RLM nº 38 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
ano 9 número 38
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Lenine Trinta anos de carreira, um CD novo e a certeza de que o mundo fica cada vez menor.
Leal Moreira
Luê Vinicius de Moraes El Celler de Can Roca
APRECIE COM MODERAÇÃO PRODUTOS DESTINADOS A ADULTOS
Fato | Comunicação RE 139
Foto Produção: EA photostudio - Alle Peixoto
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Disponíveis nas Lojas: Yamada Plaza, Vila dos Cabanos, Pátio Belém, Plaza Castanhal e Yamada Salinas.
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A Revista Leal Moreira 38 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.
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capa
índice
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LENINE Trinta anos de carreira e um CD novo. O pernambucano Lenine fala, em entrevista exclusiva à Revista Leal Moreira, sobre a parceria com o filho e a paixão pelo mar.
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especial
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ALEX FIÚZA DE MELLO Na quarta entrevista da série especial sobre os “400 anos de Belém”, o sociólogo e Secretário de Estado de Promoção Social fala sobre a Belém para todos e não para poucos.
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VINICIUS DE MORAES No mês mais romântico do ano, antecipamos as comemorações pelo centenário de nascimento do poetinha e revisitamos os lugares que foram cenários de suas criações e... paixões.
Belém| 400 anos
EL CELLER DE CAN ROCA Eleito o melhor restaurante do mundo de 2013, vivemos o privilégio de passar um dia no El Celler de Can Roca e entender a emoção que move os irmãos que o comandam.
gourmet
capa Teresa Salgueiro - divulgação
perfil Luê Soares - Luê, simplesmente - vive a explosão de sua carreira e o reconhecimento da crítica especializada. Cheia de personalidade e vontade, ela não se arrepende das escolhas que fez.
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Corações rabiscados no caderninho ou como investigamos a iconografia de amor.
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Risadas e cifras - a web é terreno fértil para quem deseja explorar outras formas de comunicação e ganhar dinheiro.
especial
comportamento
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dicas Anderson Araújo Celso Eluan galeria tech horas vagas Felipe Cordeiro destino enquanto isso Saulo Sisnando vinhos decor falando nisso institucional Nara Oliveira
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editorial
Caro leitor, Junho chegou, marcando a metade do ano, o mês dos namorados, de santos festeiros, de noites mais estreladas... e da Revista Leal Moreira 38ª edição, aliás, que está especialmente romântica. Ele que foi, talvez, o mais romântico, de todos os românticos - Vinicius de Moraes - é ilustre “visitante” de nossas páginas. O “poetinha” amou cada uma de suas mulheres como se fossem as únicas e as últimas. Amar era-lhe vital. Era sua fonte de inspiração e seu ponto fraco. Antecipamos as comemorações pelo centenário de seu nascimento (em outubro) porque junho “exigia” esse mimo. Em belíssimas páginas, revisitamos os locais icônicos para Vinicius e investigamos histórias curiosas, verdadeiras lendas. Também preparamos uma seleção musical especial para embalar sua leitura, que você acessa por meio do QR code na matéria. Outro poeta contemporâneo, o pernambucano Lenine, fala como poucos, de sentimentos. Em entrevista exclusiva à Revista Leal Moreira, ele revela a emoção de realizar um CD novo, na companhia do filho. E conta ainda que se apaixonou pelo mar do Rio de Janeiro, lugar que adotou como casa quando saiu do Nordeste. Do nordeste brasileiro para o paraense: vem de Bragança o som que inspira Luê, mais uma das promessas de sucesso que o Pará exportará para o mundo. Certamente você não esquecerá a singeleza e beleza desse nome. Nas páginas a seguir, passamos um dia inteiro no El Celler de Can Roca, eleito pela revista “Restaurant” como o melhor do mundo. Emocionar os comensais é palavra de ordem para os irmãos Roca. Ah, por fim, falando ainda em junho e na data de mais apelo aos casais enamorados, fomos investigar a “iconografia” do amor. Não disse que o romance estava no ar? Esperamos que você goste. Mais ainda, que inspire você. E, na dúvida, ame. Boa leitura. André Moreira
expediente Tiragem auditada por
Atendimento:
Revista Leal Moreira Criação Madre Comunicadores Associados Coordenação Door Comunicação, Produção e Eventos Realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editora-chefe Lorena Filgueiras Editora assistente e produção Camila Barbalho Fotografia Dudu Maroja Reportagem: Alan Bordallo, Anderson Araújo, Bianca Borges, Camila Barbalho, Fábio Nóvoa e Lucas Ohana. Colunistas Anderson Araújo, Celso Eluan, Felipe Cordeiro, Nara Oliveira, Raul Parizotto e Saulo Sisnando. Assessoria de imprensa Lucas Ohana Conteúdo multimídia: Max Andreone Versão Digital: Brenda Araújo, Guto Cavalleiro, Fabrício Bezerra Revisão José Rangel e André Melo Gráfica Delta Tiragem 12 mil exemplares
A Leal Moreira dispõe de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18:30h
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João Balbi, 167. Belém - Pará f: [91] 4005-6800 www.lealmoreira.com.br Construtora Leal Moreira Diretor Presidente: Carlos Moreira Diretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício Moreira Diretor de Marketing: André Leal Moreira Diretor Executivo: Paulo Fernando Machado Diretor Técnico: José Antonio Rei Moreira Diretor de Incorporação: Thomaz Ávila Gerente Financeiro: Dayse Ana Batista Santos Gerente de Relacionamento com Clientes: Alethea Assis Gerente de Marketing: Mateus Simões www.revistalealmoreira.com.br
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Comercial Gerente comercial Danielle Levy • (91) 8128.6837 daniellelevy@door.net.br Contato comercial Thiago Vieira • (91) 8148.9671 contato@revistalealmoreira.com.br Ana Carolina Valente • (91) 4005.6874 anacarolina@revistalealmoreira.com.br Financeiro Contato savio@door.net.br Fale conosco: (91) 4005.6874 revista@door.net.br revista@lealmoreira.com.br www.revistalealmoreira.com.br facebook.com/revistalealmoreira Revista Leal Moreira é uma publicação bimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.
Belém
DomNato Um novo conceito de casa de pães acaba de chegar a Belém. A DomNato abriu há pouquíssimo tempo, e já cativou um lugar considerável no ramo. Não é para menos: são 800 metros quadrados de estrutura, com cafeteria, buffet, serviço à la carte e confeitaria fina – em funcionamento de segunda a sábado, das 6h às 22h, e aos domingos, das 6h às 11h30. A casa foi projetada pelo arquiteto especialista Emerson Hungaro, da B2h Arquitetos Associados (SP), e resultou em um ambiente bonito, clean e elegante. O lugar perfeito para aquela paradinha na ida ou na volta dos balneários paraenses.
BR 316 km 6,5 • Ananindeua www.revistalealmoreira.com.br
Brigaderie Os apaixonados por chocolate têm um novo ponto obrigatório em Belém: a Brigaderie, doceria especializada em artigos finos, feitos do filho mais amado do cacau. A loja adota o conceito gourmet, recriando brigadeiros e cupcakes em novas combinações e possibilidades – sempre sugerindo nuances de sabores diferentes. Café, pimenta, cachaça, maracujá, morango, vinho, gergelim, limão siciliano... As opções inovadoras são diversas. Mas há conforto para os menos aventureiros: o chocolate tradicional também está lá – e delicioso, por sinal. Recomendamos o cappuccino de Nutella. Inesquecível.
Av. Gentil Bittencourt, 2036 • 91 3223.5729 / 8375.7927 • www.brigaderie.com.br
Avenida Senador Lemos, 35 • 91 8068.3000
Sahara Localizado na Senador Lemos, bem perto da badalação da Doca de Souza Franco, o recém-inaugurado Sahara Lounge Bar é um pedaço da cultura árabe em Belém. A decoração é temática e sofisticada, e está presente nos três ambientes da casa: o andar de cima compreende um reservado (com exclusivo telhado retrátil) e terraço, e o andar de baixo recebe as atrações musicais – com excelente estrutura de som e luz. O cardápio também mantém as referências ao rico universo da região. Às quintas, o lugar recebe profissionais da dança do ventre em show exclusivo. Ideal para um drinque com os amigos.
Brasil
Livraria da Vila Com quase três décadas de existência no mercado, a Livraria da Vila se reinventa e inaugura uma loja surpreendente no novíssimo Shopping JK, na capital paulistana. Charmosa, acolhedora, receptiva e democrática, em pouco tempo a Vila foi adotada por aqueles que compartilhavam a visão de livraria como um ponto de encontro, um lugar para ver gente, comprar livro, passar o tempo, tomar café, ouvir histórias. Adquiriu gosto por música e filmes. E por eventos culturais. Criou auditórios, onde sempre há palestras, cursos, debates, pocket shows e contação de histórias. Sem falar dos lançamentos de livros e seção de autógrafos.
Av. Juscelino Kubitschek, 2041 - Itaim Bibi • São Paulo - SP • (11) 5180.4790
Zena Caffé
O Zena (Gênova no dialeto lígure), localizado no coração do Jardins em São Paulo, possui um clima típico de uma vila italiana, com ambiente descontraído e agradável, propondo sentar a qualquer hora do dia oferecendo gastronomia de qualidade, com comida rápida e saudável, baseada na culinária mediterrânea, com receitas autênticas da região da Ligúria (norte da Itália). À frente da cozinha, o chef Carlos Bertolazzi é uma mente inquieta. O forno especial para as focaccias garante um sabor diferenciado para os pães. Outra boa pedida do menu são as saladas com cores e sabores balanceados. Da cozinha ainda saem, além de massas frescas e secas, os deliciosos gnocchi, que tem atraído uma legião de fãs. Opções de carne, frango e peixe completam o menu, satisfazendo todos os gostos. Na hora da sobremesa a Focaccia de Nutella é a grande pedida, mas a levíssima Panna Cotta e a Sacripantina, também disputam a preferência dos clientes. Rua Peixoto Gomide, 1901, Jardins, São Paulo • 11 3081.2158 || Rua Manuel Guedes, 243, Itaim Bibi, São Paulo • 11 3078.6658 www.revistalealmoreira.com.br
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mundo
The Rock Restaurant Em meio ao visual paradisíaco de Zanzibar, ilha na costa leste da África, algo chama atenção – e vem de dentro do mar. A poucos metros da areia, uma grande pedra emerge. Sobre ela, uma pequena casa. Esse é The Rock Restaurant, um exclusivíssimo lugar para degustar frutos do mar. Os interessados em conhecer precisam se programar com antecedência: o local só atende 14 mesas por vez. A experiência visual é deslumbrante: a água cristalina cerca a rocha; e, dependendo da maré, pode ser que seja necessário ir ou voltar de lá com o auxílio de um barco. O menu oferece as tradicionais delícias marítimas da ilha. Recomendamos provar a salada de polvo – que leva azeitona e suco de limão – acompanhada de um bom vinho branco.
Michamvi Pingue - Zanzibar • +255 (0) 777.835515 • www.therockrestaurantzanzibar.com
The Ledbury
Localizado no alto de uma casa de 1940 no bairro de Anzures, o Champagne Bar Celeste e Tea Room é uma verdadeira viagem no tempo. Projetado pelo premiado escritório de design Productora, o lugar remete às antigas casas de chá inglesas, típicas dos filmes hollywoodianos de gângsteres – porém com o toque de modernidade que a separa do anacronismo. Repleto de listras pretas e brancas, o espaço por vezes parece redimensionado pela ilusão de ótica, de acordo com a posição de quem o observa. Tudo é muito bem cuidado: desde o terraço ao ar livre e o telhado transparente (que permite iluminação natural) até os detalhes: chaleiras, filtros, vasos de flores e baldes de champanhe, por exemplo, eram feitos à mão por um dos mais antigos ourives na Cidade do México. No menu, taças individuais de uma extensa carta de vinhos, chás e champagnes. Para jantar, indicamos o ceviche peruano feito com maracujá, seguido pela original Eton Mess – merengue, água de rosas, chantilly e frutas. 127 Ledbury Road. Notting Hill, W11 2AQ • +44 (0)20 7792.9090 • http://www.theledbury.com www.revistalealmoreira.com.br
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perfil
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Anderson Araújo
Brilho da
lua
Luê Soares – ou Luê, simplesmente – nasceu em meio à cultura popular e apurou os ouvidos com educação musical clássica. No meio do caminho, como que contrariando a ordem de um roteiro pré-determinado, ela decidiu reescrever os rumos da própria história. Com luz própria.
L
uê Nayá Jansen Soares, 23 anos, capricorniana. Não seria possível um nome mais apropriado. A mãe, Wena Jansen Soares, diz que pesquisou bastante em 1988, quando estava grávida, até achar o mais adequado para a primeira filha. Artista plástica, apaixonada por um músico, ligada às coisas da terra e à natureza, a expectante acertou em cheio: foi buscar na referência indígena, a matriz mais paraense possível, o chamado mais bonito para a menina. Nascia o bebê nomeado com a beleza da lua, que não veio na pele, morena brejeira que só ela, mas na inspiração que o astro traz à boa cantoria, ao bom astral das grandes noites, que lhe predestinou a voz. Numa quarta-feira de maio, Luê chega esbaforida à sessão de fotos para a Revista Leal Moreira, depois de uma tarde de gravações para um comercial de televisão. A agenda anda corrida. Ela está na ponte aérea São-Paulo-Belém-São-Paulo-qualquer-lugar-onde-a-música-chame. E o Brasil descobriu Luê, daí a música a tem chamado bastante. Levinha, mignon, só se percebe o cansaço e a correria porque ela confessa. Porém, sem queixa. Nada é ruim, nada atrapalha ou pesa no roteiro escrito para a cantora desde o encontro definitivo entre Wena Jansen e Júnior Soares, o pai e incentivador da moça e vocalista de um dos fenômenos de massa mais empolgantes da cultura popular paraense, o Arraial do Pavulagem. Diante do fotógrafo, ela já esquece a fadiga de uma tarde inteira e posa natural para a lente. O cenário é uma adega confortável, à meia luz, e, sobre a mesa, um copo de conhaque. Luê posa séria, mas também sorri. Brinca com a posição de estrela sob holofotes, a qual pa-
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rece que ainda não se acostumou. Seduz em gestos simples, delicada, como a violino que a acompanha desde os nove anos. É o instrumento que lhe moldou também a suavidade da voz que, pelas referências, deve se libertar ainda mais – conforme ela se integre aos palcos à arte, este simbionte irresistível, que já começa a lhe tomar por inteiro e lhe guiar a vida. Há uma sofisticação educada no canto de Luê, algo fácil de qualquer ouvido amar. Mas ela se exige mais e mira no imponderável que é fundir a técnica perfeita em uma performance livre, louca, quase brutal como os ídolos Gal Costa e Baby do Brasil esbanjam magicamente desde quando ela nem existia. É no jogado magnético e inconfundível de gente como Robert Plant, do Led Zeppelin, e Björk que a paraense se espelha; sem esquecer os anos de bastidores e camarins dos shows do pai, sem se afastar de bases como Nilson Chaves e o maestro Waldemar Henrique, sem deixar de se encantar com o suingue novo, mas há décadas entranhado no sangue e nos dedos e na lógica rítmica do amigo Felipe Cordeiro. Ao ouvir Luê cantar e falar apaixonada sobre a gana de agarrar a música, partir para São Paulo, trabalhar com gente que ela sempre amou ouvir, a impressão que se tem é que ela estava destinada a este clichê irresistível, já impregnado em seu nome: brilhar como lua nas noites do Brasil. Na entrevista a seguir, a cantora conta sobre a boa fase, coragem de abraçar a nova carreira, o novo e histórico momento para a cultura paraense, Belém, Bragança, Ajuruteua e o sonho de cantar com grandes nomes da música brasileira, como Gilberto Gil e Caetano Veloso »»»
Dudu Maroja
Luê começou a tocar violino aos 9 anos de idade, mas a influência do pai (além de sua própria história familiar) a conduziu à rabeca, um violino rústico, muito comum em Bragança, cidade onde passou boa parte da infância.
– e ninguém duvida que ela escancare as portas com seu talento e fisgue os baianos com a doçura da voz. Confira a conversa na íntegra: A partir de quando deu para perceber que o “A fim de onda” seria um projeto de verdade e com a repercussão que está tendo? Bem, eu já tinha essa vontade de produzir o meu primeiro disco, então inscrevi o projeto na Lei Semear no segundo semestre de 2011, com ajuda do Marcel Arêde – esse foi o primeiro passo para tornar real o que era apenas uma vontade e possibilidade remota. A partir daí, comecei a conversar bastante com o Betão Aguiar, que produziu o disco, sobre música, sonoridades, possíveis participações, repertório etc., e então o disco passou a existir no corpo físico de fato. A gente nunca sabe ao certo a repercussão que um trabalho vai ter depois de pronto, mas eu estou bem feliz com o feedback que tenho recebido das pessoas. Nunca esperava fazer parte da rede de artistas do Natura Musical, junto com Tom Zé, Milton Nascimento, Tulipa Ruiz, e tantos outros. Isso pra mim foi um presente e uma sorte danada pra quem está lançando um primeiro trabalho. Também não imaginei lançar o disco em um Theatro da Paz
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cheio de gente curiosa e depois poder circular com esse mesmo show no Rio, São Paulo e Salvador, sendo tão bem recebida. Outra coisa que me deixou muito feliz também foi ter a oportunidade de apresentar o meu trabalho na Virada Cultural da capital, em São Paulo, e na Virada Cultural Estadual, em Santos. Eu estou bem feliz com tudo o que está acontecendo. Como é ser protagonista de um trabalho que tem tanta gente de peso como Arnaldo Antunes, Felipe Cordeiro, André Carvalho, Curumin e tantos outros artistas renomados? É realmente uma honra. Há algum tempo – quando eu escutava os discos do Arnaldo, Curumin, Nação Zumbi, 3 na Massa com o Pupillo, entre tantos outros – passava pela minha cabeça que, de alguma maneira, eu precisava dialogar com esses caras, falar e fazer música junto. Mas cantar era uma vontade que eu pouco assumia, e por isso achava que essa interação seria algo muito distante. Então, quando resolvi que iria cantar e comecei a gravar o meu primeiro disco, pude realizar essa minha vontade. Pra mim foi uma honra ter artistas que sempre admirei tanto, deixando um pouquinho de sua essência nesse meu primeiro trabalho.
Conta da tua iniciação musical (aos nove anos, Luê começou a aprender violino). Além da clássica “Asa Branca”, como exercício do conservatório, e “Tu já rainha”, como vontade de se apresentar com teu pai, quais as memórias que tens da infância em relação à música? Bem, eu sempre tive música na minha vida, fosse pelo contato direto com um instrumento, no conservatório, ou em casa, ouvindo música com a minha família, ouvindo meu pai tocar violão. Quando penso nessa época me vem muita coisa na cabeça... Me lembro de andar pelo Conservatório Carlos Gomes ouvindo a turma do canto lírico fazendo exercícios de aquecimento vocal, lembro de assistir aos shows do Arraial no (Teatro) Margarida Schivasappa e brincar de correr nos corredores do teatro... Me lembro de, ainda pequena, ter ido a um concerto com a minha família onde a orquestra tocou “As Bachianas” de Villa-Lobos e achei a coisa mais linda da vida. Saí de lá querendo tocar também em uma orquestra, o que veio a acontecer alguns anos depois. Qual a influência do teu pai nesse trabalho novo, já que me dizes que ele é o grande incentivador? Ele deu alguma dica de arranjos, de produção ou ficou no apoio moral e deixou que você tomasse as decisões? Digo que meu pai sempre foi meu grande incentivador, porque desde pequena a música foi algo que me interessou; e quando ele percebeu isso, me matriculou no Conservatório Carlos Gomes, aos 9 anos, para que eu pudesse iniciar e me aprofundar no estudo da música. Em paralelo a isso, ele estava sempre ali, me apresentando um universo muito variado dos ritmos e das sonoridades da Música Popular Brasileira, principalmente aquela feita no Pará. Meus pais sempre me incentivaram a fazer aquilo que gosto, com a música não foi diferente. E assim foi, também, quando surgiu a possibilidade de gravar o meu disco. Meu pai participou tocando na faixa “Nós Dois” e “Cavalo Marinho” – e sim, me deu total liberdade pra que eu tomasse minhas próprias decisões, como sempre foi; mas, claro, acompanhando tudo de perto, vibrando comigo. Quais as influências no teu canto? Como falei pra você, o canto da Gal me influencia, assim como o da Baby (do Brasil), Robert Plant e Bjork, no sentido da liberdade. Essas pessoas que citei cantam com uma liberdade e qualidade vocal surpreendentes, »»»
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que eu procuro buscar no meu canto. Agora, acho que talvez exista certa delicadeza na minha maneira de cantar, mais por influência do violino do que por algum cantor ou cantora que eu admire. O violino é um instrumento melódico, muitas vezes suave mesmo, acho que o fato de ter estudado esse instrumento durante alguns anos da minha vida me trouxe essa delicadeza. Como está sendo a rotina em São Paulo? Não a de shows, a da vida mesmo: onde você tem se divertido? como tem gastado seu tempo? qual o restaurante preferido? tem aproveitado a agitada vida cultural da metrópole? Está sendo muito bom morar em São Paulo e conhecer um pouco mais dessa cidade tão grande. Gosto da vida cultural que ela proporciona. Todo o tempo você pode ir a um concerto, uma exposição, um show incrível – opção não falta. Eu não sou uma pessoa muito agitada, então me divirto bastante recebendo amigos em casa, adoro um bom brechó (e isso tem de sobra em SP). Restaurante então nem se fala. Difícil é escolher apenas um, mas no momento estou vivendo uma relação de amor com o Restaurante do MAM (Museu de Arte Moderna), no Parque do Ibirapuera. E a agenda de programas televisivos, rádios e shows? Como falei antes, acabei de me apresentar pela primeira vez na Virada Cultural Paulista e na Virada Estadual, em Santos, e foi legal demais! E em junho tem participação minha no show de lançamento do disco do Ronaldo Silva, dia 18 em Belém. Também me apresento aqui no dia 2 de julho. E dia 29 de julho tem show no “Cedo e Sentado”, um projeto superbacana que rola toda segunda no Grazie a Dio, em SP. (Luê ainda fecharia outros shows e convites, mas que não estavam confirmados até o dia da entrevista). Como tem encarado esse momento novo da música paraense em destaque no Brasil? Acho que estamos passando por um momento muito especial para a música que é feita no Pará. Temos mesmo uma musicalidade muito rica e variada, o que tem surpreendido e atiçado a curiosidade das pessoas em relação ao que está sendo produzido no estado. Uma coisa interessante que percebi é que hoje as pessoas não demonstram mais certa indiferença quando digo que sou de Belém. Pelo contrário, de repente sou bombardeada de perguntas sobre as nossas “gírias”, sobre culinária e sobre nossa música, sempre seguido de um bom “preciso ir ao Pará!”. Pra ti, o que vai definir se esse momento é mais uma moda ou consolidará o Pará como um polo de cultura brasileira (consagrado, claro, porque, dentro de suas características já é)? Olha, fazendo uma analogia ao Manguebe-
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at com Chico Science (de Pernambuco) e ao que aconteceu tambĂŠm na mĂşsica da Bahia, ĂŠ muito legal estarmos com os holofotes voltados para nĂłs e termos a abertura e destaque da imprensa do paĂs. O que particularmente me chama mais atenção na nossa cena atual ĂŠ que somos muito diversos, temos de tudo. É fato que vivemos um momento especial, mas isso nĂŁo diminui em nada tudo que se produziu em outras ĂŠpocas. Estamos colhendo frutos de muitas sementes bem plantadas e regadas nos Ăşltimos 30 anos, pelo menos. Assim como o sucesso que teve o Manguebeat, de Chico Science, nĂŁo deixou de honrar a obra de Alceu Valença, por exemplo. Agora, independente da “boa faseâ€? que vivemos na mĂdia, em todos os lugares, sinto que ainda tem muito trabalho para ser feito. O ParĂĄ tem tudo para ser um polo de cultura brasileira. Na verdade, ele jĂĄ ĂŠ, mas isso vai muito alĂŠm da moda. Por que largou a faculdade de Direito? Ainda ĂŠ possĂvel retomar? Porque o que eu havia escolhido nĂŁo me satisfazia, nĂŁo me realizava. Quando me dei conta disso eu jĂĄ estava viajando e fazendo bastantes shows, entĂŁo a agenda começou a entrar em conflito, comecei a faltar e entĂŁo percebi que aquilo nĂŁo fazia sentido pra mim. Escolhi a mĂşsica, mesmo sabendo que nĂŁo ĂŠ um caminho fĂĄcil nem seguro, mas nĂŁo me arrependo. Faço o que eu amo, corro atrĂĄs do que eu quero e
as coisas tĂŞm ido bem. É impossĂvel, pra mim, voltar a cursar Direito. Mas quem sabe um novo curso, nĂŠ? Quem sabe... Voltas a morar em BelĂŠm? Do que mais tens saudade nesses meses fora? Por enquanto nĂŁo, porque pra mim e para o meu trabalho tem sido importante morar em SĂŁo Paulo. Mas procuro ir todo mĂŞs a BelĂŠm, curtir a famĂlia e meus amigos – e claro, trabalhar tambĂŠm. Fiz o show de lançamento do meu disco em BelĂŠm e foi inesquecĂvel. Pretendo repetir a dose em breve. Ah, morro de saudade da famĂlia e da comida de casa, isso faz muita falta. Mesmo começando tĂŁo bem e sendo elogiada pela imprensa especializada vocĂŞ tem medo em relação Ă s escolhas que fez? NĂŁo sinto medo ou arrependimentos em relação Ă s escolhas que fiz atĂŠ aqui. Pelo contrĂĄrio, eu escolhi esse caminho. EntĂŁo entrei de cabeça e percebi que, desde que assumi para mim que eu queria cantar de verdade, as coisas começaram a engrenar. Acho que faltava essa determinação minha. Agora, como eu disse antes, a mĂşsica ĂŠ um caminho incerto e isso Ă s vezes causa certa ansiedade. O medo faz parte de qualquer profissĂŁo e escolha, mas eu tenho sorte de estar bem amparada, envolta de pessoas que cuidam de mim, sempre me acompanhando e aconselhando da melhor maneira. 
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A menina cresceu e decidiu mudar os rumos de sua prĂłpria histĂłria. Se ela se arrepende? “NĂŁo sinto medo ou arrependimento em relação Ă s escolhas que fiz atĂŠ aqui. Pelo contrĂĄrio, eu escolhi esse caminhoâ€?.
E Bragança? Qual tua melhor lembrança da cidade? Tenho as melhores lembranças possíveis de Bragança. Minha família por parte de pai é quase toda bragantina e meus avós ainda moram na cidade. Lembro de momentos muito especiais com a minha família e de férias inesquecíveis. Praticamente me criei em Ajuruteua e sinto muita saudade daquela praia. Quando penso nela, me vem imediatamente uma sensação gostosa de liberdade, de sentir os pés na areia e daquele vento forte. É um lugar mágico pra mim, assim como Bragança. Qual a música que você quer fazer? Tens essa ideia ou é uma coisa que ainda está em construção? Bem, como você mesmo disse, o artista está sempre em transição, sendo aquele que está começando ou mesmo o veterano. Acho realmente muito difícil se definir um trabalho e encaixá-lo dentro de um determinado estilo musical. Prefiro não fazer isso, gosto mais de ter certa liberdade pra criar e escolher caminhos musicais no meu trabalho. O que precisa melhorar na artista Luê? Sempre tem o que melhorar, eu acho. Mas a cada show procuro cantar melhor, tomando cuidado com a afinação e respiração, procuro também tocar melhor o meu instrumento, aprimorando as técnicas e aprendendo outras novas. Acho que o tempo é mesmo de aprender e buscar sempre melhorar naquilo que me proponho a fazer. Com quem sonhas em cantar e com quem deu orgulho de já ter cantado até agora? Queria ter a oportunidade de um dia cantar com Caetano, Geraldo Azevedo, Gil... Ai, são tantos! Mas, recentemente, tive a super-honra de cantar com o Paulinho Boca de Cantor, dos Novos Baianos, no carnaval de Salvador, e foi legal demais. Outra felicidade foi cantar com o Otto. Participei de uma faixa do disco novo dele e também de alguns shows cantando a mesma música. E fico sem palavras, o show do Otto é sempre muito intenso, muito emocionante.
Veja mais conteúdo exclusivo de Luê
Agradecimentos
Restaurante Famiglia Sicilia Salão Cassius Martins
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zona Amorta
Há entre o plantar e o colher mais mistérios do que nossos conhecimentos agrícolas possam imaginar. Fecundar a terra e esperar para que brote um minúsculo fiapo da vida, sem garantia nenhuma. Mas, contrariando o pessimismo nasce a primeira folhinha. E o sorriso se abre na quase evidência de que tudo vai vicejar. É nessa hora que a frustração rouba a cena, se a semeadura não vai para frente. Metáforas do Globo Rural à parte, um dos maiores temores da atualidade tem nome de filme de terror americano: “Friendzone”. E seu desdobramento rumo ao fiasco é muito semelhante ao do agricultor azarado. Amigos apaixonados e não correspondidos sempre existiram, mas, em tempos modernos, a obrigação moral de não se manter longe da misoginia e sexismo pode ser o empurrão que faltava no abismo mais profundo para quem está apaixonado: o exílio da amizade sincera. O sujeito tem a sorte daqueles encontros incríveis da vida. Ela é encantadora, honesta, linda, conversadeira. As afinidades? Todas. Falam-se todos os dias por celular, por mensagem, por sinal de fumaça, por telepatia. Em menos de uma semana já sabem tudo a respeito um do outro. Descobriram
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Anderson Araújo, jornalista
juntos que leram, na mesma época, na mesma ordem, toda Coleção Vagalume e, em um verão perdido de 1995, estavam na mesma praia passando as férias escolares. Como podem não ter se conhecido?, pensam ao mesmo tempo. As primeiras intenções eram as piores, mas logo o impulso de Casanova se acanhou diante de tanta empatia com a moça. Para que estragar tudo?, ele se pergunta na primeira conversa sincera que tem consigo mesmo. Mas, se a equação da friendzone fosse fácil não começaria com F de fracasso. A mera especulação vira ideia fixa e ele rola na cama, sonhando acordado. Ao despertar, é a imagem dela que lhe vem à cabeça e manda o primeiro torpedo do dia com a urgência de quem anuncia o fim da terceira guerra mundial: “acordei”. A essa altura, a angústia já devorou faz tempo a lavoura da amizade e o agrotóxico do ciúme já amarga os melhores frutos. Quem é André? Quem é João? Quem é Fernando? Ele indaga entre divertido e preocupado, tentando esconder a aflição. O tempo vai passando, o sentimento já é um pavor de perdê-la, de nunca mais vê-la por causa de uma viagem inesperada, de uma doença rara, de um
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novo melhor amigo. Não dá mais pra segurar, explode coração. Numa terça qualquer, estrategicamente escolhida, ele a chama para uma pizza e diz que precisa conversar. Ela feliz, responde: eu também. Encontram-se. E, antes da primeira garfada, o enamorado faz a revelação: estou apaixonado. Eu também, rebate a moça. E, sem dar tempo ao interlocutor, conta de olho brilhante que conheceu Rodrigo, DJ, lutador de MMA e estudante de História da Arte recém-chegado de Viena. Ele é um fofo, arremata. E a planta se recolhe novamente ao fundo do chão, numa inversão fotossintética. É tudo breu. Ele engole o pedaço de pizza e o choro ao mesmo tempo com certa dificuldade. É um jardim sem flor alguma. Não há mais fome, nem forças. O tempo congela e, diante da inexorável verdade, diante da única reação que o espírito do tempo lhe permite, o rapaz diz em um sorriso indisfarçavelmente fingido: que bom. A promessa de felicidade é agora secura entre velhos conhecidos, estranhos instantâneos. A conta, por favor, ele pede, certo de estar na zona morta para o amor.
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Redação
Belém para
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Na quarta entrevista da série “Belém 400 anos”, o Secretário de Estado de Promoção Social do Governo do Pará e ex-reitor Alex Bolonha Fiúza de Mello fala sobre o desafio da educação e do desenvolvimento do sentimento de coletividade.
O
professor e sociólogo Alex Bolonha Fiúza de Mello, ex-reitor da Universidade Federal do Pará atualmente é Secretário de Estado de Promoção Social do Governo do Pará. Entrevistado da Revista Leal Moreira, na série de reportagens sobre os 400 anos de Belém, Alex Fiúza de Mello não titubeou em momento algum. De opiniões firmes, ele defende que o futuro de Belém está na educação do coletivo. Coletivo, aliás, é um termo que ele utiliza inúmeras vezes, ao longo da nossa conversa e que resume bem seu pensamento: de que Belém precisa ser para todos e não para poucos. A seguir, a quarta entrevista da série “Belém 400 anos”. Secretário, para não fugir à regra, iniciamos esta conversa fazendo a mesma pergunta que tem nos norteado até agora: como devolver a Belém o título de metrópole da Amazônia? Eu acho que nós não temos que estar muito preocupados em liderar rankings de metrópole, nem na Amazônia, nem em lugar algum. Acho que a personificação de uma identidade depende muito daquilo que historicamente se impõe às sociedades. Belém, de fato, no passado, era o centro de maior referência, de maior dinamismo cultural, econômico, político e social da Amazônia. Isso é um fato. Em vista do crescimento de Manaus, a partir da Zona Franca, Manaus fez todo o marketing para retomar para ela a ideia de metrópole. Foi quando iniciou-se essa “disputa”, que é totalmente secundária e desnecessária. Não adianta nós sermos a maior metrópole, se nós temos desafios
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ainda por cumprir e não superados. Temos que nos preocupar, em um certo momento, em buscar transformar Belém em um centro promissor, com qualidade de vida para sua população. Os rótulos vêm depois, em consequência deste trabalho. Manaus é uma cidade que “inchou”, em função da Zona Franca, e que tem um modelo econômico completamente equivocado, do ponto de vista da vocação da região. A Amazônia não foi “feita” para ser polo eletroeletrônico. Nós nunca vamos ter competitividade em relação aos grandes centros, mas em relação a Manaus, isso, mais cedo ou mais tarde, vai ser um grande problema: ou o Amazonas diversifica a matriz econômica ou a Zona Franca vai se inviabilizar. E não adianta só ter marketing – isso não vai resolver historicamente o problema – nem de Manaus, nem do Amazonas. E Belém não tem que ficar lutando pela liderança de propaganda ou de marketing, retomar a ideia de “metrópole da Amazônia”. Belém tem grandes problemas a resolver: há uma grande pobreza exposta na cidade, tivemos péssimas prefeituras ao longo do tempo e Belém nunca teve planejamento estratégico, capaz de direcionar a população a um horizonte, pelo qual trabalhar; estabelecer metas, a alcançar, relacionadas à nossa cidade e que mobilizassem a sociedade civil a dar sua contribuição para o atingimento delas. Acho que esse é o maior desafio da prefeitura e para os próximos anos. Agora, o que é fato é que Belém tem uma carga histórica e patrimonial que é a maior da região. Isso é história e história não se apaga – nem com marketing, nem com propaganda... »»»
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Logo não há um único problema para Belém – há vários. Por onde começar a solucioná-los? Eu acho que nós temos que... primeiro, qualquer tipo de planejamento estratégico tem que considerar o desafio de estabelecer um contexto no qual o ator social ou a sociedade ou o coletivo se encontra, na sua relação com o entorno. O que eu quero dizer com isso? Primeiro há que se pensar no papel de Belém dentro da Região e na relação com o resto do país e com o mundo! Por que com o mundo? Belém está no centro do interesse mundial. Nós não precisamos de cartão de visita do governo brasileiro para nos apresentar ao mundo e ter um intercâmbio com o mundo. Agora, qual o papel da Amazônia em relação ao mundo? Isso nós temos que perguntar: o que nos cabe ser, representar ou desenvolver num século que tem suas características; numa sociedade que se globaliza a cada dia, em que os meios de comunicação se desenvolvem, de transporte idem; que vivemos crise energética, crise de produção de alimentos e uma era que depende do desenvolvimento do conhecimento. Quer dizer, uma metrópole para ser metrópole, que não se é capaz de pensar nesse contexto todo, não pode ser referencial na região. Nós temos superlativos imensos e superlativos que muitas vezes, não são percebidos nem pelo Brasil, nem a favor do próprio desenvolvimento nacional. A indústria do futuro é a bioindústria, não é o Pré-Sal. Não é a energia – a energia baseada em emissão de carbono. Não é a indústria do petróleo; não é a indústria do minério. O futuro do mundo é a bioindústria. É a capacidade de transformar os micro-organismos presentes na natureza em produtos inovadores para a qualidade de vida da população mundial. Seja alimentos, seja fármacos... Ora, nós estamos assentados aqui – e isso é uma coisa que o Brasil não vê e nós não vemos – no maior banco genético do planeta. Em vez de nos preocuparmos em criar condições para que a bioindústria se desenvolva aqui, com o apoio de conhecimento, pesquisa e desenvolvimento, nós estamos criando plataformas de indústrias eletroeletrônicas, a exemplo da Zona Franca de Manaus, e assim por diante. Primeiro temos que nos preocupar qual é viabilidade econômica que dará sustentabilidade a uma região como a nossa e a uma cidade como a nossa, inserida nessa região. Isso é uma questão de planejamento estratégico, é uma questão de geopolítica e se não começarmos a pensar grande, continuaremos a ser colônia. Esse é o primeiro ponto. Segundo: nós temos que entender a vocação de Belém nesse contexto. Primeiramente, Belém não é uma cidade industrial. As indústrias estão nascendo no entorno de Belém, nos municípios da Grande Belém, mas não na cidade de Belém. E não é necessário, nem é bom, pelas condições em que vivemos, que esta
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seja uma cidade industrial. E se não é industrial – ela é uma cidade que se caracteriza pelo quê? Pelos serviços, pelo comércio. E, portanto, a vocação de Belém é servir de ponto de encontro e de geração de conhecimento voltado a alimentar todo o estado, mas é uma cidade que tem uma vocação turística imensa; é uma cidade que tem um potencial artístico fabuloso. Belém é uma cidade que guarda tradições incomparáveis, em termos regionais. Logo, ela tem que potencializar isso como cidade e tem que fazer isso de forma profissional, de modo que ela seja atraente para o Brasil e para o mundo, porque ela está inserida na Amazônia. Isso dará dinamismo para a cidade. Isso criará emprego e renda, trará personalidade para a cidade e garantirá a ela um papel único em nossa região. E temos que buscar as parcerias para viabilizar isso. O sr. entrou em duas áreas: educação e turismo... E cultura, no sentido mais amplo, incluindo, inclusive, a cultura acadêmica. Exatamente. Como resolver os problemas que afetam essas áreas? Veja bem, Belém sedia a maior concentração de Instituições de ensino superior e pesquisa de toda a zona tropical mundial. As universidades estão todas contíguas no mesmo terreno. Você tem um polo de conhecimento aqui, que nunca foi explorado como identidade. E o que temos em torno deste polo de conhecimento? Invasão, descaso, desleixo. A pobreza de pensamento é o que faz, até certo momento, com que Belém viva na “baixada” – na baixada das mentalidades. Por isso é tão importante recuperar Belém, o que ela tem de mais importante e valorizar, com atitudes, com obras. O plano estratégico que o sr. mencionou, então, seria a solução para Belém? Exatamente! Qual o plano estratégico para Belém? Que prefeito disse: “vamos montar um projeto, um planejamento para nossa cidade?” – com focos, com metas. Para quatro anos, obviamente. Mas o que se pode fazer, o pouco que dá para fazer em quatro anos, tem que estar dentro de um contexto maior de horizonte, sabendo que este passo é importante. Quem trabalha desta forma? Hoje parecemos um balcão... É uma viagem desgovernada, sem rumo. E a cultura, como o senhor fez de questão de enfatizar, é acessível a todos? Cultura é tudo. Mas em sentido mais estrito, no que diz respeito às atividades organizadas formalmente e que se manifestam por meio de eventos e instituições que cumprem esse papel, eu acho que Belém até avançou muito e tem um enorme poten- »»»
cial para isso. Agora, certamente, o problema da inclusão cultural vai se resolver na medida em que Belém resolver seus outros problemas. É-lhe alentador que a atual prefeitura, por exemplo, partilhe de mais proximidade com o Governo do estado? O prefeito Zenaldo é um homem sensível e de muita vontade. Eu acho que nos dá uma esperança de que algo possa surgir de novo para a cidade, porque isso evita aquelas questiúnculas e brigas entre níveis de governo. Mas isso não é uma lei natural garantida; há casos na história de município e Estado juntos, que brigam. Como também há casos em que há oposições entre os governos, mas que comungam de uma tal postura republicana, que sabem separar suas divergências de um interesse maior. Eu tenho uma esperança de que há algo muito bom vindo para Belém, mas prefiro deixar que o tempo confirme. O que o sr. mais gosta em Belém? As mangueiras. Esse é um problema a ser resolvido também, não? Da condição de uma das cidades mais arborizadas do país, atualmente Belém figura entre as menos verdes. Belém e Manaus. Entretanto as mangueiras não são espécies nativas e o prefeito Zenaldo manifestou o desejo de fazer uma consulta pública sobre o replantio de novas espécies... Entendo que seria melhor consultar especialistas na área, porque esses especialistas saberão o que é melhor para a cidade. Se a mangueira é adequada? Nos últimos 100, 200 anos foi. Tem alguma
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outra espécie que faça sombra? Se sim, por que não? Eu me lembro de um amigo inglês que esteve aqui há alguns anos e se apaixonou pelas mangueiras. “Nunca vi isso no mundo”. Belém causa duas paixões: pelo rio ou pelas mangueiras. Não (há paixão) pelas calçadas, prédios, monumentos... Belém precisa dos túneis verdes, de sombra. São esses túneis que possibilitarão os bares de esquina, os passeios. Isso é o que dá à cidade uma identidade. O Almir Gabriel deixou um legado importantíssimo no sentido da recuperação de parte da visão para o rio... (e para e continua) isso é um problema das elites brasileiras. No caso de Belém, paramos de plantar mangueiras e tapamos a visão do rio. O pensamento que contempla só os próprios interesses é típico de colônia. As nossas elites sempre se submeteram à colônia. O que o sr. menos gosta em Belém? A sujeira, o lixo. Belém é a capital mais suja do Brasil e me incomoda a falta de educação para a vida coletiva. Não se respeitam espaços e regras públicas. Qual o seu desejo para Belém em seus 400 anos? Não pode haver milagres para Belém em tão pouco espaço de tempo. Mas há que se ter iniciativas dos nossos governantes que apontem a um compromisso pelo resgate da cidade para sua população neste sentido. Há que se ter sinais. “Alguma coisa boa voltou a acontecer com a cidade”. Isso eu gostaria de ver por meio dos sinais. Quero poder dizer que “Belém saiu de sua inércia, da inércia negativa”. Eu não espero grandes movimentos, de grandes obras, porque isso leva tempo. Mas iniciativas que demonstrem que saímos da inércia e que a preocupação com o coletivo passou a ser mais importante do que a preocupação com interesses menores e personalistas de nossos governantes.
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Desde 2004, o Colégio Acrópole traz a Belém uma nova proposta de ensino. Com uma estrutura totalmente inovadora, apoio pedagógico que estimula o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais, éticas e emocionais dos alunos e uma metodologia de ensino que já levou centenas de estudantes às universidades. E é por cada uma dessas conquistas que nestes 10 anos, evoluimos cada dia mais na qualidade e eficiência em educação.
O Acrópole agradece a todos que fazem parte desses 10 anos de história de sucesso. PASSAGEM SAMUCA LEVY, 10 • (91) 3238-4116 33 / 3231-9307 - WWW.ACROPOLEBELEM.COM.BR
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Fábio Nóvoa
Amor segundo os
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Símbolos
O amor está no ar... e em tudo ao nosso redor. A Revista Leal Moreira foi investigar a “iconografia” do sentimento mais evocado no mês de junho.
J
unho é aquela época em que o amor parece estar em toda parte. No Brasil, o período compreende desde aqueles que vivem o cálido início dos romances – os namoros comemorados no dia 12 – até aqueles que ainda procuram uma alma gêmea com quem dividir a vida – e haja promessa para Santo Antônio, o casamenteiro. Seja como for, os dias do sexto mês do ano são inspiradores para quem está apaixonado. Para expressar o sentimento, vale toda sorte de manifestação: corações, rosas vermelhas, cupido... Mas você já parou para se perguntar de onde vem toda essa simbologia? O porquê de tais ícones serem considerados românticos? A Revista Leal Moreira, movida por essa curiosidade, foi investigar para você. Confira a história por trás de alguns desses elementos que muito fizeram suspirar casais mundo afora: Ele é o responsável pela felicidade de milhares de casais pelo mundo. Com seu arco e flecha, vagueia pelos céus, sempre à procura do momento perfeito para unir casais felizes, que desfrutarão de mais um Dia dos Namorados juntos. O Cupido, com boa margem de certeza, é o maior símbolo do amor – e representante certo daqueles momentos de ansiedade, suspiros e borboletas no estômago. Também chamado de Eros, na mitologia grega, ele é o mais belo dos deuses; filho de Ares, o Deus da Guerra, e Afrodite, a deusa do Amor e da Beleza. É representado por um menino com asas de anjo, com arco e flecha na mão, que marca o momento que o casal se apaixona. Foi na Roma Antiga que ele ficou conhecido como Cupido, filho de Vênus (também deusa da beleza) e Mercúrio (o veloz mensageiro dos deuses). Cupido teria se apaixonado por Psyché, mas
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não conseguia conquistar o seu amor. Por ciúmes, Vênus ordenou a Cupido que fizesse com que a jovem se apaixonasse por um monstro. Mas, Cupido, apaixonado, colocou-a num palácio, onde a visitava regularmente. A única condição era que ela não podia olhá-lo, pois era uma mortal. Curiosa, ela acabou contemplando o seu amor, enquanto ele dormia e ele acabou punindo-a por isso. Expulsa do castelo, vagou à procura do amado e encontrou Vênus, que lhe deu muitas tarefas em troca do amor do filho. A última seria guardar uma caixa, onde estaria a beleza de Perséphone. Psyché abriu a caixa e caiu em sono profundo. Quando soube, Cupido desfez o encanto e ela acabou presenteada pelos deuses para viver eternamente ao lado do grande amor. Independente da referência (seja grega ou romana) o Cupido segue vivo no imaginário popular e nas canções de amor – como na faixa de Cláudio Lins, filho do célebre Ivan Lins, que carrega o nome do anjo-deus e retrata o exato momento de sua flechada: “Eu vi quando você me viu/ Seus olhos pousaram nos meus num arrepio sutil (...) Eu sei que ninguém percebeu/ foi só você e eu”. Outro velho conhecido dos apaixonados é o coração, rabiscado em cartas apaixonadas, entre suspiros nos diários secretos ou mesmo posto entre as imagens de uma videomontagem romântica. Homero dizia que o órgão era símbolo da coragem; os budistas, da razão. Entre os egípcios, os insensíveis já eram considerados “sem coração”. A bíblia diz que Deus “olha para o coração do Homem”. Ainda no Egito, todos os órgãos eram retirados depois da morte, menos este. Simbolicamente, o Coração também é considerado o centro do homem. O termo grego kardia (coração), os latinos cor (coração) e cardo (polo, »»»
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eixo terrestre, eixo principal) têm radical igual. E foi a partir da Idade Média que ele se tornou um símbolo claro do amor, assim como de santos. Ali, ele começa a ser cantado, em verso e prosa, pelos trovadores (“Já tanta paixão/Valer não pudera/se vos não tivera/ em meu coração”), e acaba imortalizado até os dias de hoje, sobretudo pelos músicos – como Chico Buarque fez em Luiza, para citar apenas um exemplo (Eu sou apenas um pobre amador/ Apaixonado/ Um aprendiz do teu amor/ Acorda amor/ Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração). Igualmente pensada para agradar os corações está a rainha das flores: a Rosa. Encontrada na natureza desde períodos pré-históricos, a flor vermelha começou a ser cultivada na China, por volta de cinco mil anos antes de Cristo. Usada para saúde e para a beleza, se tornou um remédio indispensável para os chineses. Três mil anos antes da nossa era, a Mesopotâmia, e a Grécia também praticavam a cultura da rosa. Segundo a Mitologia grega (de novo), a Rosa foi criada por Clóris, deusa das flores (Flora entre os romanos), com o corpo inanimado de uma ninfa. Foi consagrada a Afrodite, deusa do amor, e depois a Vênus, na época romana. Cupido usava uma coroa de rosas, assim como Príapo, deus dos jardins e da fecundidade. Uma das versões da mitologia grega diz que ela ficou vermelha com o sangue de Adônis e Afrodite, que, ao correr em seu socorro, teria se machucado num arbusto de rosas brancas. Na antiguidade, era usada nas cerimônias de casamento. Na Idade Média, a literatura deu à flor o signi-
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ficado do amor, com o alegórico Romance da Rosa, de Guillaume de Lorris – um best-seller do século XIII, verdadeiro manual de amor cortês, no qual a flor representa a amante. O Renascimento associava à flor o amor eterno. Pintores usavam a flor em quadros, como Boticelli. Não raro, as rosas estão aí, presenteando homens e mulheres como representação do amor. Pequenos (grandes) gestos Em tempos que o mercado está de olho nesse público, os elementos culturais que remetem à paixão espalham-se pelas lojas e propagandas: corações, rosas, e muito vermelho. Mas quem encontrou sua cara metade (ou ainda procura) sabe que o amor romântico, esse que transborda as emoções, tem outros símbolos que, embora mais sutis, são tão importantes e marcantes quanto o do anjo mitológico de asas dentro da relação. Guto Rebelo, 27, e Kézia Carvalho, 25, foram “flechados” de maneira curiosa. Eles se conheceram em um estúdio de TV. Ela, jornalista e produtora. Ele, músico e universitário. Ela produzia um programa de futebol e ele estava na banda convidada naquele dia de fevereiro de 2012. “Eu sempre chamava bandas para participarem, e em fevereiro de 2012 eu vi o Guto pela primeira vez. Lembro que ele estava usando uma camisa do Corinthians, que é meu time também. Ele tinha levado uns amigos, mas foi impossível não perceber o sorriso dele”, lembra Kézia. Guto diz que foi paixão à segunda vista. “Eu arrisco dizer que me apaixonei desde a segunda vez que a vi, justamente no mesmo estúdio, em uma
segunda oportunidade de ir lá”, garante. “Eu percebi que estava apaixonada mesmo quando eu sentia falta das ligações, da atenção especial nas redes sociais, nas mensagens. Antes de a gente começar a namorar, éramos bem próximos. Ele ligava, mandava mensagem, dava a entender que queria alguma coisa, mas eu não dava bola. Aí quando ele me deu um ‘gelo’, eu senti que já não dava mais pra ficar longe, sem se ver, sem se falar...”, diz Kézia. Para eles, o grande “símbolo” do amor foi o casamento, ocorrido apenas seis meses depois que o namoro aconteceu. “O Guto não é religioso, mas abriu mão de todas as convicções dele pra fazer nossa festa de casamento, tudo do jeito que eu queria. Não só a festa, mas a cerimônia com o pastor da igreja que eu faço parte (Batista), e até mesmo fez um estudo de noivos comigo. Então, para mim, esse é o maior símbolo do amor, que vai se fortificando a cada dia. Quanto mais eu o conheço, mais tenho certeza que fizemos a escolha certa”, diz a jornalista. Hoje, os dois dizem que foi a melhor decisão de suas vidas. “Estar junto é sorrir, é chorar, é desejar estar próximo, é um conjunto de coisas que sentimos e vivemos, mas que nunca queremos perder, é ter aquela pessoa por todos os motivos próxima a nós”, reitera Guto. Assim, eles procuram manter a paixão, mesmo que a rotina não permita muitos momentos românticos. “Como somos muito ocupados, algumas vezes não temos como ligar mais ou tentar almoçarmos juntos, mas sempre que podemos estar juntos somos muito carinhosos um com o outro”, fala o músico. “Eu cuido dele, ele cuida de
mim, tentamos respeitar o espaço um do outro, vou aos shows de hardcore que ele curte e ele vai às baladinhas comigo e com as minhas amigas... Tentamos fazer das nossas folgas do trabalho momentos felizes”, completa a jornalista. Mas o dia a dia também permite pequenas demonstrações de amor por meio dos ícones do amor romântico. “Depois de um dia cansativo de trabalho para ele, num sábado, ele toca a campainha e eu vou abrir. Lá está ele com uma rosa na mão e com a nossa música (“You and Me”, da banda Lifehouse) tocando alto no celular dele. Abri o portão e começamos a chorar juntos”, lembra Kézia. Já os “inimigos” declarados Alexandre Moura, 35, e Luiza Assis, 26, viram a relação mudar após um pequeno (e despretensioso) gesto. Ele, militar e ela, psicóloga. “Achava o Alexandre exibido. Tinha de conviver com ele, porque era um grupo de amigos e ele chegou até nós, por meio de um dos meus amigos”, ela conta entre risadas. “No dia doze de junho de 2010 os solteiros do grupo decidiram sair juntos e lá estávamos nós: eu e ele, o antipático. Um coração recortado no papel – foi o presentinho dele para mim. Fiquei tão surpresa com o gesto, que na carona de volta para casa, e após uma noite surpreendentemente agradável, comecei a olhá-lo com outros olhos”, confessa. “O antipático tinha um coração”, ele interrompe entre gargalhadas. Não demorou muito para que decidissem morar juntos. “Em todos os dias dos namorados, desde então, há corações de papel...”, Luiza finaliza.
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entrevista
Camila Barbalho
Lenine ama é para
quem
Um CD novo, a comemoração de trinta anos de carreira, sons de passarinhos e uma parceria com o filho compõem a atual fase do cantor homogeneamente mais heterogêneo do cenário musical brasileiro. E, segundo ele, ainda há muito chão a viver.
“
Amor é pra quem ama, amor é pra quem vive”, diz uma das faixas de Chão – disco mais recente de Lenine. Sim, ele está certo. A universalidade do amor tem lá seus caprichos: embora todos possam experimentá-lo em algum nível, são poucos os que podem compreendê-lo. Também universal e caprichosa nos mesmos termos é a música – e também nesta, Lenine está no seleto grupo dos que a alcançaram. São 30 anos de carreira e outros tantos de paixão, desde que trocou as missas de domingo com a mãe pelos discos ouvidos com o pai. E como os melhores amores, a relação do pernambucano com a música vive em constante renovação: Lenine não parou no tempo daqueles 30 anos idos, tampouco sobrevive emocionalmente do que já fez. Não à toa, ele ostenta uma das produções recentes mais relevantes – e diversas – do Brasil. Diverso, aliás, é o próprio compositor, como o espelho que é do que faz. Ora adota o ar de velho sábio, de quem entrega homeopaticamente os mistérios do mundo; ora faz as vezes de moleque roqueiro, na atitude, no “do-it-yourself”. Ora abraça com força as tradições da música nordestina, atmosfera constante da sua sonoridade; ora é do mundo, experimental e livre como um cidadão de qualquer lugar. Ora na trilha das novelas e com suas melodias na boca de todo mundo; ora em letras enormes, contratempos, síncopes e outras “inacessibilidades” musicais. Lenine é muitos. É um. É o que quiser. Cirúrgico, ele resume, em uma frase, a sua complexidade: “pra você ser homogêneo, é preciso ser heterogêneo”. Acostume-
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-se, Lenine é assim mesmo. Como a música e o amor, ele sempre diz tudo. E sempre tem algo novo a dizer. A música é presente na sua vida desde a infância, no ambiente familiar. Mas assumir a música como profissão já foi algo do fim da adolescência em diante, não? Você chegou a pensar em fazer outra coisa? Consegue identificar um momento específico em que decidiu isso? A música foi a substituta das missas para as quais minha mãe nos obrigava a ir aos domingos. Papai permitia que os filhos, quando completavam oito anos de idade, pudessem escolher a conexão com o divino – com a mamãe na missa, ou com ele, ouvindo música. Minha querida mãe perdeu todos os parceiros aos oito de idade... Já estive em outras áreas de trabalho, comecei a cursar Engenharia Química e não me arrependo. Ela me ensinou muito sobre tudo. Por exemplo: “pra você ser homogêneo, é preciso ser heterogêneo”. Isso é uma lei básica das reações químicas, mas que eu carrego comigo como compositor. O momento da escolha se deu quando cursava o terceiro ano de engenharia. Surgiu a oportunidade de participar de um festival de música no Rio no verão de 80, cidade que já exercia sobre mim um grande fascínio. Na biografia que está em seu site, você é descrito como “recifense-carioca, brasileiro do mundo”. O que isso diz de você? A mudança [de Recife para o Rio de Janeiro] »»»
Daryan Dornelles
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aconteceu por minha necessidade de aprofundar o que fazia, e naquele momento existiam duas opções: Rio ou São Paulo. Minha ligação com o mar me levou pro Rio. Mas então se consolida a internet, e começa a acontecer uma descentralização muito benéfica, que permitiu que novas gerações não precisassem sair de seus lugares de origem pra tentar uma carreira artística. E isso vem se propagando numa progressão geométrica por todo o mundo. O universo digital nos deu tudo, os meios de produzir, de propagar e de chegar a todos, de maneira ampla e democrática. Hoje falamos da música do Pará, da música da Paraíba, do Rio Grande do Sul... E Pernambuco tem certa culpa neste processo. Como é seu processo de composição? Há um momento diário no qual você se dedica a isso ou é sempre espontâneo? O que lhe move no sentido da composição? Primeiro deve existir o desejo de fazer, depois é perseguir a beleza. Sem regras pré-estabelecidas, já que depende do parceiro, de quem vai cantar, qual o destino da canção... Tudo isso define a mecânica da criação. Cada caminho é um caminho. Mas meu violão é sempre meu fio condutor. É difícil de pôr em palavras, mas você se impõe isso e estão intimamente ligados o trabalho e prazer. Tem canções que não precisam de nada. Já nascem prontas e você foi só uma antena para isso. Retrato isso em uma música de Chão, chamada “De onde vem a canção”. A viagem está em “não estar apontado pra nada”. Seu trabalho é muito plural e se modifica a cada disco. Ao mesmo tempo existe certo traço seu, muito nítido, costurando tudo. Ao ouvir qualquer música sua, é possível dizer “isso é do Lenine”. Em sua opinião, que traço é esse? Do que é feita essa “assinatura”? Creio que só há uma relação entre minhas obras: foram feitas por mim. Foram momentos diferentes, processos diferentes e cada um em uma época diferente. Cada projeto é fechado em si, todo o processo de fazer é um mergulho profundo – compor, arranjar, produzir, gravar, mixar e masterizar. Quando chegamos ao final do processo e o disco fica pronto, a gente esquece o trabalho que deu e mergulha de novo no fazer. Mas aí é a hora do palco, aquele lugar mágico onde nada se repete, tudo é novidade e estímulo. E seguimos na estrada até o momento onde pinta o desejo de fazer um novo projeto. O segredo é ser fiel ao seu estímulo. Seus shows têm uma carga meio contemplativa, quase etérea, embora também tenha muita energia ali. Essa estética é intencional ou você foi chegando a ela naturalmente? »»»
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Eu prefiro acreditar que consigo, com o que eu faço, entreter as pessoas, educá-las, e levá-las um pouquinho mais além. Não me contento em meramente entreter, eu preciso ter a certeza de que a minha interferência, fazendo o que eu faço, vai além do show. Que a pessoa vem aqui, volta para casa, e antes de deitar, diz “pô, de onde vem a canção, quando ela já vem pronta?”. Isso é um tipo de questionamento que tem a ver como a gente encara a vida diariamente. E isso tudo é muito importante para mim. Além de compositor e intérprete, você também é produtor – inclusive de discos de outros artistas, como a Maria Rita. Como é pra você, que tem uma estética artística muito particular, produzir outro artista sem sobrepor esses elementos à estética desse outro artista? É simples: antes de qualquer outra profissão, sou compositor; e, como tal adoro os encontros. São estes que alimentam minha vida! Aprendi a produzir de uma maneira não acadêmica, portanto não me sinto capaz de produzir qualquer artista. Só me sinto confortável produzindo a quem admiro – como foi o caso com Maria Rita, Pedro Luís e a Parede, Chico Cesar, Tcheka etc. Como foi produzir seu disco mais recente em parceria com seu filho, Bruno Giorgi? Ah, o Bruno, desde muito cedo, me provou uma competência além da idade. Muito interessado não só por arte, mas pelas ferramentas que nos possibilitam fazer arte. Sempre fomos muito presentes [um na vida do outro]. Ele já produziu comigo anteriormente. A novidade, dessa vez, foi estarmos juntos em todo esse processo. Cair na estrada mesmo. Nos primeiros meses, eu não conseguia olhar para ele, me emocionava muito… Sou muito criterioso, não seria só pelo laço familiar que criaria com um filho, que estaria com ele profissionalmente. É uma excelência. Como você chegou ao conceito de “Chão”? Como decidiu utilizar ruídos cotidianos nas músicas? Eu fui gravar as primeiras canções que já estava começando a produzir, junto com JR Tostoi e Bruno Giorgi, meu filho. E pelo fato de o estúdio ser na casa da avó dele, minha sogra, a gente esteve muito próximo do processo todo. A primeira sessão foi para gravar “Amor é Pra Quem Ama”, uma música que terminou entrando no disco. A porta do estúdio estava entreaberta, e aí entrou o canário da minha sogra, o Frederico. E foi lindo porque o Bruno percebeu que Frederico não só estava cantando no tom, mas ele estava evoluindo com o arranjo que eu tinha feito. E aí ele disse “pô, pai, a gente tem que assumir isso!”. E foi o que a »»»
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DISCOGRAFIA 1979 - FLOR DE CACTUS - COMPACTO MATITA DISCOS 1983 - BAQUE SOLTO 1985 - XARADA - COMPACTO EPIC 1994 - OLHO DE PEIXE 1997 - O DIA EM QUE FAREMOS CONTATO 1999 - NA PRESSÃO 2002 - FALANGE CANIBAL 2004 - LENINE IN CITÉ 2006 - ACÚSTICO MTV 2008 – LABIATA 2009 – PERFIL 2010 - LENINE.DOC TRILHAS 2011 - CHÃO
gente fez, pegamos o microfone, pedimos silêncio na casa toda e o que você ouve na canção foi o que o passarinho cantou. O que é outra característica do “Chão”: nenhum desses sons foi manipulado, nenhum desses sons foi editado. Eu, na verdade, construí as canções em cima desses áudios originais, o que é um processo inverso da música concreta. Esse Chão ainda tem muito para trilhar.
datas: não são apenas 30 anos de “Baque Solto”, minha estreia ao lado de Lula Queiroga, em 1983. São também 20 anos de “Olho de Peixe”, parceria com Marcos Suzano, em 1993 – além de 15 anos, completados ano passado, de “O dia em que faremos contato”. Eu olhei para trás, gostei do que vi e percebi que minha trajetória foi costurada por essa coletividade. Todas as relações que estabeleci deixaram uma relação de afeto e de carinho. E decidi celebrar isso! Amor não é algo perene. Amor é algo pra se cultivar. Amor é para se cuidar, sabe? É o melhor de tudo: é se encontrar. Alguns nessa trajetória não procuram. Não encontram. Ah, eu encontrei!
O que você tem ouvido, lido... Enfim, consumido culturalmente falando? Sempre fui muito curioso, e continuo sendo. Ando ouvindo em demasia “Posada e o Clã”, “Toe” e “Rua do Absurdo”, muito bom! Agora acabei de ouvir um disco do Vinícius Calderoni, um trabalho belíssimo com seu projeto “5 a Seco”, que também trouxe Dani Black, o “Tó Brandileone”... Tem muita gente bacana. Eu não sou míope, não! (risos)
O que você sente quando termina uma música nova hoje? E quando sobe ao palco? Me ouvir é difícil. Por exemplo, quando o CD é finalizado é um exorcismo. Sou muito volátil – para não dizer volúvel – e não posso mais interferir naquilo que está pronto. Já sobre o palco, ao longo desses anos todos, eu só procurei ser honesto com o desejo genuíno de fazer música. Acho que não me distanciei disso – e, talvez por causa disso mesmo, eu ainda tenho essa sensação quase juvenil, de quando, por exemplo, estou me preparando e vou passar o som. Eu já poderia estar sem saco de passar o som, mas eu gosto tanto, e é tão fundamental para mim, que isso virou minha religião. Isso aqui é meu contato com o divino, é minha missa. Eu respeito muito todo esse processo - e continuo me divertindo em demasia.
Como foi a recente turnê pela Europa? Você é bem recebido? Como você acha que a sua música chega aos ouvidos de quem não fala português? O mundo, a cada ano que passa, se torna cada vez menor. Ter descoberto muito cedo que o tipo de hibridez que a minha música carrega dialoga com o contemporâneo espalhado por este mundo é delicioso. Sempre que volto à Europa sou muito bem recebido! Qual o balanço desses 30 anos de carreira? Este é um ano completamente diferente. Foi um amigo que me avisou sobre a conspiração das
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Ouça as músicas de Lenine.
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Dura Lex, Sed Lex?
Parece infinita nossa capacidade de gerar leis, devemos ser o país com a maior legislação do mundo e o que certamente mais desrespeita as próprias leis. Esse fenômeno parece ser cria da nossa eterna crença que o Estado a tudo deve prover e controlar, herança do sebastianismo português, por sua vez mais uma corrente messiânica à espera do seu Salvador. Um exemplo desse nosso perfil sempre ocorre quando algo dá errado, uma catástrofe ou simplesmente algo que ganhou expressão. O clamor nacional provoca uma ira legisladora em nossos representantes e passa-se a ser mais rigoroso com a legislação vigente ou criam-se novas. Vejamos, por exemplo, o incêndio na boate Kiss onde mais de 230 pessoas morreram num incêndio. Como fruto da comoção todas as instituições ligadas à vigilância dessas casas noturnas no país inteiro, de uma hora para outra, tornaram-se exímios fiscais e passaram a fechar casas, exigir reformas, prender pessoas, tudo no estrito cumprimento da lei. Passados alguns dias, esse furor cede e tudo volta ao normal, usa-se a lei apenas no jeitinho brasileiro de gerar dificuldade pra vender facilidade. E por que isso acontece? Porque não gostamos, enquanto nação, de cumprir leis. Elas devem ser cumpridas apenas pelos outros e quando algo dá errado
Celso Eluan empresário celsoeluan@ig.com.br
lá vamos nós gritarmos por mais leis, mais controle e mais
ção Cidadã e eliminasse todo o entulho autoritário, como tão se repetia à época. Ora, entulho autoritário é esse artigo, que de fato é um entulho e ainda autoritário, querendo determinar o que não pode
fiscalização. A prevenção não é um atributo do nosso caráter nacional. Se um menor é barrado na porta do cinema, porque o filme é inadequado para a idade, achamos um exagero e encontramos um jeitinho com o porteiro. Se outro menor pede uma bebida, exigir a identidade é uma ofensa. Se na porta da boate lotada somos barrados, alguém sempre vai encontrar um jeito, pois ela não deve estar tão lotada assim e, se estiver, não tem problema algum, nada vai acontecer. A verdade é que, como uma criança mimada, não gostamos de limites, estes valem apenas para os outros, estes sim devem cumprir rigorosamente a lei. Sendo este um retrato do nosso inconsciente coletivo fico sempre a me perguntar: quem são os outros? Estrangeiros, talvez. Você sabia que existe uma multa para pedestre que atravessa a rua fora da faixa? É justa? Claro, mas nossos legisladores até hoje não encontraram uma forma de aplicá-la. Esta punição está no artigo 254 do Código de Trânsito desde 1966. Você conhece alguém multado por essa lei? Este é um traço desse nosso afã de produzir leis e não saber o que fazer com elas. A Constituição de 88 é pródiga nesse quesito. O artigo 192 previa que os juros não poderiam passar de 12% ao ano, mas desde o primeiro dia após sua promulgação ficou patente sua inviabilidade, pois tentava controlar algo incontrolável que é o mercado e suas leis de oferta e procura. Isso nossos legisladores sabiam, mas não puderam resistir a incluir um artigo tão popular (e populista, bem ao gosto deles) para que a primeira Constituição pós-ditadura pudesse ser conhecida como a Constitui-
ser determinado pela força, mesmo que da caneta. Aliás, para quê tanto artigo numa constituição? Nossa Lei Maior tem 250 artigos que sofreram 72 emendas desde então, menos de 25 anos. Só para efeito de comparação, a Constituição Americana tem sete artigos, que sofreram 27 emendas ao longo dos seus mais de 220 anos. Se produzir leis fosse sinônimo de evolução e progresso o Brasil seria a maior potência mundial. Infelizmente essa relação não pode ser constatada, muito pelo contrário. Mas continuamos acreditando que algo deve ser feito, portanto preparem-se, mais leis virão para desespero de nosso poder Judiciário que ainda leva a culpa de ser lento para julgar tantos casos gerados pelo excesso e não pela falta de leis. Para encerrar devo fechar com chave de ouro e esse prêmio vai para o nobre deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) que propôs uma lei carinhosamente alcunhada de Poupança Fraterna. Previa que todo brasileiro teria um teto de despesas pessoais, 10 vezes a renda per capita nacional, hoje algo como R$ 20 mil. O restante deveria ser depositado numa poupança para o Estado financiar projetos de interesse nacional. Ora, quem e como isso vai ser controlado? Será que teríamos que criar um cargo de fiscal de despesas, um para cada habitante, que acompanharia todas as compras de produtos e serviços de cada brasileiro e exigiria o depósito da diferença na famosa poupança. Mas quem controlaria os fiscais e quem pagaria essa conta? Ora, é melhor deixar pra lá. A memória nacional é fraca e ninguém mais se lembra dos Fiscais do Sarney e o malogro dos Planos Cruzado, Verão e tantos outros que tentaram controlar preços e demais entes abstratos, plenamente incontroláveis.
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PS: A propósito do título, a expressão em latim significa “A Lei é Dura, mas é a Lei”. A interrogação é a forma tropicalizada do nosso questionamento.
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especial
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Diego Ventura Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro
foto Gianni Mestichelli
Bianca Borges
E por falar
em
saudade...
No ano que marca o centenário de nascimento de Vinicius de Moraes, levamos você a um passeio pelos lugares do Rio de Janeiro frequentados pelo “poetinha”, uma das figuras centrais da Bossa Nova e da música brasileira.
N
ascido na Gávea, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, em 19 de outubro de 1913, Vinicius de Moraes era declaradamente apaixonado por sua cidade natal. Andarilho, aventurou-se madrugada adentro pelos mais diversos ambientes do território carioca – especialmente bares, restaurantes, boates e, claro, botecos. Estes lugares, que serviram de cenário para encontros do poeta com amigos, testemunharam a descoberta de suas paixões ou o surgimento de várias de suas parcerias musicais, também guardam até hoje um pedaço de sua memória e também da história da Bossa Nova. Considerado o “guru” do movimento musical que alterou para sempre a trajetória da canção popular brasileira, Vinicius de Moraes elevou a figura do compositor-cantor a outro status no país. Fosse por meio da poesia que imprimiu em letras de músicas, fosse emprestando sua voz a canções que se tornariam clássicos do gênero ou, ainda, ostentando o inseparável copo de uísque enquanto era idolatrado pelos jovens – alguns nem tanto assim – fãs. A infância foi marcada por algumas mudanças de endereço: morou em diferentes perímetros de Botafogo, também na Zona Sul, para depois mudar-se com a família para a Ilha do Governador, já na Zona Norte. Lá entrou para o coro da igreja, jogou futebol e fez muitos amigos. Numa época em que Copacabana e Ipanema eram praias praticamente desertas e no seu entorno se podia assistir aos primeiros passos de um longo processo de urbanização, Vinicius cresceu entre o mar e a chácara do avô, localizada não muito distante da casa onde nasceu, na Gávea. Recebeu uma formação rigorosa, mas também
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esteve em contato com a música popular e gostava de ouvir o violão dos antigos escravos. Seus pais revelavam vocação artística: a mãe tocava piano e o pai, que dava aula de Latim, Francês, piano e violino, escrevia poemas, era sobrinho de poeta e neto de um historiador. Já sua mãe vinha de uma família de boêmios. Aos 9 anos, Vinicius escreveu seu primeiro poema de amor – um soneto para uma coleguinha. O tom lírico e apaixonado de suas poesias, cujos temas quase sempre estavam ligados ao amor e à figura feminina revela a personalidade de um homem generoso, terno e sedutor. Apaixonado por mulheres, casou-se nove vezes e teve cinco filhos: Suzana, Pedro, Georgiana, Luciana e Maria. Na definição do amigo e admirador Carlos Drummond de Andrade, foi o único poeta brasileiro que viveu como poeta. Em seu currículo profissional constam ainda as atividades de compositor, jornalista, teatrólogo e diplomata. Mas talvez nenhuma dessas funções ele tenha exercido com tamanha desenvoltura quanto a de boêmio. Vinicius é de um tempo em que a “botecagem” – prática obrigatória de todo legítimo bon vivant – era uma atividade a ser exercida por profissionais e não apenas aos fins de semana. Ser Vinicius de Moraes significava, conforme a definição do jornalista Ruy Castro, “entrar e sair de paixões imortais, aventurar-se por todas as formas de criação, preferir a alvorada ao crepúsculo, trabalhar muito e, se possível, vagabundear ainda mais”. Logo, ser boêmio era uma condição indispensável ao Vinicius way of life. Sua figura era querida por intelectuais, arquitetos, artistas plásticos, jornalistas, músicos e escritores e poetas. Nomes do porte de Oscar »»»
Palácio do Itamaraty – Avenida Marechal Floriano, 196
Niemeyer, Mário de Andrade, Lúcio Rangel, Rubem Braga, João Cabral de Melo Neto e Paulo Mendes Campos. Todos o puxavam em sua direção e chegavam a disputar sua companhia nas rodas de conversa e mesas dos estabelecimentos. Isso porque sua presença trazia ao ambiente um ar mais leve; é como se imediatamente o tornasse mais poético, menos quadrado, mais Vinicius. São alguns desses lugares que iremos visitar nas próximas páginas. Mas a parada principal de nosso roteiro é o próprio poeta, que, como definiu Caetano Veloso, “não era apenas o maior letrista da música popular brasileira moderna: era também um lugar no Rio de Janeiro em torno do qual muitos encontros, desencontros e aproximações se davam. Era um lugar onde a gente convivia: Vinicius de Moraes”. Bom passeio! Centro Itamaraty Uma joia neoclássica na conturbada vizinhança da estação de trem Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro, o Palácio do Itamaraty foi palco de (algumas) alegrias e (muitas) decepções para Vinicius. Sob a sombra das imponentes palmeiras que enquadram um belíssimo espelho d’água, o poeta descansava o espírito para a romaria noturna nos bares e colecionava amigos, como o diplomata Affonso Arinos de Melo Franco.
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No intervalo do almoço, quando não ia à Casa Villarino, a escolha natural eram os restaurantes localizados nos arredores da Praça da República: o Tim-tim por Tim-tim – cuja maior glória foi ter servido a atriz Sarah Bernhardt –, o Pena fiel e o Cedro do Líbano, entre outros. Mais tarde, a carreira diplomática possibilitaria que ele morasse em cidades como Los Angeles e Paris, colaborando para tornar mais cosmopolita o já viajado Vinicius. Numa dessas estadas como diplomata, em Montevidéu, enviou uma carta ao Itamaraty pedindo para voltar ao Brasil. A justificativa? Não era “um problema material, de dinheiro ou de status profissional. Tudo isso é recuperável”. Era “um problema de amor. Pois o tempo do amor é que é irrecuperável”. Somaram-se ao afastamento do Brasil e dos amores, algumas dificuldades que a diplomacia impôs à carreira musical: a reprovação contínua dos superiores, que não gostavam nada dos shows e de suas companhias, muito menos que fosse fotografado rodeado de garrafas e copos de bebida. Para continuar se apresentando, precisava seguir as condições rigorosamente: nada de cobrar cachê e cantar sempre de terno e gravata – logo ele que dizia detestar “tudo o que oprime o homem, inclusive a gravata”. Após 1964, com os militares no poder, a fase como diplomata estaria com os dias contados. O anúncio se deu em 1969, com um memorando cur-
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Tel: 91 8887.6486 Fax: 913224.1203 to e direto: “Assunto: Vinicius de Moraes. Demita-se esse vagabundo”, teria escrito o então presidente marechal Arthur da Costa e Silva. Em 2010, 30 anos depois de sua morte, Vinicius foi homenageado pelo Itamaraty e “promovido” ao posto de ministro de primeira classe, equivalente ao de embaixador, em uma cerimônia em Brasília. A sede carioca abriga a placa feita em homenagem ao poetinha, com a inscrição de seus versos. Casa Villarino Houve um tempo em que Tom Jobim andava para cima e para baixo com uma maleta onde guardava suas partituras. Ele era contratado da gravadora Continental, mas ainda era obrigado a tocar piano em boates, para complementar o orçamento e pagar o aluguel do pequeno apartamento onde morava com a esposa e o filho, no final de Copacabana. Tom se apresentava em bares e inferninhos da Zona Sul, onde ouvia os pedidos mais esdrúxulos de música feitos por bêbados e tinha de tocar os mais diversos gêneros musicais, alguns dos quais detestava. Até que sua sorte mudou em um fim de tarde, na Casa Villarino, que reunia a fina flor da boemia e intelectualidade carioca dos anos 1950, no Centro do Rio. Não por acaso, chamavam a casa de “uíscritório”. Foi lá que Tom e Vinicius foram formalmente apresentados, pelo jornalis-
ta Lúcio Rangel, em 1956. O poeta e diplomata estava recém-chegado de Paris, onde vinha desempenhando a função de vice-cônsul por 3 anos. Estava particularmente insatisfeito com sua vida, vivendo uma crise de identidade, aos 43 anos. Em 1954, sua peça “Orfeu da Conceição” foi premiada e ele pediu licença do Itamaraty para voltar ao Brasil. Buscava um músico para compor as canções da peça e Lúcio sugeriu o nome de Tom. Marcaram o encontro no Villarino. Ao chegar ao local, o tímido maestro sentou-se a uma mesa e pediu ao garçom uma cerveja – o dinheiro não dava para ele “bancar” uísque – sendo logo abordado por Lúcio, que o levou à mesa onde estava Vinicius, como sempre, rodeado de gente. Ao ser apresentado ao poeta e diplomata, Tom cometeu uma gafe que entraria para o folclore da música popular brasileira. Quando convidado a compor as músicas, respondeu, desastradamente, “Mas tem um dinheirinho nisso aí?”. A pergunta de Tom seria lembrada durante décadas pelos envolvidos no episódio. Na verdade, Tom e Vinicius já se conheciam das noites no Clube da Chave, em Copacabana, clube tradicional frequentado por nomes do rádio e da televisão e um dos locais onde o maestro piano tocava na noite, sujeito a toda sorte, inclusive de calotes. Mas o Villarino será sempre lembrado como o local onde foi selada a históri- »»»
bbordalogesso@uol.com.br
Casa Villarino- Avenida Calógeras, 6, Esquina com a Presidente Wilson
Parque Guinle - Rua Gago Coutinho, 66 - Laranjeiras
ca parceria que elevou a canção brasileira a um novo patamar de modernidade, elegância e beleza. Hoje, a Casa Villarino é um aconchegante restaurante com uma delicatessen charmosa e que guarda a memória da uisqueria mais famosa do Centro da cidade. O destilado é, ainda hoje, a bebida mais consumida. Zona Sul Laranjeiras Conjunto residencial Parque Guinle Localizado no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul da cidade, em um vale aos pés do morro da Nova Sintra, o Parque Guinle é um oásis nas proximidades dos movimentados Largo do Machado e a Rua das Laranjeiras, e combina uma área nativa de Mata Atlântica com a arquitetura de Lúcio Costa e o paisagismo de Burle Marx. Foi justamente em um apartamento de um daqueles prédios da rua que contorna esse parque que Vinicius e Baden Powell ficaram trancados dias a fio, na companhia de alguns sanduiches e muitas garrafas de uísque, compondo incessantemente o que batizariam de “Afro Sambas”. Por vezes, fechavam as janelas e se desligavam do mundo. Não queriam ser incomodados, nem mesmo pela passagem do dia para a noite e vice-versa. Mas nos poucos momentos em que
abriam as cortinas, estavam diante de uma vista inspiradora. Viraram madrugadas debruçados no violão e, quando se deram conta, já estavam morando juntos – sem que isso tivesse sido combinado – por três meses. O primeiro encontro, na Boate Plaza, em Copacabana, onde se conheceram, foi um pouco desastroso. Segundo o violonista, os dois não conseguiram sequer apertar as mãos. “Ambos estavam com a mão direita ocupada com um copo”. Mas logo eles se entenderiam para formar uma das parcerias mais intensas e prolíferas de Vinicius. Baden levou Vinicius de volta àquele mundo do samba de raízes africanas, que ele ouvira ainda na infância. Biógrafo de Vinicius, o jornalista José Castello conta que Baden foi o principal responsável pela introdução da tradição negra na Bossa Nova. Era um novo elemento que apimentava “um movimento talvez açucarado demais, àquela altura, pela melodia inocente de meninos da Zona Sul”. Os Afro Sambas trouxeram novos protagonistas para o repertório bossa-novístico: entram em cena o candomblé e seus orixás e mães-de-santo, a música de capoeira, as conversas ao pé do ouvido, os sambas de roda e maneirismos de fundo de quintal. Era Vinicius transformando-se, conforme sua própria definição, no “branco mais preto do Brasil”. Saravá!
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Au Bon Gourmet – Avenida Nossa Senhora de Copacabana, Praça do Lido.
Copacabana Bar e Restaurante Tudo Azul Conhecido como o primeiro ou, no mínimo, o segundo melhor piano-bar do Rio de Janeiro – há uma permanente disputa com o Maxim’s – o Tudo Azul era um pequeno bar que ficava atrás do cinema Rian, na Avenida Atlântica, posto 6, em Copacabana. Hoje, no lugar do conjunto todo, está o Hotel Pestana. O Tudo Azul foi um dos primeiros lugares em que Vinicius viu Tom Jobim tocar, antes mesmo de serem oficialmente apresentados na Casa Villarino e depois fechar parceria para Orfeu da Conceição. Mas este lugar ficou marcado, principalmente, como o cenário do nascimento de uma grande paixão do poeta, em uma história que só poderia ter acontecido com ele. Corria o ano de 1951 e Vinicius ainda estava casado com Beatriz de Mello Moraes, a Tati, com quem o relacionamento estava desgastado. Certa noite, Rubem Braga entra no bar, acompanhado de duas mulheres estonteantes: Danuza Leão, por quem nutria uma paixão nada secreta, e da amiga dela, Lila Bôscoli, irmã de Ronaldo Bôscoli. Para disfarçar a própria ansiedade, ele inverte a situação e encena o papel de Cupido para Lila: “Vai chegar um amigo meu daqui a pouco e vai ser muito chato”, diz para Lila, encarando-a assim que os três sentam à mesa. “Chato por que, se ele é teu amigo?”, indaga ela.
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“Chato porque eu sou muito amigo da mulher dele, mas sei que vocês dois vão se apaixonar”, rebate Braga. Minutos depois, pede licença às moças e vai até o balcão, onde então telefona para Vinicius e exige sua presença no local. “Quero que você venha ao Tudo Azul agora mesmo”. “Mas por que essa pressa?”, quer saber o poeta. “Não adianta, porque não vou explicar”. Quando o poeta chega ao bar, Rubem não mede palavras e os apresenta disparando uma frase que se revelaria profética: “Vinicius, esta é Lila Boscoli; Lila, este é Vinicius de Moraes... E seja o que Deus quiser!”. E foi. Nascia ali o terceiro casamento de Vinicius, numa noite em que a conversa se esticaria até cinco horas da manhã. Leitora de poemas, Lila já o tinha como ídolo e ficou surpresa ao conhecer o amigo do qual Braga não revelou o nome nem deu muitos detalhes. “Não posso acreditar... Então o tal amigo é o Vinicius de Moraes?”. Além da poesia, o gosto pela música também os une. Viveram juntos entre 1951 e 1956 e tiveram duas filhas: Georgiana e Luciana. Nessa fase, o poeta experimenta um novo tipo de paixão e amor extremo. Lila o faz recuperar a força de sua poesia e ele vive um momento muito produtivo. Restaurante Au Bon Gourmet Em 1962, o empresário Flávio Ramos comprou, na Praça do Lido, pertinho do Beco das »»»
Beco das garrafas - Rua Duvivier, na altura do número 37
Ouça a seleção musical de Vinicius de Moraes que fizemos para você.
Garrafas, em Copacabana, o restaurante Au Bon Gourmet, que já existia desde 1956 e pertencia ao banqueiro José Fernandes, lenda da noite carioca. Fez uma grande reforma, tirou a decoração com veludos vermelhos e transformou os seus 6x40 m em uma casa de espetáculos com capacidade para trezentas pessoas. O show de inauguração, denominado “Encontro”, foi simplesmente antológico e reuniu Vinicius de Moraes (que cantou em público pela primeira vez), Tom Jobim e João Gilberto, acompanhados por Os Cariocas e Milton Banana, na bateria. Reza a lenda que se Frank Sinatra – que estava caído de amores pela Bossa Nova – estivesse de passagem pelo Rio, também teria participado. Com direção musical de Aloysio Oliveira, foram apresentadas ao grande público as canções “Garota de Ipanema”, “Só danço samba”, “Samba do avião”, “Samba da bênção” e “O astronauta”. Não se contentando com os seus 45 minutos de duração, havia quem reservasse dois ou três dias na semana para assistir ao show, que ganhou capas de revistas e foi elogiado em diversos jornais da época. Ramos registrou o primeiro show em fitas, que, por questões contratuais, nunca puderam virar discos, mas muitas versões piratas circularam e ainda circulam por aí. As fitas, segundo o empresário, foram emprestadas a amigos que “sumiram com elas”.
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A temporada, cuja duração prevista era de um mês, foi esticada por mais duas semanas, com casa sempre lotada. Sua interrupção ocorreu em função da completa estafa dos músicos e produtores, que se desgastavam diariamente. Marcado para a meia-noite, o espetáculo nunca começava no horário porque, poucos minutos antes, o time estava incompleto. Ruy Castro conta que João Gilberto quase sempre se atrasava. Flávio telefonava desesperado e ele atendia, com voz de quem acabara de acordar: “Mas Flavinho, já está na hora? Espera que eu vou tomar um banhinho e estou indo pra aí”. Em pânico, Flávio pedia: “Não, não, venha! Não saia daí! Tome um banho e fique onde está. O carro está indo para te pegar!”. Com a prática, logo Flávio achou prudente mandar seu Cadillac preto buscar João todos os dias do show, para evitar sobressaltos. No ano seguinte, o restaurante foi o palco da montagem de “Pobre Menina Rica”, musical de Vinicius e Carlos Lyra, que contava com a presença de ambos e, ainda, Nara Leão, no elenco. Beco das Garrafas Foi o jornalista e escritor Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, quem batizou aquela ruela composta por quatro casas noturnas (o Little Club, o Baccarat, o Bottle’s e o Ma Griffe), que desembocavam na Rua Duvivier, bem pertinho da famosa praia de Copacabana. O burburinho
O uísque é o cachorro engarrafado. (Vinicius de gostava tanto de uísque que chegou a considerá-lo o melhor amigo do homem)
“
E
e onde anda v saudad ocê / O m e nde an r a dam se al f us olhos r que a gente po Q ue m
e deixo u morto
Que se ouvia na noite dos
de tanto p anção razer / E por falar em beleza onde anda a c
bares de e ntão / O nde a gente ficav a, on de a gent e se
Nunca vi uma boa amizade nascer numa leitaria. Beco das garrafas - Rua Duvivier, na altura do número 37
gerado pelos shows e a intensa movimentação nas boates durante a madrugada incomodavam os moradores dos prédios vizinhos, que atiravam garrafas na direção do local. Daí o apelido de “Beco das Garrafadas”, que foi reduzido mais tarde para “Beco das Garrafas”. Point de intelectuais no final da década de 1950 e começo da de 1960, era o habitat dos nomes mais importantes da Bossa Nova. Hoje o “Beco das Garrafas” abriga uma loja especializada em música e literatura sobre o gênero. Há até um “Museu da Bossa Nova”, que expõe uma edição em vinil de “Canção do amor demais”, entre diversas fotografias de medalhões do porte de João Gilberto, Baden Powell, Tom Jobim e, claro, Vinicius. Tornou-se famoso e alcançou grande sucesso o show que o poeta fez em 1964, ao lado do compositor e cantor Dorival Caymmi, e do então estreante Quarteto em Cy, na boate Zum-Zum, contígua à Bottle’s. O show teve a produção de Aloysio de Oliveira, que, no ano seguinte, reuniria o conteúdo integral do espetáculo em um LP, pela Elenco, de sua propriedade. O disco resultou no maior êxito comercial da gravadora. Até hoje, a boemia carioca se ressente pela falta do famoso beco. Tanto que, de vez em quando, alguém ou algum lugar promove uma “Noite do Beco das Garrafas”, para lembrar os lendários pocket-shows. Uma dose de nostalgia.
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o corp e s s e não vê / Onde anda
Ipanema Bar Garota de Ipanema Não. “Garota de Ipanema”, o maior sucesso comercial da dupla Vinicius e Tom, não foi composta em uma mesa do antigo bar Veloso, na rua Montenegro – hoje em dia, o Veloso se chama Garota de Ipanema e a rua Montenegro, Vinicius de Moraes. Mas foi de fato lá nesse mesmo local que a dupla viu passar a jovem Helô Pinheiro, a caminho da praia, em 1962. Quem conta a história é o jornalista Ruy Castro, no livro Chega de Saudade: “Acabaram de beber seu uísque, pagaram e cada qual foi para sua casa. Algumas semanas depois, nasceu um samba”. Passaram semanas suando para encaixar a melodia e queimando as pestanas na busca pelas palavras que entrariam nos versos. A melodia foi feita na nova casa de Tom, na rua Barão da Torre, também em Ipanema. Já Vinicius compôs a letra no apartamento do Parque Guinle e numa casa em Petrópolis, ambos pertencentes à então mulher do poeta, Lúcia Proença. O resto é mito. “Garota” tornou-se uma das músicas mais executadas de todo o planeta, com gravações de intérpretes do calibre de Frank Sinatra, abrindo a porta dos Estados Unidos a Tom Jobim, que recebeu em 1966 o convite, por telefone, para gravar com o “blue eyes”. Do outro lado da linha estava o próprio Sinatra, que disse: “Gostaria de fazer um disco com você »»»
ama va /
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Rua Nascimento Silva, 107 – Ipanema
Para entender Vinicius
Para ler Vinicius de Moraes - O Poeta da Paixão – Uma biografia (José Castello) Livro de Letras, Vinicius de Moraes (José Castello) Vinicius de Moraes - Uma Geografia Poética (José Castello) Chega de Saudade – A história e as histórias da Bossa Nova (Ruy Castro) Ela é Carioca – Uma enciclopédia de Ipanema (Ruy Castro) Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa, 1998 Antonio Carlos Jobim – Um homem iluminado, 1996 (Helena Jobim) Para ouvir Discografia (discos citados na matéria) Orfeu da Conceição, 1956 Canção do Amor Demais, 1958 Chega de Saudade, João Gilberto, 1959 Os Afros Sambas, 1966 Vinicius e Caymmi no ZumZum, 1965 Tom, Vinícius, Toquinho e Miúcha, 1977 Para ver “Vinicius”, documentário, direção de Miguel Faria Jr. e produção de Suzana de Moraes, filha de Vinicius.
e queria saber se está interessado”. “Perfeitamente, é uma honra”, topou de imediato. A música virou filme – que Vinicius (e todo mundo) detestou –, sem a participação de Helô, que foi barrada pelo pai general e pelo noivo ciumento. O bar, hoje, é atração turística e, além da mesa onde Vinicius e Tom teriam “composto” a música, exibe cópia da partitura devidamente emolduradas, dando a entender que procede mesmo a lenda da composição de “Garota de Ipanema”. Na verdade, não passa de uma ilusão, mas, se como cantou o poetinha, a vida “é uma grande ilusão”, vale o chope no fim de tarde na “mesa mítica”, assistindo ao vai-e-vem das novas garotas de Ipanema. Casa de Tom Jobim Uma placa assinada pela Confraria do Copo Furado nos informa que o apartamento onde o maestro Tom Jobim morou, entre os anos de 1954 e 1960, fica em Ipanema, na Rua Nascimento Silva, 107, endereço que abre “Carta Ao Tom”. Foi lá que ele e Vinicius se juntaram para criar o repertório de Orfeu da Conceição e, após algumas tentativas de se entender (jogaram no lixo as três primeiras canções), compuseram seus primeiros sucessos, incluindo obras-primas como “Se todos fossem iguais a você”. A letra do samba composto por Vinicius e Toquinho e que eternizou aquele pedacinho de Ipanema refere-se ao álbum “Canção do amor demais” (1958), disco que é considerado o marco
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oficial da Bossa Nova. Gravado na voz de Elizete Cardoso, o álbum teve ainda a participação de João Gilberto no violão, que chama a atenção com sua batida nas faixas “Chega de Saudade” e “Outra vez”. Anos mais tarde, o ar nostálgico dá espaço a uma dose de ironia, com a paródia composta por Tom e Chico Buarque em cima da mesma melodia de Toquinho. Com bom humor, “Carta do Tom” fala do aumento da violência no bairro, a degradação da natureza, o tamanho reduzido das janelas em função da diminuição do espaço nos apartamentos, a expansão dos edifícios e cita ainda a especulação imobiliária do Rio de Janeiro, simbolizada pelo nome do empresário Sérgio Dourado. Até o amor, que já não tem mais a pretensão de ser eterno, pode ser “loteado”. As músicas aparecem juntas, no álbum gravado ao vivo no Canecão em 1977, durante um show que reuniu Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha. A direção do espetáculo foi de Aloysio de Oliveira, o mesmo que dirigiu o show “Encontro”, no Au Bon Gourmet. Frase de Tom: “Normalmente, a gente começava a compor de tarde, nós estávamos ainda na base do café, mas Vinicius não gostava muito de café. Os dois fumávamos aqueles cigarros todos, tragando aquela fumaça na Rua Nascimento Silva, 107. Às quatro e meia, começava a cerveja. Vinicius, ao contrário do que esse pessoal todo diz, tomou muito chope.” Em depoimento para o livro “Tom sobre Tons”.
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galeria
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Camila Barbalho
Dudu Maroja
Pupilas
dilatadas
Como um colírio que distorce a realidade, para só então torná-la clara, a fotógrafa Nati Canto buscou o ideal por meio da imperfeição.
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om Quixote nunca conseguiu convencer os seus de que tudo era bem mais que moinhos de vento. Naturalmente, o personagem vestiu de bom grado o rótulo de louco, por lutar contra dragões que ninguém mais viu. Mas a linha entre o louco e o sábio é tão tênue que quase nem há. E se Dom Quixote nunca tivesse estado errado? E se não houver um único modo, um jeito certo, de enxergar o mundo? “Enxergar”, por si, talvez esteja muito perto de um sinônimo para “ser livre”; e quiçá moinhos de vento sejam as amarras que impedem de ver – e lidar com – os tais dragões pessoais, aqueles que todo mundo tem. A liberdade de enxergar requer coragem e uma dose diária de loucura (loucura?). O jeito certo de enxergar é o de quem enxerga. E enxergar, por si, exige que se aprenda a “des-ver” o jeito padrão. É difícil ouvir Nati Canto falar e não pensar em liberdade. Forte, articulada, ligeiramente outsider e extremamente consciente, a fotógrafa paulista se permitiu (ponto). Desde nova, observou a si e ao seu redor sem a obrigatoriedade do senso comum. É claro que dragões apareceram, e não foram poucos. Por sorte, Nati estava desprendida do papel esperado de vê-los como moinhos, e lidou com eles. Mais que isso – os chamou para perto. Nas palavras que se habituou a dizer como um mantra, ela “assumiu seu pacote”: a carga boa e a carga ruim de ser quem se é. Essa honestidade consigo mesma, claro, reflete-se no seu trabalho – a artista renunciou ao “jeito certo” de ver para expor um olhar artístico extremamente íntimo, reflexo de suas vivências e sentimentos. Ironicamente, esse intimismo encontra eco dentro de quem vê suas fotos – o que
ela vê, também vemos; não sob a mesma ótica, mas ainda assim novo. Coletivo e pessoal. É como se ela soubesse desde sempre que, lá no fundo, todos somos Quixotes dispostos a enxergar algo mais. O pacote A maneira como Nati se construiu como artista, bem antes de descobrir o que viria a se tornar, tem muito a ver com sua criação. Filha de mãe musicista e pai físico, dividindo a casa com três irmãos adotivos e dois biológicos, ela aprendeu cedo que a liberdade está em compreender as diferenças. “Meus pais eram dois idealistas, então eu me senti muito à vontade pra me tornar o que eu quisesse me tornar. Minha irmã mais velha também foi fundamental. Ela é terapeuta, e mostrou pra mim como a gente devia se conhecer”. Nesse processo de autoconhecimento, ela experimentou um bocado. Fez faculdade de jornalismo no fim da adolescência, movida pela paixão pela escrita. No curso, teve o primeiro contato com a fotografia, inspirada por um professor que admirava. Mas ainda não era o momento. “Eu tinha muita dificuldade em me enquadrar na rotina acadêmica. Aí um dia eu decidi que ia embora. Fui pra Inglaterra. Fiquei três anos lá. Não tinha dinheiro, não sabia nem tirar o visto”, relembra. Não parou por aí: disposta a viver coisas novas, Nati comprou uma passagem e foi dar a volta no mundo. “Passei seis meses viajando. Fui para a Austrália, Malásia, Nova Zelândia, tudo sozinha. Sempre fui muito solitária. Apesar de ter muitos irmãos, desde pequena eu nunca me identifiquei com grupos”. Na Europa, a fotógrafa entrou em contato com »»»
obras de arte, leu a respeito, fotografou. Mas ter trabalhado com alguns chefs de cozinha durante o período a motivou a se aprofundar no assunto. De volta ao Brasil, resolveu estudar gastronomia. “Eu não queria fazer faculdade porque simplesmente tinha que fazer faculdade. Eu achava um absurdo as pessoas perseguirem um diploma, como se o diploma fizesse você. E tinha certeza que, quando eu terminasse gastronomia, não seria chef nem trabalharia em restaurante. Eu só queria fazer”. Em um primeiro momento, poderia parecer uma guinada brusca. Para ela, não. “Quando eu voltei pro Brasil, estava muito aberta a tudo. Tirei até carta de caminhão... Até hoje eu não sei dirigir (risos). Vivi essa busca pelo erro mesmo: ‘vou fazer jornalismo, vou pra Europa, vou estudar gastronomia... ’”. Já em São Paulo, depois de visitar o mundo da culinária, conheceu a atriz e respeitada professora de moda Jô Souza – peça fundamental para Nati se tornar, de fato e em definitivo, fotógrafa. “Ela me convidou pra fazer alguns editoriais de moda. Com o tempo, fui fazendo cada vez mais trabalhos autorais, participando de editais de arte, sendo bem aceita... Em 2010, apresentei meu trabalho pra galeria que me representa há quase três anos. E começou um casamento que até agora vem dando muito certo. Foi quando eu pude começar a me assumir como
artista”, resume. Quando perguntada sobre ter havido ou não certa resistência em adotar a arte como meio e finalidade da vida, ela responde de maneira muito simples e convicta. “Eu precisava passar por todas as coisas que passei pra também ter alguma coisa a oferecer”. E prossegue: “Foi quando eu decidi que não dava mais pra colocar meu trabalho na gaveta. Eu tinha que largar as pequenas coisas que eu fazia para ser artista, ser fotógrafa. É a hora que você se liberta, que assume o pacote de quem você é. As pessoas às vezes esperam que eu trabalhe de 9 às 17h, receba um salário fixo... Mas eu não podia fazer isso comigo. Era como se fosse me abandonar”. Apesar de compreender a importância de ter se assumido artisticamente, Canto não se envaidece ou deslumbra com o que fez por si. “Você ser artista não é um privilégio acima da humanidade”, ela diz, precisa. “Na verdade, todo mundo pode ser artista. Mas você tem que se assumir. O lado bom e o ruim, a luz e a sombra. Não existe meio caminho”. A neve. O sal. A chuva. A consciência muito nítida de quem é e a fidelidade a si mesma foram dois dos três elementos essenciais para que Nati chegasse ao conceito do que viria a ser o trabalho divisor de águas na sua carreira. O terceiro, decisivo, sur-
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preende: sua miopia motivou a elaboração de “A neve. O sal. A chuva – Lembranças particulares e coletivas”, série fotográfica realizada em três países distintos. Na contramão do óbvio, a artista decidiu que não gostaria de usar óculos quando se descobriu míope. Foi quando se deparou com o livro “Visão Consciente”, do oftalmologista comportamental americano Roberto Capro. Na publicação, o médico apresenta as diferenças entre enxergar (o processar da luz) e ver (a compreensão do que é enxergado em associação às vivências individuais), além de criticar certa “miopia social” dos dias atuais – o enxergar de circunstâncias imediatas e familiares, sem ver além. A teoria vestiu sob medida o pensamento da fotógrafa. “Eu fiquei muito interessada, porque gosto de trabalhar com essa coisa que vem de dentro, tanto individual quanto parte de uma identidade social. E ao mesmo tempo, eu queria questionar esse jeito control freak que a gente tem. A gente chegou num ponto em que quer ter o controle de tudo, tem que olhar certo, ‘olhar com esses óculos aqui’. Mas por que eu tenho que ver as coisas de jeito tão aguçado? Por que eu ver meio fora de foco é errado?”, argumenta. Foi após refletir sobre tudo isso que começou seu processo criativo em busca do que seria seu próprio olho exteriorizado: uma maneira de a câmera reproduzir a maneira como ela mesma en-
xerga, proporcionando foco e desfoque no mesmo plano – e, de quebra, aliar o aspecto digital a certa gambiarra analógica, afastando o controle total do resultado. Para tal, foram várias tentativas. “Eu procurei muita coisa. Tampa de xampu, caixa de sapato... Comecei a testar, experimentei com o desentupidor de pia e rolou. Quando eu vi como ficava, pensei ‘é isso que eu quero’”. Além do experimentalismo instrumental, Canto se permitiu visitar universos geográficos e históricos bem distintos – e aproximá-los por meio da ressignificação que as memórias pessoais e coletivas proporcionam. Cada sequência temática foi fotografada em um lugar diferente: “a chuva” foi registrada no litoral paulista; “o sal”, no Salar de Uyuni, na Bolívia; e “a neve”, no extremo norte da China. “Eu queria usar lugares diferentes e fazer tudo muito branco... Era mais uma coisa de perder um pouco da informação ao redor, em favor do que eu queria que as pessoas olhassem”. O resultado é um trabalho coeso, sensível e de profundidade inquestionável. Naturalmente, não há maneira de controlar como as imagens atingirão quem as observa. Mas isso não é uma preocupação para Nati. “Você não precisa ver minha obra como eu vejo. A obra não é um meio de comunicação, já que comunicar requer que eu fale e você compreenda. São monólogos alternados: eu falo uma coisa, você fala outra, e »»»
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nem por isso nós estamos conversando. Cada um vê com o que tem dentro de si”. Depois de um tempo, ela finalmente confessa sua inquietude, impressa em certo desconforto por continuar vinculada a um único trabalho. Não é renegá-lo – ela reconhece sua importância. É que Nati tem pressa. “Eu não quero ser uma artista de um trabalho só. Adoro o que eu fiz e o que esse trabalho significa pra mim. Mas eu preciso andar”. Em movimento Hoje, a paulista vive um momento de transição bastante frutífero. Convivendo com o luto de uma separação recente e com a euforia de uma carreira em pleno crescimento, ela abraça ambas as sensações com a mesma disposição de vivenciá-las. Aliás, essa é uma característica de Nati que salta aos olhos: os braços abertos para o que vier. “As pessoas não se permitem sentir muita coisa. Sentir raiva ‘é errado’. Mas é errado por quê? Eu tenho direito de sentir raiva, porque a raiva me movimenta. Como eu vou ser artista se não puder sentir?”, questiona, em mais um momento de sinceridade pungente – quase confundível com dureza, não fosse a serenidade com que ela fala sobre coisas tão particulares. É o que acontece em seguida: “Meu casamento acabou tem três semanas, e eu estou vivendo certo período de raiva. Acho que isso tá sendo ótimo pra mim, porque eu tô tendo que aprender muita coisa. As pessoas terem problemas não é problema nenhum. O problema é as pessoas não lidarem com isso. É você fugir de ser você”. A despeito dos arranhões, o mundo segue girando. Assim também é para Canto, que não po-
deria esperar qualquer dor passar nem que quisesse. O bom momento a impulsiona para frente, e ela vai feliz. Convidada a representar a nova geração da fotografia por um site que oferece obras para colecionadores importantes, ela terá uma edição limitada de 50 fotos suas vendidas para pessoas que são peças-chave no mercado artístico. É empolgada que ela fala da nova fase: “Serei eu com uma nova direção, ao lado de Vicente de Mello, Christian Cravo e mais dois. São pessoas que são meus ídolos. É uma honra. É quando eu penso que eu tô no caminho certo”. O próximo passo será ainda maior – compreenderá um mundo inteiro entre o hoje e o amanhã. Nati está a caminho da China, onde ficará por três meses. “Ganhei um prêmio do grupo Swatch. Eles têm um hotel em Xangai, e escolhem dois artistas internacionais pra passarem uma temporada lá. Eu fui uma”. Depois de lá, só a vida sabe. “Eu não fico projetando as coisas. Prefiro pensar no que eu tô fazendo agora. Acho que o resto é natural. Você vai vivendo, seguindo o caminho, cortando o matagal”, ela ri. “E se conhecendo, olhando pra si, se espiritualizando. Não sei onde vai dar, mas acho que essa é a graça de viver”. Engana-se, entretanto, quem acredita que ser artista é mero seguir de correnteza. “Eu tenho bastante disciplina. No meu ateliê tem datas pregadas, deadlines, portfólios. A maior parte do meu tempo é na frente do computador, escrevendo, estudando, me aprofundando pra ver o que eu posso tirar disso tudo”. Mas é possível ser rígido consigo e ser livre a um só tempo? Claro que é. Outra vez, é com precisão que Nati arremata: “Ser livre é ser responsável. Só não é livre quem não se assume”.
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AMOR (AMOUR), 2012 Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) são um casal de aposentados, que costumava dar aulas de música. Eles têm uma única filha, que vive com a família em um país estrangeiro. Certo dia, Anne sofre um derrame e fica com um lado do corpo paralisado. O casal de idosos passa por graves obstáculos, que colocarão o seu amor em teste. Direção de Michael Haneke. Curiosidade: Emmanuelle Riva foi a atriz mais velha a receber indicação ao Oscar nessa categoria – e seria merecidíssimo: a atuação dela é impressionante.
DESTAQUE BLUE JASMINE
Os fãs de Woody Allen infelizmente vão ter que esperar um pouco mais para ver o seu novo filme nos cinemas brasileiros. Inicialmente previsto para 19 de julho, Blue Jasmine (ainda sem título definitivo no Brasil) teve sua estreia adiada para 11 de outubro. O atraso pode ser uma estratégia para que o filme seja lançado no Festival do Rio 2013 (26 de setembro a 10 de outubro de 2013). A comédia dramática, estrelada por Cate Blanchett e Alec Baldwin, conta a história de uma mulher que perde todo o seu dinheiro, sendo obrigada a viver uma vida mais simples na casa da irmã, em São Francisco.
CLÁSSICOS
INTERNET
ALÉM DA ESCURIDÃO – STAR TREK Acabou a ansiedade dos fãs de Star Trek! Com lançamento previsto ainda para junho (2013), o filme tem agradado em suas exibições restritas, mundo afora. Em sua nova missão, a tripulação da nave Enterprise é enviada para um planeta primitivo, que está prestes a ser destruído devido à erupção de um vulcão. Spock (Zachary Quinto) é enviado para dentro do vulcão, onde deve deixar um dispositivo que irá congelar a lava incandescente. Entretanto, problemas inesperados fazem com que ele fique preso dentro do vulcão, sem ter como sair. Para salvá-lo, James T. Kirk (Chris Pine) ordena que a Enterprise saia de seu esconderijo no fundo do mar, o que faz com que a nave seja vista pelos seres primatas que habitam o planeta. Esta é uma grave violação das regras da Frota Estelar, o que faz com que Kirk perca o comando da nave para o capitão Pike (Bruce Greenwood). A situação muda por completo quando John Harrison (Benedict Cumberbatch), um renegado da Frota Estelar, coordena um ataque a uma biblioteca pública, que oculta uma importante base da organização. Não demora muito para que Kirk seja reconduzido ao posto de capitão da Enterprise e enviado para capturar Harrison em um planetóide dentro do império klingon, que está à beira de uma guerra com a Federação.
PAI E FILHA (BANSHUN), 1949 Japão. Noriko (Setsuko Hara) tem 27 anos de idade e ainda vive com o seu velho pai, o senhor Somiya (Chishu Ryu). O pai é um professor viúvo que deseja casar sua filha, que de acordo com a sociedade, está na hora de entrar em um casamento. Só que Noriko quer continuar cuidado do pai e vivendo com ele para que o velho homem não se sinta sozinho. Ele então vai fingir estar se casando de novo para que a filha não tenha culpa de se casar e ir embora. Delicado e atemporal. www.revistalealmoreira.com.br
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EU SOU Imagine um site que reúne... sites. Essa é a proposta do www.eusou.com e ao selecionar a categoria “cinéfilo”, há um mundo de portais de cinema para explorar. http://www.eusou.com/cinefilo/
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VÍDEO
ROCK BRASÍLIA – ERA DO OURO Uma grande homenagem aos (então) meninos que mudaram os rumos da música no Brasil de 80. Esse é o mote de “Rock Brasília – Era do Ouro” (2011), documentário de Vladimir Carvalho que relata o surgimento e apogeu das bandas que fizeram história tanto no Distrito Federal quanto no resto do país. Grupos como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude têm suas origens expostas em depoimentos de integrantes, familiares e intelectuais. O filme ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Paulínia. “Rock Brasília” é um registro emocionante e saudosista de um dos períodos mais frutíferos da cultura nacional, assim como da própria construção política de uma geração. Imperdível.
DICA
CONFIRA
PAUL ANKA ROCK SWINGS
PHILLIP PHILLIPS The world from the side of the moon
CLÁSSICO
INTERNET
Apesar de ter uma forte tradição nos jazz standards, Paul Anka nunca saiu por completo do mundo pop, responsável por levá-lo ao estrelato no fim da década de 50. Por isso, ele sempre esteve por ali: escrevendo letras gravadas por Elvis e Sinatra, compondo em parceria com Michael Jackson e por aí vai. Décadas mais tarde, Anka volta a expressar seu fascínio por esse universo e grava um disco apenas com rearranjos de hits do rock, o “Rock Swings”. A bem da verdade, ele não foi o primeiro a fazê-lo – Pat Boone fez algo similar em 1997. Porém, o canadense foi quem conseguiu de fato dar cara nova às faixas. O resultado é um disco sofisticado e cantável do início ao fim. O melhor de dois mundos.
THAT SONG SOUNDS LIKE Embora as possibilidades na construção de uma música sejam infinitas, aqui e ali acontece de dois ou mais compositores terem uma ideia bem parecida. Sabendo disso, os idealizadores do site “That Song Sounds Like” decidiram compilar as faixas semelhantes da música pop, destacando os trechos que se aproximam e explicando detalhes sobre quem as gravou, a época dos registros e outras informações – um trabalho intenso de pesquisa musical, associado a ouvidos muito atentos. Um passeio pelo site e a maneira de ouvir as músicas lá apontadas nunca mais será a mesma. www.thatsongsoundslike.com
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Vencedor do American Idol 2012, Phillip Phillips surpreendeu os EUA por não ter o perfil de vocalista virtuoso que normalmente vence esse tipo de competição. De timbre rouco e voz carregada de personalidade, o cantor de apenas 23 anos foi marcando presença de um jeito cada vez mais forte no programa – e permaneceu assim quando este acabou. Ele lança seu primeiro disco, “The World From the Side of the Moon”, com uma façanha difícil para alguém saído de um reality show: aclamado pelo público e pela crítica. As faixas trazem à gravação a atmosfera que o ser amado no palco: o charme folk, muitos takes de violão, intimismo e... Phillip Phillips. Vale ouvir.
GILBERTO GIL – EXPRESSO 2222 Já se vão quarenta anos desde que o baiano Gilberto Gil, até então exilado em Londres por conta da ditadura militar, retornou ao Brasil com a criatividade aguçada pela experiência vivida. Tanto foi que ele lançou o aclamado “Expresso 2222” em seguida – que viria a se tornar um dos álbuns mais influentes da história da música brasileira. O disco foi reeditado recentemente, em comemoração pelos 70 anos de Gil e pelo aniversário de quatro décadas do registro. As faixas foram remasterizadas no estúdio Abbey Road, em Londres, e a arte original da capa do vinil foi adaptada para o CD de maneira fiel. Um grande presente para quem viu o “Expresso” surgir, assim como para as novas gerações de ouvintes.
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INFERNO Dan Brown
LANÇAMENTO
No coração da Itália, Robert Langdon, o professor de Simbologia de Harvard, é arrastado para um mundo angustiante centrado em uma das obras literárias mais duradouras e misteriosas da história - O Inferno, de Dante Alighieri. Numa corrida contra o tempo, Langdon luta contra um adversário assustador e enfrenta um enigma engenhoso que o arrasta para uma clássica paisagem de arte, passagens secretas e ciência futurística. Tendo como pano de fundo o sombrio poema de Dante, Langdon mergulha numa caçada frenética para encontrar respostas e decidir em quem confiar, antes que o mundo que conhecemos seja destruído.
GÊNESIS Sebastião Salgado Deslumbrantes fotografias em preto e branco do projeto “Gênesis”, organizado em cinco capítulos (geograficamente distintos): Planeta do Sul, Santuários, África, Espaços do Norte, Amazônia e Pantanal. O que faz um descobrir em Gênesis? As espécies animais e vulcões das ilhas Galápagos, pinguins, leões-marinhos, biguás e as baleias da Antártida e no Atlântico Sul; jacarés e onças brasileiras; Africano leões, leopardos e elefantes, da tribo Zo’é isolado no meio da selva amazônica; as pessoas da Idade da Pedra Korowai de Papua Ocidental; gado nômades Dinka agricultores no Sudão; Nenet nômades e seus rebanhos de renas no Círculo Ártico, comunidades em ilhas Mentawai selva oeste de Sumatra, os icebergs da Antártida, os vulcões da África Central e da Kamchatka Península; desertos do Saara, o Negro e os rios Juruá na Amazônia; as ravinas do Grand Canyon, as geleiras do Alasca ... e além. Tendo dedicado tanto tempo, energia e paixão para a realização deste trabalho, Salgado compara Gênesis a “minha carta de amor para o planeta”. Editora Taschen.
CLÁSSICO A FELICIDADE É UM COBERTOR QUENTINHO Snoopy
WILD CARDS - O COMEÇO DE TUDO - LIVRO 1 George Martin Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Terra é salva por pouco de um meteoro alienígena. Porém, o vírus que a bomba espacial carrega cai em Nova York e, gradativamente, espalha-se pelo mundo, contaminando parte da população e dotando parte dos sobreviventes com poderes especiais. Alguns foram chamados de ases, pois receberam habilidades mentais e físicas, alguns foram amaldiçoados com alguma deficiência bizarra e, por isso, batizados de coringas. Parte desses seres, agora especiais, usava seus poderes a serviço da humanidade, enquanto outros despertaram o pior que havia dentro de si. Série criada pelo genial George R. R. Martin, a partir do jogo de RPG GURPS Supers, que desenvolveu para se distrair com seus amigos. O primeiro volume conta a história dos principais personagens que povoarão as páginas desta série de 22 títulos (editada e também escrita pelo autor de As crônicas de Gelo e Fogo). Editora Leya Brasil. www.revistalealmoreira.com.br
CONFIRA
Clássico inédito. Soa absurdo para você? É que pela primeira vez, a tira de quadrinhos mundialmente conhecida, criada por Charles Schulz, ganha a forma de uma edição com história única. Adaptada de um novo especial de animação e também das tiras originais da série, esta versão em 80 páginas de HQ nos leva de volta à querida vizinhança em que encontramos Linus e suas inseguranças, as desventuras de Charlie Brown na tentativa de empinar uma pipa, o amor não correspondido de Lucy por Schroeder, além do cão beagle mais amado do mundo: Snoopy. Tudo isso, num vivo e colorido passeio pela imaginação de Charles Schulz. Editora Nemo.
CORAÇÃO ASSOMBRADO. STEPHEN KING, A BIOGRAFIA A biografia de um dos autores mais populares no mundo contemporâneo. Stephen King tornou-se parte da história da cultura pop, com mais de 300 milhões de livros vendidos e mais de 50 prêmios por suas obras. Seus romances best-sellers têm capturado a imaginação de milhões de leitores mundo afora. Mas quem é o homem por trás dessas histórias de horror e tristeza e do sobrenatural? De onde nascem suas ideias? E o que o leva a continuar a escrever em um ritmo alucinante, após uma carreira de quase quatro décadas? Lisa Rogak nos conduz ao universo peculiar de Stephen King. Sua infância, seus medos, sua determinação, o primeiro contato com a escrita, as agruras da adolescência, as dificuldades de um ícone e o lado do pai de família, o músico, o fã de beisebol e o amigo generoso. Apesar de seu trabalho escuro, perturbador, mas de extrema força emocional, King tornou-se reverenciado por críticos e seus milhões de fãs mundo afora como uma voz de todos os americanos mais parecido com Mark Twain e HP Lovecraft. ‘Stephen King - A Biografia - Coração Assombrado’ narra sua história, revelando o caráter de um homem que criou algumas das mais memoráveis – e assustadoras – histórias da literatura contemporânea.
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ALL YOU NEED IS LOVE A sensação é a de estar diante dos meninos de Liverpool. É o que garantem os integrantes da banda-tributo All You Need Is Love, realizadores do maior espetáculo Beatle da América Latina. Eles farão uma única apresentação no Vivo Rio, no dia 20 de julho, e levarão ao palco os elementos que renderam elogios até mesmo de Dave Jones, proprietário do lendário Cavern Club: arranjos originais, instrumentos vintage, figurinos, vozes e trejeitos muito semelhantes aos do quarteto – tudo com precisão técnica, efeitos especiais, projeções e acompanhamento de orquestra, para reviver com máxima fidelidade cênica e sonora as músicas da banda. Um show para unir gerações em homenagem aos rapazes que mudaram os rumos da música mundial. Para saber mais sobre a banda. Acesse www.allyouneedislove.art.br.
CORTEO – CIRQUE DU SOLEIL A trupe do Cirque du Soleil está em temporada em São Paulo. O espetáculo da vez é “Corteo”: uma alegre e festiva procissão realizada a partir da imaginação de um palhaço sobre seu próprio funeral, num misterioso intervalo entre céu e terra. O desenrolar do show já vale por si: combinando acrobacias fortes e delicadas, atuações apaixonadas e a leveza dos clowns, a apresentação transporta o público ao imaginativo universo teatral que é tão característico do grupo – tudo para ilustrar o aspecto mais humano de cada um, refletida nas dualidades entre o ridículo e o trágico, o perfeito e o imperfeito, a dureza e a fragilidade. Além, é claro, da riqueza visual que só o Cirque du Soleil oferece. A trupe fica em cartaz até o dia 14 de julho no Parque Villa-Lobos; e de lá, segue para Brasília. A agenda do grupo está disponível em seu site oficial, o www.cirquedusoleil.com.
RISADARIA RIO DE IMAGENS Para os apaixonados pelo Rio de Janeiro, a exposição “Rio de Imagens – Uma Paisagem em Construção” é inesquecível. Aberta para visitação no bonito e recém-inaugurado Museu de Arte do Rio, a mostra exibe uma coleção de aproximadamente 400 peças que têm como tema a Cidade Maravilhosa. São cartografias, pinturas, gravuras, desenhos, fotos, esculturas, objetos de design e vídeos, de mais de 60 artistas – entre eles, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral. Tudo enfoca a criação de um imaginário sobre o Rio no decorrer do tempo, respeitando seus desdobramentos e transformações. A exposição segue até o dia 28 de julho, e recebe os visitantes sempre a partir das 12h30.
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O humor vai invadir os palcos paulistanos, e o responsável por isso é o Risadaria. O evento reúne todas as formas de fazer as pessoas rirem em 10 dias de programação, e vem ganhando destaque ao longo dos anos como o maior festival de humor do Hemisfério Sul – e o segundo maior do mundo. Com curadoria de Marcelo Tas, Marcelo Madureira, Paulo Bonfá, Caco Galhardo, Diogo Portugal e Wellington Nogueira, o projeto receberá apresentações de artistas nacionais e internacionais, shows ao vivo, exposições, debates, filmes, programação infantil e um campeonato nacional de comediantes de stand-up. A novidade deste ano é que, pela primeira vez, a programação estará distribuída pelas cinco regiões de São Paulo – acontecendo simultaneamente em mais de 15 bairros da cidade. A programação vai até o dia 23 de junho. Outras informações estão disponíveis no site www.risadaria.com.br.
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MARCUS MILLER AT HIGHLINE BALLROOM O multi-instrumentista Marcus Miller está entre os mais respeitados da sua geração, sobretudo pela sua sólida carreira como baixista de jazz, funk e fusion. De discografia extensa e currículo memorável, o músico dará pausa em seus trabalhos de estúdio (onde atua como coprodutor de gente como George Benson e Herbie Hancock) e reunirá alguns de seus sucessos no cenário instrumental, para serem executados com sua banda em apresentação única, no Highline Ballroom. O show do nova-iorquino será no dia 2 de agosto, às 20h, e o preço dos ingressos varia entre 70 e 180 dólares. Outras informações sobre a agenda de Miller estão disponíveis em seu site oficial: www.marcusmiller.com.
PUNK: CHAOS TO COUTURE O MET, Museu Metropolitano de Nova York, destaca a influência punk na moda por meio da mostra “Punk: Chaos to Couture” (“do caos à alta-costura”, em tradução livre). A relação é de longa data: desde os anos 70, o ar rebelde e instigante ultrapassou o gênero musical e foi parar na atitude, no comportamento e na forma de se vestir – influenciando estilistas do peso e renome de Vivienne Westwood e John Galliano, por exemplo. A exposição reúne mais de cem peças do estilo, além de filmes e músicas da época. Destaque para a recriação do banheiro do bar CBGC, o grande berço do movimento em Manhattan, famoso por receber bandas como Ramones e Talking Heads. A exposição fica aberta até o fim de julho. Dá para saber mais no site oficial do museu: www.metmuseum.org.
ONCE – THE MUSICAL Depois de fazer um inesperado sucesso em 2006, o filme Once (que no Brasil ganhou o título de “Apenas uma Vez”) perdeu a cara de produção underground. A trilha sonora premiada com o Oscar deu um empurrãozinho, e o longa foi adaptado para os palcos da Broadway no ano passado – brilhantemente, diga-se de passagem. Vencedor de oito Tony Awards (incluindo o de Melhor Musical), o espetáculo traz um impressionante conjunto de atores/instrumentistas para contar a história do casal principal: um músico de rua irlandês que conhece uma vendedora de flores de origem tcheca. A jovem se torna a grande responsável por dar novo significado às canções do protagonista, que há muito vinham perdendo o sentido. Uma emocionante história de amor pela música, em cartaz no Bernard B. Jacobs Theatre. Outras informações no site www.nyc.com/broadway.
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horas vagas • iPad
SOLITAIRE BLITZ Esqueça tudo o que você já sabe sobre jogos de cartas. Em Solitaire Blitz, você terá que usar o que já sabe sobre games de paciência e unir isso ao raciocínio rápido e agilidade nas mãos. Encontre as cartas que fazem sequência com a que está sendo mostrada no topo e ganhe pontos para passar para novas fases. Será que você consegue vencer e não ficar nervoso? Custo: Free
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FOREVERMAP 2 O ForeverMap 2 é um aplicativo de mapas que pode ser usado offline, sem acesso à internet. Assim, não é preciso ficar pagando tarifas de roaming de dados em viagens. O usuário pode baixar o mapa do país quando o smartphone ou tablet estiver conectado via Wi-Fi. Depois, pode localizar endereços e pontos de interesse e traçar rotas até esses lugares. Custo: $ 0,99
MINECRAFT Se você já era viciado em Minecraft enquanto só podia jogar no PC, imagine ter a possibilidade de jogar no iPad? Adeus vida social! Oficialmente foi lançada a versão de Minecraft para iPhone e iPad. Pra quem não sabe, Minecraft é um jogo eletrônico sandbox e independente, que permite a construção usando blocos (cubos) dos quais o mundo é feito. O jogo envolve o manuseio do jogador, bem como a interação de vários tipos de blocos entre si, em um ambiente tridimensional. O jogador assume um personagem que pode destruir, criar ou transformar blocos, podendo fazer amontoados deles e montar edifícios. Ou seja: o limite do jogo é a sua imaginação! Eis o grande segredo para o sucesso de Minecraft. (e o que explica o mais de 1 milhão de cópias vendidas) Com a versão para iPhone e iPad, o jogo só tende a se popularizar mais ainda! Custo: Versão PE $6.99
GOOGLE TRANSLATE Existem centenas de tradudtores disponíveis na iTunes Store e todos prometem muito, mas o tão sonhado “tradutor universal” continua sendo ficção científica. O Google Translate, entretanto, é uma alternativa interessante para viagens internacionais quando buscamos informações básicas em terras estrangeiras. O aplicativo gratuito traduz textos de 64 línguas, com 17 delas aceitando comandos de voz. E em 24 línguas é possível ouvir as traduções. É muito útil e bem simples Custo: Free
HANGOUTS O comunicador oficial do Google+ unificou e invadiu as outras plataformas da empresa, trazendo uma única interface para Web, smartphones e tablets. Multiplataformas (IOS e ANDROID). É possível bate-papo por texto, compartilhar áudio, mandar fotos para grupos e usar centenas de emoticons. O ponto mais interessante desse app, entretanto, é a capacidade para criar bate-papos de grupos de até 10 pessoas em vídeo. Esse recurso pode ser muito útil, tanto para encontros on-line divertidos entre amigos, como para reuniões de negócios. E ao contrário do mais famoso app do gênero (Whatsapp) ele roda perfeitamente no iPad. Seria o Hangouts o watsapp Killer??? só o tempo irá nos dizer. Custo: Free
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AQUARIUM COFFEE TABLE Esta é uma mesa de centro transparente em que há um... aquário. Seus lados acrílicos proporcionam clara visualização do interior e seu tampo (de vidro temperado) removível é grande e robusto o suficiente para suportar o peso de livros de capa dura ou de escultura, por exemplo. O tanque repousa sobre uma base resistente de acrílico preto; luzes na base do tanque iluminam o aquário e criam um efeito muito bonito. Vem com bomba e filtro, além de plantas decorativas. Para peixes de água doce; abertura no topo permite a alimentação.
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Holografia é a apresentação de uma imagem em três dimensões e nome desta bela luminária. Registro “integral” com relevo e profundidade. Os pendentes Holograma criam essa sensação de relevo com profundidade, por meio da sobreposição das duas cúpulas externas de algodão com estampa de xadrez recortada a laser. Estão disponíveis também com uma única cúpula externa. Preço sugerido: Sob consulta Onde: www.designdaluz.com.br
MINI MINOX DCC Mal foi apresentada ao mercado e a versão em miniatura da MINOX DCC já é um dos clássicos mais cobiçados do universo da fotografia, em 14 megapixels. Projetada com detalhes impressionantes e com um formato sofisticado elegante, a nova Digital Classic Camera MINOX DCC 14,0 é um verdadeiro exemplo de primeira classe da engenharia alemã dos anos cinquenta. Os devotos da elegância atemporal e mecânica e da precisão acharão difícil resistir à aparência surpreendente da câmera. Esta pequena obra-prima genial (em uma escala de 1:3) não é nenhuma câmera digital comum e reflete a confiança de seu dono no estilo. Preço sugerido: US$239 Onde: http://www.minox.com
WEWOOD DATE BEIGE Imagine um relógio de pulso feito totalmente de madeira. Ele existe e as vantagens em ter um desses são inúmeras, a começar pela matéria-prima, ecologicamente correta, e totalmente livre de químicas tóxicas. Hipoalergênico, com movimento Miyota. Os relógios estão disponíveis em formatos e cores diferentes, obtidas pelo uso de vários tipos de madeira, cada uma com o seu charme e característica única. Preço sugerido: US$120 Onde: http://we-wood.us
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NOVO
STROKESE VELHA ONDA A
Felipe Cordeiro Músico
Em meio a tantas críticas e polêmicas, algo é indiscutível no novo disco do Strokes: o grupo nova-iorquino, com músicos na casa dos trinta, já não é o mesmo da estreia fonográfica que lançou o hit “Is this it”, em 2001. E isso, penso eu, é uma virtude! O “Comedown Machine”, quinto disco da banda, lançado pela RCA, mostra um trabalho adulto, pop, equilibrado e corajoso. A new wave está na cabeça, assumida em todos os seus desdobramentos. Fundidas essencialmente ao synthpop, mas também àquela herança pós-punk que vem do Vevelt Underground, o álbum surpreende com o excesso de guitarras e sintetizadores inspirados nos 80, lembrando A-ha! e tecnobrega em “One Way Trigger”. Aliás, essa faixa gerou inquietações, vê-se que a icônica banda do indie rock está noutra onda (ou sempre esteve), livre de rótulos e muito distante dos preconceitos previsíveis da crítica “roqueira” média. Dizem que o Strokes está assimilando influência dos trabalhos solos do vocalista Julio Casablancas, e que isso não é bom. Mas, radicalizando uma tendência do trabalho anterior – o Angles (2011) – o novo disco bebe das fontes do pop, sem pudor e com seriedade, nos fazendo crer que o grupo não tem a pretensão de ser salvação do rock ou algo assim, ideia cada vez mais esvaziada de sentido. Chego a imaginar que a nona canção do Comendown Machine, a inebriante “Chances”, poderia estar facilmente num álbum do Tears For Fears ou numa FM convencional, largadas sem causar estranhamento na companhia de outras de padrão oitentista. Fechando o percurso, a letárgica “Call It Fate Call it Karma”, lembra João Donato e bolero latino, numa mixagem elegante, com as guitarras de Albert Hammond Jr e Nick Valenci em primeiro plano, sobre a voz caprichada de reverbs dos anos 50 de Casablancas. A nova onda (já nem tão nova assim) é beber no velho, que de tão velho tem vida. A new wave é a última grande morte da música pop, logo é a grande música moderna, por excellence. Strokes tá mais vivo do que nunca. O rock, o indie... já não se sabe. www.revistalealmoreira.com.br
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Alan Bordallo
Ri$adas
negociáveis Do simples entretenimento à possibilidade de novos negócios: a internet é terreno propício e fértil para os “coletivos”, produtoras de vídeo que prosperam no campo virtual.
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ão faz muito tempo que a internet era vista como a válvula de escape para a criatividade do usuário e quem a acessava. Com possibilidades múltiplas de expressão, a ferramenta servia tanto para o aluno de comunicação social que alimentava seu blog, com artigos autorais ou roteando conteúdo, como para o fotógrafo divulgar seu trabalho, o músico propagar seu som ou o radialista aumentar seu público – e assim por diante. Porém a liberdade editorial do meio e a interação com quem buscava aquela informação, começou a seduzir aqueles que optaram por trabalhar na internet. E a rentabilidade sedimentou definitivamente a plataforma, que hoje compete com a televisão, sobretudo para os produtores de conteúdo do mercado de entretenimento, que vêm ocupando este novo nicho. Foi a partir de um blog que Rodrigo Fernandes passou a enxergar a internet como algo além do lazer. O ano era 2004 e o referido blog era o “Jacaré Banguela”, que até hoje é um dos líderes em acessos na blogsfera (que já foi um termo muito em voga nos 2000 e poucos) brasileira. O Jacaré Banguela foi criado por quatro amigos, mas se tornou popular sob a administração de Rodrigo e Fred Fagundes, que juntos formataram as seções que caíram no gosto dos usuários – e que até hoje existem no site. Mas foi em 2006 que a perspectiva dos criadores sobre seu próprio produto mudou. “O primeiro anúncio que tivemos foi o do “Bar da Boa”, da Antarctica. Entrou uma grana pequena, mas naquela época anunciar na internet era algo novo para as marcas também”,
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lembra Rodrigo. Para ganhar aquele suado dinheirinho, ele e o sócio enfrentaram uma viagem de Cuiabá ao Rio de Janeiro, só para fazer o “frila”, de ônibus. Mas as estimadas 36 horas nas rodovias do país e o objetivo final mudaram a percepção deles sobre o mercado que se abria. Dali em diante Rodrigo passou a enxergar as formas de tornar rentáveis os negócios na internet. E se beneficiou das possibilidades de inovar com produtos que ainda eram pouco explorados na plataforma do blog. Passou ele próprio a produzir conteúdo de vídeo para o blog, com formatos variados, mas sempre mantendo a tônica do entretenimento e, particularmente, do humor. Até que ousou e decidiu explorar um formato típico da televisão na internet: o talk show. “Sempre assisti ao Jô (Soares) e achava interessante a facilidade de ele entrevistar pessoas importantes, cultas e viajadas ou pessoas simples no mesmo programa e manter a qualidade da entrevista”, diz ele, que inicialmente não considerava seu perfil o ideal para um quadro do gênero. Porém, ao ter contato com o amigo Danilo Gentili, que vem de uma “escola” diferente de Jô Soares, e que na época lançava seu “Agora é Tarde”, ele mudou de opinião. “Fui aos programas pilotos, participei e dei opiniões. E vi que não precisava ser ‘o’ Jô, que dava para ser diferente. O estímulo que faltava veio quando o blog parceiro “Jovem Nerd”, outro que também fazia muito sucesso, montou, na mesma época, um quadro de vídeo para internet. Assim nasceu o JB Fora do Ar. »»»
Liberdade Percebendo a abertura de uma porta para um humor mais escrachado, atores, roteiristas, diretores e blogueiros se uniram para criar o canal “Porta dos Fundos”, que se notabiliza por dominar a liberdade que a internet proporciona. O vídeo de estreia do Porta dos Fundos – hoje com quase seis milhões de acessos – provocou risadas ao ironizar a forma de atendimento de uma famosa rede de fast food nacional. Como resposta, a rede procurou a produtora e encomendou vídeos semelhantes – oferecendo um restaurante da rede como locação para as filmagens seguintes. Os outros vídeos também registraram milhões de acessos. O humor da produtora, aliás, não respeita limites, senão os dos próprios criadores dos esquetes. Temas que são tabus, como religião, homossexualidade e drogas, já foram abordados em vídeos sem constrangimento. Eventuais críticas existem, principalmente nas caixas de comentários, mas em número quase desprezível, se considerado o número de visualizações. O “Porta dos Fundos”, que une personagens famosos da internet como Antonio Tabet (do blog Kibe Loco), Fábio Porchat e Gregorio Duvivier (atores e comediantes) já nasceu rentável na www.revistalealmoreira.com.br
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internet e não pensa em ir para a televisão. “Já estamos onde queremos estar”, disse o diretor Ian SBF em entrevista ao programa Roda Viva. Nostalgia Na internet há espaço também para filões pouco explorados. Basta aguçar seu olhar e perceber a demanda que precisa ser suprida para se tornar hit na web. Felipe Castanhari achou e hoje conquista sucesso no canal FeCastanhari explorando o tema Nostalgia, como batizou a série de vídeos em que aborda temas da cultura pop nacional e internacional do fim dos anos 90 até hoje. Mas ele lembra que no início foi difícil fazer as pessoas abraçarem as lembranças do passado. “O primeiro vídeo que fiz foi do Sonic (personagem de um videogame da SEGA). Não deu muito certo. Depois fiz mais quatro vídeos até o canal dar uma alavancada. Quando usei uma edição mais refinada o vídeo conseguiu 60 mil visualizações”, lembrou ele, sobre o vídeo sobre a TV CRUJ, extinto programa de desenhos animados, que ia ao ar pelo SBT. Na época, o formato Vlog era o que mais fazia sucesso na web, no embalo de vloggers como Fe-
lipe Neto e PC Siqueira. Mas aí ele percebeu a diferença fundamental entre televisão e internet: enquanto quem trabalha com entretenimento na TV agrega a boa remuneração à popularização da própria imagem, na internet ele não gozava de nenhuma das duas formas de prestígio. “No começo foi bem complicado. Demorou mais ou menos uns cinco meses para estabilizar. Tive que vender meu carro para fazer aquela aposta”, disse. Porém, aos poucos o dinheiro foi começando a entrar, e desde o fim do ano passado Castanhari sobrevive tranquilamente do trabalho dedicado à internet. “Acho que a grande dificuldade é mesmo a de fidelizar o público. Pegar aquele cara que assiste um vídeo e não volta, a transformar ele em visitante assíduo, fazer ele se inscrever no canal, te acompanhar em todos os lugares”, ensinou. Hoje, os vídeos nostálgicos de Castanhari registram entre 200 e 300 mil visualizações. Outros fatores ainda devem ser levados em consideração, como a instabilidade da plataforma que trabalha. Na maioria dos casos, esta plataforma é o YouTube, que passa por constantes
mudanças em busca de aperfeiçoamento – o que nem sempre vai de encontro às necessidades dos usuários. “O YouTube vive mudando. O modo de contabilização de visualizações mudou e prejudicou muita gente. O ideal é não depender de uma plataforma sobre a qual não temos 100% de controle”, diz Castanhari, que agora investe em um site próprio para o “escoamento” da produção. Há também que se levar em conta os custos da produção. Apesar de adorar ser o próprio editor e diretor, Rodrigo Fernandes não é lá muito fã dos custos que envolvem a produção do quadro JB Fora do Ar, por exemplo. “São quatro cinegrafistas, um técnico de som, aluguel de teatro, dificuldades com produção”, disse Rodrigo, enumerando os motivos pelos quais flerta com a televisão e evidenciando o fim de um antigo dilema. “Antigamente existia esse negócio de falarem que você está se vendendo se arranja um patrocínio ou trabalha para a televisão. Mas ninguém está se vendendo para uma marca. Se a marca acredita no que faço ela é a minha parceira”, concluiu.
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Fato | Comunicação RE 139 Foto Produção: EA photostudio - Alle Peixoto
Disponíveis nas Lojas Yamada Plaza, Presidente Vargas, Ananindeua, Castanhal e Salinas.
destino
A charmosa Avenyn fica no coração de Gotemburgo e é repleta de lojas, restaurantes e cafés revistalealmoreira.com.br
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divulgação
foto www.goteborg.com/Dick Gillberg
Augusto Pinheiro
Gotemburgo, uma
joia
sueca
A frase que ostentamos no subtítulo desta matéria (de autoria de um austríaco, o escritor e jornalista Karls Kraus, 1874-1936) poderia soar como um exagero. Não quando se trata de Viena.
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a costa oeste da Suécia, Gotemburgo é a segunda maior cidade do país, com cerca de 938 mil habitantes na região metropolitana e que conta com vibrantes atrações – culturais, históricas e naturais. Os habitantes são gentis, simpáticos e solícitos e todo mundo fala inglês – em uma recente pesquisa, a Suécia foi apontada como o país de língua não-inglesa onde as pessoas têm o melhor nível do idioma. Na cidade conhecida como “Lilla London” (Pequena Londres), por ter atraído muitos negociantes ingleses e escoceses no século 19, o turista poderá descobrir o melhor da arte nórdica e a história dos vikings nos museus; entrar em contato com a fauna e a flora locais nos diversos parques espalhados pela cidade e desfrutar das maravilhosas ilhas do arquipélago ao sul da cidade, com lindos campos de lavanda e praias de mar calmo entre as rochas, que são destinos obrigatórios dos moradores no verão. A comida local é outro ponto alto: com muitos peixes – como salmão, arenque e bacalhau – e frutos do mar, além das indefectíveis almôndegas. Visitar os cafés e tomar um espresso ou um café latte é programa obrigatório e tem até um verbo próprio em sueco, “fika”. É fácil movimentar-se por Gotemburgo, que
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possui uma eficiente rede de bondes elétricos – são 13 linhas que cobrem toda a cidade – e ônibus. Uma dica é comprar o cartão da Västtraffick, empresa oficial de transporte, e carregar com dinheiro ou cartão nos locais autorizados. Outra maneira fácil de deslocar-se pela cidade é alugando uma bicicleta. Gotemburgo conta com 460 km de ciclovias. Apesar de fazer parte da União Europeia – turistas brasileiros não precisam de visto –, o país não adotou o euro. A moeda local é a coroa sueca. A melhor época para visitar a cidade é entre maio e setembro – durante a primavera e o verão europeus. A temperatura média no verão é de quase 19 graus. Veja abaixo as principais atrações da cidade divididas por temas: Museus, Arquipélago, Comida, “Fika”, Parques e Jardins e Passeios. Boa viagem! Gotemburgo e seus museus O principal é o Konstmuseum (Museu de Arte), que tem a principal coleção da virada do século 19 de arte nórdica, com três estrelas no Guia Michelin Verde. Estão lá obras de artistas escandinavos importantes como Edvard Munch, Carl Larsson, Anders Zorn, Ernst Josephson, P.S. Kroyer e Lena Cronqvist. »»»
foto www.goteborg.com/Kjell Holmner
O passeio de Paddan revela um outro lado da cidade, a partir do canal
Para entrar em contato com a história dos vikings – e da cidade de Gotemburgo –, é recomendada uma visita ao Stadsmuseum, o Museu da Cidade, que tem em seu acervo o único barco viking exposto na Suécia, o Äskekärrsskeppet, encontrado por um fazendeiro quando drenava o rio Göta, e o único do mundo com inscrições rúnicas. Há ainda diversos objetos do período viking e painéis contando a história dos deuses nórdicos. As exposições permanentes cobrem 12.000 anos de história, desde a Idade da Pedra até o século 20. Para quem curte design, moda e decoração, a opção é o Röhsska Museum, com uma incrível exposição permanente que conta a história do design, de 1851 aos dias atuais. O edifício, em estilo romântico nacionalista, foi projetado por Carl Westman e inaugurado em 1916 e tem em seu interior uma grande coleção de arte e artesanato chineses, do século 18 até a atualidade. Outros museus interessantes são o Världskulturmuseet (Museu da Cultura Mundial), com diferentes exposições sobre temas globais, e o Sjöfartsmuseet (Museu da Navegação), com ma-
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quetes de barcos antigos, um aquário e o lindo hall com uma coleção de figuras de proa. Arquipélago Durante a primavera e o verão – a temporada vai de maio a setembro –, um dos principais destinos dos turistas é o arquipélago ao sul de Gotemburgo, com belíssimas ilhas e praias paradisíacas e de fácil acesso de barco, a partir do terminal de Satlholmen. O melhor é que o visitante pode usar para os barcos o mesmo bilhete que usa para os bondes/ônibus. Entre as mais de 30 ilhas, uma das mais conhecidas (e tema de canção) é Brännö, a apenas 20 minutos de distância da cidade. Com suas pitorescas casinhas coloridas de madeira e ovelhas pastando livremente, a ilha oferece trilhas em meio à natureza selvagem. Uma dica é caminhar até a ilha vizinha, Gälterö, desabitada e com pequenas praias entre as rochas. O mar é calmo, como uma piscina. Leve comida e passe o dia lá! Já Styrsö é a maior ilha do arquipélago. Foi um importante balneário no século 19, e as marcas do passado estão lá: grandes casas de veraneio,
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Acima, o bairro histórico de Haga convida para um passeio: lojas de artesanato e antiguidades e charmosos cafés. À esquerda, peixes, como o salmão, o arenque e o bacalhau, e frutos do mar estão entre as delícias suecas.
parques e a plantação “Arbores skog”. Ao redor da igreja, fica a antiga vila, com construções em ruelas estreitas. Durante o verão há vários concertos na igreja. Na parte sul há praias de água rasa, campos de lavanda e orquídeas. Entre as pedras há lugares para piqueniques e pontos com lindas vistas. Para quem quiser se hospedar lá, há opções de hotéis, além de restaurantes e cafés. A ilha mais distante do continente, Vrångö, tem as melhores praias e é uma reserva natural desde 1979. As brancas barracas de madeira, para guardar equipamentos náuticos, estão espalhadas por todo o porto. Tanto no norte, quanto no sul da ilha há trilhas que cortam a reserva natural. É uma oportunidade para conhecer a fauna e a flora locais. Há uma grande variedade de pássaros, cerca de 60 espécies que se reproduzem lá – como gaivotas, aves de rapina e corujas. Também dá para ver focas! A praia mais popular? Nötholmen, no sul. Comida Gotemburgo foi eleita em 2012 a Capital da Comida da Suécia. E não foi por menos. A cidade os-
tenta nada menos que cinco restaurantes com estrela no renomado Guia Michelin: 28 +, Fond, Kock & Vin, Thörnströms Kök e Sjömagasinet. Além do mais, a localização geográfica, na costa oeste do país, garante acesso a peixes e frutos do mar da melhor qualidade. A região também produz diferentes tipos de “berry”, cogumelos e laticínios de alta qualidade. O sucesso da culinária local está na combinação de tradicionais pratos suecos com novos sabores e ideias de todo mundo. Uma vez em Gotemburgo, não deixe de provar as delícias típicas: arenque marinado, almôndegas e o famoso “smörgås” (sanduíche) de camarão – no pão aberto, com maionese e endro. Os doces também são deliciosos: como os tradicionais “kanelbulle” (pão de canela) e “semla” (pão com creme de cardamomo recheado com pasta de amêndoas e chantilly). Os mercados são visitas obrigatórias. O mercado do peixe, Feskekörka, oferece peixes e frutos do mar frescos e conta ainda com restaurantes para experimentar as delícias ali mesmo. Já o mercado Saluhallen tem de tudo: carnes, embutidos, doces, massas, queijos etc. Restaurantes »»»
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A ilha de Styrsö é uma das mais concorridas na temporada de primavera/verão em Gotemburgo
também oferecem excelente comida a um bom preço e são concorridos na hora do almoço. “Fika” Em Gotemburgo sair para tomar café com os amigos é algo tão arraigado que existe até um verbo em sueco para a atividade: “fika”. Assim, os locais dizem “vamos ‘fika’ hoje?”, por exemplo. E Gotemburgo tem cafés charmosíssimos que tornam a tradição ainda mais agradável. No histórico e charmoso bairro de Haga, há o Husaren, com decoração original do século 19 e uma enorme variedade de bolos e doces, incluindo o maior pão de canela da cidade, e um forte espresso, no melhor estilo italiano. Já no centro da cidade, fica o Språkcaféet, com estantes cheias de livros em várias línguas, um staff internacional e simpaticíssimo e mesas para praticar diferentes idiomas. Na mesma região, o Bar Centro serve o melhor cappuccino da cidade. Outra boa opção é o Santo Domingo, que só trabalha com produtos orgânicos e que divide o espaço com uma loja de discos, a Dirty Records. Há até pocket shows às sextas-feiras. O centro de ciência Universeum, em primeiro plano, e as Gothia Towers ao fundo, que proporcionam uma vista magnífica de Gotemburgo
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Parques e jardins Quer conhecer os animais típicos da Suécia? O parque Slottsskogen tem em sua estrutura um jardim zoológico com alces, cavalos, focas e pinguins, entre outros. O local é uma grande área de recreação, com um bosque, lagos (que ficam congelados no inverno), grandes árvores antigas e um concorrido playground. É um lugar perfeito para fazer piquenique e praticar esportes, além de curtir o sol nos meses de primavera e verão. Também é um dos preferidos pelos moradores para fazer jogging e caminhadas, atividades que os suecos não dispensam nem no inverno, quando as temperaturas são negativas. É natural que no país de Carl von Linnée, um dos maiores naturalistas e botânicos do mundo, esteja um dos principais jardins botânicos da Europa. Inaugurado em 1923, em comemoração ao 300° aniversário da cidade, o Jardim Botânico de Gotemburgo tem 175 hectares de área total e cerca de 30 km de trilhas, com 16 mil diferentes espécies de plantas do mundo inteiro. Vale a pena visitar o Arboretum, com árvores e arbustos de todo o mundo, o Jardim dos Rochedos, com 5 mil plantas, o Vale
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Brännö é uma das paradisíacas ilhas do arquipélago de Gotemburgo, com uma natureza deslumbrante e praias entre as pedras
Japonês e as estufas, com 4 mil plantas variadas, incluindo 1.500 orquídeas e a Toromiro, uma árvore rara da Ilha da Páscoa. Já imaginou passear por um jardim com 2.500 rosas? Isso é possível na Sociedade Horticultural de Gotemburgo (Trädgårdsföreningen), um jardim ornamental criado em 1842 e cujas instalações foram restauradas em 2008, com adições contemporâneas. As rosas desabrocham na primavera. A magnífica Palm Huset (Casa das Palmeiras) foi inspirada no histórico Crystal Palace de Londres. Lá é possível encontrar uma enorme variedade de plantas tropicais, em um ambiente climatizado, inclusive várias do Brasil. A seção dedicada às camélias mostra uma enorme variedade dessas flores, com seu colorido e diferentes formatos. Há um café e restaurante dentro do parque, para uma estratégica pausa. Passeios • Um passeio mais que obrigatório é pela Kungsportavenyn, chamada pelos locais apenas de Avenyn, a artéria principal da cidade – um grande boulevard com restaurantes, cafés, clubes e lojas. Foi
criada nos anos de 1860, como parte do plano de expansão da cidade, resultado de um concurso internacional. A casa mais representativa desse período, a Landshövdingehusen, foi construída no final do século 19. Possui três pisos, dos quais o primeiro andar é em pedra e os restantes, em madeira. No início da avenida, fica o Stora Teatern (Grande Teatro), o mais antigo da cidade, fundado em 1859 em estilo neorrenascentista. Apresenta peças de teatro, shows e concertos nacionais e internacionais. No final dos 2 km da Avenyn localiza-se a praça Götaplatsen, em estilo neoclássico, construída no início dos anos 1920, quando a cidade comemorou 300 anos. Nela encontram-se várias instituições culturais, como o Konstmuseum e a sala de concertos Konserthuset. • A atração turística mais popular da cidade é o parque de diversões Liseberg, o maior da Escandinávia, que atrai três milhões de visitantes cada ano. Tem 35 atrações, teatro, pista de dança, restaurantes e salas de jogos. Entre os brinquedos estão a montanha-russa Lisebergsbanan, o Flumeride (escorregador aquático de canoas), o Kållerado (rafting em botes circulares), o Balder (montanha-russa »»»
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GOTEMBURGO EM NÚMEROS Área: 450 km² Ano de fundação: 1621 População (região metropolitana): 938.580 Hora do nascer do sol e do pôr do sol no dia 21 de junho: 4h14 e 22h14 Hora do nascer do sol e do pôr do sol no dia 22 de dezembro: 8h58 e 15h24 Temperatura média: - 1°C em janeiro e 18,8°C em julho Número de rosas do Jardim das Rosas: 2.500 Árvores: 5 mil Espaço verde por habitante: 175 m² Museus: 20 Bondes: 237 Barcos para transporte público: 9 Ciclovias: 460 km Restaurantes com 1 estrela no Guia Michelin: 5 Aeroportos: 2 Universidades: 2 Estudantes: 60 mil Visitantes por ano ao Parque de Diversões Liseberg: 2.900.000
foto www.goteborg.com/Stefan Karlberg
foto www.goteborg.com/Jorma Valkonen
O Trädgårdsföreningen conta mais de 2.500 rosas, além da incrível Palm Huset.
em madeira) e o Kanonen (montanha-russa com looping). Abre de abril a outubro e em novembro e dezembro, com a magia do grande mercado natalino. O parque é então decorado por quase cinco milhões de luzes de Natal. • O histórico bairro de Haga, do século 19, é o mais charmoso de Gotemburgo, com suas típicas casas de três andares – o térreo de pedra e os dois superiores de madeira – e ruas de paralelepípedo. O bairro tem vários cafés e lojas de artesanato e de antiguidades, entre outras. • Um passeio pelos canais no famoso barco Paddan oferece uma perspectiva diferente da cidade. O tour, com guias divertidos, passa por baixo de 20 pontes pelos canais construídos no século 17 e chega ao rio Göta, onde fica o porto antigo. Para passar por uma das pontes, conhecida como “cortador de queijo”, os passageiros têm que sentar no chão do barco e abaixar as cabeças. No caminho é possível ver edifícios antigos e grandes marcos da cidade, como a Casa de Ópera, o antigo estaleiro e o ancorado “navio viking”, com um bar e um restaurante. • Outra opção de passeio marítimo é o barco Älvsnabben, que cruza a área do porto do bairro central Lilla Bommen, onde está a Casa de ÓpeO imperdível mercado de Natal no parque de diversões Liserberg, a atração mais visitada da cidade www.revistalealmoreira.com.br
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foto www.goteborg.com/Göran Assner
ra, até a reserva cultural Klippan. Do deck superior dá para se ter uma linda vista da cidade: o bairro Eriksberg, com seus novos edifícios, e o bairro de Lindholmen/Lundbystrand, com seus prédios modernos e inovadores que abrigam instituições de ensino e escritórios. Pode ser usado o cartão normal de transporte. • Essa é uma grande surpresa para os paraenses: encontrar um pedaço da floresta amazônica na Suécia. É isso mesmo. Dentro do centro de ciência Universeum, há uma reprodução do ecossistema, com plantas típicas da nossa região, além de guarás, micos e arraias de água doce. Mas lá também podemos conferir a fauna e flora locais. O Water’s Way é um modelo vivo das paisagens suecas de norte a sul – uma rota que passa pelas montanhas, através de florestas, lagos e pedras calcárias e pelos mares Báltico e do Norte. Nos tanques é possível ver peixes típicos da região. Uma réplica de uma casa de castor e pequenos animais também compõem o espaço. Na Ocean’s Zone, grandes aquários contam com tubarões, arraias gigantes, moreias e o incrível peixe-serra. Há ainda uma seção com cobras venenosas, além de um espaço todo dedicado a atividades espaciais com modelos de naves. O Konstmuseum no final da Avenyn, a principal artéria da cidade
enquanto isso
Évora
Évora não é apenas um dos maiores municípios portugueses em extensão territorial: é também capital do distrito homônimo e a principal cidade da região que ocupa um terço do país, o Alentejo. Ao falar de Évora, remontamos a uma ocupação registrada de mais de 4000 anos. Os monumentos megalíticos nos arredores da atual cidade são prova da ocupação da região em períodos compreendidos entre o terceiro e o segundo milênios a.C. Uma das principais riquezas culturais de Évora é ter registros de diversas fases de sua ocupação como os citados sítios arqueológicos. Mas é a partir da ocupação do Império Romano, aproximadamente dois séculos a.C., que a cidade começa o seu desenvolvimento com o estabelecimento do primeiro núcleo urbano num ponto ligeiramente mais alto daquela planície, o que proporciona o alcance visual de muitos quilômetros a partir da cidade, elemento fundamental para a defesa contra invasores. Desse período, destacam-se as ruínas do Templo Romano no cume da urbe, o lugar propício para os cultos imperiais. Estes, por sua vez, eram uma estratégia de centralização e unificação do poder do Império Romano através da devoção aos Imperadores mortos, tratados como divindades. No século III d.C. foi erguida a primeira muralha de proteção da cidade, quase totalmente destruída pelos visigodos, mas da qual ainda há resquícios. Entretanto as muralhas que até hoje circundam Évora foram erguidas (numa área mais
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ampla que a anterior) pelos islâmicos quando da dominação da Península Ibérica na Idade Média. E a partir da ocupação muçulmana a cidade passou a se desenvolver e já era um núcleo urbano bem desenvolvido quando da sua (re)conquista pelos cavaleiros do Rei D. Afonso Henriques (o fundador do reino e seu primeiro rei), liderados pelo destemido Geraldo Geraldes, o “Sem Pavor”. Dom Afonso Henriques, exímio estrategista de guerra e, por isso, reconhecido como “O Conquistador”, tornou-se competente até mesmo em conquistar cidades protegidas, como era o caso de Évora, pois costumava sitiá-las até que os ocupantes desistissem por sofrerem por falta de abastecimento e, consequentemente, doenças. A cidade foi fundada, oficialmente, em 1166. É verdade que a cidade já existia há mais de um milênio, mas a partir deste ano ela ganhou o status de cidade homologado pelo reino daquele que, afinal de contas, após tantas ocupações e conquistas, viria a ser o seu país. A partir de então, com o governo cristão, muitas igrejas foram construídas, principalmente em estilo gótico português. A Sé de Évora, imponente catedral próxima às ruínas do templo romano e o palácio real (para temporadas) datam dos últimos séculos da Idade Média. O ápice de importância da cidade coincide com o período dos descobrimentos. Como os reis gostavam de passar longas temporadas na cidade, famílias nobres se mudaram para lá. Os reis trouxeram muito da pompa da corte e Évora “sofreu”
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André Coruja Músico
um embelezamento, com mais destaque para as praças, a criação de um grande jardim público e outros menores para os passeios. Houve um gradativo aumento das atividades artísticas. Esse furor intelectual e a influência dos jesuítas levou-os a criar a, no século XVI, Universidade de Évora, motivo de minha permanência privilegiada nesta cidade. Muitos edifícios com características manuelinas e renascentistas começavam a dar outros ares à paisagem. A cidade tornou-se, portanto, um polo de diferentes estilos. Essa é, sem dúvida, a principal característica de Évora hoje e, certamente, um dos elementos fundamentais para ter o título, atribuído em 1986, de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Enquanto muitas cidades pequenas e de médio porte de Portugal apresentam decréscimo da população de jovens, Évora, como típica cidade universitária, possui uma juventude muito ativa. Évora modernizou-se, conectou-se ao mundo moderno sem perder a essência que a faz tão especial: a multiplicidade. É como se os hábitos alentejanos, o sotaque típico e a cozinha farta fossem os patriarcas, aqueles avós que dizem “temos os nossos modos”, mas que deixam os netos e seus aparelhos conectados à internet dividirem espaço com os móveis e artigos de decoração das gerações antigas. Évora é um “tudo ao mesmo tempo agora”, cheio de história, a casa para a qual o conquistador, marinheiro do céu e da terra, explorador sem limites, quer sempre voltar.
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LEAL MOREIRA, PELO TERCEIRO ANO PATROCINADORA DA CASA COR PARÁ 2013. MAIS VALOR COM ARTE E SOFISTICAÇÃO.
Mais valor com nome e sobrenome.
Porque eu te amei. Eu não te amei pelo teu andar de pássaro, nem pelos teus gestos raros, nem pelo teu hálito de Halls preto, nem pelos teus olhos, que piscavam em tempos diferentes. Não te amei pelos filmes que vimos juntos, nem pelos textos que leste pra mim. Meu amor por ti, não transitava pelas tuas mãos que alisavam meus cabelos, nem pelo sonho de nos mudarmos daqui. Não tinha a ver com os presentes dados... Sempre errados: ou frouxos demais, ou apertados demais. Não importava, pois tuas digitais na embalagem eram mais extraordinárias do que o tamanho certo da roupa. De fato, eu quase te amei pelo vento... Que balançava o meu lençol quando, de madrugada, te levantavas da cama e ias embora... Abrindo a porta e deixando formar uma corrente de ar no quarto. Não te amei pelos teus atrasos, nem pelo teu gosto musical. Não te amei pelo teu beijo, nem pelo teu corpo longo e perfeito, cheio de estrias de quem cresceu demais. Não te amei pela bagunça que fazias em meu coração, nem pela maneira como posicionavas o banco do meu carro, deixando o assento quase deitado. Não te amei pelas festas que foste sozinho, nem pelo teu companheirismo; ou tua saliva doce, ou pelas lágrimas tão presentes no nosso amor. Não te amei pelo jeito como eras quando estavas comigo ou pelo meu espírito... Sempre conectado com Deus quando eu estava ao teu lado. Eu não te amei porque simplesmente dormiste tantas vezes em minha companhia, ou porque foste a única pessoa que consegui continuar amando mesmo na inconsciência do meu sono. Eu não te amei porque equilibraste minha cama. Nem por teres sido o mais perfeito contrapeso que eu poderia ter pedido ao universo. E não foste apenas o contrapeso de minha cama. Mas o contrapeso certo de minha vida. Eu não te amei porque tu me amavas... Ou porque te deixaste ser amado... Ou pela certeza de ser deixada em breve... Eu te amei por nada... Eu te amei, apenas, porque tu eras tu. E eu amava a ti e só a ti. Eu te amei porque foste o Heathcliff de minha Katherine, o Riobaldo de meu Diadorim e o Dirceu de minha Marília. Eu te amei, pois ao teu lado eu não tinha mais medo de morrer. Meu único temor era que tu fosses antes de mim, pois tua ausência eu jamais saberia suportar. Eu te amei, porque dormindo eu rezava baixinho, pedindo para os mosquitos picassem a mim, e não a ti. E deus me ouvia. Pois nunca acordaste, mesmo nas noites de inverno. Eu te amei, porque pensei que seria eterna. Te amei, porque nunca mais amei alguém. Porque teus olhos não brilham nos olhos de ninguém, outras bocas não têm teu gosto e as mentes alheias parecem tão quietas. Te amei por tudo... e por tão pouco. Eu te amei porque nunca te pedi nada... E mesmo assim me deste tanto. Mas sempre tão escondido ... nas entrelinhas dos teus gestos.
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Saulo Sisnando escritor
gourmet
Joan Roca no El Celler de Can Roca, restaurante eleito o melhor do mundo, pela revista Restaurant www.revistalealmoreira.com.br
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Maria Rivera Vázquez Tradução: Lorena Filgueiras
Acerbi Moretti Photography
fábrica
A
de
sabores
Um dia no “El Celler” ou descobrindo a arte de cativar paladares sob três perspectivas diferentes e surpreendentemente iguais.
V
ocê olha ao seu redor e percebe o autocontrole, o “bem fazer” de todas as coisas. Eles preparam, separam, lavam: o ritual está começando. São 10 da manhã e a vida está presente na cozinha majestosa do El Celler de Can Roca. Dizem ainda na entrada: “terça-feira é o dia de trabalho. Dia também aberto à Imprensa e, por isso mesmo, de trabalhar com mais concentração”. Quem diria! Quando é um ir e vir sem cessar de pessoas (mas um ir e vir de gente que sorri), o que faz o visitante se sentir à vontade é justamente quando Joan Roca se aproxima e afirma que “a relação foi ampliada até abarcar toda a equipe do restaurante. Graças a minha mãe e meu pai é como uma grande família”. Cortar, misturar, modelar... Tudo com a precisão de um pintor que deseja, com seu pincel macio e fino, expressar a vivacidade de um olhar... Assim sentimos que algo grande está se formando. Aqui nada é deixado aos caprichos do acaso. Tudo é preparado e revisto. O chef não está presente, mas o cuidado e asseio, frutos de um bom ensino, são notados. A gestão dos “tempos”, da ordem e do design estão programados. E é por isso que El Celler não é um restaurante qualquer: não se vai lá apenas para comer, vai-se ao El Celler para “viver uma experiência gastronômica”. “As pessoas vêm com o coração aberto, com esperanças e expectativas que não se podem frustrar”, diz Joan.
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No total, 35 pessoas trabalham na cozinha e 18 no serviço do salão. Com esta quantidade de pessoas trabalhando juntas, é inevitável perguntar “como se administra isso?”. Joan responde tranquilamente: “É muito fácil quando há paixão, amor, generosidade, compromisso com a criatividade; o que administramos são emoções, não dinheiro. Na verdade a gestão de recursos, de tempo, de treinamento, talvez sejam coisas pouco tangíveis, mas muito importantes”. Dos cozinheiros, metade são companheiros e a outra metade, “de casa”. As pessoas vêm de todo o mundo para aprender com os três irmãos, e para compartilhar habilidades culinárias. A soma do diálogo entre Jordi, Josep e Joan, cada um com sua disciplina, forma o que nós já sabemos: o primeiro prêmio de melhor restaurante do mundo pela revista britânica “Restaurant”, e “Três estrelas Michelin”. Perguntamos qual é a sensação de estar no topo e percebemos que a visão é presente, mas, sobretudo, voltada para o futuro. “Não paramos para pensar quão bonitos somos”. Eles caem na gargalhada. “Somos muito gratos. É o que dá sentido a tanto esforço. Ficamos lisonjeados e gostamos, mas isso não nos cega porque senão estaríamos perdidos”, diz Jordi, o chef pâtissier. Josep, o sommelier, acha que o sucesso é consequência da situação de estar consciente da realidade que estão vivendo. “Devemos desfrutar e aproveitá-la para mostrar nossa maneira de ser, para »»»
projetar a proximidade”. E completa: “para fazer bem”. A filosofia é uniforme, uníssona para as três rochas – ou Rocas – do El Celler: pensar no futuro que lhes espera desde agora, quando não têm muito a provar e sim para criar e surpreender, sem deixar nada de fora. Percebe-se, uma vez dentro do restaurante, que a criatividade nunca foi tão grande como agora. As possibilidades são infinitas. “Este é um celeiro de ideias. Investimos tempo pensando muito bem sobre o que faremos. Nunca fomos tão criativos como agora. Também temos todos os meios a nosso favor. Então, cada vez que fazemos (criar), o fazemos com mais liberdade”. Desta liberdade nasce uma ideia nova, uma fusão de videoarte, música ao vivo e uma seleção de pratos: El Somni, o sonho. “Uma obra de doze pratos, um banquete em doze atos com doze pessoas, um trabalho totalmente multidisciplinar, o analógico, digital, real, cibernético e que fala de alimentos, de gastronomia”, explica Joan, completamente animado. No El Somni há poesia, 3D, canto, filosofia, pintura, cinema, música e cozinha. “Buscamos um simbolismo místico. O número 12, como um todo. Doze era o centro de tudo, o símbolo de algo místico. Que é toda a magia, psíquica, geométrica”, diz Joan; e continua, ao afirmar que querem “juntar todas as artes para chegar a um tempo máximo de beleza” (o El Somni aconteceu, pela pri-
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meira vez, no dia 6 de maio, em Barcelona – dias antes desta reportagem). A qualquer momento, conversando com os três irmãos Roca, é perceptível o desejo de explorar, de ir além – o que conduz os visitantes a quase viverem o sentimento de uma emoção sensorial mais forte. Observamos, portanto, que o afã exploratório é surpreendentemente desenvolvido pelos três irmãos, e ele certamente conduzirá a uma embriaguez dos sentidos de seus comensais. Sua cozinha contemporânea e os elogios não são só resultados dos 26 anos que eles têm trabalhado, mas um prêmio ao reconhecido esforço. O dia a dia em uma cozinha deixa você (literalmente) sem vida social. Agora, esses três mestres da culinária se reúnem em uma equipe difícil de separar – irmãos e amigos, mas “sobretudo irmãos”, como fazem questão de ressaltar. “Nós nos damos bem. Tudo é tão natural, que não trabalhar em conjunto é que seria o estranho. Foi assim a vida inteira e está funcionando muito bem. É fantástico!”, diz Jordi, o caçula dos três, que se entusiasma em relatar a relação dos irmãos. A cumplicidade entre eles é palpável e flagrante aos olhos, enquanto posam para uma fotografia – ao mesmo tempo em que eles nos tornam íntimos de sua casa, seu restaurante, sua vida. O estabelecimento é uma delícia para os sentidos: sóbrio e ordenado, sem ostentação. Mas é impressio-
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Elegante, mas sem ostentação, o “El Celler de Can Roca” impressiona. Os menus especiais são celebrados e até os pratos mais simples são cheios de personalidade, como a salada verde (abaixo). Também abaixo, à esquerda, o camarão-rei, grelhado em carvão.
nante... Desde sua fantástica cozinha, separada por seções, passando pelo salão de jantar, pátio, e o que dizer de sua adega...? Todo o tour pelo El Celler transcorre em harmonia (e até mesmo magicamente), mas um lugar com grande poesia é a adega, lugar onde Josep – com devoção – fala sobre seus vinhos favoritos. Suas palavras evocam tamanha combinação de virtudes e sentimentos que desde o mais leigo no assunto até o estudioso na área poderá compreender e apreciar. O sommelier explica que “para além da conservação, queria que eles (os vinhos) tivessem um lugar para serem reverenciados”. O discurso de Josep é ao mesmo tempo simplista e profundo. Em sua adega (ou “templo”) de vinhos estão armazenadas trinta mil garrafas e mais de 2.500 referências. Joan, o mais velho dos três, nos leva à cozinha do El Celler e fala da mãe, Montserrat. “Comecei a cozinhar com a minha mãe. Aqui se iniciou tudo: a arte e o desejo de continuar a explorar a cozinha em todas as suas possibilidades. Minha cozinha é, certamente, uma evolução da dela. Embora o que façamos agora seja elevá-la a outra dimensão”. A diferença entre o funcionamento da cozinha da mãe e o deles próprios é que Joan abriu a porta para encontrar uma fusão de sabores, cheiros e texturas, um “diálogo com o mundo”. Combinando a tradição
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catalã com toques pessoais e mais contemporâneos, o resultado é fruto de sua contínua inquietação com as artes culinárias. Os fogões estão presentes no dia a dia destes “garotos” desde a infância. Eles foram criados no restaurante Can Roca, localizado a “meros” duzentos metros das novas instalações do El Celler – onde a comida caseira de Montserrat, mãe deles, e seu gosto pelas coisas bem feitas fizeram com que os três irmãos, em diferentes momentos da vida, estudassem na Escola de Hotelaria de Girona. E, graças à experiência e ao gosto, escolheram vertentes diferentes, mas complementares. Joan era o mais interessado na preparação de salgados. Josep, encarregado desde seus cinco anos de idade a encher as garrafas de vinho, conta de onde vem seu gosto por prová-los. E Jordi, o caçula, “tateou” as primeiras aulas da arte da culinária e findou, quase que por acidente, encantado pela panificação, pastelaria e doces – o que o tornou um ícone atual em sua especialidade. Eles estão atualmente envolvidos em inovação: têm participado de encontros e conferências em todo o mundo, onde desejam ser conhecidos e explicar seu conceito de cozinha no sentido mais amplo da palavra. Após a visita e as agradáveis conversas que tivemos, findamos com uma opinião muito feliz sobre os irmãos »»»
Joan (à esquerda), Jordi (no centro) e Josep (à direita), os irmãos Roca, são muito unidos e afirmam que o natural era que trabalhassem juntos, tamanha a cumplicidade entre eles. Abaixo, mais uma criação do restaurante, o “suflê de trufas negras”.
e seus representantes de dentro e de fora da cozinha. São pessoas com os pés no chão e com um desejo de agradar e “de que as pessoas tenham uma boa experiência o tempo todo, em todos os níveis. Queremos que as coisas sejam muito boas para que possam contar a respeito depois”. Eles conseguem configurar um espaço entre o real e a tradição, com uma equipe dedicada e motivada, além de comensais apaixonados e expectantes ante a cozinha do trio. Eles estão, na verdade, criando uma nova aposta no turismo gastronômico, uma vez que 80% dos seus clientes são estrangeiros – graças à fama que alcançaram por meio das críticas e comentários maravilhosos dentro e fora da Espanha. Eles chegaram onde estão mediante um trabalho meticuloso. Joan aposta em fusões de sabores tradicionais da cozinha catalã, mas com o toque especial de criatividade. Jordi extrapola as coisas, que em suas próprias palavras, “têm pouco a ver com a gastronomia”, transformando-as em sobremesa (como seu famoso “Gol de Messi”), sendo ele a ponta do iceberg que traz um grande trabalho de criação ao fundo. E Josep evidencia os sabores dos irmãos com o melhor sabor de seus vinhos. A intenção do chef (ou chefs, como queiram) é de que as pessoas “sejam felizes” enquanto se alimentam no El Celler. “A coisa mais importante é que atinja-
mos o coração, emocionemos de alguma forma, por meio da comida, do entretenimento, ou da visita. E se conseguirmos emocioná-los em muitos momentos, melhor ainda”. Para eles, a criatividade é fundamental, mas não “imposta à força”. A flexibilidade nos pratos e no cardápio é extensa. O El Celler surpreende com novas ideias continuamente, embora Joan nos conte que tudo é registrado. “Se pensamos em um prato interessante, é importante recorrer ao prato que estava bom também no ano anterior, na mesma época. Não basta só contar com a criatividade, mas com a terra e seus frutos”. Quando falamos com qualquer um dos três sobre a escolha dos produtos da terra, todos dizem que levam isso em consideração. Mas que não desejam ser “fundamentalistas”. O cardápio, explica Joan, “varia de acordo com produtos sazonais”. A Catalunha e suas tradições culinárias são o ponto de partida, porque foi o que aprendeu com seus pais. “É importante ter isso em mente, mas sem se limitar”. O chef gironense aposta em uma mente aberta na cozinha, considerando as possibilidades oferecidas pelos produtos que vêm de fora da Catalunha ou da Espanha, se necessário – sempre tendo em conta os valores da terra onde “nasceram”, e que o diálogo com o meio ambiente é a base, mas nunca uma limitação.
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A númerosa equipe – mais de cinquenta profissionais, que se dividem entre a cozinha e o salão do restaurante – é extremamente harmoniosa, segundo os irmãos Roca. “São todos membros da mesma família”. Abaixo, o Sole Meunière.
O mesmo diz Jordi em relação às sobremesas: “estamos trabalhando com uma horta orgânica, e tentamos usar o melhor produto. Se ele está aqui, melhor. Mas se não tiver aqui, iremos ao Japão buscá-lo. Entendemos que evolução em cozinha é a fusão com outros países”. “Proximidade sim, mas com toques de permeabilidade para desfrutar de um mundo que não é tão grande como pensamos”, diz Josep, o sommelier. Estes três artistas da gastronomia têm clareza de que a chave para a cozinha do restaurante El Celler é o equilíbrio, o triângulo equilátero que compõem, e a criatividade singular que surge quando trabalham em equipe. Josep e Joan trabalham juntos há 26 anos (e há quinze anos com Jordi, o caçula). O processo foi se acumulando e conseguiram “acidentalmente” o “equilíbrio perfeito”, pois – como Joan admite – “Jordi trouxe ar fresco e novas ideias, mas a chave é a conjunção de todos os três no mesmo time. Quando fazemos reuniões triangulares, cada um de nós traz outra visão ou seu desenvolvimento complementar”. Tão diferentes e tão iguais, os três estão aproveitando intensamente o clímax que a Espanha está vivendo agora em matéria de culinária, e esperam que seu “doce momento” se expanda, tanto quanto
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for possível. “Estamos na posição sonhada e em um momento que tanto valorizamos: nós somos livres. O destaque na cozinha de um restaurante é fantástico, e percebemos que os três cresceram e que conseguimos o reconhecimento individualmente em cada uma de nossas áreas, ofícios. Para mim, é incrível ter o melhor chef pâtissier e o melhor sommelier trabalhando juntos na minha equipe”. Depois de um dia lá, tendo a sorte de comer no restaurante que deu origem ao El Celler, o primeiro Can Roca; depois de vê-los trabalhar, se desdobrarem e falarem, nosso paladar está (quase) saciado, mas querendo mais. Catalunha, a terra onde nasceram, cresceram e triunfaram, torna-se agora a presença dessas três Rocas, rochas na panaceia, para que busquem um estilo gastronômico diferente, original e saboroso. Esperemos que a intensidade com que vivem seus ofícios continue e que ultrapassem os limites sonhados. É claro que a bela cidade de Girona esconde em suas ruas uma grande beleza e em seus “aldeões”, um grande segredo. Por fim, quando perguntado como gostaria que fosse nossa recordação de seus doces, Jordi Roca limita-se a uma onomatopeia: “hummmmmm”.
receita
Postre láctico Sobremesa com leite de ovelha
INGREDIENTES
MODO DE FAZER
Placa de Goiaba • 500g purê de goiaba • 100g Açúcar
Placa de Goiaba Aquecer 100 g do purê de goiaba com 100 g de açúcar até ficar homogêneo. A essa mistura homogênea, acrescentar o restante do purê de goiaba e estender finamente em um papel de silicone e congelar.
Doce de leite • 1 litro de leite de ovelha • 500g Açúcar
Doce de leite Misturar o leite de ovelha ao açúcar e levar ao fogo até reduzir e ficar com cor de caramelo. Deixar esfriar.
Espuma de leite de ovelha • 500g de queijo (mole) de ovelha • 500ml de nata
Espuma do leite de ovelha Misturar o queijo de ovelha com a nata (creme) e com a ajuda de um sifão culinário fazer a espuma.
Sorvete de leite de ovelha • 500ml de creme de leite (ou natas) • 500ml de leite • 100g de açúcar invertido • 200g de açúcar • 100g de dextrose • 5g de estabilizante (apropriado para sorvetes) • 500g queijo branco (tipo minas) de ovelha
Sorvete de leite de ovelha Misturar o creme de leite (natas), o leite e o açúcar invertido. Levar ao fogo até ferver. Adicione o açúcar, a dextrose e o estabilizante. Pasteurizar a 85°C, sem deixar de ferver. Coar, esfriar e adicionar o queijo. Reserve na geladeira por 12 horas. Após esse período, leve a mistura a uma máquina sorveteira e mantenha a uma temperatura de -18 °C. Nuvem de Açúcar Coloque o açúcar em uma máquina de algodão doce. Ao obter a “nuvem”, envolvê-la com leite em pó.
Nuvem de Açúcar • Açúcar • Leite em pó
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BESLLUM 2008 D.o Montasant COMPOSIÇÃO: 50% Grenache, 40% Carignan e 10% Syrah REGIÃO: Catalunha Espanha GRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 14% 750 ml. Uma das sensações do Grand Tasting Belém 2013, o Besllum 2008 é sem dúvidas um vinho que está longe do clichê atual dos vinhos espanhóis. Rico, opulento e sem desequilíbrios, filho de uma das “Denominación de Origen” que mais se destacam atualmente no rico panorama vitivinícolo da Espanha, a Do Montsant fica no Sudeste do país muito próxima a altamente e internacionalmente elogiada Do Priorat. Os vinhos de Montasant possuem muitas das mesmas qualidades dos vinhos da DO (sua vizinha e mais famosa), mas sem ter os mesmos preços altos que os Priorat têm. As vinhas do Besllum 2008 têm mais de 60 anos de idade e são cultivadas em encostas de argila, xisto e ardósia, eis a razão do tão atraente toque mineral desse vinho encantador, que conserva sua mineralidade mesmo com toda a potência das uvas que o compõem. Profundo, escuro e rico em cor, o Besllum 2008 é elaborado com as uvas Grenache, Carinenha localmente conhecida como Samsò e um toque de Syrah para deixá-lo ainda mais complexo. Os 16 meses em tonéis novos de carvalho francês, fazem o acabamento primoroso com a madeira perfeitamente integrada. Obteve um altamente expressivo e 93 pts do guru R. Parker e um Best Value da revista Wine Spectator. Um vinho para ser degustado sem comparações com os da DO Priorat. Foi considerado por muitos dos participantes do Grand Tasting Belém 2013 surpreendente. Nós achamos que é um pequeno grande vinho em perfeita harmonia entre concentração e finesse. Sem hesitação, pede a companhia de carnes grelhadas! Pontuação: 93 pontos – Parker Indicação da sommelière Ana Luna Lopes ONDE COMPRAR: Grand Cru Belém
PRODUTOR: Palácio de Fefiñanes REGIÃO: Galícia – Rías Baixas – Cambados (Valle del Salnés). CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Rías Baixas D.O. COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 100% Albariño GRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 13,5° GL PRODUÇÃO ANUAL: 10.000 garrafas ELABORAÇÃO: Após a colheita das uvas na terceira semana de Setembro, as uvas são desengaçadas e suavemente prensadas. A fermentação ocorre em barricas de carvalho francês de diversas passagens. Amadurecimento sobre as lias, com periódicas bâtonnages. Engarrafamento. AMADURECIMENTO: 6 meses em barricas francesas novas, de 2ª e 3ª passagens. ESTIMATIVA DE GUARDA: 5 anos CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS: Coloração palha brilhante. Fino aroma de cítricos confitados, de nectarina madura, integrada às especiarias e ao leve defumado. Untuosa incursão no palato, contrabalançada pelo afiado frescor mineral. Elegante e longo final. CARTA DE VINHO SINTÉTICA: Fino aroma de cítricos confitados, de nectarina madura e leve defumado. Untuoso, mineral, de elegante e longo final. TEMPERATURA DE SERVIÇO: 10°C PREMIAÇÃO: GUÍA PEÑÍN 2012 – 93 Pontos ONDE COMPRAR: Decanter
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GAROFOLI ANFORA 2011 VERDICCHIO DEI CASTELLI DE JESI CLASSICO DOC
PRODUTOR: Zidarich REGIÃO: Friuli - Carso – Duino-Aurisina, localidade de Prepotto. CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Carso D.O.C. COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 100% Vitovska GRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 12º GL PRODUÇÃO: 10.000 garrafas ELABORAÇÃO: Vinhas com idade entre 6-30 anos conduzidas em alberello e Guyot, densidade de 8.000-10.000 plantas/ha. Rendimento de 5 toneladas/ha. Colheita realizada na última semana de Setembro, primeira dezena de Outubro, manualmente em pequenas caixas plásticas. Desengace total, maceração e fermentação com as cascas em grandes cubas de madeira. A fermentação ocorre espontaneamente a partir de leveduras indígenas, sem controle de temperatura, com múltiplas pigéages durante o dia. Não há filtração ou clarificação. AMADURECIMENTO: 24 meses em grandes tonéis de carvalho da Eslavônia. ESTIMATIVA DE GUARDA: 10 anos + CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS: Coloração dourada, não completamente límpida. Amplo olfato de frutas exóticas maduras e cítricos confitados, pêssego, jasmim, cêra de abelha e defumado. Impressiona em boca pela textura apertada, de evidente mineralidade, a fruta reverbera num longo final de pura elegância. CARTA DE VINHO SINTÉTICA: Amplo olfato de frutas exóticas maduras, cítricos confitados, defumado e cêra de abelha. Particular, sápido, longo final de pura elegância. TEMPERATURA DE SERVIÇO: 15°C – Preferencialmente em taças borgonhesas. PREMIAÇÕES: I50 MIGLIORI VINI D’ITALIA 2012: 19° Lugar PARKER: 93 Pontos WINE & SPIRITS: 93 Pontos DUEMILAVINI A.I.S. 2012: 4 grappoli em 5 GAMBERO ROSSO 2012: 2 Bicchieri em 3 ONDE COMPRAR: Decanter
1583 ALBARIÑO DE FEFIÑANES 2010
VITOVSKA 2009
vinho
COMPOSIÇÃO: 100% Verdicchio GRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 12,5 % ORIGEM: Jesi Marche Itália 750 ml. Os Castelli di Jesi (Castelos de Jesi) são 14 vilarejos espalhados nas colinas do Vale de Jesi, uma das áreas mais interessantes e belas da região Marche e que são o Centro da DOC Verdicchio dei Castelli de Jesi. A uva Verdicchio, uma casta muito antiga, filha e orgulho da região Marche encontrou no clima (e muitos microclimas) da região, o lugar perfeito para fazer nascer vinhos únicos e reconhecidos entre os melhores brancos da Itália. Com essa casta são elaborados vinhos simples e frescos prontos para serem bebidos jovens ou até mesmo longevos, intensos minerais, muito elegantes e austeros. Espumantes tanto Método Clássico quanto Charmat e até mesmo doces Passiti magníficos. Garofoli é a Vinícola mais antiga da Região Marche. Depois da quinta geração, a filosofia de trabalho é sempre a mesma: qualidade e respeito pela tipicidade, acima de tudo, com a constante atualização das técnicas de produção, sempre com respeito à tradição. O Garofoli Anfora Verdicchio Classico é um vinho simples, com média acidez, versátil, poucos aromas, porém marcante com seu toque mineral e iodado e intenso retrogosto amendoado, característico dessa uva. Perfeito como aperitivo e com o clima quente da nossa Belém, pratos de peixe e frutos do mar e com delícias vegetarianas. Indicação da sommelière Ana Luna Lopes ONDE COMPRAR: Grand Cru Belém
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R03 M M 445 FLS 445- 25/10/2005, Cartório de Registro de Imóveis, 2º Ofício.
72 a 135 m² LOFT UN UNIPLEX OU DUPLEX
1 ou 2 suítes
UM NOVO MOMENTO COM A VIDA EM OUTROS TONS.
Rua João Balbi, 1291 Entre 9 de Janeiro e Alcindo Cacela
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VENDAS: (91)
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decor
Do sofisticado ao simples O estilo contemporâneo conduz à decoração desse luxuoso apartamento no Torre de Toledo, da Leal Moreira. Elaborados pelo arquiteto Marcos Nascimento, os ambientes trazem consigo traços sóbrios e harmônicos que – aliados a itens modernos – possibilitam que os moradores possam aproveitar os espaços da melhor maneira possível. Confira:
Na sacada, as confortáveis cadeiras em madeira imbuia e palha trançada são um convite à socialização. Elas são itens tão essenciais ao ambiente, que a mesa em vidro preto torna-se apenas coadjuvante na composição da decoração. As cores vivas das almofadas e do vaso dão vida ao local.
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Lucas Ohana
Dudu Maroja
O lustre de cristal (acervo particular da família) salta aos olhos na sala de jantar e dá glamour e elegância ao espaço. As cortinas ainda oferecem um destaque maior a ele quando vistas de determinados ângulos. Tudo sem excessos.
A sacada é um estar agradável pra receber amigos e familiares em momentos de descontração e um ótimo espaço gourmet. Para compor a decoração, foram utilizadas, dentre outros itens, algumas plantas de diferentes espécies.
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A sala de estar é, sem dúvida, o ponto de atração entre os ambientes. Nela está um conjunto de sofás simétricos com tecidos crus. “Essa disposição não é por acaso; e sim para reunir amigos e assistir a um bom filme ou um show”, explicou o arquiteto Marcos Nascimento.
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A adega não só dá apoio às salas de estar e jantar e à sacada – seu tom escuro contrasta com esses ambientes. O espaço abriga dezenas de garrafas de vinhos e uma cristaleira de taças (coleção da família).
A iluminação natural proporcionada pelos grandes vãos da sacada e das janelas é um dos elementos principais na arquitetura do apartamento. Além disso, os tons claros das paredes e dos pisos são os responsáveis pela neutralidade e harmonia dos espaços.
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falando nisso
Marcos Nascimento Arquiteto
1- Lustre de cristal tipo caixote é uma boa pedida pra quem quer enriquecer o hall social. São leves, finos e sofisticados. 2- Peças em vidro Murano combinam bem na hora de decorar um aparador. São simples e coloridos. 3- Papel de parede no lavabo deixa o ambiente sofisticado e aconchegante, principalmente se for decorado com motivos neoclássicos. 4- Livros de arte, arquitetura e design sempre são uma boa escolha para decorar um ambiente. 5- Castiçais são elementos decorativos de muito bom gosto tanto em mesas de centro e aparadores quanto em mesas de jantar. 6- Cachepôs com samambaias alegram o ambiente e tiram o ar árido. 7- O uso de espelhos é um artifício relevante para compor uma decoração. Além de ampliar os ambientes, são elementos limpos, neutros, sofisticados e combinam com tudo.
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Institucio
TORRES DEVANT: BREVE LANÇAMENTO DA LEAL MOREIRA Devant é uma palavra francesa que significa “em frente” – conceito que nos remete à ideia de melhorar, crescer, evoluir. E é inspirada nesse sentimento que a Leal Moreira anuncia seu próximo lançamento: o Torres Devant. O empreendimento possui apartamentos de 68m² (2 quartos, sendo 1 suíte) e 92m² (3 quartos, sendo 1 suíte) e localização privilegiada: Tv. Pirajá próximo à Marquês de Herval. São duas torres em um terreno de 4.405,88m². A área de lazer será totalmente decorada e mobiliada pela Leal Moreira e contempla salão de festas, brinquedoteca, piscinas, churrasqueiras, sauna, academia e muito mais. Fernando Nicolau, diretor comercial da Leal Moreira Imobiliária, explicou no meeting para os corretores Leal Moreira, que “todos esses itens fazem com que a vida do morador se torne mais fácil. Tudo o
NOVA GERENTE COMERCIAL DA REVISTA LEAL MOREIRA Danielle Levy, administradora com pós-graduação em marketing pela ESPM e MBA em Gestão Empresarial pela FGV é nova gerente comercial da Revista Leal Moreira. Com treze anos de carreira e muita experiência em marketing e vendas, Danielle Levy está à vontade e não poderia ser di-
que nós pensamos para o Torres Devant será muito bem utilizado.” Os apartamentos decorados levam a assinatura da M2P Arquitetura e En-
ferente já que era leitora e fã da RLM. “A RLM é um sucesso!! Com 10 anos no mercado, se consolidou como um veículo sério, idôneo e de vanguarda.
genharia (92m²) e Beth Gaby (68m²). Para mais informações, acesse nosso site: www.lealmoreira.com.br ou ligue para 3223-0021.
Seu formato, seu conteúdo e sua história com certeza contribuíram para
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todo esse sucesso! Ser um anunciante e estar dentro da revista é sinônimo de retorno garantido”.
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Institucio
ENTREGA DO SONATA RESIDENCE Para celebrar a entrega do Sonata Residence, a Leal Moreira realizou no dia 4 de junho um coquetel especial para os moradores, na área de lazer do edifício. O empreendimento se destaca pelos apartamentos de 72 m² e de 135 m² e pela ótima localização: na João Balbi, com 9 de Janeiro e Alcindo Cacela. Se você deseja obter informações sobre os empreendimentos Leal Moreira, ligue: 3223.0021
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DIA DAS MÃES Café da manhã e entrega de brindes personalizados marcaram a homenagem da Leal Moreira às suas mães. Funcionárias do prédio-sede da construtora, dos canteiros de obras e as que trabalham na Leal Moreira Imobiliária ganharam, na manhã da sexta-feira que antecedeu o domingo das mães, um café da manhã e cada uma delas foi presenteada com uma lembrança personalizada. Um momento de agradecimento e honrarias às mulheres que fazem parte da nossa história e que se superam a cada dia no papel de profissionais e mães de sucesso.
NOITE DE DEGUSTAÇÃO DE VINHOS A Leal Moreira tem orgulho de ter sido, pelo segundo ano consecutivo, a patrocinadora do maior evento de vinhos do Norte do país, o Grand Tasting Belém 2013. O evento proporcionou uma noite inesquecível, por meio da degustação de
REFORMA NO PRÉDIO-SEDE DA LEAL MOREIRA A reforma nas dependências do prédio-sede do Grupo Leal Moreira é resultado de um novo modelo de governança corporativa interna. O edifício da João Balbi terá novos ambientes para melhor atender clientes, parceiros e visitantes.
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mais de 70 rótulos de 10 países – como Itália, França, Chile e Argentina – oferecidos em 21 estações temáticas de degustação. A Leal Moreira teve um espaço exclusivo no evento, onde o público pôde adquirir a nova edição da Revista Leal Moreira e saber informações sobre o Torre Unitá, primeiro lançamento de 2013 da construtora e que já contabiliza 66% de seus apartamentos vendidos. A programação do Grand Tasting contou ainda com o curso “Harmonizando e desarmonizando vinhos” e a aula “Degustação guiada de queijos e vinhos – como fazer o casamento perfeito” ministrados pela Grand Cru, realizadora do evento.
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Líder absoluta de mercado na região Norte, há 35 anos. www.lotusonline.com.br 135
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LEAL MOREIRA NA CASA COR PARÁ 2013 O tema da Casa Cor Pará 2013, “Um Olhar Muda Tudo”, é um indicativo do novo momento da mostra, que traz novidades este ano. Durante o lançamento da edição de 2013, no dia 21 de maio, no Espaço São José Liberto, a Leal Moreira confirmou, pelo terceiro ano consecutivo, o patrocínio estrutural do evento. André Moreira e Ana Paula Guedes, novos diretores e franqueados da Casa Cor Pará, ressaltaram a importância da mostra. “Imaginamos que a Casa Cor Pará 2013 será um evento inesquecível, onde todos que a visitarem terão o prazer de ver o que há de melhor em arquitetura, design e arte”. A Leal Moreira foi representada na festa de lançamento por toda sua diretoria, entre eles o diretor financeiro João Carlos Moreira e o diretor de novos projetos Maurício Moreira. “A Leal Moreira, em essência, se identifica com questões como funcionalidade, segurança, beleza e, principalmente, conforto. Era natural para nós que estivéssemos juntos com a Casa Cor Pará. Para nós é motivo de orgulho e satisfação estar na Casa Cor Pará”, disse João Carlos. E para concluir, Maurício Moreira também falou sobre a relevância da parceria. “A Leal Moreira tem muito orgulho em ser patrocinadora da Casa Cor Pará. Pelo terceiro ano consecutivo renovamos um compromisso muito saudável de garantir um espaço bonito e democrático para os novos talentos da arquitetura e para os nomes já consolidados. Os propósitos da Leal Moreira e da Casa Cor têm muitas afinidades”. A Casa Cor – a mais completa mostra de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas – será realizada em Belém na Av. Conselheiro Furtado, 100, ao lado do Espaço São José Liberto, e está programada para começar em outubro de 2013.
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Hotel Regente. Vencedor do Prêmio Caio 2012, categoria Espaço para Eventos Porque receber você é sempre um grande evento pra gente. O Regente é um dos mais respeitados hotéis do Pará. E, nos últimos anos, consolidou-se também como um dos preferidos para a realização de eventos. Investimentos nas instalações de salões e auditórios, equipe e estrutura, aliaram-se à segurança, qualidade do buffet, perfeita localização e um grande diferencial: o talento para receber as pessoas. E isso independe se são eventos para até 600 pessoas ou uma diária standard, se é um casamento ou uma lua-de-mel.
www.hotelregente.com.br Av. Gov. José Malcher, 485 CEP: 66.040-281 - Belém - Pará E-mail: reserva@hregente.com.br Tel.: (91) 3181-5000 137
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Institucio
SUCESSO Após o sucesso do 1º Salão Leal Moreira de Imóveis, a Leal Moreira realizou sua segunda edição no período de 31/05 a 09/06. A Galeria Leal Moreira, do Boulevard Shopping, foi o local escolhido para o evento e quem esteve por lá se surpreendeu com as condições imperdíveis para adquirir um apartamento.
NOVOS PROFISSIONAIS TORRE UNITÁ - INÍCIO DAS OBRAS
A Leal Moreira recebe com muita alegria e satisfação a chegada de dois grandes profissionais na empresa. Drauz Reis, novo diretor financeiro, foi re-
O apartamento decorado e o estande de vendas do Torre Unitá encantaram todos. Durante o período em que ficaram abertos – de janeiro a junho
cebido com entusiasmo e já está à vontade. “A empresa superou as minhas expectativas. O clima interno é muito bom para trabalhar”. A gerência de
de 2013 –, o empreendimento contabilizou 70% de seus apartamentos vendidos (até o fechamento desta edição). Com o início das obras do empreen-
controladoria – setor responsável por interpretar os dados da contabilidade –
dimento, agradecemos a todos os nossos parceiros, que contribuíram para o sucesso de crítica e público, que foi o decorado. São eles: SCA, Metallo,
realmente se importa em profissionalizar a área de contabilidade. E esse setor é fundamental para que a empresa acerte em suas decisões, como, por exemplo, na redução de custos.”
SOL Informática, Spaço Casa, Tramontina e Angela Belei.
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também ganhou uma nova gestora, Ana Vitória de Oliveira . “A Leal Moreira
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A perfeita mistura entre transparência e resistência. O Torre de Farnese é um dos empreendimentos de alto nível da Leal Moreira que tem a segurança e a beleza dos vidros Ebbel. Uma combinação atestada por tantas outras obras de qualidade. • Aumento de área útil. • Proteção contra vento, chuva, poluição e maresia. • Valor e qualidade otimizados, propondo melhor custo/ benefício, uma vez que proporciona maior comodidade e conforto. • Segurança com uso de vidros temperados • Praticidade em seu manuseio e limpeza.
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Institucio
Check List das obras Leal Moreira projeto
lançamento
fundação
estrutura
alvenaria
revestimento
fachada
acabamento
Torre Unitá 3 suítes • 143,10 m2 • Rua Antônio Barreto 1.240 (entre 9 de janeiro e Alcindo Cacela) .
Torre Parnaso 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58,40m² e 79,20m² • Cremação • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis) Torres Dumont 2 e 3 dorm. (1 e 2 suítes) • 64m² a 86m² • Pedreira • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Marquês de Herval). Torre Vitta Office Salas comerciais (31,73 a 42m²) • 5 lojas (61 a 299,62 m²) • 31,73 a 42m² (sala comercial) • de 61 a 299,62m² (lojas) • Marco • Av. 25 de Setembro, 2115. Torre Vitta Home 2 dorm. (1 suíte) • 58,02m² • 3 dorm. (1 suíte) • 78,74 m² • 58 m² e 78 m² • Marco • Travessa Humaitá, 2115 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso). Torre Triunfo 3 e 4 suítes (170,34 m²) • cobertura (335,18m²) • Marco • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso). Torres Floratta 3 e 4 dormitórios • 112,53m² a 141,53m² • Marco • Av. 25 de Setembro, 1696 (entre Travessas Angustura e Barão do Triunfo). Torres Trivento 2 e 3 dorm • 65,37m² a 79,74m² • Sacramenta • Av. Senador Lemos, 3253. Torre Résidence 2 ou 3 suítes (174m²) • Cobertura (361m²) • Cremação • TV. 3 de Maio, 1514 (entre Magalhães Barata e Gentil). Torres Ekoara 3 suítes (138m²) • Cobertura (267 ou 273m²) • Utinga • Tv. Enéas Pinheiro, 1700 (entre Av. Alm. Barroso e Av. João Paulo II). Sonata Residence Uniplex (71m² a 72m²) e Duplex (118m² a 129m²) • Umarizal •João Balbi, 1291 (entre 9 de Janeiro e Alcindo Cacela).
Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br
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em andamento
concluído
Revista Leal Moreira vĂĄrias maneiras de curtir.
Revista Leal Moreira
revlealmoreira
@rev_LealMoreira
revistalealmoreira.com.br • 91 4005.6874 • contato@revistalealmoreira.com.br
Nara Oliveira Consultora empresarial
Quanto vale seu negócio? Se você quiser determinar o valor de sua empresa,
Há duas metodologias de avaliação que são utiliza-
para descrever o processo de determinação do valor
das amplamente no mercado: o Fluxo de Caixa Des-
de uma empresa ou seu projeto de negócio. Facilita
contado e a Avaliação por Múltiplos. O Fluxo de Caixa
eventuais negociações com investidores e é usado
Descontado é o processo mais detalhado. Todas as
principalmente para embasar processos de compra
áreas da empresa são avaliadas para utilizar como
e venda, seja em sua totalidade ou apenas parte do
base na projeção de cada uma das linhas do demons-
patrimônio da empresa. Além disso, o Valuation é um
trativo de resultado da empresa, assim como de seus
instrumento gerencial para diversos fins como acom-
investimentos, empréstimos, captações e capital de
panhamento dos sócios sobre o valor de seus investi-
giro. Nesse processo é fundamental uma imersão na
mentos, base para o cálculo da remuneração variável
empresa acompanhada de uma série de discussões
dos executivos dentre muitos outros.
com os principais gestores sobre os pontos fortes e
Termo fancy, e as boas consultorias possuem meto-
a desenvolver da mesma (análise do cenário interno),
dologia descomplicada, objetiva e altamente customi-
bem como das oportunidades e ameaças da com-
zada. No valuation o valor da empresa é decorrente
panhia frente o mercado (análise do cenário externo).
dos resultados futuros da companhia. Para projetar
Essa análise mais detalhista permite que o valor dos
esses resultados é necessária uma avaliação aprofun-
ativos intangíveis, como marca, carteira de clientes,
dada de todos os aspectos operacionais (ativos e pas-
capital humano e tecnologia, estejam devidamente
sivos, sendo eles tangíveis ou intangíveis) assim como
contemplados no valor da companhia.
uma compreensão clara do mercado em que a empresa atua (concorrentes, entrantes, legislação, pontos
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fortes, a desenvolver, ameaças, oportunidades etc.).
procure fazer um Valuation. Termo em inglês usado
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Qual o valor do seu negócio?
APRECIE COM MODERAÇÃO PRODUTOS DESTINADOS A ADULTOS
Fato | Comunicação RE 139
RLM nº 38 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
ano 9 número 38
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