadrinhos reavivam as memórias em torno de seus personagens e marcas, mas, nesse ciclo, uma coisa pode, ironicamente, sair prejudicada: o próprio cinema. Aos poucos, propostas de roteiros novos não são mais aceitas nos grandes estúdios, que se concentram muito mais no lucro. Muitas janelas se fecham com a concentração de recursos nessas superproduções, impedindo a inovação – que é a força que move o cinema”, argumenta. Os investimentos – e os tropeços – do cinema-HQ O trabalho de “enfiar goela abaixo” dos fãs uma versão audiovisual de seus principais heróis e histórias, porém, não é dos mais fáceis. Nem mesmo
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investimentos astronômicos, como os US$ 200 milhões de “Lanterna Verde” (2011), dirigido por Martin Campbell (e que, por pouco, não deu prejuízo, com arrecadação de US$ 219 milhões), são garantia de sucesso. Isso porque é preciso, a um só tempo, investir na qualidade do material, vencer a resistência dos fãs, conquistar críticos e atrair jovens nem sempre habituados aos heróis clássicos. “A questão é que houve um salto de qualidade técnica nas produções, mas não na adaptação. Muitas vezes, perde-se a essência da história original para dar mais peso aos efeitos visuais e especiais”, opina o administrador Marco Antônio Moreira, presidente da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). “Antigamente, os roteiros adaptados estavam mais ligados ao universo HQ, o que hoje nem sempre é possível. O investimento é muito alto e o faturamento se torna imperativo.” A mesma opinião é defendida por Cristiano Seixas, 39, diretor da Casa dos Quadrinhos, escola técnica sediada em Belo Horizonte (MG) que se tornou referência no ensino de artes visuais. “Devido ao medo de um fracasso financeiro, muitos produtores »»»
Franquias que deram lucro no cinema... Superman (1978) Direção: Richard Donner Orçamento: US$55 milhões Arrecadação: US$ 300 milhões
Veja mais
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Batman (1989) Direção: Tim Burton Orçamento: US$ 35 milhões Arrecadação: US$ 411,3 milhões
Blade (1998) Direção: Stephen Norrington Orçamento: US$ 45 milhões Arrecadação: US$ 131 milhões
X-Men: o Filme (2000) Direção: Bryan Singer Orçamento: US$ 75 milhões Arrecadação: US$ 296 milhões
preferem não se arriscar fora da estrutura de roteiro de um blockbuster tradicional. Ainda existe muito terreno criativo vindo dos quadrinhos a explorar”, diz. “Nos últimos anos, muitas adaptações foram feitas sem que houvesse entendimento dos produtores sobre o funcionamento e o universo dos personagens – o filme Mulher-Gato, estrelado por Halle Berry, é o exemplo mais gritante”, exemplifica. Além da busca por um mínimo de fidelidade às histórias originais, para agradar fãs, a solução mais comum para driblar o fiasco comercial é investir pesado em propaganda – sobretudo em mercados emergentes e tradicionalmente lucrativos, como o brasileiro. Um exemplo recente: “Os Vingadores” (2012), dirigido por Joss Whedon. A estreia contemplou um investimento de mais de US$ 100 milhões em divulgação e na exibição simultânea em mais de mil salas no Brasil – maior lançamento da história da Disney e da Marvel no país. Globalmente, o filme arrecadou US$ 218 milhões somente em seus seis primeiros dias de exibição. Na estreia no Brasil, 1,5 milhão de pessoas foram às salas em um único final de semana. Há quem enxergue nas bilheterias não tão chamativas desde o segundo semestre de 2011 – à exceção, claro, de “Os Vingadores” –, que coincidiram com a explosão da crise financeira internacional, um
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Homem-Aranha (2002) Direção: Sam Raimi Orçamento: US$ 140 milhões Arrecadação: US$ 821,7 milhões
Homem-Aranha 2 (2004) Direção: Sam Raimi Orçamento: US$ 200 milhões Arrecadação: US$ 783,8 milhões
sinal de alerta: pecando pelo excesso, Hollywood estaria gastando demais com o cinema-HQ, e o público não estaria reagindo tão bem (veja quadro). Os últimos anos, porém, indicam que ainda há o que explorar nesse terreno. “Os cineastas sempre foram influenciados por todas as mídias, artes e movimentos. Os quadrinhos têm uma linguagem diferenciada, um visual e uma construção de personagens que podem contribuir com novas ideias e tendências, levando o cinema a outros níveis de produção e criação”, argumenta Marco Antônio Moreira. Um velho dilema Estúdios, produtores e – principalmente – fãs sabem, no entanto, que não é apenas de sucesso comercial que se mensura a qualidade de uma adaptação de quadrinhos ao cinema: “Sin City” (2005), dirigido por Robert Rodriguez e baseado na graphic novel de Frank Miller, por exemplo, lucrou em bilheteria o quádruplo de seus US$ 40 milhões de orçamento. O que não o salvou de, após a euforia inicial com suas qualidades estéticas e sua direção cuidadosa, receber diversas críticas de fãs e especialistas, que consideraram a versão audiovisual do universo noir de Miller um tanto exagerada e sanguinolenta. A explicação para a implicância de muitos em relação às adaptações está nos limites de cada for-
Sin City (2005) Direção: Robert Rodriguez e Frank Miller Orçamento: US$ 40 milhões Arrecadação: US$ 159 milhões
Batman Begins (2005) Direção: Christopher Nolan Orçamento: US$ 150 milhões Receita: US$ 372,7 milhões
V de Vingança (2006) Direção: James McTeigue Orçamento: US$ 54 milhões Arrecadação: US$ 132 milhões
Homem-Aranha 3 (2007) Direção: Sam Raimi Orçamento: US$ 258 milhões Arrecadação: US$ 890,8 milhões
O Incrível Hulk (2008) Direção: Louis Leterrier Orçamento: US$ 115 milhões Arrecadação: US$ 235,4 milhões
Homem de Ferro (2008) Direção: Jon Favreau Orçamento: US$ 140 milhões Arrecadação: US$ 585,1 milhões
...E outras que não se saíram tão bem
Mulher-Gato (2004) Direção: Pitof Orçamento: US$ 100 milhões Arrecadação: US$ 82 milhões mato: alguns elementos dos roteiros das histórias em tiras não podem ser adaptados para um filme – e vice-versa. “Daí vem o raciocínio de que a obra original será sempre superior às suas transposições. Por isso, acredito na proposta da ‘transmídia’: cada suporte deve ter sua história específica para o personagem, ao invés de se trabalhar com o mesmo texto no cinema e nos quadrinhos”, opina Cristiano Seixas. No final das contas, é o mesmo dilema enfrentado por outras formas de adaptação, como as literárias: quem vai ao cinema, está à procura de referências que liguem o original à, digamos, “cópia”. E nem sempre Hollywood consegue entrar nos cérebros dos fiéis leitores de HQs para entender suas expectativas. Tanto que, após décadas lucrando em cima de super-heróis e franquias para todas as gerações, ainda deixa lacunas importantes a preencher: “Quem é fã de quadrinho, espera por um filme com o Sandman até hoje”, exemplifica Marco Antônio Moreira. “A saga Incal, do Moebius e do Jodorowsky, daria uma excelente trilogia no cinema”, completa Cristiano Seixas. A visão de Frederico Lapenda, no entanto, é mais reticente: “Com US$ 200 milhões, os estúdios podiam dar chance a outros projetos e produzir uns 100 filmes de baixo orçamento”.
Novos filmes Cowboys & Aliens (2011) Direção: Jon Favreau Orçamento: US$ 163 milhões Arrecadação: US$ 178 milhões
Homem de Ferro 3 Previsão: maio de 2013 Thor 2 Previsão: novembro de 2013 Capitão América 2 Previsão: abril de 2014
Lanterna Verde (2011) Direção: Martin Campbell Orçamento: US$ 200 milhões Arrecadação: US$ 219 milhões
O espetacular Homem-Aranha Previsão: julho de 2012 Batman – O Cavaleiro das Trevas ressurge Previsão: julho de 2012
Conan, o Bárbaro (2011) Direção: Martin Campbell Orçamento: US$ 90 milhões Arrecadação: US$ 48,8 milhões
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Superman – Man of Steel Previsão: 2013
equipe sonho A
Nara Oliveira Consultora empresarial
eo
A capacidade de gerar bons resultados está dire-
desperdice tempo e energia em situações e discus-
tamente relacionada ao nível de motivação do grupo
sões que não levam a nada, mantendo o foco no
e à força do time, fatores esses interdependentes.
que realmente importa: os objetivos da empresa e
Uma empresa estruturada, com salários competiti-
do departamento. É precisamente isso que une as
vos – à altura do mercado – com um ambiente res-
pessoas.
peitoso e criativo tem condições de possuir times
É essencial que toda empresa e todo time tenham
motivados que são um forte elemento para a obten-
um sonho grande, que motive as pessoas na bus-
ção de resultados diferenciados.
ca de alcançá-lo. Cada profissional desse time deve
Para se conseguir motivação, o binômio salário-
saber qual a sua parcela de contribuição e deve ser
-benefícios não diz tudo. A possibilidade de desen-
cobrado pelo mesmo. Ser cobrado com respeito
volvimento na carreira é apenas um dos recursos
motiva as pessoas visto que sentem que o trabalho
muito utilizados. Isso não se limita apenas à oferta
entregue é importante. Da mesma forma, dar feeback
de cursos, mas sim a programas de job rotations, à
é igualmente motivador e contribui fortemente para o
coordenação de projetos estratégicos, visitas técni-
desenvolvimento de profissionais de todos os níveis.
cas, programas de MBA, entre outros (e sempre ali-
Ambas ferramentas gerenciais somam para o forta-
nhados com os objetivos maiores do departamento,
lecimento do time: acompanhamento do trabalho e
da empresa, do momento em que o segmento vive).
feedback.
É igualmente importante sempre focar nas com-
Remuneração não é o principal, mas retém tem-
petências que as pessoas já empregam ou aquelas
po suficiente para a empresa envolver o profissional
que existem, porém não plenamente desenvolvidas,
nesse sonho. A maioria das empresas que conheço
ou seja, enfoca-se no que o profissional tem para
comete o erro de administrar benefícios igualmente
oferecer em curto ou médio prazo. Naqueles skills
para todos os profissionais. Assim, um jovem de 24
que nunca foram utilizados e/ou quando a entrega
anos em busca de construir sua carreira recebe os
é diminuta, não se aposta. Provavelmente esse pro-
mesmos itens da cesta que um pai de família de 52.
fissional nunca terá um desempenho maravilhoso.
Customizar a cesta de benefícios tendo em vista as
Dessa forma, o investimento é considerado integra-
necessidades dos colaboradores é fator de motiva-
do e estratégico: alimenta as pessoas e fortalece o
ção.
time.
Motivar as pessoas, investir na formação de um
Contudo, para manter um time unido, nada me-
time forte, ter, divulgar e envolver as pessoas na con-
lhor que um objetivo claro e comum. Objetivos bem
quista do sonho constitui uma receitinha básica para
divulgados e pessoas engajadas na conquista de
a obtenção de resultados diferenciados. O tempero,
metas ligadas aos mesmos fazem com que não se
cada empresa tem o seu e o chama de cultura.
destino
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Daniel Nardin
Arquivo pessoal / Divulgação
Exotismo milenar Praias paradisíacas, templos, esportes radicais, tradições de outras eras – há um mundo inteiro para ser descoberto na pequena ilha de Phuket
D
e dia, tem sol, passeio de barco, águas cristalinas. De noite, tem bares lotados, música de qualidade, frutos do mar frescos. Tudo isso pode ser encontrado com facilidade no litoral brasileiro. Mas, e se você incluir no roteiro passeios de elefante, praias que serviram de cenário para filmes de Hollywood, templos budistas sagrados e, de quebra, a chance de conhecer - direto da fonte - a famosa massagem tailandesa? Atrativos diferentes assim, só mesmo em um dos destinos mais famosos do Sudeste asiático – ainda pouco explorado pelos brasileiros, mas já “descoberto” por europeus e americanos. Com 65,5 milhões de habitantes e centenas de ilhas, uma pequena província no sul do Tailândia é o principal destino turístico do país. O lugar recebe, em média, um milhão de visitantes estrangeiros por ano – mais do que a própria capital, Bangkok. Para efeito de comparação, o Rio de Janeiro recebeu 982 mil turistas internacionais em 2010. E o número de visitantes cresce todos os anos, mesmo após o tsunami que varreu a região em 2004. Phuket (pronuncia-se púkê) é uma das 75 províncias do país e tem no turismo sua principal fonte de renda. Logo na chegada ao excelente aeroporto, dezenas de motoristas abordam os turistas para fazer o trajeto de cerca de trinta quilômetros até a sede da cidade. Na ocasião, eles aproveitam o traslado para vender pacotes de passeios. Evite. Pesquise depois, e com calma. Tal qual o ditado, turista “que come apressado, come cru” e ainda paga caro.»»»
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A ilha James Bond ganhou esse nome após ter servido de locação para “007 contra o Homem da Pistola de Ouro”, de 1974.
Os preços dos hotéis podem assustar à primeira vista. Não saem por menos de cinco mil a diária. Novamente, calma. Um real equivale a 18 a 20 báhts, a moeda local. Logo, um excelente hotel pode sair por cerca de 250 reais. Todos eles oferecem o típico desjejum do sudeste asiático: sopa de lentilha, macarrão com lascas de gengibre, muitas frutas e sucos. Tomar um café da manhã reforçado é o ideal para encarar um dia cheio de atrações. A praia de Patong, por exemplo, é a mais conhecida e próxima, já que fica na principal orla da cidade. Porém, são também bastante frequentadas as praias de Karon, Kata, Nai Harn e Bang Tao. Como o transporte público não é dos melhores, o turista tem algumas opções: alugar van ou tuc-tuc (veículo típico da Ásia) com motorista, pegar um táxi ou ainda locar moto ou carro. A última é a que mais atende aos turistas: o preço é mais justo e o acesso às praias e templos é facilitado pela sinalização. Além disso, alugar uma moto ou scooter não requer habilitação e faz com que o passeio comece bem antes de chegar às areias das praias. Deslizar pelo asfalto, com o vento no rosto e observando as lindas paisagens
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com o mar no horizonte já é uma forma de aproveitar o passeio. Nas praias, os donos de barracas alugam grandes tendas e cadeiras confortáveis. Oferecem drinques com frutas regionais e a cerveja tradicional da Tailândia, a Singha. A areia, fina e branca, possui uma particularidade: depois do tsunami, ficou salpicada com milhares de pequenos pedaços de corais mortos, arrastados pelas ondas gigantes. Além dos redutos famosos, vale uma visita à Paradise Beach, uma praia particular onde o turista paga para entrar (cerca de doze reais o casal), mas, em contrapartida, tem o conforto de não ser importunado por ambulantes. O restaurante local oferece sombras, cadeiras e equipamento de mergulho. Mesmo quem não tem experiência, terá facilidade com o esporte: as águas cristalinas e a baixa profundidade permitem um deslize tranquilo sobre corais, cardumes de peixes coloridos e estrelas-do-mar. Uma boa opção é almoçar por ali mesmo. No cardápio, frutos do mar ainda vivos, guardados numa caixa de isopor com água e, claro, preparados na hora. O destaque é o tiger prawn ou camarão-tigre: São camarões de
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cerca de 15 a 20 centímetros, suculentos, fritos e servidos numa calda de pimenta com cebolinha e alho. Um ponto de parada obrigatória é o cabo Promthep, que proporciona aos turistas uma cena inesquecível: trata-se de um santuário-mirante, com dezenas de imagens de elefantes em madeira. Com o pôr-do-sol, as águas do mar e o céu ficam com uma tonalidade dourada, completando o cenário. Programe ao menos um final de tarde para estar lá. Seja qual for sua religião, não há como estar na Tailândia sem fazer uma visita aos templos budistas. Um dos templos mais conhecidos é o Wat Chalong. Por se tratar de um local sagrado, as mulheres devem usar uma vestimenta especial que cobre o corpo da cabeça ao tornozelo, emprestada às visitantes pelos funcionários. Centenas de imagens douradas dão a clara impressão de andar onde tudo é feito de ouro. O silêncio inspira respeito e do topo do prédio é possível ter uma visão única dos amplos jardins. Ainda nessa linha, outro lugar interessante – apesar de um pouco mais distante - é o Grande Buda. A gigantesca estátua de 45
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metros fica no topo de um dos montes mais altos da cidade, o que garante que a imagem possa ser vista de quase todos os pontos da ilha. Ok, chega de passeio religioso. Afinal, a noite cai e a vida noturna começa na cidade. Patong é o centro nervoso. Pela orla, uma babilônia de sotaques, línguas e fisionomias do mundo inteiro. São muitos restaurantes, e a maioria dispõe aos clientes grandes caixas de vidro com gelo para que ele selecione ali mesmo qual peixe, camarão, lagosta, caranguejo ou ostra vai querer – além de opções menos comuns, como arraia ou carne de tubarão. Os preços são bem em conta. Cada prato para uma pessoa, bem servido, fica em torno de 35 a 50 reais. A orla é também palco para artistas de rua, vendedores de joias, ternos, souvenirs e toda sorte de bugigangas que o dinheiro pode comprar. Ela termina na Bangla Road, uma ruazinha onde começa a vida noturna mais agitada da ilha. Para chegar, basta seguir o barulho. A rua é fechada para carros pela noite. Ao centro, barracas com comidas típicas, bebidas e fritura. Muita fritura. Ao invés de batatas chips, escolha uma casquinha seca e bem »»»
Informações Como chegar Os voos para a Tailândia saem direto de São Paulo, com ao menos uma parada. Dependendo da companhia aérea, a conexão pode ser feita em Istambul (Turquia), Londres (Inglaterra), Paris (França), entre outras opções. O preço direto para Phuket é um tanto salgado (cerca de R$ 4,5 a R$ 5 mil ida e volta). Uma alternativa é optar pelo voo até Bangkok e de lá, es-
Phi Phi Island é uma das praias mais famosas de Phuket e vive lotada de turistas
colher outro voo para Phuket, com preços bem mais em conta (cerca de R$ 2,5 a R$ 3 mil ida e volta). As maiores companhias que fazem o trajeto são Air France, Emirates, Qatar Airways e Turkish Airlines. Conheça mais Para passar até 30 dias na Tailândia, não é preciso visto de entrada. Porém, o país exige o certificado internacional de vacina contra febre amarela. O clima da Tailândia é muito parecido com o amazônico: quente e úmido. Pelo grande número de turistas, é bom fazer reserva nos hotéis com certa antecedência e a alta temporada da região é entre outubro e julho. www.tourismthailand.org/phuket O site oficial do turismo na Tailândia. Excelente para dicas de praias, templos, restaurantes e hotéis. http://www.rockcityphuket.com Site do bar com música ao vivo mais conhecido da Bangla Road. Tem fotos e agenda de shows. http://burasari.com/ Site do hotel Burasari, citado na reportagem. Fotos, mapa e reservas direto pelo site.
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branca. O formato denuncia: é água-viva frita. Para aproveitar a madrugada, são inúmeras opções. O vai e vem de pessoas e a diferença de som de cada casa de show dão a impressão de ter entrado num tubo de ensaio da vida noturna mundial. Destaque para o Rock City, um dos mais famosos da rua. Se for beber, peça o Barril, o drinque exclusivo da casa: é literalmente um pequeno barril de madeira, onde os atendentes colocam algumas doses de cada bebida do bar. Pagando um pouco mais, você pode levar o barril de madeira para casa – que, conta a lenda, serve de travesseiro aos turistas mais animados que acabam dormindo pelas ruas de Phuket na madrugada. Depois de um dia inteiro de atividade, nada melhor que acordar e receber uma massagem para iniciar o dia, não? A massagem tailandesa é uma das técnicas mais apreciadas do mundo. Embora muitas vezes seja confundida com algo erótico, esta não é a regra e nem a essência da arte. Longe disso. É uma tradição milenar do país e todos os hotéis oferecem o serviço, além de centenas de pequenas lojas na cidade. Até mesmo nos shop-
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pings de Phuket existem várias casas de massagem – das tradicionais com óleo, até a fish massage, em que o cliente coloca os pés num aquário, enquanto milhares de pequenos peixes dão rápidas mordiscadas, comendo as peles mortas da perna e dos pés. Com a renovação que a massagem proporciona, o corpo está pronto para mais programação. Um programa imperdível é fazer o passeio de barco até pequenas ilhotas pelo mar, onde surgem cenas ainda mais deslumbrantes. Basta escolher um dos guichês que fica pela rua. A maioria é cadastrada e oferece um bom serviço: carro para apanhar os clientes no hotel, travessia em lancha, visita às praias e baías da região e almoço incluso no passeio, com arroz frito apimentado, frango, peixe e frutas. A parada é necessária, pois a programação começa logo cedo, por voltas das oito horas da manhã e só termina com o pôr-do-sol. Entre as muitas opções, destaque para o passeio à baía de Phang Nga. Nela, estão as praias mais deslumbrantes da ilha de Phuket. Uma delas fica na Phi Phi Island. Você se lembra do filme “A
é um parque que também vem atraindo turistas. O complexo é uma espécie de Beach Park, com apresentações artísticas durante a noite, numa espécie de Cirque du Solei. Vale a visita para assistir a apresentação de danças típicas, show com artistas locais e comida. Muita comida apimentada tailandesa. Antes de ir embora – e se o cartão de crédito permitir – faça uma visita às joalherias da cidade. Ouro, pérolas, rubi, prata em anéis, brincos, braceletes e colares. Tudo que as mulheres amam – e os homens temem. O preço, comparado ao valor cobrado no Brasil, é estimulante. Não importa quantos dias o turista passe na ilha. Sempre vai ficar a impressão de que foi insuficiente. Se não deu tempo de experimentar a culinária ou a massagem, o aeroporto possui lojas com esse serviço para aqueles que querem curtir tudo até o último minuto. Tudo rápido, em sessões de no máximo quinze minutos; ou iguarias no estilo fast-food. Sim, é um banho de cultura do início ao fim. Tradição asiática adaptada ao nosso jeitinho apressado ocidental.
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bbordalogesso@uol.com.br
Tel: 91 8412.2772 Fax: 913224.1203 praia”, estrelado por Leonardo DiCaprio? Pois é, lá mesmo que foi gravado. O local é fascinante: a água cristalina fica com um tom esverdeado por conta da vegetação próxima, e os rochedos altos formam um paredão que dá a impressão de estar numa ilha secreta – tal como a ideia que o filme passa. O único problema é a quantidade de turistas, independentemente da época do ano. Também é com os passeios de barco que os turistas chegam a outro local fascinante: a ilha James Bond. Ali foram gravadas cenas do filme 007 contra o Homem da Pistola de Ouro, de 1974. Paradisíaca, a praia chama a atenção por conta de um enorme pedaço de rocha que emerge da água, cuja base é menor que o topo, num desafio à lei da gravidade. Nesses passeios de barco são feitas paradas para mergulho, com equipamentos inclusos no pacote. A quantidade de corais e peixes impressiona e a limpidez da água facilita o visual. Fora os passeios de barco, existem inúmeros pacotes com trekking, passeio de elefante, bungee-jump e toda sorte de esportes radicais e aquáticos. Recentemente inaugurado, o Phuket Fantasea
enquanto isso
Bursa Bursa detém vários títulos, dentre os quais o de primeira capital do império Otomano e traz consigo toda a herança arquitetônica e cultural do período. A cidade também é referência para o turismo de negócios, pois é a 4ª maior cidade da Turquia, além de ser uma das mais industrializadas, com quatro grandes vilas organizadas, com diversos parques têxteis e automobilísticos. Uma das impressões que tive foi a de que o país todo está crescendo muito e Bursa é um verdadeiro canteiro de obras. Tanto esforço e transtorno têm um objetivo claro de tirá-la da condição de “ultrapassada”. A visão da cidade, completamente branca no inverno ( porém florida e verdejante na primavera), foi, sem dúvida, uma das melhores experiências para mim. A principal mesquita da cidade, Ulu Cami (de 1396), é um dos locais mais visitados e um dos
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meus favoritos em Bursa. Para quem já entrou em uma mesquita, a visita se torna um programa bem mais interessante ao poder compará-la a outras, como as suntuosas mesquitas imperiais de Istanbul. O inteiror é decorado com enormes escrituras árabes, que são consideradas um dos principais exemplos da arte caligráfica Islã. Mesmo sem entender árabe, dá pra perder bons minutos tentando achar algum sentido para as palavras que mais parecem desenhos. Dentre os muitos bazares do centro histórico da cidade, o Koza Han se destaca por ser um dos mais antigos mercados de Seda, em funcionamento desde 1492.O comércio sintetiza e representa bem a época áurea em que Bursa era uma importante estação na rota intercontinental do fino tecido. Possui cerca de 90 lojas e, no centro, há uma pequena mesquita, cercada por algumas ca-
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sas de chá. É um lugar bem típico, e a visita vale à pena. Durante o inverno de dezembro até meados de abril, o frio é intenso e chega a temperaturas negativas. Já na primavera, as temperaturas são mais amenas, e as noites mais agradáveis. Uma curiosidade um tanto mórbida é o grande número de mausoléus, comparados a pequenos monumentos espalhados pela cidade, já que, por aqui, nasceram e morreram muitos sultões do império Otomano e desejaram ostentar mesmo depois de suas mortes. Apesar de ficar apenas a uma hora e meia de Istambul, cruzando o Mar de Mamara, por aqui dá para sentir um ar de Turquia bem mais autêntico do que o da vizinha cosmopolita, o que faz uma curta caminhada pelo centro da cidade ser uma experiência única!
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Amy Lamp Cumprindo a profecia de que os bons se vão jovens, Amy Winehouse morreu precocemente, aos 27 anos. Foram muitas as homenagens póstumas feitas à diva do soul, mas poucas com essa criatividade: os designers da Delightfull criaram uma luminária de luz difusa e regulável para traduzir plasticamente uma das características mais marcantes da cantora – o cabelo negro, penteado no coque extravagante. O abajur de 20 cm tem, no desenho, uma alusão sutil e delicada à britânica, apenas sugerindo o contorno da cabeleira envolto em um arco de ouro fundido. O item está disponível nos modelos de mesa e de pé. Em tempo: a marca homenageou em outros objetos nomes como Frank Sinatra e Michael Jackson.
Marshall Qualquer um que tenha vivido o sonho adolescente de ser um rockstar já ouviu o som ou o nome dos amplificadores Marshall. Nomes como Jimi Hendrix, Pete Townshend (The Who) e Jimmy Page (Led Zeppelin) estão entre os que se apaixonaram pelas caixas, elevando a marca a condições fetichistas. A boa notícia é que, mesmo se você não toca nada, agora já dá para entrar para o clubinho: a Marshall lançou um frigobar no design do amplificador. Fechada, a geladeirinha pode até ser confundida com a caixa de som. A porta é a réplica perfeita do modelo clássico, com peças originais – incluindo os botões de regulagem. Por dentro, é um freezer potente, cujo projeto interno foi feito para receber longnecks e latas. Item perfeito para acompanhar os jogos de air-guitar.
Preço sugerido: 560 euros Onde: delightfull.com/
Prateleira Invisível
Preço sugerido: 299 dólares Onde: marshallfridge.com/
Prateleiras quase sempre são soluções práticas de pouco apelo estético, feitas para encostar objetos que não cabem em cima de balcões, estantes e cômodas. A Prateleira Invisível é uma ideia minimalista e funcional para otimizar os espaços e, de quebra, dar um ar meio lúdico à decoração. Fisicamente, o modelo é muito simples: uma chapa fina de metal com dois ganchos pequenos na parte inferior. A prateleira, assim como as outras, é parafusada na parede (os parafusos estão inclusos). Para dar o efeito de invisibilidade, é só coloca-la junto à contracapa dura de um livro, e prender o mesmo nos ganchinhos. O efeito é surpreendentemente interessante – dá a sensação de que o que está sobre ela está flutuando.
Relógio Líquido
Preço sugerido: 40 reais Onde: kinkyland.com/
Uma das obras mais famosas de Salvador Dalí é o quadro chamado “A Persistência da Memória”, um verdadeiro ícone do surrealismo. A pintura mostra relógios fundidos, derretendo sobre as superfícies. Foi com essa referência que a Inventari criou o Relógio Líquido. É um relógio de mesa normal, mas que dá a sensação de estar “derretendo; derramando-se”. O visual é bem bonito e de imediata identificação com a imagem criada pelo artista catalão. Um bom jeito de trazer para dentro de casa um pouco da arte contemporânea mundial. O item está disponível nas cores preto, branco e dourado. Preço sugerido: 89 reais Onde: inventari.com.br/
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confraria
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gourmet
“O que ensino aos estudantes nas aulas é exatamente o que faço, na prática, na cozinha”, afirma Almir da Fonseca.
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Lorena Filgueiras
Made
in
Brazil
Adepto do Slow Food, o chef brasileiro, que mora há mais de trinta anos nos Estados Unidos, é um dos nomes mais importantes da Gastronomia Contemporânea
O
plano inicial era estudar biologia marinha, motivo que levou o jovem Almir da Fonseca para os Estados Unidos. Chegando lá, para sobreviver, o fluminense (nascido em Campos dos Goitacazes) foi trabalhar no restaurante do chef francês Jacques Arpi. E foi ali, entre fouets, panelas e nomes exóticos, que Almir da Fonseca descobriu sua verdadeira paixão. A primeira experiência – e a que o profissionalizou – durou seis anos. Definitivamente, a biologia marinha ficara para trás. Ao longo dos últimos trinta anos, o chef consolidou seu nome como um dos mais respeitados da gastronomia internacional. Atualmente, é senior chef do Culinary Institute of America. Dificuldades iniciais “Como todo garoto novo em um país diferente, tive dificuldades com a língua e outras coisas, mas, como estava apaixonado pelo novo ofício, trabalhei pesado. Foi como consegui provar que tinha talento e tudo deu muito certo. Tornei-me chef porque adoro o que faço e ser chef para mim não é – nem nunca foi – modismo; é minha vida e minha carreira”, afirma Fonseca. Almir da Fonseca nasceu no Rio de Janeiro, em uma família de fazendeiros de cana de açúcar e gado. “Vim de uma família de bons cozinheiros”, conta. Tamanho vínculo com esse universo e intimidade com a natureza foram determinantes para que o futuro chef seguisse a filosofia do Slow Food, movimento gastronômico que prega o prazer por cozinhar (em oposição à cultura do fast food), por melhores refeições, resultantes de produtos socialmente e ecologicamente responsáveis. Slow Food “No restaurante da CIA, corto minhas carnes, faço as minhas próprias charcuterias. O objetivo é ter desperdício mínimo e, por isso, fazemos tudo: dos pães às sobremesas; o bacon, o chouriço e as salsichas. O que ensino aos estudantes nas aulas é exatamente o
que faço, na prática, na cozinha”, explica. Almir conta ainda que a escola tem horta e jardim próprios. “A cada três meses, faço uma reunião com os jardineiros para plantar o que vou querer servir no meu próximo cardápio. Só uso o que plantamos ou o que vem das fazendas orgânicas e naturais próximas do CIA. Priorizamos o ‘local e sustentável’, respeitando safras. E, quando a temporada de um determinado ingrediente acaba, sirvo outras coisas”. “Cozinhar de forma sustentável é talvez a melhor de proteger produtos maravilhosos que estão, pouco a pouco, desaparecendo... ou pior, estão sendo cultivados, criados de uma forma cheia de química e rápida, de modo a suprir rapidamente a necessidade do mercado e isso não é bom”, defende. Ver-O-Peso da Cozinha Paraense Almir da Fonseca já esteve em Belém algumas vezes. Em todas as suas incursões, o chef veio à trabalho, com a responsabilidade de pesquisar a genuína gastronomia brasileira. Belém sempre esteve incluída nessa rota, que se espalhava pelos quatro cantos do país. Natural que ele fosse um dos chefs convidados para o “Ver-O-Peso da Cozinha Paraense – 2012”. Mais natural ainda que ele encantasse o público, com os pratos elaborados especialmente para um dos jantares beneficentes e com as aulas que ministrou. “Nos últimos dez anos, descobri a Amazônia. Fui a Manaus, Belém, Parintins, Bragança... Me apaixonei e não vejo a hora de voltar aí. Adoro Belém! É uma cidade incrível e o festival foi uma experiência incrível”. E continua – “se me convidarem para o VOP-2013, eu vou!”. Quando questionado sobre o que havia levado na bagagem na volta para os Estados Unidos, o chef ri. “Comprei quilos e quilos de farinhas – especialmente as de Bragança, minhas favoritas – feijãozinho manteiga, cupulate (chocolate feito a partir da amêndoa do cupuaçu), pimentas. E, sempre que estou na Amazônia, quero experimentar todas as frutas locais”.
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Dudu Maroja e divulgação
receita Filhote em crosta de castanha do Pará com molho de camarão selvagem O “Filhote em Crosta de castanha do Pará com molho de camarão selvagem”, prato que o chef Almir da Fonseca oferece aos leitores da Revista Leal Moreira, foi servido – com exclusividade – durante um dos jantares beneficentes do Ver-O-Peso da Cozinha Paraense-2012. “Desfrutem desta receita”, recomenda o chef.
Ingredientes peixe • Peixe Filhote, fresco, • Lombo cortado em pequenas postas quadradas • Limão cortado ao meio e espremido • Pimenta de cheiro em pequenas fatias • Temperos verdes picados alfavaca, chicória, cebolinha) • Azeite de oliva para a marinada • Sal a gosto • Pimenta do Reino a gosto • Azeite de castanha do Pará, para selar o peixe na hora de servir
Procedimento • Corte o filhote fresco em porções de tamanhos perfeitos para uma pessoa; • Misture o suco do limão com a pimenta de cheiro, aos temperos verdes, azeite de oliva, e o sal e pimenta do reino a gosto; • Deixe o peixe marinar nessa mistura por uma hora, até a carne pegar o sabor. • Esquente um chapa • Seque o peixe com toalhas de papel • Banhe o peixe com o azeite de castanha do Pará, sal e pimenta do reino a gosto gosto e cela ate dourado a fora, mais cru a dentro
1 kg 1 1 colher de sopa 2 colheres de sopa ½ xícara
1 xícara
Ingredientes crosta • • • •
Castanha do Pará sem casca e raladas Farinha d’agua tostada Cheiro verde picado bem fino Azeite de castanha do Pará, para tostar a farinha
Procedimento 1/3 kg ¼ kg 1 colher de sopa 2 colheres de sopa
• • • •
Esquente uma panela acima do fogo baixo; Ponha o azeite de castanha do Pará; Ponha a farinha d’agua, e cozinhe até ficar dourada; Apague o fogo, e misture o cheiro verde picado, a castanha ralada, e sal e pimenta do reino a gosto; • Pegue cada porção de peixe e ponha a crosta aos três lados aparentes, cozinhe o peixe no forno até que se obtenha uma crosta dourada e perfeita.
Procedimento
Ingredientes molho • • • • • • • • • • • •
Camarão rosa do Rio (selvagem) Vinho branco Tomate cortado 4 Pimentão vermelho cortado e sem sementes Cebola sem casca e cortada Alho sem casca e socado Temperos verdes picados Cheiro verde picado Tucupi Manteiga de garrafa Farinha d’agua Creme de leite para cozinhar
½ kg 1 xícara 2 1/2 1 colher de sopa ½ xícara 2 colheres de sopa 1 colher de sopa ½ xícara 1/3 xícara 4 xícaras
• • • • •
Em uma panela grande, acima do fogo baixo, ponha a manteiga; Refogue o alho, cebola, tomate e o pimentão até que fiquem macios; Acrescente os camarões, e cozinhe-os até que fiquem rosados e aromáticos; Adicione o vinho branco, e cozinhe por cinco minutos para o álcool evaporar; Ponha os temperos verdes e o cheiro verde, e, de pouco a pouco, a farinha d’agua. Cozinhe até a mistura obter a consistência de um pirão. Cozinhe a fogo baixo por 20 minutos; • Ponha o tucupi ao gosto e o creme de leite. Cozinhe por mais 20 ou 30 minutos para o molho pegar um sabor e uma textura complexa; • Saboreie a gosto com sal e pimenta do reino, e tire do fogo; • Passe o molho pelo liquidificador até que fique bem liso e perfeito, e coa com uma peneira; • Mantenha-o quente até a hora de servir.
Apresentação do prato bre ele, o Para servir, ao centro de um prato atrativo, ponha o molho e, sobre peixe em crosta. Decore a gosto.
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vinho
Vinhos inspiradores
País: Argentina Graduação: 14% Uvas: 75% Malbec, 10% Cabernet Sauvignon, 10% Syrah e 5% Tannat Vinho tinto, de uubi profundo com halo purpúreo. Voluptuoso no olfato, com amoras e frutas vermelhas maduras, chocolate, alcaçuz e fina madeira tostada. Intenso ataque gustativo; volumoso, mantendo distinto frescor. Estruturado por taninos amáveis. Ótima persistência. Detentor de 89 pontos da Wine Spectator.
País: África Graduação: 14% Uvas: 39% Merlot, 21% Cabernet Sauvignon, 15% Shiraz, 9% Cabernet Franc, 9% Zinfandel, 7% Petit Verdot Tinto, de intensa coloração rubi. Desdobra-se em múltiplas camadas olfativas, com frutas negras e vermelhas confitadas, couro, páprica e húmus. No palato, intensidade e volume, ótimo frescor e excelente suporte tânico. Longo desfecho. É considerado um vinho muito versátil à mesa.
País: França Graduação: 12% Uvas: Sauvignon Blanc, Semillon, Muscadelle Amarelo leve com reflexos esverdeados. O branco é seco, macio. Fino, com aromas de flores brancas e frutas brancas. Perfeitamente equilibrado e ideal para acompanhar frutos do mar e peixes grelhados.
País: Chile Graduação: 14% Uvas: 100% Carménère Uvas colhidas à mão, em lotes pequenos e respeito pelo ambiente são só alguns dos muitos cuidados com os quais os vinhos Koyle são produzidos. O Koyle Reserva Carménère é potente e rico de notas de especiarias, nuances vegetais e sem perder o equilíbrio revela taninos aveludados com excelente persistência e típico final amargo. O Koyle Reserva Carménère é potente e rico de notas de especiarias, nuances vegetais e sem perder o equilíbrio revela taninos aveludados com excelente persistência e típico final amargo. O Koyle reserva Carmenere obteve 90 pontos do guru Robert Parker.
Onde comprar: Decanter
Onde comprar: Decanter
Onde comprar: Armazém Belém
Onde comprar: Grand Cru
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Château La Nerthe 2010 AOC Châteauneuf du Pape (Blanc)
Les Combelles 2009 Bordeaux Branco
Tortoise Hill
Amalaya 2010
Koyle - Reserva Carménère 2009 Alto Colchagua
Brancos franceses. Tintos argentinos. Surpreendentes Sul-africanos. O universo de Baco é amplo de opções e expande-se para países – até certo tempo atrás – sem tradição na produção de vinhos. A Revista Leal Moreira selecionou cinco rótulos, promessas de prazeres e sensações diferentes.
País: França Uvas: Grenache 27%, Roussane 39%, Borboulenc 15% e Clairette 19% Graduação: 13,5% Vol. Vinho branco com bouquet rico e complexo de frutas brancas (maçã, pera e flores de acácia). Na boca é denso e em evolução, sem perder o seu fresco agradável. A intensidade aromática é dominada por notas de flores brancas e minerais com algumas notas salinas. Bela persistência final que é a expressão de um terroir de grande potencial e beleza. Onde comprar: Grand Cru
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Tainá Aires
Dudu Maroja
Ver-o-Peso
descobertas das
A décima edição do “Ver-O-Peso da Cozinha Paraense” - maior festival gastronômico do Norte - deixa saudades e um legado inestimável de intercâmbio cultural entre os quatro cantos do país.
E
ra manhã de sábado, palestra do Alex AtalaTodos concentrados, atentos aos conselhos de um dos grandes chefs da culinária mundial. Quando um homem que estava na plateia pediu a vez para falar. O nome dele: Wendel Ribamar. Emocionado, disse que estava em “êxtase”. Essa era a primeira vez que ele ficava frente a frente com um profissional da cozinha. Filho de família pobre, de Irituia, no nordeste do Estado, foi dependente de álcool por muito tempo. E encontrou na culinária, mesmo sem ter se especializado para isso, uma válvula de escape para o cura e uma forma de dar uma vida melhor para a esposa. Hoje, dono de um restaurante em São Miguel do Guamá que, segundo ele, é o melhor do pequeno município com pouco mais de 50 mil habitantes. Wendel se sente um vencedor. E a motivação dessa conquista – contou – tem nome e sobrenome: Paulo Martins. A cena aconteceu no Ver-o-Peso da Cozinha Paraense-2012. O chef Paulo Martins, a inspiração de Wendel, foi o criador do evento há mais de uma década (já que, por dois anos, o festival não ocorreu). Mesmo após o seu falecimento, em 2010, o festival continuou, tamanha a importância para a cozinha
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brasileira. Tudo funciona da seguinte forma: chefs de vários lugares do país são convidados para fazer uma espécie de intercâmbio. Eles vêm aqui para o estado do Pará, conhecem os sabores e aromas locais e ainda têm a oportunidade de fazer um jantar com todos os ingredientes regionais, ou seja, deixam um pouquinho deles aqui e levam um pouco da gente para seus estados de origem. Terra de novidades As descobertas começam logo no primeiro dia de evento, com uma visita ao mercado do Ver-o-Peso, um dos cartões postais da capital paraense. O encantamento é geral. Os chefs parecem crianças, ávidas por descobertas – nesse caso, de coisas que eles encontram por aqui. Carlos Bertolazzi, de São Paulo, ficou impressionado com a castanha-do-Pará. Com tantos anos de culinária, nem passava pela cabeça dele que a castanha é extraída de um ouriço. A chef Mara Salles não conseguia largar as ervas. Para ela, o buquê feito com chicória, pimentinha, coentro e alfavaca é o cheiro da Amazônia. Mas não só quem vem de fora se surpreende. Joanna Martins, filha do saudoso chef Paulo Marins e »»»
O apogeu do “Ver-O-Peso da Cozinha Paraense - 2012” ocorreu de 11 a 15 de abril, quando o festival reuniu alguns dos chefs mais respeitados do Brasil em um intercâmbio gastronômico
uma das coordenadoras do evento, confessa que, às vezes, se sente meio “leiga” ao andar pelos corredores da feira. “É sempre uma visita muito interessante. Cada vez que a gente vai lá, descobre algo novo junto com os chefs de outros estados. É um momento lúdico”, disse. Jantares beneficentes É natural que todas essas descobertas no mercado do Ver-o-Peso sejam extremamente enriquecedoras. Aqui, o que se pesquisa tem de ser colocado em prática, e da forma que eles sabem fazer melhor: na cozinha. O primeiro jantar do Ver-o-Peso da Cozinha Paraense foi feito pelas mulheres. As chefs Helena Rizzo, Mara Salles, Mônica Rangel, Bel Coelho e a paraense Daniela Martins cumpriram muito bem a missão. Nos bastidores, tudo funcionava na maior perfeição: pratos alinhados e cada chef cuidando das suas tarefas. Tudo fluía muito bem. O cardápio: bolinho de piracuí com molho de castanha, filhote, costela de porco, sobremesa com bacuri e cupuaçu. De encher os olhos. Mas, sem dúvida, um prato acabou
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chamando mais atenção do que os outros: já imaginou comer uxi quente? Pois é, a fruta foi a matéria-prima do prato desenvolvido pela chef Daniela Martins (também filha do chef Paulo Martins) para o evento. Como uma das coordenadoras do evento, Daniela quis desafiar a si própria. E deu muito certo. Os convidados adoraram a novidade e eram só elogios a tudo que foi oferecido no jantar. Parte da renda arrecadada foi doada para o Instituto Criança Vida. Muito mais que um desafio, a troca de experiências foi o que mais agradou as chefs. “Sempre é muito enriquecedor. Eu não tenho curso técnico algum, nem formação de gastronomia. Sei o método rústico de cozinhar. Então, presto muita atenção ao que os outros chefs fazem. A costelinha da Mônica Rangel, por exemplo, é feita em baixa temperatura. Aí eu fiquei babando, observando tudo, que nem criança com bolo de aniversário”, comentou Daniela. Os homens pilotam o fogão No dia seguinte, foi a vez de os homens invadirem a cozinha. Alex Atala, José Barattino, André Saburó, Almir da
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Fonseca, Arnor Porto e o filho da terra, Thiago Castanho, comandaram o segundo jantar beneficente do Ver-o-Peso da Cozinha Paraense-2012. No menu, mandioquinha com chicória, creme de cariru, pirarucu, filhote com camarão, rabada com macaxeira defumada e ainda chocolate com bacuri. Durante a preparação do jantar, os homens conversaram muito. José Barattino, que aprendeu a cozinhar com o bisavô descendente de italianos, queria tirar proveito de cada segundo com os chefs. “Coisa mais rica é conversar com esses profissionais e ter contato com todos os ingredientes. Os sabores novos são fantásticos. O problema é o calor, né?”, divertia-se. “Aqui se conhece um outro Brasil”. Pela segunda vez no Pará, o chef José Barattino dividia sua opinião com os chefs . Opinião, aliás, bem parecida com a do chef Almir da Fonseca [confira entrevista com ele no Goumert], brasileiro radicado nos Estados Unidos e muito elogiado internacionalmente (com uma simpatia inigualável). Para ele, além da convivência com os chefs, o relacionamento com os estudantes do Senac, que os ajudaram na empreitada, também foi muito interessante.
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Almir da Fonseca também ressaltou a diversidade dos ingredientes do estado, principalmente o jambu e o tucupi, pelos quais ele nutre uma paixão especial. Gosta tanto que fez até um pesto com os dois sabores característicos da Amazônia. Uma homenagem ao chef Paulo Martins, que, segundo Almir, criou um prato parecido com esse. Já o paraense Thiago Castanho preferiu lembrar da infância e desconstruir um dos pratos que ele comia bastante quando moleque: a rabada. Não uma rabada qualquer; uma rabada mais sofisticada. Em vez de um panelão, um prato pequeno, guarnecido com farofa de açaí e ainda mandioca defumada. A ideia veio do contato com os chefs. Castanho define o Ver-o-Peso da Cozinha Paraense como uma forma de abrir a mente dos profissionais. “Os chefs que vêm pra cá trazem um modo diferente de olhar nossos ingredientes, já que nós temos certas limitações em relação a isso. Por exemplo, eu não consigo ver a maniçoba de outro jeito a não ser o tradicional. Aí o chef chega, usa esses ingredientes de outras formas e os resultados são formidáveis”, explicou ele. Adenauer Goés, Secretário de Estado de Turismo do Pará, »»»
No alto, a foto oficial de encerramento do evento: chefs, boieiras e organizadores do evento celebram mais o sucesso da décima edição do “Ver-O-Peso da Cozinha Paraense”. O festival teve a organizaçao do restaurante Lá em Casa e da Door Comunicação, Produção e Eventos.
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A Leal Moreira apoia a Gastronomia Paraense e acredita que nossos cheiros e gostos podem harmonizar com outras culturas. 2008 O lançamento do “Torres Ekoara” foi celebrado com um jantar à francesa, comandado pelo celebrado chef Claude Troigros. Quatrocentos convidados, entre clientes e parceiros, se deliciaram com um menu feito à base de ingredientes típicos, especialmente para a ocasião. 2011 Os irmãos [e chefs] catalães Javier e Sergio Torres assinaram o jantar de lançamento do Torre Breeze. Entre ingredientes espanhóis, o tucupi e a mandioquinha ganharam destaques. Clientes e convidados ficaram encantados. 2012 “Jovens chefs paraenses e suas criações gastronômicas”. As páginas da Agenda 2012 da Leal Moreira foram recheadas com receitas da terra e as histórias dos chefs Daniela Martins, Ilca Carmo, Solange Saboia, Sophia Honda, Enzo Luzzi e Felipe Gemaque. 2012 Leal Moreira é a patrocinadora do “Ver-O-Peso da Cozinha Paraense-2012”. O maior e mais tradicional festival gastronômico do Norte do país comemora dez edições e a Leal Moreira apresenta o evento.
foi um dos que prestigiou o jantar e estava muito satisfeito com a organização. Enquanto os chefs cozinhavam, os convidados podiam ficar por perto, sentindo o cheirinho do que estava sendo preparado. Ansioso para provar os pratos, Adenauer falou do que mais o encantava com o evento: o intercâmbio de ideias. “Os chefs escolhem seus insumos e criam seus pratos. E, além de agradarem as pessoas, levam um pouco dessa cultura gastronômica. Isso não apenas no olfato, no sentimento e na visão, mas na capacidade de colocar isso nos seus restaurantes que ficam fora do Pará”, explicou. Após o jantar, quando perguntado se havia gostado, ele foi enfático. “Quero isso de novo ano que vem!” Bate-papo Outros momentos importantes do Ver-o-Peso da Cozinha Paraense-2012 foram o ciclo de palestras e cursos com os chefs. Entre eles, Bel Coelho, Alex Atala, Mara Salles e Ariane Malouf. Com o tema “Pará Clandestino”, a chef Bel Coelho falou sobre um projeto semanal – de mesmo nome – de gastro-
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nomia de seu restaurante, o Dui. Na palestra, ela lembrou quando veio a Belém pela primeira vez e teve contato com o chef Paulo Martins, que a levou para conhecer os diversos ingredientes do Pará. “Foi uma Disneylândia”, recordou. O público foi bastante participativo e aprendeu um pouco sobre o significado das “desconstruções”, que são uma espécie de adaptações dos pratos tradicionais. Ou seja, dos mesmos ingredientes podem surgir novas criações. O tema também foi discutido durante a palestra do chef Alex Atala. Foi durante esse debate com o público que surgiu o Wendel Ribamar, do início deste texto. O encantamento da plateia com o chef era visível. E Atala fez questão de retribuir com muito carinho e descontração. Atala também falou, assim como Bel Coelho, da relação dele com o chef Paulo Martins. Para ele, é impossível comentar a cozinha paraense sem ao menos citar do grande embaixador da Cozinha Paraense. Uma história de amizade que começou com uma ligação. “Liguei pra ele e disse: ‘Sou o Alex, trabalho num restaurante e queria ingredientes do Pará’. Desliguei o telefone e falei ‘poxa, que »»»
Concursos
Concurso “Chef Paulo Martins” O Concurso gastronômico “Chef Paulo Martins”, realizado durante o “Ver-O-Peso da Cozinha Paraense-2012”, teve por objetivo coroar profissionais atuantes na área e descobrir novos talentos da gastronomia paraense e nacional. Todos os inscritos – tanto na categoria profissional quanto amador – tiveram que usar receitas autorais com condimentos e materiais da região paraense amazônica. Chef amador Durante o “Jantar das Boeiras” foram divulgados os nomes dos vencedores do “Concurso Chef Paulo Martins” na categoria “chef amador”. O vencedor foi Yuli Ichihara Lemos, com o prato “Cabelo de Anjo ao Tucupi”. “Ao olhar, as pessoas pensavam que era tacacá, mas ao provar perceberam que era algo completamente diferente”, explica. O objetivo da receita era mostrar que é possível um iniciante produzir pratos elaborados e acessíveis. Ele ganhou uma adega de 28 garrafas. “Moqueca Mocoronga” foi o prato de João Elias da Silva Nascimento, o segundo colocado. “Fiz em homenagem ao povo de Santarém, onde se come muito pirarucu defumado”, disse. Já o terceiro lugar foi para Elisabeth Ribeiro Ruffeil, com o “filé parajoara”. “Eu inscrevi meu prato praticamente por causa da readaptação da farinha.” Ela fez uma mistura da farinha com calabresa, castanha e outros ingredientes, mostrando que, mesmo com uma receita tradicional é possível pensar em infinitas possibilidades. Os jurados foram: Almir da Fonseca (Flavor Source), Juan Diego (Door Comunicação), Daniela Martins (Lá em Casa), Joanna Martins (Lá em Casa), Fernando Jares (Jornalista), Juan Corbalan (Gastro Comunicação) e Gustavo Colotrin (Estadão). Chef profissional Na categoria profissional, a grande vencedora foi Maria Carla, do Instituto de Educação Superior de Brasília (Brasília/DF). “O evento foi maravilhoso”, dizia Maria Carla, emocionada. A premiação foi uma vaga na final do concurso nacional “Talento ao Vivo” da revista “Prazeres da Mesa”, publicação especializada em Gastronomia. O segundo lugar ficou com Ueliton Amaral, do Estação Marupiara (Campinas/SP), que veio especialmente para o concurso. “Pretendo voltar no próximo ano”, disse. Já o terceiro foi Roberto Huyndertmark, do Restaurante Benjamin (PA). Nascida em Manaus, Maria Carla estava um pouco afastada da cozinha por motivos pessoais, mas agora pretende voltar. O prato vencedor foi “aruanã regado com azeite de alfavaca, sobre cama pacovã, guarnecido de croquetes de pupunha e Tutóia”. “As minhas raízes foram fundamentais para a elaboração do prato.” Ueliton utilizou uma receita antiga e misturou com produtos paraenses. O resultado foi o “Nhoque de Castanha-do-Pará, Ragu de Pato no Tucupi e Jambu Crocante”. O paraense Roberto fez um prato com pirarucu defumado com ar de jambu, especialmente para o evento. O júri foi composto por sete personalidades da Gastronomia local e nacional: Josimar Melo (Folha de São Paulo), Mônica Rangel (chef do Gosto com Gosto), Carlos Bertolazzi (Zena Caffè e Spago), Joanna Martins (Lá em Casa), Veridiana Mott (Síbaris Produções Gastronômicas), Ricardo Castilho (Prazeres da Mesa) e Wane Luna (Senac-Pa).
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cara legal’, mas nunca imaginei que ele realmente fosse mandar alguma coisa. Uma semana depois, chegou um isopor com muito mais coisas do que eu tinha pedido e isso mudou a minha vida”, lembrou Atala. Desde então, o chef passou a incorporar os ingredientes paraenses no cardápio dos dois restaurantes que ele mantém em São Paulo. “Eu fiquei viciado”, brincou. Hora da “boia” O auge do Ver-o-Peso da Cozinha Paraense foi o jantar de encerramentos das boieiras. Afinal, não dá para imaginar a feira do Ver-O-Peso sem essas mulheres que todos os dias cozinham, ou melhor, preparam a boia de trabalhadores, turistas e quem quer que frequente a feira. Elas chegam cedo, por volta de cinco horas da manhã, e tem disposição de sobra para enfrentar uma maratona de trabalho que dura quase um dia inteiro. Preparam refeições completas, mingau, pão com queijo, ovo, presunto e – claro – açaí com peixe frito. A maioria delas não tem estudo na área, não se especializou em gastronomia, mas tem conhecimento de vida. E isso foi o
suficiente para que elas provocassem toda a população de uma cidade com cheiros e sabores sensacionais. “Este é um jantar que mostra porque o Ver-o-Peso é uma meca da cozinha brasileira. Aqui está a nossa identidade, a nossa regionalidade!”, vibrava a chef Daniela Martins. O jantar das boieiras reuniu, além de 16 trabalhadoras do mercado, vários chefs do país, como os já citados Almir da Fonseca, José Barattino, Mara Salles, Mônica Rangel, André Saburó, Wanderson Medeiros, Ariani Maluf, dentre tantos,. “Foi uma experiência incrível. Essa é a essência da cozinha. Fiquei muito feliz de poder ensinar e aprender com essas mulheres”, afirmou Ariani. Dona Osvaldina Ferreia, de 63 anos (sendo mais de 40 dedicados ao Ver-o-Peso), considera o evento a escola de culinária que não teve. Aprendeu novas técnicas e retribuiu mostrando os ingredientes da terra. E ela diz que presta atenção em tudo e vai colocar em prática os ensinamentos dos grandes chefs brasileiros. Como diz Alex Atala, para ser um bom cozinheiro não é preciso necessariamente estudar, fazer uma faculdade, visitar outros países. Para isso não há regra, basta cozinhar!
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especial
Construído pelo arquiteto e engenheiro Francisco Bolonha, o Palacete Bolonha foi um presente dele à esposa, Alice Tem-Brink. A construção chama atenção pelo preciosismo dos detalhes.
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Tyara de La-Rocque
Dudu Maroja
Poesias
concretas
Vamos falar de amor, ou melhor, de histórias marcantes que viraram verdadeiras obras de arte, atravessaram épocas, fronteiras geográficas e que encantam até hoje.
N
ada de flores, nem cartas e muito menos serenatas de amor para a mulher amada. Eles expressaram o seu amor em poesias petrificadas. Às suas respectivas mulheres, o engenheiro Francisco Bolonha e os imperadores Dom Pedro I e Shah Jahan, ofereceram monumentos como símbolos de amor. Enamorados, eternizaram o sentimento em construções e mais do que imponentes prédios arquitetônicos, deixaram para a história, belos gestos de ternura e paixão. Palacete Bolonha, no Pará, Solar da Imperatriz, no Rio de Janeiro e Taj Mahal, na Índia: três presentes que, tempos depois de construídos, permanecem vivos, encantam e entusiasmam os corações mais sensíveis. São materializações do famoso frio na barriga e da conhecida sensação de “borboletas no estômago”. Com ares europeus, retrato de uma época de fartura econômica, o elegante Palacete Bolonha se destaca aos olhos de quem passa pelo final da avenida Governador José Malcher, em Belém. Uma das obras arquitetônicas mais belas e luxuosas do Pará, construída pelo engenheiro e arquiteto paraense Francisco Bolonha, está entre as construções que compõem o belo cenário dos prédios históricos na Cidade das Mangueiras. O que muitos podem desconhecer, é
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que o monumento foi um presente de Bolonha à sua esposa, Alice Tem-Brink. Pensando no bem estar da amada, Bolonha construiu uma edificação que estivesse à altura do conforto que Alice tinha no Rio de Janeiro, onde residia antes de mudar-se para a capital paraense. Ambientes especiais da casa, como o salão de costura e a sala com os guarda-roupas, por exemplo, demonstram o cuidado de Bolonha para que o local tivesse realmente ao agrado da companheira. Pianista e bailarina, a companheira do engenheiro também ganhou um espaço para dedicar-se a música e promover as festas e recitais no lar. “O gosto pessoal de Alice com certeza influenciou em toda a obra arquitetônica, pois, certamente, Bolonha queria agradá-la”, diz o professor de Arquitetura e Urbanismo Euler Arruda e autor do livro “Palacete Bolonha: uma promessa de amor”. O prédio é um ícone na cidade, além de um registro histórico do início do século XX, época da economia da borracha em Belém, conhecida como Belle Époque. A tipologia do Palacete Bolonha é bastante particular e traz nos elementos decorativos a luxúria da burguesia europeia do período. O gozo do conforto é claramente visto na riqueza de ornamentos do edifício e até mesmo no estilo neoclássico da decoração. Os
O Solar da Imperatriz foi presente de D. Pedro I à sua segunda esposa, Amélia de Leuchtenberg
cômodos bem divididos, e principalmente a distância entre os quartos das visitas e dos donos da casa marcam traços característicos da burguesia europeia. No admirável palacete, fonte de estudos, patrimônio cultural existe o registro de uma história de amor. Lá está uma parte do romance de Francisco e Alice. Além de uma antiga declaração amorosa capaz de arrancar suspiros até hoje. Um solar, uma (nova) imperatriz Um século antes, outra mulher teria sido a musa que motivou a construção do Solar da Imperatriz, um dos poucos exemplares da arquitetura rural dentro do Rio de Janeiro. Amélia de Leuchtemberg, a italianinha de 17 anos que conquistou o coração de Dom Pedro I, foi trazida ao Brasil pelo Marquês de Barbacena para ser a segunda esposa do Imperador – até então, visto como infiel pelas cortes europeias, graças ao famoso envolvimento com Domitília de Castro e Canto Melo. Para abrandar o coração de sua nova amada, Dom Pedro I teria provado o seu amor de várias maneiras; fosse instituindo ordens honoríficas inspiradas em Amélia (a Ordem da Rosa, insígnia nacional, foi desenhada a partir dos motivos florais de seu vestido ao chegar ao Rio), reformando uma antiga casa de engenho – ou bra-
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dando seus ciúmes a todos. Porém, a maior delas teria sido a reforma de uma antiga casa de engenho, desapropriada por Dom João VI, para presenteá-la. Embora os documentos históricos sejam um tanto falhos e contraditórios a respeito, o Solar da Imperatriz ainda é estudado como um registro arquitetônico do histórico romance. O presente seria um local de passeio, visto que Amélia nunca teria morado lá. Na simplicidade reside todo o charme da edificação. Logo na entrada ainda é possível passear por entre as palmeiras imperiais – com mais de 50 metros de altura – e o casarão ainda abriga a decoração que guarda vestígios do tempo da realeza. O estilo lembra antigas fazendas, com grandes janelas, varanda e uma extensa área verde ao redor, dando um viés bucólico e lírico ao local. Um projeto extremamente cuidadoso e delicado, desde o pórtico de entrada até os detalhes nas portas e escadarias. Naturalmente, as instalações sofreram algumas transformações e adaptações ao longo do tempo. Depois de um longo período em deterioração, o nome Solar da Imperatriz foi oficialmente reconhecido e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1973. 25 anos depois, ele foi restaurado e passou a hospedar a Escola Nacional de Botânica Tro-
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pical. Hoje, sua antiga capela foi transformada em auditório, a senzala deu lugar a uma cafeteria e os quartos, agora, são salas de aula. Símbolo da memória social do Brasil Império, o presente apaixonado cravado no coração do Jardim Botânico é uma relíquia histórica e moldura para trocas de carinho e outros enredos amorosos até os dias de hoje. A joia do palácio Localizado em Agra, na Índia, muitos já conhecem por fotografias o ilustre Taj Mahal. Considerado uma das sete maravilhas do mundo, estando entre as mais belas obras arquitetônicas indianas, o Taj Mahal é fruto do amor entre o imperador Shah Jahan e sua esposa, a princesa persa mulçumana Aryumand Banu Begam. Diz a história que o destinos dos pombinhos se cruzaram acidentalmente na adolescência, e a feliz coincidência tornou possível a união do casal para todo o sempre. Apaixonado, Shah Jahan esperou cinco anos para a cerimônia de casamento com sua amada. O matrimônio, realizado em 1612, foi o momento em que o imperador rebatizou a princesa com o nome de Mumtaz Mahal, que significa a “jóia do palácio”. Diferente dos contos nos livros, o fim desse romance não teve o romântico “e viveram felizes para sempre”.
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Mumtaz Mahal morreu em 1631, aos 39 anos, ao dar a luz ao décimo quarto filho. Tristonho e inconformado com a perda da amada, Shah Jahan providenciou a construção de um monumento sem igual na Índia, para que a existência de sua grande paixão fosse eternamente lembrada. O Taj Mahal foi construído sobre o túmulo de Mumtaz Mahal, junto ao rio Yamuna. Para o levantamento desse mausoléu, foi necessária a força de cerca de 20 mil homens vindos de várias cidades do Oriente. Devidamente enquadrado num jardim simétrico, o edifício é cruzado por um canal ladeado de ciprestes onde é refletida a sua imagem, flanqueado por duas mesquistas, cercado por quatro minaretes, incrustado com pedras semipreciosas, como o lápis-lazúli e uma cúpula costurada com fios de ouro. Posteriormente, quando faleceu, o imperador foi sepultado ao lado de Mumtaz Mahal. Visitado por milhões de turistas, o Taj Mahal já foi fonte de inspiração de poetas, pintores e músicos que, de alguma maneira, tentaram capturar em forma de palavras, cores e sons, a magia ali presente. Mais que uma ode ao amor, essas homenagens arquitetônicas representam toda a eloqüência que este sentimento pode ter. São um convite a acreditar que a mágica experiência do amor pode realmente eternizar-se.
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UM APARTAMENTO QUE É A CARA DO DONO Um apartamento com a cara do dono. Isso mesmo! É que 65 % das unidades do Torre de Farnese tiveram a planta modificada pelos próprios clientes junto aos arquitetos da Leal Moreira. A oportunidade era oferecida no ato da compra. Uma forma de fazer com que os proprietários dos apartamentos se sentissem ainda mais integrados ao novo lar. Com 200 m² e quatro suítes, o Torre de Farnese é ainda marcado pela sofisticação. Os revestimentos são todos de pedras nobres, com granitos e porcelanatos rústicos.Na fachada do prédio, pastilhas de porcelana e alumínio. “Ficou visualmente espetacular”, comemora a arquiteta da Leal Moreira, Karen Casseb. E o melhor de tudo é que esse “espetáculo” fica no centro da cidade, mais exatamente na avenida Senador Lemos, esquina com a Dom Romualdo de Seixas, bairro do Umarizal. Segundo a arquiteta, o Torre de Farnese tem tudo ao seu redor e dentro dele. E não é difícil entender porque o empreendimento é tão completo. Além da enorme área de lazer - com sala de games, home theater, brinquedoteca, quadra de squash, churrasqueiras, piscinas, hidromassagem, entre muitos outros itens - todos os apartamentos têm vista para a Baía do Guajará. Dá para imaginar?
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HOMENAGEM ÀS MÃES A Leal Moreira homenageou suas mães com um coquetel, no último dia 11 de maio. O departamento de Recursos Humanos emocionou as matriarcas: cada uma delas ganhou de presente uma carta escrita pelos próprios filhos.“Fomos nas casas delas, sem elas saberem, para reunir essas cartas”, disse Waldemarina Normando, gerente de RH do grupo. Além das homenagens, as mães ganharam kits de cuidado pessoal. Carlos Moreira, diretor-presidente do grupo, falou da importância da figura materna, tanto no ambiente de trabalho, quanto em casa. “A mãe é o símbolo da família. Nada mais justo que essa homenagem. Muitas felicidades para vocês, mães”, concluiu.
ARMAZÉM A Leal Moreira Imobliária realizou, no mês de maio, sorteios de cestas gourmet do Armazém Belém. Os vencedores ainda levaram para casa tábuas com frios deliciosos. A repercussão do sorteio foi tão boa que o proprietário do Armazém Belém, Marcus Porpino (na foto, ao lado de Paloma Massoud, da Leal Moreira), passou a comercializar a cesta no restaurante.
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LEAL MOREIRA NA CASA COR PARÁ A Leal Moreira é uma das patrocinadoras da Casacor Pará deste ano. A construtora se dedicará, exclusivamente, a um espaço na mostra, de aproximadamente 65m², assinado novamente pelos arquitetos José Jr. e Perlla. Em 2011, ano de estreia da Casa Cor no Pará, o projeto da Leal Moreira foi eleito o mais ousado. O espaço dedicado ao Grupo foi decorado com objetos de obra e de operários da construtora, além de paineis e intervenções da artista Dri-k Chagas. Este ano, a Leal Moreira promete repetir o sucesso!
Uma parceria deliciosa. Clientes das lojas Delicidade participaram de sorteios, promovidos pela Leal Moreira. Os vencedores ganharam cestas gourmet e créditos para usar na Delicidade. Foram recebidos mais de três mil cupons durante todo o período promocional. Para Maria Pantoja, gerente da Delicidade Braz de Aguiar, a repercussão da parceria foi ótima. “Muitas pessoas queriam participar. Foi muito bom”, disse. Mauro Costa, gerente do grupo Cidade, confirmou o sucesso da parceria. “É muito bom trabalhar com uma empresa de renome como a Leal Moreira”. onal
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em andamento
concluído
O poder que as
Saulo Sisnando Escritor
palavras não têm.
*Para Neyara, na esperança de que, um dia, uma voz atenda do outro lado da linha.
Sempre ouvi dizer que palavras tinham poder. E por isso decidi ser escritor, pois – muito idealista – quis acreditar que minhas palavras poderiam mudar o mundo. Mas hoje, enquanto escrevo este texto, meu pai está doente e, de repente, toda a fé que tive na minha profissão se perdeu. Afinal, eu rezei bastante para ter alguém ao meu lado na hora de sua morte. Mas cá estou eu: sozinho! Meus amores me deixaram e minha mãe morreu cedo, e, embora eu ainda sinta a presença de todos, eles não poderão segurar minha mão quando meu pai der seu último suspiro. E se essas benditas palavras tivessem poder, minha mãe estaria aqui... e eu, nessa minha vida itinerante, faria alguma das minhas muitas viagens ao seu lado e, sentados juntos no avião, eu lhe perguntaria se ela ainda me ama – mesmo após a morte – e se me acompanha de pertinho ou se me vê apenas de longe, como se nós – os vivos – fôssemos pontos brilhantes no firmamento do paraíso. E, nessa certeza, abandonaria aqueles meus atos alucinados e nunca mais ligaria para o seu antigo número de celular, torcendo para que ela me atenda... E, sozinho, no carro, com olhos cheios de lágrimas, não travaria longas conversas imaginárias, mesmo sabendo que ela está morta. Se as palavras realmente tivessem poder, eu conseguiria voar bem rápido a ponto de me despedir da minha avó. E teria certeza de que agora ela está no céu, cuidando de minha mãe e cultivando laranjas no pomar de Deus, e fazendo picolés para vender para as crianças que morreram jovens demais. E Deus me levaria antes do programado, mas, em troca de minha ida inesperada, ele devolveria às mães desoladas a chance de verem seus filhos mortos uma última vez. E eu não sonharia mais com meu primeiro amor. E faria o meu remorso ir embora e me perdoaria por essa mania louca de maltratar as pessoas que mais amo. E eu traria saúde de volta para alguns amigos queridos. E daria aos amigos solitários a crença de que serão muito felizes, pois Deus não teria criado pessoas tão lindas para caminharem sozinhas no mundo. E eu não teria vergonha de ainda pensar em ti...
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E esqueceria aquelas últimas palavras que tu me disseste, e que ainda ecoam na minha mente, como se fossem o barulho agudo de pequenas pedras sendo batidas umas contra as outras, como uma risada irritante de minúsculos duendes malignos. E pararia de sonhar que um dia te encontrarei de novo, e me entregarás algum panfleto na rua e eu te amarei à primeira vista (pela segunda vez). E eu seria mais bonito, e mais magro, e minha voz seria mais grossa, e eu escreveria tão lindamente a ponto destas palavras terem tanto poder que tu não conseguirias mais viver sem mim. Mas, ao mesmo tempo, eu uniria amantes que moram a mais de dois mil quilômetros de distância. Mesmo que tais pessoas fossem tu e ele... Afinal, para te ver feliz, eu faria qualquer coisa. E meu coração finalmente esqueceria os passos de tua coreografia imanente e não bailaria secretamente quando tu sentas ao meu lado, nem suspenderia as contrações cada vez que tu danças... Ou quando tu andas com aquele teu andar saltitado de pássaro... Posto que eu te amei, não pela tua voz, nem pelos teus pensamentos confusos, ou pela tua juventude, mas pelos teus gestos conscientes cheios de principio, meio e fim. Se realmente as palavras tivessem poder, alguém leria estas letras e me amaria na mesma quantidade que eu te amo. E antes de terminar o texto, procuraria meu e-mail em algum canto desta página e me escreveria uma declaração de amor. Pois eu também mereço. E, ao ler estas linhas, tu me amarias de novo, e um lindo corvo despontaria em minha janela e eu o seguiria... e ele me levaria a ti. E tu estarias parado, na calçada em frente ao teu prédio (como sempre fazíamos aos domingos na hora do filme) e tu estarias segurando uma nota de cinco dólares, na qual meu nome e meu telefone estariam escritos em vermelho. E, ao entrar no meu carro, eu não perguntaria onde tu estiveste nesses meses... Nem se o amaste mais do que a mim. Porque sei que sim! Eu simplesmente te abriria um enorme sorriso, por não haver no mundo felicidade maior do que esta de te ter de novo. Se as palavras tivessem poder...
RLM nº 33
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ano 8 número 33
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