Revista Leal Moreria nº 41

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RLM nº 41 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

ano 10 número 41

Ney Matogrosso Cada vez mais atento aos sinais e novos compositores

Daryan Dornelles Lendas urbanas de Belém Rodrigo Mocotó Xico Sá

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Leal Moreira



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A Revista Leal Moreira 41 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.

capa

índice

NEY MATOGROSSO Um dos maiores nomes da cultura brasileira fala sobre o novo disco, a parceria com novos artistas e seu processo criativo.

MIGUEL CHIKAOKA Na 7ª entrevista da série sobre os 400 anos de Belém, o celebrado fotógrafo Miguel Chikaoka nos recebeu para uma surpreendente entrevista.

perfil Fernanda Takai transpõe toda a delicadeza da vida pessoal para sua produção musical.

especial Belém, a cidade do improvável. Conheça a verdade [?] por trás de lendas urbanas que povoam o imaginário de todo paraense.

destino Dublin - nem só de leprechauns vive a capital irlandesa. Mas é fato: ao final de cada arco-íris, há uma cervejaria.

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XICO SÁ Boêmia Futebol Clube - o romântico contemporâneo, misto de filósofo e bebedor fala sobre as relações da atualidade.

Belém| 400 anos

entrevista

RODRIGO OLIVEIRA Considerado um dos melhores chefs do país, Rodrigo “Mocotó” Oliveira rememora seus tempos de criança e o começo na carreira, em um belo [e inusitado] especial de Natal.

gourmet

capa Ney Matogrosso foto por Ary Brandi

dicas perfil Aíla Anderson Araújo especial doces Celso Eluan especial agenda comportamento tech horas vagas confraria Felipe Cordeiro galeria enquanto isso Gabriel Vidolin vinhos decor especial Casa Cor Pará institucional Nara Oliveira

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editorial

Amigos, Chegamos ao final de mais um ano. E que ano! Comemoramos conquistas, como o primeiro lugar, pelo voto popular, na pesquisa “Top de Negócios” e o prêmio ORM/ACP como melhor construtora do estado; celebramos uma década de existência e qualidade editorial da Revista Leal Moreira e, ainda, a terceira edição da Casa Cor Pará. Vivemos intensamente este ano e estamos na torcida para que 2014 seja tão bom ou melhor. A edição 41 chega às suas mãos, portanto, com um gosto especial: é a última de 2013, até que nos reencontremos no ano-novo. Aqui você encontrá Ney Matogrosso, uma das vozes mais poderosas do país, Xico Sá, Fernanda Takai e as belíssimas fotos de Daryan Dornelles. E comemorará conosco o aniversário de Belém, em uma entrevista inusitada com Miguel Chikaoka e ainda conhecerá algumas das lendas urbanas de nossa cidade. Temos ainda Rodrigo Oliveira, o Rodrigo Mocotó, chef de cozinha que nos surpreende com sua história e simplicidade: ele abriu o coração, sua intimidade e de sua família, em um ensaio fotográfico belíssimo e ainda falou sobre o Natal, além de dividir uma receita exclusiva (com um certo toque paraense) conosco. Falando em ano-novo, você já fez sua lista do que deseja mudar/manter? Nós sim. E ainda a transformamos na “Agenda Leal Moreira 2014”, que tem como tema “Boas atitudes podem mudar o mundo”. Aproveite para conhecer ainda exemplos de pessoas que decidiram também adotar boas práticas, em prol de um mundo melhor. E tem mais.... Muito mais! Ah, e feliz ano-novo! Comece por você a mudança que deseja ver no mundo! André Moreira

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expediente

Tiragem auditada por

Revista Leal Moreira

João Balbi, 167. Belém - Pará f: 91 4005.6800 • www.lealmoreira.com.br

Fundador Carlos Moreira Conselho de Administração Presidente do Conselho Maurício Leal Moreira Conselho Diretor André Leal Moreira João Carlos Leal Moreira Luis Augusto Lobão Mendes Rubens Gaspar Serra

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Atendimento telefônico:

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Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com.br. Nele, você fica sabendo de todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras.

Criação Madre Comunicadores Associados Coordenação Door Comunicação, Produção e Eventos Realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editora-chefe Lorena Filgueiras Editora assistente e produção Camila Barbalho Fotografia Dudu Maroja Reportagem Anderson Araújo, Arthur Nogueira, Bianca Borges, Camila Barbalho, Carolina Menezes, Fábio Nóvoa, João Neves Leivas, Leila Loureiro, Lorena Filgueiras, Lucas Ohana e Tainá Aires. Colunistas Anderson Araújo, Celso Eluan, Felipe Cordeiro, Gabriel Vidolin, Nara Oliveira e Raul Parizotto. Assessoria de imprensa Lucas Ohana Conteúdo multimídia Max Andreone e Bruna Valle Versão Digital Brenda Araújo, Guto Cavalleiro, Ivan Siqueira Revisão José Rangel e André Melo Gráfica Santa Marta Tiragem 12 mil exemplares Comercial Gerente comercial Danielle Levy • (91) 8128.6837 daniellelevy@revistalealmoreira.com.br Contato comercial Thiago Vieira • (91) 8148.9671 thiago@revistalealmoreira.com.br Ana Carolina Valente • (91) 4005.6874 anacarolina@revistalealmoreira.com.br Ingrid Rocha • (91) 8802.3857 ingrid@revistalealmoreira.com.br Financeiro (91) 4005.6888 Fale conosco: (91) 4005.6874 revista@door.net.br revista@lealmoreira.com.br www.revistalealmoreira.com.br facebook.com/revistalealmoreira Revista Leal Moreira é uma publicação bimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

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Belém

Fiteiro Muito querido no Nordeste brasileiro, o Fiteiro Bar é aquele tipo de ambiente para onde se vai quando se quer bater um papo descontraído e leve com os amigos. Por isso mesmo, a rede foi muito bem recebida em Belém. Adornado com garrafas de cachaça e quadros com ditos populares, aqui o bar ainda ganhou um plus: as fitinhas do Círio ocupam lugar de destaque na decoração. Sempre há música ao vivo no início da noite. O cardápio é igualmente colorido e bem-humorado, e oferece desde petiscos até pratos que servem bem duas pessoas. Indicamos experimentar as maravilhosas coxinhas do Pará – com camarão seco e queijo – para acompanhar um chope gelado no fim da tarde de sexta-feira. Av. Visconde de Souza Franco, 555

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Miako Temaki A gastronomia oriental é uma deliciosa e incessante febre na capital paraense; e o Miako, temakeria inaugurada há pouco tempo, ajuda a manter viva a paixão quase unânime. Em um ambiente bonito, elegante e bem decorado, o sushi e o temaki são as grandes estrelas, ao lado de outros hits da culinária japonesa. Recomendamos a lula picante – não está no cardápio, mas peça mesmo assim. É uma delícia. Aproveite e acompanhe o prato com o teriyaki caseiro que o restaurante produz. Ideal para um jantar a dois.

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Brasil

Bistro Gaudí O arquiteto catalão Gaudí – que em vida era um admirador de bons vinhos e refeições bem elaboradas – é a inspiração deste charmoso bistrô, que leva seu nome. Além de excelentes rótulos e pratos convidativos, a paisagem que se descortina frente ao salão é, sem dúvida, o convite definitivo a estar no Bistro Gaudí. Localizado na praia de Perequê, em Ilhabela, litoral de São Paulo, peça a paella Marinera, especialidade da casa (prato típico espanhol com polvo, lula, camarões médios, mexilhões, vôngoles, lagostins, pimentão, açafrão e ervilhas) e aproveite a vista.

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Tasca da esquina

Se não é possível ir a Portugal para degustar um bom vinho ou deliciar-se com alheiras e bolinhos de bacalhau fresquíssimos... Portugal fica mais próximo quando adentramos o restaurante “Tasca da Esquina”, do chef português Vitor Sobral, em São Paulo, nos Jardins (é filial da casa lusitana, cuja matriz fica em Lisboa). O lugar é aconchegante, com mesas e chão em madeira rústica. O teto – retrátil – é perfeito para noites estreladas e ainda uma parede inteira tomada por uma horta, que é utilizada pelo chef, nos preparativos dos pratos. Aceite o convite e aproveite os menus degustação ou deleite-se com o bacalhau em purê de castanhas. Imperdível. Alameda Itu, 225 • Jardins • São Paulo • 11 3262.0033 www.revistalealmoreira.com.br

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mundo

41º Experience A tradição da família Adrià é indiscutível quando o assunto é gastronomia como expressão artística. Pois bem, o 41º Experience é mais um lugar responsável por carregar este DNA privilegiado. Localizado em Barcelona, o local é cinematográfico. A atmosfera formada pelas cores, espelhos e luzes é, inclusive, parte importante da vivência – assim como o fator surpresa. O restaurante recebe apenas 16 pessoas por vez, dispostas em três mesas de quatro comensais mais duas para casais. O jantar dura em média três horas, durante as quais se vive a degustação do refinado menu. Naturalmente, é preciso fazer reserva com antecedência. Agora, se a vontade for de caráter boêmio, esteja por lá a partir da meia-noite. O espaço se transforma em um badalado bar, onde – por apenas duas horas – são servidos coquetéis esculturais, de preparo extremamente cuidadoso.

Avinguda Parallel, 164, 08015 • Barcelona

Chotto Matte

Com um clima bem diferente dos restaurantes orientais aos quais estamos habituados, o Chotto Matte é um casarão de três andares cheio de estilo, no igualmente charmoso bairro do Soho, em Londres. Inspirados pelo lado underground de Tóquio, o arquiteto Andy Martin e o curador de arte Kurt Zdesar são os responsáveis pelo projeto. A dupla chamou os artistas Houxo Que e Tom Blackford para decorar as paredes – grande atrativo do sushi bar. São murais enormes, de até 17 metros, iluminados por luz ultravioleta. Para completar o visual, uma escadaria de madeira queimada convive com o balcão, esculpido em rocha de lava. Além de excelente para os olhos, o Chotto Matte também é um presente para o paladar. Recomendamos experimentar o Lomo Fino: carne de lombo, anticucho (espécie de churrasco chileno), trufas Yuzu, teriyaki e molho de lentilha. Uma maravilha cosmopolita em um lugar sem igual.

11–13 Frith Street. WID 4RB • Soho, London www.revistalealmoreira.com.br

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Camila Barbalho

Dudu Maroja

som A cordo

Com uma carreira em ascensão, Aíla não teme experimentar e [viver] os tons e aquarelas que a vida tem a oferecer.

C

ores. Sons. Luzes. Borrões, nuances. Tudo é muito vivo, muito vibrante. O clima lúdico convida a multidão a se divertir. E embora o turbilhão de tons quentes ofereça sensações confortavelmente familiares, é difícil ignorar a euforia que vem junto com o ar de novidade provocado por toda essa efervescência. Embora caiba feito luva, a descrição não fala do tradicional parque de diversões que é montado de tempos em tempos em Belém; e sim da jovem cantora que posa para as fotos deste ensaio por entre seus brinquedos. Aíla é tal qual o parque: popular, receptiva, um convite à festa – uma “proposta indecente”, como diz uma das faixas de seu disco, o “Trelelê”. O álbum de estreia, dirigido por Felipe Cordeiro, começou a causar coqueluche mesmo antes do lançamento oficial. Não à toa. A cantora trouxe o frescor da modernidade a uma cena já em franco desenvolvimento, ocupando um ponto equidistante entre o sotaque regional – subitamente querido entre as mais

importantes figuras do mercado fonográfico – e o atrevimento tão característico da música pop. Somou-se à mistura uma interpretação limpa, sem afetações. Pronto. Aíla surgia, e já era mais que uma voz. Era um conceito - forte, mas (e por isso mesmo) descomplicado. A mensagem era clara: ela não era uma diva, nem alguém se obrigando a soar inteligente, embora de fato soasse. A cantora era alguém em busca da diversão, para si e para quem topasse o caminho com ela. E se o assunto é diversão, a artista está em casa em meio ao vai e vem de gente que ora passa apressada, ora se demora pela curiosidade. É impressionante como fica à vontade – a despeito da perceptível timidez que acompanha sua fala baixa e os sorrisos sempre largos. Ao mesmo tempo, é fácil compreender o porquê: ela é parte da multidão porque a multidão também é parte dela, esteja onde estiver. No palco, na lanchonete ou em um parque de diversões, a cantora não impõe distancia- »»»

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Tendo como cenário o tradicional parque de diversões de Nazaré, Aíla ficou muito à vontade entre as cores do lugar.

mento. Conversa com desconhecidos, cumprimenta, fala sem nenhum constrangimento sobre seu trabalho para quem também nunca a viu. Talvez seu grande trunfo resida nesse ciclo tão bem amarrado – a simplicidade e a transparência que estão no seu trabalho também estão em sua personalidade. Ela não parece inatingível, e sim alguém com quem se tem intimidade. Assim também é sua música. Também foi simples, transparente e íntima a conversa que a cantora teve com a Revista Leal Moreira. Ela falou de mudanças, processos pessoais que a levaram a ser quem é como artista – e, naturalmente, de seu trabalho. Aliás, se ele não falasse por si, o papo supriria o papel de não deixar dúvidas: Aíla é a prova cabal de que o som tem cor. No início da sua carreira, você se assemelhava às cantoras tradicionais de MPB. Já no seu disco

de estreia, o “Trelelê”, você rompe com esse estereótipo. Como foi esse processo de modificação? Eu comecei a cantar profissionalmente em 2008. Montei um repertório variado para tocar na noite, que era o único meio disposto a receber novos artistas. Já comecei cantando com amigos respeitados nesse meio, e escolhia as músicas de um jeito que combinasse o meu gosto com o de quem estivesse me acompanhando. Por isso, cantava Geraldo Pereira, Cartola, Dorival Caymmi; mas também cantava Marisa Monte, Cazuza, gente da música pop – que era com o que eu mais me identificava. No meio do caminho, fui conhecendo vários compositores daqui; e eles foram me convidando para defender suas músicas nos festivais. Foi quando eu comecei a escolher o rumo desse trabalho: quando eu passei a decidir que compositores eu queria cantar. Algumas pessoas me mostravam músicas e eu dizia “mas isso não tem a ver comigo”. Em com-

pensação, me identifiquei de cara com alguns nomes antigos que eu queria gravar, como Alípio Martins, ou mesmo o Pinduca. Nessa época, também conheci Dona Onete, Mestre Laurentino... Tudo isso influenciou na estética que eu escolhi – junto com o Felipe [Cordeiro], que produziu o disco – para esse primeiro trabalho. Você foi muito bem acolhida por todo mundo de cara... Sim, acho que tive um pouco de sorte também. Digo isso porque fui conhecendo pessoas fundamentais para esse processo de intérprete, de gravação de disco. Tive figuras muito importantes que me deram todo o apoio, como o Manoel Cordeiro, a Dona Onete... Mas eu nunca fui, sei lá, uma cantora de samba. Eu adoro o estilo, mas não queria pra mim essa estética. Minha linguagem é mais pop, algo mais dos anos 90 pra »»» cá... Tenho entre minhas referências gente como

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a Marina Lima – uma cantora não tão técnica, mas de muita personalidade. Hoje eu estou em um momento de me dedicar mais ao estudo da música, coisa que eu nunca fiz de um jeito aprofundado. Eu comecei a me aproximar mais do violão, a escrever algumas coisas e querer musicá-las... Eu tenho tanta coisa pra dizer, e às vezes não há um compositor pra dizer aquilo por mim, do jeito que eu gostaria. Às vezes eu quero mudar as letras das músicas que eu canto, mas sei que não posso (risos). Tenho esse costume de falar demais o que eu penso. Às vezes isso é bom, mas às vezes é muito ruim. Talvez a música seja uma porta legal pra falar justamente essas coisas. De onde veio sua relação com a música? Isso é meio clichê, mas minha família tem muitos músicos. Isso me rendeu referências positivas e negativas. Eu tenho um primo que era cantor lírico. Cantava no Theatro da Paz, dava aula no [conservatório] Carlos Gomes... E desde três anos de idade eu ia ao teatro vê-lo. Mas aqui pra mim era um tédio, eu ia de má vontade (risos). Tinha meu avô, um exímio instrumentista. Eu já o conheci na adolescência, em Conceição do Araguaia, onde ele morava. Ele era radioamador, era cheio de LPs, de material. Ele me encheu de referências. Também tinha outros primos que tocavam violão, eu cantava de brincadeira com eles, essas coisas. A relação se estreitou mesmo quando eu estava na universidade. Eu fazia secretariado trilíngue, e tinha a intenção de ser diplomata (risos). No bloco que ficava ao lado do meu curso, estava o curso de música. Quando acabava minha aula, eu ia pra lá. Eu já era mais amiga das pessoas do curso de música que daquelas do meu próprio curso. A música sempre esteve muito presente, mas foi no meio da faculdade que eu assumi isso. Eu venho de uma família pobre, e moramos só eu e minha mãe desde sempre. Então eu tinha que fazer faculdade de tarde, cantar à noite, estagiar de manhã e ainda tinha um emprego de recepcionista – tudo pra ajudar a sustentar minha casa. Acabou que eu vivi várias experiências juntas, e todas elas me ajudaram muito. Acabou que tudo aconteceu meio rápido na sua carreira. Isso em algum momento assustou?

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Veja mais: Preparamos um vídeo especial para você

Foi rápido mesmo. Não assustou, mas em vários momentos eu me vi meio perdida, despreparada. Fui aprendendo as coisas pela necessidade. O artista independente aqui em Belém tem que ser meio assim, saber um pouco de tudo. Não temos empresários que tomem conta de toda a parte burocrática. Depois que terminei o primeiro CD é que respirei e vi que já sei como é que se faz. Agora vou poder fazer o segundo trabalho com mais tranquilidade. Mas sou muito feliz por ter acontecido dessa forma, porque foi positivo. A identidade visual é parte forte do seu trabalho, desde a intensidade das cores até as projeções visuais. Como você chegou a esse conceito? Veio muito de mim, dessa coisa de eu usar muitas cores no figurino. Eu achava que o visual deveria refletir a alegria que a música já refletia. Por isso me preocupei em fazer uma coisa diferente, e a Roberta [Carvalho, artista visual que coordenou o projeto gráfico do “Trelelê”] se voltou para uma pesquisa nesse sentido. Ela pode explicar melhor esse processo. [Nesse momento, Roberta se junta a nós. É ela quem fala a seguir] Meu primeiro pensamento foi perceber que a estética dela era multifacetada. Traduzida numa linguagem visual, eram cores – já que a Aíla sugeria uma mistura de ritmos, sonoridades, propostas, pessoas... Resolvi inserir isso junto de algo que ela já vinha trazendo no vestuário, na maneira como a gente pensava o design do material impresso do trabalho. Tendo isso em mente, utilizamos como referência para o disco um festival indiano chamado Holi, que comemora a chegada da primavera. Nele, as pessoas fazem uma espécie de guerra de cores, utilizando uma tinta natural em pó. A capa do disco mimetiza isso. [Aíla retoma] E eu não queria uma capa posada. Não tinha nenhuma intenção de ser sexy, por exemplo. Queria algo com movimento, que fosse diferente, que tivesse algo de maluco, de desajeitado (risos). Você é muito centralizadora nos processos que envolvem a sua carreira? Eu gosto de fazer parte de todos os processos, principalmente porque não gosto de ser surpreendida. Não gosto da possibilidade de chegar a uma determinada situação e encontrar algo que »»»

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não tenha nada a ver comigo. Não consigo trabalhar sem parcerias, não sou individualista. Mas sou uma pessoa preocupada. Gosto de ouvir as pessoas, de participar, mesmo em coisas que eu não entenda totalmente. Já vi vários cantores chegarem ao estúdio só para gravar a voz do seu próprio CD. Aí não fica a cara dele, e sim a cara de todo mundo. Eu queria que tivesse a minha cara, que fosse sincero. O público sente quando a coisa não é de verdade. Costumam dizer que o segundo disco é o que determina os rumos de uma carreira musical. O que você espera da estética desse segundo disco, que já começa a ser produzido? Ainda não penso muito sobre a estética sonora que ele deve trazer. O primeiro disco era um trabalho pop com sotaque regional. Pode ser que o segundo venha um pouco mais rock. Digo isso porque eu venho me libertando para escrever o que eu penso, e porque gosto da atitude do rock no palco. O rock, pra mim, é mais no sentido da atitude que do estilo musical. As referências também devem ser mais globais que nortistas. Em janeiro, me mudo para São Paulo. Preciso ter uma base lá pra difundir melhor o trabalho, ter uma banda lá pra facilitar esse processo. Vou pra lá testar algumas coisas, circular mesmo. Então não sei ainda onde vou gravar, mas gostaria muito que os músicos daqui fizessem parte disso. O que dá pra tirar desses cinco anos de carreira? Acho que eu tive a sorte de estar no lugar certo, na hora certa. Fui bastante dedicada, abracei o projeto... Isso fez com que eu amadurecesse vinte anos em cinco. Aprendi muita coisa que eu nem queria aprender, mas precisei aprender. E fico muito feliz, porque o CD, registro máximo do meu trabalho, foi feito com amor. Não foi um disco encomendado. Hoje eu me sinto mais preparada pra tudo: pro palco, pra gravar um segundo trabalho... E é pouco perto do que ainda pode ser. É só o começo. Eu preciso aprender muito e me dedicar muito mais. Acho que é um processo. Minha intenção é estar sempre em Belém. Quero ir pra São Paulo e trazer outras coisas pra cá. Não quero guardar nada pra mim. Quero poder ajudar, viabilizar contatos para outros artistas. Enfim, quero colher os frutos desse amadurecimento, já que você cresce muito quando faz parte de verdade de todo esse processo.

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Anderson Araújo, jornalista

À risca

Beba dois litros d’água por dia. Ande de bicicleta.

Chute uma pedra por aí e debaixo encontre, pelo

sa, uma nova sacada gourmet para jantar a receita

Tome banho por apenas três minutos. Não saia de

menos, três conselhos e sete soluções para proble-

de antes de anteontem. Está tudo dentro do orça-

casa sem o guarda-chuva. Faça exercícios físicos.

mas diversos. Balance uma mangueira e de lá deve

mento, na planilha do Excel. Seguimos à risca.

Coma o brócolis do prato. Não fale alto. Não diga

despencar o pacote perfeito em embalagem perfu-

O script é o de sempre, ninguém quebra o proto-

o Santo Nome em vão. Dobre à esquerda. Não es-

mada aos anseios mais íntimos; a correção do erro

colo. Crescei, multiplicai e aposentai. Acorde cedo,

tacione em lugar impróprio. Maneire o palavreado.

crasso, uma vida inteiramente nova. Se bobear, a

escove os dentes, vá à escola, frequente uma fa-

Siga a seta. Cumprimente os vizinhos. Arrume a

última atualização do Whatsapp, o anúncio do novo

culdade, arrume um bom emprego, compre um

cama depois de levantar. Tenha calma no trânsito.

console da Sony, o último modelo da Apple.

carro veloz, adquira uma casa em suaves presta-

Seja razoável com o próximo. Mostre que venceu.

Os oráculos se multiplicaram e as decisões mais

ções, case-se, crie os filhos, trinque os dentes de

Anuncie a felicidade aos quatro cantos. Ponha o

importantes estão nas gôndolas do supermerca-

raiva, embranqueça os cabelos, peça o divórcio.

amor no outdoor. Crie uma página no Facebook.

do, nos sites de compras coletivas, nos pop-ups

Surja com uma namorada 30 anos mais nova, re-

Tenha uma árvore, plante um livro, escreva um fi-

da publicidade do site de notícia. Em pequenas

faça o guarda-roupas, volte para academia. Faça

lho. Beba Coca-cola, viva e deixe viver. Corra, não

doses diárias de sabedoria instantânea despejada

um cruzeiro. Tenha um vício secreto, pague o plano

pare, não pense demais. Leia a bula, vide o verso.

em banda larga. Você aflita e alguém a sussurra

funerário, faça o bem sem olhar a quem. Tome as

Vire o disco.

no ouvido esquerdo. Você desespera e outro berra

pílulas, durma cedo, acorde com as galinhas.

O ser humano perdido no próprio pensamento

na orelha direita. Caem as máscaras de oxigênio

E depois de tanto obedecer a placas, receitas,

perguntou a si mesmo as respostas que tanto pro-

na menor turbulência... assim só para prevenir. O

leis, avisos, semáforos, ordens, alertas, sintomas,

curava e, dentro do quarto mais escuro da própria

manual prático se abre na página certa antes do

etiquetas, sistemas, alarmes, gurus, dietas, quem

alma, encontrou um velhote metido a sabichão.

peito se apertar.

sabe o tempo o mostrará quem manda de verdade

Não de túnica e barbas longas. Estava em mangas

Não há enigma ou mistério a ser resolvido. O riso

e o quebra-cabeça se complete para revelar o irre-

de camisa e a cara lisa por causa do calor. Careca

é frouxo e o choro, apesar de livre, é o penetra da

velável antes de qualquer fim possível. Aí, será tar-

reluzente, chinelo de dedo. Preenchia a palavra-

festa. Tudo é café pequeno, tudo já foi dito e redito,

de e o resumo derradeiro da existência virá perme-

-cruzada com cara de poucos amigos. Ouviu o

repisado. Sabe-se de cor e salteado e a prova é de

ado de marcas famosas e a sagrada propaganda

questionamento, olhou por cima dos óculos. Calou-

consulta. Não nos livros, mas no Google. No lugar

de 40 segundos com aquele galã superengraçado

-se por calar. A certeza é que a resposta estava lá

do susto, um home office já que ali só acumulava

que você adora.

fora.

poeira, ninguém usava mesmo. Em vez da surpre-

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entrevista

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João Neves Leivas

Daryan Dornelles

Eterna

inquietação Ney Matogrosso lança disco de inéditas, apresenta novos compositores e (se) encanta com a tecnologia para apresentar sua maneira de ver o mundo

J

á se vão trinta discos e 40 anos desde que Ney Matogrosso atingia o posto de lenda viva do rock brasileiro em sua época mais frutífera. De voz marcante e atitude inconfundível, o intérprete fez história e despertou todo tipo de comoção logo de cara – afinal, quantos homens poderiam se entregar com tal intensidade e desprendimento ao palco? Pois bem. Tivesse parado ali, sua vaga da memória da contracultura nacional ainda seria legítima e intocável. Mas Ney nunca parou. Hoje, ele persiste inquieto, inovador e vigilante às tendências que surgem cotidianamente. “Atento aos Sinais”, seu mais recente lançamento, é prova testemunhal disso. Quente e vivo como sempre, o artista aposta em novos compositores: no som e na poesia de Dani Black, no rapper alagoano Vitor Pirralho, na banda paulista Zabomba, no grupo carioca Tono, em Criolo, em Alzira Espíndola, em Dan Akagawa. E se Ney diz que é bom, o público acredita – sobretudo porque aprendeu a confiar no artista que, há quatro décadas, se doou por inteiro como frente do “Secos e Molhados”, lá nos lúdicos anos 70. À época, ele ofereceu sua cabeça numa bandeja – além de sua alma de artista, seu olhar forte, seu corpo e sua voz. O público prontamente aceitou e o consagrou como ícone. Ninguém se

arrependeu. Ao contrário: cultiva seu ídolo como um ator ousado, com um trabalho cênico impecável, além de um cantor muito sedutor. No CD que chega à cena agora, Ney mistura os novos valores (e aqueles outros que nunca envelhecem) com artistas conhecidos como Paulinho da Viola, Arnaldo Antunes, Vítor Ramil, Pedro Luís, Lenine, Itamar Assunção. Das 19 canções do show, 14 foram selecionadas para o disco. Mas o registro também ofereceu novidades ao palco: arranjos eletrônicos feitos durante as gravações foram incorporados às apresentações. Mas Ney não se dá por satisfeito; não gosta de fazer o que todo mundo faz, não gosta de moda. Se ele decide usar recursos eletrônicos, como um telão gigante, tem que ser de um jeito muito pessoal – bem longe do que propõe o corriqueiro, o que se vê por aí. Diferente? Não. Apenas ele mesmo. O nome do álbum vem de uma composição de Dani Black, “Oração” – uma melodia bonita, que conduz belíssima poesia. Perfeita para o intérprete, que também não aceita o vazio de dias iguais. Matogrosso conta que, no começo, muita gente achou que o título do trabalho era uma espécie de alerta para o fim do mundo. Não é – trata-se de um alerta e um chamamento a sempre obser- »»»

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70 & 80

1975 - Água do Céu - Pássaro 1976 - Bandido 1977 - Pecado 1978 - Feitiço 1979 - Seu Tipo 1980 - Sujeito Estranho 1981 - Ney Matogrosso 1982 - Matogrosso 1983 -… Pois é 1984 - Destino de Aventureiro 1986 - Bugre

1988 - Quem Não Vive Tem Medo da Morte

var os sinais do planeta: passeatas, abusos, intolerâncias, movimentos de mudança. “Achei que era muito conveniente nesse momento em que nós vivemos. Eu sou atento aos sinais, à vida, às pessoas. Presto atenção”, avisa. Neste momento, Ney está em sua fase extrovertida. O show atual – exuberante e pop, com figurinos caprichados, muito volume de som e de luz – é exatamente o oposto de “Beijo Bandido”, de 2009, representativo de sua fase introspectiva. Ele é assim: plural, dual, uma alternância de projetos, para dentro e para fora. “Todas as coisas que eu fiz deram certo, mas eu não acho que eu tenho que fazer igual”, afirma mais um Ney diferente – mas sempre excelente. Este novo DVD tem como base o show “Atento aos sinais”, não é? É. Tirei 14 músicas do show e gravei o disco. Procurei privilegiar os compositores novos. O que o seu público pode encontrar no novo disco que não viu no show? Um tempo maior para aprimorar as músicas e isso faz diferença no som, sem dúvida. Agora ouvindo o disco, o público vai perceber uma mudança. Porque eu continuei fazendo o show,

sem parar. Entendo que o disco é o retrato daquele momento, mas o show não é mais aquilo – é algo que vai se transformando. Os arranjos foram mantidos, mas fomos para o estúdio, já que não foi gravado ao vivo. Começamos as sessões e quando o técnico, que faz as mixagens, começou a colocar uns efeitos eletrônicos, eles me agradaram muito. Então, eu mantive essa sonoridade eletrônica no show, que em princípio ficaria apenas no CD. Então, os dois se complementam. Ocorreu uma continuação, um desenvolvimento do que eu apresentei e, quando eu voltei para o palco, já fui com essa sonoridade acrescentada. Neste último espetáculo você diz ter tido experiências marcantes com tecnologia: como o grande telão de LED, que pela primeira vez você experimentou no cenário e foi muito elogiado pelo público. Como foi isso? O telão eu sempre tive muito receio em usar, porque é uma coisa que todo mundo usa. Essa coisa que fica atrás do show, projetando imagens, eu não queria; isso não me interessa. Desejei fazer alguma coisa que fosse especial. Então me apresentaram um projeto em que aquela parede do fundo, que seria toda de LED, seria dividida em quatro faixas de 1x4metros. Então eu disse “va- »»»

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90 & 00 1993 - As Aparências Enganam - com Aquarela Carioca 1994 - Estava Escrito 1996 - Um Brasileiro 1997 - O Cair da Tarde 1999 - Olhos de Farol 2001 - Batuque 2002 - Ney Matogrosso Interpreta Cartola 2004 - Vagabundo - com Pedro Luís e a Parede 2009 - Beijo Bandido 2013 - Atento aos Sinais

mos experimentar”. Quando eu vi as coisas projetadas... porque ali você projeta uma imagem só dividida em quatro, vi que dava “leitura”. Estando de fora do palco, você percebe claramente tudo que a gente mostra ali, mesmo dividido em quatro. Então eu achei interessante. E entre cada tela dessas, foi colocada uma torre de luz, o que deixou o espetáculo muito rico nesse aspecto visual. Usei um pouco mais os recursos tecnológicos dessa vez, coisa que normalmente não faço. Por quê? Não sei... eu não sou muito de coisas que estão na moda. Mas eu acho o seguinte: que mesmo que esteja na moda, se você usar de uma maneira original, dá certo. Da maneira como eu estou usando, eu nunca vi ninguém usar. Você chegou a citar também que talvez a internet, principalmente o youtube, tenham ajudado no show. Qual sua relação e a relação da sua música com essas novas tecnologias? Acho que não tem mais como fugir disso, não se tem mais controle. Agora, desde que eu fiz o “Inclassificáveis”, que eu estreei, porque eu tenho estreado todos os meus shows em Juiz de Fora – só lá eles me dão uma semana de antecedência em um teatro muito bom, para eu criar a luz,

para eu fazer os ajustes finais, montar tudo. Eu já saio de lá com tudo pronto. Se eu fosse estrear, por exemplo, no Canecão, eu teria somente a véspera da estreia pra montar tudo, sem nunca ter experimentado. E assim é em qualquer teatro. Mas lá [Juiz de Fora] eles me dão essa semana em que eu posso experimentar. O “Inclassificáveis” foi a minha volta ao pop, com figurinos extravagantes e tudo mais... no dia seguinte, muitos trechos e imagens já estavam no youtube... aí eu fui ver as imagens e percebi o seguinte: claro, não eram imagens perfeitas, não era um som perfeito, mas era muito atraente. Resultado: três semanas depois daquela data, estreei em São Paulo com os três dias lotados. E só pode ter sido o youtube que fez isso. Você acha que isso é mais positivo do que negativo para o artista? No meu caso sim. Sou uma pessoa que vive de shows e não da venda de discos. Há uma mudança enorme do “Beijo Bandido” para o “Atento aos sinais”.... O “Beijo Bandido” era um show mais intimista e este é um show mais pop, com músicas mais animadas.

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Ao Vivo 1986 - Pescador de Pérolas 1989 - Ney Matogrosso Ao Vivo 1990 - À Flor da Pele 2000 - Vivo 2003 - Ney Matogrosso Interpreta Cartola: Ao Vivo 2005 - Canto em Qualquer Canto 2006 - Vagabundo ao Vivo - com Pedro Luís e a Parede 2008 - Inclassificáveis 2011 - Beijo Bandido Ao Vivo

Esse movimento da sobriedade e da exuberância, do intimista e do artista mais liberto, do aberto e do fechado, é uma constante na sua carreira? Esse movimento é uma constante na minha carreira, porque eu não gosto de ficar repetindo as coisas. Tudo o que fiz deu certo, mas não acho que eu tenho que fazer igual. Mantenho a sobriedade se o repertório me pede sobriedade. Do contrário, eu me largo: é figurino extravagante, muito som, muita luz. Funciono de acordo com o repertório que eu tenha na minha mão. Você chamou muitos compositores novos para formar o show e preciso te perguntar se essa colaboração ajuda a divulgá-los... Minha intenção não é fazer favor pra ninguém. Eu acho que uma das funções de um intérprete também é o de descobrir gente nova e “botar na roda”. Agora, eu canto essas pessoas porque gosto do que ouço; gosto do repertório feito por eles. Prossigo na mesma linha valorizando a qualidade e buscando, em nomes novos, a qualidade também. Não tenho nenhum pudor em misturar Paulinho da Viola, Caetano Veloso com Tono, Vítor Pirralho... Desde que as palavras e os assuntos sejam compatíveis. O nome do espetáculo e do CD é “Atento aos sinais”. Que sinais são esses? É muito engraçado, porque quando eu falei que

o show se chamava “Atento aos sinais” começaram a falar tanta coisa sobre quais sinais eram, apocalipse, fim de mundo. E não é isso! Não tem absolutamente uma conotação religiosa. Eu não tenho essa coisa messiânica, isso não me interessa. Pode até ter, vagamente, a ver com os acontecimentos no nosso planeta, todos eles né, tanto humanos quanto da natureza. Isso pode até estar embutido aí, mas eu sou atento a todas as coisas, eu sou atento aos movimentos. E a que sinais você acha que as pessoas devem estar atentas? Deixa eu te dar um exemplo interessante. Eu estou cantando esse repertório desde fevereiro, abro com “Rua da Passagem” (Lenine e Arnaldo Antunes), que é muito coerente com esse momento todo que estamos vivendo, inclusive a cura gay, e tem “Incêndio”, do Pedro Luís, que foi feita na década de 80 e que eu estou cantando desde março e, em junho, aconteceu tudo aquilo no Brasil. Então, eu sou mais atento aos sinais do que eu próprio podia imaginar. Na verdade eu tenho umas anteninhas que vão me conduzindo e eu acredito nessas antenas. Refiro-me aos movimentos sociais – e não só no Brasil – mas no mundo. Mas eu não estava, quando fiz iniciei, me referindo a esses sinais. Refiro-me agora, que tudo se deu, mas antes não existiam, não tinham os acontecimentos. »»»

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Minha intenção não é fazer favor pra ninguém. Eu acho que uma das funções de um intérprete também é o de descobrir gente nova e “botar na roda”.

Você sempre foi muito preocupado com um caráter visual, cênico, teatral como artista. E chegou até a fazer isso para outros artistas. Você continua se preocupando com isso? Claro, sim, mas não é uma preocupação. É um prazer. E eu continuo fazendo esse trabalho para outros artistas. A última para quem eu fiz foi para a Ana Cañas. Para alguns eu faço uma coisa, para outros, faço outras, completamente diferentes. Para uns eu faço apenas a iluminação e para a Ana, por exemplo, eu fiz a direção e a iluminação. Para o Cazuza eu fazia a direção e a iluminação. RPM eu fiz a direção e a iluminação. Para o Chico Buarque eu fiz apenas a iluminação. Para a Simone eu fiz a direção e a iluminação. Nelson Gonçalves eu fiz apenas a iluminação. Nana Caymmi eu fiz apenas a iluminação. Então depende do que querem de mim. Por que você é tão atraído por essa coisa do teatral? Porque minha meta na vida era o teatro. Eu queria, eu achava que eu seria ator. Por isso essa expressão corporal, essa busca de uma expressividade no palco, não só com a voz. Você uma vez já defendeu a liberação da maco-

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nha, já assumiu ter usado, qual a relação das drogas com a criação artística? Eu sou pelas liberdades totais. Todas. Mas olha... eu não sei agora, porque tudo está diferente, mas antigamente... Cocaína sempre odiei e do álcool eu não gosto. Álcool me derruba. Cocaína é uma coisa mentirosa. Sob o efeito da cocaína, você é o máximo, você pensa que é o maior e na verdade, quando passa o efeito, as coisas que você escreveu, que você desenhou... parecem bobagens. Então nunca me interessou, eu nunca gostei. Nunca abri o pensamento como o LSD abria, porque hoje em dia não existe mais o LSD. Não existe mesmo. Há pouco tempo, amigos me convidaram a provar e eu disse “vou experimentar para ver se abre as portas da percepção como abria”. Não abre, não é nada. É anfetamina, é uma bobagem. Só serve para tomar e ir dançar. Eu nunca tomei ácido para ir dançar. Eu tomava banho, vestia uma roupa branca e tomava um ácido. Era místico, não religioso. E isso já tinha relação com a sua atividade artística? Não. Isso foi antes, muito antes. Quando eu comecei a ensaiar com o “Secos e Molhados”, parei de tomar qualquer coisa. Porque eu achava que »»»

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Ouça mais: seleção de músicas

Sou pelas liberdades totais. Todas. (...) eu não sei agora, porque está tudo diferente.

não deveria ter nenhuma interferência. Eu já tinha tido toda a visão da possibilidade, mas eu não queria entrar doidão. Eu não sou assim. E o que você acha da discussão em torno da liberação da maconha? Eu acho que tem que liberar. Dizem que não pode liberar porque é porta de entrada. Não, não: a porta de entrada é o álcool. As pessoas têm que ser informadas sobre a maconha. A maconha te deixa marcha a ré, te deixa esquecido, te deixa vagando, você não sabe nem para onde você está indo. Então, pra mim, o uso da maconha sempre foi assim, para se divertir, para ficar sem preocupação nenhuma. Imagina. Eu jamais fui capaz de fumar e dirigir um automóvel ou resolver um problema ou ir ao banco. Não é isso. Maconha era assim, porque hoje eu não tenho nem mais tempo para fumar, porque tenho que estar sozinho num lugar, na natureza e eu não tenho esse tempo.

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Arthur Nogueira

Bruno Senna

Ela é um

doce

Mulherzinha, uma dona de casa que canta. Atrás do rosto delicado, há uma artista igualmente delicada. Fernanda Takai é exatamente o que você vê.

E

la é uma só. Basta uma palavra para você saber quem está cantando. Mas também é muitas. Cantora, compositora, instrumentista, escritora, relações públicas formada pela Universidade de Minas Gerais, dubladora, colunista de jornal. Nasceu em Serra do Navio, no Amapá, mas poderia ter sido em Belo Horizonte, onde vive há muitos anos. Ou, quem sabe, no Japão, como os seus avós. Começou com os cabelos curtos e vestida de “rapazinho” no Pato Fu. Hoje, tem os cabelos mais compridos (só um pouco), usa Ronaldo Fraga, é a mãe da Nina. Deu voz aos onze CDs e aos cinco DVDs gravados com a banda do coração, que permanece na ativa. Quando decidiu, a convite de Nelson Motta, produzir um álbum em carreira solo para homenagear Nara Leão, Onde Brilhem Os Olhos Seus (2007), ganhou prêmios e quiseram mais. Ela deu. Luz Negra (2009) trouxe em CD e DVD o show que percorreu várias cidades do Brasil. E aí, Andy Summers também quis. Com o ex-guitarrista do The Police, ela lançou Fundamental (2012). Fora as letras de música, é também

autora dos livros Nunca Subestime Uma Mulherzinha (2007) e A Mulher Que Não Queria Acreditar (2011). “Uma dama requintada e esquisita”, como diria Adélia Prado, mas que ainda está “apreciando o caminho”. Assim, de pés no chão, Fernanda Takai é mesmo um doce. Real ou imaginário. Um barato total. Enquanto pensava nessa entrevista, muitas mulheres vieram à cabeça. Logo de cara, por exemplo, pela relação que você tem com Minas Gerais, Adélia Prado. Em um dos poemas de Bagagem (1976), ela se diz “requintada e esquisita como uma dama”. Você é uma dama como Adélia? Acho que tinha um blog de nome ótimo chamado “Uma Dama Não Comenta”. Engraçado é que às vezes sei que as pessoas me acham um tanto esquisitinha. Se soubessem que sou apenas uma dona de casa que canta... Adélia tem uma aura de simplicidade, sabedoria e dignidade muito grande. Ainda não subi essa montanha. Estou apreciando o caminho. »»»

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Com Pato Fu 1993 - Rotomusic de Liquidificapum 1994 - Gol de Quem? 1996 - Tem Mas Acabou 1998 - Televisão de Cachorro 1999 - Isopor 2001 - Ruído Rosa 2002 - MTV ao Vivo Pato Fu: no Museu de Arte da Pampulha 2005 - Toda Cura Para Todo Mal 2007 - Daqui Pro Futuro 2010 - Música de Brinquedo 2011 - Música de Brinquedo Ao Vivo

Uma imagem emblemática do Pato Fu é do clipe de “Qualquer bobagem”, em que você, John e Ricardo Koctus estão no banco de trás de um carro, fazendo caretas. Li que, naquela época, você não queria ser apontada como a “mulherzinha” do grupo e por isso se vestia com as roupas dos rapazes. Conta mais sobre essa resistência. Aos vinte anos eu pensava que a imagem de mulheres no palco era explorada de uma forma clichê e na maior parte das vezes é. Fui aprendendo que tudo depende do seu conceito e de todas as linguagens que se somam à sua música: roupa, luz, atitude, amizades, profissionais que estão à sua volta, equipe, músicos. Então eu diria que hoje estou mais atenta ao mundo. Não resisto mais. Demoro um pouco a dar a resposta. Depois, você começou a vestir Ronaldo Fraga. Acho uma combinação muito boa, porque traduz no visual a força de sua personalidade enquanto cantora, mulher. É quase uma simbiose: uma mulher vestida de Ronaldo Fraga é um pouco Fernanda Takai! Como começou e a que você atribui o sucesso dessa parceria? Ronaldo voltou da Inglaterra no mesmo período em que o Pato Fu começou a aparecer no cenário musical com mais força. Éramos da mesma cidade, mas nunca tínhamos trabalhado juntos. Precisou o Hugo Prata (diretor amigo, querido e muito competente) chamar o Ronaldo pra fazer o figurino de um videoclipe nosso. Depois do primeiro encontro, soubemos que havia muita coisa

em comum entre nós. Ficamos amigos e repetimos várias vezes os encontros de moda, música, histórias, comida e bebida. Por causa da suavidade de sua voz, muita gente pode imaginá-la como uma mulher frágil, delicada. Por isso, acho muito bom o título do primeiro livro, Nunca Subestime Uma Mulherzinha. Quais as situações recorrentes em que você se sente subestimada? Na maior parte das vezes por mim mesma! Tem dia que a gente acha que não vai dar conta de determinada tarefa ou que não devia ter aceitado fazer um trabalho, uma participação... Mas acho também que a gente subestima as mulheres que estão perto demais de nós: nossas mães, tias, colegas de classe ou serviço. Pensamos que sabemos tudo sobre todos e nos surpreendemos com mudanças de atitude para o bem – para o mal, nem preciso dizer. Esse título vale pra homenzinhos também. Todo mundo tem dia de ser grande e de ser miúdo. Qual a sua maior influência vocal, e por quê? Gosto demais da Suzanne Vega. Ela é uma artista que canta de um jeito único, compõe maravilhosamente bem e toca um violão muito gostoso. Ouvi vozes diferentes ao longo desses meus 42 anos. A maioria absoluta de meus discos tem mulheres no vocal: Clara, Nara, Rita, k.d. Lang, EBTG, Goldfrapp, Rosa Passos, Dusty Springfield...»»»

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O seu perfil no instagram (@fernandatakai) revela uma forma particular de enxergar o mundo: frutas também podem sorrir, o contorno de uma torre também pode ser uma foca equilibrando uma bola, etc. Manoel de Barros que diz que “o olhar do voyeur tem condições de phalo (possui o que vê)”. É também subestimar uma mulherzinha pensar a visão sob essa abordagem masculina? Mas Manoel de Barros é masculino, feminino... Vixe, ficou parecendo uma canção do Pepeu, né? Eu também não gosto muito dessa condição de gêneros muito separados em conceito e atitude. Acho que a gente pode ser quem quiser e ver o mundo com o desejo de possuir ou de libertar. Talvez eu pense um tiquim mais na libertação. Sempre fui uma pessoa certinha, com metas estabelecidas, boas notas e hoje eu tento não prender minha filha no meu esquadro. Isso me tem feito ser alguém melhor. De alguma forma, tudo que fica por aí em meu nome nos dias atuais, é um grande livro de memórias para as pessoas que me querem bem. E os inimigos poder dar uma olhadinha...

Solo 2007 - Onde Brilhem os Olhos Seus 2009 - Luz Negra 2012 – Fundamental

Você é um ícone do pop brasileiro. Citou a Rita, mas não posso deixar de pensar em Marina Lima. Ela sempre foi, igual a você e a Rita, uma pessoa singular, referência para essa nova turma de mulheres que tocam guitarra. Há influência dela na sua carreira? Marina e eu sempre nos encontramos por aí, em desfiles, shows, aeroporto e há uma empatia enorme entre nós. Ouvi muito suas músicas. Sei que ela tem um cuidado grande com a vida, com a música e com as palavras. Então, finalmente a gente se encontrou pra compor. Aguardem! A respeito dessas trocas e da carreira solo, quando você achou que seria necessário construir uma obra independente do Pato Fu? Eu tinha colocado alguns limites pra minha carreira solo e percebi que estou quebrando todos. Questões de agenda, de conteúdo... Queria dar prioridade à banda, mas não é assim que a vida funciona. Não posso exigir fazer mais ou menos shows solo. Às vezes acontece eu estar muito ocupada com minhas coisas, assim como os outros integrantes. Estamos na estrada há 21 anos. Acho que há respeito e discernimento suficiente pra fazer tudo acontecer. E para fechar com Alice Ruiz: “O tempo leva / o poema / que o vento trouxe / Por um momento / viver foi doce”. Viver é doce como a sua voz? Viver é doce mas tem dia que dói. Muito.

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Leila Loureiro

Diego Ventura

O Menino do Rio

São Francisco Xico Sá é uma figura, um boêmio à moda antiga, um cronista da vida real, de seus encontros e desencontros. Um apaixonado pelas mulheres, boas ideias e pela escrita.

“A

mor, tô no Recife e só volto no sábado”, “Eita, amor, tava em São Paulo”, “Leila, querida, essas minhas viagens malucas me tiram do sério, mas agora ficarei mais pelo Rio. Vamos nos encontrar na quinta em algum botequim da sua preferência?”. E assim foi feito. Em uma tarde de primavera carioca, o escritor e jornalista Xico Sá já estava à minha espera para realizarmos esta entrevista. Tranquilo e muito à vontade em um bar da Avenida Atlântica. Tão afetuoso quanto demonstra em suas mensagens digitais, o cearense nascido no Crato distribui gentileza entre os garçons e frequentadores do tradicional bar de Copacabana, bairro que escolheu para viver por tempo indeterminado. Conheci Xico na pré-estreia da peça “Big Jato”, baseada em seu mais recente romance, já cotado para virar filme sob a direção do pernambucano Claudio Assis, com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2014. O romance “Big Jato”, que concorre ao prêmio “São Paulo de Literatura”, como melhor livro do ano, narra a saga de um personagem sem nome, que habita o Vale do Cariri e a partir dali, constrói sua trajetória brejeira e dramática pelo sertão brasileiro, baseado na rica memória afetiva do autor, famoso por sua escrita passional. Para quem não conhece o Xico Sá, escritor de “Chabadabadá – Aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha”, “Modos de macho & modinhas de fêmea” entre tantos outros livros, talvez o identifique da bancada de jurados do programa de televisão “Amor & Sexo”, onde encanta com suas tiradas inteligentes, bem humo-

radas e galanteadoras. Um “Bukowski do Agreste”, que também se desdobra entre as versões de colunista da Folha de São Paulo e de comentarista esportivo de programas televisivos. Se ainda assim não for possível ligar o nome à pessoa, Xico Sá ganhou o prêmio Esso de jornalismo pela reportagem que fez ao descobrir o paradeiro do então foragido PC Farias, na década de noventa. E haja destino para tanta estrada! Atualmente, o menino cearense Xico decidiu passar uma temporada no Rio de Janeiro depois de muitos anos entre São Paulo e Recife, e assim como o rio São Francisco, vulgo “Velho Chico”, o jovem Xico desaguou no Atlântico e veio bater no ‘mei’ do mar. Xico, depois de 20 anos em São Paulo, por que essa mudança para o Rio de Janeiro? Eu tenho essa coisa cigana, de rodar pelo mundo. Até pra nascer foi numa viagem. Eu morava em Santana do Cariri, na roça, e minha mãe estava por acaso numa feira com as amigas no Crato (CE), onde eu nasci. Depois morei em Nova Olinda, Juazeiro, Serra Talhada, Salgueiro, Recife, Olinda, Brasília, São Paulo. Depois vivi no Rio. Quando fui casado, voltei pra São Paulo e agora decidi mudar pro Rio, mas me sinto muito à vontade em qualquer canto. E como você administra tantas funções, já que escreve para a Folha de São Paulo, além de trabalhar na divulgação dos seus livros e estar cada vez mais inserido na televisão? »»»

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Eu posso trabalhar em qualquer lugar, quando se trata de produção literária. Além de escrever, trabalho uma vez por semana na redação do Sport TV e no Amor & Sexo, na Globo. Na verdade a primeira mudança pro Rio foi por amor. Desta vez foi pra arejar a mente, caminhar na praia, adoro andar do Leme até o Forte de Copacabana. E você veio do jornalismo, certo? Sim, eu era um jornalista sério, de terno e gravata (risos). Desde adolescente eu tinha um sonho de ser escritor e não jornalista, mas quando cheguei no Recife, vi que a coisa era diferente: o único que vivia como escritor era Jorge Amado. Nem Veríssimo ou João Ubaldo sobreviviam da escrita na época. E como o jornalismo geralmente é o lugar onde os escritores vão buscar o seu sustento, eu acabei virando um jornalista muito sério. Formei-me em 1984, mas já trabalhava nos jornais locais, como o “Diário do Comércio”, entre outros. Inclusive você descobriu o paradeiro do PC Farias. Como foi isso? Eu trabalhava na Folha de São Paulo e tinha essa pegada investigativa. Então, enquanto eu atuava na cobertura do escândalo Collor, acabei dando uma sorte e consegui uma entrevista com ele, sozinho, exclusiva, e acabei ganhando a sua confiança, de modo que fiquei responsável por acompanhá-lo, ficar na sua cola. Até que chegou o tempo em que ele desaparece, quando a coisa começou a apertar, e após quatro meses descobri o seu paradeiro com fontes próximas, por conhecer todo o entorno dele. Descobri que ele www.revistalealmoreira.com.br

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estava em Londres, corri pra lá; ele então fugiu pra Tailândia, mas em Bangkok é que eu faço a matéria já com a prisão dele. Tudo isso como repórter da Folha de São Paulo? Sim, já estou na folha há 18 anos. Hoje como cronista e não mais repórter. Então, finalmente, pôde virar escritor? Isso. Hoje tenho 15 livros publicados, alguns de iniciativa minha ou a convite da editora, como o “Divina Comédia da Fama”, uma crônica jornalística sobre o universo das celebridades, numa época em que não tinha essa indústria azeitada de assessoria. Antes do universo da internet, o que hoje mais contribui para “celebrar” uma pessoa, tudo com uma visão bem humorada... Que é o seu estilo literário... o bom humor, mais ácido e ao mesmo tempo doce. Com pitadas de Luiz Gonzaga e Platão, numa combinação improvável, mas que funciona muito bem. No entanto, “Big Jato” vem numa nova pegada, mais dramática, com adaptação para o teatro (a peça estreou no Rio de Janeiro no último dia 15 de novembro). O que você achou de ver seu livro retratado nos palcos teatrais pela primeira vez? Achei estranho. Gostei muito, mas na pré-estreia fiquei espantado em ouvir minha frase num outro sentido. Já da segunda vez, absorvi melhor. Inclusive “Big Jato” vai virar filme, e dirigido pelo consagrado diretor pernambucano Claudio Assis, certo? Correto, já está em andamento e vai começar a ser filmado em março de 2014. »»»

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Mas no cinema você já tinha a experiência do filme “Febre do Rato”, vencedor na categoria de melhor roteiro, no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. É, “Febre do Rato” surgiu de um argumento meu, que foi trabalhado coletivamente por um grupo de poetas do qual eu fazia parte no Recife; um coletivo maluco e dali saiu o argumento do filme. Uma coisa meio maluca que já fiz em outros filmes também – coisa de amigo que acha que por conta da afinidade com o tema pode colaborar com algo, como foi o caso de “Deserto Feliz”, do Marcelo Gomes e Paulo Caldas, por conhecer muito a região do Rio São Francisco, entrei no projeto pra fazer diálogos, o domínio da prosódia da região. E no caso do “Big Jato” havia uma pretensão de levar seu romance ao cinema? O Cláudio [Assis, diretor] já tinha proposto, mas fui resistente, por um zelo maluco com o livro, mas ele sacou o livro e vai fazer o filme de forma mais parecida com o livro. Acho que está em boas mãos. Mas no cinema, tudo surgiu por circunstâncias de amizade, desde o roteiro, até participações, como a proposta numa mesa de bar pra que eu fizesse o papel de mim mesmo em “Cheiro do Ralo”, com o Selton Melo. Ali meio boêmio bebendo numa mesa de bar (risos). Nada é profissional.

Acabou que o escritor Xico Sá virou uma espécie de personagem. Eu mesma tinha esse desejo de sentar numa mesa de bar com você, após acompanhar teus livros e crônicas... Certamente (risos). A forma como eu me coloco nas crônicas, o poeta, o boêmio, apaixonado, tem sim um personagem que às vezes me irrita, mas que na maioria das vezes eu deixo solto e relaxo. Tem tom de Bukowski, quando escrevo algo mais erótico, ou Nelson Rodrigues quando escrevo as crônicas de futebol. Cada faceta minha é rotulada de uma forma. E como você define o seu trabalho? Eu sou um vagabundo. Um cronista mundano que normalmente não é tratado na literatura. Com uma temática mais rasteira, mais boêmia, mais vira-lata, com personagens do cotidiano. Não me preocupo em ser solene com a literatura... essa falta de solenidade – sem a aura da academia brasileira de letras – cativa, pois o que afasta muitos leitores, considerando a derrota do nosso sistema de educação, é a própria solenidade do escritor. E não tem como não cativar o leitor com trechos como “Ora, o máximo a que Dioclécio se permite, e olhe lá, é um leite de colônia – nem Minâncora passava nas espinhas, na juventude, com medo de comprometer a macheza toda. Tão

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macho, mas tão macho que usa dois sabonetes no banho: um para a parte da frente e outro para o latifúndio dorsal”. Como não simpatizar com o personagem Dioclécio (risos)? Sim, quem não conhece um Dioclécio na vida real? (risos). E no meio dessa simplicidade toda, você também costuma inserir citações importantes nas suas crônicas... Eu sempre jogo com isso. Antes temia soar arrogante, mas muita gente me escrevia agradecendo alguma citação que o levaria a descobrir outro grande autor, então cito de Waldick Soriano até John Fante, Shakespeare... se falam de amor, não vejo diferença entre eles, como não vejo diferença entre a bossa nova ou o brega. Em que fonte o Xico Sá bebeu? Inicialmente a música romântica, hoje chamada de brega, de Pinduca, Raimundo Salgado, Waldick Soriano, Eliane Pitman... os boleros cubanos, o próprio Roberto Carlos, Nelson Gonçalves. Depois veio a leitura de Paulo Mendes Campos, Antonio Maria, Otto Lara Resende, Nelson Rodrigues... E você também trabalhou com música? Sim, fiz algumas letras junto com os meninos

do Mangue Beat, Chico Science, Mundo Livre, Otto... fiz uma espécie de assessoria com eles, pois além deles ficarem “lá em casa” e me fazerem perder todas as namoradas com aqueles 20 homens dentro de casa (risos), eu fazia muito texto e release de discos, contato com a imprensa... eu era o embaixador do mangue. Atualmente faço todos os textos dos discos do Otto, por conhecer tudo o que compôs aquele disco, incluindo a convivência, noites chorando um no ombro do outro, vivendo o luto dos finais de amor. Uma espécie de Cooperativa Pernambucana. Uma parceria de quem vem de fora e se encontra na cidade grande. O que acontece também com os músicos do Pará, a exemplo do Felipe Cordeiro que é amado por essa rapaziada. E sobre os prêmios que você já ganhou? O “Big Jato” é finalista do Grande Prêmio São Paulo de Literatura, certo? Já ganhei alguns como o prêmio Esso, Folha... prêmios que vão abrindo as portas. E sua carreira na televisão? Tudo o que eu faço na TV, vem da minha escrita, por escrever sobre o comportamento homem e mulher, eu participei do “Saia Justa” (GNT), por escrever sobre futebol eu fiz o car- »»»

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tão verde (TV cultura), e hoje participo do Sport TV; por falar de amor, estou no programa “Amor & Sexo” (globo), enfim, é sempre o cronista indo pra televisão defender o que já escreve. E o que é o amor pra você nos dias de hoje? Eu me preocupo com esse medo exagerado do amor, do vínculo, o cara mal dorme na casa da menina e teme deixar uma camiseta. Todos devem ter sua vida, tudo bem, mas esse medo do vínculo atrapalha. Uma ligação já assusta o cara, calma camarada, ela não quer casar com você! Insisto nessa pedagogia para os moços de hoje, num tom irônico, professoral, para chamar atenção para esse medo exagerado, uma assepsia maluca. E vem uma revolução masculina por aí? Acho que nem terminou a das mulheres. Há uma incompreensão muito grande do que as grandes feministas queriam. A própria gentileza, código do cavalheirismo mínimo, acaba soando como submissão, o que é quase como criminalizar minha gentileza. Ofereço-me para pagar o jantar e a menina já se ofende. Acho que tem muita ideia desencontrada nessas posições do masculino e feminino nos dias de hoje. O que acaba aprisionando muitas mulheres nessa inversão de papéis, sobretudo na questão da estética. Lembro de uma crônica sua na qual você protesta pelo “destravecamento da mulher” valorizando a “mulher comfort”. O que gera uma escravidão sem fim. Nisso a mulher europeia sai em vantagem. Vai à praia de topless do jeito que tiver; é o corpo dela, o que ela tem naquele momento. A mulher pode ser gostosa dentro e fora do padrão. A grande safadeza, o grande erotismo não está condicionado ao corpo dito “perfeito”. Eu tenho muito mais tesão no processo do encontro, no que se conversa, da atmosfera da noite...depois até olho pro corpo (risos). Isso é uma herança triste para os mais jovens que vão condicionar os relacionamentos futuros. O feitiço é outro. E não estou negando o tesão, a atração imediata pelo corpo – acho ruim ser só isso. Uma loucura paranoica. “Deixai as rugas residirem sem pagar o aluguel da vaidade em vossos rostos”, como você escreveu outro dia numa das suas crônicas no site da Folha. É por aí. Outra que gosto bastante é a que você condena a despedida com a frase “a gente se vê”, alegan-

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do ser melhor dizer logo que vai comprar cigarro (risos). Quando eu escrevi essa crônica, com base na queixa de uma amiga que vem no meu consultório sentimental informal (risos), eu refleti sobre a crueldade dessa frase, a covardia máxima, de uma frouxidão imensa. Melhor o cara desaparecer à moda antiga: vai comprar cigarro, o “kingsize sem filtro do abandono”! O homem então se assusta com essa nova mulher destemida, a ponto de dizer “a gente se vê” e sumir? Um equívoco atual que ainda sobrevive é a ideia inconsciente de que existe mulher pra casar e pra se divertir. O homem conservador ainda tem isso vivo no seu imaginário. Por isso que essa mulher que se declara livre ainda espanta. A ideia do “chifre” ainda é muito violenta (risos). Meu amigo, vá escutar um brega, curar esse chifre com uma cachaça, ouvindo Alípio Martins com sua cabeça enfeitada (risos). Um escritor apaixonado como você, no auge dos 50 anos, e com tanta história de amor vivida e testemunhada, deixaria qual conselho para o novo cabra-macho? No modo geral somos muito acomodados. Um dado de boteco que eu observo é que o homem fica feliz com a consagração da repetição das coisas. O garçom chega e pergunta “o de sempre, doutor?” e o homem abre um sorriso. Tudo o que a mulher quer é ser levada num restaurante japonês diferente. A dramaturgia amorosa vem dessa diferença entre homens e mulheres, e dentro disso vem o amor, do contrário, se a mulher funcionasse com a mesma leveza masculina não haveria amor, e sim um churrasco, uma pelada. E como “ombudsman das moças”, o que o Xico Sá recomenda? A mulher precisa intimar o homem ao amor, e acho incrível que a mulher seja radical nesse sentido, pois nos chama para o vínculo. A chatice feminina é fundamental! Nossa, Xico, você me libertou! (risos) E já tem algum amor carioca? Estou com alguns ensaios, ainda não vingou como um grande amor. Adoro acordar com uma invenção amorosa na cabeça. E tem que ter disposição, nada de preguiça! Se não der certo, o homem deve cumprir todos os rituais da lama, ligar de madrugada, ser maltratado, mas se curar. “E se a vida dói, drinque caubói”.

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Da redação

Dudu Maroja

Tudoéluz

M

iguel Chikaoka, paulista, de Registro, estudou Engenharia na Universidade de Campinas e morou na cidade de Nancy, entre 1977 e 1979, onde frequentou a École Supérieure de Mécanique et Électricié... mas abandonou o curso e, em 1980, desembarcava em Belém, cidade escolhida por ele, para se instalar de vez. E desde então, daqui não mais saiu... influenciou uma geração de fotógrafos paraenses e do restante do país. Aqui, ele enamorou-se da luz, sobre a qual fala constantemente ao longo desta entrevista e viveu uma experiência transcendental: a de sentir a força dos elementos. Apaixonou-se pelos movimentos das marés, pela singularidade da chuva (sim, porque aqui, “chove-se diferente”), pela energia do povo. Miguel Chikaoka é um amante de Belém e afirma ser uma “missão cuidar daqui”. Decido iniciar a entrevista com uma brincadeira, considerando a agenda concorrida e as constantes viagens do nosso entrevistado, da sétima en-

trevista da série “Belém – 400 anos”, o fotógrafo Miguel Chikaoka. Estás morando em Belém ou estás dividindo teu tempo com outra cidade? Há 33 anos moro em Belém. Tenho viajado muito, mas continuo morando em Belém. Depois que aqui chegaste, já pensaste em mudar? Não deixo de pensar nesta possibilidade, mas é importante dizer que aqui é minha base, é onde me situo. É aqui - e a partir daqui - onde eu trabalho questões que me interessam, porque elas podem transcender os limites geográficos. Então Belém continua sendo um cenário convidativo para ti... Não teria ficado se não tivesse alguma “liga”, como dizem por aqui, alguma coisa mais forte que tenha me atraído. Belém tem aquele “algo »»»

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mais”, aquela coisa que me chamou a me aprofundar, a meter o pé na lama, nas entranhas do lugar e mesmo nas minhas entranhas, porque tem também aquela coisa de ser uma viagem interior minha, não é só uma coisa de Belém para fora; e sim de Belém para dentro, por conta de uma história pessoal minha... Quando olhas para Belém atualmente o que vês? Eu preciso te dizer que sinto mais do que vejo. Eu sinto a mesma pulsação que senti quando cheguei aqui. Óbvio com toda uma mudança de cenário, sobretudo no urbano... de 1980 para hoje [ano em que Miguel chegou], são 33 anos em que a cidade cresceu enormemente, há uma outra realidade, problemas que não eram daquele tempo, outros que persistem. É importante dizer que eu sinto uma força, uma potência incrível neste lugar, que está sendo desperdiçada – mas aí é outra questão... O que te encantou três décadas atrás e que não consegues enxergar? Eu não diria só Belém, mas a região como um todo. Isso eu sinto até hoje: a força da natureza; da presença forte dos elementos: da luz; do fogo, portanto; da água, da terra, do cheiro... isso tudo me encanta até hoje. O que eu acho é que existe um mau trato disso tudo – mas isso não é privilégio ou particularidade só nossos; o mundo está doente. É um problema de todos nós, da humanidade. Na tua opinião, como é possível resgatar a condição [para Belém] de cidade bem cuidada, de outrora, ou mesmo a de “metrópole da Amazônia”? Olha... essa é uma questão que não me toca. A questão de querer “ser ou não ser” – a questão é se a gente “é ou não é”. Belém continua sendo para mim um lugar de potência incrível. O desenho urbano da cidade é feito por meio de ações »»»

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múltiplas – sobretudo de educação, educação da população em geral, que também define essa construção coletiva. A discussão com Manaus, pelo “título”, me perdoem, é tola. Acredito que tenhamos de nos afirmar naquilo que somos e ponto. O que te desagrada em Belém? Muito se fala do abandono do poder público. Isso é real e me revolta. É preciso brigar por essa atenção. Mas eu acho também que nós, habitantes desta cidade, temos que ter compromisso com este lugar e de casa para fora: da calçada em diante, vivemos o espaço do coletivo – logo cabe a todo mundo cuidar disso. Mexe comigo, me toca mesmo, ouvir alguns discursos “revolucionários” e... o que você tem feito por sua cidade, efetivamente? Falemos do centro histórico. É muito comum ouvir que ele “está abandonado”. Okay, existe o abandono, mas existem políticas de preservação, de cuidado, de valorização deste sítio – que pertence a todos –, mas há que se dizer que nós abandonamos este local. Moro na Campina, “colado” praticamente ao centro comercial. E a Fotoativa fica na Praça das Mercês – ou seja, também neste entorno. E sabe o que eu acho? Que a gente precisa ter um pouco mais de cora-

gem para ocupar esses espaços, de alguma forma. Não falo só de morar, mas que poderíamos, juntamente com outras instâncias da sociedade civil, com o poder público ou com a iniciativa privada, ocupar esses espaços históricos, que vivem às moscas, de forma ordenada, planejada. Já pensou quão maravilhoso seria? Houve algumas ações que perderam continuidade. Sonho com isso. Achas que a consciência da beleza pode mudar a cidade? Beleza é um conceito muito subjetivo – o que é belo pra você, pode não ser pra mim. Logo, não entendo que a beleza carregue consigo essa função. Mas podemos falar de cuidado. Cuidado daquilo que permeia esta realidade, tanto da construção do homem, da estética... o que eu vejo é que Belém está repleta de referências que não são daqui. Claro que houve mudanças e mesmo alguns conceitos estão sendo resgatados: essa coisa de “Belém ter virado as costas para o rio” e hoje o rio volta à cena, porque é um lugar nosso. Qual o lugar em Belém que mais te encanta? Ah, difícil de responder... O que me move é a vibração, a pulsação do lugar... »»»

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...e o que pulsa no teu coração, quando pensas em Belém? Ah, a natureza. Essa luz que temos aqui. É uma coisa absurda! Uma potência! A água, como ela chega aqui – essa chuva forte, essa água que “sobe e desce”. Eu nunca tinha visto isso na minha vida... a vida pulsa aqui e isso não é somente uma força de expressão, não. Às vezes eu paro e fico olhando, contemplando o espetáculo que é a chuva. Dia desses, para fazer um parêntese aqui, fui para Santa Catarina e fiquei contemplando a lagoa e... a água não se mexia (ele ri), não se mexeu por três dias. E pensei: isso reflete mesmo no estado de espírito daquelas pessoas. Talvez por isso, as pessoas aqui sejam mais agitadas (risos). Qual o lugar de Belém onde gostas de estar? (ele ri e responde) Neste momento? Na minha casa... ...que é onde menos tens passado tempo. Por isso e porque é uma casa antiga, da qual estou cuidando, em processo de restauro – que é lento... Tiveste algum tipo de incentivo? Inscrevi no Monumenta, para fazer uma interven- »»»

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ção e tenho ainda a isenção do IPTU, que é uma batalha, porque a isenção não cobre o cuidado que você tem que ter na recuperação... talvez na manutenção, sim. Mas entendo que isso é uma missão e para ela eu me dedico, como aquela coisa do “cuidar do jardim” da casa.... e eu tenho um quintal. Então é insistir e persistir para que a mudança ocorra onde a gente mora e em nosso entorno. Se tem uma coisa que eu adoro é passar o final de semana na minha casa porque a sensação que tenho é que estou no interior: é quando as crianças saem para brincar na rua e os vizinhos vão para as calçadas conversar... Costumas convidar as pessoas a conhecer Belém? Sim, sim. Costumo dizer que não consigo explicar o que é Belém. Tem que ver de perto. As pessoas que convidei e que vieram, ao chegar aqui, apagam um pouco daquela coisa negativa “de que ouviram falar”, do lixo, muita coisa mal cuidada... porque eles se encantam com o povo, o paraense é muito acolhedor, do cheiro, da comida típica... da força da natureza, que toca essas pessoas... Todos ficam encantados com o amanhecer na feira. O que desejas para Belém, portanto, em mais um aniversário e até seus 400 anos? Que nós, como habitantes desta cidade, fôssemos mais comprometidos com o coletivo. Que pudéssemos chegar aos 400 anos de Belém cuidando melhor dela – e isso é um cuidado constante e ininterrupto. E o grande investimento, que não é de retorno rápido, é um semear de longo percurso, para que possamos ver crescer e dar frutos: investir em educação. Educação de base. Falando em educação, as crianças deveriam ter contato com o ensino da fotografia desde pequenas? As crianças estão fotografando mais do que nunca porque têm acesso a inúmeros dispositivos desde muito cedo. A questão é outra e está na pauta do dia. Quando eu falo do lugar da fotografia, da imagem e da luz, que é sua matriz principal, o lugar de “ver, da imagem” não é bem explorado, bem »»»

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trabalhado. Eu acho isso incrível, embora essa distorção não seja uma exclusividade de Belém, é do mundo. A própria evolução da fotografia até chegar ao que temos hoje, de obter o registro rápido, quase imediato, foi deixando de lado – nesse rastro – tudo que a fotografia, na sua origem, na sua gênese, tem: que é a questão da luz. A luz é um fenômeno físico, é um elemento que tem um simbolismo forte em várias culturas... e sua apropriação, sobretudo para a educação, é subutilizada. Acabei de chegar de uma conferência nacional de alternativas para uma nova educação e coloquei exatamente isso: por que os educadores não foram apresentados a essa possibilidade? Há algo equivocado nessa formação quando não utilizamos os elementos vitais nessa formação. Eu não sou contra introduzir o ensino da fotografia em um dado momento, mas eu acho que colocar isso à frente daquilo que potencialmente se tem antes disso, significa você estreitar as possibilidades do que essa atividade pode carregar como lugar que pode ser trabalhado de maneira expandida e conectando outros níveis de conhecimento: porque quando falamos de luz, de espiritualidade, de conhecimento, de evolução.

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Tainá Aires

Dudu Maroja

Doce

revolução Famosas na década de 90, as confeitarias abraçaram o conceito gourmet, se reinventaram e voltaram à moda – melhores e mais sofisticadas.

N

o som, Justin Timberlake, Daft Punk, Two Door Cinema Club, hits familiares àqueles que frequentam as festas de fim de semana. O espaço tem cores vibrantes. Grafite. Dá para ver alguns rapazes batendo papo, sentados numa mesa ao canto. A descrição podia muito bem ser da vida noturna em qualquer bar do centro da cidade – mas, aqui, o povo está interessado mesmo é em brigadeiro gourmet. Aquele menorzinho, sabe? Pois é, tem de todos os tipos. E não somente o sabor tradicional: são mais de 30 versões do doce. Apesar do espaço aconchegante, aqui nada lembra uma casa comum. A decoração diferente tem motivo. “Geralmente, os homens ficam meio sem graça de entrar em um lugar todo rosa. Então fizemos o espaço para que homens, mulheres, crianças, todos se sintam à vontade”, explica Taiana Laiun, a proprietária. A Brigaderie é uma das primeiras a vender brigadeiro gourmet em Belém – fenômeno que tomou conta da capital e trouxe de volta à baila as famigeradas docerias, tão populares na década de 90. Embora a loja tenha sido criada há pouco mais de seis meses, a história construída pelas irmãs Taiana, Taíssa e Andrea tem mais de

dois anos. Começou com um ateliê na Travessa Benjamin Constant, em cima de um dos mais famosos bares da cidade. O local era identificado por uma campainha que tinha um adesivo com desenho de brigadeiro. Para chegar até lá, era preciso subir uma escada bem estreita. E, ao abrir a porta, o que se via era apenas uma cozinha simples. Lá dentro, as três irmãs trabalhavam, “ralavam” muito para conseguir acertar o ponto das receitas. É que elas não tiveram ajuda profissional; e, com a cara e a coragem, resolveram pesquisar e criar os próprios doces. Para isso, houve muito desperdício. Elas, inclusive, nem conseguem lembrar quantas massas de cupcake, latas de leite condensado e barras de chocolate perderam nesses testes. Muita coisa foi jogada fora. Mas o resultado de tanto esforço chega a beirar a perfeição. Entre os ingredientes, chocolate – mas só do belga. Esse diferencial está entre os motivos que fizeram a Brigaderie atrair tantos clientes. No início, os produtos só eram vendidos por encomenda, mas a aprovação foi tão grande que aqui e ali as meninas tinham alguma coisa para pronta-entrega. E era tanta mulher apertada na- »»»

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quele ateliê que não teve jeito: elas precisavam de um espaço maior. “O mais engraçado é que a gente pensava que não ia ter cliente pra vender nem 10 brigadeiros, e hoje vendemos 300 por dia”, conta. De lá pra cá, as vendas praticamente dobraram, e o público variou bastante. Nas prateleiras, figuram ainda os produtos que fizeram a doceria ser um sucesso: brigadeiro tradicional, de cupuaçu com queijo cuia, recheado com Twix, churros... Todos viraram cupcakes, mas é difícil encontrar algum que supere a mistura de doce de leite com canela. A cada fornada, já tem uma fila de gente esperando pra sentir o gostinho que lembra as tardes de infância no Arraial de Nazaré – sabor que foi até copiado por outras docerias da cidade e de outros estados, como Goiás. Os amigos também participam da confecção dos produtos. O de Negresco, inclusive, foi uma sugestão. Uma colega da Taiana viu na internet que era possível colocar o biscoito dentro de uma massa de brownie. E o resultado...? Espetacular! As redes sociais ajudaram e muito a alavancar as vendas na Brigaderie. Taiana é fotógrafa profissional; e todo dia, no Instagram, fotos maravilhosas enchem os olhos e a boca de água de tanta vontade que dá. E as três irmãs não

pensam em parar. Recentemente, foi criada a linha de sorvetes da Brigaderie, feita por nada menos que a Cairu, sorveteria paraense que já é famosa em todo o país. E sabe por que? É só conferir lá no início da reportagem: Taiana leva o sobrenome Laiun. Isso mesmo. Ela é uma das herdeiras da sorveteria. Todos os sabores foram pensados por ela. Tem caramelo, pistache, amêndoas... Feitos justamente para serem degustados com os doces da Brigaderie. “Vamos trazer o chocolate do Combu pra colocar nos sorvetes. O objetivo é crescer cada vez mais”, diz Taiana. Feito à mão O sucesso dos brigadeiros abriu os olhos de muita gente sobre o mercado em Belém. Foi o caso da brasiliense Karla Jardim, dona da Feito à Mão. A loja foi inaugurada no início de setembro; e, de um mês para o outro, o crescimento nas vendas já foi de quase 30%. Mas não foi de cara que a empresária embarcou no mundo dos doces. Antes, Karla era gerente de uma empresa de transportes. Começou a se interessar por culinárias por causa dos filhos. Foram muitas frustrações nos aniversários das crianças até que ela decidisse que ia fazer tudo, dos docinhos ao bolo. Encarou cursos, viajou, se especializou.

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E como em toda festa tem convidados, os próprios começaram a perguntar de onde vinham tantas coisas gostosas. A partir daí, choveram encomendas. O problema é que tudo era feito na casa dela e o marido já não aguentava mais não poder nem sentar no sofá, que estava repleto de bandejas de brigadeiros. Karla então começou a procura por um espaço aqui em Belém. Foi um casarão antigo, na Avenida Almirante Wandenkolk, que definitivamente conquistou o coração dela e o de sua sócia, a amiga Marisa Marins. Ele estava meio detonado – mas nada que uma boa reforma, comandada por um bom arquiteto, não desse um jeito. Foram quatro meses de obra. A ex-gerente de transportadora só tinha uma dificuldade: o nome. Foi então que num sonho ela se viu em frente a uma doceria, onde “Feito a Mão” estava escrito em uma placa. “Era uma casa antiga, com uma placa cheia de rococó. Virei para o meu marido, o Max, e disse que esse seria o nome”. O lugar do sonho era cheio de arabescos e flores. Isso também foi representado perfeitamente, segundo ela, pela arquiteta. A loja tem pintura clara, mas cadeiras com estofado colorido. O clima é gostoso e aconchegante. A impressão que se tem é que a gente saiu por alguns minutos do calorão de

Belém. Para o cardápio, a grande inspiração foi a culinária francesa. Tudo muito artesanal. Um exemplo é o Crème Brûlée – doce feito de baunilha, leite e açúcar queimado –, que foi transformado em brigadeiro nas mãos da Karla Jardim. A receita é a mesma da sobremesa tradicional. Ela apenas estudou e encontrou uma forma nova de cozimento do doce, que dá pra enrolar com as mãos. Esse é o carro-chefe da doceria, mas existem ainda outros 55 sabores. Dá pra imaginar? O regional também ganhou espaço: há brigadeiros de pupunha, cupuaçu e até tucupi. Tamanha originalidade faz Karla vender 400 docinhos por dia – principalmente às quartas-feiras, quando acontece um rodízio na Feito à Mão. Rodízio de brigadeiro. Parece loucura, né? Mas é verdade. Dá pra provar tudo. O difícil é só conseguir manter a dieta. Eti Mariqueti As mulheres definitivamente estão à frente das docerias em Belém. Há 10 anos, Mariucha começava em casa o que, futuramente, seria a Eti Mariqueti – uma das mais conhecidas lojas do gênero na cidade. Duas irmãs, com cerca de 20 anos de idade, iniciaram a vida profissio- »»»

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nal fazendo bolos e doces para aniversários no local de trabalho, na escola... E às vezes nem cobravam por isso. O que aconteceu foi que, de tão elogiados, os próprios clientes passaram a exigir o pagamento. Foi daí que a atividade despretensiosa, que era só pra complementar a renda mensal da família, virou coisa séria. Mariucha Santos, uma das proprietárias, se formou em Publicidade e Propaganda, mas não exerceu a função. A dedicação foi total ao novo negócio. O nome veio do apelido da irmã Eliete Santos, a outra proprietária, que era chamada de Eti quando criança. O registro virou marca e sinônimo de bolo de brigadeiro. Sim, isso mesmo. É quase impossível olhar para um bolo de chocolate coberto por bolinhas confeitadas com granulado colorido e não falar imediatamente: “ esse bolo é da Eti Mariqueti”. Curiosidade: a ideia de fazer o produto mais famoso da doceria veio de outra irmã, a única que não trabalha na loja. Atualmente, são vendidas 80 unidades do bolo por dia. “Ela me pediu pra fazer um bolo cheio de brigadeiros. E deu muito certo, né? Ficou uma delícia e até hoje ela diz que vai me cobrar os direitos por ele”, brinca Mariucha. Do bolo de brigadeiro, surgiu o de casadi-

nho, o de cupuaçu... O negócio foi tomando forma e cresceu muito. Além da loja da Braz de Aguiar, existem ainda as da Boaventura e da João Balbi. E as irmãs não querem parar. Já começaram a fazer eventos, e o próximo passo é distribuir refeições. “A gente nunca quis o serviço mais refinado, sempre quisemos aquele gosto de coisa de família, que foi feito artesanalmente. Então queremos montar uma linha de semiprontos, mas esse é um projeto futuro”, acrescenta. Doçura’s Embora a retomada das casas de doce seja algo meio recente em Belém, nem todas as docerias aqui celebradas foram criadas nesta década. As tradicionais ainda têm espaço por aqui. É o caso da Doçura’s. Em uma sala pequena, de portas de vidro, ali mesmo, no meio da doceria, Suely Esteves atende os clientes que fazem encomendas para casamentos, festas de 15 anos... Ela conhece o nome e também o sobrenome de cada um deles. Possui uma relação de amizade com a maioria. Atende dos avós aos netos. Os pais, filhos, os tios, sobrinhos... São gerações que fazem parte da história da doceria, que tem mais de 30 anos.

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Tudo começou na Rua 13 de Maio, no bairro do Comércio. Quem deu início à trajetória da Doçura’s foi a matriarca Alaíde Amaral, cozinheira amadora (ou profissional?), daquelas que aprenderam o ofício com a família. Fazia doces, salgados, o que pedissem. E apesar da concorrência – que, na época, era de duas ou três casas como a dela –, não se intimidava. Sempre confiou no que fazia, e encontrou na qualidade dos produtos a receita para também ter a confiança dos clientes que, sem dúvida, ela conquistou. Não é à toa que, das concorrentes dos anos 70, poucas – talvez nenhuma – sobreviveram ao tempo. Nesse período, a loja ganhou cara nova. Das cores berrantes, que os arquitetos dizem dar vontade de comer, ao rosa claro, que lembra o conforto de casa de vó, tudo parece ter sido pensado detalhadamente. Até o apoio dos pratos foi feito com capricho. Mas o que faz a gente encher os olhos mesmo é a vitrine da loja. A variedade é tão grande que, mesmo sem fome, é impossível não querer provar pelo menos uma lasquinha. O mercado mudou e a Doçura’s seguiu a tendência, apesar de ainda manter boa parte do cardápio original. Até hoje, o bolo de leite simples, sem recheio, sem cobertura, é o que mais

vende na loja. Em um final de semana, saem aproximadamente 50. Mas no topo da lista também estão os bolos decorados. Tudo personalizado, de acordo com o pedido do cliente – assim como as caixas com brigadeiros gourmet, que Suely se gaba de ter mais de 30 sabores na doceria há pelo menos seis anos, antes do boom do produto em Belém. “Tem gente que vem aqui e pede, de olhos fechados, pra gente fazer o evento. E nós fomos nos adaptando a todas as necessidades deles, às necessidades de mercado. Pesquisamos o que há de melhor aqui e fora do país”, diz Suely. Com o passar dos anos, a Doçura’s também se adaptou às tecnologias. Suely já até perdeu a conta de quantas vendas fechou por Whatsapp, um aplicativo de mensagens gratuitas para celular. Uma forma de estreitar ainda mais a relação com os clientes; e, quando sobra tempo, com a família, que trabalha junto: além de Suely e sua mãe Alaíde, as irmãs Silvia e Silvana também cuidam do sucesso da marca. “Acho que, se não fosse um negócio familiar, a Doçura’s não funcionaria tão bem. Eu passo meu dia aqui, cada uma cuida de um detalhe, e assim a gente vai tocando o nosso negócio. Trabalhamos com os sonhos de muita gente e vivemos para torná-los realidade”, ressalta Suely.

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Celso Eluan empresário celsoeluan@ig.com.br

PAISTELÃO Já não se discute; todos concordam que uma boa educação implica em definir limites para os filhos. Crianças cujos pais, por afeto, culpa (ou qualquer outro sentimento) têm dificuldades em impor esses limites, tornam-se adultos despreparados, que não amadurecem para o mundo e até para relacionamentos. E quais são esses limites? Cada pai, cada casal define suas regras: horários, rotinas, amizades, alimentação, saúde, educação. Opa! Já ficou parecido com coro de passeata. Ora, mas isso me traz uma ideia interessante. Imagine que nossos filhos se reunissem e colocassem em pauta seus dramas e reivindicações: aumento da mesada (“essa mixaria não dá pra nada!”). Não queremos acordar cedo. Escola só uma vez por semana e no horário que quisermos. Acesso free e sem limite de tempo à banda mega larga. Hambúrguer com fritas no almoço; sopa no jantar, nunca mais! Cinema, shopping e balada todos os dias. Namorados dormem juntos, na casa que escolherem e com quem quiserem. Escovar os dentes está proibido. Também está fora de

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cogitação arrumar o quarto, guardar as roupas e sapatos, tomar banho todos os dias. Tomar remédios, nem pensar! Ufa, a lista nem começou e já me cansei! Mas esperem, o melhor está por vir. Deliberamos que não vamos mais aceitar a imposição de pais biológicos, isso é autoritarismo da natureza. Exigimos eleição democrática para pais! Danou-se. Eu e você meu amigo teremos que nos lançar em campanha, se não pra recuperarmos nossos filhos, pelo menos conseguir algum adotivo. Eu prometo incentivar um programa científico para desenvolver a pílula do conhecimento, assim ninguém precisa perder seu tempo com estudos. Outro salta prometendo ganhar na loteria e comprar cobertura, carrão do ano; cartão de crédito sem limites. Haverá um que vai liberar as drogas: podem ouvir ‘One Direction’ à vontade. Você não pode perder seu filho, garante que não haverá mais nenhuma cobrança, será tudo paz e amor, sem horário pra nada, sem essa de pensar no futuro. O que importa é agora.

Mas aí vem um pai desesperado e oferece um iPhone 5S, outro aquela calça Diesel (olha, foi mais de mil reais), um terceiro nem perde tempo e já vai preenchendo o cheque: quantos zeros eu ponho aqui? Ainda bem que é uma ideia idiota. Aí, depois que você conseguir seu filho de volta, esqueça todas essas promessas e volte ao mundo real. Nada disso é possível e você já sabia, mas precisava conquistar o voto dele. Agora vou lhe dar o xeque-mate: daqui a quatro anos terá nova eleição e o que você vai falar? Conforte-se, todos os outros pais terão o mesmo problema e farão as mesmas promessas, você só precisa ter um pouco de charme. Bem, estávamos falando da necessidade de impor limites aos filhos, afinal eles estão se formando e ainda não têm a plena noção do mundo, de como as coisas funcionam. Por isso fizeram aquele rol de exigências absurdas. Mas para reconquistá-los tínhamos que prometer tudo e depois esquecermos. Afinal são imaturos. Será que essa fábula não é tão idiota assim?

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Camila Barbalho

Dudu Maroja

Pequenos fragmentos

todo de um

A agenda Leal Moreira 2014 convida às pequenas refl exões e mudanças que podem mudar o mundo em que vivemos.

H

á quem diria, não sem grande parcela de acerto, que o motor da humanidade é feito de grandes ideias. Foi graças a elas que até aqui chegamos, afinal; e serão elas os sinais de luz em direção ao que seremos adiante. Falta à afirmação, porém, alguma exatidão. Mais: falta início e fim, visto que ideias – sem em nada perder seu valor – são apenas o meio. É das pessoas que vêm os grandes insights, e é só no encontro com o outro que elas ganham razão de ser. Mudar é ideia recorrente entre as grandes mentes, trocando a vestimenta de acordo com o seu tempo. Nem seria tão arriscado dizer que cada grande mudança foi precedida de um estalo de alguém: “e se fizéssemos isso ao invés disso?”. Mas também não surtiria efeito se em si se encerrasse tal pensamento. Parafraseando Mário Quintana, ideias não mudam o mundo – ideias mudam pessoas, e essas mudam o mundo. Mudar é importante. Motivar a mudança, então, é essencial. Para tal, é preciso dar vida às boas ideias. É necessário sermos cada um,

e juntos, a força motora de cada novo giro do planeta. E que momento seria melhor para fazê-lo que este, em que fazemos um balanço do ano que parte e saudamos esperançosos aquele que se aproxima? É o que propõe a agenda 2014 da Leal Moreira. Nela, sugerimos pequenas (e boas) ideias para revoluções pessoais – que, somadas, possuem aquele potencial mágico de transformação. Ao todo, são dez temas, dez planos plenamente possíveis, para serem postos em prática no ano-novo, que já se aproxima. E como uma ideia só possibilita uma grande mudança quando ganha vida, convidamos cinco inspirados ilustradores – que emprestaram seu talento e criatividade para este projeto – a nos contar como eles viam essas sugestões, tornando palavras e sua compreensão tão racional em sensibilidade pura. Aline Folha, Leandro Bender, Ricardo Maroja, Rodrigo Cantalício e Talitha Lobato criaram, dentro de suas peculiaridades e referências pessoais, um instigante arcabouço visual que convida não só à reflexão, mas à »»»

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Talitha Lobato

prática efetiva dessas ações. A Revista Leal Moreira conversou com os artistas sobre seu processo criativo, além de carreira e votos para a virada do calendário. A primeira artista a ser visitada por nossa equipe foi Talitha Lobato. Ela nos recebeu com um sorriso largo, senso de humor apurado... E uma curiosa tiara, que a deixava com pequenas orelhas de felino. Pois é, Talitha disse se sentir bem com elas. “Elas me fazem perder a vergonha de falar”. Assim como sua personalidade, sua história e seu traço também são extremamente lúdicos. Como todo talento natural, ela começou a desenhar na infância. “Comecei na parede de casa, a tela universal de todas as crianças. Meu pai, que é professor, costumava me levar para a universidade e me dar uma pilha de papéis para que eu me distraísse enquanto ele trabalhava. Eu passava um tempão dese-

nhando histórias em quadrinhos, criando personagens...”, rememora. O tempo foi passando, e sua relação com o desenho foi ficando mais estreita. Outras técnicas foram sendo apresentadas a ela, assim como novos incentivos para seguir carreira entre rabiscos e cores. A profissionalização veio mais tarde, com o convite para integrar a equipe de uma agência de publicidade. Dos dois temas ilustrados por Talitha para a agenda 2014 da Leal Moreira, o primeiro foi “Plante uma árvore. O planeta agradece. As gerações que virão depois de você, também”. Para tal, a desenhista decidiu fazer uma referência ao planeta Terra, representado pelo globo de vidro onde uma muda está plantada. Em contraponto à metáfora, ela desenhou uma colorida e menina. “Busquei inovar nas cores e no estilo da menina. Queria para ela algo menos convencional, menos realista. O

desenho foi feito no grafite e ilustrado digitalmente”, explica. A segunda ideia representada por ela foi “Eduque seu filho para ser feliz; assim ele saberá o valor das coisas e não o seu preço” – segundo a artista, um desafio. “Fiquei um bom tempo pensando a respeito. Concluí que o mais importante para ter um filho bacana, feliz e criativo é estimular a vivência da infância, por meio da música, de histórias, desenhos, levando para brincar...”, analisa. Assim, ela optou por retratar um avô brincando com os netos como se também fosse pequeno. “É o tipo de memória que fica pra sempre, e que faz toda a diferença. A criança que cresce com essa construção é uma criança bem diferente da que cresce criada pela televisão”, argumenta. Para o ano que vem, o desejo de Talitha se resume em um verbo: “viajar”. Em seguida, fomos ao encontro de Aline Folha.

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Aline Folha

Ela nos contou que em seu processo criativo, alimentado também desde a infância, há um tema recorrente. “Sempre gostei de ilustrar mulheres. Cada mulher que desenho tem uma história, é uma personagem. Enquanto eu desenho, converso com elas, ouço suas histórias”, revela. Formada em Direito, a imaginativa ilustradora sempre soube que não trabalharia em sua área de estudo. Quando terminou a faculdade, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez cursos de moda – seu verdadeiro interesse. Em seguida, São Paulo foi sua casa durante uma pós-graduação. Foi nesse momento que Aline assumiu de vez o que sempre quis fazer. “Comecei a trabalhar como assistente de estilo. Como tínhamos que desenhar as roupas para serem produzidas, acabei percebendo que o que eu gostava mesmo de fazer era desenhar. Eu dava muita importância para aqueles desenhos – e nem podia

dar, já que tudo ali tinha que ser rápido”. Aproveitou a estada na cidade para aprender mais sobre a carreira de ilustrador. Não parou mais: fez desde projeto de ilustração para decoração até ministrar aulas de estamparia. Hoje, Aline abraçou a profissão com braços, unhas e muito talento. A artista também ilustrou dois temas para a agenda. O primeiro deles foi “Seja gentil: ‘gentileza gera gentileza’, dizia o poeta Gentileza, que deixou sob os viadutos mensagens sobre cortesia, educação, boas maneiras, gentileza e amor”. Refletindo sobre essa ideia, ela optou por enfatizar gestos cotidianos de carinho, que permitem o surgimento de ciclos de energia positiva por meio de sua propagação. “Para falar de gentileza, eu optei por me afastar um pouco do profeta, para não ficar tão óbvio. Por isso, na minha ilustração é possível ver uma pessoa recebendo um sorvete de flores, e as flores acabam

percorrendo a vida de todas as pessoas que fazem parte dessa cadeia”. O tema seguinte, “Pague suas contas... e reserve sempre um dinheirinho para pequenos sonhos de consumo: um sorvete em uma tarde calorenta; uma viagem para Reykjavik (capital da Islândia), um fim de tarde em Icoaraci”, encontrou amparo criativo em uma das grandes paixões de Aline: viajar. “É uma coisa que eu gosto muito de fazer. E se você cumpre com seus compromissos, paga suas contas e se planeja direitinho, pode se permitir realizar esse tipo de sonho; desde os menores até os mais absurdos, como uma viagem para a Islândia”, explica, entre risos. O desenho feito pela ilustradora reflete sua própria filosofia. Nele, é possível ver um cofre-porquinho alado, voando acima das nuvens – trazendo a característica onírica que lhe é peculiar. O terceiro a receber a equipe da RLM foi Ricardo »»»

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Ricardo Maroja

Maroja. Apaixonado pela arte dos traços desde a infância, ele conta que desenha “desde que me entendo por gente”. Embora não consiga precisar o momento em que a relação com as ilustrações começou, ele consegue vislumbrar um vínculo entre seu talento e o interesse que toda criança tem pela tevê. “Quando eu era pequeno, eu gostava muito de ver televisão... E teve uma época que, aqui em Belém, tinham umas exposições que ficavam exibindo comerciais do mundo inteiro. Lembro que, vendo essas coisas, comecei a me interessar por publicidade e propaganda. E é uma coisa que está muito relacionada com desenho”, considera. Hoje, aos 33 anos, Ricardo trabalha com publicidade – embora nunca deixe de rascunhar alguma coisa, mesmo sem compromisso profissional. “A parte artística é um hobby pra mim. Quando eu tenho um papel perto, estou sempre rabiscando.

Mas não me considero um artista”. Para ilustrar o tópico “Ensine a pescar. Diz o velho ditado...”, seu primeiro tema, o desenhista representou um ser humano dividido em dois – uma metade fraca, outra forte. Ele explica: “metade está bem alimentada, simbolizando o que vem depois do conhecimento. O outro lado está passando fome, porque se alimentou numa única ocasião em vez de desenvolver o aprendizado necessário para se alimentar sempre”. Ricardo defende a relevância da ideia ilustrada, por se tratar de “ensinamentos e aprendizado. Se a pessoa não aprender o essencial para sobreviver e para lidar com a própria vida, a existência dela fica limitada”. A segunda ideia que recebeu os traços do artista foi “Respeite os idosos... as crianças... animais... respeito é a chave para uma sociedade viver em harmonia e civilizadamente”. Ricardo nos revela

que sua grande inspiração para este desenho foi a relevância da convivência com nossos antecedentes para que nos tornemos quem somos. “Eu ilustrei um idoso representado como um casulo e um jovem saindo de dentro dele. Sem as gerações ancestrais, não tem como as gerações mais novas evoluírem. Foi isso que eu quis sugerir”. Vivendo em Buenos Aires, graças a seu talento e poderosa imaginação, Rodrigo Cantalício não pôde ser visitado por nossa equipe. O desenhista conversou conosco por e-mail, e contou que sua primeira lembrança do contato com as ilustrações vem da mãe. “Ela costumava desenhar croquis de roupa para costurar depois. Foi quando percebi que era possível alguém criar um desenho, como os que eu passava a manhã inteira assistindo”. Rodrigo também percebeu que dominava os lápis muito bem, e – graças a pessoas especiais

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Foto Luiza Cavalcante

Leia mais

Rodrigo Cantalício

e caminhos inesperados que o empurraram para a profissão – percebeu que não havia caminho mais acertado para si. Ocasionalmente, ele ilustra matérias para a Revista Leal Moreira. O ilustrador conta que a maior dificuldade da profissão é permanecer fiel à própria linguagem. “É difícil entender que aqueles desenhos guardados na gaveta de casa agora fazem parte de um mundo bem maior, onde as pessoas veem, comentam, criticam, elogiam... E mesmo depois de toda essa informação, manter uma sinceridade no estilo”. Cantalício fez a arte que retrata o tema “Recicle, reutilize, reuse. O planeta tem sete bilhões de pessoas com necessidades ilimitadas e recursos limitados. Torne seu consumo responsável, correto e viável”. Ele utilizou como referência o ícone da reciclagem. “Imaginei uns pássaros, que sempre me

deram essa ideia de liberdade e vida, fazendo um movimento parecido com aquelas três setinhas”. Sobre a ideia, ele aproveitou para reforçar que o esforço pela sustentabilidade deve começar dentro de casa. “Ainda se fala muito sobre essas atitudes sustentáveis, mas nem sempre as pessoas levam a sério esse tipo de coisa, como dividir o lixo em casa ou economizar água. Acho sempre importante relembrar esses conselhos até que eles se tornem atos naturais da sociedade”. Rodrigo também desenhou a representação do conselho “Troque e-mails, sms, chats por abraços apertados, beijos e mãos entrelaçadas”. Pensando a respeito, o artista optou por retratar a energia que só existe em contatos cara a cara. “Imaginei um abraço bem apertado, como o de um reencontro. Um abraço que só pode ser dado quando as pessoas se veem de verdade”.

Também foi por e-mail que Leandro Bender, hoje residente em São Paulo, conversou com a redação da RLM. O artista, que também desenha pra a revista de quando em quando, não é uma pessoa de muitas palavras quando o assunto é ele mesmo – embora seja extremamente simpático, solícito e bem-humorado. Seu grande meio de expressão, sem dúvida, é seu fluido e sofisticado traço. Leandro é mais um caso de talento descoberto ainda em tenra idade, e aprimorado na vida adulta. Em seu caso, foi na faculdade de publicidade que desenhar virou profissão. Ele conta que seu processo criativo é alternado de acordo com o motivo pelo qual desenha. “Quando é algo pra mim, deixo minha cabeça tão vazia quanto for possível. Quando estou realizando um trabalho, fico focado no tema a ser ilustrado”. Para a agenda Leal Moreira 2014, Bender dese- »»»

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Leandro Bender

nhou por primeiro o tema “Entenda: todos somos iguais, logo – indistintamente – merecemos o mesmo tratamento, e as mesmas oportunidades. Trate seu próximo como você gostaria de ser tratado – com respeito, com zelo”. Para refletir tal ideia, o ilustrador valeu-se do afeto como representação máxima do cuidado entre duas pessoas. “Pensei no abraço como símbolo de entendimento entre duas pessoas que caminham juntas para o mesmo sentido”. Segundo ele, o conselho é “necessário para se entender melhor a vida”. Já sua segunda sugestão foi “Doe: tempo, carinho, objetos. Doação é um gesto lindo, se feito com vontade, de coração”. O artista decidiu retratar o assunto simbolizando o benefício que o doador também colhe a partir do próprio gesto. “Quis mostrar que a doação, independente do que seja, é um ato de troca de energia, onde os dois envolvidos saem ganhando”, explica. Pessoas diferentes em histórias, linguagens, tons e talentos já mostraram o caminho, tornando mais palpáveis nossas dicas. Dar vida a essas boas ideias no seu dia a dia só depende de você.

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Fábio Nóvoa Ilustrações: Talitha Lobato

Pequenos gestos, grandes

mudanças

Mudar o mundo ao nosso redor é mais fácil do que supomos. Pequenas atitudes, quando somadas, representam uma verdadeira revolução do bem

C

idadania. Uma palavra muito usada, mas ainda pouco praticada no cotidiano. Sempre reclamamos do que não é feito para melhorar a convivência na nossa sociedade, mas o que fazemos para mudar isso? Afinal, a nossa cidade é a extensão natural da nossa casa, e se cuidamos bem do nosso lar, é preciso também cuidar do lugar onde vivemos. É o que prega a Organização Não Governamental (ONG) No Olhar, que há sete anos trabalha com a Educação Ambiental na nossa cidade. Para Marcos Wilson, coordenador da ONG, é preciso mudar apenas do conceito para a atitude prática. “O que queremos é mostrar para as pessoas que fazer uma ação é melhor do que ler e não colocar em prática”, explica. Wilson diz que a prática tem que começar com uma primeira atitude. “Esse despertar só fará sentido agora a pessoa entender que o processo atual tem falhas. E não adianta só culpar o poder público”. Uma das maneiras de perceber as falhas atuais está no processamento do lixo produzido na capital. Belém produz aproximadamente duas mil toneladas de lixo por dia. A maior parte des-

ses resíduos tem como destino o lixão do Aurá. Daí, a importância de mudar esse jogo. “Os resíduos sólidos não são só lixo, têm que ser tratados”, lembra o coordenador. “Precisamos resgatar a política nacional de resíduos sólidos e começar a entender esse processo”, complementa. A ONG mesmo possui duas estações de coleta seletiva na cidade hoje (e pretende instalar mais dez) e ainda instrui condomínios sobre coleta seletiva. “Coleta seletiva não é bicho de 7 cabeças. É preciso estabelecer uma consciência coletiva, formar multiplicadores”, diz Wilson. “Oitenta por cento de tudo que compramos no supermercado pode ser reaproveitado. A coleta seletiva e a reciclagem ajudam a limpar a cidade e gerar renda para cooperativas”. Lixo eletrônico Wilson também cita como responsabilidade das pessoas cuidar de todo o lixo eletrônico que é produzido. “Geralmente, o lixo eletrônico não é visto como lixo. A gente guarda em gavetas, porões, quartos. Considera um bem a ser guar- »»»

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dado. E quando vê, está tudo acumulado. Imagina o mundo inteiro fazendo isso? A Terra é um compartimento fechado. Não existe um buraco negro para jogar isso. Vai acumular sempre e uma hora a sala enche”, alerta. Mas, como descartar? Wilson explica que é preciso cuidados redobrados com esse descarte. “São produtos com elementos tóxicos. As lâmpadas fluorescentes, por exemplo, contêm mercúrio, que se acumula na natureza”, lembra. Mesmo assim, são poucas as empresas que fabricam esse produto que procuram fazer a destinação correta para eles. “É preciso fiscalizar essas empresas e cobrar. Ver se elas têm uma política de descarte e reclamar se não tiver”. Mas, ainda dá tempo de mudar esse quadro. Primeiro, é de vital importância começar a preparar aqueles que vão tomar conta da cidade daqui a alguns anos: nossos filhos. “A gente sempre diz: conscientize uma criança e ela educará um adulto”, reitera Wilson. “Todos os projetos envolvem crianças por causa disso. “Educar é criar um ambiente social de fiscalização.” Ele lembra ainda que os jovens também têm um pa-

pel fiscalizador. “As mídias sociais têm um papel importante. É ali que eles mostram sua fiscalização, reproduzem as boas práticas. É o poder da juventude demonstrado pelo computador. A internet é um bom espaço para buscar informações, sobre coleta, sobre economia, energia e outros” O primeiro passo Há quatro anos, os empresários Ana Paula Alcântara e Cassius Martins decidiram montar um grande salão de beleza. Mas, não era um local qualquer. Todo ele teria que ser construído pensando em sustentabilidade. “No início do projeto, a gente pensou em aproveitar todo o ambiente para ser sustentável”, explica Ana Paula. “Pesquisamos o máximo que podíamos sobre como apostar em um conceito sustentável. Assim, nós investimos em luz natural, reaproveitamento da água e acessibilidade, por exemplo”. Hoje, com o salão principal sempre lotado, o belo e confortável prédio guarda uma série de exemplos sobre como contribuir para melhorar o ambiente urbano. A água da chuva, por exem- »»»

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Os riscos do Lixo Eletrônico Arsênico: Causa doenças de pele, prejudica o sistema nervoso e pode causar câncer no pulmão. Onde é usado: Celular. Belírio: Causa câncer no pulmão. Onde é usado: Computador, celular. Cádmio: Causa envenenamento, danos aos ossos, rins e pulmões. Onde é usado: Computador, monitores de tubo antigos, baterias de laptops. Chumbo: Causa danos ao sistema nervoso e sanguíneo. Onde é usado: Computador, celular, televisão. Mercúrio: Causa danos cerebrais e ao fígado. Onde é usado: Computador, monitor e TV de tela plana.

plo, é guardada e usada para lavar o estacionamento e o piso do salão. Um olhar mais atento percebe que não é só isso. Todo os 650 metros quadrados de piso do salão são feitos de madeira reciclada, assim como todas as portas de acesso. Até mesmo as mesas dos escritórios são diferentes. São portas que foram reaproveitadas e ganharam uma nova função, mais estética e correta. E o sol é a principal fonte de luz do local. O ambiente principal é todo cercado de grandes janelas de vidro. Por ali, a luz solar é companhia constante e “invade” o espaço, gerando economia de energia com lâmpadas. “Além de todos os ambientes serem claros e abertos, queremos implementar placas de energia solar para aproveitar ainda mais a luz do sol”, garante a proprietária. E não para aí. Clientes com dificuldades especiais se sentem em casa. “Aqui temos elevadores para deficientes e lavatórios especiais para eles. E temos banheiros que também foram adaptados”, descreve Ana Paula. Atendemos muitos maridos e esposas cadeirantes. Temos maridos mais idosos que fazem questão de acompanhar as esposas aqui, pois sabem que é fácil chegar aqui e ser bem atendido”. Já Cassius cita outro bom exemplo dado por eles aos clientes. “A gente conversa com as clientes para informar que elas podem fazer doação de cabelo para a ONG das meninas e mulheres escalpeladas”. Ele se refere à Organização Não Governamental dos Ribeirinhos Vítimas de Acidentes de Motor (Orvam), que coleta cabelos femininos doados e os transforma em perucas para mulheres e meninas ribeirinhas vítimas de acidentes com motores de embarcações, que arrancam o couro cabeludo. Cassius diz que tudo isso partiu de iniciativas próprias. “Não existem campanhas e leis para incentivar questões sustentáveis. Nas escolas, não temos educação ambiental”, lembra. “A gente acredita que de grão em grão a gente pode melhorar a nossa cidade. Mas, o poder público precisa incentivar também”, diz. “Hoje temos 50 funcionários. Alguns não entendem ainda isso como uma coisa necessária, mas entendo que é uma questão de evolução, de conscientização, educação e informação”, complementa Ana Paula.

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Estações de Coleta Seletiva • No IAP Praça Justo Chermont, 236, ao lado da Basílica de Nazaré • Na Marambaia Escola Estadual Doutor Carlos Guimarães, no conjunto habitacional Gleba I, Quadra K, Sem número.

Fonte: Ong No Olhar A ONG dos Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Motor ORVAM 91 3231.11 77 contato@orvam.org.br.

Coleta Seletiva Pequenos passos por um mundo melhor • Você coloca todos os materiais recicláveis em um saco ou uma caixa e leve para estação de coleta seletiva, separando o lixo orgânico e rejeitos. A Cooperativa coleta os recicláveis e envia para o Centro de Triagem, onde serão separados e vendidos para as indústrias recicladoras. • Para a coleta comum, feita pela prefeitura, devem seguir os resíduos orgânicos como sobras de alimentos, cascas de frutas, verduras, folhas e também os rejeitos como pó de varrição, lenços, fraldas descartáveis, absorventes, fotografias, louças, porcelanas e papéis engordurados. • Com essa atitude economizamos muitos recursos, aumentamos a vida útil dos aterros sanitários, melhoramos a qualidade de vida e geramos emprego e renda para os participantes das cooperativas e das indústrias recicladoras. • Você não precisa de coletores diferentes. Apenas de um saco ou caixa para os recicláveis e outro para o lixo úmido (orgânico e rejeitos). Para facilitar o trabalho da cooperativa, lave os frascos, garrafas, vidros e as embalagens da TetraPak. Isso evita a presença de insetos e outros animais, o mau cheiro e facilita o armazenamento em casa até a destinação para a Coleta Seletiva. • Recicláveis: Latas de bebidas, de alimentos, panelas (sem cabo), talheres, bacias, objetos de cobre, zinco, bronze e ferro. Jornais, revistas, cadernos, folhas, listas telefônicas, caixas de papelão, embalagens da TetraPak. Garrafas, potes e frascos de alimentos e produtos de higiene e limpeza.

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Anderson Araújo Ilustrações: Rodrigo Cantalício

Cidade do

improvável Dignas de qualquer enredo fantástico. Essa é a melhor definição para os “causos” nascidos e multiplicados [em exageros] sob as mangueiras de Belém.

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ma cidade em que os zeppelins não voam, passeiam entre os carros e a multinacional Coca-Cola, toda poderosa das bebidas gaseificadas, foi vencida pela concorrência local. No subterrâneo, segredos tenebrosos e fugas espetaculares entre túneis secretos ligando igrejas históricas. Nesta urbe, os ricos eram tão ricos que mandavam lavar suas roupas com o melhor e mais cheiroso sabão do mundo, nas melhores lavanderias europeias. Ainda que encravada no meio da floresta, a conexão com a economia global era imediata desde sempre, tanto que quando Nova Iorque viveu o terror da quebra da bolsa de valores, em 1929, as empresas da cidadela amazônica sentiram o abalo sísmico do sistema financeiro e quebraram junto. O quadro se encaixa com perfeição como pano de fundo de uma novela de Dias Gomes ou na literatura de realismo fantástico de mestres como Gabriel García Márquez. Mas, longe dos livros e das fábulas, são histórias que permeiam o imaginário da principal cidade da Amazônia: Belém, que por essas e outras é tida como a cidade das coisas impossíveis, onde o improvável se materializa, o imponderável se apresenta em carne e osso e a realidade se dilui em ficção, misturando o que é o que não é nas conversas de esquina, nos balcões dos botecos, no boato aumentado, de boca em boca, ao longo dos anos. A RLM foi buscar o “fundo de verdade” – se é que existe – em histórias pitorescas alimentadas

pela imaginação belenense. Não as lendas e assombrações, que são muitas e estão flutuando no “fabulário” geral da cidade, em livros e ainda nas conversas sussurrantes nas portas de casa, apesar das luzes do século 21 e seus problemas intrínsecos e nada sobrenaturais. O interesse é nas curiosidades históricas repetidas como boatos, mentiras, verdades alteradas e até mesmo com precisão, embora pouca gente saiba do que de fato está falando. Belém e os zeppelins Para quem duvida que os zeppelins circularam nas ruas de Belém, um clique no Google mostra os ônibus criados no formato das máquinas voadoras, cuja invenção está nos créditos do Conde Ferdinand Von Zeppelin, dos Países Baixos, com patente de 1895. Porém, há registros que o aparelho aeronáutico foi, na verdade, invenção de um paraense: Júlio Cezar Ribeiro de Souza, nascido no Acará em 13 de junho de 1843. É dele o mérito de colocar no ar o primeiro dirigível fusiforme dissimétrico do mundo, o “Le Victoria”, com 10 metros de comprimento, conforme relato da imprensa francesa. O protótipo voou em Belém no ano de 1881, em demonstrações públicas. A imagem do dirigível em Belém foi feita por fotógrafos da revista norte-americana Life, em 1957, e bate com a história contada por Marcelo Magalhães, sobrinho-neto do empresário da família Abraão que teve a ideia de adaptar um »»»

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novo formato nos chassis comprados para montar os primeiros ônibus de Belém. Marcelo conta que o irmão de sua avó era o dono da Viação Triunfo, a primeira empresa a fazer os ônibus-zeppelins. A carroceria alongada com design aerodinâmico para os céus era feita de madeira e folhas de flandres, pintada com tinta prateada. No interior, o acabamento também era caprichado com bancos de couro e, em vez de cobradores, “aeromoças”. Marcelo diz que a empresa trabalhou inicialmente com sete veículos entre as décadas de 1950 e 1970, fazendo um trajeto especial com paradas estratégias nos “clipers”, pontos de ônibus cobertos, “bisavôs” dos hoje tão sonhados terminais de integração. Quem andou de zeppelin diz que fazia um calor tremendo por causa da estrutura pesada de madeira e metal, mas era charmoso e muita gente ficava esperando para dar uma voltinha, provavelmente se imaginando entre nuvens. Marcelo relata que não foram poucos os pequenos acidentes com os zeppelins devido à forma e o tamanho, difíceis para os chauffeurs manobrarem pelas ruas de Belém. A ideia do tio-avô Abraão ocorreu a partir das memórias de zeppelins voadores vistos por ele. Quem sabe não era o protótipo do Julio Cezar sobrevoando o bairro de Nazaré, no final do século XIX. O fato

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é que outras empresas entraram no ramo dos zeppelins com rodas na capital paraense e o último dos veículos do espólio da Viação Triunfo terminou como combustível para uma fogueira de São João, como conta o descendente do empresário que teimou em colocar os veículos alados em terra para deleite dos cidadãos de Belém. Duas igrejas Muita gente diz que há um longo túnel ligando a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré à Catedral Metropolitana da Sé. O coordenador do Fórum Landi e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Pará (UFPA), Flávio Nassar, esclarece que tudo não passa de boato, invenção ou distorção da realidade, jogando um balde de água fria nas teorias conspiratórias sobre os dois símbolos da religiosidade e da marca da Igreja Católica no desenvolvimento. Nassar explica que os tais túneis podem ser uma confusão com a rede de esgoto construída pelos ingleses ao final do século XIX, no embalo do ciclo econômico da Borracha. Eram galerias grandes com espaço para quase caber um adulto em pé. O arquiteto diz ainda que parte desse sistema ainda funciona nas áreas das avenidas Nazaré e Braz de Aguiar. Já na parte mais anti-

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ga da cidade é improvável que ainda existam e muito menos se conectem entre si. O diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Pará, Leôncio Siqueira, acrescenta outro dado que derruba a teoria dos túneis: a Sé é do século XVII e a Basílica Santuário construída no final do século XIX e começo do século XX. Portanto, há cerca de 200 anos de desenvolvimento urbano que dificultariam a empreitada, não a tornando impossível, mas improvável. Ele pontua ainda que é possível que os colonizadores tenham disseminado a ideia dos túneis para impor respeito frente a possíveis invasores, baseado em informações das províncias fundadas anteriormente, como o Rio de Janeiro e Santa Catarina. Nas duas, de fato, há construções históricas do período colonial ligadas por túneis ou com acessos às margens de rio. No Pará, Leôncio afirma que a cidade de Vigia de Nazaré, no Nordeste do Estado, tem uma passagem que vai da torre principal até o rio Guajará-miri, uma passagem secreta para possíveis fugas ou ataques-surpresa. O historiador não descarta que possa haver túneis interligando outras igrejas ou acessos dos templos a rios. Um exemplo é a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, situada na Cidade Velha e próxima das margens do rio Guamá. No entanto, é preciso um trabalho arqueológico e de inves-

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tigação histórica que exige afinco e disposição. Fica o mistério no ar, portanto. Linha direta Nova Iorque-Belém Verdade seja dita: Belém já andava mal das pernas economicamente muito antes do fatídico ano de 1929, que determinou uma sucessão de falências pelo mundo a partir do desmantelamento da bolsa de valores nova-iorquina. Quando a notícia começou a se espalhar, o governador do Pará na época, Eurico de Freitas Vale, anunciou na mensagem, apresentada ao Congresso Legislativo, na abertura da 3ª reunião de sua legislatura, no dia 7 de setembro daquele ano malogrado, a delicada situação da economia paraense. Disse, em linguagem empolada: “conhecedor que sou minucioso das finanças do nosso Tesouro, onerada com uma velha e grande dívida consolidada externa e interna, cujos totais serviços de juros e amortização não temos podido – e devemos confessá-lo sinceramente – manter em dia, e ainda por uma antiga dívida impropriamente chamada flutuante, pois que é verdadeiramente quase toda corrente, constituída por longos antigos atrasos”. O historiador José Leôncio Siqueira diz que a situação do Pará era resultante de enormes empréstimos contraídos com bancos estrangeiros a partir do Governo Republicano. Desde o final do »»»

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século XIX, apesar de o Estado viver o áureo ciclo da Borracha, a produção extrativista do látex parecia ser insuficiente, absorvida rapidamente pelos absurdos gastos, banalmente justificados. Ele ressalta que ninguém foi capaz de prever o final do período tão abundante. Siqueira pontua que o declínio, de fato, intensificou-se com o início da Primeira Grande Guerra. O famigerado contrabando das mudas de seringueiras para a Malásia, sob domínio inglês, foi definitivo para os investidores deixarem de lado a cadeia produtiva dos seringais amazônicos. O ano de 1912 foi um marco para a derrocada do que ficou conhecido como “Belle époque”. “Com uma arrecadação incapaz de atender os seus compromissos, o Pará tampouco precisou da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque para justificar a sua situação”, diz José Leôncio, acrescentando que a crise mundial, na verdade, só fez piorar um quadro agudo de declínio financeiro em Belém e em todo o Estado. O branco que sua família merece, direto da Europa A lenda de que as famílias mais abastadas cometiam excessos torrando o dinheiro ganho com exploração dos seringais amazônicos se sustenta no volume de dólares circulando pelas duas principais cidades da região na segunda metade do século XIX: Belém e Manaus. O historiador José Leôncio Siqueira ressalta que a

época foi marcada por mudanças radicais na então Província do Grão-Pará. A modernidade havia chegado sobre os trilhos da estrada de ferro, iniciada em 24 de junho de 1873. O Theatro da Paz se destacava majestoso, já em 1878, e a capital da província era considerada a terceira praça comercial do Império, sendo chamada de “Liverpool Brasileira”. A elite paraense deu um tempo nas festas religiosas e começou a se “civilizar” em reuniões sociais, bailes, concertos, bilhares e cafés. Uma curiosidade do período, garante Leôncio, está registrada na forma de se expressar votos de sucesso: “merdas! Muitas merdas!”. Ele diz que a inusitada saudação vem do uso das charretes e carruagens à tração animal. Quando havia espetáculos no Theatro da Paz, os paralelepípedos das proximidades ficavam cobertos de fezes deixadas pelos cavalos. Quanto mais excremento na rua, mais sucesso havia obtido a apresentação, dando origem ao elogio que mais parecia xingamento. O historiador não apresenta evidências da lenda de que os abastados belenenses mandavam suas roupas para lavar na Europa. Porém, ele diz que é perfeitamente possível em um momento tão contagiante, em que o dinheiro corria solto e há história dos charutos acendidos com notas de cem dólares. À época, os endinheirados mandavam seus filhos para estudar no Velho Continente, principalmente na França, até porque o

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ensino superior no Brasil era uma fábula distante. Pode ser que o exagero tenha falado mais alto de que, além dos rebentos da elite de Belém, algumas trouxas tenham atravessado o oceano para serem alvejadas nas lavanderias finas de Lisboa, Paris ou Londres. Vai um guaraná aí? Quando o assunto é a falência da gigante Coca-cola em Belém, uma névoa de mistério se fecha mais ainda em torno da lenda de que a multinacional teria ido à bancarrota na pacata Belém de 1960, com suas mais de 20 marcas de refrigerantes locais, como: Soberano, comercializado até hoje e o Guarasuco, que virou sinônimo de popularidade nessa época: “Guarasuco está em todas!”. Os mais velhos dizem que por um tempo a capital paraense ficou desassistida do líquido negro e borbulhante. Para encontrar a sinuosa garrafinha da marca mais famosa no mundo, somente nas viagens para o Rio de Janeiro pelos aviões da Panair. Quem comenta sobre a falta de Coca-cola em Belem é o professor da Faculdade de Arquitetura da UFPA, Flávio Nassar. Ele pesca na memória a história de que a cidade ficou sem o produto, mas não sabe especificar muito bem a época. Para ele, no entanto, não fazia muita diferença, afinal, naquele tempo a publicidade sobre o refrigerante-símbolo do capitalismo não era tão invasiva e outros rótulos faziam a cabeça dos ga-

rotos belenenses. Informações oficiais dão conta de que a Companhia de Bebidas Paraense, a Compar, existia desde 1970, e nasceu como uma fábrica moderna e bem preparada para encarar o mercado competitivo de engarrafados no Pará. Em 1974, o primeiro grupo empresarial responsável pela indústria de engarrafamento vendeu o empreendimento para o grupo Simões, que já trabalhava no ramo em Manaus desde 1970. Até hoje são eles que engarrafam a Coca-cola e seus produtos na região Norte. No entanto, o boato que origina a falência da multinacional em Belém é anterior à essa época. As informações são desencontradas, mas levam a dois caminhos comuns em meio à boataria. Um de que a famosa marca norte-americana teria sido sumariamente ignorada pelos consumidores paraenses na primeira empreitada de se estabelecer no mercado regional, ainda nos idos de 1960. O outro é de que tropeços administrativos ou falta de consenso entre os primeiros franqueados, teriam encerrado o negócio promissor e resultado no fechamento da fábrica primordial que, dizem, estava instalada em algum ponto da Travessa Lomas Valentinas, no bairro do Marco. Ainda que sem confirmação segura, mas com várias histórias no mesmo tom, Belém fica com a pecha de ser a única cidade do mundo em que a Coca-cola “faliu” - mais uma para o leque da coleção de improbabilidades possíveis da capital do Pará.

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horas vagas • cinema

DVD

Os “Capitães da Areia” – Pedro Bala, Professor, Gato, Sem-Pernas, Boa Vida e Dora – são personagens que Jorge Amado um dia criou para habitarem eternamente na memória de seus leitores. Abandonados por suas famílias, eles são obrigados a lutar para sobreviver pelas ruas de Salvador. Mais atual do que nunca, a história destes personagens imortais da literatura mundial nos emociona e inspira de forma profunda.

DICA

CAPITÃES DA AREIA

O HOBBIT: A DESOLAÇÃO DE SMAUG O filme, que deve chegar ao Brasil no final da primeira quinzena de dezembro, retrata as aventuras de Bilbo Bolseiro, um pacífico hobbit, que ao lado de um grupo de anões e de Gandalf, tentará recuperar o tesouro tomado pelo dragão Smaug. Durante esta jornada, ele se depara com o anel de poder possuído por Gollum. Trata-se da história que se passa antes da trilogia “O Senhor dos Anéis”. Uma curiosidade sobre o filme: Guillermo del Toro iria dirigir o longa, mas desistiu. Peter Jackson acabou assumindo a responsabilidade.

DESTAQUE

300 – A ASCENSÃO DO IMPÉRIO

INTERNET

CLÁSSICOS

Prelúdio de 300, de Zack Snyder. Terá Xerxes como personagem principal e mostrará um pouco de suas batalhas antes de se deparar com os 300 espartanos. O elenco conta com a presença de Eva Green, Sullivan Stapleton, Jamie Blackley e Rodrigo Santoro. Inicialmente o filme se chamaria “Xerxes”, mas dada a popularidade do primeiro filme (300), os realizadores não podiam deixar passar a oportunidade de levar mais gente ao cinema.

Todas as novidades do cinema, teasers, posters – reunidos em um único portal http://cinema10.com.br/

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS

Não estranhe ver um título novo entre os clássicos: a razão é simples – um dos livros mais lidos do mundo chega ao cinema. O filme é a adaptação do livro homônimo, de Marcus Zusak. Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger sobrevive fora de Munique e sonha, por meio dos livros que ela rouba. Ajudada por seu pai adotivo, ela aprende a ler e partilhar livros com seus vizinhos, incluindo um homem judeu que vive na clandestinidade.

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Os dias passam.

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horas vagas • música

VÍDEO

ZOOMBIDO – Para se fazer uma canção A série Zoombido, apresentada por Paulinho Moska e produzida pelo Canal Brasil há seis temporadas, levanta perguntas que são fruto da curiosidade de qualquer apaixonado por música: o processo criativo de quem faz uma canção. No programa, Moska sempre recebe um convidado. Na ocasião, ele conversa com o anfitrião, toca três de suas composições e explica a maneira como elas foram idealizadas, além de responder questões que tangem o significado da música em sua própria vida – tudo muito despojado e livre. Três DVDs compilam alguns dos episódios mais interessantes do Zoombido. A sequência vale a pena não apenas para músicos e seus fãs, mas sobretudo para apaixonados por arte em geral.

DICA MANIC STREET PREACHERS Rewind the Film O Manic Street Preachers é daquelas bandas que não se enquadram totalmente em um único nicho: eles estão por ali, entre o indie, o rock alternativo e o pop britânico – estilos que aparecem mais evidentes de maneira alternada a cada trabalho. O Rewind the Film, lançado este ano, acabou por conjugar todas essas referências. Os Manics capricharam em faixas ternas, mas também trazem canções mais nervosas e outras experimentações que são a cara do grupo. Rewind the Film vale desde a primeira audição – e conquista cada vez mais com o passar das ouvidas.

CONFIRA DAVID BOWIE The Next Day

CLÁSSICO

INTERNET

Aos 66 anos, David Bowie continua atual como nunca. Depois de uma década sem lançar um trabalho de inéditas, o camaleão ressurge com The Next Day, um disco coeso e inteligente. São várias letras memoráveis, solos bem empregados, boas progressões – e aquele jeito de fazer um refrão cativante que é a cara dos bons astros do rock. Não foi à toa que, em apenas uma semana, o álbum se tornou o mais vendido no Reino Unido – posto alcançado por Bowie há vinte anos, com Black Tie White Noise, e não repetido desde então. Depois de um hiato tão longo, The Next Day é uma grande retomada na carreira de um músico brilhante, e que não deixa nada a dever aos seus irrepreensíveis clássicos.

SECOS E MOLHADOS LIVE365.COM Seguindo a tendência de outros portais de música, o Live365 é uma rádio online personalizável. É possível navegar pelos estilos musicais disponíveis; e ao escolher um, aparecem disponíveis várias outras rádios que atendam exclusivamente àquele gênero. A graça é escolher a cara do que se vai ouvir, mas preservar a experiência de ouvir rádio – a expectativa que fica por não se saber qual será a próxima faixa executada. É possível ainda criar e salvar uma lista com suas estações preferidas. Ideal para quem passa o dia na frente do computador e não quer se preocupar em formular uma playlist.

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Não seria nenhum exagero dizer que o Secos e Molhados figura até hoje, décadas após seu fim, entre as bandas que mais influenciaram a música brasileira. Em 73, seu disco de estreia apresentou faixas antológicas: Sangue Latino, Amor, Fala, O Patrão Nosso de Cada Dia... Tudo já seria, por si só, cheio de novas cores e intensidades – mas ainda havia, à frente do grupo, um icônico e inconfundível intérprete. Ney Matogrosso e sua teatralidade, combinado com o som que marcou um dos períodos mais frutíferos da cultura nacional, elevaram o álbum (e a banda) ao status de lenda. Um clássico indiscutível – e, ainda hoje, extremamente moderno.

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horas vagas • literatura

DICA TODA MAFALDA Quino Mafalda é apenas uma garotinha. Gosta de brincar, de dançar e odeia tomar sopa. Mas, com apenas seis anos de idade, a menina criada pelo cartunista argentino Quino, na década de setenta, tem plena consciência do mundo em que vive, cheio de injustiças, guerras e intolerância. Ela e sua turma gostam dos Beatles, mas questionam o insano universo dos adultos, suas manias e suas maneiras de encarar o mundo e a realidade. A última tirinha dessa personagem foi publicada em 1975, mas continua mais atual do que nunca. Esta edição contém todas as tirinhas publicadas por Quino, da primeira à última, e mostram, com muito humor e carisma, que ser politizado e consciente não significa ser pessimista, e, principalmente, não significa ser adulto. (Fonte: FNAC)

DESTAQUE HISTÓRIA DAS TERRAS E LUGARES LENDÁRIOS Umberto Eco Neste ensaio ilustrado, Umberto Eco discorre sobre a história de lugares como Camelot, Atlântida, o paradeiro do Santo Graal, Lemúria, a ilha de Salomão, o Eldorado e o país da rainha de Sabá – lendas tão bem construídas pela literatura e disseminadas em pinturas, filmes e canções, que muita gente pode acreditar que são reais. Ao aliar uma brilhante antologia de textos a uma pesquisa iconográfica impecável, Umberto Eco descreve o que há de interessante por trás das terras que fascinaram tantos artistas ao longo dos séculos e que continuam a habitar sonhos remotos de paraísos desconhecidos. (Fonte: Livraria da Travessa)

CLÁSSICO OS IRMÃOS KARAMÁZOV Fiódor Dostoiévski LANÇAMENTO

Último romance de Fiódor Dostoiévski, Os irmãos Karamázov (1880) representa uma síntese magistral dos vários temas que perseguiram o autor ao longo de sua vida e o ponto culminante de toda a sua obra. Reconhecido como um dos grandes feitos literários de todos os tempos, o livro influenciou pensadores do porte de Nietzsche e Freud – que o considerava “o maior romance já escrito” – e sucessivas gerações de escritores. Publicada agora em um único volume, esta premiada tradução foi realizada diretamente do russo por Paulo Bezerra, a partir da edição crítica das obras completas de Dostoiévski. (Fonte: FNAC)

HARRY POTTER Edição de Colecionador - Caixa Preta

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OMEROS Derek Walcott Em ‘Omeros’, se o mar e os negros pescadores de Santa Lucia fornecem a matéria-prima, um vasto arsenal de imagens, ritmos e texturas tropicais, são os arquétipos da ‘Ilíada’ e da ‘Odisseia’, as personagens míticas de Aquiles, Helena, Heitor e Filoctete (além do próprio Homero, encarnado num pescador cego, de nome Sete Mares), que definem as linhas do poema. Misto de poesia, mito, romance e roteiro de cinema, ‘Omeros’ pretende ser também uma meditação sobre questões cruciais do mundo do início do século XXI, como a destruição da natureza, a identidade das minorias e o desenraizamento individual e coletivo. Editora: Companhia das Letras. (Fonte: Livraria Cultura)

CONFIRA

A Editora Rocco prepara para este fim de ano uma nova edição da série Harry Potter, maior fenômeno editorial de todos os tempos, com mais de 450 milhões de exemplares vendidos em 70 idiomas. O box Harry Potter – Edição de colecionador chega às prateleiras de todo o país a partir do dia 24 de novembro e reúne os sete volumes da saga criada por J. K. Rowling em capa dura com ilustrações inéditas. Os sete livros da saga criada por J.K Rowling – que acompanha a jornada de um jovem aprendiz de bruxo contra o maléfico Voldemort, responsável pela morte dos pais do bruxinho – revolucionaram o mercado editorial e deixaram órfã uma geração inteira de leitores, que se mantém atenta ao universo criado pela autora e ávida por novidades relacionadas à série. Harry Potter – edição de colecionador mantém a tradução de Lia Wyler, assim como o formato e número de páginas dos livros; já as novas ilustrações de capa ficaram a cargo do ilustrador Mario Alberto, artista gráfico formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ com importantes trabalhos na área editorial e colaborador do jornal esportivo Lance! Fonte: Saraiva

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horas vagas • New York

BILLY JOEL O cantor, compositor e pianista norte-americano Billy Joel continua em plena forma. Vigoroso no palco como poucos de sua geração, Joel faz show no dia 27 de janeiro no emblemático Madison Square Garden. A apresentação faz parte de uma temporada voltada especialmente para os turistas – público que lota frequentemente os shows do artista. Na ocasião, ele apresentará alguns de seus muitos hits, como Piano Man e Movin’ Out – além de mostrar a razão pela qual ganhou seis Grammys e um Tony Award. www.billyjoel.com

ROCK OF AGES Indicado a cinco Tony Awards, o musical Rock of Ages toca no ponto certo: o saudosismo pela época auge do rock’ n’ roll. Construído em torno de algumas das mais clássicas canções do estilo, principalmente daquelas que estouraram na década de 80, o espetáculo conta a história de Drew e Sherrie - dois jovens que vão para Los Angeles em busca de um sonho em comum: viver da música. A peça é bem-humorada, e encontra sua redenção ao exagerar os comportamentos caricatos dos rockstars da época, brincando com os estereótipos e revirando as memórias. Fica em cartaz até o fim de fevereiro no Helen Hayes Theatre (240 West 44th Street). Para ver, ouvir e cantar junto. www.rockofagesmusical.com

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As programações a seguir foram cedidas e podem ser modificadas, sem qualquer aviso prévio.

horas vagas • Rio & Sampa

RITA LEE MORA AO LADO – O MUSICAL “Rita lee Mora ao Lado” é o título de uma inusitada biografia que conta a história da hitmaker Rita Lee, sob o olhar invejoso de uma vizinha ficcional. O livro, divertidíssimo, ganhou montagem de musical - a exemplo da tendência, ainda em formação no Brasil, de contar por meio de canções a vida e a obra de um artista. No espetáculo, a atriz Mel Lisboa dá vida a Rita. Conta sobre sua divertida infância, a adolescência complicada, o surgimento dos Mutantes, a carreira solo e o amor por Roberto de Carvalho. De quebra, conta um pouco da história do país, bem como outras curiosidades que aconteceram ao redor da ovelha negra, envolvendo nomes importantes da cultura brasileira. A estreia está prevista para abril do ano que vem, no Teatro Tuca, em São Paulo.

LE PARC LUMIÈRE - OBRAS CINÉTICAS DE JULIO LE PARC Julio Le Parc é um dos mais importantes artistas contemporâneos em atividade na América Latina. O argentino é pioneiro na arte cinética, e traz ao Brasil sua terceira exposição individual e simultânea – dividida entre Rio de Janeiro e São Paulo. A mostra apresenta trinta instalações luminosas, mais quatro maquetes que revelam os mecanismos desenvolvidos por Julio. Ele próprio participou do processo de curadoria, assinado por Hans-Michael Herzog, diretor artístico da Coleção Daros Latinamerica, e Käthe Walser, curadora técnica da instituição. Nas palavras de Hans-Michael, a exposição é “uma grande sinfonia de luz em movimento”. Le Parc Lumière está na Casa Daros, no Rio de Janeiro; e vai até o dia 23 de fevereiro, sempre de quarta a domingo.

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horas vagas • iPad

FACETUNE EVERPIX É um app inteligente de fotos para iPhone e iPad que ajuda a reunir suas fotos de todas as suas redes sociais num único lugar e dar sentido a sua coleção cada vez maior de fotos. No Everpix você consegue conectar e ver todas suas fotos do Facebook, Flickr, Gmail e Instagram, além das fotos armazenadas diretamente no seu iPhone, iPad, Mac e Windows, em mosaicos dinâmicos muito bonitos. Como Everpix é inteligente, ele remove duplicatas automaticamente, então mesmo que você tenha compartilhado uma foto do Instagram no Facebook e Twitter, ela não irá aparecer três vezes no app. Para iPhones e iPads 3G você pode colocar sincronização de fotos no seu Rolo de Câmera automaticamente baseado na sua localização, sem que você nem precise abrir o app para isso. Um recurso recente que gostei bastante é o Explore. O mesmo processo que analisa suas imagens para remover duplicatas e saber quais foram as melhores consegue dizer também se as fotos são de comida, natureza, cidade, pessoas ou animais de estimação (com mais formatos vindo no futuro). Assim você pode rapidamente filtrar e redescobrir seu conteúdo com um toque. Fantástico. Custo: Free

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A GAME OF THRONES: THE BOARD GAME SECOND EDITION

Leaf – Óculos em madeira Natureza com outros olhos. Esse é o lema da Leaf, empresa que caiu no gosto dos moderninhos brasileiros ao fazer armações estilosas de óculos em madeira. Os modelos são todos fabricados manualmente, com madeiras certificadas e preocupação notável com a qualidade do design. O resultado é um par de óculos bonito e ecofriendly, disponível tanto na versão de sol quanto na de grau – para este, é preciso enviar a receita para os responsáveis. O acessório chega à casa do comprador já com as lentes ajustadas. Ocasionalmente, a Leaf faz parcerias com artistas plásticos, o que rende outros modelos interessantes. Item de colecionador.

A série de best-sellers As Crônicas de Gelo e Fogo, do célebre escritor RR Martin, virou febre no mundo todo: inspirou jogos de videogame, brinquedos, a épica série Game of Thrones, produzida pela HBO... E como não poderia deixar de ser, também motivou a criação de um excelente jogo de tabuleiro, que permite que até seis jogadores controlem as grandes casas de Westeros, proporcionando lutas épicas para reclamar o Trono de Ferro. A atualização traz várias melhorias: ela incorpora expansões anteriores, inclui portos, guarnições, cartas, gráficos mais elaborados e outras inovações – tudo para deixar o jogo mais interessante e complexo do ponto de vista da estratégia. A brincadeira tem potencial para cativar até aqueles que ainda não se deixaram levar pela história de Martin.

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The Beatles Stereo Vinil Box Set Às vésperas de completar 50 anos, a banda que revolucionou a história da música nunca deixou de emocionar seus antigos fãs, nem de conquistar outros tantos novos ao longo dos tempos. Foi pensando nisso que a loja oficial do fabfour decidiu unir toda a vida sonora do grupo em um único box. A coletânea não poderia ser mais completa: inclui todos os vinis dos rapazes de Liverpool – desde o Please Please Me até o duplo Past Masters. Também contém um livro capa dura com 252 páginas, que explica o contexto e a importância de cada LP, assim como de sua remasterização – tudo com fotos incríveis e em um layout de muito bom gosto. De brinde, uma camiseta exclusiva completa o pacote. Um excelente e atemporal presente de Natal para quem gosta de rock. Onde: bandup.tray.com.br Preço sugerido: R$ 2.399

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NOSTALGIA 3-IN-1 BREAKFAST STATION A inspiração é retrô. A utilização é funcional. Ideal para cozinhas cheias de personalidade, a Nostalgia 3-in-1 Breakfast Station lembra os brinquedos culinários de infância. O aparelho inclui cafeteira (com capacidade para quatro xícaras de café), torradeira para dois pães e um prato antiaderente removível para preparar ovos. O charme fica mesmo por conta do bem-humorado tom de azul e o aspecto saudosista do design – sugerido pelo próprio nome da invenção. Prática, descontraída e útil, a torradeira 3 em 1 faz de qualquer cozinha um lugar mais divertido. Onde: amazon.com Preço sugerido: US$ 39,99

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DA LAPA AO MASCOTE:

SEBASTIÃO TAPAJÓS Felipe Cordeiro Músico

Tapajós, o rio, enche de horizonte a visão dos mocorongos*, tanto quanto Tapajós, o mestre maior do violão paraense, enche de beleza o coração de quem ouve seus trinados, levadas e acordes. Há muitas décadas, Sebastião Tapajós potencializa, sem muito esforço, a criatividade do violão brasileiro. Nas suas incontáveis viagens pelo mundo deixou rastros: discos e apresentações memoráveis. Tocou com Astor Piazzolla, Paquito D’Rivera, Hermeto Pascoal, Zimbo Trio, Waldir Azevedo, entre outros. Gravou Radamés Gnattali, Guerra-Peixe, Villa-Lobos e Dilermando Reis. São mais de 50 anos de carreira em mais de 50 discos. “Tião” é da turma dos gênios simples, quero dizer,

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dos que prezam por simplicidade. Talvez por isso o interesse em gravar um álbum dedicado à boêmia e às noites dos homens simples dos botecos e rodas de samba. Fez o elo entre as os redutos centrais do samba-choro carioca e a sonoridade amazônica. Essa é a ideia do “Da Lapa ao Mascote”, mais recente trabalho do mestre que acaba de chegar em cd. Em doze faixas compostas pelo Tião, o disco traz a síncope do samba-jazz na maioria das músicas,

com sopros mais tradicionais e lances ousados de percussão, vindos das mãos virtuosas e precisas do Márcio Jardim (que também assina a direção de estúdio). Trata-se de um álbum de composições onde todos os músicos têm muito destaque, não é um disco do solista Sebastião. Edmárcio Paixão (violão), Dhionny Vianna (contrabaixo), Andresson Dourado (Teclado), Júnior Castro (Flauta e Sax Soprano), Gean Araújo (Trombone) e Yuri Lima (Bateria) são os músicos participantes na maioria das faixas. Ney Conceição, antigo parceiro, com quem já dividiu vários discos, aparece nos baixos de “Mascote”, “Didi Manu” e “Aos da Guitarrada”, esta última, música que Sebastião Tapajós dedica aos músicos da guitarrada, gênero típico do Pará, forjado nos anos 70 das mãos de guitarristas como Vieira, Aldo Sena, Solano e Marinho. Sérgio Ábalos, argentino que tem sido parceiro de Tapajós nos últimos anos, também mostra categoria brasileira em algumas faixas do álbum. Sebastião Tapajós é caudaloso, brasileiro e lírico como o rio que margeia Santarém. (*) NE: mocorongo – como carinhosamente é chamado quem nasce em Santarém, oeste do Pará.

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galeria

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Bianca Borges

Daryan Dornelles

Entre

retratos canções e

Ele se especializou em fazer retratos de artistas brasileiros. Agora Daryan Dornelles se prepara para lançar um livro reunindo fotografias de cantores, compositores, produtores e outros personagens da música nacional.

F

ernanda Montenegro. Chico Anysio. Nelson Pereira dos Santos. Ferreira Gullar. Maria Bethânia. Gilberto Gil. Ziraldo. Eduardo Coutinho. Amora Mautner. Chico Buarque. Dominguinhos. Esses são apenas alguns dos nomes que integram o portfólio do fotógrafo Daryan Dornelles, que, ao longo de quase duas décadas, vem se dedicando a fotografar personalidades de destaque no mundo artístico em sua forma mais concisa: a dos retratos. Dornelles é autor de mais de uma centena de imagens de capas de discos. E há nada menos que mil retratos feitos por ele, de artistas e personalidades, que estamparam diversos jornais, sites e revistas de circulação no Brasil e no exterior. Em 2011, foi convidado a participar do livro Unlimited Grain Portraits com dois de seus registros: os retratos do ator Alexandre Borges e o da líder da banda nova-iorquina Yeah Yeah Yeahs, Karen O. Nada mau para quem começou na fotografia quase por acaso. Ele tinha pouco mais de 20 anos quando fez as primeiras imagens “profissionais”, ainda que sua escolha para a função tenha se dado em um momento de improviso. “Eu era nadador e estava em Santiago, no Chile, para uma competição. Só que perdi o voo e meu técnico, irritadíssimo, comentou, em tom de bronca: ‘estamos atrasados, e agora, além de tudo, ainda tenho de providenciar

urgentemente um fotógrafo para registrar a prova’”. Como não estava disposto a nadar – preferindo se poupar do frio chileno –, Dornelles se ofereceu para fazer as fotos. Foi o seu primeiro contato direto com o ofício e, daquele instante em diante, não iria mais deixar a fotografia. À época, era estudante do curso de Jornalismo e Cinema, na Universidade Federal Fluminense (UFF) e já tinha algum domínio técnico e intimidade com as câmeras, que manipulava em seu estágio como foquista (profissional de cinema que trabalha para garantir o foco do objeto filmado pelo operador de câmera). Dornelles já havia passado pelos cursos de Geografia e Psicologia, sem conseguir se identificar muito. “Me encontrei mais no curso de Comunicação, com um grupo que gostava de imagem e curtia conversar sobre diversos assuntos relacionados ao mundo cultural”. Este momento foi determinante para que ele encontrasse seu próprio caminho e delimitasse um estilo particular. “Quando comecei, o retrato foi o que imediatamente mais me interessou na fotografia. Sempre gostei dessa etapa de falar antes com o personagem, de poder montar a imagem, aplicar a minha luz, fazer a minha foto”, pontua. Agora que construiu um portfólio com retratos de artistas de diferentes núcleos, da literatura ao cinema, artes plásticas, teatro e televisão, decidiu que a »»»

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Karina Buhr

música seria o tema de seu mais acalentado trabalho: um livro apenas com retratos de personagens da música brasileira, incluindo cantores, compositores e produtores. O lançamento de “Retratos de músicos do Brasil”, título ainda provisório, está previsto para o início de 2014, pela Sonora Editora. E por que a música, afinal? “Porque eu gosto mais de música, sou muito apaixonado. Até tentei tocar algum instrumento, só que não levo jeito. Não nasci para ser músico, mas para consumir música e fotografar quem faz música”, responde ele, segurando entre os dedos a sacola com os discos que acabara de comprar na feira de vinis do bairro vizinho ao local que ele sugeriu – estrategicamente – para a nossa conversa. Entre as novas aquisições, que vão se juntar aos outros cinco mil vinis de sua coleção, estavam os discos “A Divina Comédia”; dos Mutantes,

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“Metal Metal”, do Metá Metá; e “Maria Fumaça”, da banda Black Rio. Os diferentes gostos, interesses e preferências musicais de Dornelles se juntam, em alguns momentos, às suas referências visuais, de forma intencional – ou não necessariamente. No final do ano passado, ele produziu uma série de fotografias do cantor e compositor Gilberto Gil, para a matéria de capa da (extinta) revista Bravo! (edição 184). Como na reportagem fala-se da influência de Luiz Gonzaga na trajetória do músico baiano, a pauta de Dornelles indicava apenas que ele deixasse Gil à vontade o suficiente para encarnar seu mestre, empunhando uma sanfona. Gil posou com o instrumento tal qual Gonzagão, mas foi além. “Durante o ensaio, ele começou a levar as mãos ao rosto. Eu achei que estava ficando bom, incentivei a continuar fazendo os »»»

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Maria Rita

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Chico Buarque

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Gilberto Gil

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Domingos Montagner

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LuĂ­s Melo

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À esquerda, Mr. Catra. Acima, Dado Villa-Lobos.

gestos e saiu uma sequência dessas fotos”, detalha. Só na pós-produção, já com os editores da revista, percebeu que fizera uma releitura da foto icônica de Miles Davis, capturada pelas lentes de Anton Corbijn, para o álbum Tutu, de 1986. “Aquilo foi totalmente involuntário, mas achamos superválido fazer essa referência. Os editores gostaram tanto da força dessa imagem que a escolheram na hora”, lembra-se Dornelles, que nos seus tempos de leitor da (também extinta) revista Bizz, especializada em música, admirava as fotos assinadas pelo fotógrafo paulistano Rui Mendes, responsável pela maioria das capas de discos mais importantes do rock nacional da década de 1980. Devido à sua própria natureza, o retrato é uma imagem que estabelece proximidade imediata entre o fotografado e quem vê. Inevitavelmente, essa proximidade precisa ser conquistada antes, por quem fotografa. “O retrato transmite a confiança do personagem retratado no fotógrafo. Por isso não é fácil fazer um retrato; não é só chegar, colocar a câmera e dar um clique” defende ele, que diferencia seu tra-

balho do de um fotógrafo de imagens factuais: “Um retrato não é um flagrante. É uma imagem composta, montada. Você tem o comando das coisas, é a sua ideia, a sua luz, o que você imagina. É como eu vejo aquela pessoa e é daquela forma que eu gostaria que os outros a vissem também”. A proximidade é tamanha que, não por acaso, Dornelles costuma ouvir dos retratados indicações do tipo “prioriza o close nesse lado do meu rosto, porque esse lado eu acho mais bonito”, às quais ele contrapõe: “Ok, vamos fazer desse lado”, mas acaba fotografando o outro lado também – “só por garantia”, brinca. Vaidades à parte, as frases mais recorrentes que ele ouve após a sessão são “Nossa! Mas já acabou?”, “Puxa, que rápido!”, “Ufa! Que bom!!!”. De cinco a, no máximo, dez minutos. Esse tempo é mais do que suficiente para que Dornelles faça um retrato. “Vou tão focado para a sessão, com tanta certeza do que quero fazer, que não consigo ficar muito tempo. É como se eu criasse uma pré-imagem na minha cabeça”. Mas se o tempo que ele leva para fazer o trabalho »»»

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Fernanda Montenegro

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Leandra Leal

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Marcelinho da Lua

é tão curto, é justamente porque antes do encontro com o artista a ser retratado, Dornelles executa um processo de pesquisa sobre sua vida e obra, estuda minuciosamente a personalidade, os gostos e características físicas que possam ser relevantes para a composição do retrato. Por fim, utiliza todo esse referencial a seu favor no momento em que aperta o botão e finaliza o registro. “Pesquiso sobre o que ele gosta, vejo imagens anteriores dele, procuro referências de pessoas que têm trabalhos similares ou por quem ele tem admiração, analiso seu perfil e características estéticas que indiquem com o que aquela pessoa combina mais: roupa, luz etc. Na hora, converso com o fotografado e faço sugestões: ‘acho que essa roupa pode ser boa para a foto. O que você acha?’... Enfim, tento mostrar que ele fica bem daquele jeito”, detalha. Apesar da dedicação à fotografia, o tema rara-

mente está no centro de suas conversas com amigos. “Eu falo muito mais sobre música e futebol do que qualquer outro assunto”, resume o carioca, que é torcedor do Vasco da Gama. Dornelles diz ainda ter pouquíssimos amigos no meio fotográfico – com exceção dos sócios Edu Monteiro e Andrea Marques, com quem montou, há 10 anos, o Estúdio Fotonauta. “Ao longo desse tempo todo, nunca brigamos por nada”, garante. Atualmente, a empresa funciona em Santa Tereza, bairro famoso por suas ladeiras, clima ameno e a notória capacidade de atrair artistas de diferentes segmentos. Mas o grupo está de mudança. Dentro em breve, eles ocuparão um dos espaços da antiga fábrica Bhering, na região portuária do Rio de Janeiro, onde se juntarão a artistas plásticos, designers, estilistas, desenhistas e editores independentes, entre outros criativos.

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A LEAL MOREIRA AGRADECE A TODOS OS PARCEIROS QUE ESTIVERAM CONOSCO NOS ESPAÇOS LEAL MOREIRA EM TONS DE BLUES E JAZZ E LEAL MOREIRA EXPERIENCE, DURANTE OS 45 DIAS DE CASACOR PARÁ 2013. PARCEIROS QUE ACREDITARAM E SE TORNARAM MARCAS FUNDAMENTAIS NO SUCESSO DESTES PROJETOS.

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PAULO AZEVEDO A R T I S TA P L Á S T I C O

ESIGN

MUITO OBRIGADO. RLM41_05.indd 155

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destino

Temple Bar é uma área situada na margem sul do rio Liffey, com prédios medievais que abrigam os melhores - e mais concorridos - pubs da cidade. revistalealmoreira.com.br

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Carolina Menezes

divulgação/internet

Um dia nublado,

não é dia para

as crianças! Subestimada como destino e ignorada pelas agências de viagem e pacotes turísticos, a capital irlandesa oferece uma experiência e tanto: passeios deliciosos, pubs concorridos e um clima mais que convidativo.

U

ma capital com mais de 1,5 milhão de habitantes que consegue manter os ares das pequenas e aconchegantes cidades europeias e onde é possível, a cada cinco ou dez metros, achar um pub, uma igreja e uma loja de presentes. Em um resumo rápido, essa é Dublin, a capital da Irlanda, país situado em uma ilha banhada pelo Oceano Atlântico e inserido no continente europeu. Frequentemente deixada de lado nos pacotes de viagem e excursões à Europa por exigir trajeto ou de avião ou de navio, a capital irlandesa, de perto, oferece uma experiência das mais agradáveis a quem se atreve a conhecê-la e surpreende pela beleza das ruas e construções que podem ser conhecidas a rodo mesmo a pé. Há pouco tempo, o país viveu uma de suas datas mais celebradas, o Halloween, que no Brasil é conhecido como o Dia das Bruxas, comemorado em 31 de outubro. É impossível não se contagiar com o clima que toma conta da cidade. Todos, desde os transeuntes aos atendentes de lojas, bares e motoristas de ônibus saem de casa fantasiados e sem pudor em pedir doces ou oferecer travessuras a quem quer que encontrem. A data tem outro valor especial: é uma das últimas antes do início do inverno, que costuma ser pouco piedoso a quem não gosta muito de frio, especial-

mente pelas ventanias, que tornam a sensação térmica bastante baixa mesmo durante o dia. As hospedagens em hotéis e hostels, como em quase toda a Europa, oferecem opções para todos os tipos de orçamento e com acomodações confortáveis. O centro da cidade vale os tours a pé – Dublin é desenhada de tal maneira que com um simples mapa ou GPS de celular é possível chegar a quase qualquer ponto turístico sem dificuldade ou necessidade de pegar ônibus ou táxi – que saem de vários pontos da cidade, dentre eles, o prédio da Prefeitura, rumo aos monumentos e marcos históricos. Destaque para o Castelo de Dublin, na Dame Street, local em que a Irlanda foi declarada oficialmente um país, em 1922, e palco do “Domingo Sangrento” (Bloody Sunday) de 1920, quando dois oficiais do Exército Republicano Irlandês e um amigo dos dois foram assassinados nos campos do complexo ao tentar fugir, no auge do movimento britânico contra o separatismo irlandês. Uma conferida nos parques, especialmente no final da tarde, também vale a pena. Uma boa dica é o St. Stephen’s Green, com seu lago repleto de patos. Não se espante de encontrar um ou bem mais que um brasileiro em Dublin. A cidade é cheia dos nossos compadres, principalmente pelo fato »»»

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Altar da Catedral de St. Patrick

Acima, a Christ Church Cathedral. Ao lado, as bicicletas - tĂŁo caracterĂ­sticas da paisagem irlandesa

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O ditado irlandês reafirma a paixão pelo dia de São Patrick.

de que ao conseguir um visto de estudante para a capital irlandesa, o imigrante está autorizado a trabalhar. Os relatos são sempre parecidos: foram estudar seis meses, gostaram da cidade, buscaram novos cursos, e consequentemente, a renovação da permanência no país. Naturalmente, toda grande cidade tem uma catedral, mas Dublin possui duas, e ambas de estilo gótico – como a maioria das igrejas da cidade. A Christ Church Cathedral, construída no século XI, e a famosa Catedral de São Patrício, que surgiu no século seguinte e faz referência ao maior feriado irlandês, o Dia de São Patrício (Saint Patrick), um dos padroeiros da Irlanda, celebrado em 17 de março, dia em que as pessoas saem às ruas vestindo verde e não se acanham em tomar um pint (medida comumente utilizada no Reino Unido e que equivale a pouco mais de meio litro) de cerveja – ou outras muitas mais. Até mesmo países como os Estados Unidos reconhecem e celebram a data. Falando em cerveja, é fato mundialmente conhecido que irlandeses adoram qualquer evento que envolva uma boa bebida. Inclusive é de lá que vem uma das cervejas mais conhecidas do mun-

do, a Guiness, criada em 1759, que tem a harpa como símbolo – em homenagem ao líder Brian Boru, que guiava os exércitos às lutas carregando uma harpa nas costas e morreu em 1014, na Batalha de Clontarf, contra os vikings. Assim como em Amsterdã, na Holanda, a visita à fábrica da Heineken é parada obrigatória aos apreciadores da bebida, o mesmo vale para a fábrica da Guiness, que oferece tours diários aos seus visitantes. Para quem gosta de uísque, vale aproveitar o fato de se estar na terra do uísque Jameson, criado em 1780 pelo escocês John Jameson que nem imaginava, ao adquirir uma pequena destilaria em Dublin, estar criando uma marca que se tornaria das mais famosas no país. Curiosidade: em uma junção quase profana, as marcas Guiness e Jameson são responsáveis pela manutenção, respectivamente, da Cadetral de São Patrício e da Christ Church Cathedral. O conceito de pub em Dublin é um pouco mais amplo do que o conceito brasileiro da palavra. Bebida é apenas um dos itens oferecidos, e geralmente o cardápio oferece deliciosos pratos, dentre eles, o celebrado ‘guisado irlandês’, cujo molho tem (como não poderia deixar de ser) a Guiness »»»

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Como chegar Nenhuma companhia aérea que opera voos domésticos no Brasil leva direto a Dublin, somente as internacionais, e um voo Belém-Dublin, dependendo da época, pode ultrapassar os R$ 5 mil. Então a dica é, pela única operadora que realiza vôos domésticos e também para a Europa, ir, com escala certa em São Paulo, principalmente, a países como França, Alemanha, Espanha, Itália ou Inglaterra, e de lá ir de avião (mais prático e menos tempo de viagem) ou de navio para a capital irlandesa. Há uma boa quantidade de empresas que fazem esse trajeto aéreo, e um voo, por exemplo, Frankfurt-Dublin-Frankfurt fica em torno dos 150€ (algo em torno de R$ 420).

A Grafton Street é o centro comercial de Dublin (ao lado). Acima, externa de St. Patrick. E a última foto mostra o por-do-sol na cidade.

como base. O Temple Bar, uma espécie de bairro que agrega os melhores pubs de Dublin, é o local para essa experiência. O estilo é praticamente igual em quase todos eles, com baixa iluminação e estruturas internas em madeira, mas vale a pena apreciar mais de um, e dá para fazer a qualquer hora do dia, já que eles se encontram abertos desde o período da manhã. Uma dica para quem tem pouco tempo e quer conhecer a noite irlandesa são os Pub Crawls, que envolvem um pequeno tour entre cinco ou seis diferentes em uma mesma noite e cujo ingresso pode ser adquirido em qualquer recepção de hotel ou hostel. Viagem sem levar souvenir para casa não é viagem, e os irlandeses entendem disso também. Lojas como a Carrols e Coleman oferecem desde camisas, chaveiros e ímãs de geladeira aos emblemáticos chapéus de leprechauns (gnomos ou duentes, considerados guardiões de tesouros escondidos), fantasias, bolsas, malas e muito mais. Um verdadeiro desafio ao autocontrole e ao limite do cartão de crédito. Ah, e sobre o título desta matéria, o ditado irlandês parece cada vez mais justo à atmosfera de Dublin. Só vivendo os dias nublados e de muitos pints, para entender.

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enquanto isso

Andrea Marcondes hoteleira

Sydney A ideia de obter experiência no exterior sempre me agradou e, depois de conquistar meu diploma de pós-graduação em Gestão Hoteleira, decidi que queria estudar mais o assunto em um país diferente. E eis que me vi escolhendo fazer inscrição em uma escola de hotelaria em Sydney. Confesso: jamais pensei em vir morar do outro lado do mundo; e me instigava a oportunidade de viver experiências que eu certamente jamais pensei que viveria. O que de cara pude observar é a variedade de eventos e coisas pra fazer pela cidade. Não tem um dia em que você não encontre algo legal pra fazer por aqui. No verão, a cidade fica ainda mais agitada: mais turistas e muitos eventos, que vão de exposições de arte e festivais às mais inusitadas atrações e atividades – como a corrida de Papai Noel (Santa Variety Fun Run) ou uma festa de Halloween no Australian Museum. O ponto mais visitado aqui em Sydney, acredito, é o Opera House. Todo dia de sol parece domingo em Circular Quay, região onde fica o ponto turístico. O meu lugar favorito, entretanto, fica em outra baía, chamada Cockle Bay: o Darling Harbour. O Harbour é rodeado por restaurantes, bares e boates, e é uma agitação só – dia e noite. Diversos festivais acontecem por lá –

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inclusive o Brazilian Day! – e o clima e a paisagem trazem uma vibe deliciosa. Além disso, todo sábado tem fogos na baía. Um fim de tarde apreciando a vista, fechando a noite com esse espetáculo, é algo impagável! Além dos pontos turísticos e museus, os maiores atrativos de Sydney são as praias. Bondi Beach é a praia mais “queridinha” e famosa daqui, e fica lotada no verão. Mas existem diversas outras praias deliciosas, como Coogee Beach. Coogee possui um clima especial, pois por terem tantos brasileiros, todo fim de semana tem uma roda de samba ou capoeira por lá. Uma boa dica pra quem vai à praia com um grupo de amigos é chegar cedo e ocupar uma das churrasqueiras que a cidade disponibiliza. Curiosidades não faltam por aqui. Algo muito interessante são os artistas de rua pela cidade: qualquer lugar movimentado que você vá, você encontrará um músico, com seu violão, gaita, tambor ou sem instrumento algum; cantando ou entretendo. Entre outras curiosidades está o fato de ser ilegal consumir bebida alcóolica na rua, fora dos estabelecimentos; e de a mão dos carros ser ao contrário – o motorista aqui dirige do lado esquerdo. É bem

estranho no início e leva um tempo para se acostumar com essa inversão, que se estende para o fluxo de pedestres na calçada e o lado que você deve ficar na escada rolante para dar passagem, por exemplo. Entre lugares interessantes e pouco conhecidos pelos turistas está Newtown: um bairro cheio de estilo, com diversas lojas e restaurantes inusitados. Os frequentadores são em sua maioria jovens alternativos, então você pode ir sem se preocupar com a roupa que usa ou o jeito como você anda: acredite, ninguém vai notar ou estranhar. Além disso, há inúmeros pubs pela cidade, com música boa e shows de bandas independentes – e muitos deles são verdadeiros esconderijos! Um bom exemplo é o bar Good God, que fica no subsolo e tem uma decoração bastante inusitada. Lá, a música se destaca por ser diferenciada, passando do rock até a bossa nova. Outro ótimo, famoso e movimentado pub no centro de Sydney é o Three Wise Monkeys, que tem três andares e show de bandas durante todo fim de semana – divertidíssimo! Sydney é realmente uma cidade especial, e pra quem procura agitação e novas e inusitadas experiências, esse é o lugar certo!

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A cozinha mais assustadora do mundo!

Gabriel Vidolin Chef de cozinha

Ela estava cozinhando a ave mais linda do mundo. Seu pescoço era comprido, suas penas azuis vivas, seu bico laranja: era um Dodô – criado magnificamente em terras brasileiras, em uma única sala sem luz, que permitia suas penas atingirem uma pigmentação azul fluorescente, uma carne amarelada macia, livre de gorduras e um belo bico alaranjado. De tão belas e exóticas, as penas eram vendidas para escolas de samba (e mulheres vaidosas), portanto na cozinha eram separadas cuidadosamente e acomodadas em caixas de plástico, hermeticamente fechadas entre camadas de seda, para garantir que as penas não amassassem, mantendo, desta forma, sua textura aveludada. O bico era separado e escaldado em uma solução de água, sal e vinagre; depois polido e embalado a vácuo. Seria destinado aos melhores artesãos da Suíça, que a partir daquela matéria-prima tão valiosa, manufaturariam belas armações de óculos, relógios e arremates para pulseirinhas de couro masculinas. A carne – naturalmente – era aproveitada pela cozinha. Dourada em manteiga quente e depois assada (coberta por uma bexiga de porco), hidratada em vinho do Porto, besuntada com manteiga de trufas – tudo para garantir uma boa cocção e o resultado final “macio e suculento”. Depois de depenado e debicado, o Dodô ficava do tamanho de uma codorna grande. Com seus pés fazia-se o caldo, que reduzia bastante para virar

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o molho. As vísceras eram jogadas no lixo. Mas me comentou o cozinheiro que, vez ou outra, a família de chineses que vivia no final da rua, pedia as vísceras para fazer remédio, ou sabe-se lá o que mais. Eu assistia tudo aquilo inerte. Não era minha cozinha. Mas era convidado a sentar-me à mesa. Deveria me portar como um estagiário. Essa era a condição. Às 19 horas eu deveria falar ao público: uma mesa de jornalistas e pessoas importantes, o que sempre me dava medo. Eu teria 10 horas para pensar exatamente o que eu diria. E 10 horas para me acalmar. Ela chegou sorridente e linda como sempre. Com seu uniforme bonito, voz tranquila e um sorriso confortante. Ela é minha amiga. Ajuda a me proteger. Então nos sentamos à mesa. Foi quando ela disse que ELE viria. E eu tive medo. Por volta das 18h ele chegou. Com sua pele desenhada e barba afiada, ele tinha os braços de um lenhador e nunca sorria desnecessariamente. Tive medo dele. Ele se sentou e todas as luzes foram apagadas, à exceção de um holofote, que focou seu rosto. Eu corri pela porta rapidamente, vestindo minha velha camiseta e com meu uniforme amassado em mãos. Corri para uma lavanderia do outro lado da rua e pedi para que meu uniforme fosse engomado. Noventa centavos seriam necessários. Eu tirei 6 reais da minha carteira e comprei 2 picolés. E assim eu me escondi na lavanderia.

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gourmet

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Lorena Filgueiras

Serginho Coimbra Produção: Déborah Nappi

Um

homem

família

de

Imagine quão lúdico e mágico pode ser o universo de um menino que cresceu brincando entre as sacarias de um empório. Achou estranho que o cenário não fosse mais convidativo? Não para Rodrigo Oliveira.

E

ntre as sacarias do bar (como o pai, o “seu” Zé Almeida denominava o pequeno empório, à época), lavando louça, ajudando em pequenos afazeres, o pequeno Rodrigo começava a escrever sua trajetória. “O paulistano de coração sertanejo”, como ele mesmo costuma se definir, não teve privilégios; “teve de fazer por merecer”. “Eu saía da escola e, na volta do caminho, passava no ‘bar’ para ver meu pai, os poucos empregados – gente que considerávamos, como ainda hoje, da nossa família. Dar uma mãozinha me parecia praticamente uma obrigação para com aquelas pessoas que eu tanto admirava, pelo empenho, dedicação, compromisso com o trabalho. Então eu comecei por onde eles começaram: pela pia, lavando copos e pratos. Aos poucos fui me interessando pelo modo como as coisas eram feitas; sem imaginar, contudo, que isso tinha um método, uma prática, uma profissão”. “Seu” Zé, o patriarca, observava o filho à distância, sem falar muito, mas com uma preocupação crescente: desejava que o filho tivesse uma “sina” diferente da que ele mesmo teve, em meio à seca e pobreza do Nordeste brasileiro; que ele fosse “doutor”. “Então Seu Zé fez uma viagem à nossa fazenda, e eu aproveitei para dar uma ‘mudadinha’ na casa – destruindo o velho balcão com o qual ele convivia havia tantos anos, substituindo por um de alvenaria; organizando a saída do caldo de mocotó; separando

os processos... bem, para resumir: quando ele voltou para São Paulo e parou na porta do Mocotó, a expressão foi uma só – total descontentamento. É claro que eu esperava um elogio, daquele homem que era – e ainda é – meu modelo para o negócio e para a vida. A frase de seu Zé foi curta e marcante: ‘Faça isso não, seu menino! ’”, conta Rodrigo. O tempo passou e Rodrigo continuou no Mocotó – longe da cozinha, naturalmente e por “precaução”. Foi quando o pai viajou novamente. Se Rodrigo pensou duas vezes? “Aproveitei a oportunidade para fazer mais uma pequena reforma no Mocotó; e quando ele foi informado do que eu tinha feito, perguntou o que exatamente eu tinha mudado na casa. Foi minha vez de dar uma resposta curta: ‘tudo’”. Nova crise instaurada e a vontade foi, sim, de largar tudo. E foi justamente o que Rodrigo fez, mas de “modo transverso”, como ele mesmo define. “Saí pelo Brasil, em uma viagem de mais de sete mil quilômetros, onde visitei engenhos, fazendas, feiras, mercados... foi minha primeira e grande universidade. Uma chance que, de certo modo, seu Zé Almeida – muito a contragosto e por linhas tortas – me proporcionava”. Foi naquela jornada para o interior do Brasil, e para dentro dele mesmo, que nosso personagem percebeu: tomaria as rédeas de sua própria história, porque ela se definira – continuaria a partir da escrita do pai. »»»

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Sob o olhar carinhoso e zelo do pai, Rodrigo, Nina e Maria Flor tornaram o café da manhã em família ainda mais divertido... e pouco comum.

“Não tinha jeito. E quando comuniquei a ele que iria seguir a profissão foi outro descontentamento”. Hoje, o relacionamento de pai e filho é de equilíbrio. “Somos, acredito, complementares. Ao mesmo tempo em que eu, mais impulsivo e arrojado, vou reconstruindo nosso negócio; ele, mais experiente e prudente, vai me policiando. Somos uma boa dupla”.

Leia mais

Filosofia de vida, de cozinha. O tempo foi fundamental na edificação de um novo projeto profissional e de vida para ambos. Rodrigo cresceu, amadureceu e, paralelamente, construiu sua própria família e reescreveu os rumos do Mocotó. Foi tamanha determinação que o colocou entre os cinco melhores chefs de comida brasileira do país (além de ter alçado o restaurante da família à mesma condição). Se as conquistas mexem com a vaidade dele? De jeito algum. “Essas conquistas não são exclusivamente minhas, são da minha família, num sentido mais estrito, e da família que formamos no Mocotó, de forma mais ampla. É incrível ver um restaurante na periferia da cidade e servindo uma comida que até há pouco tempo era marginalizada receber tanta atenção. Primeiro

foi o público, depois os colegas da indústria e por fim a mídia e os prêmios. Comemoramos cada uma das nossas conquistas, seja o título de restaurante do ano ou um equipamento novo na cozinha, mais isso não muda nosso jeito de ser e de cozinhar. Temos apenas uma certeza: a de que precisamos honrar estas pessoas que vêm até nossa casa, recebê-las com o melhor de nossa hospitalidade, de nossos talentos, de nosso conhecimento. E isso é um desafio que se renova a cada dia, assim como os desejos e expectativas dessas pessoas”. Quando pergunto a que ele atribui o sucesso das casas (do Mocotó e do Esquina Mocotó, o mais novo empreendimento da família), Rodrigo filosofa. “O sucesso, alguém já disse, tem vários pais. O fracasso é órfão”. E continua: “o Mocotó é uma empresa que foi sendo construída ao longo de 40 anos. Quando assumi a casa, éramos pouco mais de 10 pessoas. Hoje ultrapassamos a casa dos 70 colaboradores. Servimos aproximadamente 1.000 couverts por dia, nos finais de semana e dias mais movimentados. Se pegar 12 meses como base, preparamos mais de 15 toneladas de carne-seca, mais de 5 toneladas de tomate, proces-

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samos mais de 25 toneladas de mandioca, servimos mais de 55 mil porções de baião-de-dois, mais de 40 mil porções de torresmo, mais de 30 mil caipirinhas... são para mais de 250 mil clientes. Percebe como não dá pra falar em sucesso sem falar em time, em jogo de equipe? Esse é o segredo do êxito de tudo o que fazemos: as pessoas com as quais fazemos tudo”. Cozinha em família A despeito de todo o glamour que é creditado à carreira de um chef de cozinha, Rodrigo possui hábitos muito simples – compartilhados pela esposa, Ligia (a quem ele conheceu no Mocotó, já que ela frequentava a casa com o pai, cliente frequente), e pelas filhas, Nina e Maria Flor. As meninas, aliás, são protagonistas de grande parte dos posts do pai em redes sociais, e quase sempre podemos vê-las à mesa. “O café da manhã é a minha refeição preferida, e por sorte [ou catequese, não sei] é também a das meninas e de minha mulher. Então esta mesa é o melhor momento do dia em nossa casa: a hora em que sentamos juntos, brincamos muito, falamos das grandes e das pequenas coisas que fizemos ou que projetamos, sem contar que as duas ajudam a mim e à Ligia a prepa-

rar várias coisinhas para nosso café. A Maria Flor tem alergia ao leite e seus derivados – o que, à primeira vista, poderia parecer restritivo, mas para nós transformou-se num divertido laboratório, com descobertas e hábitos pra lá de saudáveis e naturais: fazemos nosso próprio pão, comemos cuscuz religiosamente, tapioca, batata doce, bolo... e a lista vai longe, além de um prato que virou um clássico em casa e que batizamos de “omilhete” – um omelete com milho, que as crianças adoram”. Ele revela ainda que ele e a esposa evitam, a todo custo, produtos industrializados e ainda os que contêm glúten. “Na verdade, procuramos manter e ensinar às nossas meninas hábitos simples, porém verdadeiros na alimentação. A sociedade de consumo cria necessidades e desejos dos quais absolutamente não precisamos para viver; a natureza nos fornece tudo o que precisamos para uma vida equilibrada e sadia. Valorizar o produto natural, integral, é mais do que um discurso. É para nós uma atitude afetiva e de gratidão, recebendo para quem mais amamos o que a natureza tem a nos oferecer. Procuramos o alimento simples, perto, integral e, claro, o que há de época,

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barato e simples. Uma fruta madura, na sua época, cai do pé e nos oferece seu brilho, cor, aroma, textura e sabor – ou seja, nutrição e energia suficientes para vivermos bem. É com este pensamento que alimentamos nossa pequena despensa doméstica. E evitamos os alimentos industrializados e vazios: os biscoitos, doces, bebidas, refinados, embutidos, laticínios e todos os enfeites (visuais e aromáticos) com que a indústria busca seduzir, com lindas embalagens e comerciais repetidos. O que buscamos é a alegria de se alimentar com o benefício da saúde – e saúde, você sabe, não se compra. Conquista-se com bons hábitos, simples, porém diários. Daí a importância fundamental do café da manhã em nossa casa”, finaliza. Uma geração de chefs? Ao falar sobre as filhas, os olhos de Rodrigo brilham. Inevitável perguntar, portanto, se ele acha que as meninas, em um futuro não muito distante, também terão a mesma “sina” do pai e do avô. Ele ri e diz que Nina, a mais velha, é uma gourmet. “Prova qualquer coisa que lhe ofereçam e tem opinião sobre tudo. Não gosta de muito sal nem de muito doce, come de peixe cru a espinafre e aprecia todo o ritual da mesa. Já a Flor é co-

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milona, pode devorar um prato de arroz e feijão quase do tamanho do meu. É também um pouco mais resistente a provar as coisas, talvez por conta de sua alergia ao leite. Contudo, é apaixonada pela cozinha, larga qualquer brincadeira se chegamos perto do fogão. Já aprendeu inclusive a fazer tapiocas!”, conta entre mais risadas. “De qualquer modo, ainda é muito cedo para saber; acho que a história delas está nas primeiras linhas. Eu cresci numa empresa familiar, que, na verdade, refletia a união de nossa família. O que eu busco é fazer o mesmo com minha nova e pequena família. E se dali alguém quiser seguir um caminho dentro do que faço, estarei aqui para ajudar – não sem uma pontinha de preocupação, como fez seu Zé Almeida anos atrás”. Natal e o ensaio para a RLM Quando fizemos o convite para Rodrigo Oliveira, a proposta foi muito além da entrevista: queríamos partilhar da vida pessoal e familiar do chef, o que foi prontamente aceito. Explico para ele que gostaríamos de fotografá-lo com a família – muito diferente do Gourmet que tradicionalmente fazemos –, despido do dólmã; que gostaríamos que ele falasse de sua vida, do Na-

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tal – época que nós internamente adoramos –, que a receita fosse inusitada, bem brasileira, e que evocasse as memórias das festas de fim de ano em família. Finalizo a entrevista perguntando qual é a primeira memória que vinha à mente dele, quando se lembra do começo, ainda criança, no empório do pai. “Quando penso no nosso pequeno empório, a lembrança que me vem à mente são os aromas da comida que meu pai fazia atrás do pequeno balcão, somada à miríade de produtos, cores e formas que compunham nosso negócio: de carne à vassoura, de farinha a artigos de couro, tudo pendurado, misturado. Impossível não fazer uma conexão com as nossas mais tradicionais feiras, como a de Caruaru, por exemplo. Esse cenário compunha o nosso ‘Natal o ano inteiro’ – cores, formas e cheiros que compunham o mundo dentro do meu mundo. Mas o natal mesmo, o dia 25, era um dia muito especial porque era uma das raras ocasiões nas quais eu podia ver minha família inteira comendo no mesmo horário! Nos outros dias do ano, isso era uma cena muito rara. A cozinha de casa era movimentada o dia inteiro: eram primos que chegavam, funcionários do Mocotó, vizinhos, gente de toda parte – na verdade parecia uma extensão do bar, e vice-versa. Agora, ter

meu pai e minha mãe, meus irmãos, tios e primos, todos juntos, era realmente o grande sentido, para mim, do Natal. Acho que é isso que me marcou: a união em torno da mesa, a celebração de nossa cultura, de nossa família, de nossa amizade. Mesmo no dia de Natal, feijão, farinha e carne não poderiam faltar em nossa mesa. E ainda carne-de-sol, cabrito, farofas e saladas variavam ano a ano na forma de preparo, mas o jeito de cozinhar era sempre familiar. Cozinhávamos as coisas do sertão. Mas o que me recordo é que, como em outras ocasiões especiais, dona Lourdes, minha mãe, cozinhava sua galinha caipira com molho e batatas, que era o sinal de que o momento era diferente, especial”. Nota da Editora Rodrigo revela que foram necessários muitos anos, muito trabalho, muita briga com o pai, para que ele aceitasse a decisão do filho. “Na verdade até hoje ele não faz boa cara para tudo isso. Contudo, me contaram que no dia em que ganhei um prêmio de Chef Revelação, ligaram para o Mocotó para dar a notícia a meu pai. Sua reação foi não dizer nada. Apenas ouviu, balançou a cabeça e se retirou para um canto do restaurante. E lá, secretamente, chorou de emoção. Foi meu diploma”.

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receita Pudim de Tapioca com Calda de Coco Queimado Rendimento: 8 porções

INGREDIENTES Pudim • 75g de tapioca granulada • 375ml de creme fresco • 200ml de leite de coco • 100ml de leite • 1 lata de leite condensado • 2 ovos • 2 gemas Calda para a forma • 200g de açúcar • 80ml de água Calda de Coco Queimado • 500g de açúcar • 150ml de leite de coco • 100ml de água • 03 anis-estrelado Crocante de coco • 500g de coco fresco

MODO DE FAZER 1.Hidrate a tapioca com o creme fresco e o leite de coco por pelo menos duas horas e reserve 2.Faça um caramelo para a forma com o açúcar derretido e a água. Espalhe numa forma para pudim e reserve. 3.Prepare a calda de coco caramelizando o açúcar e juntando o anis, a água e o leite de coco. Cozinhe até obter o ponto de fio grosso. 4.Para o crocante, espalhe o coco ralado em uma assadeira forrada com silicone e asse em forno baixo, mexendo sempre até dourar. 5.Misture os ovos, as gemas, o leite e o leite condensado. Mexa bem, coe numa peneira fina e junte à tapioca hidratada. 6.Coloque a mistura na forma caramelada e asse em banho-maria a 150º por 40 minutos ou até firmar. 7.Resfrie o pudim e sirva com a calda quente e o crocante de coco.

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Se a sofisticação da Gold Control fez sucesso na Casa Cor 2013, imagina na sua casa.

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A Gold Control quer levar toda a tecnologia que fez sucesso na Casacor 2013 pra sua casa.

Imagine um ambiente totalmente automatizado, onde luzes, sons e temperatura são controlados por um único comando. Na Casa Cor, esse ambiente foi criado pelo arquiteto Helder Coelho com a tecnologia Gold Control e fez um enorme sucesso. Agora imagine tudo isso na sua casa. A Gold Control transforma qualquer espaço em um ambiente inteligente por um preço que cabe no seu bolso. Peça um orçamento e deixe a sofisticação da Gold Control entrar na sua casa. Pulsador com acabamento europeu: exclusividade Gold Control

• Automação de Iluminação e Home Theater • Criação de zonas independentes de Áudio e Vídeo • Ambiente de Som Oqulto® “Invisível” • Automação de persianas, cortinas, jardins e áreas comuns • Controle Inteligente de Temperatura • Gerenciamento de Energia em tempo real • Segurança (Sistema inteligente de segurança e controle de acesso biométrico) tudo controlado por Tablet e smartpohne.

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RESERVA SELECCIÓN DE LA FAMÍLIA 2005 PRODUTOR: Luis Cañas REGIÃO: Rioja - Rioja Alavessa CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Rioja D.O.C. COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 85% Tempranillo, 15% Cabernet Sauvignon GRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 14,5° ELABORAÇÃO: Vindima manual de videiras com 45 anos de idade mínima. Os cachos são rigorosamente selecionados na cantina, com posterior desengace e prensagem. A fermentação alcoólica realizou-se em tanques de inox com temperatura controlada a 26ºC por 18 dias. Amadurecimento e malolática nas barricas. Clarificação, filtração e engarrafamento. Permanência de 1 ano na garrafa antes da emissão ao mercado. AMADURECIMENTO: 20 meses em barricas novas de carvalho francês (50%) e americano (50%). ESTIMATIVA DE GUARDA: 15 anos + CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS: Coloração rubi saturada, borda purpúrea. Enérgico ataque de aromas frutados maduros (cassis, figo, framboesa) embaralhados em tinteiro, defumado e ervas mediterrâneas (tomilho). Em boca é elegante, bem integrado numa massa sedosa e de longa frescura mineral. TEMPERATURA DE SERVIÇO: 18°C PREMIAÇÃO MAIS RELEVANTE: PARKER: 95 Pontos www.revistalealmoreira.com.br

PRODUTOR: Barnaut REGIÃO: Champagne – Montagne de Reims - vinhedo Grand Cru de Bouzy. CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Champagne Grand Cru A.O.C., RM (récoltant-manipulant, vinhedos próprios) COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 100% Pinot Noir GRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 12° PRODUÇÃO: 20.000 garrafas ELABORAÇÃO: Colheita manual com tris seletiva de cachos. Os cachos são colocados inteiros nas velhas prensas Coquard, com separação do jus em 4 ou 5 frações, diferenciando o de vinhas jovens do de vinhas velhas. Fermentação alcoólica em tanques de inox a 17,5°C, com malolática encorajada e permanência sur lie. Assemblage perpétuel do vinho base para segunda fermentação, empregando-se vinhos de anos anteriores vins de reserve e deixando o dobro do volume engarrafado para o ano seguinte (neste Champagne utiliza-se de vinhos base mais frescos de Pinot Noir, com média de 2 anos). Adição do licor de tiragem com leveduras e açúcar. Tomada da espuma na garrafa, com longo envelhecimento sur lattes, nas frias e escuras adegas escavadas na craie, pedra calcária. Processo de remuage com gyropalette (mecânico). Desgargalamento com prévio congelamento de depósito, dégorgement à la glace. Licor de expedição com dosagem final de 6g/l de açúcar, BRUT. Colocação da rolha e do arame de proteção muselet. AMADURECIMENTO: 2 anos sobre as lias nas frias adegas escavadas na craie. ESTIMATIVA DE GUARDA: 8 anos CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS: Amarelo-dourado profundo, bolhinhas excepcionalmente finas e persistentes. Poder e elegância se fundem num contexto especiado, com flores, ameixas, frutas brancas maduras e trigo. Estrutura imponente e cremosa, austera e persistente. TEMPERATURA DE SERVIÇO: 8°C PREMIAÇÃO MAIS RELEVANTE: LA REVUE DU VIN DE FRANCE: entrou na edição “1.000 vinhos que se deve comprar”: “um verdadeiro modelo de vinosidade, equilíbrio perfeito. Um magnífico Champagne de mesa”. JANCIS ROBINSON: 17,5 em 20

AOC Cognac Grande Champagne Premier Cru de Cognac Uvas – Ugnic Blanc e Colombelle Alcool 40% Segonzac – Cognac (França) Para meditar, contemplar – para ser literalmente degustado, é essa a sensação que temos diante de um grande Cognac. Esse concentrado mágico de aromas não releva suas melhores qualidades aromáticas e gustativas ao degustador apressado. O “rei dos destilados” como é conhecido, é originário da região de Cognac no centro-oeste da França, região famosa pela excelência da manteiga e da fleur-de-sel (a flor de sal, o melhor sal marinho natural) e pelo Pineuades Charentes delicioso vinho para aperitivo blanc ou rouge. O brandewijn (origem da palavra Brandy) – ou vinho queimado, como era chamado pelos comerciantes holandeses que negociavam naquela área no século XVI – nasceu de uma necessidade, posto que os vinhos que eram transportados para os países no Norte da Europa, não resistiam à viagem por mar e estragavam. A solução que os holandeses encontraram foi destilá-los nos Países Baixos e depois vender o brandewijn que na época era degustado com água, por ser forte demais. O vinho base para a elaboração dos Cognacs geralmente é bem acido, com baixo teor alcoólico e se transformará muito no processo de destilação, nesse caso a acidez contribuirá para a estrutura do Brandy. A destilação é feita em alambique de cobre com o processo de dupla destilação. O Cognac é um produto vivo e a etapa fundamental que transformará pouco a pouco o destilado é o envelhecimento que acontece em tonéis de carvalho, já que essa madeira favorece a oxidação, a interação e a troca entre o ar, a madeira e o destilado. É nesta fase em que adquire a cor âmbar tal qual nos identificamos com os destilados expostos no mercado, bem como o gosto peculiar concedido pela madeira. Durante todo o tempo de envelhecimento o teor de álcool diminui e uma pequena parte da aguardente vínica evapora (3 a 4%), seletivamente. Os componentes voláteis mais duros da aguardente vínica se dissipam – essa evaporação chama-se “a parte dos anjos”. O Cognac FRAPINV.I.P. XO tem caráter nobre e é riquíssimo de aromas de especiarias, frutas cítricas, mel e baunilha, caixa de charuto, na boca é complexo, redondo, equilibrado suavemente fino e surpreendente. Para uma perfeita e suntuosa harmonização, nossa sugestão de degustação é com um charuto cubano de raça, como o Montecristo, por exemplo. Para grandes momentos! ONDE COMPRAR: Grand Cru Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes.

BOTTEGA GOLD PROSECCO DOC BRUT

COGNAC FRAPIN V.I.P. XO

BLANC DE NOIRS BRUT GRAND CRU

vinho

Composição de castas: 100% Glera ou prosecco Graduação Alcooólica: 12 ºC Região: Valdobbiadene Veneto (Itália) A Vinícola Bottega é sinônimo de espumantes glamourosos e grappas fashion. Desde 1977 Bottega se distingue pela qualidade de seus produtos, aliada ao interesse pela evolução do gosto e a constante busca pela inovação de seus produtos. Com grandes achados e soluções modernas, em 2000, Bottega lançou a grappa spray (uma pequena garrafa de 250ml contendo grappa e um vaporizador), grande sucesso de vendas. Em 2001 foi a vez do Bottega Gold, cuja edição era limitada. Em 2005 nasce a definição “espumante glamour” e é mais um sucesso absoluto, com o interesse dos bares e restaurantes mais disputados da Europa, dos Estados Undidos e da Ásia. O Grupo Bottega, além de ter vinhedos em Valdobbiadene (Prosecco), tem vinhedos em Valpolicella (Amarone e Valpolicella) e na Toscana (em Montalcino). Além disso, o grupo é proprietário de uma Soffieria – Vetro soffiato (Vidro Artístico ou soprado) para a produção das famosas garrafas de Grappa Alexander. A garrafa do Bottega Gold é belíssima e útil, pois sua cor protege o espumante da luz. O Bottega Gold tem qualidades e características de um ótimo prosecco, a vinificação em branco das uvas Glera (provenientes de Valdobbiadene, a área mais tradicional para a produção de grandes proseccos), e seu clima é perfeito para o cultivo dessa casta, filha dos Pré-Alpes de Veneto. Os vinhedos se encontram em áreas de colinas dentro de uma paisagem de grande beleza, valor e tradição vitivinícola. As uvas são vindimadas à mão, em seguida delicadamente trabalhadas em baixa temperatura para que o frescor característico da uva fique inalterado. A fermentação acontece em tanques de inox por 40 dias, com temperatura controlada e com a adição de leveduras selecionadas posto que o método de elaboração é o Charmat. O aspecto é brilhante, com perlage persistente e muito fino. O amarelo ouro da cor reflete a leveza e o frescor. O nariz é frutado característico, muitíssimo agradável. Delicioso na preparação de coquetéis refrescante como o Bellini, Mimosa ou Rossini. Perfeito companheiro para dias e noites quentes e um plus quando degustado em ocasiões de celebração e festa. ONDE COMPRAR: Grand Cru Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes.

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da redação consultoria: Aretusa Remor

Dudu Maroja

Casa Cor Pará

2013

A maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas, em sua versão paraense, mostra a que veio e revela tendências irresistíveis.

U

ma festa para os sentidos. Não há definição mais apropriada para a Casa Cor Pará 2013 – a mostra mais respeitada do Brasil, em sua versão local celebrou seu terceiro ano consecutivo, sob uma nova gestão e com belíssimos ambientes. Realizada no período de 17 de outubro a 1º de dezembro, o evento reuniu alguns dos melhores e mais consagrados profissionais, além de atrair

milhares de visitantes desejosos em conferir de perto as últimas novidades e conhecer as tendências que influenciarão os trabalhos nas áreas relacionadas ao Décor. Nesta edição 41 o Decor convida você, leitor, a fazer um tour pelos ambientes – e oportunamente mostramos todos os destaques em cada um deles. Esperamos que você aproveite este passeio! »»»

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Fachada da Casa Cor Pará O grande (2,50 x 13,50 m) painel, em madeira de demolição, garantiu à fachada um ar sóbrio, ao mesmo tempo, moderno e delicado. Onde: Metallo - Tv. Rui Barbosa, 582 B Preço sob consulta

Recepção e lounge de entrada A recepção da Casa Cor, bem como o lounge de entrada tinham um “ar polar”, proporcionado pela combinação do acrílico com led azul. As prateleiras com iluminação especial foram concebidas pelo próprio arquiteto Michell Fadul. No bar, especializado em ousadas combinações, queremos abrir um destaque especial à caipirinha de jambu, assinada por Leonardo Cals. Onde/Quem: Michell Fadul & Leonardo Cals

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Loft do Rapaz A estante da Dell Ano impressionava: com altura de 5,50 metros, e nichos com aberturas na parte de trás, a iluminação se sobressaía, dando destaque às peças de decoração. Onde: www.dellanno.com.br

Living Integrar a sala (ou um living) com um jardim de inverno, tornando-os partes indissociáveis, é uma tendência em alta, altíssima, por isso ficamos encantados com os grandes vasos e pisos em cascas de árvores elaborados pela paisagista Margareth Maroto. Onde/Quem: Margareth Maroto

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Varanda Gourmet O móvel da Farrezzo serve como apoio às adegas – desenhadas pelo arquiteto Helder Coelho – e que recebeu luz especial. A iluminação é da Ecko Lite. Onde: Ecko Lite: Av. Brás de Aguiar, 593. Farrezzo

Living com cozinha Gourmet A cozinha gourmet, integrada à sala, ganhou um modulado totalmente preto e feito sob medida, da linha “Charme” (Florense) e abrigou fogão, geladeira, dentre outros itens de cozinha. O mármore – carrara – do balcão contrastou belamente com o projeto. Onde: Florense|www.florense.com.br

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Studio da Cantora Gaby Amarantos, uma das homenageadas da Casa Cor Pará, ganhou um espaço cheio de cor e personalidade. A Luminária (Design da Luz) sobre a mesa tem um “quê” de badulaques. O espelho (VilleCité) e a banheira (Spazio Del Bagno) dão o tom de superstar ao belo studio da cantora. Onde: Design da Luz | www.designdaluz.com.br VilleCité | Tv. Dr.Moraes, 648 Spazio Del Bagno | Av. Conselheiro Furtado, 1347 www.spaziodelbagno.com.br

Suíte das irmãs Se fazer um quarto para uma menina já é um sonho, imagine então um espaço para duas irmãs, com gostos muito parecidos. O resultado é um ambiente delicioso, ornado pela bela luminária da Light Design. Onde: Av. Conselheiro Furtado, 1347/loja D www.lightdesign.com.br

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Quarto do menino O quarto do menino é o portal para um universo mágico, lúdico. Do lego veio a inspiração para os modulados em cores vivas (Celmar, que oferece 760 opções de cores), além dos revestimentos, teto e parede. Onde: Celmar: Rua João Balbi, 1377 /Box B www.celmarmoveis.com.br

Loft High Tech O ambiente acolhedor e sofisitcado recebeu “um brilho” a mais: a automação (Salt Automação e Engenharia), além da banheira em pedra, incrustada no piso (Gramapedras). Onde: SALT Automação e Engenharia www.saltengenharia.com.br Gramapedras|Travessa Lomas Valentinas, 1762

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Espaço ORM Surpreendentes poltronas transparentes, em acrílico, ornadas por belas almofadas. Onde: Casa Amazonas Travessa Padre Eutíquio, 1413 www.casaamazonas.com.br

Ponto de Encontro Design moderno, sem abrir mão de conforto: essas são as qualidades desta incrível poltrona, by Spaço Casa Onde: Spaço Casa Tv. Benjamin Constant, 1673

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Home Office do Arquiteto A automação (Syanz) do ambiente inspirado no arquiteto homenageado, Paulo Chaves, é o sonho de consumo dos que desejam ter um escritório moderníssimo. E quando achava-se que não se podia surpreender com mais nada, os vidros que serviam como divisória, podiam ficar transparentes ou exibir projeções. A poltrona em formato de meia-bola é da Casa e Cia. Onde: Syanz|www.syanz.com.br Casa e Cia|Av. Conselheiro Furtado, 1347

Home Theater Uma sala de projeção luxuosa e igualmente confortável, mobiliada com itens elegantes, como as belíssimas poltronas com acabamento de madeira. Onde: Galeria Marmobraz, na Rua dos Pariquis, 2391 www.galeriam.com.br

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Cozinha Gourmet Experimental Outra homenagem, desta vez ao chef Thiago Castanho, resultou em um espaço clean, tecnológico e belíssimo, de muito bom gosto, flertando com gadgets e provando que lugar de tecnologia é na cozinha sim! Como panelas de qualidade são indispensáveis aos que fazem da cozinha uma arte, destacamos as da Tramontina, além da (inusitada) iluminação da Ecko Lite Onde: www.tramontina.com.br Ecko Lite – Av. Brás de Aguiar, 593.

Leal Moreira em tons de Blues e Jazz O mosaico do balcão (Fernando Almeida) faz referência ao estilo Art Decó, como conta José Jr.: “Ele faz referência a ícones como o Chrysler Building e ao clima da época, em que o jazz animava todos os bares e festas. O mosaico possui, além do desenho do edifício de Nove Iorque, um piano, um baixo, um saxofone e uma águia”. Os espelhos (Ebbel) garantiram amplitude ao espaço, onde um grande sofá negro (Saccaro) chamava a atenção dos visitantes. Já o paisagismo do espaço foi assinado pela arquiteta paisagista Márcia Lima. O tronco da entrada do ambiente é da Wood Design. Onde: www.ebbel.com.br www.saccaro.com.br www.fernandoalmeida.arq.br www.marcialima.com.br www.wooddesignprojetos.com.br

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Studio do Empresário A “inexistência” de paredes divisórias forjou um espaço lindo, com destaque para a luxuosa banheira (Metallo) com garrafas pet no piso, e revestimentos “Carpaccio Di Petra”, também da Metallo. Onde: Metallo - Tv. Rui Barbosa, 583

Leal Moreira Experience Tecnologia e inovação são as palavras que melhor definem os espaços “Leal Moreira Experience”. Aos visitantes era irresistível (e convidativo) fingir que mergulhavam no azul da piscina virtual ou ainda a interação do corredor verde, onde flores brotavam conforme os movimentos das mãos de quem passava por lá. Não podemos deixar de fora a surpreendente maquete em 3D e a visita virtual ao apartamento decorado. Tecnologia assinada pela Door Comunicação. Onde: Door Comunicação – João Balbi, 167. contato@door.net.br

Living externo No lugar de plantas, mais especificamente, do bambu, tubos verdes da Amanco. O resultado: um espaço descontraído e criativo. Onde: www.amanco.com.br

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Restaurante Contemporâneo No restaurante, à meia luz, não pudemos deixar de notar o lindo balcão de ônix iluminado, da Piatra Onde: Piatra Design Rochas - Tv. Rui Barbosa, N° 1835, Loja A

Doceria Se não era possível ir a Paris... Paris foi à Casa Cor – essa era a sensação proporcionada pelo gazebo em ferro, elaborado pelas arquitetas do espaço e confeccionado pela Aclive. O lustre também é de ferro, do período da Belle Époque de Belém (arquivo pessoal das arquitetas). Onde: Aclive – 9114.5277

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Livraria Uma livraria sempre é um sonho acalentado pelos amantes das letras. Se acrescentarmos uma inusitada escultura com foco de led (Ecko Lite) e o pendente luxuoso (Light Design), ganhamos uma espaço para todas as tribos. Onde: Ecko Lite – Av. Brás de Aguiar, 593.

Jardim Praça da Casa Cor O grafite que ficava na área aberta da Casa Cor faz parte da série do artista Daniel Zuil sobre a lenda das Amazonas, as mulheres guerreiras da Amazônia. A obra encantava os visitantes pelas dimentões (6X8m) e pela beleza. Outro destaque eram os sorvetes gourmet no palito Flambot. Onde: Flambot | www.flambot.com.br

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Terraço Gourmet A inusitada mandala de espátulas de cozinha, obra assinada pelo artista Geraldo Teixeira e parte de uma coleção inteira com a mesma temática, é um dos destaques do Terraço Gourmet.

Restaurante Italiano A obra do Geraldo Teixeira foi produzida com tintas Leinertex, cuja qualidade superior garante restauros de obras de arte, também pode ser utilizada geralmente em pinturas de paredes. Outro destaque também é o revestimento em madeira (Metallo), na parte externa do restaurante, com madeira de demolição, do mesmo material do painel da fachada da Casa Cor. Onde: www.leinertex.com.br Metallo - Tv. Rui Barbosa, 583

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Joalheria Na joalheria da Casa Cor, o brilho das joias da elegante Francesca Romana Diana contrastava com o clima escuro do ambiente. Destaques para as belas peças Francesca Romana Diana, a parede folheada a ouro e as delicadas cortinas da Chamsi Brunini Tecidos. Onde: www.francescaromanadiana.com Chamsi Brunini - Rua Domingos Marreiros, 257

Cervejaria A lindíssima luminária (Design da Luz) garantiu brilho ao espaço e à bela mesa de bilhar. Onde: Design da Luz | www.designdaluz.com.br

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Banheiro Feminino Destaque para o lindo porcelanato 60x60 que imita ladrilho hidráulico (da Eliane) e a elegante bancada da Wood Design. Onde: www.wooddesignprojetos.com.br www.eliane.com

Banheiro Masculino A peça no detalhe, em madeira de Piquiá, com aberturas que dão destaque à iluminação, foi encontrada por um artesão, em uma área de queimada e está praticamente com a mesma conservação de quando foi achada. Pelos vãos, surge a luz e a peça ganha outros contornos.

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Lounge de saída Destaque para a árvore cerejeira com iluminação da Ecko Lite, os quadros de fotografias de Júlio Tavares e os móveis da Spaço Casa. Onde: Ecko Lite – Av. Brás de Aguiar, 593. Spaço Casa – Tv. Benjamin Constant, 1673

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Loja Casa Cor A loja da Casa Cor reuniu três marcas diferentes: Amazônia Zen, Jardim Secreto e Casa Valduga. Ficamos encantados com a variedade de produtos, como o quadro do artista Jorge Eiró e uma camisa estampada da imagem do quadro, ou ainda o quadro do artista Ruma e uma camiseta também estampada com arte dele. Ah, o forro do teto foi elaborado com palete que, no final do evento, foi doado a pessoas do lixão do Aurá.

Espaço Sustentável O piso, elaborado pela ONG Noolhar, com embalagens de leites e sucos e a prova definitiva de que sustentável é lindo! Onde: www.noolhar.org.br

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Veja mais

Cíntia Ramos A artista plástica em ação no espaço “Atelier”, onde os visitantes podiam observar os movimentos de sua arte.

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especial Casa Cor Pará

Bom gosto e tecnologia A

Leal Moreira, patrocinadora da Casa Cor Pará pelo terceiro ano consecutivo, encantou os visitantes com dois espaços incríveis: “Leal Morei-

ra em tons de Blues e Jazz”, assinado pelos arquitetos José Jr. e Ana Perlla; e o “Leal Moreira Experience”, elaborado pelo casal de arquitetos Heluza Sato e Maurício Toscano. Propostas diferentes com um objetivo único: proporcionar aos visitantes uma experiência única em ambientes surpreendentes. A programação musical foi um dos destaques do “Leal Moreira em tons de Blues e Jazz”. Pelo palco vintage, passaram grandes músicos como Kim Freitas, Príamo Brandão, Antônio Abenatar e a banda Ferrovia Tex Blues. Cada um com seu estilo peculiar, interpretando grandes clássicos de artistas como Miles Davis, Henry Mancini e Charlie Parker. Falando em música, as cantoras Gaby Amarantos e Lia Sophia visitaram o espaço, abrilhantando ainda mais o local. Além de música ao vivo, um bar com inspiração na década de 20 oferecia uma carta de drinks especiais, concebidos especialmente para o espaço, ganharam nomes de canções do Jazz e do Blues, como “Hello Dolly”, caipirinha especial com grappa; “Moonlight Serenade”, vinho branco com kiwi, gelo e água com gás; e “Summertime”, licor de pêssego da destilaria italiana. Além dos drinks, um delicioso cardápio de bruschettas, que receberam nomes em homenagem aos grandes artistas dos gêneros, como “Billie Holiday”, “Ella Fitzgerald” e “Charlie Parker”. A Grand Cru elaborou o cardápio e a carta de vinhos.

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Lucas Ohana

Dudu Maroja

Outro destaque do ambiente foi o paisagismo. Para

A primeira experiência era a sensação de imersão,

garantir a sensação de aconchego, além de compor com o conceito do espaço, cada planta foi cuidado-

por meio de vídeos, em uma piscina. A médica Maria do Carmo ficou encantada. “Achei genial a interação.

samente selecionada pela paisagista Márcia Lima. O arbusto dracena marginata, por exemplo, foi escolhido por ser muito utilizado nos jardins frontais das casas,

Não dá vontade de sair desse espaço da piscina. As cores e os sons criam um ambiente maravilhoso. Foi uma surpresa linda.” A cantora Gaby Amarantos

nas décadas de 1920 e 1930, período de efervescência do jazz. “Agora ele é tendência novamente. Estou colocando em meus projetos porque ele é

também gostou bastante do local e teve uma foto sua publicada no site de famosos da Globo, o ego. com.

muito resistente e sua forma é bem escultural”, explica Márcia Lima. O espaço, tão bem arborizado, foi propício para receber a palestra de revestimentos naturais de Gilberto Elkis, um dos maiores paisagistas do país. O

Em seguida, um corredor verde proporcionava momentos de relaxamento e descontração, com elementos modernos como o piso interativo. “Os empreendimentos da Leal Moreira têm paisagismo e nós queríamos que as pessoas sentissem o espaço,

evento foi promovido pela Metallo e reuniu diversos arquitetos, paisagistas e profissionais interessados no assunto.

e não só o olhassem. Então nós fomos atrás de mecanismos e elementos que proporcionassem isso”, disse Heluza.

O outro ambiente, o “Leal Moreira Experience”, era um convite à tecnologia e à criatividade. Elaborado pelos arquitetos Maurício Toscano e Heluza Sato, sur-

As últimas atrações eram o tour virtual pelo apartamento decorado do Torre Unitá, em que os visitantes guiavam seus passeios por meio de gestos; e a pirâ-

preendia com tanta interatividade e inovação. “Nós queríamos reproduzir sensações de bem-estar dos empreendimentos da Leal Moreira e utilizamos a tec-

mide holográfica com a fachada do empreendimento em 3D. Confira fotos de pessoas que passaram pelos es-

nologia para conseguir esse objetivo”, disse Maurício Toscano.

paços da Leal Moreira na Casa Cor Pará 2013:

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Andrey Dias e Jéssica

Lia Sophia

Aretusa Remor, Gilberto

Ana Carolina Azevedo

e Hélder Ikegami

Carla e Paulo Azevedo, Ana Maria

Leão

Elkis

os e André Moreira

José Jr., Gaby Amarant

Nascimento e Jorge Eiró

eira

Carlos e Cassilda Mor

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eira e Hanne.

o Lima

Celso Eluan, Nara Oliv

Caroline Martins e Joã

Alunos do Cu

rso Técnico de

Jarbas Cabral, João Car

Edificação do

Instituto federa

los Moreira e Eduardo

Daniel Vasques e Thaís Brito

l do Amazonas

Solheiro

Fabiola Simonetti e Camile Martins

Genoveva

Porpino e Va

léria Norman

do

ntes Felipe Melo e Stephanie Abra

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TNCOM Foto: Mario Grisolli | Produção: Maurício Nóbrega

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Laura Rego, Fernanda

es

Pinheiro e Íris Rodrigu

Guilherme Ba

Igor Moreira, Gabriela

los Moreira

Tostes e Cassilda e Car

rcellar e Fátim

Etienne Arruda e Célia

a Rodrigues

Bahia

José Jr e Ana Perlla

Lucas Leão e Karime Casseb

Mauro Ferre

ira e Jelucia

Anjos

Adriane Manoela Barbosa e Leandro

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Ligia Fontenele e Bruno Matos

Roberto Sato e Ursula

Alyne Sarmanho e Taciana Rodrigues

Serpa

T창nia Ismael, Lola Rez

ende, Germana Ismael

ra de Samir Demachky e Ima

Oliveira

Tatiana Rezende

e Renata Fontelles

Yuri Lelis e V창nia Ama

ral

Marcos Holanda e Mariellen Biava

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André, Bosco, Corina,

Kadja, Maurício, Kassy,

Amanda Henriques, Brun

Rute, Alcimar

a Lima, Camila Caluff

Alcione Nascimento e

Andreá Valim

e Marcela Borborema

Bárbara e Arlinda Lameira

ardo Machado

Amily Martins e Ric

Natália Sarmanho e Mar

cele Miranda

Cláudia Lud e Odeth Fari C

as

Denise Araú

jo e Flávio Sa

ntiago

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i Dummann

Geovana Garcia e Ros

Miguel Pimen

tel e Lorena do

Paula Barreiros e Rog

vale

er Loureiro

ara Castro

Giovanna Fonseca e Nay

Luciana Nascimento e Fรกbio Almeida

Pepeu e Telma Garcia

Victoria Rhein, Kris Rhe

in e Sandy Singh

ara

Rodrigo Lobato e Livia Bich

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Gaby Amarantos

Carlos Tomaz e

sua filha Andréia

Débora Fernandes e Cés

ar Ávila

Clarice, Alane e Giovann

a

Christiane Lobato e Ana

Paula Guedes

Maurício Toscano

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LEAL MOREIRA CONQUISTA O TROFÉU ORM/ACP 2013

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Institucio

A Leal Moreira conquistou o Troféu ORM/ACP 2013, premiação de O Liberal que elege as mais significativas empresas do estado. A cerimônia que anunciou os vencedores foi realizada no dia 21/11 no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia e contou com a presença de aproximadamente 3.500 convidados, entre eles personalidades como o governador Simão Jatene e o prefeito Zenaldo Coutinho. O diretor financeiro da Leal Moreira, João Carlos Moreira, representou a construtora no evento. “A Leal Moreira tem 27 anos de atuação como referência no mercado paraense e nós só temos a agradecer aos nossos clientes, funcionários e a todos que votaram na empresa”. A pesquisa teve mais de 1,8 milhão de votos registrados, números que representam a relevância dos resultados obtidos. O presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Sérgio Bitar, em discurso durante a cerimônia, falou sobre a importância dos empresários para o desenvolvimento do estado. “A Associação Comercial do Pará parabeniza a todos os premiados nesta noite, que, com o vosso exemplo de empreendedorismo, de competência, de inovação e de perseverança, dignificam a todos nós empresários e cidadãos deste Estado”. Em agosto deste ano, a Leal Moreira foi agraciada também com o primeiro lugar no setor “Construtora imobiliária” na pesquisa “Top de Negócios”, realizada pelo Bureau de Marketing e Pesquisa (BMP) e divulgada pelo jornal Diário do Pará. Todo esse reconhecimento reflete as prioridades da construtora em valorizar a qualidade de seus empreendimentos e a satisfação de seus clientes.

TORRE UNITÁ As obras do Torre Unitá da Leal Moreira estão dentro do prazo planejado e em ritmo acelerado. O empreendimento já superou todas as expectativas de vendas com a comercialização de mais de 70% dos seus apartamentos. Com opções de 143 m², ele se destaca pela ótima localização no Umarizal e pela vasta área de lazer, com 24 itens. Obtenha mais informações: 3223.0021.

CRESCIMENTO DE VENDAS As vendas da Leal Moreira em 2013 estão surpreendentes! A estimativa é que o crescimento supere o ano de 2012 em mais de 200%, o que representa um marco para a construtora e sinaliza o aquecimento do mercado imobiliário em Belém. O diretor comercial da Leal Moreira Imobiliária, Fernando Nicolau, explicou um dos motivos para esse alto número de apartamentos comerciali-

BOAS ATITUDES

zados. “Os clientes estão ficando cada vez mais exigentes e não querem apenas uma construtora de qualidade, e sim uma que ofereça também produtos diferenciados que valorizem com o tempo. A Leal Moreira procura sempre atender a essas expectativas.” Todo esse sucesso reforça o grande destaque dos empreendimentos

A Agenda Leal Moreira 2014 está incrível! Com o tema “Boas atitudes podem mudar o mundo”, a proposta deste ano foi destacar dez ações simples e práticas que podem contribuir para uma sociedade melhor. Para ilustrá-la, foram convidados jovens artistas ilustradores Ricardo Maroja, Leandro Bender, Rodrigo Cantalício, Aline Folha e Talitha Lobato.

lançados pela Leal Moreira durante o ano, como o Torre Unitá e o Torres Devant, e ratifica o alto desempenho da equipe comercial da construtora.

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Sonata Residence

EBBEL, PRESENTE NOS EMPREENPREENDIMENTOS DA LEAL MOREIRA E NA REVISTA LEAL MOREIRA EM TODA SUA HISTÓRIA. O Sonata Residence é um dos empreendimentos de alto nível da Leal Moreira que tem a segurança e a beleza dos vidros Ebbel. Uma combinação atestada por tantas outras obras de qualidade.

• Aumento de área útil. • Proteção contra vento, chuva, poluição e maresia. • Valor e qualidade otimizados, propondo melhor custo/ benefício, uma vez que proporciona maior comodidade e conforto. • Segurança com uso de vidros temperados • Praticidade em seu manuseio e limpeza.

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Institucio

LEAL MOREIRA COMEMORA SUCESSO NA CASA COR PARÁ 2013 A Leal Moreira promoveu um evento especial no dia 21/11 na Casa Cor para celebrar mais um ano de sucesso na mostra e os dez anos da Revista Leal Moreira. Na ocasião, estiveram presentes diversos clientes, parceiros e convidados, além dos visitantes do espaço. Em homenagem ao jazz e blues, a Casa Cor ficou com todo o clima de News Orleans. As atrações musicais estavam imperdíveis, com o instrumentista Príamo Brandão, que recebia as pessoas no lounge de entrada com a sua banda; a Ferrovia Tex Blues, no espaço “Leal Moreira em Tons de Blues e Jazz”; o Kim Freitas Quarteto, tocando no palco principal; e Toninho Abenatar, que andava pelos espaços com seu saxofone. Para encerrar a noite em grande estilo, todos os músicos se reuniram no palco principal e fizeram uma grande Jam Session. O empresário Pepeu Garcia achou ótima a ideia de celebrar o aniversário da Revista Leal Moreira na Casa Cor. “A Leal Moreira foi muito feliz em realizar esse evento. Para comemorar os dez anos da revista e tudo o que ela traz de benefício para o mercado local, não poderia ter um palco melhor como a Casa Cor, que é a melhor mostra no Pará.” Os convidados se encantaram com a beleza e a criatividade dos ambientes da construtora. O “Leal Moreira em Tons de Blues e Jazz”, por exemplo, foi tão bem elaborado que conquistou o prêmio de “Melhor Projeto” da Casa Cor Pará 2013. No dia 28/11, a construtora promoveu também outra noite especial em comemoração ao aniversário da revista. A empresária Carla Rocha foi conferir e aprovou a iniciativa. “O evento no espaço da Leal Moreira foi muito sofisticado, elegante e vocês estão de parabéns. Achei a Casa Cor muito bonita e os ambientes de uma qualidade excepcional. Fiquei muito surpresa com tudo”.

www.revistalealmoreira.com.br

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Institucio

Check List das obras Leal Moreira projeto

lançamento

fundação

estrutura

alvenaria

revestimento

fachada

acabamento

Torres Devant 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 68m2 e 92m2 • Travessa Pirajá, 520 (entre Av. Marquês de Herval e Av. Visconde de Inhaúma) Torre Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de janeiro e Av. Alcindo Cacela). .

Torre Parnaso 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 79m² • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis). Torres Dumont 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 64m² e 86m² • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Av. Marquês de Herval). Torre Vitta Office Salas comerciais (32m2 a 42m²) • 5 lojas (61m2 a 254m²) • Av. Rômulo Maiorana, 2115 (entre Travessa do Chaco e Travessa Humaitá). Torre Vitta Home 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 78m2 • Travessa Humaitá, 2115 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torre Triunfo 3 e 4 suítes (170m²) • cobertura 4 suítes (335m²) • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torres Floratta 3 e 4 dorm. (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura). Torres Trivento 2 e 3 dorm. (1 suíte)• 65m² e 79m² • Av. Senador Lemos, 3253. (entre Travessa Lomas Valentinas e Av. Dr. Freitas). Torre Résidence 3 suítes (174m²) • cobertura 4 dorm. (3 suítes - 361m²) • TV. 3 de Maio, 1514 (entre Av. Magalhães Barata e Av. Gentil Bittencourt). Torres Ekoara 3 suítes (138m²) • cobertura 3 suítes (267m2 ou 273m²) • Tv. Enéas Pinheiro, 2328 (entre Av. Almirante Barroso e Av. João Paulo II).

Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

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em andamento

concluído

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Nara Oliveira Consultora empresarial

Oe ovelho novo varejo sua vida, entregam em casa o que foi pago com cartão de

crédito, sem que nunca se fale com o vendedor. Estas lojas virtuais sempre lembram os nomes dos clientes, felicitam em datas festivas e guardam na “memória“ as preferências pessoais. Com tanta informação disponível pelo Facebook, Instagram, Linkedin e muitos outros, o consumidor tornou-se muito informado, conseguindo comparar, diluir dúvidas e criar posicionamento frente à maioria de suas necessidades. Assim, ele escolhe onde e o que quer comprar. Será que um mundo tão ligado, plugado, com excesso de facilidades, vai nos tragar para um universo onde não existam românticas lojas com designers pensados para um público específico, com formulação aromática fancy, e A pergunta do momento é: será que o varejo.com vai eliminar a compra física? Será que em um futuro próximo

Qual a sua escolha, leitor? O ser humano sempre ten-

“somente olhando”, para ter o prazer de visitar inúmeras

derá a escolher uma vida mais simples. O novo não ne-

lojas simultaneamente – de pijamas, à 0h, na cama – com

cessariamente substitui o antigo, mas sim se acopla a ele,

iPad no colo, vendo TV, tomando algo que não seja leite

oferecendo a todos uma outra opção. A memória afetiva

(pois hoje esta bebida representa a soma de todos os ma-

das pessoas sempre as remete para os momentos positi-

les, até o próximo número da Veja)???

vos ou importantes guardados de outros tempos, sempre

Analisando o nosso quadrado, evoluímos muito desde

vamos em busca de prazeres conhecidos. O futuro nos

a “4x4 Center” até às lojas de varejo AA situadas no 3º

reserva o supremo status de escolher onde e como que-

piso dos shopping centers da cidade. Substituímos as lojas

remos comprar, não excluindo, mas abrindo as possibili-

escuras e sujas por equipamentos modernos, clean, de

dades.

pé-direito alto. Outrora encontrávamos nos salões pessoas

O duro é para você, leitor, lojista terreno, que terá um

que, por falta de outra oportunidade, tornar-se-iam vende-

esforço a mais para convencer seus clientes a viverem a

dores. Hoje, profissionais altamente qualificados ocupam

experiência de suas lojas. E para você, leitor lojista virtual,

cargos de consultores de vendas.

a concorrência será em maior número de bytes que gosta-

didas, customizam roupas para os vários momentos de

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atendido e pretendido?

vamos substituir o prazer de passear em shoppings e ruas

Também encontramos sites que, a partir de suas me-

www.revistalealmoreira.com.br

protótipos de pessoas em consonância com o mercado

ria de enfrentar. Para nós, mortais clientes, nunca foi e no futuro será ainda mais fácil, gastar.

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RLM nº 41 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

ano 10 número 41

Ney Matogrosso Cada vez mais atento aos sinais e novos compositores

Daryan Dornelles Lendas urbanas de Belém Rodrigo Mocotó Xico Sá

www.revistalealmoreira.com.br

Leal Moreira


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