Revista Leal Moreia nº46

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RLM nº 46 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

ano 11 número 46

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Deborah Colker

A brasileira que hipnotizou as plateias e entrou no seleto time dos coreógrafos mais respeitados do mundo

Leal Moreira

Círio Casa Cor Pará Sebastião Tapajós




Conheça o The Wall (by Leal Moreira) na Casa Cor Pará. Um espaço desenhado pelo arquiteto Wallace Almeida, para que você viva os melhores momentos da arte e da música, com o cardápio especial do Famiglia Trattoria e Cia. Paulista.







A Revista Leal Moreira 46 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.

galeria

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CÍRIO DE TODOS NÓS Independente da religião, o Círio congrega religiões e religiosos em um único sentimento: a fé.

perfil

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SEBASTIÃO TAPAJÓS Considerado um virtuose entre os músicos de sua geração e referência aos novos, o violonista fala sobre Amazônia e carreira.

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O outro lado da vilania ganha contornos de bondade e revela segredos que estão sendo [aos poucos] revelados.

138

Um roteiro e uma rota aos amantes da cerveja. Nosso colunista Ricardo Gluck Paul revela todos os segredos.

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especial contos de fadas

destino

especial morte O ritual da despedida é um desfecho necessário - mas ao redor do globo, ele não necessariamente é triste. Conheça as diferenças culturais.

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DEBORAH COLKER Há vinte anos a companhia de dança da maior coreórgafa do Brasil desafia conceitos e as leis da gravidade.

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YAYOI KUSAMA A artista japonesa que fez o seu mundo com formas e cores pessoais.

círio

capa Espetáculo Belle, por Deborah Colker Flávio Colker

capa

índice

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dicas perfil Hatum confraria comportamento Anderson Araújo especial 400 anos Celso Eluan decor tech especial línguas Ricardo Gluck Paul especial Casa Cor enquanto isso Angela Sicilia gourmet vinhos especial cachaça horas vagas institucional Nara D’Oliveira

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PESSOAS SÃO A NOSSA INSPIRAÇÃO.

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editorial

Amigos, Eis que é outubro outra vez! Paraenses [de nascimento, por opção ou de coração] já conseguem vislumbrar a chuva de papel picado, a multidão nas ruas e a celebração por Nossa Senhora de Nazaré. É um momento único, que une pessoas de idades, crenças e credos diferentes - sentimento que nos levou a falar sobre a relação afetiva [maior, mais abrangente] que há quando é Círio. Em outubro, também ocorrerá a quarta edição da Casa Cor Pará. A mostra paraense reafirma - pelo quarto ano consecutivo - todo seu potencial, vigor e ousadia. Convidamos você a prestigiar os trabalhos de profissionais que levam nosso nome a figurar entre os mais respeitados nas áreas de Arquiteura, Design de Interiores, Decoração e Paisagismo. A capa desta edição é o trabalho da coreógrafa Deborah Colker - cujo grupo completou duas décadas de existência. O músico paraense Sebastião Tapajós também nos deixa encantados com sua genialidade e simplicidade - um virtuose que é admirado no mundo inteiro por diferentes gerações de músicos. Não deixe de ler ainda sobre a desconstrução das vilãs dos contos de fadas. Melhor: dedique um tempo para ler a edição 46 da sua Revista Leal Moreira. Aproveite este momento tão especial para nós e passe mais tempo junto às pessoas que ama. Um Círio de paz para você e sua família.

André Moreira

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expediente

Tiragem da edição 46 da Revista Leal Moreira auditada por Revista Leal Moreira

Criação Madre Comunicadores Associados Coordenação Door Comunicação, Produção e Eventos Realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editora-Chefe Lorena Filgueiras Editora assistente e produção Camila Barbalho Fotografia Dudu Maroja Reportagem Ana Carolina Valente, Bianca Borges, Bruna Valle, Carolina Menezes, Dominik Giusti, Gil Sóter, Lorena Filgueiras, Lucas Ohana, Mayara Luma, Natália Mello, Ricardo Gluck Paul e Yorranna Oliveira Colunistas Anderson Araújo, Celso Eluan, Ricardo Gluck Paul, Ângela Sicilia, Nara Oliveira e Raul Parizotto. Assessoria de imprensa Lucas Ohana Conteúdo multimídia Max Andreone Versão Digital Brenda Araújo, Guto Cavalleiro Estagiário Matheus Paes Revisão Marília Moraes e André Melo Gráfica Halley Tiragem 12 mil exemplares

João Balbi, 167. Belém - Pará f: 91 4005.6800 • www.lealmoreira.com.br

Fundador / Presidente Carlos Moreira Conselho de Administração Maurício Leal Moreira [Presidente] André Leal Moreira João Carlos Leal Moreira Luis Augusto Lobão Mendes Rubens Gaspar Serra Diretoria Executiva Diretor Executivo / CEO Drauz Reis Filho Diretor de Engenharia José Antônio Rei Moreira Diretor Administrativo e Financeiro Thomaz Ávila Neto Diretor Comercial e de Relacionamento José Ângelo Miranda

Atendimento telefônico:

Gerências Gerente Financeiro Walda Souza

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• segunda a quinta-feira: 9h às 18h. • sexta: 9h às 17h30. Siga: twitter.com/lealmoreira Curta: facebook.com/lealmoreira Veja: instagram.com/lealmoreira

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Gerente de Relacionamento com Clientes Alethea Assis

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Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com.br. Nele, você fica sabendo de todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras.

Coordenador de Incorporação Patrick Viana

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Comercial Gerente comercial Danielle Levy • (91) 8128.6837 daniellelevy@revistalealmoreira.com.br Consultor comercial Ana Carolina Valente • (91) 8304.3019 anacarolina@revistalealmoreira.com.br Ingrid Rocha • (91) 8802.3857 ingrid@revistalealmoreira.com.br Back office Giovana Teixeira • (91) 4005.6874 giovana@revistalealmoreira.com.br Distribuição distribuicao@revistalealmoreira.com.br Financeiro (91) 4005.6888 Fale conosco: (91) 4005.6874 revista@door.net.br revista@lealmoreira.com.br www.revistalealmoreira.com.br facebook.com/revistalealmoreira Revista Leal Moreira é uma publicação bimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.



Belém

Black Fish Feito para quem quer aproveitar uma noite descontraída em Belém, o Black Fish é um pub ideal para passar o tempo com os amigos. O espaço é bem decorado e intimista, dando a agradável sensação de familiaridade que só os pubs possuem. Especializado em tapas e sushi, a casa oferece um menu leve e cheio de boas ideias. Aproveite a bruschetta de salame e o bombom de filé - petiscos de sabor surpreendente. Além do cardápio, o bom atendimento e a carta variada de bebidas são diferenciais. De quinta-feira a sábado, os clientes ainda podem aproveitar música ao vivo de qualidade, com bandas de pop e rock fazendo o som da noite.

Travessa Almirante Wandenkolk, 200 - esquina com a Avenida Antônio Barreto • 91 3347.9400

Old School Rock Bar Um refúgio no centro da cidade para os amantes do gênero mais popular do mundo. Essa é a proposta do Old School Rock Bar. Como o nome sugere, a música é o grande atrativo da casa – em particular, os nomes que fizeram história na cultura global dos anos 50, 60 e 70. O lugar é decorado para fazer jus ao tema: capas de disco, quadros de grupos famosos e até mesmo uma guitarra cobrem as paredes do bar. No palco, algumas das mais respeitadas bandas locais tocam clássicos do tema de terça a sábado. A cozinha oferece desde lanches rápidos até pratos para duas pessoas – passando por referências à gastronomia britânica, como o tradicional fish and chips. Recomendamos experimentar o drinque Tarantino, feito de tequila, Cointreau e suco de tangerina.

Diogo Moia, 340 • 91 3223.3544 www.revistalealmoreira.com.br

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Pra construir ou reformar a VGA é o melhor lugar.

Boulevard Shopping – Av. Visconde de Souza Franco, 776. Reduto • 91 3222.1748 • casacorpara.com.br

Pisos, Revestimentos, porcelanatos, tintas, louças, metais sanitários, portas, fechaduras, material de acabamento em geral.

Casa Cor Pará 2014 Arquitetura, design, paisagismo e beleza: tudo isso junto num único espaço. Essa é a proposta da Casa Cor - a mais tradicional mostra do gênero da América Latina. A edição paraense já está em sua quarta edição, e em pleno funcionamento. Uma das principais surpresas deste ano é a mudança de local: desta vez, o evento é realizado no 4º Piso do Boulevard Shopping - aliando conforto, comodidade, segurança e praticidade aos visitantes. Outra novidade é uma casa de praia instalada na mostra, que possui seis ambientes executados por vários arquitetos. A Casa Cor Pará já faz parte do calendário da cidade desde a primeira edição, em 2011. Em 2014 não é diferente: já está superando as expectativas de público e crítica. O evento será realizado até 30 de novembro.

Pode confiar Domingos Marreiros, 1731 Telefone: (91) 3344-2300 vendas@vgaweb.com.br


Brasil

Le Pré Catelan (RJ) Localizado no Hotel Sofitel, em Copacabana, o Le Pré Catelan é um lugar para quem deseja se cercar de sofisticação. O lugar é extremamente requintado sem ser ostensivo. O bar com vista para a praia é revestido de madrepérola e acompanhado de cinco lustres de cristais austríacos Swarowski. Cortinas brancas dividem os ambientes, dando a sensação de exclusivismo. Porém, apesar de todo o glamour visual, a grande estrela do restaurante continua sendo o menu. Elaborado com todos os rigores por Roland Villard (membro da Academia de Culinária Francesa e chef executivo da rede na América do Sul), o cardápio tem forte presença europeia, e dialoga bem com ingredientes brasileiros e sazonais. Destacamos as “trilogias”, como a de foie gras - composta de picolé em crosta de avelã, crème brülée e grelhado com milho de hibisco e crepe biju com chutney de goiaba.

Av. Atlântica, 4.240 - Nível E - Hotel Sofitel, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ • 21 2525.1160 • leprecatelan.com.br

Los Hermanos Paleteria (SP) Primeira paleteria de São Paulo, a Los Hermanos – dos irmãos Marco, Marcel e Marcio Menzani – fica em Santana e é um oásis para os aficionados pelo doce mexicano. A sobremesa é apresentada em 22 sabores - todos totalmente naturais, com receitas à base de frutas frescas. Também há opções recheadas e cremosas, como a da paleta envolvida em chocolate quente, para os dias de inverno. Tudo em um ambiente descontraído e leve, que rapidamente caiu no gosto de turistas e moderninhos da capital paulista. Funciona de terça a quinta, das 11h às 22h; e de sexta a domingo, de 11h às 23h.

Rua Doutor César, 742 - Santana - São Paulo - SP • paleterialoshermanos.com.br www.revistalealmoreira.com.br

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mundo

Balzac’s Coffee (Toronto) Diana Olsen, fundadora da Balzac’s Coffee, é formada em letras e estudiosa do escritor que dá nome à sua marca – ele, um apaixonado por café. Diana passou uma temporada na França, colhendo as referências necessárias para inaugurar sua primeira cafeteria no Canadá, em Ontario. Dezoito anos depois, já são oito unidades no país – cinco só em Toronto. A maior da cidade foi construída onde antes funcionava uma antiga fábrica. O ambiente inteiro foi remodelado para lembrar os cafés parisienses dos anos 50. Destaque para o belo lustre Vaudeville, que dá atmosfera especial ao balcão retrô – lugar disputadíssimo entre os habitués. Ótimo para sentar e admirar o movimento do Distillery District, uma das poucas áreas exclusivas para pedestres em Toronto.

1 Trinity Street, Toronto, on, m5a 3c4 • 416 207 1709 • balzacs.com

Fabric Nightclub (Londres) Inclusa no top 5 das melhores baladas do mundo – atrás apenas de casas na festejadíssima Ibiza -, a Fabric Nightclub é o lugar certo para quem quer viver intensamente a noite londrina. De estrutura irretocável, a boate recebe nos fins de semana os mais respeitados DJs da Europa, nas mais variadas vertentes de música eletrônica. As festas possuem temas e gêneros específicos e são fixas em um dia da programação. Às sextas, a FabricLive traz drum and bass, dubstep e outras aproximações. No sábado, é dia de house, tech house, electrônica e techno. Domingo, a festa WetYourself mantém a sonoridade do sábado – com uma pequena diferença: o clube vira uma enorme pool party (justificando, inclusive, o nome da festa). Parada obrigatória para aqueles de espírito jovem e dispostos a só voltar para casa de manhã.

77a Charterhouse Street, Londres, EC1M 6HJ • +44 (0) 207 336 8898 (via Skype) • fabriclondon.com www.revistalealmoreira.com.br

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#eumecuido


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foto Fernanda Preto

perfil

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Bianca Borges

A persistência da

memória

Nascido em uma Manaus que existe apenas em sua memória, o romancista Milton Hatoum utiliza a ficção para reconstruir a terra natal e reafirmar uma literatura que parte da experiência local para tratar de dramas universais

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ois aspectos chamam a atenção quando nos deparamos com a literatura de Milton Hatoum, o romancista amazonense de ascendência libanesa, cuja obra foi traduzida para diversos países, em mais de uma dezena de idiomas – do sueco ao alemão, incluindo o árabe, língua paterna que ele lamenta nunca ter aprendido a falar. O primeiro aspecto é a ambientação de suas histórias, passadas em uma Amazônia de outrora. Nesse cenário, se dá a encruzilhada de dois mundos, notadamente exóticos: o dos habitantes locais e o dos imigrantes árabes. Mas, diferentemente do que possam sugerir de imediato, suas tramas não exploram temas como os mistérios da floresta exuberante, os confrontos envolvendo seringueiros ou o genocídio de comunidades indígenas. A prosa lírica de Hatoum rompe com uma tradição temática marcada por disputas pelo poder e lendas da tradição ribeirinha. Vai além do regionalismo amazônida e do processo de adaptação do imigrante árabe para dar lugar à diversidade brasileira e sua cultura miscigenada, abordando dramas humanos e questões de caráter intimista, com abrangência universal e apelo atemporal. A segunda particularidade de sua obra é a

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utilização da memória na construção da narrativa, especialmente quando nos referimos a Relato de um certo Oriente, seu romance de estreia, que este ano completa um quarto de século. O “relato” a que se refere o título é de uma mulher que volta a sua terra natal, Manaus, após longa ausência e se depara com uma paisagem decadente: a cidade que antes conhecia está em ruínas e a família, desintegrada. Encravada em plena floresta amazônica, a capital tem no rio um símbolo que, no livro, serve como metáfora para o ir e vir da memória. Ao revisitar a cidade de sua infância, a narradora é absorvida por lembranças e, como uma espécie de “Sherazade da Amazônia”, segundo definição do próprio autor em alusão ao clássico Livro das Mil e uma Noites, ela conduz a narrativa em que o encontro com os personagens desencadeia histórias sucessivas. Por vezes, as passagens são despertadas por reminiscências sensoriais, como a visão e o olfato. Mas, em meio aos vãos deixados pelo esquecimento, a linguagem também influencia sua memória afetiva. Não se trata exatamente de uma memória nítida, mas estilhaçada. “Escrever uma ficção significa, muitas vezes, procurar lacunas do passado e, nessa busca, »»»

divulgação


[Sobre Graciliano Ramos] “É meu escritor preferido, com quem mais me identifico. Sobretudo, por ele ter dado um salto do regionalismo para a literatura universal.”

procuramos entender um pouco mais do presente e de nós mesmos”, define o romancista, que cita ainda Jorge Luis Borges, uma de suas influências: “O esquecimento é uma das formas da memória”. Na criação literária, acredita Hatoum, a memória caminha lado a lado com a imaginação. Por isso, o esquecimento é tão indispensável, já que é graças a ele que se abre espaço para a invenção. Amazônia para sempre A infância e a adolescência do escritor se passaram na capital do Amazonas, em um período que antecedeu a Zona Franca. Suas recordações guardam os hábitos e a rotina de uma cidade portuária vibrante e miscigenada, a começar pelo próprio seio familiar: em sua casa, as conversas eram em árabe e em português; e as rezas, voltadas para Meca ou para a igreja católica. Inevitavelmente, esse hibridismo cultural tanto enriqueceu suas referências quanto despertou sentimentos como o de deslocamento e a busca por uma identidade própria – os mesmos que acompanham a maioria de seus personagens. O manuscrito (ainda hoje, Hatoum escreve à mão e evita o computador) de Relato de um certo Oriente percorreu, com seu autor, diversas cidades enquanto ele morava na Europa, até seu regresso a Manaus, onde o livro foi finalizado.

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Após passar parte da juventude em Brasília e São Paulo para depois se fixar em diferentes cidades do velho continente – num período que considera essencial e determinante em sua formação –, ele hoje reside na capital paulista, de onde não planeja sair. Mas toda sua produção literária, garante Hatoum, estará para sempre imersa em sua memória e nos relatos de uma certa Amazônia. Um dos aspectos que mais me encantam em sua obra é o fato dela ser pontuada pela memória. Em Relato de um certo Oriente, podemos dizer que ela é o fio condutor. Poderia falar sobre o uso da memória em sua narrativa? Como tudo na literatura, a memória tem uma relação com o tempo. Está relacionada com a passagem do tempo, que é um dos pilares do romance. O romance fala, basicamente, da passagem do tempo. Para um escritor, quanto mais distante [temporalmente] estiver da sua experiência, melhor. A distância temporal ajuda. E é nesse sentido que a memória tem mais liberdade para ser “acionada”, ser usada como um vetor da imaginação. Minhas memórias, assim como minhas origens, estão refletidas nos meus romances. Mas a memória é também aquilo que a gente esquece. Todo escritor trabalha com as contradições do tempo. Relato é movido pela memória dos narradores: conta a história de uma família

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árabe em versões diferentes, a partir da memória. A linguagem é outro aspecto importante. Em Relato, ela é farta em significados e também desencadeia a rememoração nos personagens, quando estes voltam a vivenciar experiências do passado por meio de lembranças, trazidas inclusive por palavras. Qual o peso da linguagem em sua obra? A linguagem significa muitas coisas. Ela não é só a sintaxe, é também o som e o movimento da frase. O que dá forma a um romance, conto ou poema é a linguagem. No romance, ela significa toda a estrutura da narrativa. A questão do narrador, o tom do narrador, sua posição, como as personagens falam, qual a relação do narrador com esses personagens... Isso é importantíssimo para o romance, que tem que manter uma unidade, uma coerção interna. E tudo isso faz parte de uma estratégia narrativa. Seu primeiro romance, Relato de um Certo Oriente [Companhia das Letras, 1989], foi prontamente premiado e os livros seguintes também ganharam reconhecimento, foram relançados e traduzidos para vários idiomas. Mas nem todos sabem que Relato não foi sua primeira investida literária e que, antes, você teve alguns insucessos. Sim, claro! Eu já fracassei muito. Não coleciono só prêmios de literatura. Sou um verdadeiro


colecionador de fracassos (risos). Tentei escrever poesia e cheguei a escrever alguns contos, na década de 1970. Mas não deu muito certo. Uma de minhas maiores frustrações é não ter conseguido ser um bom poeta. Na década de 1980, você fixou residência na Europa e morou, ao longo de quatro anos, entre Madri, Barcelona e Paris. Essas experiências também se refletiram na sua criação. Fale sobre a importância dessa vivência. Eu queria muito deixar o Brasil naquele momento e ganhei uma bolsa de estudos. Foi uma experiência muito importante. Você sente outro tipo de estranhamento ao ver o país de longe, os amigos, a família... É bom para a imaginação e para o intelecto, para a forma como você pensa e reflete sobre o seu país. Aprendi muita coisa, não apenas com os estudos e as leituras que fiz, mas também com as aventuras, com as pessoas que conheci, com os amores que tive (risos)... As línguas: aprendi um pouco de catalão, em Barcelona, além de espanhol e francês, que já falava um pouco, mas pude aprimorar. Acho que o Relato não teria sido escrito sem o distanciamento possibilitado por essa experiência. Até que você quis voltar para Manaus. Em que momento percebeu que precisava regressar ao

país? Quando comecei a sonhar em francês, achei que era o momento de voltar. Achei aquilo muito absurdo e quase afetado... Sonhar em outro idioma!(risos). Senti falta da língua e de muitas outras coisas do Brasil; uma necessidade quase física de voltar. Há escritores que nunca voltaram... Mas eu senti que aquele era o meu momento. Ao retornar, se deparou com uma Manaus desfigurada pela Zona Franca. Qual foi a impressão que teve de sua cidade natal? Manaus era outra cidade. Vi muita destruição e aquilo me marcou profundamente. Era uma cidade que já não era mais minha, não era mais a cidade que eu tinha na memória, era outra coisa... Ainda fiquei bastante tempo lá, 14 anos. Esse contato, digamos, “epidérmico” com a cidade foi importante para mim e para as obras que escrevi depois, Dois irmãos e Cinzas do Norte. Mas já estou fora há muito tempo, tenho minha vida aqui [em São Paulo] e, hoje, não voltaria mais. Você costuma falar muito sobre Graciliano Ramos, que é uma de suas maiores influências. Sua criação está ligada à obra dele? Graciliano foi um dos escritores da minha vida. Tive sorte de ter lido seus romances ainda muito jovem, em Manaus. É meu escritor preferido, com

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quem mais me identifico. Sobretudo, por ele ter dado um salto do regionalismo para uma literatura universal. Ele me comove por várias coisas: o modo como trata as relações e contradições sociais; a linguagem, que é sempre muito tensa e que diz apenas o essencial. E, do ponto de vista político, quando falamos no homem Graciliano, acho ele admirável. Ele fez críticas contundentes, tanto à direita quanto à esquerda, e reivindicava uma literatura que falasse dos nossos problemas... Você, que também atuou como professor, não hesita em destacar que estudou em escola pública e o quanto o ensino básico que teve, com a leitura, ainda garoto, de autores como Graciliano, contribuiu para sua formação como escritor e cidadão. Certa vez, declarou que considera o aniquilamento do ensino público no país um dos maiores crimes da Ditadura brasileira. Sim. Um dos maiores crimes – e um dos menos comentados – já cometidos pela Ditadura foi a desmontagem de um ensino público razoável. Isso afetou diretamente várias gerações. A minha é uma espécie de “elo perdido” entre o ensino público promissor de qualidade e o ensino privado. Escolas e universidades particulares se reproduziram em escala exponencial a partir da década de 1970. E o descaso intencional com o ensino »»»


signio ã ç c i f uma r e v e r curar c o r p “Es , s e s vez a t i u m ness a , , e fica o d a o p ass d s a ender n t u n e lac s o ocuram r p , a c esente s r p bu o d mais o c u o p um mos”. s e m s ó e de n público repercute até hoje, de Norte a Sul. Criou uma segregação social no país: os filhos da classe média e elite estudam em boas escolas particulares, enquanto a imensa maioria, de jovens pobres, estuda em escolas públicas, quase sempre precárias. E isso não é democrático. Não temos hoje um estímulo à leitura que venha da escola [na rede pública]. Todo o vazio político do regime militar, a ausência da prática política democrática, gerou esse enorme contingente de políticos malfeitores e irresponsáveis. A quatro mãos, você escreveu com o professor Benedito Nunes o livro Crônica de duas cidades: Belém e Manaus (Secult/PA-2006). Como foi o contato com ele nesse período? Vocês já mantinham uma relação, certo? Surgiu o convite do Benedito, mas não conversamos durante a escrita dos ensaios. Mas houve outras conversas, em outros momentos, sobre outros assuntos. Mantínhamos um diálogo sobre literatura e filosofia. Ele sempre foi muito generoso com o meu trabalho. Extremamente generoso, escreveu um belo ensaio sobre o Dois irmãos no seu último livro, A clave do poético. Era um crítico literário admirável e uma pessoa importante

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na minha interlocução. Um grande conversador e intelectual, sem nenhuma pompa, nenhuma arrogância, o que o torna ainda mais admirável. O “Bené” faz muita falta para o mundo intelectual e para a crítica literária e filosófica. Em uma de suas crônicas para o Estadão, “Um mestre butô em Belém”, você narra algumas aventuras em pontos turísticos da cidade. O que é memória e o que é imaginação nela? Tem as duas coisas. Fui a Belém durante as filmagens de Órfãos do Eldorado [seu romance está sendo adaptado para o cinema] e conheci esse mestre butô, que estava dando um curso para os atores do filme. Nós saímos algumas vezes juntos e conversamos bastante. Ele, que mora na Alemanha, havia lido o livro em alemão. Escrevi a crônica a partir dessa experiência, mas inventei várias coisas. O encontro no bar não existiu e o final foi inventado... Inventei quase tudo (risos)! Quer dizer então que a parte da cachaça de jambu é também invenção? Ou você a experimentou mesmo? Sim, claro que experimentei! Escrevi esse trecho por conhecimento de causa (risos). Experimentei a

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cachaça de jambu e adorei. É maravilhosa! Suas histórias estão prestes a ser contadas no cinema. Você acompanhou o processo de adaptação? Está ansioso para vê-las na tela grande? Não participei e quis saber apenas quem iria dirigir. Minha única preocupação é que os filmes mantenham a essência das histórias. No mais, acho que tenho que confiar na equipe responsável. Gosto do trabalho do Luiz Fernando Carvalho [diretor de Lavoura Arcaica e foi ao ar com a novela Meu pedacinho de chão, pela Rede Globo], que está com o projeto de adaptar Dois irmãos. Li o roteiro e achei lindo. Também gosto do Marcelo Gomes [deViajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo], que vai filmar Relato de um certo Oriente. E também do Sérgio Machado [de Quincas Berro D’água], que vai filmar um dos meus contos de A cidade Ilhada. Não há previsão de lançamento pra nenhum deles, mas o Guilherme Coelho já filmou Órfãos do Eldorado. É um jovem carioca que tem raízes do Pará e fez bons documentários. Não vi a montagem, mas os atores são magníficos: Dira Paes, Daniel de Oliveira... Queria ver na tela a essência dos livros, não os livros em si. Mas não fico ansioso, enciumado, nem nada disso.



VESSYL CUP Um copo que diz o que você está bebendo, informa as propriedades nutricionais, acompanha o seu nível de hidratação diário e ainda é elegante. Esse é o conceito do Vessyl Cup – um estiloso copo digital com display discreto e sofisticado, que apresenta todos esses dados em led. A utilidade do dispositivo é infindável: permite que quem o utiliza perca peso, controle a ingestão de cafeína ou açúcar e até durma melhor. Com o Vessyl Cup, você prestará muito mais atenção ao que bebe. E pode se surpreender com os resultados. Onde: myvessyl.com Preço sugerido: US$ 99 (pre-order)

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MOLESKINE TOOL BELT Um Moleskine por si só não faz verão. Quase sempre é inevitável pendurar em seu elástico as canetas, lapiseiras e outros utensílios essenciais para o bom aproveitamento do celebrado caderninho. Pensando nisso, a própria Moleskine lançou um Tool Belt que, além de funcional, é bonito e acrescenta estilo ao notebook. Ideal para levar consigo todo o material de escritório, além de documentos e outros itens indispensáveis no dia a dia. Disponível nas cores cinza e azul. Onde: shop.moleskine.com Preço sugerido: US$ 39,95

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DESTINY Depois de uma massiva campanha de marketing que criou grande ansiedade entre os gamers, o Destiny para PlayStation 4 finalmente foi lançado. Além de possuir excelentes gráficos, a jogabilidade e o som foram muito bem recebidos pela crítica especializada – em parte, por também contar com trilha sonora privilegiada, como uma faixa exclusiva composta e gravada por Paul McCartney. Destiny é um jogo futurista de tiro em primeira pessoa, multiplayer (tanto cooperativo quanto competitivo) com pitadas de role-playing game – envolvendo sobreviventes que devem salvar a humanidade da extinção, alienígenas hostis e “guardiões”. Criativo e muito bem produzido, o game é diversão certa para os apaixonados por esse tipo de entretenimento. Não à toa, obteve o maior número de vendas de todos os tempos em lançamento de formato digital. Onde: store.sonyentertainmentnetwork.com Preço sugerido: US$ 59,99

APPLE WATCH Disposta a aproximar cada vez mais a tecnologia da vida das pessoas, a Apple acaba de lançar seu primeiro relógio. É o primeiro item da marca a ser levado no próprio corpo. Está disponível em três coleções: Apple Watch, Apple Watch Sport e Apple Watch Edition – apresentando variações de design para cada ocasião. Seu sistema operacional foi criado do zero, para comportar tantas funções de navegação em um espaço tão pequeno. O mini equipamento ajusta o horário automaticamente, inclusive quando o usuário está em outro fuso – além de enviar pequenos avisos e lembretes programados para a agenda do dia. Além disso, permite mandar e receber mensagens, informa toda a atividade física efetuada no dia, entre outras funções especiais. As vendas do Apple Watch só começam no ano que vem. Onde: apple.com Preço sugerido: não informado

CHEMIST’S SPICE RACK Para deixar a cozinha mais divertida e com um descolado charme nerd, o Chemist’s Spice Rack é um must-have e tanto. Pegando carona em sucessos televisivos como Breaking Bad e The Big Bang Theory, o jogo para temperos brinca com os elementos da tabela periódica. O conjunto está disponível em diferentes arranjos, variando o número de recipientes e sua disposição. O mais completo vem com nove “tubos de ensaio”, três frascos pequenos e um grande – além das etiquetas para identificar as especiarias no geeky mood. Onde: thinkgeek.com Preço sugerido: US$49,99


comportamento

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Mayara Luma

A moda

vida da

real

Cada vez mais a mulher comum se torna o centro das atenções para marcas interessadas em adaptar seu processo produtivo às reais necessidades de suas potenciais consumidoras

V

ocê se olha no espelho e acha que está muito gorda. Ou magra demais. Imagina que gostaria de ter seios maiores. Ou menores. Que seus braços são muito longos ou parecem roliços. Que seu quadril é pequeno. Que suas pernas são muito grossas. Que seu cabelo não está na melhor das fases. Que gostaria de ter um nariz mais afilado e uma boca mais carnuda. Esta pode ser a descrição do comportamento de qualquer mulher ao se olhar pela manhã no espelho do banheiro. Desde sempre a moda fez questão de estimular pequenas insatisfações femininas ao disseminar padrões ideais de beleza bastante distantes da realidade e pensar em produtos a partir deles. A boa notícia é que, hoje, cada vez mais grifes e grandes lojas de fast fashion tentam se aproximar da mulher real, produzindo coleções adaptadas às suas necessidades e ao seu corpo, bastante diferente daquelas que estamos acostumados a ver nas passarelas e nas revistas de moda. Aliás, não é apenas a moda que vem buscando uma aproximação com a mulher de verdade. Na atualidade, chovem campanhas “pela real beleza”, como a da marca Dove, de produtos de higiene e beleza. A empresa de cosméticos Natura também desponta como uma das que mais investe em campanhas

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neste estilo. No ano passado, fez sucesso com uma propaganda de TV em que as mais diferentes mulheres enalteciam seus diversos tipos de cabelos. Com uma música divertida, a campanha incentivava as mulheres a amarem seus cabelos naturais. Para Felicia Assmar Maia, mestre em Artes pela Universidade Federal do Pará, organizadora do Amazônia Fashion Week e professora de Design de Moda, o que existe hoje é um movimento intenso e significativo, que envolve os mais diversos setores, de aproximação com o consumidor real. “ A razão disso é muito simples: as empresas – e não só as de moda – perceberam que poderiam lucrar ainda mais ao moldar suas produções de acordo com as reais necessidades das pessoas comuns”, explica a professora. Felicia acredita, ainda, que, ao contrário do que tendemos a imaginar, esse não é um movimento recente. “Já faz algum tempo que as marcas perceberam o quanto a aproximação com a mulher real poderia ser positiva, mas acabavam patinando bastante em suas tentativas, o que levava a uma série de erros. Acredito que de uns três ou quatro anos para cá é que passamos a ter experiências de sucesso no Brasil”, explica. Para ela, as marcas brasileiras também se »»»


inspiraram e aprenderam bastante com as europeias e as norte-americanas, locais onde as populações passam há mais tempo por processos de envelhecimento e ganho de peso, o que obrigou as marcas a se adaptarem à “nova” realidade. Recentemente, muitas lojas estrangeiras passaram a trazer para o Brasil suas linhas plus size, como a C&A, que mantém por aqui a linha Special for You, com modelagens entre 46 e 56. Já a norte-americana Forever 21, que chegou no início do ano ao Brasil causando frisson, foi bastante criticada por não ter trazido sua linha de tamanhos maiores, que, segundo foi prometido pela loja, deve chegar nos próximos meses. “É claro que ainda falta bastante para que o Brasil e o mundo democratizem, de fato, a moda em todos os sentidos – e não só no financeiro, o que já conseguimos. Mas acredito que estamos no caminho certo”, defende Felicia. Novos públicos, novos rumos Para conseguir entender quem é a tal mulher

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real, as empresas de moda contam com uma série de dados provenientes de pesquisas de público, como os reunidos pela Associação Brasileira do Vestuário (Abravest) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Recentemente, essas instituições mostraram que mais de 50% dos brasileiros estão acima do peso e que o mercado plus size chega a movimentar anualmente R$ 4,5 bilhões, o que representa 5% do faturamento total do setor do vestuário em geral. E esse número tende a aumentar, já que a Abravest aponta também que o mercado em questão cresce cerca de 6% ao ano. Mas não são apenas esses dados que influenciam as marcas no momento de confeccionar suas coleções. Mulheres comuns servem cada vez mais de inspiração e exercem influência significativa nesse processo, como Juliana Romano, autora do blog Entre Topetes e Vinis, cuja proposta é conversar com qualquer mulher que não se encaixe nos padrões impostos pela sociedade. Jornalista, Juliana já trabalhou para


vários veículos e seu blog é indicado pela revista Nova Cosmopolitan. No blog, Juliana monta looks, conta as novidades do mundo fashion, dá dicas de produtos de moda e beleza, fala de maquiagem, entre outros assuntos. Com quase 71 mil seguidores no facebook, a blogueira foi chamada pela Xica Vaidosa, marca brasileira especializada em plus size, para produzir uma coleção com a sua cara. “As blogueiras estão muito mais próximas da mulher real do que as modelos que estamos acostumados a ver nas passarelas. Então é natural que muitas vezes elas consigam pensar não só no que é bonito, mas também no que é prático, confortável, no que dá certo no dia a dia”, explica Felicia. Experiências semelhantes viveram a recifense Camila Coutinho, do blog Garotas Estúpidas, e a mineira radicada nos Estados Unidos Camila Coelho, do Super Vaidosa. Ambas foram chamadas pela Riachuelo para assinar coleções com seus nomes. O primeiro já foi apontado como

um dos cinco blogs de moda mais influentes do mundo e conta com uma média de seis milhões de visualizações mensais. Já a outra Camila começou a chamar atenção com seus tutoriais de maquiagem e hoje assina até uma linha de esmaltes. A coleção “Torcida Fashion”, pensada para a Copa do Mundo, foi assinada por Camila Coutinho para Riachuelo; e a Coelho, depois de assinar uma coleção de outono inverno inspirada em Nova York, acaba de lançar sua segunda parceria com loja, agora de primavera-verão. Embora sejam vistas e tratadas como celebridades, essas blogueiras se aproximam da mulher real na medida em que colocam a moda em prática e conseguem perceber o que realmente tem chance de vingar e o que se resume à beleza conceitual de passarela. Diante desse cenário, podemos portanto dizer que a fonte de inspiração vem mudando? “Até pouco tempo atrás, as grandes lojas que hoje chamamos de fast fashion tinham, na verdade, »»»


pouco de fashion. Eram lojas funcionais que vendiam roupa básica por um preço acessível. Com o tempo, passaram a se inspirar nas tendências das passarelas mundiais e aplicar isso às suas coleções. Hoje, uma nova e rica fonte de inspiração surge com as influências que vêm dos blogs. Mas não podemos dizer que uma coisa substitui a outra, mesmo porque as blogueiras são bastante ligadas na tal moda conceitual, de passarela”, explica Felicia. Thássia Naves é outra blogueira de sucesso no Brasil. Herdeira de uma família tradicional de Uberlândia (MG), a moça já assinou coleções de lojas de fast fashion, é garota propaganda e principal inspiração da grife mineira Iorane, por quem também é chamada para opinar nas coleções. Com 1,68 de altura, ou seja, mais baixa do que as tradicionais modelos, pele morena, magra, mas com pernas também mais grossas do que o padrão normalmente exigido pela moda, o corpo e o estilo da blogueira são determinantes no processo de criação da Iorane. Para Felicia, é inquestionável que as blogueiras são fonte de inspiração para milhares de mulheres e, acima de tudo, geram processos de identificação nas pessoas que, de uma maneira ou outra, se veem nelas. “Acho positiva a participação das blogueiras na produção de moda porque isso acaba levando a uma democratização maior deste mercado. Mas as marcas precisam tomar alguns cuidados. A grande maioria destas meninas não tem formação em moda, por isso, precisam ser supervisionadas por profissionais. Caso contrário, caminharemos rumo a um amadorismo não mais desejado ou esperado na atualidade”, encerra.

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Qual o seu ?

타tilo 37


Clássico, Moderno ou Casual. O próximo Leal Moreira tem o seu. A Leal Moreira sabe, tudo que você buscou na vida, tem o seu jeito, a sua forma de ver e pensar.

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Aguarde! Breve lançamento na Av. Governador JosÊ Malcher.

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Anderson Araújo jornalista

Tinha tudo para dar errado Tinha tudo para dar errado. Ela, efusiva. Ele,

outro desconhecido tentando afagar seus cabe-

Enquanto ele confabulava com seu eu mais

calado. Ele, absorto. Ela, um vendaval. Um copo

los, acenou para mais três amigos à esquerda,

pessimista e a réstia de esperança que o manti-

na mão, a parede como companhia, um cigar-

mandou beijo para um conhecido à direita. Não

nha vivo, ela lançava o corpo no espaço em per-

ro na mão esquerda. Tragadas excessivas. Dava

parava. Era um sucesso, quase uma vereadora

feita harmonia com a luz e som. Nem aí.

para ver que ele era um falso fumante. Entre os

de cidade pequena. Agradeceu o prestimoso

Ela, um milagre na pista.

dois, um mundaréu de gente entregue à festa.

portador do fogo e rumou para onde estava.

Ele, um desastre por dentro.

A mulher se movimentava no lusco-fusco arti-

Ele, do seu posto, acompanhou o andar e pou-

O homem estava prestes a agradecer ao cria-

ficial com graça. Ele a olhava. Sério. Fixamente.

sou novamente os olhos onde ela parou para

dor pela dádiva, quando outra aparição se inter-

Ainda bem que a moça não viu. Teria corrido da

seguir a diversão. Sentiu-se mal nas próprias

pôs ao par: uma loira de réveillon em Balneário

expressão estática do observador. Parou a dan-

roupas, sentiu-se mal com a falta do que dizer.

Camboriú, uma visagem espetacular trajada em

ça, varou a multidão. Os braços para cima, mos-

Jogou o cigarro no chão e apagou com a sola

microvestido vermelho, brotada do chão, de de-

trando as axilas depiladas, perfeitas. O colo nu

do sapato.

baixo da mesa, do globo espelhado, detrás do

com o tomara-que-caia. Vestida de negro. Som-

Sem demora recobrou o senso de oportunida-

balcão, dos pick-ups, do copo de caipiroska, sa-

bra ao redor dos flamejantes olhos castanhos, a

de e caminhou ao centro da pista. Muitos dan-

be-se lá de onde. Olharam-se, se identificaram,

boca de carmim.

çarinos em variedade de estilos impressionantes.

se permitiram.

- Uma cerveja. – Ela gritou ao barman.

Sentiu-se à vontade para se mover com certo rit-

Ao poucos os movimentos sincopados das

mo e do jeito que a parca coordenação motora

mulheres foram se afinando e ele, claro, foi posto

permitia. Como um caramujo, aproximou-se aos

de lado tal um penetra no glorioso evento femini-

A música era alta.

poucos da mulher vestida de negro com belos

no formado de uma hora para outra.

Virou-se e pediu fogo ao primeiro desconhe-

olhos marrons.

cido. O desconhecido era ele! Estendeu a brasa do cigarro que detestava, mas o ajudava em interações milagrosas, como a que acabara de ocorrer entre ele e seu objeto de contemplação. Ela acendeu e, em seguida, berrou que adorava o set list do DJ fulano de tal.

Logo, elas atraíram todos os olhos. Formou-se

Ela entendeu o movimento. Sorriu e requebrou.

um círculo. Magnéticas. Insinuantes, sensuais, ir-

Bateu com as mãos, jogou o cabelo, desceu até

mãs de frisson, a dupla sustentou uma simbiose

o chão.

inabalável até o fim da festa.

Por um momento, parecia que os dois estavam na mesma dança. Ela, esplêndida. Ele, o desengonço. Ela, leve. Ele, uma bigorna. Ela, solar. Ele, cinza. Ela, integrada, ele dissolvido.

Saíram juntas. Mãos dadas, riso frouxo, modernas, trançando pernas, fantásticas. A lady in black ainda acenou para ele antes de cruzar a porta.

Ele não soube responder. Não conhecia a mú-

Ela com um sorriso franco e aberto que não

Quase sozinho no salão, ele acendeu mais um

sica, tampouco o DJ fulano de tal. Retraiu-se, frá-

poderia ser chamado de nada menos do que ra-

dos mágicos cigarros de interação, desta vez

gil, em muxoxo adolescente.

diante. Ele tenso, travoso, encrespado, ansioso

para aliviar a derrota.

Ela perguntou se estava tudo bem e, ao mesmo tempo, escapou de uma mão masculina de

pelos próximos passos.

Tinha tudo para dar errado.

O que viria depois da dança?

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E deu.


perfil

Segundo o músico, a intimidade com o violão começou no momento em que consertou um violão danificado. revistalealmoreira.com.br

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Dominik Giusti

Dudu Maroja

O Homem eo

rio

Sebastião Tapajós é homem das águas. Foi numa viagem de barco que ele nasceu, em 1942, no oeste do Pará, em um afluente do rio que hoje compõe seu nome. E parece ter vindo dali a sua habilidade com o violão: fluida, corrediça, como se dedilhasse líquido ao invés de cordas. A intimidade com o instrumento começou em Santarém, sua terra natal. Começou observando o pai tocando e certa vez, pegou o violão danificado e o consertou. A cena é simbólica: o músico atribui à esse momento o início de uma outra vida. Ele diz que se não fosse a música, seria moleque de rua. O encantamento com o violão foi tanto que Sebastião diz que, quando teve contato com o instrumento, ficou hipnotizado. Já adolescente e com habilidosa desenvoltura, chegou a Belém para tocar na banda “Os Mocorongas”. Era um projeto de banda de baile, que tocava em festas noturnas da sociedade paraense. O violonista já era requisitado e o próprio público pedia que ele tocasse clássicos de Shubert e Chopin, transcritos para violão, por exemplo. Aprendeu de tanto escutá-los já que sua formação foi basicamente movida pela forte curiosidade e pressa em aprender a tocar, tanto que quando se matriculou em um curso regular de aulas de violão, saiu após a terceira aula; o curso começara com aulas teóricas. Depois de entendido, e não mais inconformado, voltou para as aulas com o professor João Fona. Não gostava de teoria, mas sabia que era a base do que queria fazer, do que já fazia empi-

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ricamente. A partir daí, a carreira foi sendo moldada com grandes professores no Brasil e na Europa. Foi professor no Conservatório Carlos Gomes no final da década de 1960 e considera a docência uma outra escola. Tocou com inúmeros artistas da música brasileira, como Gilson Peranzzetta, Hermeto Paschoal, Sivuca, Nego Nelson, Salomão Habib, e compôs com tantos outros. Tem mais de 70 discos lançados. Haja fôlego para compor! Para Sebastião, no entanto, o ofício é rotina: ao acordar, já pega o violão para as primeiras notas matinais. Aos 72 anos, hoje um indiscutível expoente internacional da música instrumental, Sebastião tem reconhecimento exatamente pela dedicação ao que faz. Como ele mesmo define, “vive enfiado no violão”. De tantos prêmios e discos, já nem recorda todos. O que compreende, acima de tudo, é que para compor e tocar é preciso antes sentir. Pesquisando sobre a sua vida, li que o senhor nasceu em um barco. Conta para nós um pouco sobre essa história... Em abril é inverno grande. Nasci no rio Surubi, dentro d’água. A casa que a gente morava tinha uma maromba, um assoalho, e estava cheia de água. Tinha uns dois metros. E minha »»»


mãe estava chegando e nasci ali mesmo. Ela queria me ter em Santarém, mas fiquei por lá. As pessoas dizem que nasci em Alenquer, mas digo que nasci no Surubi, nunca neguei. Meu pai que me registrou lá, mas me sinto santareno. Se eu tivesse nascido em Alenquer, seria outra coisa. Era uma lancha a vapor que se chamava “Marilita”, e o barco chegou e aconteceu... o pessoal de Alenquer faz uma confusão, eles dizem que eu nasci lá, mas fui conhecer a cidade com 12 anos de idade. O senhor começou a tocar violão muito cedo, ainda criança. Como foi esse início com a música e com o instrumento? O que sentia? A verdade é que a música me acompanha desde que me entendo como gente. Foi tipo hipnotismo, lá pelos 9, 10 anos. Tive tudo para ser um bom moleque de rua, mas ela foi mais forte. Em Santarém,quando criança, a gente ficava na rua, ia para praia... Saía de casa sete da manhã e voltava sete da noite. Meu pai fi-

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cava bravo, me esperando com um cinturão. Não gostava muito de ir para a escola, gostava mesmo era da rua. Mas quando me liguei na música, fiquei hipnotizado, esqueci da rua. Meu primeiro contato com o violão foi com o do meu pai. Tinha um pessoal que ia pra lá pra casa beber cachaça, cantar e tocar. Aquelas coisas antigas... “a minha vida era um palco iluminado, vivia vestido de dourado” [canta Chão de Estrelas, de Orestes Barbosa]. Eu sempre estava lá, atento ao violão. E o que aconteceu? Fiquei hipnotizado mesmo! Certa vez, o violão ficou largado, pegou muito sol e a madeira se abriu. A parte da frente descolou. Eu, curioso, fui cortando a madeira pela parte do meio, tipo assim, para segurar as duas partes, para fazer tipo um gancho para colar o violão. Botei as cordas direitinho. Meu pai viu aquilo e resolveu comprar um outro violão e me deu. Eu gostava muito, mas meu pai tocava pouco. Foi quando ele me botou na aula de violão com seu João Fona, em Santarém. Depois da primeira aula, ele pergun- »»»

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Discografia • Apresentando Sebastião Tapajós e Seu Conjunto (1963) • Violão e Tapajós (1967) Philips LP • Bienvenido (1973) Tapajós LP • Guitarra Fantástica (1974) RCA (Alemanha) LP • Guitarra Latina (1975) LP • Terra (1976) LP •Clássicos da América do Sul (1977) LP • Guitarra & amigos (1977) LP • Xingu (1979) LP • Violão & amigos (1979) RCA Victor LP • Sincopando/Zimbo Trio convida Sebastião Tapajós. Sebastião Tapajós e Zimbo Trio (1982) Clam LP • Guitarra criolla (1982) RCA Victor LP • Todos os sons. Maurício Einhorn & Sebastião Tapajós (1984) Barclay/Ariola LP • Visões do Nordeste (1986) L’Art Prod./Independente LP, CD • Painel (1986) Visom LP • Villa-Lobos (1987) L’Art LP • Lado a lado. Gilson Peranzzetta e Sebastião Tapajós (1988) Visom LP, CD • Brasilidade. Sebastião Tapajós e João Cortez (1989) Visom LP • Terra Brasis (1989) L’Art LP • Reflections. Gilson Peranzzetta e Sebastião Tapajós (1990) CD • Instrumental no CCBB. Sebastião Tapajós, Gilson Peranzzetta, Maurício Einhorn e Paulinho Nogueira (1993) Tom Brasil CD • Encontro de Solistas (1993) Movieplay CD • Amazônia brasileira. Sebastião Tapajós e Nilson Chaves (1997) Outros Brasis CD • Afinidades. Sebastião Tapajós e Gilson Peranzzetta (1997) Movieplay CD • Ontem e sempre (1997) Movieplay CD • Da minha terra. Jane Duboc e Sebastião Tapajós (1998) Jam Music CD • Sebastião Tapajós interpreta Radamés Gnattali e Guerra-Peixe (1998) - CD Independente • Encontro com a Saudade (1998) - CD Independente • Lembrando Dilermando Reis (1999) - Bahamas CD • Do meu gosto. Sebastião Tapajós e Gilson Peranzzetta (1999) - CD Independente • Instrumental Caboclo (1999) - CD Independente • Solos da Amazônia (2000) - CD Independente • Solos (2000) - CD Independente • Acorde violão (2000) Universidade Estácio de Sá CD • Do Meu Gosto (2001) - CD Independente • Solos do Brasil (2001) - CD Independente • Choros e Valsas do Pará (2002) - CD Independente • Cristina Caetano interpreta Sebastião Tapajós & Parceiros (2010) - CD Independente • Sebastião Tapajós: Tempo de Espera (2010) - CD Independente • Conversa de Violões (2011) - Sebastião Tapajós e Sérgio Abalos - CD Independente • Cordas do Tapajós (2011) - Sebastião Tapajós e Sérgio Abalos - CD Independente • Suíte das Amazonas - (2012) - CD Independente • Painel (Remasterização) (2012) - CD Independente • Da Lapa ao Mascote (2013) - CD Independente • Aos da Guitarrada (2013) - CD Independente


tou como eu queria aprender. Eu achava que se fosse aprender logo, não precisava de professor. Fui para três aulas e, ao invés de me dar o violão, já que eu era louco pelo instrumento, ele começou com aulas teóricas, falando que a música serve para manifestar aspectos da alma por meio do som. Mas eu já queria reconhecer as notas musicais. Com isso,na terceira aula eu parei de ir, por conta própria. Daí meu pai chegou e perguntou o que tinha acontecido. Disse que já queria o violão, não teoria. E como a música foi se transformando em ofício? A partir de que momento o senhor decidiu que ia seguir o caminho de instrumentista? Ainda criança, já tocava em Santarém ganhando algum troco no conjunto “Os Mocorongos”, cujo diretor era o senhor Mimi Paixão. Era um grupo de baile aqui da cidade, de adultos. Na época, eles precisavam de violonista, eu era moleque metido, fui tocar com eles. E ainda ganhava um ‘cachêzinho’ (sic). Me davam qualquer 10 mil réis e estava bom pra caramba! Depois vim para Belém, já com 16 anos, também tocar nos “Mocorongos” da capital, com Gelmirez Mello e Silva, fui tocar no grupo dele, de estudantes. Já tinha 16 anos. Assim, consegui partir para Belém, em 1959. Um professor me viu tocando clássicos como Chopin, Schubert, e disse: “você também toca clássicos, não sabia”. E eu respondi que sim. Foi quando, nos dias de baile, comecei também a me apresentar solo. Parava o baile no meio e eu tocava transcrições do piano para violão. Também tocava já o repertório do Dilermando Reis, um expoente do violão, do chorinho. Prossegui estudando e tocando com professor Ribamar, teoria musical, mas também as notas. Era isso que eu queria. E segui com o professor Drago. Nesse momento, já sabia que era músico. Em 1964 o senhor foi estudar na Europa. Como foi esse período? A Europa foi o terceiro passo em minha vida, já tinha passado pela mão do Professor Othon Saleiro, no Rio de Janeiro. Foi muito importante porque além de conhecimento, fui estudar com

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Ouça mais

um dos maiores mestres da época, o espanhol Emilio Pujol. Isso me deu um status, tive a honra de estar participando com alguns concertistas, tomando aulas especiais, master class. Tenho até hoje uma carta do Emilio, escrevendo para o governo do Brasil sobre mim... isso aos 21, 22 anos. Já em Belém, o senhor foi professor no Conservatório Carlos Gomes. De que forma essa experiência influenciou sua carreira, como foi esse momento? A experiência como professor no conservatório foi muito boa, pois ensinando a gente aprende muito. Violão é o instrumento para o qual sempre me dediquei, então já tinha conhecimento bastante amplo, tocava peças, clássicos, um pouco de tudo, era virado. O senhor tem muitas parcerias com jovens agora. Sim, muitas... Vi meninos com cinco anos de idade e hoje tocam “absurdo”! Henrique Neto, por exemplo. São muito talentosos. O Sérgio Abalos foi maravilhoso. Estava encolhido em Santarém e ele chegou e começamos a tocar juntos em 2009. O senhor já lançou mais de 50 discos. Como é a sua maneira de compor? O senhor tem alguma inspiração especial ou há uma regularidade quanto à produção musical? Agora já são mais de 70 discos. É assim: pego o violão, começo a dedilhar. Todos os dias, antes ou depois do café da manhã, pego no meu violão já caminhando pelo mundo musical, é como se fosse um ofício. A música vai surgindo, de alguma coisa que sinto que posso prosseguir. A música tem muito disso, você começa e depois tem que sentir. Para. Outras você começa e vai... Toda manhã, tenho esse tipo de prática. Depois, eu tenho que tentar gravar. Mas é uma prática diária. Não é que seja fácil, é gratificante. São sete notas musicais, então, para você fazer alguma coisa que seja mais ou menos boa, elas têm de virar um mundo pra você; se não se faz nada. É uma sequência, uma lógica. Tem que ter princípio, meio e fim. Você sente e vai fazendo....

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especial contos de fada

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Bruna Valle

Espelho meu, que

malvada sou eu? Famosas por seu estilo extravagante, perversidade, inveja, risada maléfica entre outros adjetivos escusos -, as vilãs das histórias infantis aterrorizaram a vida das mocinhas e despertaram toda a raiva inocente da infância. Sim, elas foram nosso primeiro exemplo do que era mal, mas algumas delas ganharam a oportunidade de contar suas próprias versões e, para surpresa geral ou não, nem tudo são trevas.

O

desfecho “felizes para sempre” não era assim tão bom para todos os personagens envolvidos nos contos de fada. A antagonista sempre era punida por seu comportamento antipático e destrutivo. Embora na história nunca fosse revelada de onde vinha tanta maldade e ressentimento – levando o espectador/leitor a crer que era uma qualidade nata da antagonista -, seu destino era sempre o mesmo: pagar todos os males que causou antes da felicidade eterna para os bons. Não é possível dizer a origem exata dessas características de contos de fadas, pois estão presentes na cultura de diversos povos e regiões desde a época da oralidade. Segundo a crítica de literatura infantil Denise Escarpit, essas narrativas remontam de antigos contos populares adaptados a uma forma didática e pedagógica que incorporava valores já presentes nas sociedades. Uma maneira simples de transmissão de ensinamentos ligados ao senso comum e uma moral ingênua baseada no típico final feliz depois que o bem vence o mal. Uma rivalidade clássica que perdura até hoje como uma fórmula infalível de tramar histórias, que nós sabemos bem onde começa e como termina e mesmo assim sempre assistimos. Mas como ser diferente é normal , algumas narrativas ganharam novas versões, em que os abomináveis personagens têm a chance de mostrar a explicação para tudo de ruim que fi-

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zeram, suas razões ou motivos. Será que deu certo? Parece que sim. Um exemplo de sucesso é a reviravolta no clássico Mágico de Oz de L. Frank. Baum, lançado em 1900, causado pela narrativa da trajetória da Bruxa má do Oeste retratada de uma forma bem diferente em Wicked - escrita por Gregory Maguire em 1995. Nela, podemos contemplar uma Elphaba (Bruxa Má do Oeste) distinta da que vislumbramos pela versão de Dorothy, que na verdade nem nos preocupamos em conhecer já que é normal admitir que, se é bruxa e faz coisas ruins à mocinha, só pode ser nefasta. Gregory Maguire mostrou ao mundo que Elphaba teve suas razões e não só convenceu, mas acumula inúmeros fãs que a adoram no livro e, principalmente, na adaptação para a Broadway, que ano passado comemorou 4.269 apresentações e seu décimo primeiro lugar como show mais longevo em cartaz na Broadway. Ao vivo e em cores, as pessoas puderam distinguir uma história bem mais complexa do que estavam acostumadas a ver e isso as encantou. Uma dessas fãs confessas é a fotógrafa Diva Nassar, que leu o “Mágico de Oz” depois de conhecer “Wicked”, ou seja, fez o caminho contrário. Mas garante que a ordem desses fatores foi providencial na compreensão da trama. “Eles transformaram a história por completo. A bruxa má passa a ter relação prévia com »»»


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Não acho que devamos ser definidos por elas. Não podemos só nos agarrar às coisas boas as e jogar as ruins pra baixo do tapete”. E o segredo para o sucesso de abordagens gens como a de Wicked e até mesmo a nova produodução da Disney “Malévola”- que reconta a históistória da bruxa má inimiga da princesa Aurora a - é, para Diva, a “aproximação de fantasia e realidade, mostrando os fatos por trás da conduta duta duvidosa das vilãs. Fator que cativa e faz com que o público se identifique com a vilã. Isso traz à tona a noção de como as nossas atitudes podem ser mal interpretadas e transformadas em uma imagem que não condiz com o somos inteiramente”. A série “Once Upon a Time”, criada por Edward Kitsis e Adam Horowitz e que estreou em 2011, também pegou esse caminho da releitura e foi além, colocou os personagens entre o nosso mundo e o fictício – aproximando-os ainda mais da nossa realidade. É no formato de seriado que vemos a história da Branca de Neve ser contada mais uma vez em nossas vidas. Mas não é só a vilã que está em foco e além dos famosos coadjuvantes do clássico, ainda temos a interseção de outros contos na mesma trama. Nesta versão, convivemos com uma multiplicidade de personagens, significados emoções humanas. A designer de interiores Mariluci Figueiredo é uma das espectadoras e afirma que é exatamente essa diversidade em tudo, mas, princi- »»»

foto R

todas as personagens, menos a Dorothy. Ela é a principal do livro. Achei uma mudança incrível e muito bem feita, talvez por ser bem mais atual e menos maniqueísta”. A abordagem audaciosa do clássico representa não só a quebra do paradigma maniqueísta, mas uma complexidade muito mais ampla no mundo dos contos de fantasia. E Diva acredita que essas releituras são essenciais para que façamos uma avaliação equilibrada do que entendemos como positivo ou negativo e os valores a eles interligados que vêm arraigados desde a mais tenra idade. “Essa obra revela uma tendência: que é a de vermos os vilões por outro ângulo. Onde ninguém é rotulado e todos fazem escolhas e elas, obviamente, têm consequências. É uma experiência interessante porque derruba a ideia de que alguém pode ser essencialmente ruim ou completamente bom. Os princípios mudam quando eles são apresentados de forma mais comparável com a realidade e nós mesmos nos avaliamos”. Mas isso só é possível depois de já ter um pouco de maturidade. A fotógrafa destaca que “não questionamos o comportamento das personagens dos clássicos quando crianças porque ainda não tivemos experiência suficiente. Uma vez que isso acontece, é impossível acreditar que alguém seja somente maldoso ou bondoso. E essa impressão simplista tem que ser quebrada sempre que possível. Tomamos decisões de que nem sempre nos orgulhamos.

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palmente, o fator realidade é que desperta a curiosidade e interesse pelo enredo. “No conto original, tratava-se de uma alegoria, um lugar distante, sem nome ou inexistente no mapa mundi. ‘Once Upon a Time’ traz a magia para o mundo real e atual. Os personagens são mais parecidos com os humanos e vivem as dores e alegrias do mundo de hoje”. Embora seja fã dos clássicos e considere de suma importância para a fase de formação dos indivíduos, Mariluci admite que novidades que envolvem o universo fantástico são muito bem vindas, mas não devem substituir as versões originais que têm a profundidade necessária para começar a conhecer a literatura e os saberes nela inseridos. “Eu achei interessante a proposta de reinvenção. A fantasia sempre me agrada e chama a atenção. Meu lado criança/ adolescente ainda fala alto no que tange a filmes, livros etc. Apesar disso, acredito que as crianças devem ver os clássicos. São bonitos, bem feitos e o bem vence o mal. No mundo de hoje, um pouco de fantasia e finais felizes são uma necessidade!”. A fórmula do “felizes para sempre” pode até ser clichê e, claro, ter as motivações dos vilões desmitificadas são um ponto positivo, mas, para Mariluci, ver os bons triunfarem sobre os maus não tem preço, seja como for. “Todo mundo gosta de ver o bem vencer. Esperança é sempre bom e é uma combinação que deu e continua dando certo mesmo nos filmes modernos. Não vejo as pessoas querendo julgar diferente o antagonista, embora dê pra entender os motivos da bruxa - pelo aspecto humano inserido - isso não justifica suas ações. As histórias originais têm um apelo muito forte. Estão entranhadas na mente das pessoas. Ao dar cara nova a essa história, adiciona-se curiosidade e expectativa sobre como vai ser, mas não vejo preocupação em avaliar a fundo os personagens. O interesse aumenta porque as pessoas, de repente, se enxergam neles e o mal é um algo muito presente na vida real. Acho que, talvez, seja reconfortante saber que, por trás do malvado, existe um ser como todos nós, mas que, no fim das contas, quem age de acordo com o bem é sempre recompensado ”. O “Livro dos Vilões”, lançado recentemente, recria os clássicos em um universo também real e humano em que as situações que envolvem os famigerados personagens infantis são bem distintas das que estamos acostumados, até os nomes não são os mesmos, exceto no conto de Fabio Yabu, que respeita alguns limites e características da clássica história do lobo mau. “A menina e o lobo” é um dos mais diferentes da coletânea, pois, embora se passe no »»»

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mundo dos contos de fada – diferente das outras que se ambientam no mundo real -, propõe uma leitura bem mais crítica desse universo paralelo, onde estão todos presos aos seus desfechos já conhecidos, da princesa a bruxa. E, para dar um novo rumo a esse padrão, é que entra o lobo mau e suas reflexões psicológicas dando rumo à narrativa. Segundo Fábio, sua história é totalmente voltada para o tão famoso lobo mau, mas não aquele que você só viu aparecer nos momentos de perversidade e sim o que toma forma no íntimo do personagem, em seus pensamentos. “Este trabalho me exigiu muita pesquisa porque bastante coisa já foi feita acerca de releituras. Eu não queria simplesmente mostrar a mesma história de um ângulo diferente, queria explorar algo que ainda não fosse conhecido. Por isso, ela mostra como se dá a ‘maldade’ nas histórias infantis, como ela funciona e influencia no plano geral. Eu trato ele não só como um personagem, mas uma força necessária na história para mostrar o quanto precisamos disso, desse equilíbrio. O meu conto no livro é o mais diferente, pois pude surpreender as pessoas com a abordagem”. Assim como Mariluci, Fabio acredita no papel crucial de começar a perceber o mundo pela janela dos contos à moda antiga, pois é exatamente a simplicidade característica deles é que dá

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o embasamento necessário para compreensão do que ainda virá pela frente. “A minha história, bem como as outras que vão por este caminho são mais indicadas para o publico jovem adulto. As crianças precisam conhecer bem as fábulas originais para apreciar as novas interpretações. As narrativas arquetípicas servem para formar a base literária e de símbolos sem a qual a criança não conseguiria explorar outros tipos de obras”. O Psicólogo Cezar Adrião explica que todo esse arranjo perfeito disseminado pelas narrativas que nos “educam” a conceber a realidade é totalmente pragmático e tem apenas uma função: nos indicar como agir dentro das regras já existentes da sociedade. “A vivência do mal na infância de certa forma impunha um limite inquestionável quanto à sua conveniência. Não havia o que (ou assim se fazia conveniente aos adultos) se questionar quanto à possibilidade de ser flexível quanto ao mal. Ser mal era aquilo que se devia evitar a todo custo, ao mesmo tempo em que servia como parâmetro negativo; agia-se bem ao não agir mal. Por isso, não se vislumbrava profundidade nos personagens malignos: a maldade deles não possuía qualquer justificativa aparente (como no caso de malévola em A Bela Adormecida) ou então era limitada a um aspecto não equilibrado da personagem, algo que servia como exemplo negativo, exemplo de como não agir, de como não

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ceder aos sentimentos e impulsos mais egoístas do ser humano (como a inveja que nutria a rainha má pela beleza de Branca de Neve)”. Mas essa transformação na forma de retratar condutas e comportamentos dentro das já citadas histórias está acontecendo e todos estão tendo a oportunidade de distinguir e julgar por si mesmos se condenam ou não as vilãs. E esse, para o psicólogo, é um caminho sem volta que permite inúmeras reflexões e exigem bem mais do espectador. “Sem dúvida, a complexidade das ‘vilãs’ amplia as possibilidades de identificação dos leitores com suas companheiras imaginárias. Aprofundar nas origens delas, que anteriormente padeciam de qualquer justificativa aparente para os atos malévolos que praticavam, leva-nos a imergir na realidade e na psicologia particular (e antes desconhecida ou renegada) delas, conduzindo-nos a um plano no qual torna-se possível compreender ou mesmo aceitar algumas atitudes que antes seriam absolutamente condenáveis e repreensíveis. Essa nova ‘visão’ lança o espectador na ‘zona cinza’ de construção do sentido, de elaboração do significado e distinção crítica dos parâmetros pelos quais estará observando o personagem. Sem uma distinção precisa e exata do bem e do mal, é preciso um trabalho muito mais intenso do próprio sujeito de como se situar diante das atitudes que observa”.




AO CUBO


capa

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Bianca Borges

Flávio Colker / divulgação

O duplo

em

Deborah Colker Em seu mais novo espetáculo, que segue em turnê pelo país, a coreógrafa se baseia no clássico “A Bela da tarde” para explorar na dança os limites da condição humana e as tensões entre o amor e o desejo

U

ma iluminação muito sutil marca o corpo da personagem principal no palco. Os figurinos são delicados e o branco alterna com tons pastel nas roupas e no mobiliário sóbrio. Ao fundo, em clima de tranquilidade, ouvimos uma suave trilha sonora, na mais leve harmonia com o ambiente. Estamos na plateia do Teatro Municipal, no centro do Rio de Janeiro, na noite de estreia do mais novo espetáculo da coreógrafa Deborah Colker, atualmente em turnê pelo Brasil. Livremente inspirado no clássico francês “A Bela da tarde” (“Belle de Jour”, filme de 1967, dirigido por Luis Buñuel, com Catherine Deneuve no papel principal), “Belle” conta a história de Séverine, uma mulher casada com um profissional bem-sucedido e que, movida pela ânsia de transgressão, tem sua rotina balançada após uma inesperada descoberta. O tédio e a insatisfação com sua vida sexual no casamento a levam a visitar um bordel pela primeira vez. É quando a suavidade e a calmaria dão lugar, no segundo ato, a uma atmosfera de volúpia. As sapatilhas clássicas são trocadas por saltos altíssimos. Surgem vestimentas nada discretas: decotes provocantes e acessórios eróticos em tons intensos, que evocam a mais explícita sensualidade. A sobriedade do cenário doméstico é substituída por um sugestivo pole dance e, aos poucos, o palco

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é preenchido pelos 17 bailarinos que compõem o espetáculo. A iluminação diminui e a música entra em um ritmo pulsante – cabe destacar, a propósito, que ao longo da narrativa, a trilha passeia do leve instrumental da abertura à musica eletrônica, passando por Miles Davis e Velvet Underground. A descoberta do submundo do prostíbulo revela um universo que parecia desconhecido, até então. E a mudança estética entre os dois atos marca também a ruptura que ocorre no interior da personagem. Diante de sentimentos irrefreáveis como o desejo e o prazer, ela se depara com “Belle”, um codinome para as pulsões que estavam contidas em si, e que funciona como uma segunda identidade. Pela primeira vez, Deborah optou por usar duas bailarinas para interpretar um mesmo personagem. “A Belle dentro dela é tão forte que merecia um físico diferente. Como em dança tudo se traduz no corpo, escolhi duas bailarinas [dois corpos] para evidenciar isso ainda mais. Essa é a minha assinatura estética na coreografia: personificar esse duplo”, justifica. A cena em que Belle está solitária no centro do palco representando uma tentativa de resistir às suas pulsões dá origem a uma imagem que já entrou para a galeria das mais marcantes no repertório de movimento da coreógrafa. “Ela nunca tinha ido a um bordel antes. Então, quando retor- »»»


Em Belle, movida pela 창nsia de transgress찾o e pelo desejo de preencher suas tardes entediantes, a personagem visita um bordel pela primeira vez.

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na dessa experiência, passa a imaginar”, descreve Deborah. À flor da pele e estimulada pelo que observou no bordel, Belle passa a ter visões, delírios eróticos que a colocam em contato com seu próprio desejo por meio do corpo. Logo atrás da personagem, há uma enorme trama branca muito tênue, um tecido quase translúcido, onde são representadas essas tensões. É justamente o momento em que o seu conflito interno atinge o auge, sendo também o ápice do espetáculo. “A coexistência entre a carne e o espírito, entre o desejo e o amor, é impossível, mas inevitável. Essa mulher se divide entre duas servidões. Essa é uma questão humana, de todos nós”, defende Deborah. As cortinas se fecham e “Belle” volta a ser Séverine. Vemos novamente a personagem em sua casa, no mesmo local em que seu marido a encontra, a cada noite e todas as coisas de sua rotina estão exatamente no mesmo ponto em que ela as deixou antes da visita ao bordel. “Na verdade, toda a história [incluindo a alta carga de luxúria do segundo ato] pode se passar na cabeça dela. O bordel pode ser só uma fantasia”, deixa em suspenso a coreógrafa. A inspiração para o espetáculo surgiu a partir da obra de Buñuel que, por sua vez, é baseada no romance de mesmo nome, do franco-argentino Joseph Kessel, lançado em 1928, ao qual a coreógrafa chegou por meio do filme e por suas pesquisas, que duraram em torno de dois anos e meio. A “Belle” de Deborah explora na dança as »»»

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Nesta página, espetáculo Tatyana.

ambiguidades conflituosas que compõem a condição humana, entre elas razão x instinto, mundo x submundo, alma x carne e amor x sexo. Humano, demasiado humano. Sobre a companhia “Belle” é a segunda incursão da coreógrafa em um espetáculo inspirado em uma história preexistente e com estrutura fixa convencional, com começo, meio e fim. O primeiro em que ela seguiu uma narrativa linear foi justamente seu trabalho anterior, Tatyana, um balé que também foi baseado em um romance. Trata-se do clássico “Evguêni Oniéguin”, publicado em 1832 por Aleksandr Pushkin, considerado o pai da literatura russa. Na a adaptação para a dança da sofrida história de amor e desencontros, foi exigida dos bailarinos uma rigorosa combinação de elementos de dança clássica e contemporânea. A comemoração de 20 anos da companhia, completados no ano passado, foi marcada pelo lançamento de um volumoso livro (Companhia Deborah Colker, Réptil Editora, 312 páginas), que reúne mais de 250 imagens de todos os espetáculos apresentados até então, registradas pelo irmão da coreógrafa, Flávio Colker, e pelos fotógrafos convidados Cafi, Leo Aversa e Walter Carvalho. Além disso, a obra, bilíngue traz textos analíticos sobre os espetáculos, escritos pelo ensaísta Francisco Bosco e pelo crítico inglês Donald Hutera. São fotografias que documentam algumas das in- »»»

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Nesta página, registros do hipnotizante “Nó”.

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venções, ousadias e movimentos experimentados pela coreógrafa ao longo da trajetória de seu grupo de dança, como as cordas utilizadas em “Nó”, e a parede que exigiu uma coreografia vertical dos bailarinos, erguida no espetáculo “Velox”. “Esse trabalho fotográfico é mais do que um documentário de nossas imagens, ele mostra o caminho estético e dramatúrgico de todos esses anos. Para mim, alimenta também a minha memória, a de todos os bailarinos com todas as montagens que fizemos. Conseguimos fazer um livro de dança, arte e fotografia”, comemorou Deborah, em entrevista exclusiva à RLM, na noite de lançamento da publicação. Ao longo desse percurso de pouco mais de 20 anos, Deborah, que estudou piano ainda jovem, foi atleta na adolescência e fez faculdade de psicologia, já explorou diferentes temas e foi em busca de inspiração para suas coreografias em universos tão distintos quanto o dos esportes, o da psicanálise, o das artes plásticas e o da literatura. E como isso tudo se relaciona em sua obra? “Gosto de conectar o mundo contemporâneo com a dança e trazer as questões do mundo para dialogar com o corpo e o movimento”, revela. Estabelecer uma relação entre sua invenção na dança e os campos de interesse e de atuação da própria Deborah não é, portanto, um raciocínio equivoca- »»»

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Abaixo, um registro de “Belle”, que investiga as ambiguidades e conflitos entre opostos que compõem a condição humana, como razão x instinto e amor x sexo. Ao lado, imagens do “Velox”.

do. “A minha dança se relaciona com o teatro, a literatura, a música, a arquitetura, as artes plásticas, os esportes, a psicanálise. Então, as experiências e o conhecimento que tive me ajudam e me inspiram nessa relação”, pontua ela, que já comandou a comissão de frente de escolas de samba como a Imperatriz Leopoldinense, no ano passado, e é a única mulher a ter em seu currículo a assinatura de uma coreografia criada para o Cirque du Soleil (Ovo, de 2009, ainda não apresentado no Brasil). Nesse processo de experimentação, pesquisa e junção de diferentes universos e referências pessoais empreendido pela coreógrafa, há um perceptível esforço por superar os tradicionais clichês na dança, em criar uma linguagem particular – e até mesmo popular – dentro da dança contemporânea. É o que defende o ensaísta Francisco Bosco, que analisou sua obra no livro comemorativo. “Penso que Deborah tem um gesto claro no sentido de abrir a dança contemporânea para um público amplo, recusando certa especialização característica de todas as linguagens artísticas a partir de fins do século XIX e começo do XX. Ela mobiliza diversos recursos para atingir isso. Um deles é enfatizar o trabalho, que é um valor reconhecível para o público não-especializado. Numa coreografia sua, o espectador não tem aquela desconfiança típica que o acomete diante de certas obras modernas e contemporâneas ‘Mas isso é arte? Até eu faço isso!’ etc. Há um desejo pop na obra de Deborah, dentro de uma linguagem artística especialmente insularizada”,observa. www.revistalealmoreira.com.br


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Assista no site da RLM o vídeo de divulgação do novo espetáculo de Deborah Colker, “Belle”:

Livro “Companhia de dança Deborah Colker” Réptil Editora Preço médio: R$ 99 Páginas: 312 Formato: 30,5cm x 28,0c “Não sei como classificar um espetáculo meu hoje. Eu quero, como sempre quis, dar um passo novo, diferente, a cada espetáculo”, garante a coreógrafa. www.revistalealmoreira.com.br

Saiba mais: Site oficial da Companhia: www.ciadeborahcolker.com.br 70


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Bruna Valle

Dudu Maroja

Belémdoce Belém

Flanar pelas ruas sem medo e sem pressa de chegar ao destino – essas são as lembranças mais fortes na memória da advogada e teatróloga Maria Sylvia Nunes. Na 12ª entrevista da série “Belém 400 anos”, ela revisita suas memórias e fala de fazer teatro na capital paraense. Advogada, autodidata, professora aposentada pela Universidade Federal do Pará, ícone do teatro paraense e verdadeira aficionada por arte e cultura, Maria Sylvia Nunes integra a série “Belém 400 anos” com nostalgia e o anseio de ver Belém voltar no tempo, ao que era: uma cidade tranquila e afável para ela. Nascida e criada na cidade morena, ela lembra dos tempos em que morava no bairro de Nazaré, de onde via as senhoras colocarem suas conversas em dia reunidas na frente de suas casas. Recorda das ruas por onde passava depois do baile na Assembleia Paraense, madrugada afora com suas irmãs e seu pai, que sempre as acompanhava. E dos momentos descontraídos com os amigos de faculdade, andando por aí, sem pressa de chegar e nenhum medo de vagar na rua. Aos 84 anos, Maria Sylvia Nunes é só amor por sua terra natal, que, mesmo com seus problemas, nunca deixou de ser seu ponto de referência, aonde quer que fosse. Com um carinho especial, ela acredita e deseja um futuro mais sereno para Belém. Que as pessoas possam, assim como ela conseguiu há alguns anos, desfrutar despreocupadamente da cidade. Que tenham a chance

de, realmente, conhecer Belém como ela teve e de ter prazer em viver, algo que está em falta em todo Brasil, segundo a advogada, não só aqui. “Eu sou do tempo que a gente curtia a vida, agora as pessoas não sabem viver. Até os dias atuais, eu vou muito ao cinema de arte, ao teatro, cineclubes. Tenho uma quantidade de filmes exorbitante. Leio demais, é o que eu mais faço na vida.” É com esse pensamento aberto e a expectativa de mudanças na vida do Belenense que Maria fala sobre o que já foi e o que espera do aniversário da metrópole da Amazônia. Como era Belém da sua infância e juventude? Era muito mais amável. Aos 17, 18 anos, eu ia para bailes geralmente na Assembleia Paraense, na Praça da República e voltávamos para casa andando, de madrugada, acompanhadas de nosso pai. Na volta da festa, continuávamos na caminhada, cantando, brincando, sem medo de assalto, de ladrões, de nada. Era absolutamente seguro. Uma cidade calma, as pessoas colocavam suas cadeiras na porta para conversar, isso era normal depois do jantar. Ninguém olhava com medo um para o outro, não. O que mais marcou você nessa época? Gostávamos muito de passear e isso significava andar a pé. Nos tempos de faculdade, ninguém pensava em tomar ônibus, sempre preferimos sair por aí andando da escola de Direito, no largo da »»»

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Trindade. Não havia essa necessidade de ir direto ao ponto a que se queria chegar, preocupado de não se perder ou colocar-se em situação de perigo, porque não existia isso. Você tinha o prazer de andar pela rua. Isso não tem preço. E até mesmo a vista da cidade era agradável, bonita. Os prédios antigos estavam de pé, era tudo muito harmonioso. E por que você acha que se perdeu essa segurança, essa liberdade de poder ter contato com o lugar onde vivemos? A segurança se perdeu. É preciso fazer um verdadeiro tratado de sociologia para pensar nos motivos de as pessoas terem ficado violentas. As teorias para resolver isso são inúmeras, alguns atribuem ao crescimento populacional, pela questão social, outros que dizem que é por causa do materialismo das pessoas, a vontade de ter enriquecer. Eu não percebo uma explicação para isso. Acredito que existe um conjunto de fatores que levaram a esse quadro de violência, porque não é só aqui, mas no Brasil inteiro. Acho que os tempos são de violência. Mas como é que você contorna isso para fazer seus passeios? Hoje a gente só anda de carro, vai direto aos objetivos. Se eu quero ir ao supermercado, pego um carro aqui que me deixa na porta do mercado, volto para casa da mesma forma. Aquele prazer de vagar pelas ruas da cidade sem objetivo, só porque gosto, não existe mais. É um tipo de encanto que você tem quando viaja. É por isso que tanta gente vai para fora, para ter essa satisfação em Paris, Lisboa, Madri, as cidades em que ainda é possível fazer este tipo de coisa. Ainda assim você gosta de morar aqui, por que? Eu gosto, principalmente por causa dos meus amigos, dos parentes, da proximidade com as pessoas que eu gosto. Porque a Belém que eu amava de paixão mudou muito. O que mais admiro e amo são as pessoas daqui e é por isso que eu fico. Toda semana, nos encontramos, ouvimos músicas sinfônicas juntos, Óperas, assistimos a balés. É um grupo que se reúne há mais de 30 anos, você acha que eu vou mudar daqui? As pessoas reclamam que não têm muito tempo para essas coisas, como reunir os amigos, reservar um momento para ficarem sossegadas. Antes era assim, sempre corrido? »»»

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O ócio é uma coisa muito séria, tem de ser respeitado. Se você só trabalhar, trabalhar, trabalhar, sem um minuto de reflexão, você não faz nada. Não era tanto assim, as pessoas tinham algum tempo para pensar, decantar as sensações, para deixar as coisas acontecerem. A vida da gente era mais confortável. Mas isso depende da cabeça das pessoas. Quando queremos algo, criamos tempo para fazê-lo. Isso é muito pessoal, não tem receita. É relativo, vale se você fica feliz. Você é uma verdadeira lenda viva do teatro paraense. Como essa história começou? Eu sou autodidata. Não sou teatróloga como dizem. Eu gosto de teatro - colocam esses rótulos na gente, depois fica difícil se livrar. Sempre gostei. Desde criança, fazíamos isso em casa, no porão e sempre estudei muito sobre o assunto. Lia muitos livros. A história começou com a minha irmã, que era da União Acadêmica e trabalhava com a Margarida Schivasappa. Elas faziam teatro de estudantes e eu, garota, ficava observando. Desde aí, comecei a nutrir interesse pelo tema. Mais tarde, um diplomata chamado Pascoal Carlos Magno convidou Margarida para fazer uma peça no Rio de Janeiro. Mas, naquele momento, o teatro daqui estava em baixa, sabe como é... o estudante se forma, vai cuidar da vida e desaparece o elenco. Para resolver a situação, minha irmã se lembrou de uma peça em inglês, que seria interessante porque tinham poucos perso- »»»

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nagens e seria fácil reunir as pessoas para fazer essa peça. Ela traduziu, juntou um grupo de pessoas e se apresentaram no Rio – foi um sucesso. Todos voltaram animados e resolveram retomar o teatro estudantil e foi aí que entrei na história, por volta de 1950. Logo apareceram pessoas interessadas. Resolvi começar de outro jeito, dessa vez estudando as técnicas necessárias. Nos reuníamos aos sábados, fazíamos conferência, estudávamos teatro grego etc. Líamos muita poesia. Foi quando resolvemos produzir uns recitais e, em seguida, fizemos “Morte e vida Severina” do João Cabral de Melo Neto. Pascoal de Carlos Magno passou por aqui novamente, viu nosso trabalho e nos chamou para um festival em Recife. Participamos e ganhamos muitos prêmios, cresceu a animação e nos deu gás para continuar nossa iniciativa, que depois deu origem a Escola de Teatro e Dança da UFPA. E hoje em dia... Está maravilhosa a escola. Sou aposentada de lá há muito tempo, mas dou todo o apoio que eles me pedem. Estou à disposição a vida inteira, adoro o pessoal de lá. Eles fazem um trabalho maravilhoso. Sendo estudiosa de teatro, como você via o cenário antigo dessa expressão artística e como ela se representa hoje em Belém? As pessoas ficaram muito mais interessadas »»»

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Maria Sylvia Nunes conversou conosco sobre teatro e o Theatro da Paz. Matéria imperdível que você relê aqui:

em teatro, houve um progresso. No meu tempo, era muito difícil, não tínhamos as menores condições. Agora se tem mais disposição, meios, inclusive, além de mais mídias para divulgar o movimento. Produzia-se pouco no passado porque era complicado... Para começar, nem tinha onde apresentar o trabalho. Hoje, há vários lugares para se fazer teatro. Basta pegar o jornal e ver. As peças gregas são produzidas até hoje e não têm nada mais moderno do que isso. E é uma carreira promissora em Belém? Eu não sei dizer porque aqui não existe um teatro profissional como existe em São Paulo. Ativo e funcionando o ano todo tem um pouco no Rio Grande do Sul. Belém tem alguns grupos que vivem fazendo um grande esforço para insistir. Você viu que muitos cinemas de rua fecharam? Agora imagine os teatros que precisam de cenário, iluminação, refrigeração, pagamentos de atores... Quem perde com isso é a população, pois é uma forma de arte da qual eles não participam. Os 400 anos estão chegando, o que você espera desse tão aguardado aniversário de Belém? É quase uma utopia, mas eu queria que Belém voltasse a ser uma cidade amável. Que pudéssemos caminhar por aí; que as senhoras pudessem colocar suas cadeiras na calçada. Que, ao invés de destruir as casas antigas, cuidassem delas e a especulação imobiliária não fosse tão selvagem e feroz. Que as praças fossem acolhedoras e que os habitantes se sentissem seguros. Queria mais beleza; que acabassem as pichações pelas paredes e prédios. Meus desejos são utópicos. São por uma cidade mais afável. revistalealmoreira.com.br

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Celso Eluan empresário celsoeluan@ig.com.br

Você sabe que a campanha política começou quando todos passam a repetir um mantra: mudança, mudança, mudança. Até quem está na situação fala em mudança. Parece que o mundo todo está em trânsito. É como o chiclete, doce e pegajoso no início, transforma-se em algo sem graça e inconveniente depois. Afinal, assim como o chiclete, o objetivo é passageiro, só vale como discurso de campanha. Na realidade, a insatisfação do eleitor é canalizada nesse discurso chiclete e todos saem satisfeitos com seus efeitos. Ganha-se a eleição e nada muda. Até a próxima eleição. Aliás, mudam-se pessoas, algumas caras novas, outras nem tanto, mas a máquina do Estado é como um transatlântico: não se consegue mudar o rumo numa guinada, ele tem uma inércia própria. Mesmo que mude o comandante, existe um padrão de funcionamento da máquina que não se consegue alterar sem dores. Não adianta alardear ‘quero ir para Shangri-lá’ e o gênio da lâmpada conduz o navio em plácidas águas. O vento, o movimento das marés, a influência da lua, as tempestades, os motins da tripulação, tudo conspira contra a tranquila travessia. O navio vai em círculos, parece soçobrar, caminha errante ao longo de quatro anos e aí vem o mantra: mudança já. Troca-se o comando, mas a tripulação é a mesma, o mar continua revolto, os ventos desfavoráveis e quatro anos mais tarde: mudança à vista. O problema é que mudar não é o suficiente, talvez necessário, mas não suficiente e acabamos nos inebriando com a possibilidade de mu-

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Mudança lá

dança que nunca ocorre. Os políticos sabem disso e usam a seu favor – nós, míseros eleitores, é que devemos mudar. Um problema não é resolvido apenas pela força da vontade. Há que se debruçar sobre causas, estudar cenários e possíveis soluções; aplicar o modelo científico de testes; não ignorar a realidade. Normalmente, é um processo lento de avanços e recuos, provas e contraprovas, testes e hipóteses. Vale para a ciência, vale para a administração, deveria valer para a política. E, por que não vale para a política? Porque não temos tolerância,e não conhecendo o método, queremos soluções imediatas. Essa é uma discussão filosófica: se podemos obter uma vantagem imediata mínima, por quê acreditar numa promessa futura maior? É o mesmo dilema da dieta, sabemos que as vantagens futuras de uma dieta equilibrada são enormes e só trarão benefícios à nossa saúde, mas como resistir a uma feijoada agora ou a um chope com os amigos? Mas, na segunda feira, prometo começar uma dieta rigorosa. Traduzindo, na próxima eleição, prometo mudar tudo. Se um candidato disser que precisa cortar gastos, que isso implicará sacrifícios, que teremos um período recessivo, que haverá demissões, que tiraremos recursos das despesas para investimentos em infra estrutura, que será criado um cenário que incentive o investimento privado para. no final desse ciclo, voltarmos a crescer de forma sustentável. Se for mais específico ainda e disser que terá que enxugar a máquina demitindo quem não for estável, congelando salários

para não alimentar a roda inflacionária, retirando subsídios para que a atividade econômica seja competitiva, aumentando tarifas congeladas, evitando o déficit fiscal que alimenta a inflação e outros anúncios dessa ordem, quem votaria nele? É mais fácil acreditar em quem diz que vai aumentar salários, que distribuirá renda, que fará com que todos tenham mais dinheiro no final do mês, que contratará mais servidores, que criará um novo ministério para cuidar das abelhas silvestres, mas que, em nenhum momento, diz de onde virão os recursos. Isso não nos interessa, interessa é comer logo essa feijoada que estão oferecendo. Só que depois vem a conta e nessa hora ninguém quer pagar. Nem você, caro eleitor, fica para o próximo candidato. Só deixo uma questão: e se o seu salário não fosse suficiente e, no final do mês, acumulasse dívidas, o que você faria? Se fosse sensato, cortaria custos, evitaria novas despesas, buscava outras fontes de renda e investiria na educação dos filhos para que a longo prazo eles pudessem ter possibilidade reais de aumentar sua renda e melhorar a qualidade de vida. No entanto, se fosse se espelhar na política, continuaria gastando, tomava dinheiro com agiota e não pagaria, aumentava despesas, arrumava outra mulher, faria mais filhos. O problema é que, depois de quatro anos, não dá pra passar a conta para outro e o agiota iria procurá-lo, a mulher iria largá-lo, os filhos se rebelariam e você chegaria ao fundo do poço. Talvez aí percebesse que, de fato, precisa mudar. Você e o seu país.

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decor

Outrora subestimados e subutilizados, os halls de entrada de casas e apartamentos agora constituem-se em verdadeiros cart천es de visita daquele lar. www.revistalealmoreira.com.br

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Natália Mello

Dudu Maroja

Qual o seu

cartãode

visita?

Antes utilizado para deixar os sapatos, ou até mesmo capas de chuva e chapéus, os halls de entrada dos apartamentos e casas atualmente são pensados como um cartão de visita do lar. Elementos como lustres, aparadores e espelhos dão o toque especial ao ambiente.

O

hall de entrada de uma casa ou apartamento, muito mais do que um ambiente de passagem, é o pedacinho de um lar. A decoração escolhida para o pequeno espaço traduz e antecipa o estilo de vida dos que vivem apenas alguns passos adiante. Glamour e modernidade, sobriedade e tradição, ou até mesmo simplicidade e casualidade são linhas de trabalho estético que se completam e andam verdadeiramente de mãos dadas. O que muitas pessoas não têm conhecimento é que o costume de valorizar essa espécie de corredor, ao qual é lançado um olhar todo especial, sobre cada detalhe que o compõe, começou com uma preocupação funcional. Nos Estados Unidos, quem residia no campo

precisava de um local para deixar os sapatos logo ao adentrar a casa, para mantê-la limpa e longe da terra acumulada nos calçados durante a lida diária. Surgia, então, o mudroom, ou “espaço para lama”. Mas as transformações no interior das casas acompanharam os conceitos e tendências do mundo nos séculos XX e XXI. Espelhos, quadros, aparadores, vasos e tantos outros objetos passaram a não pertencer de forma restrita às salas de estar e jantar: derrubaram as portas de entrada e foram conquistando, pouco a pouco, espaço num cantinho que se tornou o cartão de visita da casa e a primeira impressão do visitante. Os elementos e cores devem dialogar entre si, produzindo um espaço quente e acolhedor, construído a partir de uma sintonia perfeita. Para va- »»»

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lorizar o hall de entrada, pequeno, na maioria dos casos, os espelhos são artifícios indispensáveis. Os detalhes variam de acordo com a aparência que impera no local. Há alguns que despontam dentre os estilos e saltam aos olhos. Um belo exemplo dessa afirmação é o espelho veneziano. Surgido na cidade italiana de Veneza, como o próprio nome sugere, se equipara a uma obra de arte, que rouba a cena em qualquer ambiente. Uma chapa de metal é anexada às laterais do vidro, se assemelhando a uma moldura. Exuberante e imponente, é apropriado para um hall de entrada de estilo predominantemente clássico. Além de se destacar pela beleza, o espelho veneziano traz como atributos o que tem de mais importante dentre as características do objeto: ampliação e luminosidade. Bem próximo a ele, os aparadores vêm a somar à tradicionalidade do espaço. A antiguidade da peça, que pode ser adquirida em antiquários, é um elemento chave para transformar o ambiente em uma legítima sala de espera resgatada em algum lugar do passado. Alguns são cobertos por mármore nero marquina e revestidos em folhas de ouro, o que garante um toque suntuoso ao hall de entrada. Para compor o cenário, podem ser colocados papeis de parede de cores mais escuras e com desenhos ou estampas. Entretanto, o item permite também a utilização de um papel de parede mais moderno para acompanhá-lo: o mica. Brilhante »»»

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como o ouro, a cobertura confere ao ambiente um toque de sofisticação e opulência, características de um verdadeiro palácio. Outro componente que conversa muito bem com o ambiente clássico é o lustre. Com os braços constituídos de metal e cravejados com cristais, é um dos pontos altos da decoração. Sobre as variadas opções de elementos e os principais estilos para montar um bonito hall de entrada, conversamos com as arquitetas Vanessa Martins e Renata Macário, que deram dicas de peças e combinações. Elas ressaltam que também há clientes que optam por um espaço que transmita a essência do homem contemporâneo, se valendo de tecnologias e objetos com designers de conceitos inovadores. Neste caso, o espelho indicado é o bisotado. Retilíneo e moderno, é preconizado para ambientes menores e com menos detalhes. As lâmpadas tipo spot; AR, halopin ou dicroica oferecem uma luminosidade harmoniosa para este tipo de hall, composto também por um papel de parede liso e de cor clara. As portas dos apartamentos também são peças expressivamente valiosas na composição do hall de entrada. Em um ambiente moderno, Vanessa destacou uma alternativa interessante: uma porta com um visual único, o ônix, deixa passar luminosidade de dentro do apartamento para fora, e também o inverso. O mesmo material pode ser usado »»»

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no piso central, que com detalhes de inox, lajotas nanoglass e luminárias arandela, clareia o ambiente. Um toque de modernidade. Uma atmosfera contemporânea também pede um belíssimo quadro. Renata aconselha uma obra abstrata e vasos com plantas definitivas. Luminárias leves, à luz de velas, constituem um adorno inteiramente aconchegante. A iluminação é de efeito, essencialmente decorativa. Uma planta tropical também é bem vinda no ambiente. A madeira em tom claro transparece a leveza desse conceito de hall. Aparadores de madeira têm a opção de serem compostas por um espelho. O tipo Barcelona é reto, para dar flexibilidade e movimento à composição do ambiente. Um vaso de porcelana com detalhes em alto relevo é uma boa pedida para o hall de entrada moderno, que permite uma linha de trabalho também com vasos de vidro e arranjos de flores.

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O Círio de Nossa Senhora de Nazaré é um desatador de nós - por meio dele, não há religiões, nem diferenças. www.revistalealmoreira.com.br

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Ana Carolina Valente

Dudu Maroja

Círio a Nazaré de todos nós,

sem nós.

Apesar da imagem de a Santa vir atrelada a uma corda conduzida por seus fiéis, a festa tradicionalmente da Igreja Católica mostra outro elo: une povos, cores, raças e religiões com o intuito - mesmo que inconsciente – de reconciliação universal. O Círio de Nazaré é a maior manifestação Católica do Brasil e um dos maiores eventos religiosos do mundo, reunindo cerca de dois milhões de pessoas. Realizado em Belém, anualmente, no segundo domingo de outubro, com várias celebrações que começam em agosto e se prolongam 15 dias após o Círio, na chamado “Quadra Nazarena”. Para os paraenses, gera grandes expectativas entre os seus, como um momento de demonstração de fé e renovação de laços afetivos, desde as novenas até o tradicional almoço com a família, realizado no domingo da procissão. O fervoroso clima da cidade gera comoção em muitos, na festa que foi tombada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Várias pessoas criaram elo de contemplação e têm uma enorme estima pela celebração [inclusive os nãos-católicos]. Devido à receptividade a vários credos, o aspecto coletivo e a clara solidariedade humana entre os fiéis, a festa tornou-se uma manifestação cultural. Seus admiradores conseguem vislumbrar dentro da festa, o ser humano, exercendo sua capacidade de aceitar, de suportar e de comungar a diferença, constituindo o vigor de identidade pessoal em um contexto de relação de igualdade em que causas e sentimentos são diferentes, mas o objetivo de partilhar é o mesmo. Sobre toda essa pluralidade proporcionada aos paraenses pela festa, conversamos com a conse-

lheira nacional de cultura e membro do Comitê de Diversidade Religiosa, Mametu Nagetu, que afirma convictamente: “O Círio vai além do religioso. É quando vemos o poder da fé unir pessoas que nunca se viram. Pessoas que vão além do seu poder em suportar a dor e os seus limites. Isso é a presença da Nossa Senhora e de Deus”. E como de se esperar, ela o celebra. “Recebo amigos e familiares em casa de outros estados para poder confraternizar, tenho afeição por esse momento”. Apesar de ser de uma linha africana religiosa – Candomblé, de tradição Bantu - que não tem o sincretismo com a Igreja Católica, ela confessa: “O amor pela Nazica é enorme, tenho muita fé. Quando ela passa, sempre agradeço e vou às lágrimas. E peço pela paz universal. Precisamos praticar o embuto (termo que significa irmandade) com urgência”. Tendo comemorado com os membros da comunidade por algum tempo, ela optou por outro “formato”. “Desde então, prefiro minhas homenagens particulares”. A mãe de santo explica como aproveita o manifesto nos últimos anos: “Vou desde o Auto do Círio [teatro a céu aberto, com vinte anos de existência e que sai, em cortejo, pelas ruas da cidade velha, bairro de Belém] em que todos nós do Bantu e do Candomblé fazemos a nossa manifestação cultural cantando e dançando. Vou ao Círio Fluvial [procissão realizada de barco pela Baía do Guajará], pois tenho a home- »»»

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nageada como Oxum e faço minhas oferendas de flores e joias. Vou à trasladação [procissão realizada na noite anterior ao domingo do Círio] e ainda passo na festa da Chiquita, em que o profano e sagrado dão as mãos. No dia da grande procissão, saio de madrugada de casa e assisto à missa na Sé, para então acompanhar”. E desabafa quando se fala de paz e preconceitos: “Eu vou simples, só com o meu fio de conta no pescoço, minha proteção”. E conclui: “Deus não segrega pela cor ou religião. As pessoas têm direito ao seu pensamento. Isso é direito do ser humano. Fomos abençoados com o dom exclusivo de pensar, cada um à sua maneira”, pontua. O defensor público Vladimir Koenig não tem religião e reafirma a condição de que não apenas os católicos trazem a simpatia com a festa dentro de si. “Gosto do Círio. Acho que ele gera mais relações afetivas entre as pessoas que se desejam ‘bom Círio’ como se fosse Natal. O lado emotivo fica evidenciado. Você, acreditando ou não, tendo religião ou não, inevitavelmente se envolve. Além de ser uma demonstração de fé bonita e autêntica, apesar de não tê-la”, afirma. Koenig, que trabalhou como voluntário da cruz vermelha por cinco anos na grande procissão, confirma o óbvio: “As pessoas se engajam em fazer a festa de uma forma coletiva - porque as chances de dar errado são altíssimas. Ninguém tem como controlar uma massa humana imensa se movimentando de um lado pro outro em ritmos diferentes. Não há histórico de tragédia - e não somente pela or-

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ganização da festa, mas porque as pessoas vão imbuídas em contribuir e trazem consigo essa responsabilidade. E esse congraçamento de um milhão e meio de pessoas funciona porque elas se esforçam muito”. Entre a contradição em não crer em um tipo de Deus, ele argumenta o sentido que o aproxima do Círio: “Apesar de ser ateu, acredito muito no poder do ser humano e o Círio é uma dessas demonstrações que é possível, em algum momento da vida, as pessoas se unirem para coisas boas, em circunstâncias extremamente adversas, sem nenhuma combinação prévia”. E continuou: “No Círio do ano passado, eu fui fotografar e passei em frente a uma igreja pentecostal e estavam servindo café da manhã. Antes, víamos algumas igrejas evangélicas tendo repulsa por essa manifestação. Acho que é o mesmo que entrar em uma igreja evangélica e dizer que aquele pastor não é intérprete de Deus. É tão agressivo quanto. Gosto de pensar e ver que cada vez menos isso acontece entre as pessoas que professam outra forma de fé. Eles tiveram a percepção de que são seres humanos e estão com fome, não interessa o porquê. Esse respeito eu achei bonito”. “Essa coisa de fazer juízo de valores de ignorância ou não, não me cabe julgar. A relação com a fé é muito individual. Tal como não tolero que me digam que eu tenha que acreditar em alguma coisa. As pessoas precisam respeitar a minha não-crença e eu respeitar a demonstração de devoção delas. Não vou ficar dizendo para parar de

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fazer isso que não vai dar certo. Até porque vai que estou errado? Vai que Deus existe?”, conclui e sorri. Falando na festa, em clima de respeito e confiança recíproca, conversamos com o ator e jornalista, Márcio Moreira. Convertido há sete anos para a religião evangélica, o jornalista comenta as excelentes lembranças que o Círio lhe traz: “Antes de ser evangélico, eu já era paraense, então o Círio corre tanto nas minhas veias quanto o carimbó, a maniçoba e a chuva da tarde. Outubro sempre foi um mês de frenesi e felicidade. Amigos e parentes que viviam distantes, em outros estados, tinham data certa para chegar. As casas exalam perfumes típicos [das comidas] que minha memória trouxe comigo pro Rio”. Quando indago sobre sua religião não ser a “oficial” da festa, ele elucida: “Com um tempo, entendi que apenas Jesus é O caminho, A verdade e A vida, e isso não dá espaço para outras entidades na minha espiritualidade, contudo, não invalida a fé professada por outras pessoas que igualmente me emociona e me toca profundamente”. E ressalta seu respeito à figura homenageada pelo festejo: “Amo Jesus Cristo e, por isso, também amo a mulher escolhida para trazê-Lo ao mundo e minhas raízes sentem o efeito dessa grande manifestação do amor na minha terra”. Reafirmando o seu contexto popular, o evento permitiu ao ator vivenciar a festa desde a sexta-feira: “A minha criação artística durante esse período ganhava as ruas da cidade,

por meio do Auto do Círio, em que interpretei santos e promesseiros, permitindo-me fazer parte diretamente desse momento tão nosso. Tão meu”. “O Círio transcende a devoção a uma santa. É um rito de apropriação, pertencimento e identidade amazônida. É parte importante de como me organizo no mundo e me encaro enquanto sujeito para além da minha espiritualidade. Na expressão dos promesseiros, nos pés descalços, no choro sincero é a nossa chance anual de dizer para o mundo o quanto a gente se orgulha de onde a gente nasceu”, finaliza. Portanto, podemos perceber que o êxito do contagiante espetáculo que é o Círio, é proporcionado pelas pessoas que fazem essa reunião e permitem, ainda que aleatoriamente, que se cumpra exatamente a etimologia da palavra ‘religião’ - do latim religare - que tem como significado unir, atar. É uma festa democrática, sem obrigações litúrgicas, onde ninguém precisa ir contra sua própria identidade, fingindo ter outra. São focos e opiniões diferentes juntas, convivendo pacificamente e ainda melhor: ajudando um ao outro, favorecendo a dignidade do homem e de seus diretos fundamentais, como o respeito. Vemos que o Círio é popular na sua essência e traz consigo o enlaço que une, abraça, conforta, diminui saudades, aumenta esperanças, confraterniza. Gera amor, carinho, afeto e dinheiro. Basta respeitar independente da fé, da crença e da razão. Esse é o sentimento que fica após o término do Círio. Que poderia se perpetuar.

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Bianca Borges

Divulgação Instituto Tomie Ohtake Centro Cultural Banco do Brasil Instituto Inhotim

Pontos obsessão de

Excêntrica, ousada e visceral, Yayoi Kusama desafiou o conservadorismo japonês em obras que expõem suas próprias visões alucinatórias para se conectar ao universo ou dialogar com temas como o feminismo/feminino, o egocentrismo e o amor livre

“A

rtistas não costumam expressar seus próprios complexos psicológicos diretamente, mas eu adoto meus complexos e medos como temas. Fico aterrorizada só ao pensar que algo longo e feio como um falo me penetre e é por esse motivo que construo tantos falos. (…) Construo muitos e muitos deles e então continuo construindo, até que me enterro no processo”. As palavras acima são da mais importante artista japonesa contemporânea. Não, não é Yoko Ono. Embora mundialmente mais conhecida, Yoko até poderia ser a mais relevante, não fosse ela própria uma admiradora da extensa e diversa obra da artista visual Yayoi Kusama, conhecida como “a princesa das bolinhas”. Já considerados a sua marca registrada, os famosos pontos estão presentes em praticamente todas as diferentes manifestações exploradas por Kusama ao longo de mais de seis décadas de carreira: pintura, desenho, colagem, estampa de tecido (usado nas roupas produzidas pela grife que leva o seu nome), escultura, instalação e vídeo. Até mesmo na época em que a artista promoveu manifestações artísticas menos convencionais, como os happenings, no auge da cultura hippie da efervescente Nova Iorque dos anos 1960 e 1970, elas estavam lá. As bolinhas colo-

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ridas eram pintadas sobre os corpos dos participantes, incluindo o da própria artista, em performances que, por vezes, abraçavam causas como o feminismo, a defesa dos homossexuais, do amor livre e da própria liberação sexual. Nascida no ano de 1929 em Matsumoto, uma pacata província nos Alpes japoneses, a pouco mais de duzentos quilômetros de Tóquio, Yayoi Kusama vem de uma família burguesa tradicional muito conservadora. Seus pais eram proprietários de um viveiro de plantas na periferia da cidade e ela e seus três irmãos frequentavam a escola local. Ainda criança, logo demonstrou interesse pela pintura, mas o desejo de desenvolver sua habilidade foi abruptamente impedido pela mãe. Após muita insistência com a família, ela consegue entrar na Kyoto Escola Municipal de Artes e Ofícios, onde estuda segundo a técnica da pintura tradicional japonesa, de estilo formal e rigoroso – uma rigidez que ela detestava, mas que suportou até a conclusão do curso. A primeira reviravolta em sua carreira artística se dá em 1957. Influenciada por uma amiga, a norte-americana e também pintora Georgia O’Keeffe, a ir para a América e deixar o Japão pós-guerra, ela encheu sua mala com desenhos e rumou para os Estados Unidos. Em poucos meses, estava em Nova Iorque, o »»»



epicentro dos principais movimentos artísticos de vanguarda da época, que vieram a influenciar toda uma geração ao redor do mundo. Lá, Kusama teve contato com artistas renomados como Donald Judd, Claes Oldenburg e Andy Warhol, bebendo direto na fonte de estilos como a arte Pop e outras tendências que até hoje são observadas em sua obra, como o minimalismo e o surrealismo, embora nenhuma delas possa limitar o estilo autêntico que a artista alcançou. Foi especialmente a partir do contato com a subcultura nova-ioquina que seu trabalho assumiu outros formatos e ela experimentou ir além dos desenhos e da pintura, até o ponto em que a contemplação de sua arte passou a exigir um envolvimento físico do expectador. Apesar da identificação do trabalho da japonesa com a Pop Art, ela, de certa forma, foi impedida de ter sua imagem vinculada ao núcleo da arte Pop americana, por questões de raça e gênero. E nesse contexto, ela era tão “dona das bolinhas” quanto Andy Warhol era o detentor das latas de Sopa Campbell. Segundo explicam Philip Larratt-Smith e Frances Morris, os curadores da mostra “Obsessão Infinita”, a primeira retrospectiva da artista a ser apresentada na América Latina e que passou pelo país, recentemente, pelas cidades do Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, “a prática pictórica de Kusama deu lugar a esculturas flexíveis conhecidas como ‘Acumulações’: objetos de uso diário como bolsas, cadeiras, escadas de mão e sapatos cobertos com elementos de pelúcia semelhantes a falos (a chamada série ‘Obsessão Sexual’) ou com massa seca (série ‘Obsessão por Comida’)”, escrevem no folder da mostra. Ao entrar em contato com a cultura norte-americana, a artista teria expressado algumas reações negativas ao estilo de vida local, desenvolvendo repulsa àquela sociedade no que se refere às atitudes liberais dos Estados Unidos em relação ao sexo, o consumo excessivo do mundo ocidental e a cultura do fast food. É também nesse período que Kusama dá início aos estudos que mais tarde originariam os seus “ambiente-instalações” ou “instalações de ambiente”, em que a artista cria uma ambiência, dentro de um espaço físico restrito, provocando no visitante sensações muito parecidas com as que ela relata ter, em suas alucinações »»»


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– ela chegou a ser diagnosticada, em 1961, por um psicanalista freudiano com transtorno obsessivo compulsivo (TOC), passando a se interessar pelo assunto desde então e a creditar o desvio à educação repressora que recebera da família e em especial à relação conflituosa com a mãe. Não demoraria para que Kusama manifestasse uma forma de arte ainda mais particular, que surge de seus transtornos, medos, traumas e de suas visões alucinatórias. As bolinhas que pontuam seus trabalhos, ora monocromáticas, ora coloridas e até mesmo fluorescentes, seriam uma representação dessas visões perturbadoras que atormentam sua mente desde a infância, e que ela reproduz obsessivamente, como “forma de se acalmar”, segundo afirma, e de conectar o seu universo interior à infinitude do cosmos. “Quando eu estava desenhando, os padrões iam se expandindo tanto que iam pra fora da tela, para preencher o chão e a parede. Então, quando eu olhava pra longe, via uma alucinação e ficava envolvida por essa visão. E foi assim que me tornei uma artista do espaço”, descreveu. Curiosamente, a excentricidade de Kusama atraiu os mais diversos públicos e caiu no gosto popular. Isso pode ser interpretado pelo expressivo número de visitantes em suas exposições. Só no Brasil, a passagem da mostra “Obsessão Infinita” recebeu um público de 750 mil pessoas, no CCBB Rio de Janeiro; 470 mil, no CCBB de Brasília; e 523 mil, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, batendo um recorde de visitação neste último. Outro fator que reforça essa tese é o conhecido apelo comercial de Kusama nos mercados de moda. Em meados dos anos 1960, ela já era dona da própria grife e, em 2012, fez uma parceria de sucesso de com a cobiçada Louis Vuitton, desenvolvendo uma coleção exclusiva de acessórios para a marca – que logo se esgotaram das vitrines. »»»

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Aos 85 anos, a artista vive hoje em uma clínica psiquiátrica em Tóquio, onde se internou voluntariamente em 1977, após retornar ao seu país, com problemas de saúde. Lá, ela recebe os mesmo cuidados que os doentes mentais e toma remédios diariamente – “‘exceto quando estou pintando”, observou Kusama, em entrevista a um jornal do Rio de Janeiro, por ocasião da passagem de sua exposição pela cidade. A uma curta distância do hospital, está o seu estúdio, onde ela ainda produz, rotineiramente. Yayoi Kusama no Brasil Com mais de 100 peças desenvolvidas entre os anos 1950 e 2013, incluindo pinturas, obras em papel, esculturas, vídeos, slides e instalações, a exposição “Obsessão Infinita” fez um levantamento em profundidade da trajetória da mais proeminente artista japonesa viva. Entre suas obras mais famosas e que mais despertam a atenção em suas exposições mundo afora estão, certamente, as chamadas “instalações de ambientes”, espaços concebidos com o intuito de forjar as visões alucinatórias da artista ou, ainda, provocar o egocentrismo, afirmar o feminismo ou se aproximar da ideia de infinitude do universo. Se o trabalho de Kusama está notadamente quase sempre ligado às suas questões psicológicas, esses mesmos conflitos internos receberam da artista uma abordagem totalmente inovadora, conforme defendem os curadores da mostra. “O caráter psicológico pronunciado de sua obra sempre foi acompanhado por uma série de inovações formais e reinvenções que lhe permitem partilhar sua visão singular com um público amplo por meio de um espaço infinitamente espelhado e das bolinhas obsessivamente repetidas pelas quais se destaca”. Na sala “Espelho infinito – Campo de falos” (Infinity Mirror Room – Phalli’s Field), obra de »»»

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Veja mais

1965, umas das primeiras do tipo “instalação de ambiente”, a artista utiliza um tecido com estampas de bolinhas vermelhas sobre fundo branco, estofado, moldado e costurado em formato de falos. Espelhos revestem as paredes e ampliam o horizonte do observador. A sensação é de se estar imerso em um campo infinito, mergulhado nos objetos fálicos, com bolinhas vermelhas. Ainda segundo os curadores da mostra, essa obra provoca uma experiência sensorial que recria a realidade psíquica interior de Kusama. “Esta envolvente instalação, de que o espectador também participa, expressa os vetores psíquicos gêmeos do narcisismo e castração que dão à arte de Kusama sua especificidade patológica”. Já a instalação “Sala espelhada ao infinito – Repleto de brilho da vida” (Infinity Mirrored Room – Filled with the Brilliance of Life), data de 2011, e explora ainda mais a sensação de estar diante do infinito. Trata-se de um espaço quase labiríntico, também formado por espelhos que revestem as paredes, mas iluminado com lâmpadas de led, que alternam de cor em intervalos de segundos. Os pontos se multiplicam nos espelhos laterais e refletem em parte do piso, coberto com água. É como estar envolvido em um sem-número de partículas coloridas e cintilantes que, à certa altura, se apagam e provocam o breu completo. A sensação de vivenciar algo muito próximo do que se descreve na teoria do Big Ben não é mera coincidência. Em “Estou aqui, mas nada” (I’m Here, but Nothing), concebida entre os anos de 2010 e 2013, Kusama apresenta uma sala de estar aparentemente normal: tem-se uma mesa, cadeiras, sofás, poltrona e televisão. Um cenário doméstico corriqueiro de qualquer família de classe-média, não fosse a presença de inúmeras polka dots coloridas (como são chamadas as bolinhas que seguem um padrão, tendo um »»»

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Agenda da exposição “Obsessão Infinita” Após passagem pela Argentina e Brasil, a mostra segue para: • México - 25 de setembro 2014 a 19 de janeiro de 2015 - Museo Tamayo • Chile - 3 de março a 1 de maio (datas a confirmar) - Fundación CorpArtes Saiba mais sobre Yayoi Kusama Site oficial da artista: http://www.yayoi-kusama.jp/

espaço idêntico entre elas). Adesivos de vinil e lâmpadas fluorescentes ultravioleta incidem sobre os objetos domésticos. Nesse ambiente em que os moradores estão misteriosamente ausentes, experimenta-se uma momentânea desorientação espacial, que vai de sensações alucinógenas ao sentimento de alívio e conforto familiar. Em 1966, Kusama participa pela primeira vez da tradicional Bienal de Veneza. Um detalhe: ela não havia sido convidada. Vestida com um kimono dourado, apresentou cladestinamente e ao ar livre, sua instalação Jardim de Narciso (Narcissus Garden), que evoca o mito de Narciso. Composta por cerca de 1.500 esferas de metal espelhadas, em que o observador pode enxergar o reflexo de sua própria imagem e uma irônica placa explicativa: “Seu narcisismo à venda”, em um gramado do lado de fora do pavilhão onde acontecia o evento. Kusama atraiu o público ao seu “tapete cinético”, como denominou a obra, e passou a oferecer cada uma das esferas pelo valor equivalente a dois dólares. Não demorou para que a organização do evento interrompesse sua participação extra-oficial, retirando-a dali. Ela voltaria ao evento 27 anos mais tarde, desta vez como artista convidada. Hoje, é possível observar uma versão dessa mesma obra no Brasil. O Instituto Inhotim, no município de Brumadinho (Minas Gerais), abriga uma “réplica” de Narcisus Garden. Localizadas no Centro Educativo Burle Marx, dentro do instituto, as 500 esferas de aço flutuam sobre um espelho d’água, mudando de direção de acordo com o sentido dos ventos, e funcionam como espelhos convexos que distorcem e multiplicam a imagem de quem as contempla.

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especial lĂ­nguas

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Yorranna Oliveira

Língua

viva

Jovens e adultos se dedicam a estudar idiomas incomuns e até mesmo inventados em um misto de ficção e realidade. O desafio do aprendizado é que o mais fascina.

I

nvisível é o homem que não cavalga. Sem orgulho, honra e glória aquele que não utiliza o cavalo como meio de locomoção, representa um “ifak” entre os dothraki. É um andarilho – o maior insulto existente na língua desses guerreiros e nômades, senhores de cavalos. Daenerys Targaryen aprendeu os costumes e o idioma do povo dothraki para governar e sobreviver, quando foi trocada pelo irmão em uma aliança para reconquista do trono. Uma exímia Aprendiz de novos idiomas, Daenerys também domina o alto valiriano, a língua comum e, ao que tudo indica, deve se tornar fluente em outros dialetos nas próximas temporadas de Game of Thrones, série de tevê baseada na saga literária “As crônicas de gelo e fogo”, de George R.R. Martin. A partir de outubro deste ano, os fãs de Daenerys, a khaleesi, também vão poder acompanhá-la em sua jornada linguista. A editora Living Language e a HBO Global Licensing lan-

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çam uma série de produtos para quem quiser aprender o dothraki. Livros, CDs, aplicativos para celular, curso on-line com listas de vocabulários, gramática e exercícios de fonética. Tudo supervisionado por David J. Peterson, o linguísta norte-americano contratado para dar vida, na tevê, às línguas idealizadas por Martin. Parece loucura, mas tem muita gente por aí com afinco para os estudos de expressões e idiomas usados na ficção. “A língua nos define como membro de uma dada comunidade étnica, cultural. Por isso, há circunstâncias que nos levam a nos distinguir, a nos afastar do macro grupo. Surgida na ficção ou não, hoje, num mundo de comunicação fácil e rápida, é forte a necessidade de se isolar em grupos menores, em sociedades ‘secretas’. Esses códigos se sustentam em padrões ‘inventados’ sobre os padrões de línguas naturais. Além da indumentária, da postura, do interesse exclusivo dos membros, a língua, »»»


além de ser forte traço de distinção, garante o secreto, o mistério, o diferente, diante dos outros indivíduos ditos ‘normais, ‘comuns’”, explica Telma Lobo, filóloga e professora de Letras aposentada da Universidade Federal do Pará (UFPA). A bacharel em Direito Fernanda Borges, de 26 anos, se encantou ainda na adolescência pelo élfico, criação da mente inventiva do escritor John Ronald Reuel Tolkien. Filólogo, Tolkien se dedicou a desenvolver vocabulário, alfabeto, gramática e todo um complexo sistema linguístico para o élfico e outros idiomas em histórias como “O Senhor dos Anéis”, que até hoje arrebatam leitores pelo mundo. Com a filologia, o escritor compreendia o processo de evolução das línguas, as modificações dos sons e significados das palavras no curso do tempo. Assim, ele criava com originalidade uma língua capaz de expressar um passado antigo e mitológico para a cultura bretã, que ele considerava desprovida de narrativas próprias com a riqueza cultural e a qualidade merecidas. “Ao ler pela segunda vez a trilogia de Tolkien, cheguei aos apêndices e descobri ali a escrita élfica e rúnica. Os símbolos exóticos e os significados ocultos me atraíram para o desafio de adaptar aquele vocabulário e escrita ao portu-

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guês. Apenas mais tarde, por pesquisas na internet, descobri que outros como eu já haviam tentado decifrar a escrita élfica e pude aprender com eles coisas a que não conseguira chegar por mim mesma. Sem saber ainda o quanto estava ganhando com tudo aquilo, brinquei bastante com conversões da escrita élfica para o inglês, e do inglês para o português, e de volta para o élfico”, lembra Fernanda. O fascínio levou Fernanda a montar um grupo de estudos no colégio. Nos intervalos das aulas, a turma se juntava e, durante dez minutos, ela compartilhava o que sabia. Na época, a jovem nem imaginava, mas a dedicação para decifrar e compreender a língua iria contribuir para o aprendizado de novos idiomas. Além do inglês, do português e do élfico, Fernanda passou a estudar grego antigo, língua a qual se dedica até hoje. O mais novo desafio é o alemão. “Ter aprendido uma linguagem complexa e artificial como o élfico funcionou para mim como o aprendizado de latim e grego funcionava no passado mais distante para os jovens estudantes em liceus e seminários. Essa experiência me permitiu um desafio que estimulou e complementou meu crescimento intelectual e minha maturidade, ao mesmo tempo em que me permitiu conhecer muitas coisas novas e ver com


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outros olhos as que já conhecia”, diz a jovem paraense, que mora em São Paulo e faz mestrado em Estudos Clássicos pela Universidade de Coimbra. Tolkien, porém, nunca deixou de ser uma fonte de saber. “Apenas ganhei novos mestres”, garante. Lazer e diversão Os mestres que primeiro conduziram Mauro Leite por uma jornada pelo idioma klingon não estavam na sala de aula. O professor de bioquímica e genética até demorou para estudar klingon, um dos idiomas fictícios da franquia Star Trek. Fã da saga – ele assistiu a todos os filmes, desde a década de 80, e as séries exibidas na televisão - , apenas há três anos ele começou a dar mais atenção para a velha curiosidade sobre a língua. Comprou livros, CDs, pesquisou em sites, assistiu vídeos. Foi atrás de todo tipo de material que pudesse ajudá-lo. Tudo muito casual, por hobby. Sem o compromisso da obrigação e da rotina. “Aprendi muita coisa em materiais específicos do idioma lançados nos Estados Unidos, como o Power Klingon, que é um CD com um curso de Klingon ministrado pelo Marc Okrand e pelo ator Michael Dorn (que interpreta o Tenente Worf no seriado Star Trek Next Generation). Existe tam-

bém uma infinidade de cursos e vídeos no youtube sobre isso”, indica Mauro, que vai adquirir uma versão de um clássico da literatura universal, a obra Hamlet traduzida para o klingon. O material é vendido em sites como o Amazon e também no Google Play. Apesar do empenho e das buscas, Mauro ainda não fala fluentemente. Só algumas expressões como paq [livro], chegh [voltar], chor [barriga]. Além da dificuldade do idioma, complicadíssimo, falta gente com quem praticar. Vontade, no entanto, Mauro tem de sobra. Em setembro, particiou de um evento em uma loja especializada em produtos de cultura pop e fez uma apresentação os klingons, o universo de Star Trek e uma pequena aula sobre algumas regras básicas de gramática. “Minha intenção era angariar mais pessoas aqui em Belém para aprenderem o idioma junto comigo. Infelizmente, não consegui angariar novos estudantes de klingon, mas não desisti ainda”. Interesse por línguas antigas Se Mauro insiste em compreender e dominar os diálogos ficcionais de klingon, o mineiro Sergio Mendes, de 43 anos, já dedica mais duas décadas de estudo ao milenar sânscrito. “Ainda me considero um principiante. É preciso, no mí- »»»

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nimo, 12 anos, para ter uma maestria razoável”, avalia. Ele pratica todos os dias em casa e onde for possível, recitando preces, lendo textos no original. E até criou um grupo no Facebook, o jīkika-saṁskṛtam (Sânscrito Vivo). “Por enquanto, temos 12 membros brasileiros”. O contato com o idioma ocorreu em 1993, quando ele morava em um monastério no interior de São Paulo. Insatisfeito com as traduções dos livros, resolveu que iria aprender para ler os originais. “O sânscrito é um desenvolvimento posterior de um dos dialetos elitizados na Índia antiga. O ancestral desses falares teria sido dado pelos deuses, segundo a tradição hindu. Ler uma sentença em sânscrito é como brincar de jogo da memória ou resolver um quebra-cabeças”, compara ele, que sempre gostou de línguas antigas. Aprendeu primeiro com monges as primeiras expressões e depois se debruçou sobre as páginas dos livros. O interesse acabou por definir a profissão que Sergio seguiria anos depois. “Entrei no curso de letras na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o objetivo de sistematizar o que havia assimilado e, naturalmente, progredir mais. Fiz graduação em inglês e mestrado em sânscrito. Minha dissertação foi a primeira pesquisa em literatura de expressão sânscrita da UFMG”, conta.

Conheça as 3 línguas inventadas mais populares ESPERANTO Rigardi, tia mirinda afero, kaj plena de graco

KLINGON Paw be’hom, ‘ach mevbe’, yittah

Outras palavras

Tradução: Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça Criada por: L.L. Zamenhof, em 1887. Origem: Construído a partir de palavras semelhantes em várias línguas, o esperanto foi criado para servir de idioma universal e promover a paz e a fraternidade entre as nações. Daí o nome, que significa “esperançoso”. Inspiração: Vocabulários das línguas latinas, pronúncia das línguas eslavas. Falantes: 200 mil.

Tradução: É ela, menina, que vem e que passa Criada por: Mark Okrand, em 1982. Origem: Feita por encomenda para o 3º filme da série Jornada nas Estrelas - os produtores queriam que a raça guerreira dos klingons falasse um língua completa em vez dos grunhidos de sempre. Com os fãs, o idioma ganhou vida própria. Existe até o Instituto da Língua Klingon, que publicou uma tradução de Hamlet. Inspiração: Sons guturais, com a intenção de soar alienígena. Falantes: 20 mil. SINDARIN Vanimle sila tiri ed’ i’ear Tradução: Num doce balanço a caminho do mar Criada por: J.R.R. Tolkien, 1920-1940. Origem: Criar línguas era um passatempo do jovem Tolkien, que a partir delas inventou um mundo inteiro: o universo mítico de O Senhor dos Anéis, onde o sindarin é apenas o mais falado dos vários idiomas da raça dos elfos. Inspiração: Galês. Falantes: 10 mil. Fonte: Revista Super Interessante

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...E JESUS TRANSFORMOU ÁGUA EM CERVEJA .. Há sérias controvérsias sobre o fato de Jesus ter transformado água em vinho. A polêmica gira em torno de mais um daqueles famosos presentes oferecidos pelos gregos: a tradução dos pergaminhos bíblicos, originalmente escritos em aramaico. Os gregos teriam “puxado a sardinha” para o lado deles quando fizeram a primeira tradução da Bíblia, substituindo “bebida forte e escura” por “vinho”, numa clara intenção de consagrá-lo como a bebida preferida dos deuses, um presente de Dionísio à humanidade. Há dois mil anos, os homens ainda não haviam inventado as cervejas do tipo lagers, aquelas de coloração clara, comumente representadas pelas douradas do estilo pilsner. Inventada há mais de 10.000 anos a.C., a bebida principal dos Sumérios, Babilônicos, Egípcios e demais povos do Oriente Médio não era o vinho, mas as cervejas do tipo Ale, aquelas de estilo forte, coloração escura e de alta fermentação. Descoberta meio que por acaso quando cereais esquecidos em uma ânfora com água de chuva virou um líquido doce e, dias depois, após fermentar naturalmente, uma bebida gasosa e embriagante, a cerveja era filtrada de forma bastante rudimentar com a simples e única preocupação de separar o líquido do sólido. O resultado era uma cerveja sem clarificação alguma e com bastante sabor de cereais. A cerveja dominou desde então a preferencia dos povos daquela região repercutindo na vida de todos. Fabricá-la passou a ser uma atividade caseira, dominada pelas

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Ricardo Gluck Paul micro-cervejeiro

mulheres, mas logo começou a influenciar a economia de várias civilizações. As próprias pirâmides do Egito foram erguidas à base de cerveja, pois os homens da construção eram pagos parcialmente com doses diárias dessa dádiva divina cada vez mais necessária no dia a dia das pessoas. Bingo! A “bebida forte e escura” dos textos bíblicos era justamente a cerveja do tipo Ale, inventada anos atrás e injustamente desvirtuada pelos gregos. Faz sentido! Que outra bebida Jesus poderia escolher para multiplicar naquela festa de casamento na Galileia? Pensem bem, um casamento!! Na Galileia!! Em meio a pessoas simples que comemoravam a união de um casal !! A cerveja sempre foi o meio perfeito para aglomerar pessoas felizes, de todas as épocas e de todos os lugares do planeta. É a mais democrática das bebidas, desde sempre consumida por plebeus e aristocratas da mesma forma. Sabendo disso, Jesus não teria pensado duas vezes antes de tomar a importante decisão naquele momento angustiante em que a bebida havia acabado. Ele sabia que, para garantir a festa da galera, ele teria que operar um milagre de responsa: fazer cerveja! Acertou na mosca, sua popularidade foi pras alturas! É claro que não há prova alguma do que estou falando e que isso não passa de mais uma daquelas divertidas teorias conspiratórias, mas diz aí, não é mais divertido acreditar que Jesus era cervejeiro? E quem não é cervejeiro? Todos somos! Graças a Deus!



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The Wall 9by Leal Moreira) Ê um dos espaços da Leal Moreira. Assinado pelo arquiteto Wallace Almeida, serå ponto de encontro de comensais e artes. www.revistalealmoreira.com.br

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Lucas Ohana

Dudu Maroja

Leal Moreira na

Casa Cor Pará 2014

A mostra – considerada a mais completa de arquitetura, design e paisagismo das Américas – já começou e será realizada até o dia 30 de novembro em local especial: no Boulevard Shopping.

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escolha da ambientação e da decoração de um espaço é feita por pessoas. Sendo assim, um local carrega consigo gostos, valores e sentimentos. Quando ele contempla a satisfação de quem o habita, representa modos de viver, proporcionando sensações de identificação, acolhimento e pertencimento aos moradores ou visitantes do lugar. A Casa Cor tem a proposta de abrir as possibilidades nas áreas de arquitetura, design e paisagismo para que as pessoas possam materializar e espelhar suas preferências em suas residências, ambientes de trabalho ou qualquer outro local desejado. A Leal Moreira orgulha-se de ser patrocinadora da edição paraense da mostra pelo quarto ano consecutivo, fomentando cada vez mais o conceito de viver bem. Neste ano, a construtora tem três belos espaços, cada um com suas belezas e especificidades: o Restaurante The Wall (by Leal Moreira), Leal Moreira Dolce Vita e Santoro Concept. O Restaurante The Wall (by Leal Moreira), assinado pelo arquiteto Wallace Almeida, tem como referência a arte paraense e conta com parcerias da Cia. Paulista e do Famiglia Trattoria. Um dos destaques é a homenagem ao saudoso artista plástico paraense Acácio Sobral, conhecido por seus trabalhos com a técnica encáustica. Logo na entrada, por exemplo, há um elegante painel inspirado em um trecho de uma obra dele. O espaço alia duas características que se encaixam

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perfeitamente: a beleza de uma galeria de arte e a comodidade de um restaurante. As obras, que ficam expostas em nichos nas paredes, são de mais de dez artistas plásticos, como Geraldo Teixeira, Ruma, Eliene Tenório, Paulo Azevedo, Jorge Eiró e Armando Sobral. “Reunimos diversos segmentos de arte, como pintura, música, escultura e escolhi o estilo contemporâneo para que o ambiente pudesse absorver todas essas interferências”, explica Wallace. Vários objetos de mobília foram personalizados pelos próprios artistas e podem ser comercializados. “A ideia é mostrar que um artista não produz apenas telas. Tem tantas coisas interessantes que eles podem intervir na nossa arquitetura e a Casa Cor é o momento ideal para divulgar isso às pessoas”, disse. Os visitantes podem conferir também grafites de Daniel Zuil e Sebá Tapajós, shows intimistas de músicos, além de uma novidade: exibição de video mapping - técnica de projeções audiovisuais em objetos ou estruturas - elaborado por Luan Rodrigues. “Eu quis resgatar traços regionais de forma mais artísticas e com um veículo que está em alta, que é o video mapping”, conta Wallace. Assim, o local, que possui 245 m², reúne artistas, arquitetos, clientes e patrocinadores: todos conspirando juntos em prol da arte. “É uma grande oportunidade de ter diversos segmentos artísticos ao alcance de todos. E aproveitando que a Casa Cor esse ano é no Boulevard Shopping, que tem visitação fantástica.” »»»


Os arquitetos Ana Perlla e JosĂŠ Jr. assinam os projetos da Leal Moreira desde 2011, quando a mostra ocorreu pela primeira vez no ParĂĄ. Este ano, eles assinam o loft Dolce Vita.

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Sobre participar da Casa Cor com a Leal Moreira, Wallace destacou que é uma satisfação. “Tenho uma ligação muito forte e uma gratidão enorme pela Leal Moreira. É muito bom e mais uma oportunidade de expor o meu trabalho.” Outro espaço da construtora é o Leal Moreira Dolce Vita, um loft assinado pelos arquitetos José Jr. e Ana Perlla. O nome, baseado no filme do cineasta Federico Fellini, por si só já adianta a proposta principal: fazer com que os visitantes sintam-se em casa. A decoração é inspirada no Mid-Century, estilo baseado em aprimoramentos do meio do século XX de áreas como design gráfico, design de interior e arquitetura. “Nós utilizamos móveis, cores, texturas e objetos que remetem aos anos 60 e buscamos referências nos grandes designers da época, como George Nelson, Eero Saarinen, Charles e Ray Eames, entre outros”, disse José Jr. O ambiente é composto por uma sala, um gabinete, uma cozinha e uma suíte de casal. Além de ser tudo integrado fisicamente com ausência de paredes e utilização de divisórias, é unido também por cores, elementos decorativos e revestimentos. Alguns dos destaques são móveis pés palito da Florense, estan-

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te Zig Zag e cobogós vintage. José Jr e Ana Perlla são responsáveis por projetos da Leal Moreira na Casa Cor Pará desde 2011. “Participar mais uma vez desse grande evento de arquitetura e decoração ao lado de uma grande e respeitada construtora como a Leal Moreira é um privilégio”, destaca Perlla. José Jr. também falou sobre a construtora. “A nossa parceria com a Leal Moreira é sempre rejuvenescida. Cada ano projetamos ambientes com pontos de vista diferenciados e nesta edição não foi diferente. Estamos com uma proposta nova, assim como a construtora, jovem e ágil.” Também é com muita sofisticação que a Leal Moreira traz o Santoro Concept, elaborado pela arquiteta Beth Gaby. A decoração vem com o conceito do próximo empreendimento da construtora, representando três estilos de morar: clássico, moderno e casual. “É um lounge com três ambientes onde cada um tem elementos correspondentes aos estilos. A cor marrom é predominante e o uso do espelho na cor bronze segue o mesmo tom, dando mais amplitude”, disse Beth. Alguns dos itens que saltam aos olhos são gran- »»»


Já o Santoro Concept, assinado por Beth Gaby, traz todo o conceito do próximo empreendimento da Leal Moreira: conforto e sofisticação.

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Serviço A Casa Cor Pará 2014 conta com patrocínio máster Deca; patrocínio nacional Todeschini; patrocínio estrutural Leal Moreira e Boulevard Shopping; patrocínio local Amanco, Ebbel, Estácio, Gramapedras, Tramontina e Y. Yamada; participação especial Leinertex e Martprint; mídia partner Organizações Romulo Maiorana. A mostra será realizada até 30 de novembro no 4º piso do Shopping Boulevard. Site: www.casacorpara.com.br

des telas com intervenções da artista plástica Cintia Ramos. “A ideia é passar a sensação de grandiosidade com as obras, marcando diferentes estilos de morar.” O local tem um espaço exclusivo com atendimento diferenciado para quem quer conhecer empreendimentos da construtora. O nome do ambiente é em homenagem ao arquiteto Filinto Santoro, que projetou diversas obras importantes em Belém, como o Colégio Gentil Bittencourt e três palacetes: um para servir de residência a Augusto Montenegro; outro para o senador Virgílio Sampaio e o terceiro para o senador Marques Braga. Os visitantes do ambiente podem conferir um vídeo especial sobre o arquiteto. A arquiteta Beth Gaby ficou contente em participar da Casa Cor com a construtora. “Venho participando de todas as edições da Casa Cor Pará e é sempre muito bom estar nesse evento tão importante para a nossa cidade. Estar junto com a Leal Moreira é uma grande honra, por ser uma empresa de qualidade, respeito e credibilidade. É alegria em dose dupla.” Em 2011, logo no primeiro ano da Casa Cor no Pará, a Leal Moreira investiu na mostra – a segunda maior do mundo – como participante e patrocinadora estrutural. Dentro do seu espaço, as grandes atrações eram o Bistrô do Carlito e o Boteco do Silvio, que homenagearam, respectivamente, o presidente da construtora e seu mais antigo funcionário. A primeira edição da Casa Cor Pará foi sucesso de público e crítica e desde então não parou de crescer, bem

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como a participação da construtora no evento. No ano seguinte, a Leal Moreira adotou um conceito mais moderno e veio com o Mundo Leal Moreira. Em celebração ao período em que a empresa foi fundada, na década de oitenta, a ideia foi representar o espírito da construtora. A decoração contou com vários ícones marcantes, como David Bowie, fitas cassete e guitarra; sempre em cores vivas para ressaltar os contrastes da época. Além disso, duas animações foram exibidas na parede central mostrando imagens sobre valores e ideias relacionados à empresa e a Revista Leal Moreira, desde colaboradores de obras até as mais badaladas celebridades nacionais, como a atriz Camila Pitanga, o arquiteto Oscar Niemeyer, o ator Lázaro Ramos e a modelo Caroline Ribeiro. Em 2013, a Leal Moreira surpreendeu o público com dois espaços: o Leal Moreira em tons de Blues e Jazz e o Leal Moreira Experience. O primeiro, de 212 m², inspirado em conceitos musicais, tinha um terraço com árvores e plantas de pequeno e grande porte, um palco especial para apresentações intimistas e um bar encantador, propício para festas e confraternizações. O ambiente conquistou o prêmio de melhor projeto da Casa Cor Pará com os arquitetos José Jr. e Ana Perlla, que haviam ganhado também prêmios com a construtora de projetos mais criativos nos dois anos anteriores da mostra. O outro espaço exclusivo da construtora em 2013, o Leal Moreira Experience, também encantou o pú- »»»


blico. Com uma área de 103m², levou as assinaturas dos arquitetos Maurício Toscano e Heluza Sato e deu ênfase à tecnologia. O público era conduzido por um trajeto repleto de elementos modernos e inspiradores, como uma pirâmide holográfica, onde as pessoas podiam visualizar de diversos ângulos a fachada de um empreendimento Leal Moreira; um local adaptado para projeções em 3D, que possibilitava uma imersão virtual por apartamentos decorados; e vídeos que simulavam um mergulho em uma piscina. Drauz Reis, Diretor-Executivo/CEO da Leal Moreira, explica sobre a importância de participar do evento. “A construtora Leal Moreira sente-se honrada com a oportunidade em investir na Casa Cor pela 4ª edição seguida. Casa Cor e Leal Moreira possuem grandes sinergias de marca e público, os quais se consolidam como fatores críticos de sucesso para a continuidade dessa parceria. André Moreira, franqueado da Casa Cor Pará e diretor de marketing da Leal Moreira, falou sobre a mostra e o patrocínio da Leal Moreira. “É a primeira vez no Brasil que a Casa Cor é realizada no mall de um shopping e isso já torna a mostra especial. Assim, os visitantes têm todo conforto e segurança para visitar o evento, com estacionamento à disposição, lojas e toda estrutura que o shopping oferece. E a Leal Moreira orgulha-se de ser patrocinadora da Casa Cor pelo quarto ano consecutivo, proporcionando a todos os visitantes experiências diferenciadas com bom gosto e sofisticação.” Ana Paula Guedes, a outra franqueada da Casa Cor Pará, destaca a relevância em ter a Leal Moreira na mostra. “A Leal Moreira é uma empresa que participa desde o primeiro ano da Casa Cor e tê-la no evento traz uma relação de parceria. Pela história que a construtora tem no estado, agrega valor.”

O arquiteto Wallace Almeida www.revistalealmoreira.com.br


Casa Cor Pará A Casa Cor Pará chega à sua 4ª edição este ano e será realizada até o dia 30 de novembro. As instalações ficam localizadas no mesmo andar de lojas e da praça de alimentação do Boulevard Shopping no 4º Piso e, com o novo local, a expectativa é aumentar em 50% o número de visitantes em relação ao ano passado. O projeto geral é assinado por José Jr. e Ana Perlla. “Por acontecer num shopping, a visitação é mais democrática e acessível, proporcionando retorno para quem gosta de consumir produtos de interiores, quem produz - no caso dos arquitetos - e para

parceiros os fornecedores, por conta da visibilidade da mostra”, explica José Jr. Ao todo, são 36 ambientes com temáticas variadas para todos os gostos, em uma área de 2.500 m2, projetados por profissionais conceituados, como Conceição Barbosa, Michell Fadul, Socorro Ribeiro, Helder Coelho, Fabio Seixas, Natália Jacob, Igor Tairo, Isabella Mutran e vários outros. Uma das novidades deste ano é a Casa de Praia, que tem espaços como cozinha, sala íntima, suíte do casal, de hóspedes, sala de estar, jantar e varanda. Com o mesmo conceito de circuito da edição passada, a mostra promove visitação continuada, privi-

legiando todos os ambientes previstos. “É uma Casa Cor inédita por ser no mall de lojas de um shopping. As experiências que a Casa Cor tem no Brasil em shopping são em áreas de expansão ou de estacionamentos, e aqui, em Belém, é onde as pessoas circulam”, disse Ana Paula Guedes. André Moreira ressalta a importância do evento para o estado. “A Casa Cor é sinônimo de tendência e inovação. O Pará é repleto de talentos nas áreas de arquitetura, design e paisagismo e a mostra reúne os melhores profissionais do estado, sendo uma oportunidade única de conferir, no mesmo local, os trabalhos deles juntos”, conclui.


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Ricardo Gluck Paul

arquivo pessoal

A rota cervejeira na Europa Nosso colunista de cervejas, Ricardo Gluck Paul, viajou para a Europa e percorreu o caminho da devoção de todo amante de cervejas: as abadias e bares seculares onde a bebida é uma questão de religião.

Q

uem nunca pensou em curtir férias em Napa Valley, Mendonça, Chile, França e demais localidades vinícolas, atrás das deliciosas rotas do vinho, conhecendo as fábricas, suas imponentes sedes, restaurantes e cartas de harmonizações?!? Sem dúvida, trata-se de um grande programa romântico para fazer sem pressa alguma e na melhor companhia possível! Uma linda paisagem, clima agradável, belos hotéis, gastronomia ímpar ... o que mais se pode querer de uma viagem perfeita como essa? Bem, no meu caso, sendo bastante franco e direto: cerveja!! Assim como o vinho, a cerveja também oferece uma série de rotas bastante românticas para serem feitas a dois ou em casais com interesses gastronômicos. Okay, claro que dá para fazer sozinho também e até mesmo com um grupo de amigos, desde que sejam “marmanjos cervejei-

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ros”. Na verdade, dá para fazer como quiser, pois a cerveja é democrática e aberta a todos os tipos de possibilidades. No meu caso, preferi viajar a dois com a minha gata pelas estradas da Bélgica. Nem só de chocolate vive a Bélgica O país está entre as três principais escolas cervejeiras do mundo e é apontada por muitos especialistas como a mais fascinante. Os belgas fazem uma infinidade de estilos de cervejas diferentes e contam com milhares de fábricas espalhadas pelo país. Uma grande parte dessas fábricas são abertas para visitação e contam com restaurantes e cafés próprios, onde se pode consumir seus produtos harmonizados com a gastronomia local. Ainda na Bélgica, encontramos a rota das cervejas trapistas, fabricadas por monges em monastérios trapistas, uma ordem cristã de origem beneditina. São monastérios que produzem cerveja há séculos, para sustentar os custos de suas »»»


atividades, incluindo ações de caridade mundo afora. Suas cervejas são aclamadas nos quatro cantos do planeta e veneradas por uma legião de fãs no mundo inteiro. Das dez cervejarias trapistas existentes no globo, seis estão na Bélgica e algumas delas oferecem excelentes opções de visitação e degustações. Pé na estrada Nosso roteiro inicia na Holanda, onde ficamos três dias em Amsterdam, uma cidade fantástica, liberal, de intensa atividade cultural e, lógico, repleta de vários pubs com excelentes cervejas locais. A visita na Heineken Experience (museu da Heineken) é obrigatória e sem dúvidas um dos pontos altos da cidade. Encaramos Amsterdam apenas como a porta de entrada e, no terceiro dia, pegamos um carro e seguimos direto para o Sul, na direção da Antuérpia, cidade Belga da região dos Flandres, onde o holandês é a língua oficial. A Antuérpia é uma cidade linda e serve como base para visitar três cervejarias trapistas: Achel, Westmalle e La Trappe. Das três, apenas a La Trappe tem esquema de visitação no interior da fábrica e na própria abadia, mas todas possuem restaurantes próprios onde é possível beber suas cervejas tiradas na pressão, além de comer uma

série de delícias saídas diretamente da cozinha dos monges. Um verdadeiro festival gastronômico. Da Antuérpia, ainda na região dos Flandres, seguimos direto para Ghent, onde fica a sede da Delirium Tremens, aquela cervejaria cujo rótulo tem um simpático elefantinho cor de rosa. A cidadezinha medieval é um deleite para os turistas, com inúmeras opções de passeios de barco, cafés e ruelas para se perder e se encontrar. Almoçamos na própria cidade e depois partimos para conhecer a fábrica da Delirium. A visitação na cervejaria é fantástica e é finalizada com uma seção interminável de degustação de todas as cervejas fabricadas no local. A próxima parada é Bruges, que dispensa comentários. Segundo destino mais visitado na Bélgica, Bruges encanta de cara qualquer visitante. Uma cidade medieval, cercada de canais, igrejas, casarões antigos e praças maravilhosas. Lá, ficamos por três dias e duas noites para visitar três cervejarias: a local De Halve Maan, a Sint Bernardus e a icônica abadia de Saint Sixus que fabrica a lendária Westvleteren XII, considerada pelos mais importantes rankings como sendo a melhor cerveja do mundo. A abadia de Saint Sixus é extremamente fecha-


da e suas cervejas são comercializadas apenas no local. Lá, os monges mantem um restaurante, o in de vrede, que serve seus produtos tirados na pressão. O prazer de beber uma Westvleteren XII fresquinha não tem preço, mas há uma outra razão ainda mais especial para se estar lá: em algumas ocasiões, os monges colocam à venda as garrafas dessa cerveja especial na lojinha do café. Nesses casos, cada visitante sortudo pode comprar duas preciosas caixas com 6 garrafas cada. Nada mal, hein? De Bruges seguimos para sul da Bélgica na cidade de Chimay, na região da Valônia, onde o Francês é a língua oficial. Na abadia de Notre-Dame de Scourmont, é fabricada uma das cervejas trapistas mais conhecidas no mundo: a Chimay. Lá, é possível visitar o interior do monastério e acompanhar os cantos dos monges trapistas. No complexo da abadia se encontra o Space Chimay com o restaurante oficial, um museu multimídia (Chimay Experience), uma lojinha da marca e um hotelzinho chamado de Auberge de Poteaupré, onde é possível obter a experiência completa de um jantar harmonizado com todos os produtos da cervejaria, encerrando sua estada com uma hospedagem digna dos monges: silen-

ciosa, confortável e com o frigobar lotado de Chimay. Hospedar-se no complexo do monastério é uma experiência única e inesquecível. No dia seguinte, rumamos para Bruxelas com parada em mais duas grandes cervejarias, a St. Feuillien, que fica no meio do caminho e a Cantillon, localizada dentro de Bruxelas. Ambas com esquema de visitação e degustação. Ah, vale destacar a Cantillon porque foi onde conhecemos o método único de se fazer cerveja através da fermentação espontânea, sem adição direta de leveduras deixando que o microambiente seja o responsável por todo o processo de transformação do açúcar contido no líquido prestes a virar cerveja. Em Bruxelas, nos hospedamos próximo a Grand-Place, para mim a praça mais bonita da Europa. Dedicamos três dias inteiros a essa cidade justamente para fazê-la sem pressa, com bastante calma. Grand-Place, manneken-pis, sede da União Europeia, lojas de chocolate... Tudo muito lindo! Mas não se esqueça: estamos aqui pelas Cervejas! Em Bruxelas, existem dezenas de lojinhas fantásticas de cervejas, onde podemos fazer as últimas compras ou simplesmente admirar os rótulos ali expostos. »»»


Cervejaria Ab adia da

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Há também uma série de cafés e bares locais repletos de cervejas especiais. No centro de Bruxelas, há o Moeder Lambic Original, uma loja especializada em cervejas artesanais, de pequena produção. Lá, se encontram cervejas raríssimas de extrema qualidade. Ainda perto da Grand-Place, temos o La Mort Subite, um bar secular envolvido pelo charme decadente de uma decoração art-déco inalterada desde a sua inauguração. Grandes mesas de madeira e fotos antigas constroem uma atmosfera tão intrigante quando sua carta de cerveja, com uma variedade fantástica de cervejas belgas. A carta não impressiona pela quantidade, mas pela qualidade da seleção. Mas é nos arredores da Galeries Royales, em uma ruela minúscula, quando a noite cai, que o bicho pega em Bruxelas. Lá, sob o comando da Delirium Tremens Café, uma legião cervejeiros se espreme em três andares do bar que ostenta, certificado pelo livro dos recordes, a maior carta de cerveja do mundo com cerca de 3 mil variedades. Com decoração extravagante, que valoriza cada centímetro de suas paredes, e tetos com bandejas, placas e bandeiras de milhares de marcas de cerveja, o bar oferece música ao vivo e ambientes animadíssimos para turistas e locais que lotam seus espaços todos os dias. Viajar pela Bélgica à procura de cervejas é – antes de tudo – uma aventura “etílico-gastro- »»»

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-cultural”. Paisagens lindas, histórias incríveis e sabores inesquecíveis. Em apenas poucos dias, nos envolvemos completamente pela cultura belga e sua paixão pelas cervejas. No início da viagem, ainda na fábrica da Delirium, já na fase de degustação das cervejas, perguntei ao gentil guia local o que ele achava das cervejas alemãs. Calmo, sem pressa alguma, completou seu copo com uma deliciosa cerveja de abadia chamada Averbode, olhou-me diretamente nos olhos e me respondeu com um sorriso quase cínico: “os Alemães fazem cerveja???”. Salve a Bélgica de todos os monges, de todas as brejas e de todos os bebuns! #Cheers !!

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enquanto isso

Londres

Evelyn Alves turismóloga

Vim parar em Londres meio que por acidente. A ideia inicial era trabalhar de trainee nos EUA, mas o funcionário que eu subtitutiria resolveu não deixar a empresa e eu acabei sem emprego. Como falava inglês e já estava com a cabeça em outro pais, resolvi aventurar e passar um tempo em Londres. Sou apaixonada por Londres, é o meu pedacinho do mundo! Aqui vivem milhares de pessoas dos mais variados países e e quase imposível não formar um grupo de amigos cosmopolita. Entre os meus, estão espanhóis, russos, neo-zelandeses, alemães, australianos, franceses, poloneses, suíços... cada um com uma maneira diferente de ser e viver, o que torna nossas visitas ao pub um verdadeiro entretenimento. Um famoso escritor inglês uma vez disse sabiamente: “Quando uma pessoa se cansa de Londres, ela se cansou de viver”. Há tanta história e cultura na terra da rainha que qualquer um pode passar a vida inteira explorando o lugar sem esgotar a lista de coisas pra fazer. Se o dia está frio, cinza ou chuvoso, você pode ir assistir a um musical em um dos belíssimos teatros, ou visitar um dos mais de 100 museus e galerias com entrada franca e ver pinturas de artistas famosos como Monet, Cezanne e Van Gogh (National Gallery), ou artefatos históricos da Grécia e Roma antigas (British Museum), e até esqueletos

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de dinossauros (Natural History Museum). Se faz sol, você pode visitar um dos Royal Parks (antigas áreas de caca dos monarcas atualmente abertas ao público) ou ir caminhar do Big Ben a Torre de Londres pelas margens do rio Tamisa. O clima de Londres é meio imprevisível, tem sido diferente em cada um dos oito anos que estive por aqui, mas casaco, cachecol e botas são peças obrigatórias no meu guarda roupa, pois são frequentemente usados no inverno, com as temperaturas variando entre 0 e 6 graus, e em parte da primavera e do outono, quando a temperatura não passa de 15 graus. Já no verão, quando o termômetro chega a marcar 30 graus nos dias mais ensolarados, tudo muda e se usam roupas leves (bermudas e vestidos estão sempre na moda) e as moças mais desinibidas até compensam a falta de praias pegando sol de biquíni nos parques da cidade. Mesmo no verão, porém, sempre esfria um pouquinho durante a noite, portanto, sempre carrego uma jaqueta leve na bolsa. Além de todas as atracões, vale à pena conferir também a vida noturna, que é bastate ativa. Eu recomendo os pubs e bares em Convent Garden e Leicester Square. Esses são uma boa pedida em qualquer dia da semana, só não se esqueçam de que aqui a noite começa cedo e a maioria dos pubs fecha à meia noite para que o pessoal possa pegar o metrô pra casa!


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Peru,

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Ângela Sicilia Chef de cozinha

Quando entrei no avião que me levaria ao Peru, não podia imaginar o destino mágico que me aguardava. Lar do Império Inca, o maior da América pré-colombiana, o Peru é lar também de culturas muito relacionadas à fartura de grãos, como o milho, e de tubérculos, como a batata [item, aliás, extremamente respeitado por lá e que chega ao impressionante número de três mil variedades catalogadas], além da quinua [que se tornou mais popular no Brasil de cinco anos para cá]. Não bastasse uma história tão rica, o Peru também carrega consigo a qualidade mais importante, na minha opinião: fazer uma gastronomia ousada e de respeito às suas origens incas/ indígenas. Aliás, o respeito à terra é de impressionar. Os peruanos possuem uma verdadeira devoção pelos pequenos produtores – considerados peças-chave para a alta gastronomia local, produto de exportação. Se você, leitor, tiver um dia essa oportunidade, esse verdadeiro privilégio de viver a gastronomia peruana in loco, dedique um dia inteiro a visitar o mercado da cidade. Perceba quão orgulhosos [na melhor das acepções] os peruanos são; quão gratos eles se sentem pelo milho, pelas batatas. Aprecie os cebiches, os peixes. Perceba e, principalmente, experimente. Você certamente perceberá muita similaridade com a riqueza da cultura gastronômica paraense. Você verá que a aji amarillo, uma pimenta saborosíssima, é imprescindível à mesa deles, tal como a pimenta de cheiro é para nós. Também perceberá que a gastronomia é um importante [e fundamental!] elemento de fomentação do turismo peruano. O turismo gastronômico é um chamariz do Peru. Viu quanta semelhança conosco? Os quase dois meses que passei no Peru [na Le Cordon Bleu] foram de um aprendizado único. Como chef, sem sombra de dúvidas, mas muito mais como indivídua. Lá é muito comum e quase obrigatório ouvir palavras de gratidão precedendo a hora de comer. “Que este alimento nutra nossos espíritos!” Como paraense que sou, cabe-me a missão de levar nossos sabores únicos aonde quer que eu vá... mas voltei com uma bagagem maior e muitas ideias na cabeça. E é por isso que eu acredito na gastronomia latino-americana. Não somos diferentes – somos muito mais parecidos do que imaginamos. Minha mãe costumava dizer que a gente conhece o caráter das pessoas pela relação delas com a comida; pela fartura e pela generosidade com quem tratam o próximo. Viva a generosidade do povo latino-americano!

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Lorena Filgueiras

divulgação

Como, logo

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O chef português Vitor Sobral, é um cidadão do mundo e sua ousadia encontrou raízes solo fértil na tradicional cozinha portuguesa.

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le costuma contar que nasceu na cozinha. Aos três anos, já ajudava a preparar bolos ou estava a untar formas e antes de inteirar a primeira década de vida, cozinhava com os adultos. Não, ele não se considera um prodígio e suas conhecer suas origens ajuda a entender tamanha paixão [e vocação]. “Minha mãe é uma excelente cozinheira e doceira. Meu pai, apesar de poucas vezes ir à cozinha, quando ia era um excelente cozinheiro n’aquilo que chamamos a cozinha de homens (feijoada, guisado..), mas tenho ótimas recordações das casas dos meus tios e dos meus avós. Posso dizer que o que herdei da minha família foi o prazer pela mesa”. No coração e na cozinha Começo a entrevista perguntando se ele costuma cozinhar em casa. “Sim, muito. E quando viajo, tenho necessidade de cozinhar, nem que seja na casa de amigos”. “O bacalhau é um prato imprescindível na sua cozinha?” pergunto, ao que ele prontamente me responde que o bacalhau tem uma grande importância na mesas dos portugueses, ”mas o peixe, em geral, bem como o porco, as aves de capoeira e mes-

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mo o cordeiro são presenças fundamentais à mesa lusitana. A família portuguesa utiliza cada um desses produtos em função da época do ano ou de épocas festivas e que têm diferenças de Norte a Sul do país”. Conseguir um tempo de Vitor Sobral é um privilégio. Mesmo dividido entre os dois continentes, onde o chef mantém as “Tascas” e os inúmeros compromissos em sua agenda, ele é simpaticíssimo. Fala de amor e cozinha e evoca as recordações de uma infância vivida em um ambiente familiar absolutamente gastronômico. “Qual prato ou ingrediente o leva diretamente para sua infância?”. Ele pensa um pouco e conta que “a mesa da família era tratada com muito cuidado e carinho”. “É-me extremamente difícil enumerar um único ingrediente ou um prato, porque – felizmente – a variedade era [e ainda hoje é] muito grande”. E já que estamos falando de família e tradições, o chef conta que tem dois filhos e que o mais velho está à frente do Tasca da Esquina de São Paulo. Prova de que a paixão pela cozinha é ‘geneticamente transferível’. Pergunto se ele costuma ir para a cozinha com ou para os filhos? E se é algo que ele recomenda a outros pais. “Sim, claro! A cozinha não só proporciona bons momentos, como desperta os sentidos”. »»»


Lisboa, São Paulo e Paraíba A Tasca da Esquina, que reúne o melhor da culinária portuguesa com técnicas modernas. Pela definição do próprio chef, a Tasca é “uma cozinha vanguardista e muito criativa, com bases sólidas de tradicionalismo”. O objetivo é ainda mais desafiador: ressignificar o prazer de estar à mesa. Tal qual os desbravadores portugueses, Sobral decidiu cruzar o Atlântico em busca de novos horizontes, da “terra que em se plantando, tudo dá” e viu em São Paulo um lugar para abrigar sua Tasca. Bem recentemente, o chef se apaixonou por João Pessoa. “A cidade me cativou logo à primeira vista. João Pessoa conquistou meu coração e me inspirou novos sabores, aromas e texturas. Lugar que minha alma escolheu para ser minha nova casa”. Sobre a experiência com o papa Bento XVI Falo que ele mencionou em algumas entrevistas que não sentiu pressão ao cozinhar para o Papa Bento XVI. “O segredo (ou o bom tempero) da boa refeição é a simplicidade?” “O segredo em qualquer cozinha é a qualidade dos produtos e quando cozinhamos bons produtos, se foram cozinhados de uma forma simples o sucesso é garantido”. “É difícil cozinhar/criar algo que agrade a todos? Qual o segredo para tocar o coração das pessoas?”, pergunto, já sentindo que nosso tempo estava se esgotando. “Não, desde que se cozinhe com alma de uma forma simples, para que todos entendam. Cozinhar é um ato de amor, embora a intensidade seja diferente em função das ocasiões e das pessoas”. Falando em amor e em respeito à riqueza da culinária brasileira, o chef presenteia os leitores da Revista Leal Moreira com uma receita exclusiva do “Tasca da Esquina”: Garoupa confitada com emulsão de bacuri.

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receita Garoupa confitada [emulsão de bacuri] (receita para 10 pessoas) INGREDIENTES Lombo de bacalhau Alho francês picado Alhos picado Tomate seco picado Sumo de limão Azeite Virgem extra Sal Marinho tradicional Pimenta do reino Fava de tonka (cumaru)

2 Kg 150 g 5 dentes 1 c. chá 1 dl q.b. q.b. q.b. q.b.

EMULSÃO GUARNIÇÃO Polpa de bacuri Alho picado Azeite virgem extra Cebola picada Vinho branco Sal marinho tradicional

300 gr 20 g 1 dl 100 g 1 dl q.b.

Cogumelos Shitake em metades Espinafres em folha Salsa picada Azeite virgem extra Sal marinho tradicional

MONTAGEM Tempere o peixe com sal, pimenta e fava de Tonka e sumo de limão e deixe repousar 10 min. Coloque o azeite a aquecer num sauté, adicione o alho francês, o alho e o tomate seco. Junte o preparado ao peixe, leve ao forno, tapado com folha de alumínio, a 150ºC durante 20 min. Aloure a cebola e o alho em azeite e em lume muito brando. Refresque com vinho branco e junte polpa de bacuri, deixe reduzir. Rectifique temperos e leve ao liquidificador até atingir uma textura homogénea. Salteie os cogumelos e os espinafres em azeite, tempere com sal e perfume com a salsa e sirva juntamente com o peixe e a emulsão.

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A Caliterra, vinícola de ponta do grupo Chadwick na região de Colchagua, relança a linha Edición Limitada, dentro do conceito de vinhos de autor, firmados pelo enólogo Rodrigo Zamorano. Os vinhos são cortes de produção limitada, originários das melhores parcelas dos vinhedos da Caliterra. O Edición Limitada A, uma mezcla andina, desvela o caráter único dos vinhos dos Andes. Uvas: 65% de Carménère e 32% de Malbec e 2 % Petit verdot Graduação alcoolica: 14,5° GL Características do solo: As uvas Malbec estão plantadas em solos limo-argilosos, com 35% de argila e ótima drenagem.Vinhedos com orientação nordeste-sudeste e inclinação de 5º. As uvas Carménère provêm de solos limo-argilosos, com orientação nordeste-sudoeste com inclinação de 2,4º. Amadurecimento: 18 meses em barricas de carvalho francês (30% novas). Estimativa de guarda: 15 anos Carta de vinho sintética: Rico no olfato de frutas negras e azuis maduras (mirtilo), pimenta preta, tabaco e café. Volumoso, fina trama tânica, refinado e peristente. Premiações mais relevantes: DESCORCHADOS 2013: 90/ 100 WINE & SPIRITS: 89 /100 WINE ENTHUSIAST: 88 /100 DECANTER WINE AWARDS 2013: Commended

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Produtor: Château de La Tour Região: Borgonha – Côte de Nuits – Clos de Vougeot – videiras plantadas entre 1910 e 1955 Classificação legal: Clos - Vougeot A.O.C Composição de castas: 100% Pinot Noir Graduação alcoolica: 13° GL Produção: 18.500 garrafas Características do solo: Solos argilo-calcários finos (60cm), com espesso sub-solo de rochas calcárias. Amadurecimento: 20 meses em barricas novas (50%) de carvalho francês de Névers de 350 litros. Estimativa de guarda: 25 anos (ou mais) Carta de vinho sintética: O nariz revela elegância e concentração, com frutas maduras, cedro e menta. Equilíbrio colossal, carnudo e de inesgotável persistência. Premiações mais relevantes: ALLEN MEADOWS: 90-92 Pontos JANCIS ROBINSON: 17 em 20

Uvas: Uvas: 32% Malbec, 30% Merlot, 16% Syrah, 9% Cabernet Franc, 9% Petit Verdot, 4% Cabernet Sauvignon Graduação alcoolica: 14,5% Região: Vale de Uco Mendoza Argentina Sotaque francês e terroir argentino – assim é o La Folie Blend da Bodega Antucura. Há 20 anos, nascia o projeto Antucura (que em língua Mapuche quer dizer “Pedra do Sol”) capitaneado pela francesa Anne Caroline-Biancheri, que trouxe de Pomerol (Bordeaux) os vinhedos das uvas Cabernet Sauvignon e Merlot para juntarem-se aos de Malbec, Pinot Noir, Syrah, Petit Verdot e Cabernet Franc, que já existiam na privilegiada área, bem aos pés da Cordilheira dos Andes, no povoado de Vista Flores no Vale de Uco, uma das cinco sub-regiões que dividem Mendoza – reconhecida como uma das áreas vitivinícolas mais importantes e onde está concentrada mais de 80% da produção de vinho na Argentina. Depois de anos de consultoria do “flying winmaker”, Michel Rolland, hoje, a Bodega conta com a colaboração do enólogo francês Hervé Chagneau que, em seu currículo, tem passagens pelos prestigiosos Châteaux Haut-Brion, Malarctic-Lagravière e La Croix de Gay. O LA FOLIE BLEND 2012 é uma pequena produção cuidadosamente bem construída por Chageneau, a cor é rubi profundo e brilhante; o primeiro nariz é interessante e fino, com aromas que se abrem e formam a riquíssima gama de bem delineada com notas de framboesa, violeta e especiarias. Na boca, é equilibrado e expressivo com excelente persistência final. (Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes - Grand Cru Belém) Premiação mais relevante: 91 pts. Stephen Tanzen

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ANTUCURA LA FOLIE BLEND 2012 CLOS - VOUGEOT GRAND CRU 2009

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vinho

Uvas: 60% Pinot Noir, 20% Pinot Meunier e 20% Chardonnay Graduação alcoolica: 12% Região: Champagne França Dentro do mundo das grandes Maisons de Champagne, a jovem casa G. Lacombe não faz feio e não destoa – muito ao contrário. A AOC (Denominação de Origem controlada) Champagne é uma das mais conhecidas do mundo e única autorizada a usar o nome champagne. A região foi delimitada por lei em 1927. A área de produção do famoso néctar borbulhante conta com 35000 hectares divididos em três sub-regiões Montage de Reims, la Côte des Blancs e o Vallée de la Marne. Dentro dessa área, 15000 viticultores,trabalham para produzir por ano os 380 milhões de garrafas do famoso espumante. Nesse imenso universo, pode parecer fácil encontrar bons champagnes, considerando o nível qualitativo altíssimo e as severas leis de produção, excluindo os produtos altamente industrializados e que fazem parte do glamour coletivo que uma garrafa de Champagne “de marca” consegue despertar nos países emergentes. Mas não é só de grandes e blasonados nomes que vive a Denominação de Origem controlada Champagne. A Maison Lacombe é a mais nova aquisição do portfolio da Grand Cru e conta com uma linha finíssima de produtos de alta qualidade. O GEORGES LACOMBE BRUT Rosé d’assamblage (rosé de corte) com 80% de vinhos da safra do ano e 20% de vinhos “réserve”, repousa nas borras (sur lei) por 24 meses antes de ser comercializado. Com reflexos rosa salmão, intensos e escuros. É um delicioso champagne com um nariz “gourmand”, rico de notas intensas de flores vermelhas e framboesa na boca é generoso e intenso. Jovial, é perfeito para o aperitivo ou para acompanhar momentos alegres e refinados. (Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes - Grand Cru Belém)





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A despedida de entes queridos é um luto necessário, mas que, culturalmente, difere nos quatro cantos do mundo. Em comum, a certeza de que pode ser um belo aprendizado aos que aqui ficam.

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morte. O inexorável fim da vida. Haveria algo depois disso? “A morte é marcada pelo mistério, pela incerteza, pelo medo daquilo que não se conhece, pois os que a experimentaram não tiveram chances de relatá-la aos que aqui ficaram”, pondera Rodrigo Feliciano Caputo, psicólogo e pesquisador. O assunto inquieta a humanidade desde os tempos mais remotos e desafia as mais distintas culturas, que buscam respostas nos mitos, na filosofia, na arte e nas religiões para tentar compreender o desconhecido fim. “Na nossa sociedade, cada vez mais ocidentalizada, o homem vê a morte como um tabu”, analisa Franklin Santana Santos, médico geriatra, professor e pesquisador. Para ele, o homem moderno evita encarar o fato de que somos perecíveis, o que é produto e, ao mesmo tempo, sinal dos novos tempos, marcados pela busca pela juventude e crença de que a ciência será capaz de nos fazer eternos. “Hoje, mais do que em nenhuma época, gostaríamos se não de esquecer a morte ou negá-la, pelo menos controlá-la através dos avanços que as ciências biológicas alcançaram nos últimos dois séculos. Muitos de nós temos a esperança de que com o avanço das técnicas de clonagem, em um futuro não muito distante, poderemos viver através dessas mesmas técnicas

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que poderão nos fornecer um novo corpo e uma nova mente”, destaca Santos. Enquanto o que ainda soa como enredo de ficção científica não se realiza, o homem, como no filme O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, continua em desvantagem no jogo contra a morte. “E, apesar dos esforços para afastar a morte do pensamento, como se ao afastá-la da mente fosse possível afastá-la da vida, ela insiste em fazer parte do nosso dia a dia: invade os jornais, os noticiários, ceifa vidas na guerra, na fome, em epidemias, em acidentes de carro... Uma ironia uma vez que quanto mais tentamos negá-la, a morte nos desafia como a esfinge da mitologia: decifra-me ou devoro-te!”, analisa Franklin. O fim e suas diversas faces O modo com que lidamos com a morte, para o médico, define e orienta o nosso entendimento de vida e mundo. Isso porque morrer é mais do que um evento biológico: tem uma dimensão religiosa, social, filosófica, antropológica, espiritual e pedagógica. “Negar a morte é negar um aspecto integral da vida humana. Como pontua Edgar Morin, é na morte que o homem se revela; é nas suas atitudes e crenças perante a morte que o homem exprime o que a vida tem de mais fundamental”, argumenta Santos. »»»


Ao pesquisar a morte em diferentes culturas ao longo da história, o psicólogo Rodrigo Caputo acredita que a maneira como cada grupo se posiciona diante dela tem um papel decisivo na constituição e na manutenção de sua própria identidade coletiva e na formação de uma tradição cultural comum. Há registros de locais de enterro datados de 150 mil anos. Os rituais funerários e as sepulturas surgem logo após o início da fabricação de utensílios e o estabelecimento de espécie de lares estão presentes nas mais distintas culturas até os dias de hoje. “Pode-se dizer que a morte condiciona parcela importante da vida e das interações sociais dos vivos. Na verdade, o funcionamento da sociedade se dá não apenas apesar da morte e contra a morte, mas também só existe como organização pela morte”, destaca. O impacto da perda se dá porque o ser humano estabelece interação, vínculos com o grupo, tornando a ruptura algo que desestabiliza tanto a ordem individual quanto a coletiva. “Surge, assim,, a necessidade de reorganização da vida social, a fim de atenuar a dor e o sofrimento dos indivíduos e propiciar o retorno às atividades ordinárias da vida. É para minimizar tal padecimento que todas as culturas conhecidas construíram maneiras individuais e coletivas de enfrentar a morte. As reações do homem diante da morte são tão antigas quanto a humanidade”, analisa o psicólogo. Sete mil anos antes de Cristo, a sociedade mesopotâmica sepultava seus mortos com tamanho zelo que, juntamente com o corpo, eram postos

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vários pertences que marcavam a identidade pessoal e familiar do morto: roupas, objetos e até mesmo a sua comida favorita. “Esse cuidado era para garantir que nada lhe faltaria na travessia do mundo da vida para o mundo da morte, implantado no subterrâneo terrestre. Este rito objetivava a representação de morte que os mesopotâmios tinham, que era a de passagem”, destaca Caputo. Para Sócrates, o mais importante filósofo da antiguidade grega, não havia nada trágico sobre a morte e as pessoas deveriam se despedir da vida em uma atitude de reverência, agradecimento e paz, com paciência e aceitação. Em seus ritos funerários, os gregos costumavam cremar os corpos dos mortos, com o intuito de marcar a nova condição existencial destes, a condição social de mortos. “Havia dois tipos de mortos: os comuns e anônimos e os heróis falecidos. Os primeiros eram cremados e enterrados coletivamente em valas, uma vez que eram vistos como simples mortais. Já o segundo tipo era levado à pira crematória, reservada para os grandes heróis, na cerimônia da bela morte, uma vez que nas representações dos gregos isso os tornava imortal”, explica Caputo. Os hindus, como os gregos, tinham o costume de incinerar os corpos. Entretanto, o sentido era completamente diferente, pois os gregos cremavam com o intuito das cinzas guardarem a memória dos mortos. Já os hindus cremavam o cadáver, o qual era despojado de sua identidade, personalidade e inserção social. Uma vez consumidas pelo fogo, as cinzas eram lançadas ao vento ou nos rios. “Através desse ritual, os hindus objetiva-

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vam a sua representação da morte que consistia na passagem para outro plano da existência: o fundir-se com o Absoluto, o acesso ao Eterno, ao Nirvana, ou seja, à paz originária”, frisa Caputo. Ao contrário dos gregos, para os hindus a grande personalidade não era o herói, nem o rei, mas os ascetas, os monges. “Estes despojavam a tal ponto de abrir mão dos dois mais poderosos mananciais da vida: o desejo de conservação e de reprodução. Estes não tinham os corpos cremados, mas eram enterrados em posição de meditação, em covas nos lugares sagrados, nos quais eram realizadas peregrinações e indicavam para os hindus que o verdadeiro sentido da vida era o despojamento do corpo, o que resultaria em uma preparação para a morte gloriosa”, explica. No Egito Antigo, pirâmides, tumbas, múmias, escritos funerários e todo o minucioso processo de mumificação detalhado no “Livro Dos Mortos” testemunham a morte como um dos temas centrais daquela sociedade. A ideia da transcendência está contida nos mitos como o da renascença. Para os egípcios, no momento da morte, a alma era levada a um tribunal na presença da deusa da Justiça, que tinha uma balança: as almas generosas teriam, naturalmente, um coração leve, e as almas dos maus seriam pesadas e, caso fossem condenadas, acabariam devoradas e não poderiam renascer. “A morte, antes considerada um fenômeno natural e aceita sem apreensões e medos, passará a ser temida devido à sua associação com prováveis penalidades que o morto teria que arcar após o seu transpasse e julgamento”, destaca Santos.

Nesse sentido, o surgimento dos conceitos de inferno e paraíso foi um marco na maneira de lidar com a morte. Tal entendimento foi trazido pela civilização cristã, para quem o fim da vida era visto como passagem para outra dimensão: a transposição ao eterno sofrimento ou o acesso ao eterno gozo, reservado aos bem-aventurados. Já o espiritismo, doutrina surgida no século 19, não crê na morte como fim e nem a vincula a julgamentos que possam culminar num bem ou mal eternos. “Talvez, o fator que diferencie o Espiritismo de outras religiões ocidentais seja o entendimento da continuidade da vida do ser essencial: o Espírito. A vida, sendo um contínuo, será sempre oportunidade de aprendizado e progresso para a perfeição, seja na fase que o Espírito esteja no mundo espiritual, seja no retorno ao físico, em nova existência, reencarnado”, explica Paulo Cruz Júnior, engenheiro e estudioso da doutrina. Tal perspectiva da vida, para Paulo, contribui para uma existência com menos angústia e mais otimista. “Saber da continuidade da vida favorece a compreensão de que o mal existente hoje no futuro será menor, e o bem maior, dado que todos os seres irremediavelmente progridem. Nos conforta saber que os laços afetivos se mantêm, pois somos entes que juntos trilhamos para a perfeição. Facilita o perdão, a sermos indulgentes para as fraquezas alheias e a não julgar comportamentos, criando estados íntimos que predispõe a melhor transitar pela vida. Como estabelece Alan Kardec: ‘Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei’”. »»»

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A hora da saída No Brasil, morrem 1,5 milhão de pessoas por ano. Destas, oitocentas mil são vítimas de doenças crônicas, degenerativas e de câncer. “Essa morte anunciada proporciona a chance desta pessoa redimensionar a própria existência e compreender que passo ela quer andar”, defende Ana Cláudia Quintana Arantes, uma das maiores autoridades do país em medicina paliativa. Com anos de pesquisa e atuação em diversos institutos e hospitais no campo da geriatria, psicologia e cuidados paliativos, Ana Arantes afirma que a morte é um momento que vale a pena viver de forma digna. “Você precisa descobrir o que tem dentro da medicina baseada em evidências, e existe muita coisa boa dentro dos cuidados paliativos, embasados, tecnicamente bem feitos. Você precisa oferecer isso ao paciente para que ele possa fazer bom uso da vida dele. A coisa mais ética que a gente pode fazer dentro da medicina paliativa com o paciente é ouvi-lo”. Diferente do que se costuma entender a respeito da missão de um médico, que é salvar vidas, a medicina paliativa trabalha a partir do fato de que o paciente em questão está em situação terminal. O dever do profissional de saúde, então, passa a ser o de oferecer alternativas que possam garantir bem-estar e conforto ao doente durante o fim da vida. “Uma vez que você consegue aliviar o sintoma físico, o paciente vai ter chances de dar conta de tudo o que a gente precisa dar conta da vida”, diz Ana, que destaca a importância existencial de uma despedida digna. “Todo mundo tem alguma coisa para fazer e deixa para fazer na hora da saída. Temos a ilusão de que a primeira impressão é a que fica. E não é, é a última. No final da vida é impressionante como todo mundo desperta, põe para fora o que é a essência do ser humano, que é o estado de amorosidade. São duas alegrias para o paciente: a de viver aquele momento sem dor e a chance de poder se reconciliar com aqueles que ele ama, agradecer. Você consegue retomar laços, entender a sua existência de uma forma que, no final da vida, faz todo o sentido: é no final do livro que a gente entende muita coisa que durante a leitura não conseguimos compreender”.

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Carolina Menezes

Habemus cachaça!

Comprada a peso de ouro por grandes distribuidoras mundiais de bebida, a cachaça brasileira começa a ganhar um reconhecimento especial, tal e qual o vinho e as cervejas importadas, e tem até mesmo quem se dedique a estudar a fundo suas propriedades, qualidades e, principalmente, poder de atração sensorial.

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ue cachaça é diferente de água, já que uma vem do alambique e a outra vem do ribeirão, isso a gente já sabe desde os primeiros ‘bailinhos’ infantis de carnaval, quando uma marchinha que cantava, e canta até hoje, essa distinção quase que em forma de alerta bateu nos ouvidos pela primeira vez. O que muita gente ainda não sabe é que a cachaça,, assim como o vinho e a cerveja, há tempos deixou de ser apreciada apenas pelos que gostam de uma mesa de bar. Quem se dedica a conhecer a fundo as propriedades de uma bebida tipicamente e legalmente - sim, existe uma legislação, de 2001, que determina o uso do termo “cachaça” apenas para produtores brasileiros, e sob alguns condicionantes – ‘canarinha’ garante que se trata de uma legítima representante da nossa cultura, e que a ideia de ser uma coisa de “bebum” ficou para trás. “É como a feijoada ou o futebol”, afirma Leodoro Porto, 45 anos, o criador da ovacionada e paraensíssima “Cachaça de Jambu”. “Já se foi o tempo em que cachaça era coisa de ‘bebum’. Hoje, é uma bebida respeitada e apreciada mundialmente, por pessoas de classe, sendo servida em reuniões importantes e em grandes

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eventos”, acrescenta o piauiense, que veio achar em Belém a inspiração para a sua “alquimia” de maior sucesso. “Cachaça casa bem com diversos gostos. Assim, funciona bem na caipirinha, que mistura limão, gelo e açúcar, funciona também com frutas e ervas, um conhecimento herdado do meu pai, que “temperava” as cachaças que gostava”, revela. A de jambu é o carro chefe, mas Leo Porto, como é conhecido pelos que frequentam as duas unidades do bar “Meu Garoto”, mantidas por ele, uma no bairro da Campina e outra no bairro do Umarizal, assina mais de 50 combinações, que levam cupuaçu, bacuri, açaí, castanha do Pará e outros sabores bem paraenses. “A cachaça de jambu impressiona por ser uma bebida que proporciona o tremorzinho da erva. Estou inclusive preparando uma versão gourmet dela, para ser usada na culinária e que não deve demorar a ser lançada. É legal, as pessoas vão ao bar, provam, querem levar para os amigos de fora, postam fotos nas redes sociais e me mostram o quanto ela está rodando o país, o mundo!”, comenta, sem esconder o orgulho pela aceitação da bebida. Assim como a cachaça mudou a vida do Leo, que se autointitula “o alquimista da cachaça”, mu- »»»

divulgação


dou também a vida do paulista Leandro Batista, de 34 anos, hoje uma autoridade no assunto, um sommelier. O vício do pai em álcool fez com que ele, desde muito cedo, mantivesse uma distância segura de bebidas, mas sem muito radicalismo. “Meu primeiro contato com o álcool foi aos 14 anos. Bebia, mas sempre me policiando para não me entregar. Engraçado é que, quando saía com os amigos para beber, eu sempre escolhia a cachaça. Mas essa história de que é coisa de drogado e tal é errada e eu faço questão de dizer isso sempre quando faço as degustações, as consultorias. Se a pessoa fica embriagada com três doses, então para na segunda, ou mesmo na primeira. O lance é não se deixar dominar. Eu tenho a experiência na família e levo essa vivência como base”, garante. “Não é ‘ah, perdi o emprego’ e sentar no bar e pedir uma dose atrás da outra até ficar bêbado. É uma bebida de apelo sensorial, que varia muito de gosto pela variedade de madeiras usadas para envelhecê-las. Hoje em dia, é quase impossível uma pessoa dizer que não gosta

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de cachaça, com certeza existe alguma que vai agradar até o paladar mais exigente. A ideia é beber qualidade, e não quantidade”, afirma. Estudioso do tema há oito anos, Leandro trabalhava como garçom no Mocotó, restaurante e cachaçaria em SP, no início dos anos 2000, e um belo dia, pediu ao dono para arrumar a carta de cachaças da casa, que estava bagunçada. “Ele gostou, me parabenizou, e logo me deu a responsabilidade de abastecer o estoque do restaurante. Comecei a estudar e a variedade me chamou muito a atenção, as madeiras utilizadas no envelhecimento são todas brasileiras, só a cachaça tem essa variedade toda! Fiz cursos e, depois de um tempo, só entrava cachaça nova no restaurante depois de passar pela análise química, só a história de como ela foi criada não era mais o suficiente para mim. Fazendo isso, eu queria que o consumidor se tornasse mais exigente em relação à qualidade na hora de pedir para degustar alguma das mais de 300 que tínhamos à disposição”, justifica ele, que vê a bebida ganhando um certo »»»

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requinte, apesar de um histórico longo de marginalização. “Eu lido com público o tempo todo e vejo que o consumo por parte de mulheres, de pessoas de classe média alta, aumentou. Eu vejo que a cachaça ainda é marginalizada pela reação das pessoas quando eu começo a falar sobre as propriedades, variedades. Não faço apologia, mas mostro que é uma bebida que merece todo o reconhecimento, que não é só uma bebida da época dos escravos. E, quando eu consigo passar isso, quando vejo as pessoas interessadas em degustar, em reconhecer a qualidade, é fantástico”, declara o sommelier. Há menos de um ano, Leandro assumiu a gerência de outro restaurante, especializado em comida nordestina, e cachaçaria, o Barnabé, também em São Paulo, onde entrou para reformular a carta de cachaças. “Eram 200, agora são só 123. Priorizei a qualidade. Fiz do cardápio uma cartilha que o cliente pode levar para ler sobre a história de cada cachaça que oferecemos e, lendo-a, ele fica sabendo, por exemplo, que as peculiaridades de cada região influenciam diretamente no sabor da cachaça, é como faz a uva com o vinho: dependendo de onde ela é cultivada, muda gosto, aroma, tudo”, enumera. “Parar de estudar não está nos meus planos, até porque quero expandir a minha atuação, mas sem deixar de trabalhar em restaurante, diretamente com o público. É preciso mostrar que temos um produto nosso e de muita qualidade. A Diageo, que é a maior distribuidora de bebidas do mundo, comprou a Ypióca. A Nega Fulô também está com eles. Quem diria, né? Afinal, ninguém dá nada para a Ypióca... A Campari comprou a Sagatiba, e aí? Precisa ser que nem o café, que só valorizam quando vem alguém de fora e compra?”, ironiza.

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A CULPA É DAS ESTRELAS Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) é uma adolescente que sofre de um grave câncer, e tenta manter a frágil saúde com o auxílio de uma droga experimental. Em um grupo de apoio, ela conhece Augustus Waters (Ansel Elgort) – um rapaz entusiasmado e com uma visão de mundo bem diferente da dela. Diferentes, os dois encontram um no outro um ponto de apoio para lidar com as dores e inseguranças da juventude; e descobrem um amor muito maior que as adversidades. A bela história fica melhor ainda contada pelo elenco de grande afinidade, o que faz com que o tema difícil se desenrole com muita naturalidade. Baseado no livro homônimo de John Green, A Culpa É das Estrelas é um filme sensível e surpreendente.

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Uma das malvadas mais icônicas das histórias infantis, Malévola não nasceu cruel – e a história contada em “A Bela Adormecida” não lhe faz justiça. Pelo menos é o que propõe a versão que traz o nome da personagem. Seguindo a tendência de humanizar as vilãs dos grandes contos [veja matéria sobre o assunto nesta edição], o longa protagonizado por Angelina Jolie traz a “história não contada” da bruxa: inocência, decepção, instinto de vingança, amargura e arrependimento são parte de sua jornada. A concepção visual do filme é instigante e cheia de efeitos especiais. Obrigatório para quem cresceu na era de ouro da Disney.

DESTAQUE

X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO

RAPADURACAST Vinculado ao site Cinema com Rapadura, o RapaduraCast existe desde 2006 e se compromete a debater semanalmente temas da cultura pop. Além de cinema em si, o principal gancho do podcast, entram na roda discussões bem-humoradas sobre quadrinhos, livros, games, animes, música e até as grandes séries de TV. Ótimo para ficar por dentro do que há de mais novo quando o assunto é entretenimento.

JAMAIS TE ESQUECEREI De 1951, Jamais te Esquecerei conta a história de Peter Standish (Tyrone Power), um físico americano que vive em Londres, num apartamento que mantém a mesma aparência desde o século 18. Observando seus antepassados e a história do imóvel, ele passa a acreditar que, por algum motivo, vai viajar pelo tempo até o ano de 1784. Quando isso finalmente acontece, Peter se depara com doenças, circunstâncias sociais complicadas e a desconfiança de todos diante de suas posturas. A exceção é justamente sua futura cunhada, Helen (Ann Blyth), por quem o protagonista se apaixona. Confuso, o físico cria um laboratório secreto, na esperança de acelerar o tempo e conseguir voltar para o presente. Jamais te Esquecerei é um romance eterno, e um clássico imperdível.

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INTERNET

CLÁSSICOS

Os celebrados mutantes vivem dias difíceis no futuro: são caçados pelos “Sentinelas” – robôs enormes, criados por Bolívar Trask (Peter Dinklage). Entre os sobreviventes, estão Magneto (Ian McKellen), Tempestade (Halle Berry), o professor Xavier (Patrick Stewart), e Wolverine – designado para tentar salvar o grupo da extinção. A solução é ter a consciência enviada de volta no tempo, para ocupar o corpo do Wolverine que vivia na década de 70. Então, ele deverá procurar as jovens versões de Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender), para juntos pensarem em uma maneira de proteger os X-Men. Para os fãs da sequência, seja no cinema, nas HQs ou no desenho animado.


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DESTAQUE O PINTASSILGO

LANÇAMENTO

Vencedor do Pulitzer na categoria Ficção, “O Pintassilgo” chegou ao Brasil com todo o peso de ser um fenômeno literário na Europa e nos Estados Unidos. O livro é protagonizado por Theo Decker, um jovem de 13 anos que perde a mãe em um evento trágico do qual também foi vítima e milagrosamente sobreviveu. Ele é acolhido por um amigo cuja família é rica. Deslocado na nova realidade, o garoto se apega à memória da mãe e a uma pequena e antiga pintura,que dá nome ao livro. O quadro acaba por ligá-lo à arte, em sua nobreza e submundo. “O Pintassilgo” foi descrito pela crítica especializada como “uma hipnotizante história de perda, obsessão e sobrevivência, um triunfo da prosa contemporânea que explora com rara sensibilidade as cruéis maquinações do destino”, e é a grande leitura do ano.

DICA #VQD - VAI QUE DÁ! Tem vontade de criar uma empresa do zero, tirar do papel aquela grande ideia e se arriscar num mercado novo? “Vai Que Dá!” é livro obrigatório para quem se encaixa nesse perfil. Organizada por Joaquim Castanheira, a publicação traz o depoimento de dez empresários de sucesso, que compartilham suas experiências quando o assunto é empreendedorismo. Além disso, o leitor também ganha o olhar dos mentores que acompanharam a trajetória desses empresários, que acrescentam suas análises especializadas no tema. “Vai Que Dá!” é um livro para empreender, mas sobretudo é sobre enfrentar dificuldades e realizar sonhos.

FANGIRL Cath é uma escritora famosa dentro do mundo das fanfictions. Ela e a irmã Wren escreviam desde crianças sobre Simon Snow - um personagem-fenômeno que inspira fóruns de debate e cosplay em estreia de filme. Agora que as meninas cresceram e estão a caminho da faculdade, a dinâmica entre as irmãs começa a mudar. Wren quer mais espaço e vida nova. Cath terá que lidar com as transições para a vida adulta - além de decidir se está pronta para enfrentar questões emocionais e escrever as próprias histórias. Rainbow Rowell é a autora do romance, que tem pegada leve e carismática. Vale a leitura.

CONFIRA PAGU: VIDA-OBRA Patrícia Rehder Galvão foi uma mulher que fez história. Escritora, musa antropofágica, ativista cultural e militante política, a Pagu - como ficou conhecida - se tornou uma das personagens mais relevantes do modernismo brasileiro. Seus feitos, desafios e momentos nebulosos foram reunidos pela primeira vez em um material completo na primeira versão de “Pagu: Vida-Obra”, em 1982. A publicação passou muito tempo esgotada, até ressurgir em 2014 - em uma edição revista e ampliada. O excelente trabalho de pesquisa de Augusto de Campos é o grande diferencial deste “biolivro”, essencial para entender de maneira profunda a grandiosidade de Pagu.

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CLÁSSICO AGATHA CHRISTIE - MISTÉRIOS DOS ANOS 40, 50 E 60. (CLÁSSICO) Não foi à toa que Agatha Christie recebeu o título de Rainha do Crime: são inúmeras histórias policiais e de mistério, compreendidas entre os anos 20 e 70. Detetives amadores e profissionais, jovens com espírito aventureiro e envolvidos acidentais são alguns dos muitos protagonistas que se depararam com situações inimagináveis e precisaram solucionar os enigmas da escritora. Alguns desses contos estão reunidos em belos volumes, separados pelas décadas de seu lançamento. Um must-have na estante de qualquer apaixonado pelo gênero.

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horas vagas • música

VÍDEO DOWNLOADED

CONFIRA MARIA BETHÂNIA Meus Quintais

Em um passado distante, quando quase ninguém tinha ouvido falar na extensão mp3 e o comércio fonográfico ainda era privilégio das gravadoras, Shawn Fanning e Sean Parker criaram um software chamado Napster. O polêmico programa, saído de uma noite no dormitório da universidade, revolucionou a maneira de se ouvir e consumir música no mundo inteiro – abrindo o caminho para os torrents e streamings que fazem parte do nosso cotidiano hoje. A história de Shawn e Sean é contada no documentário Downloaded, dirigido por Alex Winter. O filme conta com depoimento de artistas e pessoas da indústria musical, que relatam como se deu o que Winter classificou como “uma das maiores revoltas da juventude”.

Memórias de infância, o universo lúdico da Bahia, o folclore brasileiro, o forte laço com a mãe e a família... Tudo isso cabe no quintal de Maria Bethânia. Seu mais recente trabalho faz referência justamente ao vínculo da intérprete com essa atmosfera – e, por isso mesmo, soa personalíssimo. Bethânia não está acompanhada de orquestras ou de grandes artifícios. É “apenas” seu timbre inconfundível, amparado por uma banda enxuta e precisa. O resultado é um disco sensível e intimista, que mostra o lado mais vulnerável de uma das cantoras mais imponentes do país. Destaque para os arranjos de piano, gravados por André Mehmari e Wagner Tiso.

DICA

JACK WHITE Lazaretto Jack White é um dos músicos mais criativos, inquietos e consistentes de sua geração. Seus pés fincados no blues e no rock lhe oferecem um campo vasto o suficiente para render sonoridades bem distintas – basta ouvi-lo no The White Stripes, no The Raconteurs e, mais recentemente, em carreira solo. Lazaretto é o segundo disco assinado apenas por seu nome e traz Jack em estado de maturidade abso-

luta. Depois de ter experimentado atmosferas bem distintas no álbum anterior, Blunderbuss (2012), o trabalho novo segue ainda variado, embora menos disperso. Ao lado da agressividade das guitarras sujas e da voz gritada, há melodias mais cantáveis – emolduradas por um excelente empenho nos arranjos. Lazaretto é mais um atestado de que é possível ser sofisticado e enérgico a um só tempo.

INTERNET

CLÁSSICO

SUPERPLAYER.FM A evolução da experiência de rádio. É o que propõe o Superplayer. A praticidade de ter uma playlist montada e o fator surpresa que há em desconhecer a música que vem na sequência aqui são aliados da possibilidade de escolher o que mais combina com o usuário naquele momento. São várias as opções, classificadas pelo humor (“feliz”, “com preguiça”), por gênero (“indie”, “classic rock”, “blues”) ou mesmo temas bem humorados (“arrumando as malas”, “brigadeiro de panela”). Basicamente, é só dar o play e se deixar levar. Ainda dá para compartilhar as playlists com os amigos por meio das redes sociais.

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TOTO IV A banda americana Toto já era reconhecida pela sua excelência técnica no final da década de 70, pouco depois de aparecer no cenário americano. Ainda assim, faltava emplacar um grande hit para escrever seu nome da história do rock. Pois esse sucesso finalmente veio no álbum Toto IV: músicas como Africa e Rosanna explodiram instantaneamente. O instrumental poderoso havia encontrado suporte em melodias grudentas e belas divisões vocais. Mais de trinta anos depois, os refrãos marcantes de seus “hinos de arena” continuam explicando o porquê de Toto IV ser um clássico indiscutível.

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POPLOAD FESTIVAL (SP) Nos dias 28 e 29 de novembro, São Paulo recebe a segunda edição do Popload. O evento traz uma das programações mais modernas e ousadas dentro da gama de bons festivais sediados no Brasil. No line-up desse ano, figuram nomes importantes da música contemporânea, como Tame Impala, Beirut, Cat Power e os brasileiros Rodrigo Amarante e Marcelo Jeneci. São mais de dez atrações divididas em dois palcos, ao longo dos dois dias de festa. O Popload Festival será no Audio Club, em Barra Funda, São Paulo. Os ingressos já estão à venda.

SALÃO DO AUTOMÓVEL DE SP Um dos maiores eventos privados da cidade de São Paulo, o Salão Internacional do Automóvel será realizado de 30 de outubro a 9 de novembro. As vendas de ingresso para a mostra já estão em seu quarto e último lote. O Salão – o maior do ramo automobilístico na América Latina – é o espaço perfeito para que montadoras nacionais e estrangeiras exibam as novidades mais relevantes do setor. Tecnologia, sofisticação, beleza, funcionalidade, conforto, luxo e segurança são algumas das características a serem apreciadas na ocasião.

ARCTIC MONKEYS (RJ) Os ingleses do Arctic Monkeys voltam ao Brasil para uma única apresentação na Cidade Maravilhosa, no dia 15 de novembro, depois de passar pela capital paulista na véspera. Será a primeira vez que o país recebe um show completo de um dos maiores grupos do rock internacional pós-2000 – já que, em suas outras passagens por aqui, a banda só participou de festivais e fez apresentações reunidas. A vinda para cá é parte da turnê latino-americana de divulgação do álbum mais recente, o “AM” – vencedor do prêmio de melhor disco do ano pelo Brit Awards. Imperdível.

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As programações a seguir foram cedidas e podem ser modificadas, sem qualquer aviso prévio.

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horas vagas • New York

WOODY ALLEN & THE EDDY DAVIS NEW ORLEANS JAZZ BAND Um dos cineastas mais celebrados de todos os tempos, Woody Allen também é um talento na música. De quando em quando, seu grupo de jazz volta a se reunir para fazer pequenas temporadas em casas do ramo, em Manhattan. Agora, quem recebe a Eddy Davis New Orleans Jazz Band é o café do the Carlyle, um belo hotel nova-iorquino. As apresentações recomeçaram em setembro e vão até o dia 15 de dezembro, sempre às segundas-feiras, às 20h45 (horário local). É necessário reservar mesa com – muita – antecedência.

ED MOTTA Enquanto se prepara para uma turnê que passará pela Suíça, Alemanha e França, Ed Motta vai excursionar pelos Estados Unidos com seu elegante free jazz. Em Nova York, a apresentação será no Highline Ballroom, no dia 14 de outubro. O boêmio bairro de Chelsea, onde fica o espaço, é uma atração à parte – graças ao jardim suspenso que tomou o lugar de um viaduto abandonado. Será neste ambiente que Motta tocará vários de seus sucessos. A previsão é de música boa, improvisos impressionantes e um clima agradabilíssimo.

JIMMY PAGE

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Jimmy Page está entre as lendas inesquecíveis do rock que ainda atuam em plena forma. O eterno membro do Led Zeppelin – uma das bandas mais influentes da história da música – acaba de lançar sua nova autobiografia oficial; e, no circuito de divulgação, concordou em dar uma entrevista ao vivo para o 92Y no Kaufmann Concert Hall. Será uma oportunidade única de ouvir do próprio guitarrista algumas das histórias incríveis que permeiam o imaginário dos fãs do músico e de sua antiga banda. Será no dia 03 de novembro.



horas vagas • iPad

iTreinos O iTreinos é um novo app brasileiro que te ajuda na academia. Ele pode gravar suas medidas e calcular o IMC, mostrando estatísticas do seu crescimento (ou diminuição) a cada dia. Além disso, é possível montar uma série de exercícios para cada dia da semana, assim você tem de antemão a informação sobre qual grupo muscular irá trabalhar. O app está nas primeiras versões, mas vale a pena dar uma conferida, porque com o feedback dos usuários o desenvolvedor pode adicionar novos recursos. Custo: Free

Hyperlapse Sabe aquelas tremida básica nas gravações? Elas morreram depois desse app lançado pelo Instagram chamado Hyperlapse. É basicamente um aplicativo pra brincar de cinema. Ele faz uso do time-lapse muito usada no cinema, que reduz a freqüência de cada frame por segundo. Sabe o clipe de “Ray of Light” da Madonna? Então… Agora dá pra fazer um quase igual. Hahaha! Quando visto a uma velocidade normal, o tempo parece correr mais depressa e assim parece saltar (lapsing). Depois dos celulares que podem filmar em câmera lenta, vem esse novo aplicativo que estabiliza a tremedeira de imagem e acelera eles em até 12 vezes a velocidade do vídeo. O resultado são filmagens quase profissionais, só que sem equipamentos caros. Usar ele é muito fácil, é só filmar e escolher a velocidade que você quer que ele seja executado. Um dos melhores lançamento do ano. Custo: Free

Quem Usa Meu WiFi Quem nunca chegou no apartamento de um amigo e percebe que ele “rouba” Wi-Fi do vizinho? Se você está sentindo sua rede lenta, ou quer ver quem está conectado ao seu roteador, o Quem usa o meu Wi-Fi é o app perfeito. Ele ainda te ajuda a criar uma senha forte para aumentar a segurança Custo US$ 0.99

Hanx Write Tom Hanks ama máquinas de escrever. É sério, ele tem uma coleção delas! E, com a ajuda dos desenvolvedores da Hitcents, ele lançou um app de máquina de escrever para o iPad. E é bom você saber datilografar e confiar na correção automática do iOS, porque não tem botão delete. Custo: Free

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Raul Parizotto empresário parizotto@me.com

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Deezer O Deezer permite que você ouça músicas gratuitamente em forma de rádio, sem poder escolher exatamente qual música você deseja escutar. Também dentro do aplicativo oferece planos de assinatura, a partir de U$6,99 que irão liberar várias funções, como escutar as mais de 25 milhões de músicas disponíveis e também baixá-las em seu iPad ou iPhone para ouvir offline. Recomendo para usuários que tem problemas para lidar com iTunes. Custo: Free



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Institucio

DIA DO CORRETOR Para celebrar o Dia do Corretor de Imóveis, a Leal Moreira promoveu no dia 27/08 uma programação especial para seus colaboradores no Metropolitan Tower. O evento contou com uma palestra motivacional do jornalista e publicitário Guarany Júnior, além da apresentação de uma ferramenta digital exclusiva para a imobiliária e distribuição de brindes. O corretor Frankson Santos ficou muito satisfeito. “Muitas empresas pensam apenas em fazer um produto e vendê-lo, sem se importar com os profissionais que trabalham para ela. A homenagem da Leal Moreira mostra que a empresa é diferenciada, que trata com respeito e reconhece seus colaboradores. Isso me deixa mais feliz em trabalhar aqui.” Também foi com entusiasmo que a corretora Shirley Carneiro falou sobre o evento. “Achei muito importante porque é um reconhecimento e uma motivação para nós. A palestra, por exemplo, foi muito boa e veio para aumentar ainda mais nossos conhecimentos.” Guarany Júnior falou sobre dois assuntos de grande interesse: marketing e vendas. “Se para os corretores foi importante, para mim foi muito mais porque eu falei para pessoas que atuam em um segmento diferente do meu e que vão levar a minha experiência de marketing. Foi muito agradável e saio daqui com a sensação não só de ter contribuído, mas também de ter recebido bastante contribuição.” Representando a Leal Moreira, o diretor comercial e de relacionamento, José Angelo Miranda, falou sobre a relevância do evento. “A Leal Moreira está cada vez mais envolvida com seus profissionais de venda, que são colaboradores de alto nível. Tivemos a oportunidade de homenageá-los de maneira especial, com palestra, apresentações e brindes”, disse. O diretor comercial da Leal Moreira Imobiliária, Fernando Nicolau, ressaltou que “é importante valorizar os nossos profissionais de venda, que são diferenciados no mercado. Nós trabalhamos somente com corretores que têm experiência, pois só queremos os melhores conosco. Então nós procuramos fazer sempre o melhor para os melhores”. Na ocasião, foi apresentado um CRM exclusivo para o setor de vendas, elaborado por diversos setores da construtora. “Ele foi pensado para que o corretor consiga trabalhar melhor e trazer melhores resultados para ele e para a empresa”, destaca Patrick Viana, coordenador de incorporação. www.revistalealmoreira.com.br

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LEAL MOREIRA PATROCINA CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE DIREITO O II Congresso Luso-Brasileiro foi um sucesso e teve patrocínio da Leal Moreira. O evento, realizado 10 e 11/09 na Estação das Docas, reuniu renomados juristas, profissionais da área e acadêmicos. A programação contou com palestras e conferências, como “A Justiça Constitucional No Século XXI”, proferida por Jorge Miranda - mestre, doutor, catedrático e jubilado da Universidade de Lisboa e da Universidade Católica Portuguesa -, e “O Direito Romano no Novo Século”, ministrada por Eduardo Vera-Cruz Pinto, mestre, doutor e professor catedrático da Universidade Clássica de Lisboa. André Meira, presidente do Instituto Silvio Meira – entidade que realiza o evento -, destacou a importância de ter a Leal Moreira como patrocinadora. “O Congresso trata de cultura, não apenas jurídica, e sim de cultura geral, e empresas como a Leal Moreira, que apoiaram o evento, demostram fomento a esse tipo de iniciativa.”

COLABORADORES DA LEAL MOREIRA PARTICIPAM DOS JOGOS DO SESI O esporte contribui significativamente para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas. Pensando nisso, a Leal Moreira, que desde o começo da sua história tem como característica incentivar práticas esportivas, apoiou a participação do time de futebol dos seus colaboradores nos Jogos do SESI deste ano. A etapa municipal e estadual do torneio será realizada até novembro e os vencedores terão a oportunidade de representar o Pará nas fases regional e nacional.

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO A Leal Moreira criou o Comitê de Tecnologia e Inovação da empresa, que tem como objetivo elaborar ações e projetos pioneiros e únicos no mercado. A iniciativa reúne líderes de diversos segmentos da construtora. Em julho, por exemplo, a Leal Moreira enviou os gerentes Felipe Moreira e Denilson Rebouças para o Congresso de Excelência Operacional na Construção - realizado em São Paulo – e eles retornaram com várias ideias interessantes para a empresa.

CURSOS Por iniciativa do departamento de Gestão de Pessoas da Leal Moreira, a construtora está promovendo desde junho cursos semanais de aperfeiçoamento de liderança para os seus engenheiros. Dentre os temas, já foram abordados legislação trabalhista, técnicas de coaching, marketing, comunicação empresarial e vários outros.

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Institucio

DIA DOS PAIS NA LEAL MOREIRA Em comemoração ao Dia dos Pais, a Leal Moreira preparou uma surpresa no dia 8/8 para os colaboradores que trabalham na sede da empresa: eles foram homenageados com brindes e música instrumental ao vivo. O gerente de planejamento e captação de recursos, Carlos Eduardo, aprovou a iniciativa. “A ideia foi muito legal e bem original. A empresa valorizando os funcionários é extremamente importante.” O corretor da Leal Moreira Imobiliária, Ivan Portal, também ficou comovido. “A homenagem foi maravilhosa e muito emocionante. Adorei a apresentação do violinista. Para nós, que estamos trabalhando o dia todo, é um reconhecimento excelente da Leal Moreira.” As comemorações de Dia dos Pais também foram para os colaboradores de obras da construtora, que receberam mimos da empresa. Outra ação da Leal Moreira para celebrar a data foi a distribuição de brindes temáticos para as pessoas que foram ao almoço do Restaurante A Forneria, no dia 10/8. revistalealmoreira.com.br

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Institucio

Check List das obras Leal Moreira projeto

lançamento

fundação

estrutura

alvenaria

revestimento

fachada

acabamento

Torres Devant 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 68m2 e 92m2 • Travessa Pirajá, 520 (entre Av. Marquês de Herval e Av. Visconde de Inhaúma) Torre Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de janeiro e Av. Alcindo Cacela). .

Torre Parnaso 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 79m² • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis). Torres Dumont 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 64m² e 86m² • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Av. Marquês de Herval). Torre Vitta Office Salas comerciais (32m2 a 42m²) • 5 lojas (61m2 a 254m²) • Av. Rômulo Maiorana, 2115 (entre Travessa do Chaco e Travessa Humaitá). Torre Vitta Home 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 78m2 • Travessa Humaitá, 2115 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torre Triunfo 3 e 4 suítes (170m²) • cobertura 4 suítes (335m²) • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torres Floratta 3 e 4 dorm. (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura). Torres Trivento 2 e 3 dorm. (1 suíte)• 65m² e 79m² • Av. Senador Lemos, 3253. (entre Travessa Lomas Valentinas e Av. Dr. Freitas). Torres Ekoara 3 suítes (138m²) • cobertura 3 suítes (267m2 ou 273m²) • Tv. Enéas Pinheiro, 2328 (entre Av. Almirante Barroso e Av. João Paulo II). mês de referência: agosto de 2014

Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

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em andamento

concluído


Check List das obras ELO projeto

lançamento

fundação

estrutura

alvenaria

revestimento

fachada

acabamento

Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: agosto de 2014

Portaria

Área de lazer do Terra Fiori

Suíte do casal

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EdifĂ­cio garagem

Clube

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Institucio

Fachadas

SuĂ­te

Fachadas Living

Fachadas

Cozinha

Living ampliado


A COMIC ADVERTE: Se você comer a quadrada, não vai mais querer a redonda!

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Vista aĂŠrea da ĂĄrea de lazer itucional

Inst

Living

Fachada

Garagem

Sala comercial

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Fachada


Nos 36 anos da Lotus, quem fala é o cliente (2). Sr. Henrique Brazão, síndico dos Eds. Areia Branca e San Diego. Cliente há 19 anos e 8 anos respectivamente.

Sra. Maria José Guimarães, síndica do Ed. Central. Cliente há 27 anos.

“O que me agrada é a qualidade da prestação de contas, sempre em perfeita ordem. O atendimento é outro diferencial, pelo retorno breve e cordialidade”.

“Com a Lotus, recebemos tudo organizado, além de não nos preocuparmos com pagamentos. Depois, conferimos o relatório de despesas. Sem dúvida, é uma facilidade!”

Sr. Osvaldo Braga, síndico do Ed. La Vie en Rose. Cliente há 13 anos.

“Uma ferramenta que oferece suporte em vários segmentos administrativos. Recomendaria a Lotus a qualquer síndico!”

Sr. Antônio Carlos Quadros, síndico do Ed. Joinville. Cliente há 11 anos.

“Como as contas do condomínio estão disponíveis na internet, já aconteceu de moradores questionarem algumas despesas. Depois, foi esclarecido. Se não tivessem essas contas, às claras, isso não seria possível”.

Sr. Giovanni Papaleo, síndico do Ed. Ville des Chevalliers. Cliente há 6 anos.

Sra. Pêka Sampaio, síndica do Ed. Atlantis Tower Residence. Cliente há 9 anos.

“Se o condomínio mantém essa prestação de serviço, há tantos anos, é porque estamos satisfeitos”.

“A parte contábil, que é complicada, pois envolve impostos, controle e outros detalhes, já vêm pronta. E isso tira um peso enorme. Sem essa ajuda da Lotus, certamente eu não seria síndico”.

Lotus, há 36 anos, a maior administradora de condomínios da Amazônia. Av. Mag. Barata, 1005 • (91) 3344-4420 • www.lotusonline.com.br /grupolotus

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Fachada

Living e varanda gourmet

Piscinas

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Institucio

Cozinha Piscinas

Living

Cozinha www.revistalealmoreira.com.br

Fachadas



Piscinas

Cozinha nal

Institucio

Fachada

Fachada Lage da periferia

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Estrutura


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Fachadas

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Vista aĂŠrera da ĂĄrea de lazer

Paisagismo

Living www.revistalealmoreira.com.br

Cozinha

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Nara D’Oliveira Consultora empresarial

Crise: Tempos de muitas oportunidades Uma crise é, antes de tudo, um momento de muitas oportunidades. Na bonança, muitos prosperam; na crise, somente os muito bons. Em ambas as situações, um país exposto à competitividade (que Deus preserve o Brasil!) estimula as empresas a competirem. Muita oferta de produto para uma clientela ávida em comprar, permite que todos tenham o seu quinhão. Poucos clientes, muitos ofertando; quem consegue formatar o melhor produto com maior custo-benefício leva a venda. Em época de escassez, o mercado passa a exigir mais das empresas: atenção ao custo do produto, redesenho de estrutura para fazer frente a um caixa mais magro, priorização de atividades com inteligência, apostar em novos mercados e em inovação, diferenciar-se e, sobretudo, reunir o time e motivá-lo a buscar oportunidades em conjunto. Quem é mais competente na chegada da crise, está mais preparado e é disposto e pró-ativo, certamente garantirá bons resultados. Atendo: leia-se bons resultados, talvez, somente empatar ou conseguir alguma margem, contudo muito inferior a outros exercícios. Ainda, o mais competente é fortalecido pela desistência de alguns, bem como pelo desânimo de outros, que se contaminam pela apatia que sempre começa a circular em momentos dificeis. Em outras palavras, o caboclo do salgado define bem: “camarão que dorme, a onda leva”.

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RLM nº 46 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

ano 11 número 46

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Deborah Colker

A brasileira que hipnotizou as plateias e entrou no seleto time dos coreógrafos mais respeitados do mundo

Leal Moreira

Círio Casa Cor Pará Sebastião Tapajós


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