RLM nº 47 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
ano 11 número 47
Casa Cor Pará 2014 Beleza, sofisticação, funcionalidade e recorde de público marcam a edição da mostra em solo paraense.
Leal Moreira
Strobo Milhem Cortaz Belém - 399 anos
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A LEAL MOREIRA AGRADECE A TODOS OS PARCEIROS QUE ESTIVERAM CONOSCO NOS ESPAÇOS LEAL MOREIRA DOLCE VITA, SANTORO CONCEPT E THE WALL (BY LEAL MOREIRA) DURANTE OS 60 DIAS DE CASA COR PARÁ 2014. PARCEIROS QUE ACREDITARAM E SE TORNARAM MARCAS FUNDAMENTAIS PARA O SUCESSO DESTES PROJETOS.
ACÁCIO SOBRAL • ARTISTA PLÁSTICO • (HOMENAGEM)
EMANUEL NASSAR • ARTISTA PLÁSTICO •
ACTUAL HOME ALBERTO NICOLAU • ARTISTA PLÁSTICO •
ARMANDO SOBRAL • ARTISTA PLÁSTICO •
HOME DESIGN DANIEL ZUIL
• ARTISTA PLÁSTICO •
ELIENE TENÓRIO • ARTISTA PLÁSTICO •
JORGE EIRÓ
• ARTISTA PLÁSTICO •
SEBÁ TAPAJÓS LUIZ DOS ANJOS
• GRAFFITEIRO •
• ARTISTA PLÁSTICO •
MARINALDO SANTOS • ARTISTA PLÁSTICO •
PAULO AZEVEDO • ARTISTA PLÁSTICO •
VJ LOBO
• VÍDEO DESIGNER •
VJ LUAN
• VÍDEO DESIGNER •
MUITO OBRIGADO.
A Revista Leal Moreira 47 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.
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destino
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FLÁVIO NASSAR Restauração e preservação do patrimônio histórico local é uma questão de resgate da auto-estima do paraense.
milhem cortaz
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MILHEM CORTAZ O ator fala sobre a carreira, a intensidade na atuação e sobre os longas dos quais participa e que estrearão em 2015.
perfil O duo Strobo faz música eletrônica sem clichê algum e ainda arrebata prêmios.
especial saudade Janeiro guarda dias reservados à celebração da saudade e da boa vizinhança.
gourmet Ilca Carmo e Paulo Anijar falam sobre a carreira [a dois] e nos presenteiam com ceia para um casal.
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CASA COR PARÁ 2014 A cada ano, a edição paraense mostra vigor e encanta os milhares de visitantes que passam por lá.
CAPRI Uma pequena [porém preciosa] pérola italiana banhada por águas azuis e cristalinas.
Belém| 400 anos
capa Leal Moreira Dolce Vita foto Dilermando Cabral
capa
índice
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dicas perfil Jos Mendonça comportamento fitness Ricardo Gluck Paul comportamento Anderson Araújo confraria especial Leal Moreira Dolce Vita Celso Eluan especial Torre Santoro especial The Wall decor tech especial água galeria especial vizinhos Ângela Sicilia vinhos HV institucional Nara Oliveira
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editorial
Caro leitor, Chegamos ao final de mais um ano. Um ano marcante, porque tivemos o privilégio de ser anfitriões da Copa do Mundo, e desafiador também. Como foi seu 2014? Você tirou seus planos do papel? Realizou sonhos? Viveu momentos inesquecíveis? Olhando em retrospecto, parece que foi ontem que o ano nasceu e passou tão rápido... Nesta edição 47 [a última revista de 2014] que chega às suas mãos, você verá algumas pequenas homenagens ao aniversário de Belém [não esqueçamos que Deus mora nos detalhes... e tem lugar cativo em Santa Maria de Belém do Grão Pará]. Você conhecerá um pouco mais da carreira de Milhem Cortaz; do duo paraense Strobo e de Jos Mendonça. Você lerá sobre saudades e vizinhança, uma vez que janeiro reserva datas comemorativas à saudade e aos vizinhos. Delicie-se com as receitas que os chefs Paulo Anijar e Ilca Carmo prepararam para nós. E acompanhará um retrospecto completo da Casa Cor Pará 2014. Aproveito o espaço para desejar a todos um feliz Natal e que 2015 chegue com saúde para todos - afinal, com forças nas pernas é que conseguiremos caminhar rumo ao nosso destino. Lembre-se de mentalizar coisas boas porque, como diria Drummond [de quem eu gosto enormemente], “é dentro de você que o ano-novo cochila e espera desde sempre”. Que você seja muito feliz.
André Moreira
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expediente
Tiragem da edição 46 da Revista Leal Moreira auditada por Revista Leal Moreira
Criação Madre Comunicadores Associados Coordenação Door Comunicação, Produção e Eventos Realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editora-Chefe Lorena Filgueiras Produção Lorena Filgueiras Fotografia Dudu Maroja Reportagem Ana Carolina Valente, Bianca Leão, Camila Barbalho, Carolina Menezes, Elvis Rocha, Fábio Nóvoa, Lorena Filgueiras, Lucas Ohana, Thiago Freitas e Yorranna Oliveira Colunistas Anderson Araújo, Celso Eluan, Ricardo Gluck Paul, Ângela Sicilia, Nara Oliveira e Raul Parizotto. Assessoria de imprensa Lucas Ohana Conteúdo multimídia Max Andreone Versão Digital Brenda Araújo, Guto Cavalleiro Estagiário Matheus Paes Revisão José Rangel, Marcelo Mello, Marília Moraes e André Melo Gráfica Halley Tiragem 12 mil exemplares
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Fundador / Presidente Carlos Moreira Conselho de Administração Maurício Leal Moreira [Presidente] André Leal Moreira João Carlos Leal Moreira Luis Augusto Lobão Mendes Rubens Gaspar Serra Diretoria Executiva Diretor Executivo / CEO Drauz Reis Filho Diretor de Engenharia José Antônio Rei Moreira Diretor Administrativo e Financeiro Thomaz Ávila Neto Diretor Comercial e de Relacionamento José Ângelo Miranda
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Coordenador de Incorporação Patrick Viana
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Comercial Gerente comercial Danielle Levy • (91) 8128.6837 daniellelevy@revistalealmoreira.com.br Consultor comercial Ana Carolina Valente • (91) 8304.3019 anacarolina@revistalealmoreira.com.br Ingrid Rocha • (91) 8802.3857 ingrid@revistalealmoreira.com.br Back office Giovana Teixeira • (91) 4005.6874 giovana@revistalealmoreira.com.br Distribuição distribuicao@revistalealmoreira.com.br Financeiro (91) 4005.6888 Fale conosco: (91) 4005.6874 revista@door.net.br revista@lealmoreira.com.br www.revistalealmoreira.com.br facebook.com/revistalealmoreira Revista Leal Moreira é uma publicação bimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.
Belém
Belém Por esse mundo de águas, junho, 27 Manu, Estamos numa paradinha pra cortar canarana da margem pros bois de nossos jantares. Amanhã se chega em Manaus e não sei que mais coisas bonitas enxergarei por este mundo de águas. Porém, me conquistar mesmo a ponto de ficar doendo no desejo, só Belém me conquistou assim. Meu único ideal de agora em diante é passar uns meses morando no Grande Hotel de Belém. O direito de sentar naquela terrace em frente das mangueiras tapando o Teatro da Paz, sentar sem mais nada, chupitando um sorvete de cupuaçu, de açaí. Você que conhece mundo, conhece coisa milhor do que isso, Manu? Olha que tenho visto bem coisas estupendas. Vi o Rio em todas as horas e lua gares, vi a Tijuca e a St Teresa de você, vi a queda da Serra para Santos, vi a tarde de sinoa em Ouro Preto e vejo agorinha mesmo a manhã mais linda do Amazonas. Nada disso que lembro com saudades e que me extasia sempre ver, nada desejo rever como uma precisão absoluta fatalizada do meu organismo inteirinho. Belém eu desejo com dor, desejo como se deseja sexualmente, palavra. Não tenho medo de parecer anormal pra você, por isso que conto esta confissão esquisita mas verdadeira que faço de vida sexual e vida em Belém. Quero Belém como se quer um amor. É inconcebível o amor que Belém despertou em mim...
Mário de Andrade “chupitou sorvete de cupuaçu sentado na terrasse do Theatro da Paz”. Sorvete é vida! Em Belém, é mandatório se perder entre as dezenas de sabores típicos. Vá em frente e peça “uma provinha” [como o paraense chama “degustação”] dos sabores açaí, tapioca, uxi, taperebá.
Um abraço do Mário. [carta de Mário de Andrade a Manuel Bandeira - durante a histórica viagem pela Amazônia, no final da década de 20 do século passado] Belém completa 399 anos de existência. A cidade que despertou paixões em Mário de Andrade, Mário Quintana, Clarice Lispector [que morou aqui, inclusive] e que habita os corações [e o imaginário] de seus habitantes é uma festa de cores, sabores e lugares mágicos. Para celebrar essa data, a Revista Leal Moreira deu uns bordejos por Santa Maria de Belém do Grão Pará e indica lugares, delícias e... momentos – porque a capital paraense é um convite às recordações felizes e gostos inesquecíveis [como chupitar um sorvete de cupuaçu na Cairu]... O melhor de Belém é o paraense. Ser daqui é um estado de espírito. Viva Belém, a mais morena das cidades. A mais mangueirosa das metrópoles!
Os túneis formados pelas mangueiras centenárias.
Belém é uma cidade generosa em gestos e lugares cheios de poesia, como as praças da República e Batista Campos - que tiveram inspiração nas praças e arquitetura parisienses.
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O Ver-O-Peso é maior feira a céu aberto da América Latina. E o clichê acaba aí. Para conhecer o Ver-O-Peso, é preciso vivê-lo! Tire um dia inteiro para isso....
O imponente Theatro da Paz, arrebatador e apaixonante. Se tiver algum espetáculo por lá, não perca essa oportunidade. Ou solicite uma visitação guiada.
Ali ao lado é a Estação das Docas. Se o calor estiver demais, entre lá para sentir o vento que vem do rio. Aproveite para tomar um chopinho.
Ainda lá no mercado, compre sua camisa do Remo ou do Paysandu. Mas prepare-se para a “secação” do opositor. Na dúvida, vá de camiseta com a bandeira do Pará.
Se em Sampa, a São João encontra a Ipiranga, por cá, Santo Antônio encontra Presidente [Getúlio] Vargas, tradicional esquina do centro comercial da cidade... e o comércio de Belém é uma festa!
Tomar tacacá no calor e suar litros é para os fortes. Você não pode deixar de viver essa experiência única.
...chegue lá antes do nascer do dia para acompanhar a chegada do açaí. São paneiros e mais paneiros carregados do fruto.
Bateu fome? As boieiras [como aqui são chamadas as vendedoras de refeição do mercado] vão cuidar da sustância: você pode comer tapioquinha com manteiga e tomar um café fumegando. Ou pode encarar a sopa de mocotó. O gosto é do freguês.
Foto Wikilicias.com.br
Foto Júlio Bernardo
Brasil
Foto gastronomiun.com.br
Endereço: Rua da Consolação, 2967 Jardins São Paulo-SP • 11 3063.4864 • tappo@tappo.com.br
Tappo Trattoria Os clientes e críticos [especializados ou não], afirmam: o carbornara da Tappo é o melhor de São Paulo. A casa, que tem à frente o chef Benny Novak, oferece um cardápio dedicado aos clássicos da Gastronomia italiana, com alguns toques pessoais. Localizado em endereço nobre de São Paulo, sugerimos aos amantes da boa mesa que façam reserva, já que o local é bem concorrido. Uma vez confortavelmente acomodado/a, peça ao maître-sommelier Fábio Ambrósio sugestões de vinhos [ele é reconhecido por recomendações brilhantes e acertadas]. Não deixe de saborear a especialidade do cardápio, que é o carbonara. De nada! Recomendamos ainda o gnocchi ao ragu de carne. Além do Tappo, Novak tem outras duas casas [que merecem uma visita]: 210 Diner e Ici Bistrô. A casa funciona de terça a sexta para almoço e jantar.
Epice
A cozinha autoral e criativa do chef Alberto Landgraf lhe rendeu o reconhecimento do público e prêmios já em 2011, ano de abertura do Epice. Com estilo naturalista focado em vegetais, Alberto mescla técnicas modernas e tradicionais para criar diferentes formas e texturas e realçar ao máximo o sabor natural do ingrediente. A cozinha naturalista-contemporânea do Epice é dedicada à pureza do sabor do ingrediente e inspirada unicamente nos produtos disponíveis, respeitando o tempo da natureza e a sazonalidade do alimento. No restaurante, que é acolhedor e muito intimista, se você for almoçar, mergulhe de cabeça no menu executivo, que traz algumas pequenas pérolas como risoto de lagostim com purê de maçã verde. Endereço: Rua Haddock Lobo, 1002. Cerqueira César, São Paulo-SP. • 11 3062.0866 • www.epicerestaurante.com.br www.revistalealmoreira.com.br
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Porque bem-estar é fundamental.
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mundo
Alux Cave Restaurant
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Imagine jantar em uma caverna, com aproximadamente 10 mil anos de existência, com um pequeno lago subterrâneo. Imagine ainda que esse lugar tem escadarias esculpidas em pedra e é iluminado por lustres de cristais. Pois ele existe e fica em Playadel Carmen, no México! É o Alux Cave Restaurant. Com uma respeitável [e longa] carta de vinhos, o restaurante é especializado nas cozinhas pré-hispânica, mexicana e internacional.O restaurante pode receber 250 clientes e há ambientes diferenciados, como o bar/lounge e até um salão onde ocorrem cerimônias maias.
Foto internet
Av. JuárezMza. 217 Lote. 2 Col. Ejidal entre diagonal 65 y 70. Playadel Carmen Quintana Roo, México • + 52 01 (984) 2062 589 / (984) 1471 563 • scervantes@aluxrestaurant.com / info@aluxrestaurant.com
Eataly
Foto internet
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O nome é um simpático trocadilho com a especialidade do lugar: comida italiana. Mas a definição de Eataly vai muito além: trata-se de uma rede de mercados especializada em comida italiana. Mas não basta vender somente comida italiana: sobre as bancas de legumes, balcões refrigerados, prateleiras, bares e restaurantes só são vendidos ingredientes que vêm da Itália (no caso dos industrializados) ou são produzidos e processados de acordo com as tradições da Grande Bota. Nós, da Revista Leal Moreira, íamos sugerir alguns pratos clássicos do Eataly, mas, na dúvida, recomendamos tudo! Se estiver em Nova York, não deixe de visitar a unidade da cidade [sim, porque além de NY, há unidades do Eataly em Chicago, Turim, Milão, Gênova, Roma, Bolonha, Asti, Alba e em Tóquio].
200 FifthAvenue • 212.229.2560 • www.eataly.com www.revistalealmoreira.com.br
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perfil
Jos Mendonça tem dado muito que falar: ele é detentor do cinturão de Rajadamoen Stadium - título nunca antes concedido a um ocidental. www.revistalealmoreira.com.br
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Ana Carolina Valente
Brilho oriental no ocidente
Em tempos de popularidade que o Muay Thai ganha no Brasil, no Ocidente, um lutador paraense conquista títulos inéditos e rouba a cena dos orientais.
O
Boxe Tailandês ganhou popularidade em diversos países, incluindo o Brasil [veja matéria na página 28]. Muito antes desse movimento, um atleta brasileiro [nascido no Pará] conseguiu brilhar na terra natal do esporte. Veloz e preciso como uma cobra Naja – símbolo do esporte – o ocidental Jos Mendonça tem dado muito que falar: ele é detentor do cinturão de Rajadamoen Stadium, um dos títulos mais cobiçados dentro da modalidade. O brasileiro foi iniciado aos oito anos de idade no karatê e teve a oportunidade de aprender as demais artes: tae-kwon-do, boxe, wrestling, jiu jitsu e MMA. A paixão de Jos pelos esportes orientais nasceu quando, aos 18 anos, teve o primeiro contato com o Muay Thai, que pratica até hoje, aos 28 anos. Há cinco anos morando na Tailândia, o lutador nos conta um pouco das suas dificuldades, superações e aprendizados. Jos explica a escolha por essa arte marcial e não pelas restantes. “Os eventos de lutas no Japão (Pride FC e K-1) estavam em alta no mundo todo e havia um lutador que me chamava muita atenção, o Buakaw, lutador de Muay Thai. Na época eu estava lutando no K-1 e fiquei impressionado com o que ele apresentava de técnica e de força. Foi então que tive a certeza que queria vir para Tailândia aprender
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e ser profissional da arte”. Jos esmiúça ainda a diferença técnica que sentiu em sua chegada. “Quando cheguei aqui em Bangkok, percebi que realmente não sabia nada de profundo. Nem mesmo o tal lutador que tanto idolatrava era considerado um dos melhores. Havia muitos do mesmo nível e outros mais ainda consideravelmente melhores”. Mas a dificuldade não o desmotivou: “Pelo contrário, isso tudo serviu de motivação para permanecer e entrar de vez nesse mundo. Aqui (Tailândia) ainda estamos à frente de muitos outros países pela tradição e seriedade de treinos”, declara. Ao ser questionado sobre o possível preconceito vivido, o lutador diz que “os mestres e lutadores veem os estrangeiros, de um modo geral, como limitados tecnicamente e sem experiência de ringue. O que, no meu ponto de vista, é verdade, pois a grande maioria dos estrangeiros que se diz ‘lutadores de muay thai’ realmente está em um nível muito baixo, em comparação aos grandes lutadores daqui. Mas isso não me fez sofrer humilhação ou coisa do tipo. Conquistei meu espaço e respeito dos meus pares”. Incansável no intuito em vencer, Jos relata que os desafios geram aprendizados que fazem querer permanecer e conquistar ainda »»»
divulgação
Títulos do Campeão • Campeão Interino 147lbs WPMF (WORLD PROFESSIONAL MUAY THAI FEDERATION) em janeiro de 2011; • Campeão 154lbs WPMF (WORLD PROFESSIONAL MUAY THAI FEDERATION) em dezembro de 2011; • Campeão do RAJADAMOEN STADIUM , Welter weight 147lbs, em 4 de julho de 2013; • Campeão WPMF 160lbs (WORLD PROFESSIONAL MUAY THAI FEDERATION) em 28 de julho de 2014.
mais, mesmo diante dos obstáculos físicos e emocionais: “Minha maior dificuldade são as lesões e encarar os treinos diários. Contudo, que o que dói mesmo é ficar longe da família, que me dá suporte inclusive financeiramente”. Ele, por fim, fala sobre o maior desafio para um atleta brasileiro: patrocínio e/ou investimentos governamentais. “Nunca recebi nenhum tipo de patrocínio. Minha bolsa para lutar vem melhorando e meus familiares me ajudam. Aqui na Tailândia dá para sobreviver com o dinheiro das lutas depois de um tempo e também ganhamos com a venda de material, seminário, aulas etc. No mais, nada nos é oferecido”, relata. Diante da determinação e foco exigidos pelo esporte e oferecidos espontaneamente pelo vencedor brasileiro, era de se esperar que Jos colecionasse títulos acumulados ao longo da exitosa trajetória: “Meus dois últimos títulos são recentes, todos deste ano. O primeiro foi a defesa do meu cinturão e meu terceiro título mundial, conquistado em julho”, expõe. Porém apenas um está fora do seu alcance - apenas os tailandeses podem competir - o de Campeão Tailandês. O céu é o limite para o jovem campeão - o ringue, não.
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Outubro Rosa: Uma grande ação de luta contra o câncer de mama.
Em 2014, a gente fez muita coisa, mas a principal foi cuidar de você todos os dias.
Mais informação: Fascículos do Viva Bem, programa de prevenção ao câncer.
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Ana Carolina Valente
Dudu Maroja
Vamos
luta!
à
Considerado o “boxe tailandês”, o Muay Thai ganha espaço nas academias como modalidade para esculpir o corpo e manter a forma.
O
Muay Thai é uma arte marcial originária da Tailândia desenvolvida há aproximadamente dois mil anos, no processo de formação da nação para defender o povo dos constantes ataques de bandidos durante a busca de novas terras para habitarem. Com as transformações e aperfeiçoamento do método de aplicação de golpes, foi proibida a utilização de qualquer arma que não fosse o próprio corpo. Lentamente, foram treinando entre si de geração para geração e, aos poucos, criados campeonatos que ganharam força, como o tradicional título “Campeão Tailandês”, que só pode ser disputado por tailandeses mesmo em tempos atuais. O esporte começou a ser internacionalmente difundido apenas no século XX, quando inúmeros lutadores pátrios conquistaram diversas vitórias sobre representantes de outras artes marciais. Tornou-se popular em países como Brasil, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Japão, entre outros. Atualmente, é considerada uma das mais poderosas lutas de contato do mundo e inclui golpes de combate em pé, sendo conhecida como a “arte das oito armas”, pois se caracteriza pelo uso combinado de punhos, cotovelos, joelhos, canelas e pés, que a torna uma luta de contato total bastante eficiente. O desporto desenvolve um ótimo condicionamento físico, concentração e autoconfiança ao praticante. Uma aula dessa modalida-
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de pode queimar entre 1000 a 1500 calorias, combatendo o sedentarismo com seus exercícios coordenados que abrangem pernas, braços e troncos e ajudam no fortalecimento do sistema cardiorrespiratório. O trabalho realizado na região central do corpo e no abdômen corrige a postura, desenvolve o equilíbrio e tonifica os músculos. Para além de uma arte marcial, a modalidade vem ganhando um grande espaço e popularização dentre as academias, entre homens e mulheres, como uma opção de manter o corpo em forma de uma maneira mais divertida, prazerosa e realmente efetiva, justamente por essa modelagem que o conjunto de exercícios mais agressivos contra as gordurinhas e a favor de um corpo desenhado. Aluno do grande mestre Luciano Cardoso Nogueira, o professor Fábio Henry nos explica melhor o porquê desta procura: “O Muay Thai é um auxílio, ele não tem idade, é para todo mundo, de todo sexo. Não existe limitação. Os treinos são intensos e já começam com um aquecimento de corrida, polichinelos, saltos, alongamentos, flexões de braços, abdominais e agachamentos, ou seja, exigem muito e se gastam inúmeras calorias. Se for levado a sério, você tem um resultado fantástico!”, afirma. Treinador há 11 anos - nesse currículo incluem-se os treinamentos dos irmãos Marajó e Pedro Pizzo - ele explica que o lado estético de suas aulas tem um foco diferenciado da arte marcial »»»
Os benefícios da arte • Alto gasto calórico; • Rápida perda de peso • Melhora dores nas costas e postura; • Acaba com o stress; • Músculos bem definidos; • Boa forma; • Flexibilidade; • Curvas na medida; • Condicionamento físico; • Equilíbrio alimentar; • Tonifica os músculos; • Equilíbrio mental; • Alívio de tensão; • Destreza; • Elasticidade; • Disposição; • Redução da pressão arterial; • Metabolismo acelerado pelo aumento do gasto de energia; • Fortalece o sistema cardiorrespiratório.
profissional: “Mantenho o padrão base da luta, mas priorizo o aeróbico aliado à motivação, garra, intensidade, treino e música. Precisamos envolver o aluno”. Prestes a ir treinar na academia de John Jones, nos Estados Unidos, Henry alega que a popularização do MMA e a transmissão de suas lutas quebraram as barreiras do preconceito e o uso da técnica por celebridades e grandes nome da mídia nacional despertaram a curiosidade pelo resultado: “Isso é excelente para o esporte, pois gera visibilidade, admiração e conhecimento. Os famosos são ídolos e musas, não há como negar a influência deles nessa procura, que não deixa de ser positivo”, comenta. Em seu fervoroso ensino, muito longe da monótona e já conhecida musculação, reconhecemos exatamente a alegação do educador: um misto infindável de pessoas, de 18 a 73 anos [não, você não está lendo errado e isso não foi um erro de digitação] que praticam a arte há poucos meses e até há alguns anos. Com o objetivo clássico central aeróbico em perder peso, os alunos vão conhecendo a arte, a turma ganha interação, pega ritmo de concentração e foco, se entrega ao dinamismo que o hobby traz e ganha resultados surpreendentes: perda de peso visível [tem aluno que já perdeu até vinte quilos] aumento de flexibilidade, condicionamento físico, disposição, elasticidade e destreza, aumento de massa muscular com qualidade e força, redução da pressão arterial e o unânime relaxamento mental que a válvula de escape de treinar se tornou. “A combinação de extravasar o stress e modelar o corpo casou muito bem, descarrega a tensão do dia a dia”, menciona o técnico. Com o tempo, além do corpo bem definido, temos outros atributos adquiridos, segundo o instrutor: “Como cada »»»
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esporte, a arte traz a sua filosofia de equilíbrio mental para ter mais calma e saber controlar o emocional e isso interfere diretamente na alimentação, criando uma reeducação alimentar natural, sem gorduras extras, completando todo um ciclo. Deve-se ter cuidado para não cair no exagero e obsessão do corpo perfeito e cair nas garras da vaidade excessiva. Isso é um erro”, alerta. Quando questionamos ao Fábio o seu retorno, ele discorre: “Cada aluno tem seu objetivo e vamos trabalhando dentro da possibilidade de cada um. Quando se vê, eles ganharam a habilidade de realizar corridas, trotes, lutas sem fadiga ou cansaço precoce, aumentaram a flexibilidade com movimentos com boas amplitudes sem dificuldades ou limitações por músculos encurtados ou articulações ‘travadas’. Quando os vejo nesse nível, sinto meu dever cumprido“, fala com nítido orgulho. O catedrático conclui calorosamente: “Com os profissionais, quero títulos em geral e cinturões. Mas, com meus pupilos de academia, é diferente: se estou com eles, sou parte do foco, vamos trabalhar juntos. Quando eles alcançam sua realização pessoal, é a minha maior vitória, minha conquista. Fico realizado. E o processo não pode parar. Foco, turma!”. Dessa maneira, percebemos que a milenar técnica do Muay Thai desenvolve um ótimo condicionamento físico, concentração e autoconfiança ao praticante. O hobby em destaque exige muito foco e determinação, no entanto, são disciplinas saudáveis que visam à saúde física e o equilíbrio da mente. Afinal, além de aprender a se defender, você ainda vai modelar o corpo com muita vitalidade e força, emagrecer, relaxar e conquistar mais saúde. As tensões e o estresse do dia a dia desaparecem dando lugar a um estado de paz, bem estar físico e mental. É o que você lucra quando decide ir à luta.
01.BILHETERIA DO CARLOS ALVES • 02.ESTAR & JANTAR (CASA DE PRAIA) DA PATRÍCIA PÓVOA, LÁYZA MEIRELES E LUCIANE LUCENA • 03.COZINHA DE PRAIA (CASA DE PRAIA) DA DÉBORA RODRIGUES E MÁRCIA NUNES • 04.SALA ÍNTIMA (CASA DE PRAIA) DO BERTRAND TENÓRIO • 05.SUÍTE DO CASAL (CASA DE PRAIA) DA ZELINDA GOUVEA E ROSANGELA MARTINS • 06.SUÍTE DOS HÓSPEDES (CASA DE PRAIA) DA SOCORRO RIBEIRO • 07.VARANDA (CASA DE PRAIA) DA ANDRÉA RICCIO, MANOEL CORRÊA JR. E ANA CLÁUDIA PEREZ • 08.HALL DE ENTRADA DA MARGARETH MAROTO • 09.HALL DAS ARTES DO HÉRCULES JR • 10.LIVING DO FÁBIO CASTRO, ANA PAULA FURTADO, ANDREA GARCEZ E LARISSA CRUZ • 11.SALA DE JANTAR DA ANDREA GARCEZ, FÁBIO CASTRO E ELISANDRA PRIMO • 12.OFFICE CORPORATIVO DO MICHELL FADUL • 13.ESTÚDIO DO HOMEM MODERNO DO CAÍQUE LOBO • 14.HOME THEATER DO HELDER COELHO • 15.SALA DO COLECIONADOR DA MARINA FONSECA, MARCIA TUMA E MILENE FONSECA • 16.APARTAMENTO URBANO DA VANESSA MARTINS • 17.ESTAR ÍNTIMO DA LARISSA LUCI • 18.STUDIO DO DJ DO MARCOS LOUREIRO, FÁBIO SEIXAS E FERNANDO NAVARRO • 19.LOFT RAPAZ DO RICARDO GARCIA, TATIANE MADEIRO, ROBERTA VIEITAS E IGOR TAIRÓ • 20.QUARTO DA JOVEM EMPRESÁRIA DA CLAUDIA BARROS, RENATA MACÁRIO E ALENA GUIMARÃES • 21.ROMA INCORPORADORA DO CARLOS ALVES • 22.GQ STUDIO DO CARLOS ALVES • 23.LOFT HOME OFFICE DO ALAN FREITAS E LEONARDO LIMA • 24.ATELIÊ DA BLOGUEIRA DA ISABELLA MUTRAN E THAIS RODRIGUES • 25.CAFÉ JARDIM DA HARIANNE BRAGAH • 26.LOFT SUSTENTÁVEL DA EXECUTIVA DA ANA CECÍLIA LIMA E PATRÍCIA MATOS • 27.LEAL MOREIRA DOLCE VITA DA PERLLA ET JR • 28.LOFT CONTEMPORÂNEO DO ARNALDO RIBEIRO JR • 29.ESTÚDIO DO FOTÓGRAFO DA NATÁLIA VINAGRE, DANIELLE CUNHA, LENIRA LADEIA E RODRIGO LAURIA • 30.COZINHA DO DONO DA CASA, DA NATÁLIA JACOB E ELISA CARDOSO • 31.VARANDA GOURMET, DA TATIANA ATHAYDE E HELOISA TITAN • 32.COZINHA CLUB & GOURMET, DA CONCEIÇÃO BARBOSA • 33.SANTORO CONCEPT, DA BETH GABY • 34.SALA DE IMPRENSA-ORM, DO CARLOS ALVES • 35.THE WALL (BY LEAL MOREIRA), DO WALLACE ALMEIDA • 36.ESTÁCIO, DA LUCIANA MELO, THAMIRES ARRUDA E CAMILA MIRANDA PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: LEINERTEX • MARTPRINT • MASTER PARCEIROS: ARTMIL • CASA E CIA • DESIGN DA LUZ • ELIZA FERRAZ • FAVORITA • FENG CHUI E ARQUITETURA • FLORENSE • GALERIA M • GRUPO GPD • HORIZONTE MOBILE • IDELLI • DR MODULADOS • MARICOTINHA • METALLO • SACARRO • SPAZIO DEL BAGNO • SEBRAE • VARRA • VEJA • WOOD DESIGN
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Ricardo Gluck Paul micro-cervejeiro
SALVE AS LOIRAS GELADAS DA BOHEMIA ! Segunda Guerra Mundial, Leste europeu. O todo poderoso exercito alemão invade o antigo império Austro-Húngaro e varre tudo o que vê pela frente. Budapeste vira pó. Viena é bombardeada. Hitler entra em Praga. Ao ser impactado com a beleza da cidade, se apaixona perdidamente e resolve poupá-la da destruição, ordenando à sua Wehrmacht que mantenha a cidade intacta, sem nenhum arranhão. Essa história é contada com orgulho pelo povo Tcheco aos turistas que visitam Praga todos os anos. De fato, é uma história real, mas com alguns detalhes omitidos pelo clã do Führer alemão. Sabemos que não foi bem assim. Ele teria se apaixonado mesmo pelas Loiras da região, aquele fanfarrão. Praga é a capital da República Tcheca, coração da região da Bohemia, berço do surgimento do estilo de cerveja mais popular do mundo: a do tipo Pilsner, na cidade de Plzen, daí a origem do nome. A cerveja estilo Pilsner é aquela de coloração dourada, de baixa fermentação, afiado amargor de lú-
pulo e aroma floral, a famosa “Loira Gelada”. Um orgulho nacional na Bohemia, onde o consumo per capta é um dos maiores do mundo. Até meados do século XIX, eram somente as cervejas da família ALE, de coloração escura, que existiam no planeta. Em todos os lugares eram servidas em canecas de porcelana, estanho ou até mesmo couro, impedindo contato com sua cor como se vê hoje em dia. A partir daí, duas novas invenções mudaram a forma de consumo no mundo inteiro: a cerveja do tipo pilsner, dourada como só ela, e os copos de cristais boêmios, que permitiram a contemplação dessa nova coloração fascinante e muito diferente da habitual. A combinação foi “fatal” e fez um sucesso tão grande, que até hoje esse é o estilo mais consumido de todos. Visitar a República Tcheca, para nós, cervejeiros, é tão especial quanto a emoção de uma criança diante da Disneylândia pela primeira vez. Você não sabe
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para onde olhar. Em qualquer lugar, há lojinhas com milhares de excelentes cervejas locais aguardando por sua descoberta. Os empórios costumam ter uma infinidade de marcas à disposição e os bares e cafés estão sempre com suas torneiras geladas à espera de uma caneca de cristal. E o melhor de tudo: apesar de fazer parte da União Europeia, a moeda local ainda é a Coroa Tcheca, bem menos valorizada. Um litro das melhores cervejas Pilsner do mundo pode custar até dois euros, uma verdadeira barbada. Praga é, indiscutivelmente, um verdadeiro paraíso cervejeiro. Frederico, o grande, certa vez disse: “Muitas batalhas foram lutadas e vencidas por soldados lotados de cerveja”. Sabendo disso, o alemão do bigodinho se apressou logo em encher os canecos da sua tropa de cerveja Tcheca. Apaixonou-se! Mas que Eva Braun não nos ouça, ele se apaixonou mesmo foi pelas Loiras da região, as Loiras geladas da Bohemia!!!
comportamento
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Fábio Nóvoa
Dudu Maroja
De Havana para
o mundo
O tema é sempre polêmico – disso não há dúvidas – mas desperta paixões e discussões acaloradas. A Revista Leal Moreira convida você, leitor, a um passeio pelo controverso e igualmente belo universo dos charutos.
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iego Ventura,, 27 anos, é fotografo e empresário. As lembranças mais antigas que ele tem do charuto remetem à infância, quando folheava revistas enviadas para a mãe, quando ela tinha uma empresa de importação e exportação que vendia alguns artigos de tabacaria, além de ver o pai e tios fumando em datas comemorativas, como durante o Réveillon. Mas a paixão começou mesmo quando um amigo conheceu um entusiasta cubano e começou a ter acesso a bons charutos “a um preço que um universitário poderia pagar”, lembra. “A partir daí, comecei a ter informações sobre os charutos, bem como os primeiros passos do processo de aprendizado de como degustar um charuto de verdade”. Ventura afirma que gosta de fumar entre amigos ou familiares. “Para mim, o charuto em si não é um relaxante, uma válvula de escape. O charuto tem muito mais a ver com o prazer da degustação”, considera. “Harmonizando ou não com bebidas e comidas, cada trago de um bom charuto tem um toque diferente”. Ele diz que cada “apreciação” sempre traz sensações novas. “De acordo com o corte, por exemplo, a queima, o fluxo e a intensidade, ao longo da degustação, mudam e atiçam a diferenciação do paladar, na maioria das vezes desenvolvendo ou intensificando retrogosto e aromas”.
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Ele considera que os melhores charutos, definitivamente, são os cubanos, mas também elogia os produtos brasileiros. “Dentro do que considero charutos especiais, estão entre meus favoritos o Epicure Especial, da Hoyo de Monterrey, com um aroma forte e bem aparente; Cohiba Siglo VI, com suavidade, aroma e fluxo maravilhosos. Merece destaque especial o Bolivar Redentor, feito somente para o mercado brasileiro e somente encontrado no Brasil. O produtor acentuou seu blend entre folhas mais maduras e jovens, suavizando o teor, mantendo o aroma característico da casa, com um conforto incomum num charuto dessa robustez”, detalha. O empresário cita ainda outro charuto, o H.Upmann Half Corona. “Dono de uma bitola extremamente incomum, na verdade até agora única no mercado cubano, esse charuto é um corona cortado ao meio. Forte e rápido, é um grande parceiro do café depois das refeições, ainda mais quando se tem um tempo para relaxar”, garante. “A produção brasileira desponta cada vez mais entre as melhores do mundo. Na verdade, desponta em qualidade e em quantidade, o que em outras produções não se consegue. Hoje, os grandes produtores acabam exportando o tabaco para outros países além de enrolar o seu próprio charuto”, reitera. »»»
Há uma liturgia envolvida na degustação de um charuto: desde o corte à lenta apreciação com longas baforadas.
O fotógrafo e empresário Diego Ventura não abre mão de semanalmente degustar um charuto.
“Merecem destaque os long fillers (enrolados apenas com folhas inteiras e selecionadas) da Dannemann, sobretudo a Artist Line – produzidos em 4 bitolas tanto em capa clara e em capa escura, 100% mata fina, eles não ficam atrás de charutos do mesmo porte cubanos. Graças ao terroir maravilhoso do centro do recôncavo baiano, onde é cultivado o tabaco mata fina, com um solo arenoso e um índice pluviométrico elevado, o tabaco tem um teor extremamente suave e aroma muito presente. Só lhe falta a fama cubana. Merecem destaque também produtores como Dona Flor e Monte Pascoal, igualmente elogiados no mercado internacional”, complementa. Para Diego, o caminho mais prazeroso para quem quiser iniciar na “arte” de fumar um bom charuto é encontrar um amigo igualmente apreciador e que tenha o conhecimento básico de corte e acendimento; que instigue a degustação. “Muita gente sequer degusta quando opta por comprar charutos de qualidade inferior só pelo tamanho e aparência. Não é a minha e vai de acordo com a vontade de cada um. Mas quem está em busca de aprender a degustar, a opção por charutos long fillers (ou tripa longa, quando cubano) é talvez a dica mais especial”. Ele cita ainda que pesquisas na internet facilitam muito o entendimento também. Em relação a comprar os primeiros charutos, ele ensina se que deve dar preferência sempre aos mais suaves e de bitola [comprimento x diâmetro] menor. “O que eu vejo que mais incomoda o iniciante é o tempo de queima [tempo em que o charuto permanece aceso]”, ensina o charuteiro Ventura, que de tão apreciador é proprietário de duas tabacarias. »»»
O publicitário Jackes Assayag gostou tanto da primeira experiência que construiu uma charutaria particular na própria casa.
Hábito ajuda na convivência entre amigos Já o publicitário Jackes Assayag, 41 anos, afirma que sempre sentiu um fascínio pelo charuto embora não tenha fumado nenhum outro insumo do tabaco na vida. “Tive, por várias vezes, oportunidade de experimentar com amigos, mas sempre hesitei, pois tinha reservas ao tabagismo”, afirma. Mesmo assim, ele sempre foi um curioso sobre a arte e as histórias que cercam o produto, lendo matérias e postagens “para entendê-lo melhor”. “Em um fim de tarde nostálgico, um amigo apareceu no meu antigo apartamento para conversar, e magicamente, na sacada de casa ele puxou um “Cohiba” do estojo e acendeu com uma raspa de carvalho”, relembra. “Minha mulher olhou pra mim de longe e eu olhei pra ela, que respondeu com os olhos: vai, vai, experimente”. Com tudo conspirando a favor, segundo ele, o amigo ofereceu outro “cubano” e a resistência havia acabado. “Desse dia em diante, resolvi experimentar tudo que havia estudado sobre charutos e não parei até hoje”, garante. Jackes se considera um fumante discreto. “Inicialmente, fumava em algumas tabacarias que conhecia na cidade, ou em áreas abertas em restaurantes, ou em casa para respeitar o espaço dos não fumantes”, diz. “Um lugar bem aconchegante era a tabacaria do aeroporto internacional de Belém, contudo passou apenas a ser um local de venda de charutos estando proibido o consumo. Hoje »»»
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existem poucos ambientes direcionados a esse público em Belém”. Assim, o lugar favorito dele para apreciar o produto é mesmo em casa. “Raras vezes eu fumei no trabalho, geralmente ocorreu quando estava muito entediado. Sua degustação é bem lenta, diferentemente do cigarro, o que inibe sua utilização em momentos agitados”, reitera. “É muito bom quando estou com amigos que também apreciam, pois fumamos sem ver o tempo passar, mas também fumo sozinho quando quero refletir sobre algo. O charuto sem sombra de dúvidas não é um produto para o consumo diário e hoje degusto, fumo até duas vezes por semana”. A paixão cresceu tanto que o publicitário montou um espaço próprio na sua residência para a melhor apreciação. “Sempre gostei da ideia de montar uma charutaria em Belém, contudo nunca foi o meu ramo de atividades, então resolvi criar um ambiente particular pra mim e para os amigos. Daí, quando fiz o projeto da minha atual casa, resolvi dedicar um espaço especial pra cultuar esse ‘hobby’”. Jackes não se considera um expert. Mas, mesmo não tendo um conhecimento mais global
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desse tipo de fumo, consegue dizer quais suas preferências. “Gosto muito dos tipos Cohiba, Monte Cristo e Bolivar. Os cubanos possuem as melhores terras do mundo para plantar o tabaco, o que implica o sabor inigualável de seus charutos”, ensina. Ele diz ainda que a América Central também é hoje um grande exportador mundial. “O Brasil tem excelentes charutos. A Bahia hoje é responsável por grande parte dos charutos nacionais. Os meus baianos preferidos são o Alonso Menendez, Angelina, Aquarius e Monarcas”, enumera. Ele também diz ter achado a “culpada” por sua nova e interessante “paixão”. “Minha mulher adora o cheiro dos meus charutos e às vezes até fuma comigo. Acho que, se não fosse por ela, eu não tinha levado à frente esse desejo. Agradeço a ela por me apoiar nisso também”, brincou. “Posso dizer que o charuto é que me encontrou e ele veio pra compartilhar principalmente os bons momentos na minha vida”. Um pouco de história O uso do tabaco pelo homem teria iniciado na América Central por volta do ano 1000, Antes de
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Cristo (A.C.) A planta era inalada através de infusões, comida, mascada e moída. Já a origem do charuto é incerta. O mais antigo registro do charuto que existe é um vaso maia do século X, encontrado nas ruínas de Uaxactún, na Guatemala, que mostra um indivíduo fumando folhas de tabaco enroladas com um barbante. O produto só ficou conhecido com a chegada dos europeus ao continente americano. Os primeiros europeus a terem contato com o fumo foram dois marinheiros da esquadra de Colombo, Rodrigo de Jerez e Luiz de Torres, enviados para explorar a região ao redor da Baía de Bariay, ao norte da atual província cubana de Holguín. Quando retornaram de sua excursão, relataram terem encontrado “mulheres e homens, com um tição entre as mãos e ervas para tomar a defumação à qual estavam acostumados”. Jerez levou de volta para a Espanha folhas de tabaco e mostrou a familiares e amigos como usá-las para fumar. Ele acabou acusado de estar possuído pelo demônio e condenado a anos de prisão. Os índios que habitavam em Cuba nessa época eram os tainos, que chamavam o tabaco de cohiba. O tabaco continuou a sofrer muitas
Eles não abriam mão do charuto Por Lorena Filgueiras
Sigmund Freud Apesar de toda a psicologia, para o pai da análise às vezes um charuto era apenas um charuto. [nós nem temos dúvida disso]. Consumia dezenas de charutos por dia e assumiu que não conseguia trabalhar sem eles.
Fidel Castro Quem não lembra da emblemática foto de Fidel e Che juntos, cada um com um charuto, durante a revolução Cubana? Fidel fumou charutos por quase meio século e os abandonou [por determinação médica] em 1985. Abandonou-os na vida real porque teria declarado, certa feita, que sempre sonhava degustando um Cohiba, seu favorito.
Ernesto “Che” Guevara Asmático crônico, Che [que era argentino] adotou o hábito cubano de fumar cohibas. Mesmo quando escassos, ele dividia os charutos com seus soldados. Acreditava que isso os motivaria.
John Kennedy Ele era lindo, carismático e... era presidente dos Estados Unidos quando decidiu assinar o embargo a Cuba. Horas antes, entretanto, concedeu uma missão quase impossível a Pierre Salinger [então secretário de imprensa norte-americano] de conseguir mil unidades do Petit Upmann [seu charuto preferido]. Quando o super secretário conseguiu 1.200 unidades, Kennedy respirou aliviado e assinou o embargo à ilha de Fidel Castro, que proibiu a entrada de qualquer produto cubano nos EUA.
Wiston Churchill
perseguições por parte dos governos de países como Pérsia, Rússia, Japão e Turquia. Porém, com a publicação de um estudo científico do alemão Johan Neander sobre os efeitos terapêuticos do tabaco, a matéria-prima passou a ser encarado como um remédio para diversos males. O charuto, no formato que conhecemos hoje, foi criado em 1726. Antes disso, consumia-se o tabaco principalmente utilizando-se o cachimbo. Naquele ano, Israel Putman levou os primeiros charutos cubanos para os Estados Unidos, juntamente com sementes de tabaco. Inicialmente, o charuto era confeccionado em Sevilha, na Espanha, a partir de tabaco cultivado em Cuba, porém, a partir de 1821, um decreto do rei espanhol Ferdinando VII permitiu a fabricação de charutos em Cuba. Em 1840, Cuba já era o maior produtor de charutos do mundo. Surgiram as tradicionais marcas Partagas, H. Upmann e Romeo y Julieta. Também foram criadas fábricas de charuto nos Estados Unidos, no México, na República Dominicana e na Jamaica. Em 1873, o alemão Gerhard Dannemann fundou a mais antiga fábrica de charutos do Brasil: a Dannemann.
Em 1959, com a Revolução Cubana, as fábricas de charuto cubanas foram estatizadas e a Cubatabaco (atual Habanos S.A.) foi criada. Muitos mestres na produção de charutos cubanos emigraram para outros países. Em 1962, os Estados Unidos, em represália à orientação comunista do governo cubano, decretou o embargo econômico aos produtos cubanos, prejudicando a exportação dos charutos cubanos. Em 1982, durante a Copa do mundo de futebol, o presidente cubano Fidel Castro resolveu lançar comercialmente os charutos Cohiba, até então reservados à elite do governo cubano. Os charutos Cohiba são fabricados com as melhores plantações de Cuba. Hoje em dia, existem grandes países produtores de fumo para charuto fora do continente americano, como Camarões e Indonésia. Porém, os melhores charutos ainda são produzidos a partir de plantas cultivadas na América Central, em países como República Dominicana, Nicarágua e especialmente Cuba, na região de Vuelta Abajo, na província de Pinar del Río. Uma advertência: Produto destinado a maiores de 18 anos. O Ministério da Saúde adverte para possíveis males e dependência.
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O primeiro-ministro inglês cultivava algumas paixões; duas eram bem latentes: a guerra e o charuto. O homem, que deu nome ao modelo de charuto Churchill, fumava de 8 a 10 charutos por dia, de preferência cubanos. Conta-se que a paixão pelo charuto era tão grande que mesmo em voo, ele não abria mão de suas sagradas baforadas.
Mark Twain Quantidade nem sempre era sinônimo de qualidade. O escritor Samuel Langhorne Clemens [conhecido como Mark Twain] fumava mais de vinte charutos por dia. Às vezes, conseguia a impressionante soma de 40 charutos por dia enquanto trabalhava. Advertido por um amigo de que “charutos não eram permitidos no paraíso”, ele teria retrucado “pois não irei para lá”.
Rei Eduardo VII Não se sabe quão verdadeira é a história pós-coroação como rei da Grã-Bretanha, mas dizem que, minutos após receber o comando do maior império ocidental, Eduardo VII teria convidado todos os presentes a acender um charuto. “Cavalheiros, vocês podem fumar”. A postura de Eduardo VII foi em clara oposição à Rainha Vitória, que detestava o cheiro e a fumaça.
Louis Armstrong Cigarros do tamanho de um charuto. Satchmo fumava, no mínimo, três por dia... além de outros menos lícitos. Mas não abria mão.
Já ela... Marlene Dietrich A atriz era uma consumidora de charutos e cigarrilhas. Em um período em que as mulheres deveriam ser comportadas, Dietrich subverteu a boa ordem.
perfil
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Camila Barbalho
Dudu Maroja
Asdaluzes
cidade
Os paraenses Léo Chermont e Arthur Kunz formam o duo Strobo, considerado uma revelação em todo o país.
A
luz pisca rápido demais para acompanhar e distorce a noção do movimento. Feche os olhos e ela ainda estará lá como se seu foco, alternado com a escuridão total, iluminasse de dentro para fora. Pode ser uma experiência estranha num primeiro momento, mas... adicione música. Aumente o volume até luz e som se fundirem em uma única sensação. Pronto: o strobo é tão parte da festa que ela não faz nenhum sentido sem ele. Assim como a iluminação nervosa que dá nome ao duo formado por Léo Chermont (guitarra e efeitos) e Arthur Kunz (bateria e programações), o Strobo pode causar estranheza ou ser um convite à diversão – tudo depende muito mais de quão entregue à música o ouvinte está. Vibrante, intensa e catártica, a musicalidade ofertada pelos rapazes é provocativa. É instrumental, mas é pop. É de pista, mas pode ser sombria. É eletrônico e é cru. É, sobretudo, diferente. E divertida. A fluidez com que a banda desliza entre essas alternâncias chamou rapidamente a atenção de quem se interessa pelas novidades sonoras. Não foi à toa que eles ganharam espaço quase imediato entre os descolados do ramo – participando de programas como o “Experimente”, do canal Multishow, e concorrendo ao título de artista revela-
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ção da mesma emissora no ano passado. Com o terceiro disco recém-lançado, o sugestivo “Mamãe Quero Ser Pop”, a dupla volta a cutucar os inquietos com seu flash pulsante. O tom do álbum é, a um só tempo, despretensioso e desafiador. Chermont e Kunz também simbolizam, eles próprios, essas dualidades – e sem se contradizer. De personalidades distintas e marcantes, os dois encontraram um no outro a chave para um trabalho coeso e repleto de personalidade. Para isso, também foi preciso que eles se encontrassem um no outro, e estabelecessem um vínculo forte de confiança que só é possível quando dois são um. E é bem assim que a banda opera: Léo, o extrovertido, dá entrevista; Kunz, o concentrado, faz testes de videomapping com um parceiro da banda em sua sala de ensaio. Resolver o assunto com um deles é resolver com os dois. “O que o Léo disser, está dito. Não posso sair daqui agora”, me diz Arthur em meio a notebooks e baquetas, quando insisto em chamá-lo para tomar um café com a gente. Ambos, individualmente, estão entre os jovens músicos mais experientes da fervilhante atmosfera cultural de Belém. Somando suas vivências, eles tocaram com praticamente todo mundo que marcou seu nome no que foi cha- »»»
mado de “nova cena” – além de dialogar com certa frequência com os mestres que embasaram a música paraense contemporânea. Juntos, Arthur e Léo romperam com a lógica da sonoridade que o estado exporta sem em nenhum momento renegá-la. Um ouvido atento percebe que todas as andanças pelo vasto universo de cada um estão lá. Não quer ouvir atentamente? Ótimo. O Strobo também é sobre não pensar em nada e soltar o corpo – e se torna melhor ainda quando ouvido sob essa intenção. É aí que mora o desafio: deixe-se levar ou deixe a pista. Como um baterista cuja escola foi o jazz e um guitarrista de reggae e outras musicalidades vizinhas se encontraram? A gente andou por vários caminhos antes de se encontrar. Depois de muito tempo tocando reggae na noite, eu montei um estúdio – o Casarão Floresta Sonora, onde fiquei por sete anos. Muitos artistas passaram por lá, e foi lá que eu comecei a tocar com alguns deles. Foi o caso do Metaleiras da Amazônia, o Felipe Cordeiro, com quem o Arthur Kunz também tocou... Durante a experiência do estúdio, nós criamos um trio de música instrumental - formado por mim e o Kunz, mais o baixista MG Calibre. Numa viagem de show em 2006 ou 2007, acabamos ficando os dois como colegas de
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quarto. Lembro que eu tinha saído pra farra, voltei com o dia amanhecendo... Quando deu umas 8h da manhã, lá estava ele com as baquetas no criado-mudo [batuca na mesa]. Eu pensei “que mala é esse que tá aqui?” (risos). A gente acabou se aproximando e criando um grande respeito um pelo outro. E como veio essa sonoridade tão diversa dos mundos individuais de vocês? O Calibre foi quem fez essa união acontecer. Quando ele voltou da Europa, com toda sua experiência na música eletrônica, ele quis buscar músicos novos que topassem tocar isso com ele, artistas em quem ele via potencial. Ele pegou a gente muito cru e nos botou pra tocar. Fomos pra noite fazer freestyle, depois quisemos gravar o disco disso. Não fluiu. A energia não foi legal, tivemos vários problemas, perdemos arquivos... Acabou que cada um foi pro seu lado. Depois de um tempo, o Arthur me ligou e fez o convite de tocarmos juntos de novo: a gente iria samplear os baixos e teclados e seria isso. Metemos a cara. Começamos a gravar indiscriminadamente. “Vamos tocar 10 minutos em mi menor e ver o que sai”, era assim. Aí depois a gente escutava e avaliava o que era legal – uma frase de guitarra, uma virada de bateria, um ambiente... Foi com essa atmosfera de
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quebra-cabeça, que veio o nosso primeiro EP. Até a gente fazer a sonoridade que a gente faz, foi um longo caminho. Eu vivi muito uma realidade de trabalhar com os mestres da cultura popular na época do Casarão. Toquei com a Dona Onete, Mestre Laurentino, gravei com o Chico Braga, trabalhei no documentário do Mestre Vieira, fiz o documentário do Mestre Damasceno... Isso me deu uma abertura pra sonoridade da música paraense, além de tocar com artistas mais jovens. O Arthur também tem isso: gravou 60 ou 70% dos discos da nova geração da música paraense. Acredito que isso é o que levou a gente a sintetizar nas nossas experiências um pouco de tudo que vem acontecendo em Belém. E tudo foi um processo intenso de 7 ou 8 anos até a gente se encontrar, e ter uma banda que agora tem três anos de atividade. Como surgiu o nome-conceito Strobo? A gente veio com uma relação de vários nomes, demoramos um pouquinho até pra bater o martelo. Depois, o Arthur sugeriu: “é um nome pequeno, tem duas sílabas, nós somos dois... Tem muito a ver com o nosso som, que é luz e escuridão” – e nós realmente temos isso já que fazemos desde o pop dançante até músicas mais cavernosas, sombrias... Eu, de cara, não gostei muito do nome, juro pra ti (risos). O Arthur insistiu
em dizer que era um nome forte, e eu acabei topando. Hoje, acho um ótimo pra uma banda. É um nome sonoro, que tem muita relação com o que a gente faz. E coincide com nossa ideia de que a iluminação seja tão presente e importante nos nossos shows quanto a própria musicalidade é. O show de vocês tem algo de muito cênico mesmo. Como vocês conduziram a questão visual até se tornar algo essencial dentro da estética da banda? A gente foi testando mesmo. Sempre tivemos esse cuidado com a imagem, sempre trabalhamos a noção de audiovisual, aí tudo só foi acontecendo. No palco, eu sou um cara que se liberta total, principalmente porque o palco é uma síntese de tudo o que a gente tá fazendo até chegar lá. A hora de extravasar é lá. E o Arthur é metade da banda. Por isso, é natural que a gente ponha a bateria lá na frente, que a gente toque um virado para o outro. É ele quem tá lá dando a cadência e eu sou a outra metade que tem que fazer as pessoas se desligarem dessa cadência. É um trabalho que se completa. E a gente tem em mente que é uma questão de entretenimento. O Strobo é filho legítimo da revolução digital, nós assumimos isso e nossa sonoridade também vai por esse lado. Os artistas dos quais a gente gosta também levam isso pro palco. Agora, a gente tá construindo uma equipe bem legal de videomapping, iluminação... gente que acredita. Eu também trabalhei muito tempo com essa coisa do audiovisual, o que me deu uma abertura bacana com gente que faz filme, que faz videoclipe. O Lucas Escócio foi um cara que começou a onda com a gente. A gente tinha uma empresa junto, daí eu dizia “vamos fazer um clipe” e ele dizia “vamos, eu tenho uma câmera X, que é mediana, mas dá pra fazer”. E assim ia. É muito bacana ver que a nossa evolução caminhou lado a lado. Hoje, ele faz clipes muito mais elaborados e a gente faz música de um jeito mais elaborado também. Esse mês vamos fazer o quarto clipe juntos. Quais os desafios de se fazer música pop instrumental no Brasil? Todos, né? (risos) O nome do nosso disco novo é “Mamãe Quero Ser Pop”. Pode parecer um nome meio piegas, uma forçada de barra, mas é uma grande tiração de sarro. O que é legal é que as pessoas estão engolindo isso, mesmo quando não entendem. A gente acaba virando uma fuleiragem cibernética na cabeça »»»
das pessoas. Mas, se a gente parar pra pensar, eu e Kunz somos branquelos. Maristas (risos), que vêm com um disco com esse nome. Isso cria um ar de que já saímos pop de nascimento. Mas, por outro lado, fazemos música instrumental, sem voz, tocando guitarra e bateria – os dois símbolos maiores do rock. Nunca vamos ser uma banda pop de verdade. Então, é uma grande brincadeira. O Kunz tira onda que o sonho dele é tocar no Faustão pela “impossibilidade” disso. Mas a gente também nunca imaginaria que poderia concorrer ao Prêmio Multishow ao lado da Anitta e da Clarice Falcão numa categoria de artista revelação. Então é difícil, mas é extremamente prazeroso fazer o que tu queres fazer, do jeito que tu acreditas. É um jeito muito bom de virar o jogo a seu favor. A gente tem fãs crianças, senhoras. É ótimo, eu acho, porque dá pra ver a verdade que a gente põe ali. Vocês acabaram negando a obrigatoriedade de a música instrumental ser algo para um nicho específico, seja intelectualizado demais ou fruto de uma cultura popular tradicional... E com a coisa de fazer música pra músico, né? Até porque eu não sou um músico virtuoso pra ficar solando por 10 minutos. Nunca foi meu lance e eu nunca quis isso. Então é realmente um desafio muito louco. Vocês têm algum medo de se repetir ou alguma insegurança em relação aonde os próximos caminhos vão dar? Não, na verdade não. A gente já tá inclusive pensando num quarto álbum totalmente diferente desse. Esse é minimalista, em oposição ao segundo – que tinha muitas referências de timbre dos anos 80 e 90. Esse tem poucos elementos, é mais sequinho. Só tem um solo de guitarra no CD inteiro. O resto é tudo riff, frases significativas, não é carregado. E eu e Arthur somos muito loucos. Somos dois caras que nasceram com apenas quatro dias de diferença, regidos pelo mesmo signo, com coisas muito curiosas. Às vezes, nós dois estamos com as chaves invertidas nesse processo criativo, estamos alternados, nos equilibrando. Então a gente não tem medo. O Strobo tem uma coisa de »»»
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bando com
ir contra o fluxo do que já tá sendo feito. A gente podia fazer uma banda de eletro guitarrada, e podia ser incrível. Ou então de tecnobrega trip-hop, e também podia ser ótimo. Seria legal, mas não é o nosso lance – embora a gente use elementos dessas misturas pra construir o nosso som. O próximo disco eu ainda não sei como vai ser porque não sei o que a gente vai viver até lá. Mas sei que vai ser diferente desse. Como é a convivência entre vocês? É amor e ódio (risos). Já tive momentos de dizer “eu não quero mais olhar pra cara desse bicho”. Lembro um voo que a gente perdeu no interior de Rondônia, o filho do Kunz nascendo aqui, ele numa psicose louca... A gente combinou de não se falar até chegar a Belém (risos). A gente é muito diferente, mas isso também começou a dar muito
certo. O Strobo é muito jovem e já deu certo, e a gente aprendeu muito um com o outro. A gente não tem um terceiro elemento pra possibilitar que haja fofoca, entende (risos)? Somos só nós dois. Às vezes, acontece de ele adorar uma música que a gente fez e eu não gostar. Aí um tem que convencer o outro. E a gente se influencia muito também. Eu acho que eu tornei o Kunz um cara mais relaxado em alguns aspectos, em deixar as coisas fluírem. E ele me tornou um cara muito mais metódico em outras, me ensinou a ser mais profissional, mais atento a horários e regras. Até porque a gente vive da banda, e se a gente não fizer tudo certinho, algo não vai rolar. Então, independentemente das dificuldades que eventualmente rolam, a gente se entende e divide as coisas naturalmente. Por exemplo, ele tá lá embaixo trabalhando e eu tô aqui conversando contigo. Um não questiona
a autoridade do outro. Agora, como em todo relacionamento, uma hora a gente manda o outro se catar e depois diz que ama (risos). Sem estresse. O que está nos planos do Strobo daqui pra frente? A gente rodou muito ano passado. Tocamos em vários lugares legais. Acabamos de lançar o CD aqui em Belém, e vamos, na sequência, para Manaus, Fortaleza e Natal. São Paulo e Belo Horizonte vem logo depois. Vamos voltar a circular. É aquela lógica de um ano de atividade e um ano de reclusão que as bandas normalmente vivem. A gente passou esse ano gravando disco, preparando o material pra poder rodar de novo em 2015. A ideia dessa vez é finalmente fazer uma tour pela Europa. Não tem papo de relaxar. A gente faz música instrumental, não dá pra relaxar muito não (risos)...
Agradecimento
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Anderson Araújo jornalista
Onde mora a
cidade A cidade não é mais minha ainda que nunca te-
A paisagem mudou. Novas lojas abriram. O pei-
passávamos e víamos sua mãe sentada na sala, os
nha sido. Desço do avião e o bafo úmido borrifa mi-
xeiro da esquina desapareceu. A vigilância sanitária
cabelos crespos, os óculos e uma dignidade eviden-
nha cara com um aroma leve que eu já desconheço
interditou o homem que vendia vísceras num carri-
te mesmo parada sem nada dizer.
ou o nariz recusa a identificar.
nho de mão. Morreu longe do trabalho que o colo-
Mais tarde, reflito: mato, maresia, lixo, fumaça, saudade. Atravesso o saguão, ninguém me conhece ou reconhece.
cava em contato com o mundo.
Lembrei das plantas que cobriam quase toda a fachada e da castanheira frondosa que nos abriga-
Onde havia uma sucata com dezenas de geladei-
va nas tardes sem nenhuma preocupação em que
ras velhas, quando as geladeiras eram fabricadas
estávamos todos juntos. Uma placa do CREA anun-
em várias cores, agora era uma clínica medica lu-
ciava um novo prédio.
Entro no carro, nenhuma cordialidade do taxista.
xuosa, imponente. Brincávamos naquele cemitério
Para expandir e se manter viva, a cidade soterra
Onde estão os taxistas faladores que eu tanto gos-
de eletrodomésticos de guerra, pira, invasão extra-
tava de detestar? Este liga o player para ouvir (e ver)
terrestre, piratas, corrida de carros ou de não fazer
Na volta, a grade estava sem trinco. Apertei a
um show de forró. Ou seria arrocha?
nada e observar como a ferrugem criava desenhos
campainha enquanto o cachorro fazia outra festa.
estranhos e como eram bonitas as fibras que forra-
Não demorou: ela apareceu com o sorriso de sem-
vam a parte de dentro daquelas carcaças de lata.
pre e o abraço apertado do reencontro. Meio cho-
Está ensimesmado no seu smartphone trocando mensagens. Para onde eu vou?
o que foi vivido.
Na casinha de madeira, onde o sapateiro marte-
rosa. Mais marcas do tempo no rosto ou eu nunca
Não sei, penso, e dou o endereço.
lava e colava solas e couros, um pet shop. Coleiras,
havia olhado com a atenção devida? Não fazia tanto
O carro vence o ingurgitamento, lento, lento, lento,
ração, roupinhas para cachorro. A filha do sapa-
tempo assim. As mãos mais frágeis, pintadas com
mas chega.
teiro estava no balcão diligente com os fregueses
manchas de sol, seguraram as minha. Estava menor
Desço, recolho a bagagem.
preocupados com os xampus que deixam o pelo
também, em poucos meses, por trás dos óculos.
Meu cachorro não repete o gesto do cão do Ro-
mais macio, com carrapatos e pulgas. Ela sorria nos
Apertou as gorduras da minha barriga, disse que eu
berto. Ao invés de sorrir, espicha o pescoço altivo e
atendimento e lembrei-me do velho, as calças de
estava muito mais gordo. Os olhos se iluminaram
olha fixo revolvendo a memória.
tergal cinza, sem camisa, as unhas sujas de graxa.
com a brincadeira e compreendi que a cidade, re-
Quem consertaria sapatos hoje em dia se ele ainda
almente, nunca fora minha, em tempo algum, no
estivesse vivo?
entanto, sempre esteve tão perto escondida, qua-
Chego perto e só então ele pula, faz festa. A casa está trancada. Jogo a mala pelo basculante e vou caminhar nas ruas que já não me comportam.
Segui por outro caminho e encontrei um espaço vazio onde havia a ampla casa de José Luís, onde
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se imperceptível, nas rugas hoje acentuadas e nos gestos e afetos dos meus muitos retornos a fazer.
perfil
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Lorena Filgueiras
Bernie Walbenny
Homem de
mil
faces
Ele era considerado pelos pais um garoto rebelde, mas foi em um encontro de jovens da igreja, “brincando de teatrinho” que chamou a atenção de Walmor Chagas, um dos atores mais celebrados de sua geração. De lá até os dias de hoje, Milhem Cortaz não parou e tem colecionado personagens, histórias e atuações inesquecíveis. Ele tem a voz forte, poderosa e só isso poderia intimidar quem não conhece. Os traços físicos e o rosto sisudo também são marcantes, mas basta uma breve conversa para perceber que tudo não passa de uma primeira impressão – daquelas que não ficam. Estamos falando do ator Milhem Cortaz, 41 anos, que coleciona, sem exageros, um número expressivo de longas – muitos dos quais sequer estrearam ainda no grande circuito, embora tenham sido gravados há algum tempo e todos com excelentes críticas. Descendente de italianos e árabes [mistura que justifica muito os traços físicos marcantes e a visceralidade de sua atuação], Milhem é um ator com relativo tempo curto de carreira, mas que despejou no universo artístico toda sua boa transgressão. Conhecido como o corrupto capitão Fábio [o “02”, do bordão “pede pra sair!”] do sensacional “Tropa de Elite”, o ator certamente figura na memória do público com seus personagens truculentos, densos... mas, na leva dos filmes que ainda estrearão, o público deve ficar preparado para se surpreender com as segundas, terceiras impressões. Porque elas virão. Qual a origem do teu nome? (Lê-se Milem) É libanês. O meu nome é Milhem Avance Cortaz. Primeiro nome é libanês. O do meio, italiano. E o
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Cortaz é libanês, também. Venho de Baskinta, uma cidade lá no Líbano, que fica a 70 km do conflito... Só explicando: não nasci lá. Sou descendente de libanês, meu avô veio de lá. Conheces a cidade? Nunca. Morro de vontade, mas quero ir. Não agora... (risos) Tens parentes morando lá? Não.. olha, eu achei um Cortaz lá. Eu tinha esquecido o nome da cidade e há três meses perguntei novamente pra minha tia e fui pro Google e é uma cidade deslumbrante, perto de montanhas, rústica... Para quem começou - de maneira recente [o ator começou a gravar uma película atrás da outra a partir do ano 2000], você é lembrado muito pelos personagens brutos, pesados - você tem receio de ser rotulado? Ou não concordas com essa afirmação? Não, não tenho receio. Eu tenho receio de não trabalhar, de não ter o que comer... Acho que já consegui reverter muito isso dentro do cinema. Lutei muito contra isso no início. Abri mão da minha vaidade em pensar “pô, lá vou eu fazer outro personagem denso, pesado”, mas sou apaixonado por personagens problemáticos e essa foi uma »»»
Em 2015 vários filmes com Cortaz estrearão no circuito nacional. Será uma excelente oportunidade para vê-lo na pele de personagens surpreendentes.
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“quem corre, cansa e quem anda, alcança”. Eu vou devagar e... não me importa chegar logo lá. O que me importa é estar sempre no trajeto para o caminho até lá.
forma de me aproximar dos diretores, fazer com que me conhecessem mais para que eu pudesse dizer em um outro filme deles: “olha, eu vou adorar fazer aquilo ali”. E ele pensar: pô, o Milhem não é só aquilo, ele consegue fazer personagens menos pesados, truculentos. Inclusive há vários filmes teus [que já gravaste há algum tempo] que estão estreando agora, não é mesmo? E o público vai conhecer personagens teus mais suaves... Não sei se mais leves, mas o público vai conhecer personagens densos, mas não ligados à marginalidade, como as pessoas enxergam... São personagens mais tranquilos. Eles vêm com o tempo. É aquilo que meu mestre de capoeira dizia: “quem corre, cansa e quem anda, alcança”. Eu vou devagar e... não me importa chegar logo lá. O que me importa é estar sempre no trajeto para o caminho até lá. Se me deixarem trabalhar a vida inteira, eu sempre estarei disposto. Não me importo com essa coisa de “rótulo”. Dos filmes de que participas e que ainda vão estrear [Trinta, Sangue azul, O Gorila, Mundo Cão, O Lobo atrás da porta], qual deles pode surpreender muito o público? “O Lobo atrás da porta é surpreendente! Além da própria qualidade do filme, o personagem é diferente. É um cara mais delicado... é um triângulo amoroso. Falamos de amor, de segurança, essas
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coisas... Tem ainda o Trinta [cinebiografia do carnavalesco Joãosinho Trinta, vivido pelo ator Matheus Nachtergaele] e o Tião [chefe do barracão da escola de samba Salgueiro], que é um personagem bem delicado e que vive uma traição... ele é traído pela comunidade já que, com a saída do Pamplona [então carnavalesco da escola e vivido pelo ator Paulo Tiefenthaler], o Tião pensa que, por ter nascido ali e ser totalmente devoto da comunidade, a hora de ele ser o carnavalesco havia chegado! Aí o Joãosinho chega... É como se fosse uma traição familiar... Tem ainda o filme do Lírio [Ferreira, diretor também de “Cartola – música para os olhos”], “Sangue Azul” [que foi filmado em Fernando de Noronha]... o personagem que vivi [Inox] vai entrar na galeria dos meus mais queridos, porque ele é o homem mais forte do mundo, mas ele é gay e cuida do circo, das pessoas. Foi um personagem muito difícil, mas de uma delicadeza... talvez o personagem mais delicado que eu já fiz. E complexo. E na tua “galeria dos mais queridos”, se pudesses eleger cinco personagens, quais seriam? Elegeria o Lino, do “A Concepção” [filme do diretor José Eduardo Belmonte e contracena também com Matheus Nachtergaele], o que personagem que fiz em “Meu mundo em perigo” [filme de 2007, também do diretor José Eduardo Belmonte. Cortaz interpreta Fito. Uma curiosidade: o ator trabalha pela segunda vez com o diretor José Eduardo Belmonte contracena – também pela segunda »»»
Confira o video clip Rollbando, com a participação de Milhem Cortaz
vez – com a atriz Rosanne Mullholand. O primeiro encontro dos três foi em “A Concepção”, filme de 2005]. Gosto muito do Edgar, de Querô [filme de 2007, dirigido por Carlos Cortez]. O Inox [de Sangue Azul] e, claro, o Bernardo, do Lobo atrás da porta. São personagens muito díspares uns dos outros. Tenho um carinho enorme por esses personagens porque foram os mais difíceis. Apesar dos populares... não posso deixar de falar do Peixeira [personagem que Cortaz interpretou em “Carandiru”], que foi o meu primeiro. Falando dessa construção de personagens, fala um pouco sobre a construção do teu personagem de “Plano Alto” [minissérie que será exibida pela TV Record]. Contrataste um professor e ficaste um tempo estudando, não foi? Eu não domino televisão. Ela me engessa e eu não me sinto ainda completamente à vontade nele. Daí, eu queria me preparar da melhor forma possível, para quando os obstáculos aparecessem, eu conseguisse enxergá-los e dominá-los. Então, me preparei bastante, até porque eu gosto de me preparar e estudar. Era um personagem delicado, até porque é um deputado federal honesto, dentro da política – o que é uma coisa improvável de existir. E o personagem representa muito a minha geração, que falava sobre democracia... então eu queria que ele fosse o mais próximo possível do meu discurso... me coloquei nessa situação e eu precisei mergulhar no pragmatismo, que é não ter julgamento. O que serve pra gente, a gente vai atrás. O Pragmatismo te ensina a ter mais razão e eu precisava ter uma pessoa ao me lado que me alertasse “você tá indo pelo coração”. E pragmatismo não é isso; é um raciocínio lógico e racional. Então, eu precisava de uma pessoa muito próxima e que me conhecesse, que era o Ivan Feijó, que é um dos meus melhores amigos, se não for o melhor, e é um diretor com quem eu trabalhei no teatro e me conhece perfeitamente. Ele me tirou do lugar comum e me conduziu pelo caminho. Me agrada muito o que fiz em Plano Alto, mas sei que posso melhorar. Graças a Deus tem uma segunda temporada a caminho. Vou continuar com o Ivan e consertar o que precisa ser melhorado. É um exercício até meio egoísta, de aprimoramento como »»»
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2000 2003
Através da Janela
amigo de Raí
Domésticas
encanador4
Carandiru
Peixeira
Rotina (curta-metragem) Garotas do ABC 2004 2005
Nina
Carlão
Cabra-Cega
Rodolpho
De Glauber para Jirges (curta-metragem) Glauber A Concepção
2006 2007
2008
2009 2010 2011
Alemão
Lino
Cheiro do Ralo
encanador
Journey to the End of the Night
Rodrigo
Querô
Sr. Edgar
Meu Mundo em Perigo
Fito
Não Por Acaso
Paiva
O Magnata
Lúcio Flávio
Tropa de Elite
Capitão Fábio Barbosa
Nome Próprio
locador
Encarnação do Demônio
Padre Eugênio
Nossa Vida Não Cabe Num Opala
Lupa
Se Nada Mais Der Certo
Sibele
Lula, o filho do Brasil
Aristides
Sitiados
Chico
Tropa de Elite 2
Coronel Fábio Barbosa
VIPs
Eike Gomes
Billi Pig
Ocílio
Cilada.com
Pitboy
Assalto ao Banco Central
Barão
2012
Boca
Osmar
2013
Crô - O Filme
Riquelme
2014
Nelson Ninguém
Nelson
O Lobo Atrás da Porta
Bernardo 5
Alemão
Branco
Trinta
Tião 6
ator. Plano Alto tem sido uma grande escola – guardar o que há de melhor em mim, me expor de novo e tentar vencer algumas coisas que não consegui. E para conseguir isso, preciso de alguém ao meu lado. Que veja as coisas de fora e me indique o caminho a seguir – sozinho eu não vou conseguir. Não preciso de uma pessoa que passe a mão na minha cabeça, mas que me critique e me faça crescer. Disseste que a TV te engessa muito, mas o que te encanta mais? Televisão, cinema ou teatro? Minha preferência sempre será o Teatro, mas adoro transitar por essas linguagens e a TV, hoje, me instiga muito. Sinto frio na barriga e nervosismo muito grande porque eu não domino e estou aprendendo. Como foi conviver com o Ruy Guerra? Pelo menos em três dos filmes contracenas com o Mateus [Nachtergaele]... há algum ator/atriz com que tenhas contracenado tanto que ficaste amigo? O Ruy Guerra [cineasta] é uma aula. Oitenta e poucos anos, completamente apaixonado pela profissão. Tem um olhar delicado além de ser receptivo. E eu convivi com ele como ator e não como diretor... logo, frágil, se expondo, errando... Aos oitenta e poucos anos sem medo de se expor e errar.. foi uma aula pra mim, que tenho 40 anos. (risos). Ele foi muito generoso. Fiquei muito amigo do Matheus, do [Juliano] Cazarré... O Cazarré, inclusive, morou contigo um tempo, não é? Ele morou um tempo aqui. Foi muito legal. É meu grande irmão e eu tenho um p... orgulho do ator que ele é. Acho brilhante a maneira como ele conduz a carreira e a vida pessoal. Tenho certeza de que ele vai fazer história no universo artístico. Costumas contar que teu pai trocou o terno por uma vida pacata, tranquila [o pai, também Milhem, foi administrador de empresas por vários anos e hoje vende cachorro quente]. Já pensaste alguma vez em qual carreira abraçaria se não fosses ator? Ou mesmo quando decidir aposentar? Eu descobri isso há três anos, mas já era tarde demais! Eu seria arquiteto, porque me apaixonei »»»
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mesmo. Não cogito entrar numa faculdade para cursar Arquitetura... Talvez por hobby. Agora como profissão alternativa... Eu me dedico muito à minha profissão. Não sei nem fazer massagem! (risos) Como bom libanês, árabe, eu sei vender. Passar fome eu não vou. A única que eu sei fazer é ser ator. Verdade que eras considerado rebelde pelos teus pais? Verdade. Como toda criança, né? Imagina, aos dez anos de idade, ter a personalidade que eu tenho, né? Paguei preços altos por isso. Comigo mesmo. Me coloquei em situação que poderia ter evitado – de rebeldia, transgressão – mas aprendi muito com isso e hoje entendo que para você ser muito louco, você tem que ser muito organizado. E não à toa tenho uma família maravilhosa. Vivo há 15 anos com minha mulher [a atriz Ziza Brisola], tenho uma filha maravilhosa, que educo da melhor maneira possível. Estou vencendo no que me propus a fazer e canalizo minha “transgressão” para a arte. Entendo bem o tamanho que eu ocupo e sei conduzir muito bem – se não, não estaria onde estou. A reviravolta na tua vida ocorreu no dia em que conheceste o Walmor Chagas em um encontro da igreja? Quando foi isso? Eu nem sabia quem era o cara! Um dia, brincando de teatrinho num encontro de jovens da igreja, ele entrou, olhou pra mim e me convidou para fazer uma peça com ele. Isso ficou em mim e quando fui morar na Itália, fiz um curso de Teatro e nunca mais
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saí. Escolhi como a grande opção da minha vida. O Walmor é um cara muito importante na minha vida. Ele e o Lauro César Muniz [escritor], porque era uma peça do Lauro César. Anos depois, o primeiro grande personagem que vivi, foi numa novela do Lauro. E viramos grandes amigos. Mas o Walmor foi quem plantou a primeira sementinha. Que personagem te desafiaria? Digo, tem algum personagem que habita [em segredo] teus sonhos de ator? Qual é ele? Todos que vierem a partir de agora. Quanto mais você trabalha, mais você adquire experiência, sabedoria, repertório etc. Mas, ao mesmo tempo, mais você se usa e o processo vai ficando difícil. Quais são os teus planos para 2015? Ah, eu tenho “Plano Alto”, o filme do Zé Aldo, com a direção do Afonso Poyart... O primeiro semestre vai ser tomado pelo Plano Alto 2 – a segunda temporada da série, que é do mestre Marcílio [Moraes], que é um grande parceiro e eu já fiz muita coisa dele. Sei que ele tem um carinho especial por mim e que nunca duvidou do meu trabalho. Eu quero fazer Teatro. Quero fazer “O patinho feio”, que é um projeto para crianças e que minha mulher vai dirigir. O cenário é assinado pelos Gêmos [artistas plásticos], tens umas coisas legais... Se Deus quiser, ano que vem sai. Quero voltar a fazer teatro, depois de cinco anos e quero fazer algo lúdico – para crianças, até para minha filha poder me ver.
Tens também alguns projetos independentes, não é? Já fizeste videoclips... Fiz o vídeo clipe do [MC] Rachid. Fiz da Rollbando [do fotógrafo Bernie Walbenny, que assina as fotos desta entrevista]. Amanhã, vou gravar o da Tiê. Adoro ajudar, adoro estar junto. Adoro gente pensante. Da mesma forma que alguém me ajudou lá atrás, eu quero agregar. Se eu tiver tempo e curtir, vambora! O que tu ouves? Gosto de rap, música clássica, black music. Gosto de funk black. Ouço muito Marvin Gaye. Tens um hobby ou algo que gostes de fazer quando tens um tempo livre? (Ele silencia, pensa e demora um tempo para responder) Eu tô aprendendo um hobby maravilhoso: a não fazer nada... É um exercício difícil, não é? Nossa, você pode achar que está sendo inútil, esquecido... mas não fazer nada é produtivo e é bom, mas é um exercício porque, embora seja “nada”, aquilo é tudo. Os meus tempos livres são tomados por minha filha, pela educação. O meu grande hobby hoje é aprender a estar só comigo. É o que mais almejo. Agradecimentos
Bernie Walbenny
especial 400 anos
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Carolina Menezes
Dudu Maroja
Belém de
outrora
O
‘esgotamento’ do Centro Histórico de Belém é uma pauta em discussão há bastante tempo. Já se falou em tombamento, em recuperação de vias, de imóveis centenários e tudo mais. Mas, para o arquiteto, urbanista, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e, além de grande entusiasta também coordenador do Fórum Landi, Flávio Nassar, nada disso resolverá a questão. “São 40 anos de atraso quando o assunto é transporte de massa em Belém, de qualidade, de regularidade e, por conta disso, são 400 anos de pressão imobiliária ao centro da cidade e ao centro histórico. Esse alívio só viria se a população pudesse de fato escolher onde morar com a garantia de ter uma condução que em 20, 30 minutos, levasse até o local de trabalho”, resume, categórico. Para ele, falar sobre a Belém dos 400 anos implica, inevitavelmente, lembrar-se de décadas de omissão que acabaram por fazer da cidade ser o que ela é hoje. “Três séculos atrás nós éramos a terceira cidade mais importante de todo o Brasil. Quando se perdeu para Manaus a ideia de Belém como referência de metrópole na região Norte, muito se perdeu no caminho e não houve um combate efetivo contra isso”, explica. Confira a entrevista completa:
Como Belém chegará aos 400 anos em 2016? Quais as suas expectativas? Eu acho que não vai chegar muito diferente do
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que está hoje... O que acho que pode diferenciar um pouco são algumas obras que a Prefeitura de Belém está programando e que talvez marquem esses 400 anos. Acho que algumas ações no campo cultural e assim por diante, mas, daqui pra lá, não vai dar pra mudar estruturalmente muito do que nos últimos cem anos que se deixou por fazer em Belém, mais acentuadamente a partir dos anos da Ditadura Militar, quando houve uma política de interiorizar a ação, a presença do Governo Federal e a decisão de transferir para Manaus a centralidade da Região Amazônica. Então, não vai chegar muito diferente. Vejo alguma esperança, talvez, no reforço daquilo no qual nós já somos campeões: que é o nosso amor pela cidade. Acho que a PMB, com a criação da Comissão dos 400 Anos e grande empenho do [prefeito] Zenaldo Coutinho de fazer do ato um grande evento, deve reforçar esse sentimento. Não vai dar para fazer o que deixou de ser feito. O que foi e por quê? O que aconteceu e mais nitidamente nos últimos 50 anos foi a perda de Belém como referência de “metrópole da Amazônia” e penso que isso está expresso nitidamente no fato de não termos sido escolhidos como cidade-sede dos jogos da Copa do Mundo de 2014. Antes dos anos 60, estávamos sempre entre as maiores [capitais]. Até o início do século 20, Belém é uma das cinco mais importantes cidades brasileiras. Até o início da Re- »»»
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Para Nassar a restauração dos casarões históricos ou antigos de Belém deve ser, sobretudo, um incentivo aos cidadãos que moram neles.
pública, nossa capital estava entre as quatro mais relevantes. Até os anos 1700, Belém era a terceira cidade. Repare no prefixo dos telefones, pela ordem de importância: ficamos com o número nove. Então a gente foi decaindo e decaindo... Faltou à nossa elite, e aí eu não falo de elite política, mas de um modo geral mesmo: intelectual, empresarial, política também, sindical... Enfim, faltou à elite visão ou previsão de que isso aconteceria... ou de lutar contra isso... Foi deixando...? Foi deixando! Mas porque caiu nos “cantos de sereia”, digamos, do Poder Central... diferente do Nordeste, que sempre foi muito mais pobre que nós, mas que se unia na hora em que era necessário. A nossa elite sempre se vendia ao Império, para a República. Desde que deixamos de ser ricos, com a queda da borracha, essa elite foi sempre se perdendo e não conseguiu montar um projeto para manter Belém com seus privilégios. Mas eu acho que até 64, quando há deliberadamente um projeto de criar um polo, dentro da política de Segurança Nacional, com medo de invasão das fronteiras e tudo mais – aí há uma política de levar, interiorizar o desenvolvimento, a ocupação, em verdade... porque o desenvolvimento acaba
sendo secundário. Prioritária foi a ocupação do território nacional. Isso veio desde o Juscelino Kubitscheck, seguido pela Belém-Brasília e Transamazônica. E tudo isso poderia ter sido feito com outro modal de transporte: nosso e mais barato, inclusive, que é o fluvial; menos agressivo ao meio ambiente também. Se assim tivesse sido, Belém teria continuado no mesmo lugar de destaque porque teríamos a navegação costeira que chegaria a Belém e daqui se distribuiria para o resto da Região Amazônica. Mas optaram por esse modelo do automóvel, da estrada mesmo, que é único no mundo, nem os Estados Unidos, nem a Europa, nem Rússia, nem China, nem grandes países de dimensão continental como o nosso, e aí eu boto a Europa como um bloco só, escolheram esse modelo burro, de levar o desenvolvimento e ocupar território com o carro, com a estrada. Ou se faz com ferrovias, ou se faz com hidrovias, e nós tínhamos o maior sistema de hidrovias naturais. Foi como Belém manteve sua centralidade. Optou-se pelo modelo menos inteligente e Belém perdeu. Então, quando se faz a Transamazônica, a Belém-Brasília; quando se leva para Manaus a Zona Franca e tudo o mais; transfere-se a sede do Comando Militar e uma série de outras coisas, é lá que ocorrem as melhorias, é lá que se for- »»»
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Belém abriga curiosidades pouco conhecidas como a maior igreja conventual do país [Santo Alexandre] e a maior catedral fora do continente europeu: a Igreja da Sé.
ma uma nova elite: a amazonense, ou manauara, ou “baré”, como costumavam chamar. E essa elite até por ser um pouco de fora, com uma visão mais ampla de negócios, consegue transformar e projetar Manaus para o mundo como A cidade da Amazônia. Ao mesmo tempo em que nós vamos perdendo isso, a referência para a região, como metrópole. Mas a perda foi total? Entre mortos e feridos nada se salvou...? Só não perdemos algo que é indubitavelmente nosso: o título de capital cultural da Amazônia e não há como discutir isso. Mas quando perdemos todo o resto nós não soubemos combater isso. E para explicar isso, eu precisaria entrar em uma série de discussões políticas que talvez não venham ao caso aqui nessa conversa... Mas voltando à questão cultural, “Belém foi o que foi”. Digo isso parodiando o Padre Antônio Vieira. Belém é o que é ainda porque foi o que foi. Fomos uma capital de um Estado independente do Rio de Janeiro. Era uma Corte aqui e pouca gente valoriza, sabe ou conhece isso. Às vezes, não sabe nem porque comemoramos o 15 de agosto, data que marca a Adesão do Pará à Independência do Brasil; momento em que o Pará passa a fazer parte oficialmente do Brasil, não mais a Portugal. O Estado do Grão Pará era um dos domínios portugueses na América; o outro era São Salvador. Construiu-se aqui um aparato grandioso para abrigar uma
capital. No período de Dom José V [1689-1750] constrói-se – não à toa – a maior catedral de todos os domínios ultramarinos de Portugal, ou seja, fora do continente europeu: a Catedral de Belém. Isso eu consegui comprovar, junto com um amigo alemão que trabalhava em Cabo Verde, mas ainda não pude publicar como artigo. Nós fomos lá e vimos, depois de medir, concluímos: a nossa é dez metros maior que a Catedral da Praia [Cabo Verde]. Por que então temos uma Catedral tão grande? Não à toa. É a primeira cidade cristã fora do continente europeu! A Catedral do Rio de Janeiro foi construída praticamente só no século 20! Todas essas coisas são simbólicas, claro, mas no período dos governadores, foi construído o maior palácio administrativo, o mais luxuoso, algo constatado por vários visitantes. O jardim daquele lugar, onde hoje funciona o Fórum Cível de Belém, é à moda dos jardins italianos, belíssimo. E isso sem contar que se tem um hospital, a maior igreja dos jesuítas, a ordem que mandava e desmandava, que é a de Santo Alexandre, a maior igreja conventual do país. Então o ‘peso’ histórico de Belém define esse ‘peso’ cultural? A livraria dos jesuítas, por exemplo, era a maior que existia em Belém. Aí você ainda tinha a dos carmelitas, dos franciscanos, dos mercedários... Temos óperas compostas em 1700, peças de teatro feitas para homenagear o nascimento dos prín- »»»
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cipes, todas feitas aqui no Pará. O [Antonio] Landi [arquiteto italiano, 1713-1791] para cá trouxe uma tradição de Bolonha, que era a de montar arcos triunfais. E nossos cabocos aqui fazem as primeiras peças de teatro, publicadas hoje na Biblioteca Nacional. Construiu-se aqui a “Casa do Risco”, a primeira Escola de Engenharia Naval que ensinava quem? Os índios! Os ensinou a construir os navios. As nossas canoas e popopôs [nome popularmente dado aos barcos e pequenas embarcações movidas a motor. O nome é uma referência onomatopeica ao barulho que o motor produz] ainda seguem o mesmo modelo de barcos que os portugueses trouxeram em 1700. Uma quantidade enorme de intelectuais veio então conhecer a Amazônia, que era tida pelos portugueses como a chave do futuro do mundo! Desenhistas formados por Portugal vieram para cá e tinham como discípulos muitos escravos, inclusive que atuaram como mestres de obras e possivelmente criaram projetos creditados ao próprio Landi! O Alexandre Rodrigues Ferreira [foi um naturalista português. Empreendeu uma extensa viagem que percorreu o interior da Amazônia até ao Mato Grosso, entre 1783 e 1792] esculhamba com todo o clero paraense, mas diz que o Padre João da Veiga era um dos homens mais cultos que ele havia conhecido enquanto esteve no país! Os bispos que vieram para cá eram de altíssima cultura. Frei Caetano Brandão foi ser primaz das Espanhas; foi bispo de Braga, que tem esse título por ser a mais antiga diocese de toda a península ibérica. O Frei João de São José Queiroz, frade beneditino que veio a ser bispo de Belém, foi considerado pelo Euclides da Cunha um dos mais cultos. Você teve aqui homens de extraordinária cultura. Depois, na República, no Império, teve o Frei Caetano Brandão, o Antônio de Macedo Costa [que foi colega do papa que doou o altar da Catedral]. O Eduardo Angelim, conhecido pelo movimento da Cabanagem; temos ainda o Felipe Patroni – que enlouqueceu, perto da morte, por não conseguir ser compreendido – que veio a ser um dos caras à frente do jornal O Paraense. Temos o Batista Campos... A influência das ideias da Revolução Francesa entrou direto pela Guiana Francesa, que era praticamente um presídio político, e tudo isso funciona »»»
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de embrião do Liberalismo no Pará... Tivemos uma tradição de inúmeros homens intelectuais, artistas, que vieram por causa da borracha, ou do cacau, ou das especiarias... E as pessoas têm essa noção...? Mas é isso o que eu digo: não têm! E ainda assim, são apaixonadas por Belém. É diferente do Maranhão, onde as pessoas não suportam essa história de ser patrimônio da humanidade, não tem essa aceitação porque lá foi enfiado goela abaixo e causou muitos problemas para os moradores do Centro Histórico porque não foi um processo acompanhado das devidas precauções. Se você não dá compensações financeiras para quem mora em área tombada, aquilo vira um inconveniente. Na Europa, os moradores dessas áreas não apenas recebem isenções como também são pagas pelo Governo para as pessoas morarem lá, para continuarem a exercer profissões antigas, típicas. Se você faz celas de cavalo ou é joalheiro e trabalha com artesanato histórico, o Governo te dá uma espécie de ‘bolsa’ para você continuar a fazer, para que seu filho continue essa tradição. Em Florença, na Itália, por exemplo, você acha que todo mundo que mora lá está morando de graça por que quer? Não mesmo! Aqui não era só para ter isenção de Imposto Territorial Urbano, o IPTU. Tinha que ter incentivo
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Posso dizer que conseguimos preservar em Belém os monumentos - individualmente. Mas faltam os projetos integrados para áreas da cidade, algo que nunca conseguimos fazer.
federal, não pagar imposto de renda, que tanto dói no bolso do cidadão. Se é um patrimônio nacional, não é só a Prefeitura que tem de dar conta. Como anda Belém em termos de cuidado com o seu patrimônio histórico? Não está mal cuidada até mesmo na comparação com outras cidades até mesmo por esse amor nosso pela cidade, mas estamos tão acostumados e mergulhados nesse tanto de notícias ruins que as pessoas não tomam conhecimento disso. Antes, disputávamos com São Luís (MA) esse título de quem cuidava melhor do seu patrimônio, mas hoje essa disputa passou pra Manaus (AM) e nós perdemos. Aí começou a competição com Fortaleza (CE), que é uma cidade fora desse padrão, mas os caras lá se uniram e de uma gestão governamental para outra, os projetos iam ganhando cada vez mais continuidade, diferente daqui, que quando um se elege, primeiro trata de desfazer o que o seu antecessor fez. E sempre foi assim aqui, independente de partido, lamentavelmente. O que ainda restou é que nós nos segurarmos na própria identidade, e acho que isso fez acender esse sentimento nas pessoas. Posso dizer que conseguimos preservar em Belém os monumentos - individualmente. Mas faltam os projetos integrados para áreas da cidade, algo que nunca conseguimos fazer. Durante esse mandato da presidente Dilma Rousseff, percebi »»»
que melhorou a relação entre Governo Federal e Prefeitura de Belém, que foi aquinhoada com muitos recursos, formalmente, do projeto Monumenta, mas os valores nunca foram repassados! Isso pode ter a ver com o fato de que não existe hoje um plano estratégico para o Centro Histórico. Zenaldo está tentando montar, para os 400 anos, e fazer o dever de casa como nunca eu vi nos últimos anos ao pensar na cidade como um todo, com uma equipe na CODEN. De qualquer forma, não há imóveis correndo risco, mas algo que preocupa, ainda é a situação do Ver-o-Peso e entorno, que precisa ficar livre do tráfego pesado de veículos. Enquanto houver ônibus passando por ali, pela Cidade Velha, não haverá solução. Estamos 40 anos atrasado quando o assunto é transporte público de massa. Esse [Bus
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Rapid Transit, em português, Ônibus de Trânsito Rápido] BRT é uma piada. Precisamos de transporte de massa de verdade, porque esse é um problema que atinge toda a cidade e repercute no Centro Histórico, então seja metrô de superfície, [Veículo Leve sobre Trilhos] VLT, o que seja, não estou falando de metrô subterrâneo. Foi um projeto eleitoreiro e a solução, a tentativa de consertar não deu muito certo. Falta um serviço eficiente de qualidade, de velocidade, de pontualidade, de regularidade para o transporte metropolitano. O transporte coletivo estrutura a cidade quando funciona e faz com que as pessoas possam vencer a distância casa-trabalho-casa, e isso, automaticamente, diminui a pressão imobiliária sobre o Centro Histórico, porque se você puder morar bem, em espaços maiores, sabendo
que em 20, 30 minutos você chega ao trabalho. Essa pressão já dura quase 400 anos! O que você pediria de presente para a cidade ao soprar as velas do bolo dos 400 anos de Belém? Eu insistiria no transporte como um reestruturador da cidade, para diminuir as pressões sobre o Centro Histórico e redemocratizar a ocupação de Belém e de toda a Região Metropolitana. O Ver-o-Peso não pode ser mais um mercado de venda de peixe de supermercado, de grandes mercados como Fortaleza, Brasília, é preciso achar uma alternativa - e isso também é uma condição para salvar aquele espaço, não adianta ficar fazendo intervenção. Sem isso, é uma questão de tempo até o Centro Histórico definhar.
CARIBBEAN ISLAND Ter uma ilha particular, não é mais privilégio somente dos ricos e bilionários. O sonho da ilha só pra você e convidados seletos, agora é para todos! Essa é a proposta da Caribbean Island, uma ilha flutuante [boia é para os sem-criatividade]. Convide seus amigos e familiares para desfrutar da sua ilha privada flutuante. Com recursos como porta-copos, encosto, plataforma de embarque e assentos individuais com fundo telado. Com capacidade para até 6 pessoas, a “ilha” tem coolers, plataformas de embarque, piscina própria e ainda toldo para proteção contra o sol. Onde encontrar: http://www.islandinflatables.com.au/ Preço sugerido: não divulgado
HEMINGWRITE O Hemingwrite é um curioso aparelho que busca retomar o espaço da velha máquina de escrever. Esse processador de texto com visual retrô conta com teclado Cherry MX e uma pequena tela e-ink de 6’’, além de uma duração de bateria de mais de 6 semanas. Além de ter memória interna para gravar mais de um milhão de páginas, o Hemingwrite também tem conectividade Wi-Fi e Bluetooth, assim seus textos estarão sempre seguros no Google Docs ou no Evernote. O objetivo não é ser parecido com um notebook, e sim com uma máquina de escrever mesmo, tanto que o case de alumínio é bem pesado, com 1,8 kg. Felizmente, ele vem com uma prática alça para ser carregado por aí. Onde encontrar: http://hemingwrite.com/ Preço sugerido: US$199
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PRYNT Já pensou em transformar seu smartphone em uma câmera instantânea, tipo Polaroid? Essa é a proposta da Prynt, uma “capa” que se adequa ao seu iPhone ou Android e eternizará suas memórias. Onde encontrar: http://www.pryntcases.com/ Preço sugerido: Não informado.
A Amazon não começou sua jornada desenvolvendo hardwares, mas depois de virar a maior loja virtual do mundo, a empresa começou a aumentar seus horizontes. Hoje, a companhia já criou leitores de e-book, celulares, tablets, e agora tem mais uma novidade para seus fãs! O alto-falante Echo foi anunciado, ele foi criado como um “speaker” comum, porém, com algumas funcionalidades mais poderosas. O aparelho foi desenvolvido para servir como um sistema de controle de voz da Amazon, com diversas opções. Com esse intuito, a empresa criou um tipo de assistente pessoal, parecido com o Google Now, ou seja, sem muita fluidez, mas que, de certa forma, funcional. Com o Echo é possível definir alarmes, controlar suas músicas, fazer perguntas sobre o tempo, realizar pesquisas na web e ouvir notícias, tudo isso através da sua voz. O conteúdo é acessado via Bluetooth e Wi-FI, e ainda pode ser conectado no computador, Android, iOS e Fire Phone. Para começar a usar a assistente pessoal do Echo, você pode falar “Alexa”, é como o “Okay Google” no Google Now. Com o Fire Phone e aparelhos Android, os usuários podem aproveitar a força total do aparelho [parece que há algumas limitações nos outros sistemas]. Onde encontrar: www.amazon.com Preço sugerido: US$199
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Os preços e disponibilidade dos produtos são de responsabilidade dos anunciantes
confraria
capa
A Cozinha Club & Gourmet foi assinada pela arquiteta Conceição Barbosa. www.revistalealmoreira.com.br
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Lucas Ohana
Dudu Maroja
Casa Cor Pará 2014 bate
recorde depúblico Ambientes encantadores, nova sede, eventos e detalhes imperdíveis marcaram a Casa Cor Pará 2014.
A
palavra ‘casa’ evoca – quase que instantaneamente – a sensação de aconchego e remete a bons momentos, família, bem-estar, tranquilidade, sossego e paz. Já o conceito de ‘cor’ carrega consigo significados, como ânimo, jovialidade e alegria. A união desses dois termos – casa e cor – não poderia ser mais adequada para nomear um evento tão importante quanto a Casa Cor, a mais completa mostra de arquitetura, design e paisagismo das Américas e a segunda maior do mundo. O evento é um convite irrecusável para quem gosta de arquitetura, oportunidade imperdível para quem quer passear, fazer uma programação diferente; para aqueles cujos ofícios têm a ver com o belo, com decor; para quem curte inovações ou quem tem interesse em reformar sua casa; aos que desejam conhecer trabalhos de grandes arquitetos, fazer negócios, para quem aprecia paisagismo... A Casa Cor é tudo isso e muito mais. A edição paraense deste ano, que teve como arquiteto homenageado o saudoso professor Roberto de La Rocque Soares, foi realizada no período de 8 de outubro a 7 de dezembro e bateu recordes de público. A duas semanas de seu término, mais de vinte mil pessoas já tinham visitado a mostra e um dos principais motivos foi a localização deste ano: o Boulevard Shopping, que fica em uma área central de Belém. Um dos ambientes badalados, que receberam grandes eventos, foi o Restautante “The Wall (by Leal Moreira)”. Os principais deles foram o lançamento da Revista Casa Cor Pará 2014, a comemoração de cinco anos do Boulevard Shopping (que teve talk show com o diretor criativo da São Paulo Fashion Week, Paulo Borges, e a consultora
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de moda Constanza Pascolato), o Jantar dos Patrocinadores da mostra e a premiação dos espaços. (conheça o espaço The Wall na página 114) Os ambientes gourmet vieram com força total e estavam em alta no Casa Cor Pará. Os diversos coquetéis e jantares, por exemplo, contaram com a presença de chefs como Paulo Anijar, Ilca do Carmo, Felipe Gemaque, Solange Saboia e também o médico ortomolecular Alfredo Coelho, com suas receitas funcionais. A Cozinha Club & Gourmet, elaborada pela arquiteta Conceição Barbosa, ganhou a proposta de possibilitar ao anfitrião da casa preparar comidas e, ao mesmo tempo, dar atenção aos convidados. A cozinha ocupava a parte central e os ambientes de estar ficavam nos dois extremos para gerar interação entre as pessoas. Ao entrar na Cozinha Club & Gourmet, a grande estante da Todeschini, peça central do espaço, saltava aos olhos. Nas áreas de estar, os visitantes puderam contemplar quadros de Paulo Azevedo, fotografias de Marcos Mendonça e Betânia Estrela, além de telas da Urban Arts. Conceição Barbosa participou pela terceira vez da Casa Cor e ganhou o prêmio de melhor projeto este ano. “O fato de ter sido no shopping foi bom por ser um local que facilita o acesso das pessoas. Adorei a Casa Cor”. Outro ambiente gourmet foi a Cozinha do Chef da Casa, projetado por Natália Jacob e Elisa Cardoso, um verdadeiro convite aos amantes da gastronomia e fãs de vinhos. O espaço mesclava elementos rústicos com modernos e era bem harmônico. Destaque para a decoração na parede feita com garrafas de vinhos e para a presença de plantas. “Achei muito diferente a edição deste ano e a »»»
Varanda Gourmet, por Heloísa Titan e Tatiana Athayde.
O arquiteto Caíque Lobo elaborou o Estúdio do Homem Moderno.
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Cozinha do Chef da Casa, projetado por Elisa Cardoso e Natália Jacob.
questão do acesso foi bem melhor devido à localização e à facilidade de estacionamento. Os ambientes estavam bem variados”, disse Natália. Bem próxima ao espaço Cozinha do Chef da Casa, a Varanda Gourmet da arquiteta Heloísa Titan e da designer de interiores Tatiana Athayde também repercutiu bastante. Inspiradas em ícones da Inglaterra, foram adotadas referências de pub inglês e o ambiente ficou único. “Nós partimos do princípio de que as famílias gostam de reunir amigos e parentes. A partir disso, utilizamos vários símbolos da Inglaterra – como a geladeira e os quadros – para transformar, com a iluminação e as cores, em um ambiente acolhedor”, disse Tatiana. O mobiliário e as peças da ambientação foram pensados não para ser uma cozinha, mas sim algo para uso reservado e para execução de receitas simples, o que contribuiu para a realização de eventos no local. Heloísa Titan ressalta que o shopping foi destaque deste ano da mostra. “Já participei de três edições da Casa Cor Pará e este ano eu achei muito boa a localização e a segurança”. Saindo do clima londrino em direção ao american way of life, o espaço Estúdio do Homem Moderno, do arquiteto Caíque Lobo, tinha 58 m² e foi inspirado em lofts de Nova York e grandes construções de Manhattan, tendo como base um estúdio pensado para homens contemporâneos. Assim, ele escolheu tons sóbrios e escuros para dar clima industrial e marcar o ambiente como masculino. O estúdio tinha sala, copa, área para refeição, escritório, cama, banco, armário e banheiro. Tudo em sintonia. A ausência de divisórias colaborou para o projeto de iluminação e para a área social de convivência. “Lofts são tendências, ainda mais no dia a dia que precisa de praticidade. É tão funcional que basta contratar uma diarista para os serviços de casa.” Para Caíque, a Casa Cor deste ano foi especial e ousada por ser dentro de um shopping. “A localização ajudou muito na visitação do público, na segurança do evento e agregou bastante à mostra”. Um dos destaques do espaço do arquiteto foi a preocupação ambiental: Caíque utilizou granito »»»
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Loft do Rapaz, de Igor Tairo, Ricardo Garcia, Roberta Vieitas e Tatiane Madeiro.
de marmoraria para revestir paredes; piso de borracha que imitava madeira; além de camburões reaproveitados. Por falar em loft, o Loft do Rapaz também veio com uma proposta encantadora. Projetado por Igor Tairo, Ricardo Garcia, Roberta Vieitas e Tatiane Madeiro, a ideia era mostrar que é possível viver com conforto e luxo num espaço de dimensões reduzidas – no caso deles, de 33 m². “Um dos motivos para decidirmos fazer um loft pequeno é que apartamentos com dimensões menores estão em alta no mercado. Nós queríamos mostrar que eles não são apenas para quem está começando a vida. Pelo contrário, mesmo quem quer investir ou morar com conforto pode ter um apartamento como esse”, disse Igor. O ambiente foi pensado para um homem solteiro, na faixa de 30 anos, cineasta, apreciador de cerveja e de artes e que gosta de viajar. Os arquitetos procuraram ambientar o espaço com peças que dessem personalidade, para não ficar impessoal. “Nós tínhamos muitas peças do nosso acervo, que trouxemos das nossas casas, dos nossos escritórios, como quadros e lembranças de viagens”, conta Igor. O projeto contemplava cozinha, quarto, closet e banheiro. O segredo foi não usar paredes e se-
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torizar com um bom layout: a disposição dos móveis conseguiu delimitar bem os espaços. Outro artifício foi rebaixar o gesso nas áreas da cozinha e do closet, dando dimensão de espaços individuais. “Ao rebaixar as extremidades, nós automaticamente destacamos a parte central do loft, que é o coração do ambiente, onde está a luminária”. Sobre a edição da Casa Cor Pará 2014, Igor destacou que foi positiva e que a visitação foi muito boa. “Nós conseguimos atingir um público muito maior pelo fato de ser dentro do shoppping e acredito que este ano os profissionais e os fornecedores se empenharam muito mais. Os arquitetos foram mais ousados nas escolhas dos projetos e todos ficaram bem diferentes. Tinha ambiente para agradar todo mundo”. Ricardo complementa que “o que eu escutei de clientes é que, muitas vezes, as pessoas estavam apenas passeando no shopping e, quando viam que tinha Casa Cor, vinham para o evento. A segurança e o estacionamento contaram muito para o sucesso da edição deste ano”. A Casa Cor Pará teve opções para todos os gostos: desde lofts compactos a ambientes espaçosos, como o Apartamento Urbano, da arquiteta Vanessa Martins, de 100 m² formado por cinco cômodos. “A Casa Cor ficou mais fácil de ser visitada. Por exemplo, uma pessoa pode estar passe-
Apartamento Urbano, de Vanessa Martins.
Home Theater, do arquiteto Helder Coelho.
ando no shopping e se interessa em entrar na mostra. Devido à segurança, achei muito conveniente ser neste local e teve muito mais público”, disse a arquiteta Vanessa, conforme havia destacado anteriormente Ricardo Garcia. O Apartamento Urbano era repleto de itens contemporâneos, como o sofá em formato de “L”, as mesas de vidro do designer Jader Almeida e as mesas de centro do designer Guilherme Torres. Mesclando um pouco com o clássico, os dois estilos ficavam em harmonia, como é o caso do lustre de cristais de rocha próximo a um abajur moderno. “Sempre procuro criar espaços contemporâneos com toques clássicos para dar mais sofisticação e elegância. No meu ambiente, tinha detalhes como, por exemplo, móveis clássicos e bastante dourado”, destaca Vanessa. As belezas dos espaços despertam notadamente a atenção das pessoas em todas as edições e fazem com que o evento transcenda o conceito de ser ‘apenas uma mostra’, tornando-se um centro de inspirações para diversas áreas. Na edição paraense, foram realizados ensaios fotográficos, lançamentos de coleções decorativas, filmagens – como a gravação do clipe da cantora Ângela Carlos, que contou com a presença dos músicos Wanderley Andrade, Nelsinho Rodrigues, Kim Marques, entre tantos outros artistas locais que
também passaram por lá. Falando em música, os amantes de sistemas de automação voltados para shows e filmes tinham ótimas opções na Casa Cor, como o Home Theater, do arquiteto Helder Coelho, bastante ousado e criativo. “Estávamos cansados daqueles cinemas tradicionais em casa e nós tentamos dar uma ideia nova, um conceito novo, porque a Casa Cor é exatamente isso: lança moda, tendências, cores, visual... e a ideia foi fazer um ambiente criativo. Ao mesmo tempo em que era uma sala de cinema, era também um lounge que proporcionava área de convívio.” Um dos grandes destaques do Home Theater era a automação. “Hoje, ninguém vive sem tecnologia e a arquitetura está aí pra isso. Nós usamos um sistema de automação moderno e diferenciado no mercado, com sistema de som dinamarquês e tecnologia de ponta”. Essa foi a quarta edição de que Helder participou da Casa Cor Pará. “A mostra este ano inovou em tudo, em termos de localização e espaço. A ideia de estar dentro de um shopping, ainda mais o Boulevard Shopping, que tem a ver com a marca e, para nós, como profissionais, foi um grande avanço. Conseguimos mostrar melhor o nosso trabalho. A acessibilidade de estacionamento e a segurança foram importantes”, conclui. »»»
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Os arquitetos Manoel Correa, Andréa Riccio e Ana Claudia Peres fizeram a Varanda da Casa de Praia.
Sala Íntima, de Bertrand Tenório.
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Uma das novidades na Casa Cor Pará 2014 foi a Casa de Praia, composta por seis ambientes com a temática praiana. A Varanda, projetada por Andréa Riccio, Manoel Correa e Ana Claudia Peres, era um deles. “A proposta era ser acolhedora, confortável e aconchegante, porque uma varanda tem que trazer essas características para a pessoa ficar acomodada. Por isso, utilizamos elementos naturais como palha, madeira, planta, entre outros”, disse Ana Claudia. O tom neutro era predominante e foi pensado justamente para valorizar detalhes da decoração e remeter a praias de rio. Para simular a vista para o mar, havia uma projeção automatizada que passava vídeos e, além disso, três grandes fotografias do Rio de Janeiro contextualizavam com a temática. Andréa ressaltou sobre a novidade da Casa de Praia. “Eram seis ambientes e eles tiveram uma linguagem única, mesmo sem nós sabermos os projetos dos outros arquitetos. Foi uma experiência que deu certo”, disse a arquiteta, que destacou também que a Casa Cor atingiu vários segmentos de público e o leque de visitantes ampliou. Outro espaço de destaque na Casa de Praia foi a Sala Íntima, de Bertrand Tenório. Como o local é um ambiente bem particular da casa, a proposta, acima de tudo, foi buscar conforto, funcionalidade e, principalmente, aconchego. Os elementos naturais ficavam em evidência, como o revestimento de pedras Tetris e o piso rústico com textura de sisal, que, juntamente com os itens verdes, reforçavam o clima da Casa de Praia. Outro destaque era a estante com dois tipos de acabamento: um que lembrava aço corten e outro de madeira com textura de lactato, que é natural. Ao lado dela, ficava um lindo lustre de palha, que contribuía para o tom natural do espaço. Bertrand participou pela primeira vez da mostra e aprovou o evento. “Dificilmente eu entro em mostras e acho a Casa Cor o evento mais importante »»»
PEร AS INSPIRADAS EM
OBRAS DE ARTE Sร PODERIAM SER
SUCESSO 2V SURอ VVLRQDLV GD Casa Cor Parรก 2014 GHGLFDUDP VH FRPR DUWLVWDV SDUD DOLDU IXQFLRQDOLGDGH GHVLJQ H VRอ VWLFDยงยฃR DRV HVSDยงRV GD PRVWUD $ 0HWDOOR PRVWURX TXH HVWLOR H LQRYDยงยฃR VยฃR VXD PDUFD UHJLVWUDGD ( R UHVXOWDGR อ QDO GHVWD XQLยฃR VยฃR RV PDLV EHORV DPELHQWHV FRP UHTXLQWH ERP JRVWR H SHUVRQDOLGDGH &RQKHยงD RV SURGXWRV TXH IRUDP VXFHVVR QD &DVD &RU H VXUSUHHQGD VH
Rui Barbosa, 582 B (91) 3223-7974 / 3223-7975
Laureando destaques
- Projeto Capa de Revista: Suíte do Casal da Casa de Praia (Rosangela Martins e Zelinda Gouvêa) - Melhor projeto tecnológico: Estúdio do DJ (Fábio Seixas, Fernando Navarro e Marcos Loureiro) - Melhor projeto de iluminação: Estúdio do Fotógrafo (Sotto Arquitetura – Danielle Cunha, Natália Vinagre, Rodrigo Lauria e Lenira Landeia) - Projeto mais ousado: Cozinha da Casa de Praia (Débora Rodrigues e Márcia Nunes) - Projeto mais funcional: Lounge Sustentável da Executiva (Ana Cecília e Patrícia Matos) - Destaque Inovação: empate Varanda da Casa de Praia (Andrea Riccio, Ana Cláudia Peres e Manoel Correa Jr.) e Loft do Rapaz (Igor Tairo, Tatiane Madeiro, Roberta Vieitas e Ricardo Garcia) - Categoria “Esse quero pra mim”: empate Sala de Jantar da Casa de Praia (Arquitetura Oggi – Láyza Meirelles, Luciane Lucena e Patrícia Póvoa) e Estúdio do Homem Moderno (Caíque Lobo) - Projeto mais criativo: Leal Moreira Dolce Vita (Junior et Perlla) - Projeto mais sofisticado: Apartamento Urbano (Vanessa Martins) - Melhor projeto Casa Cor Pará 2014: Cozinha Club & Gourmet (Conceição Barbosa)
Destaques Casa Cor Pará 2014
O evento de premiação dos espaços foi realizado no dia 27/11 e teve um coquetel especial no Restaurante The Wall. Confira os vencedores:
A Casa Cor em números Em 58 dias de mostra, a Casa Cor Pará recebeu mais de vinte mil visitantes, que conheceram os 36 ambientes da mostra deste ano, além da Praça Central, Casa de Praia e Casa Urbana. Ao longo de quase dois meses, foram realizados 31 eventos. 64 profissionais (arquitetos, designers, decoradores, paisagistas e artistas plásticos) estiveram diretamente envolvidos no sucesso da expo. E os números não param aí: mais de 80 empresas marcaram presença na Casa Cor Pará, que gerou quase mil empregos diretos e indiretos.
Sala de imprensa, por Carlos Alves.
da nossa área. Já estou há 15 anos no mercado e achei que seria interessante mostrar meu trabalho para um público maior. A Casa de Praia foi o que me motivou a entrar porque eu gosto de novidades e, na época, eu tinha acabado de desenvolver dois projetos de casas de praia.” A Casa de Praia ficava localizada no 4º Piso do Boulevard Shopping, mesmo andar da Casa Urbana – que era o local onde tinha a maioria dos espaços –, a Praça Central e o Restaurante ‘The Wall (by Leal Moreira)’. Os quatro ambientes formavam o circuito da Casa Cor Pará 2014, que teve projeto geral dos arquitetos José Jr. e Ana Perlla. “O conforto dos visitantes e dos profissionais da Casa Cor Pará foi importante para o sucesso do evento. O principal é que nós tivemos grande visibilidade pelo número de pessoas que frequentam o shopping. A Casa Cor reúne fornecedores, arquitetos, lojistas e pessoas interessadas na mostra e, quando tem a união de tudo isso, é perceptível um aquecimento no mercado. Mais uma vez superou as expectativas”, disse José Jr. André Moreira, franqueado e diretor da Casa Cor Pará, também falou sobre a mostra. “A Casa Cor Pará 2014 foi incrível. Os 36 espaços estavam belís-
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simos, o público foi bem superior em relação às edições anteriores e o evento foi realizado pela primeira vez no mall de um shopping. Os nossos arquitetos, paisagistas e designers, novamente, mostraram seus talentos e encantaram todos os visitantes”. Ana Paula Guedes, franqueada e diretora, também falou sobre o evento. “A Casa Cor é sonho, desejo e ideias. As pessoas estão valorizando cada vez mais estar em casa e receber seus amigos e familiares. Os próprios conceitos das construtoras vêm com sacada gourmet e uma sala grande. Tudo isso faz com que as pessoas queiram estar decorando e arrumando seus lares e, consequentemente, traz público para os profissionais da Casa Cor. Como a mostra é a única da Região Norte, vêm pessoas até de outros estados”. Os patrocinadores foram essenciais para mais uma edição da mostra. O diretor de marketing das ORM, Guarany Jr., falou sobre a importância de investir no evento. “A Casa Cor é um empreendimento que simboliza o que há de mais avançado na arquitetura e no design, o que expressa o puro marketing sensorial. Os visitantes tiveram a chance de conhecer os trabalhos de grandes profissionais do estado. Daí a parceria das ORM com um evento
tão significativo”. Ricardo Gluck Paul, diretor-geral da Estácio Pará, também destacou a relevância de patrocinar a Casa Cor. “A Estácio Pará tem cursos de Arquitetutra, Design e Engenharia e é importante a nossa vinculação com a mostra. Além disso, a Casa Cor é um evento de artes e, nesse sentido, nós investimos bastante no setor cultural. Por fim, a Estácio é líder de mercado como a maior instituição privada de Ensino Superior do Pará e a Casa Cor também é lider de mercado”, Representando a Leal Moreira, o diretor-executivo/ CEO da construtora, Drauz Reis, ressaltou também a edição deste ano. “A Leal Moreira tem vários valores em comum com a Casa Cor – como seriedade, inovação e compromisso – e é com muita satisfação que, pelo quarto ano consecutivo, somos patrocinadores estruturais da mostra. Na edição deste ano, nós ficamos honrados em receber o prêmio de projeto mais criativo da Casa Cor Pará com o Leal Moreira Dolce Vita, elaborado pelos arquitetos José Jr. e Ana Perlla. Além disso, nós tivemos também dois outros belos ambientes: o Restaurante The Wall, assinado pelo arquiteto Wallace Almeida; e o Santoro Concept, projetado pela arquiteta Beth Gaby”.
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especial Leal Moreira Dolce Vita
Living do Leal Moreira Dolce Vita, dos arquitetos JosĂŠ Jr. e Ana Perlla. www.revistalealmoreira.com.br
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Lucas Ohana
Dudu Maroja
A évida doce, mora? A
década de 60 foi um período de efervescência cultural e inspirou o surgimento do estilo Mid-Century, baseado em aprimoramentos do meio do século XX de áreas como design gráfico, design de interior e arquitetura. No loft Leal Moreira Dolce Vita, na Casa Cor Pará 2014, os arquitetos José Jr. e Ana Perlla se valeram de ícones dessa época para a elaboração do espaço. O nome foi inspirado no filme do cineasta italiano Federico Fellini, que virou sinônimo de felicidade e harmonia e ficou relacionado ao conceito de ter qualidade de vida. O ambiente representava o estilo de viver um Leal Moreira e foi pensado em todos os detalhes: desde vasos e luminárias a poltronas, mesas e quadros. As referências aos anos 60 estavam por todos os lados. As garrafas de água, blocos de papel, canecas e lápis, por exemplo, contextualizavam
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com a época e foram personalizados com a marca da Leal Moreira pelo Ateliê Vânia Amanajás. Já a obra Love, na copa, é uma réplica da famosa escultura do artista plástico Robert Indiana, reproduzida atualmente em diversos locais dos Estados Unidos e do mundo. Ela foi criada durante a Guerra do Vietnã – servindo, consequentemente, como fomento à paz mundial – e é um dos destaques da Pop Art. A modelo, cantora e atriz britânica Twiggy, considerada uma das primeiras top models do mundo e nomeada como “The Face of ‘66” pelo jornal Daily Express, ganhou um enorme painel. Seus cabelos curtos, olhos realçados por delineador e a blusa com gola rolê são traços marcantes da moda feminina dos da época. O toca-disco era outro ícone vintage do Dolce Vita. Além do valor decorativo, muitas pessoas não abrem mão da sua qualidade musical. Ao »»»
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Cores fortes são características marcantes de projetos de José Jr. e Ana Perlla.
lado dele, diversos discos espalhados pela mesa e, dentre eles, álbuns dos Beatles. Os ambientes do loft – sala, gabinete, copa e suíte de casal –, foram integrados harmonicamente, de maneira prática e funcional, graças à harmonia de elementos como cores, divisórias, mobiliários e objetos. Dentre os revestimentos, alguns dos destaques foram o Rerthy no modelo Flora (da Metallo); as placas 3D no forro da cozinha (da Home Design Decoração); e o Porcelanato Concretyssima (da Portobello) no piso e em algumas paredes. Os móveis também eram bastante expressivos e delimitavam espaços, como a estante Zig Zag da Florense, que separava a copa e a suíte. Outro item que também colaborava para a transição entre ambientes de maneira delicada era o cobogó, que foi bastante utilizado na década de 20 e hoje em dia está em alta novamente. Além de proporcionar privacidade (sem comprometer a ventilação natural e a luminosidade), possibilita uma estética diferenciada devido ao seu formato boleado. As cores também eram bastante expressivas no Dolce Vita. É a primeira vez que a gente faz Leal »»»
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Moreira como residência. Nós utilizamos todas as cores que têm nos nossos projetos: vermelho, rosa, laranja, amarelo; tudo veio pra fora. A nossa parceria com a Leal Moreira está há quatro anos e nós já realizamos vários projetos corporativos, mas, desta vez, imprimimos a marca de como é receber dentro de um Leal Moreira”. O ambiente ficou tão bonito que conquistou o prêmio de projeto mais criativo da Casa Cor Pará. José Jr. recebeu o troféu no evento de premiação dos espaços, no dia 27/11. “Ficamos muito felizes com o prêmio da Casa Cor Pará. O Dolce Vita foi pensado em todos os detalhes e é muito bom ter um reconhecimento tão importante como esse”, disse José Jr. Em 2011 e 2012, a Leal Moreira conquistou os prêmios de projetos mais ousados da Casa Cor Pará com José Jr. e Ana Perlla e, em 2013, repetiu a parceria com a dupla e ganhou o prêmio de melhor projeto da mostra.
Itens dos anos 60 no Leal Moreira Dolce Vita.
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Pantagruel veio jantar Abertas as urnas, definidos os vencedores, encerra-se o jogo. As discussões ainda pululam nos bares, mas vão se esvaindo até nada mais sobrar. A vida volta ao normal. Assim como no esporte, alguns ganham, outros perdem, mas o jogo continua, os campeonatos se sucedem, as paixões se exaltam e se acomodam. Não importa se você é Remo ou Paysandu, se o vencedor foi A ou B, importa que quem ganhou vai representar Remo, Paysandu e todos os demais times. É nesse momento que devemos perguntar: o que podemos esperar de quem ganhou? A palavra mais repetida durante as eleições é mudança, mas paradoxalmente o que emergiu das urnas foi tudo, menos mudança. Acho que o ser humano tem um quê de bipolar: pensa de um modo e age de outro. Afinal, confirmamos a tese política do “vamos mudar para que nada saia do lugar”. Já que tudo continua no lugar não temos o direito de esperar nenhuma mudança significativa, vamos ter mais do mesmo. Não que eu concorde que tudo deve mudar, aliás, sou mais conservador do que penso sobre mim mesmo. O que me incomoda é esse comportamento bipolar, ou se quer de fato mudança ou não se fala mais nisso. Todos nós queremos mais segurança, emprego,
saúde, educação de qualidade etc. Em um mundo utópico, um político deveria perguntar: quanto vocês estão dispostos a pagar por isso? Na nossa mísera realidade, todos diriam: nada. E esse político não ganharia eleição alguma. Se vamos num supermercado, pagamos os suprimentos; se vamos ao posto, pagamos pelo combustível; no restaurante, o jantar não é de graça, então, como esperar que um governo ofereça tudo de graça? Mas o atento leitor diria “ora, já pagamos impostos elevadíssimos”. De fato, temos uma carga tributária que leva mais de um terço de tudo que é produzido no país. No entanto, é insuficiente para todas as demandas. Mesmo se houver o argumento de que muito é desviado ou desperdiçado, ainda assim será insuficiente. Na realidade, queremos mais do que podemos. Numa máquina, medimos o rendimento que é a proporção entre a energia entregue e a energia consumida (lembram-se de Lavoisier? “nada se cria, tudo se transforma”). O Moto Contínuo, um mito tecnológico que não desperdiça nenhuma energia, não existe assim como o jantar de graça. O fato é que o estado é uma máquina de baixo rendimento: consome muito e entrega pouco. Se fosse um equipamento industrial, já teria sido subs-
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tituído, ainda mais numa época em que o mote da sustentabilidade é alardeado aos quatro ventos. Então, a discussão deveria ser em torno do Estado e não dos candidatos. Se queremos um estado mastodôntico com tentáculos em todos os setores, atuando em todos segmentos, sendo paternalista e em tudo interferindo, estamos no caminho certo. Só precisamos aceitar pagar por isso e parar de reclamar toda vez que precisar de mais e mais impostos ou que surgir um novo escândalo. Se por outro lado entendermos que não estamos dispostos a pagar esse alto preço, não só da ineficiência como da corrupção intrínseca, então não deveríamos olhar para candidatos, mas para uma nova visão de Estado, menos opulento, mais sílfide e, com isso, aceitar que haverá menos interferência, menos salvadores da pátria e menos para quem reclamar. Só que também implica menos benefícios, mais trabalho, menos proteção social. Milhares de questões estão implícitas nessa escolha, só não existe um estado onipresente, eficiente e de baixo custo, esse é um parente do Moto Contínuo e da Pedra Filosofal. A primeira questão é escolher o tamanho do estado que queremos. De que lado você está?
decor Torre Santoro
O Santoro Concept, da Beth Gaby, trouxe os estilos moderno, casual e clรกssico.
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Lucas Ohana
Dudu Maroja
Torre Santoro inspira
espaço na Casa Cor Pará
A
o entrar no Santoro Concept, lounge da Leal Moreira na Casa Cor Pará 2014, a elegância dos móveis e a grandiosidade das telas saltavam aos olhos, proporcionando acolhimento e comodidade às pessoas. Elaborado pela arquiteta Beth Gaby, o ambiente foi inspirado no conceito do Torre Santoro, novo empreendimento da Leal Moreira – que tem localização privilegiada: na Av. Governador José Malcher. Gaby apresentou aos visitantes três estilos de morar: clássico, moderno e casual. No estilo clássico, o Santoro Concept expôs itens em capitonê – em móveis, estofados e painéis –, tela imponente e poltronas Berger e Luiz Filipe, que proporcionaram sensação de aconchego e bem-estar. Já o ambiente moderno do Santoro Concept era bem clean, com cores monocromáticas. A neutralidade do ambiente ficava preservada por três motivos: o branco era a cor predominante, o espelho era expressivo e não tinha muitos móveis. A tela abstrata era relacionada ao Modernismo. Abaixo dela, o rack abrigava aparelhos e equipamentos de televisão, servia como mesa de apoio e tinha design simples e elegante. Para quebrar um pouco a retidão do espaço – característica do estilo moderno –, havia alguns elementos curvos e anatômicos, como a poltrona Pantosh e o puff. O espaço casual era o último do Santoro Concept e Beth Gaby utilizou diversos elementos para deixar o local bonito e despojado. O estilo tem como característica justamente ser leve e descontraído, mas
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com uma condição: tudo deve estar em harmonia. No espaço, havia misturas de cores fortes e alguns dos destaques eram os bancos coloridos com lacas brilhantes, que davam vida ao local. Eles eram versáteis – assim como os garden seats –, e poden ser utilizados em diversas ocasiões. Em cada ambiente do Santoro Concept, as pessoas podiam conferir vídeos sobre o lançamento da Leal Moreira, cada um mostrando apartamentos decorados dos seus respectivos estilos. O local tinha ainda atendimento diferenciado de corretores para quem quisesse conhecer imóveis da construtora. Homenagem O nome do espaço Santoro Concept e do Torre Santoro é em homenagem ao arquiteto Filinto Santoro, que projetou diversas obras importantes em Belém, como o Mercado de São Brás, Colégio Gentil Bittencourt e três palacetes: um para servir de residência ao então governador Augusto Montenegro; outro para o senador Virgílio Sampaio e o terceiro para o senador Marques Braga. A arquiteta Beth Gaby falou sobre a sua participação com a Leal Moreira na Casa Cor e sobre a edição deste ano da mostra. “Tive uma grande satisfação em elaborar o Santoro Concept. Foi muito bom. A Leal Moreira me deu total apoio e me deixou muito à vontade para eu criar o que eu quisesse. Adorei a parceria. Além disso, amei a Casa Cor deste ano e a localização no shopping ficou muito boa”.
decor The Wall
O Restaurante The Wall (by Leal Moreira), de Wallace Almeida, era um convite aos amantes de arte, mĂşsica e gastronomia.
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Lucas Ohana
Dudu Maroja
Arte,
músicae
gastronomia
na
Casa Cor Pará
A
presentar a arte em suas mais variadas formas – essa foi a proposta do Restaurante “The Wall (by Leal Moreira)”, na Casa Cor Pará 2014, cujo projeto foi assinado pelo arquiteto Wallace Almeida. O espaço reunia música, pintura, escultura, grafite e muito mais; inclusive exibição de vídeo mapping – técnica de projeções audiovisuais em objetos ou estruturas. Um dos destaques era a homenagem ao saudoso artista plástico paraense Acácio Sobral, conhecido por seus trabalhos com a técnica encáustica. O painel de entrada, inclusive, foi inspirado em uma obra dele. The Wall (by Leal Moreira) foi idealizado para ser uma galeria contemporânea e mostrar que a arte pode fazer parte do dia a dia das pessoas, sob inúmeras formas e de diversas maneiras. Wallace utilizou, por exemplo, telas em mesas do restaurante e o resultado foi surpreendente e encantador. O ambiente também contemplou grandes nichos em preto e branco nas paredes para evidenciar as obras e qualquer tipo de arte combinava dentro deles, desde esculturas a telas. “Um ambiente pode ser completamente diferente de uma obra, mas ela deve estar inserida harmonicamente. O artista busca o equilíbrio na obra e o arquiteto busca, com a obra do artista, um equilíbrio para seu espaço. A proposta da arte em projetos de arquitetura não é decorar, e sim harmonizar com o ambiente”, explicou o arquiteto. As formas de aplicar a arte são variadas e podem
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fugir do convencional. “É possível utilizar, por exemplo, uma grande tela para revestir uma parede inteira ou o trecho de uma obra para criar um painel, como a fachada do The Wall”, conta Wallace. Outro trabalho artístico em evidência no The Wall foi o grafite, como o de Sebá Tapajós, que ficava em destaque na coluna central do ambiente. Sebá é o idealizador do Reduto Walls – projeto de revitalização de muros do bairro do Reduto por meio da grafitagem e tem obras com a temática “Cores em Movimento”, que foi apresentada no espaço. O The Wall (by Leal Moreira) também apresentou trabalhos de Jorge Eiró, Luiz dos Anjos, Marinaldo Santos, Paulo Azevedo, Armando Sobral, Elieni Tenório, Daniel Zuil, VJ Luan e VJ Lobo. Além disso, as pessoas podiam conferir shows intimistas, de terça a sábado, de talentosos músicos do estado. Passaram por lá nomes como David Benitez, Edgar Matos, Harley Bichara, Elias Coutinho e Tynnoko Costa; e os visitantes podiam apreciá-los com um cardápio especial assinado pelos restaurantes Famiglia Trattoria e Cia. Paulista, parceiros do ambiente que tornaram a experiência de visitá-lo ainda mais prazerosa. Wallace ficou bastante satisfeito com a repercussão do The Wall e contou como foi ter participado deste ano com a Leal Moreira. “Foi um prazer enorme. A mostra este ano teve bastante visibilidade e eu tive o privilégio de ter o espaço voltado para o mall do shopping. Isso favoreceu muito para a valorização do The Wall”.
decor
Destaques da
Casa Cor Pará 2014
A Casa Cor reúne trabalhos dos melhores profissionais de arquitetura, design e paisagismo. Na edição paraense deste ano, os profissionais não economizaram em bom gosto e talento. Confira os grandes destaques:
Bilheteria: A bilheteria recebia os visitantes com um mosaico colorido com a marca da Casa Cor Pará – feito com lâminas de vidros e películas transparentes, desenvolvido pelo arquiteto Carlos Alves.
Painel azul: O painel azul da Metallo dividia os dois cômodos do espaço Estar e Jantar na Casa de Praia de maneira sutil. Revestido com resina PET, tem proteções contra umidade, gordura, mofo, cupim e resistência a impactos, qualidades úteis em residências praianas. Além disso, a Metallo pode customizar os formatos das divisórias de acordo com a necessidade do cliente. O espaço foi elaborado pelas arquitetas Patrícia Póvoa, Láyza Meireles e Luciane Lucena.
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Pendente Bola Solle: Um dos destaques do Estar e Jantar, das arquitetas Patrícia Póvoa, Láyza Meireles e Luciane Lucena na Casa de
Praia, era o pendente laranja Bola Solle da Design da Luz, que deu um charme a mais para a sala de jantar. Tem dimensões de 80 X 40 cm e sua armação é de alumínio.
Lucas Ohana
Dudu Maroja
Espelho: Na Sala Íntima da Casa de Praia, assinada pelo arquiteto Bertrand Tenório,
o estilo do espelho da Metallo era clássico e veneziano. O revestimento Tetris da parede, também da Metallo, é produzido com pedras do Sudeste Asiático naturalmente oxidadas.
Cômoda: A elegante cômoda da Sala Íntima da Casa de Praia, da Galeria M, é uma peça
nova, apesar do tratamento com aparência de móvel antigo. Os objetos de decoração que ficavam na parte superior são exclusivos da Le Lis Blanc Casa. O arquiteto do ambiente foi Bertrand Tenório.
Sandálias: Na Cozinha da Casa de Praia, as arquitetas Débora Rodrigues e Márcia Nunes criaram um colorido painel de decoração feito com sandálias, que contrastava com o tom escuro da parede. A proposta era remeter à ideia de descanso, prazer e descontração.
Cubas: Diversos elementos da Cozinha foram adquiridos em um dos mais famosos pontos turísticos de Belém: o Ver-o-Peso. Alguns deles foram as bacias de alumínio - que serviam de cubas - e os raladores. O resultado foi uma mistura de itens tradicionais e modernos, reforçando a proposta casual do ambiente. Por Débora Rodrigues e Márcia Nunes.
Mesa
A mesa do Estar e Jantar, na Casa de Praia, era da Galeria M, feita de madeira Lyptus para áreas externas e internas, assim como o banco. As cadeiras Salvador, também da Galeria M, são feitas de alumínio e corda náutica. Já os objetos de decoração eram da Maisonnette. O projeto do espaço foi das arquitetas Patrícia Póvoa, Láyza Meireles e Luciane Lucena.
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Modulados: Os modulados da Cozinha das arquitetas Débora Rodrigues e Márcia Nunes eram da S.C.A. (a empresa oferece diversas opções de cores). Destaque para a mesa amarela integrada à bancada vermelha, que proporcionou melhor aproveitamento do espaço.
Jogo de cama: Que tal esse jogo de cama da Suíte do Casal? As peças são da Eliza Ferraz e
Divisória: A solução para dividir o quarto e o banheiro da Suíte do Casal foi a utilização
os tecidos rústicos - juntamente com as cores naturais - ficaram em harmonia com o ambiente, elaborado pelas arquitetas Zelinda Gouvea e Rosângela Martins.
de caibros rústicos adornados com chapéus de palha, criação das próprias arquitetas Zelinda Gouvea e Rosângela Martins.
Pranchas: A arquiteta Socorro Ribeiro pediu emprestadas de um amigo e fez uma adaptação interessante na Suíte do Hóspede da Casa de Praia: elas serviram de base para sustentar espelhos do espaço. Como as pranchas têm curvas, a arquiteta optou por espelhos acrílicos.
Iluminação: Um dos destaques do espaço Suíte do Casal, das arquitetas Zelinda Gouvea e Rosângela Martins, era a iluminação na plotagem que dava clima de praia ao ambiente. O projeto, desenvolvido pela Design da Luz, foi elaborado com lâmpadas fluorescentes. Além disso, a marcenaria, executada pela Horizonte Mobile, simulava venezianas.
Banheiro da Suíte de Hóspedes: A bancada em ônix da Galeria M, na Suíte do Hóspede da Casa de Praia, era
Placa de seixo :O seixo telado da Metallo deu um toque de requinte à bancada do banheiro da Suíte do Casal, espaço das arquitetas Zelinda Gouvea e Rosângela Martins.
translúcida e permitia efeitos de luz variados. A automação da iluminação em LED, feita pela empresa Interconnect, servia para controlar a intensidade e as cores. Destaque também para o tom rústico da corda de suporte do espelho da Mac. O espaço foi projetado pela Socorro Ribeiro.
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Cadeira “Painho”: A cadeira “Painho”, da Galeria M, é inspirada em um personagem do ator Chico Anysio. Tem estrutura de alumínio e é trançada com corda náutica.
Painel: O painel do The Wall (by Leal Moreira) era do mesmo estilo do material da Metallo dos ambientes Estar e Jantar e Loft Sustentável da Executiva. A diferença foi que o arquiteto Wallace Almeida utilizou um trecho de uma obra de Acácio Sobral para fazer os formatos dos elementos vazados para homenagear o artista no espaço.
Estante: O painel da Varanda da Casa de Praia tinha traços de estante e foi projetado pelos arquitetos do espaço, Manoel Correa, Andréa Riccio e Ana Claudia Peres. Como ele é vazado, dava movimento e profundidade ao ambiente.
Video mapping: O The Wall (by Leal Moreira), assinado por Wallace Almeida, foi feito para ser uma galeria de arte contemporânea e uma das novidades foi a exibição de video mapping, que é uma técnica de projeções audiovisuais em objetos ou estruturas. No espaço, o video mapping foi desenvolvido pelo VJ Lobo e VJ Luan.
Namoradeira: A cadeira da Galeria M era uma namoradeira e ficou bem charmosa na Varanda da Casa de Praia dos arquitetos Manoel Correa, Andréa Riccio e Ana Claudia Peres. Ela era sustentada por cordas náuticas.
Mesas de artistas: As treze mesas do Restaurante The Wall (by Leal Moreira) foram ilustradas com obras de artistas paraenses, como Paulo Azevedo, Luiz dos Anjos e Jorge Eiró. Os visitantes do ambiente tinham, inclusive, acesso a um catálogo com todas as obras do The Wall, que podiam ser comercializadas.
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Revestimento cinza: O Hall de Entrada, da arquiteta Margareth Maroto, era inspirado em ambientes toscanos e o revestimento de tijolo da Metallo combinou muito bem com a temática. A cor da tinta, da Coral, é uma espécie de laranja envelhecido.
Jardim vertical: Para fazer o jardim vertical do Hall de Entrada, a arquiteta Margareth Maroto utilizou uma tela de ferro galvanizado e pendurou plantas resistentes a áreas sombreadas. Alguns cuidados para mantê-las vivas foram irrigação constante e iluminação artificial, já que o ambiente era fechado.
Luminária da Light Design: A inusitada Luminária da Light Design, chamada de Aritte, é uma peça de tecido e alumínio do designer Tobia Scarpa, utilizada no Hall das Artes de Suzi Santos e Isabela Ingrid.
Obra do Hércules: No Hall das Artes, elaborado por Suzi Santos e Isabela Ingrid, várias obras de Hércules Jr. ficavam em destaque e, dentre elas, esta abstrata baseada em uma grande aquarela em que o artista tentou retratar pontos de jardins, flores e folhas.
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Escritório: O loft Estúdio do Homem Moderno, de Caíque Lobo, tinha um ótimo local para trabalhar: escrivaninha Arq, da Galeria M, de design simples e elegante da dupla Lamosa e Flávio Borsato. Para completar, as cortinas e persianas eram da Eliza Ferraz.
Piso da Portobello: O piso de porcelanato Bianco Paonazzetto, da Portobello Shop, contribuiu para o clima clássico do Living, elaborado por Andrea Garcez, Larissa Cruz, Ana Paula Furtado e Fábio Castro. Poltronas: As poltronas clássicas em laca negra e seda da Mac, no espaço Living, elaborado por Andrea Garcez, Larissa Cruz, Ana Paula Furtado e Fábio Castro, ficaram elegantes nos cantos do espaço.
Estante reaproveitada: O reaproveitamento de itens recicláveis foi um dos destaques do loft Estúdio do Homem Moderno, de Caíque Lobo. Destaque para a estrutura de ferro da estante da copa.
Tapetes: O arquiteto Caíque Lobo deu aparência despojada ao living do Estúdio do Homem Moderno ao dispor um tapete de couro de vaca sobre um tapete tradicional.
Escultura do Paulo Azevedo: “Entrelaçados”, de Paulo Azevedo, traduz dois corpos em movimento de carinho. A obra, que tinha como fundo um papel de parede importado dourado com estampa animal da Chamsi Brunini Tecidos, ficava exposta na Sala de Jantar, de Andrea Garcez, Elisandra Primo e Fábio Castro.
Mesa: A mesa da Sala do Colecionador, de Marina Fonseca, Márcia Tuma e Milene Fonseca, tem origem tibetana, é pintada à mão artesanalmente e foi inspirada em flores da região. É uma peça da loja Maricotinha.
Mesa amarela: O arquiteto Michell Fadul desenhou as mesas amarelas - que têm iluminação em LED e laca brilhante - do seu espaço, o Office Corporativo. Elas foram executadas pela Favorita. As telas de Paulo Azevedo ficaram em sintonia com o tom amarelo do ambiente.
Cortina de luz: A cortina de luz do Home Theater, de Helder Coelho, era um jato de LED com várias cores por trás de um painel fosco e tinha diversas cenas, que podiam ser controladas de acordo com a situação. A televisão, da Y.Yamada, parecia flutuar no painel, como se estivesse sendo projetada. Todo o sistema de som e o projeto de automação eram da Gold Control Automação.
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Mesa branca moderna: A mesa branca moderna da + Design, no Apartamento Urbano de Vanessa Martins, contrastava com as cadeiras clássicas, também da + Design. Detalhe para a integração da sala de jantar com a cozinha.
Bombé: No Apartamento Urbano, de Vanessa Martins, o estilo era contemporâneo, mas tinha também toques
Revestimento do banheiro: O revestimento travertino antique geralmente é aplicado em salas de estar. No Apartamento Urbano, de Vanessa Martins, ele foi utilizado no banheiro e deu
clássicos, como a bela bombé e o espelho, ambos da + Design.
certo. By Metallo.
Estante: O arquiteto Helder Coelho, do Home Theater, criou esta bela adega/ estante em MDF. A marcenaria foi executada pela Layout Móveis Planejados.
Poltronas de fibra: As poltronas de fibra de bananeira, chamadas de Abbraccio, da Saccaro, ficaram em destaque no Home Theater, do Helder Coelho.
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Banco de couro: No Estar Íntimo, de Larissa Luci, o banco Straccio da Saccaro era em madeira com acaba-
Pintura especial: No Studio do DJ, de Marcos Loureiro, Fábio Seixas e Fernando Navarro, foi feita
mento de couro e design contemporâneo. A palavra Straccio significa ‘retalho’. O banco foi feito a partir da costura artesanal de pedaços do couro, com suaves diferenças de tons e texturas.
uma pintura com tinta especial que só reage à luz negra. Elaborada pelo artista Ed Paulo, do coletivo cultural Cosp Tinta.
Cozinha: No Loft do Rapaz (de 33 m²) teve espaço até para cozinha! Destaque para o modulado preto da Idélli e para o granito laranja da Brasil Granitos, escolhido por ser resistente a impactos. Estante do rapaz: A estante do Loft do Rapaz, da Idélli, era versátil e abrigava referências de cinema, viagens e artes. Os arquitetos do espaço - Ricardo Garcia, Tatiane Madeiro, Roberta Vieitas e Igor Tairo - valeram-se de diversas referências modernas, como o revestimento Hércules em 3D da Metallo.
Caixas de som: Os arqu
marcenaria foi executada p
itetos Marcos Loureiro, Fábio Seixas e Fernando Navarro fizeram paredes em formato de caixas de som no Studio do DJ. A pela Idea Móveis.
Luminária: Um dos destaques do Studio do DJ, de Marcos Loureiro, Fábio Seixas e Fernando Navarro, era a luminária Arki Tek de quase dois metros de altura, da Light Design, feita de aço e alumínio.
Mesa com rodas: A ideia de colocar roda de bicicleta na base da mesa do escritório do Loft Home Office foi pensando na questão da reciclagem e teve uma proposta jovem. A criação foi dos arquitetos do espaço, Alam Freitas e Leonardo Lima.
Papel de parede: No espaço Roma, o arquiteto Carlos Alves utilizou lona texturizada com imagens de azulejo português para ilustrar uma das paredes.
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Luminária: No Ateliê da Blogueira, de Isabella Mutran e Thais Rodrigues, as arquitetas escolheram uma luminária da Rezende’s Iluminação de cristal - com fio de aço e lâmpadas halopin -, que despertava a atenção dos visitantes.
Moda: O Ateliê da Blogueira foi pensado especialmente para quem ama moda e decoração. Por isso, as arquitetas Isabella Mutran e Thais Rodrigues projetaram a estante em formato de vitrine para valorizar ainda mais os produtos e, no centro, o “look do dia”. A execução da estante foi da Favorita.
Jardim vertical: No espaço Café Jardim, da arquiteta Harianne Bragah, o jardim vertical (da Broto Soluções Sustentáveis) combinou perfeitamente com a pedra Slinstone da SCA e com o painel de madeira da Metallo.
Painel de bolhas: O painel de bolhas do Quarto da Jovem Empresária, de Renata Macário, Cláudia Ribeiro e Alena Guimarães, foi fabricado no Rio grande do Sul pela empresa Mondiale Acrílicos. O painel é composto por acrílicos e não há contato nenhum com a parede, evitando infiltrações. Sob medida.
Mosaico: O mosaico que envolvia a marca da Doçura’s no Café Jardim foi feito com pedaços de xícaras, pires e bules pela artista Edith Andrade, mãe da arquiteta Harianne Bragah, responsável pelo espaço.
Nichos: Os nichos do Quarto da Jovem Empresária foram feitos pela loja de modulados Favorita nas opções vermelho e milano. O espaço era das arquitetas Renata Macário, Cláudia Ribeiro e Alena Guimarães.
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Jardim vertical: O jardim vertical da Wood Design, no Loft Sustentável da Executiva, foi feito com reaproveitamento de madeira. A cascata de água levava tranquilidade e aconchego para o espaço, que foi elaborado pelas arquitetas Patrícia Matos e Ana Cecília Lima.
Lustre:No Loft Sustentável da Executiva, das arquitetas Patrícia Matos e Ana Cecília Lima, o lustre da Light Design foi
Revestimento: Harmonia e sintonia neste canto do Loft Sustentável da Executiva: revestimento Biombo Lace da Metallo
produzido com madrepérola, que é uma substância calcária.
em MDF revestido com resina PET, bancada em nanoglass da Galeria Marmobraz e objetos de decoração da Spazio del Bagno. O espaço foi elaborado pelas arquitetas Patrícia Matos e Ana Cecília Lima.
Luminária de teto: O Loft Contemporâneo, de Arnaldo Ribeiro Junior, trouxe uma luminária de cristais da diCasa Home Center com iluminação em LED e uma curiosidade: ela executa músicas de MP3 e tem controle remoto que altera a cor.
Painel: Os arquitetos Rodrigo Lauria, Natália Vinagre, Danielle Cunha e Lenira Ladeira, do Estúdio do Fotógrafo, escolheram uma poltrona de couro da + Design para o ambiente e, no fundo, criaram um grande painel de acrílico com película jateada, feito com modulados da S.C.A. Os perfis de alumínio, que separavam os painéis, receberam fitas de LED na parte interior.
Quadro: O quadro de Emmanuel Nassar deu um toque de sofisticação no living do Leal Moreira Dolce Vita, elaborado por José Jr. e Ana Perlla. A cor vermelha da obra constrasta com o tom verde na parede, realçando-a ainda mais.
Café: As máquinas de café da 3 Corações tornaram a copa do Leal Moreria Dolce Vita ainda mais atrativa. O espaço foi projetado por José Jr. e Ana Perlla.
Café: As canecas personalizadas da Leal Moreira, produzidas pelo Ateliê Vania Amanajás, ficaram belíssimas e combinaram com o estilo do Leal Moreira Dolce Vita, projetado por José Jr. e Ana Perlla.
Busto: Um dos objetos mais fotografados do Leal Moreira Dolce Vita foi o busto da Habitat, ilustrado por Daniel Zuil. O ambiente foi projetado por José Jr. e Ana Perlla.
Obra: No Leal Moreira Dolce Vita, de José Jr. e Ana Perlla, a obra de Alberto Nicolau ganhou destaque na parede com tinta ‘caribe’ da Leinertex; o móvel Buffet Frame da Florense - com superfícies marcadas por grafismos em baixo relevo -, e as inusitadas luminárias da Design da Luz.
Brigitte Bardot: Até a Brigitte Bardot visitou o Leal Moreira Dolce Vita. Atrás dela, a versátil estante da Florense, que cabia tudo e mais um pouco.
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Bancos: Os confortáveis bancos da Tramontina davam um tom casual ao Leal Moreira Dolce Vita, de José Jr. e Ana Perlla. Eles são bem versáteis e têm várias opções de cores.
Revestimentos: No espaço Cozinha do Chef da Casa, de Natália Jacob e Elisa Cardoso, o jogo de panelas da Tramontina ficou perfeito com o revestimento de pedra natural da Metallo.
Quadro: A obra do Paulo Azevedo parecia ter sido produzida sob medida para o papel de parede da Eliza Ferraz no espaço Cozinha do Chef da Casa, das arquitetas Natália Jacob e Elisa Cardoso. O sofá da Galeria M com almofadas da Eliza Ferraz completava o cenário.
Revestimento: O revestimento translúcido Carpaccio di Pietra da Metallo, na Varanda Gourmet, feito com lascas de pedras resinadas, proporcionava um efeito especial. O espaço foi projetado pela Heloísa Titan e Tatiana Athayde.
Poltrona: Que tal um local assim na sua Varanda Gourmet? Poltrona da Habitat Móveis, persianas Eliza Ferraz e mesa de apoio do acervo da arquiteta Heloísa Titan, que projetou o espaço com a designer de interiores Tatiana Athayde.
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Coifa: A prateleira suspensa que envolvia a coifa no espaço Cozinha Club & Gourmet foi desenhada pela arquiteta Conceição Barbosa e desenvolvida pela empresa I.nox Comércio Serviços com tubos de aço inoxidável polido.
Painel: O Santoro Concept tinha um elegante painel em formato de curvas, da Idea Móveis, com luzes que imitavam velas. Na frente dele, o elegante sofá em capitonê e a mesa com laca brilhante, ambos da + Design, contribuíam para o clima clássico do ambiente. O charmoso abajur pertence ao acervo pessoal da arquiteta Beth Gaby.
Obra: A colorida e delicada obra do artista Marinaldo Santos ficou perfeita no espaço Cozinha Club & Gourmet, da arquiteta Conceição Barbosa.
Luminárias: No espaço Cozinha Club & Gourmet, da arquiteta Conceição Barbosa, as luminárias da Design da Luz remetiam a lâmpadas antigas com filamento grande e fizeram bastante sucesso com a mesa da Galeria M.
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Poltrona: A poltrona branca da + Design tinha estilo arrojado e combinou muito bem com a proposta moderna do Santoro Concept, da arquiteta Beth Gaby.
SMART TV SAMSUNG 3D Com qualidade de imagem 4 vezes superior ao Full HD, a Smart TV Samsung 3D UHD, de 55 polegadas, exibe detalhes incríveis, contraste superior e cores vibrantes. Com uma tela curva, sua experiência visual atingirá outro nível de realismo envolvente. Esta TV possui o poderoso recurso UHD Upscaling que converte conteúdos de menor resolução para o próximo do UHD, proporcionando uma melhor qualidade de imagem em qualquer tipo de conteúdo. Você também pode navegar na internet e aproveitar vários aplicativos de conteúdo multimídia, como YouTube. Com Wi-Fi integrado ela também permite que você faça streaming de fotos e vídeos direto para a TV, a partir do seu smartphone ou tablet.
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Thiago Freitas
A (in)sustentável
levezada água
Estima-se que cerca de 40% da população global sofram com as consequências da falta de água
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ão importa a escolha política, a orientação sexual ou a preferência religiosa, o tema é indiscutível: a importância da água para existência da vida humana. Por outro lado, o que vem se discutindo de forma recorrente é a sua escassez. De maneira quase onipresente, aprendemos ainda no colegial nas inesquecíveis aulas de Geografia que nosso planeta é composto por 70% de água, desse percentual apenas 2% está disponível para o consumo do homem (boa parte aparece retida, na forma de gelo, em calotas polares ou então na forma de águas subterrâneas). Estudos feitos pela UNESCO mostram que, desde o começo do século, o consumo d’água aumenta numa proporção de duas vezes o crescimento populacional. As ações ecológicas, que têm como função manter o equilíbrio, são baseadas em três diretrizes: destinação correta do lixo, geração de energia limpa e, uma das mais importantes, reaproveitamento da água. Segundo ambientalistas, o acesso à água sempre foi considerado uma necessidade primordial para todos, sem ele vários outros direitos também são afetados como o direito à vida, o direito à alimentação, o direito à saúde, o direito a um meio ambiente saudável. Há quase quatro décadas, quando os conceitos de preservação e ecologia começaram a ser mais populares, ouvia-se que a humanidade chegaria a um ponto no qual “água seria luxo”. Será que já chegamos a esse temido período? Brasil Para a engenheira agrícola e mestre em meio-
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-ambiente da AquaFluxu [Consultoria Ambiental em Recursos Hídricos], Ana Caroline Jacob, os principais fatores que causam a falta de água estão relacionados a várias vertentes: má gestão dos recursos hídricos, desperdício e imprevidência, além do desmatamento desenfreado, falta de conscientização da população e crescimento da demanda por água - que aumentou seis vezes nas últimas cinco décadas. Além disso, o balanço hídrico [a diferença entre quanto consumimos e quanto temos disponível de água] é importante na maioria das cidades do mundo, já que o principal problema entre a oferta e a procura da água é que ela não é igualmente distribuída e também não pode se adaptar às necessidades do mercado. Um país pode ter uma oferta de água grande o suficiente para abastecer toda a sua população e mais um pouco, mas se essa oferta estiver longe dos centros urbanos, pouco adianta esse recurso para o país. “Este é o caso do Brasil, que detém quase 12% da quantidade de água doce do mundo e, logicamente, não deveria ter problemas de escassez. No entanto, não é o que acontece porque apenas uma pequena porcentagem desse recurso está perto dos centros urbanos”, esclarece a engenheira agrícola. Observando de outra perspectiva, consumimos também muita água de maneira indireta quando usufruímos de outros bens que gastam água em sua cadeia de produção. O conceito de água virtual serve para “medir” a quantidade de água envolvida em todo o processo de produção de algum bem de consumo, principalmente os agríco- »»»
las. Por exemplo, para produzir 1 kg de carne bovina, são gastos mais de 15.000 litros de água, já para 1 kg de feijão, são gastos cerca de 359 litros, e assim acontece em outras linhas de produção. “Se considerarmos apenas o consumo direto de água [água de verdade, que chega a nossas caixas d’água], ele representa apenas cerca de 8% da água consumida no mundo. O restante se divide entre o consumo industrial, com a fatia de aproximadamente 22% e o consumo destinado à produção e alimentos, que demanda 70% da água consumida no planeta”, comenta Jacob. Boa parte dessa grande demanda para produção de alimentos é decorrente da irrigação, mas isso não a torna uma vilã por si só, pois ela aumenta consideravelmente a produção de alimentos e já existem sistemas bastante eficientes no mercado. “O fato de o consumo residencial ser a menor parcela da água consumida no mundo, não quer dizer que podemos gastar água de forma despreocupada. A atual situação do Brasil nos exemplifica porque devemos economizar água em nossas casas”, alerta. A engenheira agrícola pontua ainda que os grandes problemas relacionados à falta de água não acontecem somente por causa da natureza, apesar de serem, às vezes, agravados pela irregularidade e espacialização não uniforme das chuvas. “Porém, alguns dos principais agravantes relacionados à escassez deste recurso tão essen-
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cial estão relacionados à ação do homem”, pontua Ana Carolina Jacob. Na atual conjuntura, o governo, em suas diferentes esferas, tem um papel fundamental, principalmente nas questões de investimentos em infraestrutura e políticas públicas. Para especialistas, o setor de saneamento tem muito a crescer no Brasil. Para reduzir a vulnerabilidade das cidades brasileiras quanto ao abastecimento de água, deve-se investir na busca por novas fontes de abastecimento, aumento e modernização do sistema e principalmente na redução das perdas. “Por fim, acreditamos que ações governamentais que estimulem a racionalização da água e a redução do desperdício são interessantes, mas não deve ser uma política de punição para aqueles que mantêm o mesmo padrão de utilização deste recurso. Cobrar mais daqueles que não alteraram o seu consumo não é justo; o que deve ser feito é beneficiar aqueles que reduzem. Essa deve ser a ideia”, finaliza a engenheira. Crise em SP No centro dessa polêmica sobre a disponibilidade de recursos hídricos, São Paulo, a maior capital do Brasil, vive um dos momentos mais conturbados e críticos da sua história. Em alguns bairros da região metropolitana o racionamento já é realidade. A comunicóloga Stephanie Frasson, 26 anos,
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mora na Saúde [bairro na Zona Sul de SP] e seu prédio já sofre com o racionamento de água com restrições em relação ao horário. “Agora, entre 20h e 6h, fecham o fornecimento para todos os apartamentos. Só usamos o que fica na caixa do prédio, o que muitas vezes não consegue suprir todos os moradores. Eu, por exemplo, que moro no 13º andar sofro ainda mais, pois depois das 20h, a pressão da água das torneiras é mínima”, explica Stephanie, que também reclama da qualidade da água fornecida. “Além de não termos muita água, ela ainda vem amarelada e com um cheiro muito forte”. Sendo afetada diretamente com o racionamento, Stephanie acredita que esta é uma solução paliativa. “Acredito também que a conscientização precisa ser incentivada. Ensinar ao povo o porquê e como não desperdiçar. Do que adianta cortar a água e não explicar ou não ensinar como economizar? O problema não se resolve sozinho e a prevenção é a melhor forma de resolver qualquer coisa”, completa. A rotina da comunicóloga mudou de forma ocasional. “Tenho que encher dois galões para eventuais emergências, deixar baldes para lavar louça, dar descarga e etc. Tem dias que eu preciso sair mais cedo do trabalho para reservar água”, conta. Segundo a engenheira ambiental Luiza Ribeiro, também da AquaFluxus, a situação das cidades de SP que dependem muito ou exclusivamente
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do Sistema Cantareira é crítica. “O Estado ficou anos sem investir nesse setor e hoje várias cidades são altamente dependentes desse Sistema que, atualmente, está com níveis baixíssimos. Alguns estudos antigos apresentavam algumas soluções para tornar o sistema menos vulnerável, mas pouca coisa foi feita. Hoje, a região passa por sérios problemas de escassez”, explica. Dentre as possíveis soluções, estavam as transposições de água de outras bacias – o que só veio a ser feito recentemente. O Sistema Cantareira, com área total de aproximadamente 2.270 km², é considerado um dos maiores do mundo. É composto por cinco bacias hidrográficas e seis reservatórios interligados por túneis artificiais subterrâneos, canais e bombas, que produzem 33 m³/s, o que corresponde a quase metade de toda a água consumida pelos habitantes da Grande São Paulo, abastecendo mais de 8 milhões de pessoas. Historicamente, o Nordeste sempre sofreu com a escassez de água. A seca nessa região se concentra numa área conhecida como Polígono das Secas e envolve parte de oito estados nordestinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, e ainda parte do norte de Minas Gerais. Ao contrário da situação na região Sudeste, as principais causas da seca do nordeste são naturais. “Esta região está localizada numa área que recebe pouca influência »»»
de massas de ar úmidas e frias vindas do sul e, portanto, há pouca incidência de chuvas durante o ano. É uma região de clima semiárido e de baixa umidade, o que também prejudica a formação de chuvas”, detalha a engenheira ambiental. Greenpeace Atuando no Brasil há 21 anos, o GreenPeace também coloca em pauta as questões relacionadas à escassez dos recursos hídricos. Recentemente, eles lançaram uma ação inusitada e até curiosa: foi produzido um desfile em uma das ruas mais luxuosas de São Paulo, a Oscar Freire, em que os modelos desfilaram com baldes de ouro para armazenar água - artigo cada vez mais escasso na atualidade. “Queríamos alertar para o cenário dramático de falta de água que afeta a maior metrópole do Brasil, além de reforçar a responsabilidade dos governos e a urgência em adotar medidas para enfrentá-la com transparência e eficácia”, ressalta Cristiane Mazzetti, porta-voz da organização não governamental. Cristiane acrescenta também que o desmatamento da Amazônia tem grande relevância no regime de água do País. “A floresta Amazônica traz grande umidade do oceano Atlântico para dentro do continente e esse vapor é levado para os Andes, o que ocasiona chuva por quase todo o Brasil. Logo, quanto mais o desmatamento avançar, menos chuvas teremos”, defende Cristiane. Para o GreenPeace é preciso repensar na utilização desenfreada dos recursos hídrico por toda a sociedade: governantes, indústrias e cidadãos comuns. Exemplos Paraenses Com o intuito de evidenciar a necessidade de se estimular outras formas de convívio entre os moradores de Belém e os rios e igarapés, além de alertar para o elevado grau de poluição dos mesmos, o engenheiro ambiental Paulo Pinho, 42 anos, comanda um projeto chamado Belém Ribeirinha. “O principal objetivo é alterar o padrão de utilização das áreas vizinhas aos cursos d’água em Belém”, explica. A ideia do projeto surgiu a partir de um conjunto de ações dos ‘Amigos de Belém’ que acreditam que a sociedade civil organizada tem poder para mudar a realidade local.
Segundo Paulo, é de suma importância a participação e sensibilização da população de uma maneira geral. “Dessa forma, nos sentimos corresponsáveis pela manutenção, recuperação e preservação dos recursos naturais”, explica Paulo e acrescenta ainda que a conscientização é fundamental para alertar o consumo desenfreado. As campanhas dos ‘Amigos de Belém’ têm como elemento estruturante ações de engajamento e de disponibilização de informações que visam a mudança de atitude. “A água é um recurso natural finito. Muitos países já importam água para o seu consumo e muitos conflitos diplomáticos e militares têm como causa a disputa pela água. Este quadro deve ser agravado devido às mudanças no clima que vem acontecendo”, alerta Paulo. A proposta global do projeto é mostrar uma nova mobilização em prol da sustentabilidade, quando a relação do poder público, sociedade e empresas privadas pode ser o caminho da melhoria da qualidade de vida dos moradores de Belém. Assim como Paulo, o engenheiro civil Antonio Petillo, 62 anos, também faz a sua parte quando o assunto é preservação ambiental. Proprietário de uma empresa de materiais de construção civil, o empresário reutiliza a água da chuva para diversos fins - iniciativa esta que já vem sendo feita há 10 anos. “Nós vivemos na Amazônia e é indispensável nos preocuparmos com essa questão. Como a nossa região é altamente chuvosa, decidi começar a utilizar a água da chuva. Nós temos uma cisterna com capacidade de 32 mil litros e a captação de água é feita no telhado. E o melhor, tudo é sem custos: os únicos investimentos que tive foram no início com as obras”, comemora Antonio. O sistema de reaproveitamento de água, instalado na empresa de Antonio, é realizado por meio de um processo simples: a chuva cai no telhado e, através de calhas, a água vai para o condutor e depois para a cisterna. “Quando resolvi fazer o reaproveitamento, a preocupação não era apenas redução na conta de água, e sim servir de exemplo para empresas e pessoas mostrando que, com uma ideia simples, é possível aderir a práticas ecológicas de maneira racional e econômica”, afirma o empresário.
galeria
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Camila Barbalho
Dudu Maroja
O chamado Alexandre Dantas descobriu ainda na infância uma vocação para as Artes – talvez influenciado ambiente criativo no qual estava inserido. No curso de Arquitetura e em meio a vivências, atendeu o chamado antigo: seria artista.
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ão é pela habilidade que a deusa Arte evoca seus eleitos. Talento, naturalmente, é fundamental para receber a menor atenção que seja da entidade. Predisposição talvez motive um olhar, mas não é o que garante acesso ao mundo único dos que podem se chamar artistas. Há certa coloração especial na alma destes – um tom indefinido, mas vívido; feito de obstinação, sede e inquietude. Sim, porque um artista é – precisa ser – um inquieto antes de qualquer coisa. Ele é de saída um buscador incessante. Saber o que buscar não é o mais importante: a incerteza também é matiz que pinta o lado imaterial dos escolhidos. Voka, pintor contemporâneo de uma corrente estética chamada “realismo espontâneo”, cunhou a frase que sintetiza o papel de quem aceita essa jornada incansável: “eu estou sempre à procura da pintura perfeita, mas também sempre esperando não achá-la – porque é a procura que eu realmente amo tanto”. O austríaco é alguém cuja obra é regida pelo incômodo de restar no mesmo lugar, tendo mudado de linguagem ao longo do desenrolar de sua carreira. Não à toa, Voka é um ídolo e referência para Alexandre Dantas, arquiteto que descobriu na pintura seu meio de expressão preferido – um
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meio cujas rotas não são imutáveis. Alexandre é inegavelmente talentoso. Seu pai também pintava e se identificava com a música, então é possível dizer que haja algo nele de predisposto. Mas ele tem mais: é a tal alma. Obstinado, inquieto e sedento por produzir, Dantas possui a coloração especial que só os escolhidos pela deusa arte possuem. Foi na infância que Alexandre descobriu sua relação com a imagem. Ele até tentou brincar com as tintas do pai, mas o material tóxico não era o mais adequado para uma criança. Então, veio o desenho, desenvolvido desde tenra idade e com a fluência natural da língua mãe. O gosto pelo traçado o levou direto ao curso de Arquitetura; e a habilidade o fez dividir-se entre os projetos próprios da área profissional e o hábito de desenhar pela diversão, que ficou reservado para as horas vagas. Mas esse vínculo ainda era só o início. “Costumo dizer que fui chamado pela Arte algumas vezes. A primeira foi vendo meu pai pintar, quando comecei a desenhar. Depois, logo que me formei, fiz curso de fotografia e me apaixonei por essa arte”, rememora. A experiência com as câmeras treinou o olhar e rendeu aprendizados especiais. Passou o tempo e outro aceno da criatividade foi correspondido. “Fui morar em Recife em 99, passei dois »»»
anos lá. Recife é uma cidade que respira arte, e lá eu trabalhei como fotógrafo. Nessa época, descobri as esculturas de cimento, aprendi a fazer e me apaixonei também”. Dantas já tinha experimentado diversas frentes artísticas quando, em 2007, foi tomado pela ansiedade de se manifestar em outro meio: a tela. Por não ter prática com a pintura, começou a desenhar com carvão – e atingiu rapidamente um estágio de qualidade realista muito difícil de alcançar. Apesar do êxito, ainda não era isso. “Nesse mesmo ano, recebi outro chamado”, conta ele. “Minha sogra também pintava e, nos almoços de família, eu sempre dizia a ela da minha vontade de aprender a pintar, pedia que ela me ensinasse. Repetia isso todo domingo, ela ria e dizia que eu já sabia... Mas eu não sabia mesmo (risos). Um dia, ela me pegou de surpresa: cheguei lá e ela colocou na minha frente a tela e as tintas”. Alexandre recebeu da sogra as dicas que precisava para começar sua caminhada por conta própria. “Ela me apresentou os produtos para diluir, as pinceladas... Foi o que bastou. Quando terminei a primeira tela, parecia que meu corpo inteiro estava pulsando”. A descoberta da pintura rendeu ao arquiteto quase dois anos de trabalho criativo intenso. A partir daí, pintar era mais que explorar uma nova habilidade – tornou-se um vício. “Eu não conseguia mais parar. Eu começava às 18h e só conseguia largar às 4h. Acordava de madrugada pra pintar”, relembra. Foi quando surgiu a primeira oportunidade de expor. “Abriu um edital da galeria Theodoro Braga. Eu resolvi arriscar. Tinha três trabalhos prontos e decidi mandar. Fui aprovado. Foi então o momento em que tive que me virar pra fazer o resto, porque precisava ter pelo menos umas 18 telas pra exposição. Aí que comecei a produzir mesmo em larga escala, não parava por nada. A mulher até reclamava que eu não dava atenção (risos)”. A mostra impulsionou ainda mais o instinto de se manter em profunda atividade, e o relaxamento só veio depois que o momento na galeria foi concluído. Embora o ritmo tenha diminuído, o arquiteto seguiu pintando, pesquisando e desenvolvendo sua própria técnica. Em 2010 veio a primeira mudança de rumo desde encontrar-se em meio às tintas. Sua es- »»»
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posa viveu uma gestação complicada, o que alterou totalmente a vida familiar – e a vontade que Alexandre tinha de se expressar artisticamente. “Fiquei sem pintar até 2012. Eu tentava, mas não conseguia. Eu achava estranho quando alguém dizia que estava com bloqueio criativo, achava que era papo furado. Mas vivi um bloqueio e tanto, não tinha ânimo nem inspiração. Sentava na frente da tela e não vinha”. Nesse meio tempo, Dantas só não ficou totalmente parado por ter sido convidado para duas exposições - uma individual e outra de aniversário da galeria Theodoro Braga, que trouxe uma de suas obras. Depois que sua filha nasceu, em 2011, as coisas começaram a voltar aos eixos... Mas essa vivência tinha modificado algo no artista. Seu trabalho até então era bastante realista, e agora a necessidade de demonstrar algo além falava mais alto. “As pessoas começaram a perguntar se a minha exposição era de fotografia. Foi quando eu percebi que não era o que eu queria. Eu já sabia aonde eu poderia chegar, sabia que poderia tender ao hiper-realismo... Mas eu poderia fotografar, se fosse esse o meu caminho. Queria aproveitar a linguagem da pintura de outra forma”, avalia. Em busca de algo que o motivasse de novo, veio o encontro com o trabalho do austríaco Voka. “Me apaixonei pelo trabalho dele. Fiquei observando a maneira dele pintar, as pinceladas, cores... Aí me veio essa segunda fase do meu trabalho”. A mudança que Alexandre precisava foi novamente coroada com uma oportunidade na galeria que lhe hospedou anteriormente. A nova mostra foi marcada por esse “conflito de fases” – que inspirou inclusive uma tela que deixa essa transição bem definida: um rosto dividido ao meio, com o lado esquerdo realista, pintado a óleo e em preto e branco; e o lado direito em acrílico, numa verdadeira explosão de cores. A exposição, chamada de “Espontâneos” »»»
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(outra referência ao Voka, inspiração desse momento), trouxe vários rostos carregados de expressão – um tema que não era muito frequente na obra de Alexandre anteriormente. “Eu achava que não conseguia fazer figura humana, mas foi saindo. Fiz Carlitos, fiz o Papa... Aí tive a ideia de homenagear algumas personalidades que levam o nome do Pará pra fora: fiz a Liah Soares, o Lyoto Machida, o arquiteto Aurélio Meira, a Fafá de Belém, o Alan Fontelles, a Gaby Amarantos... Quando eu vi, já tinha feito vários rostos. Precisava dar uma unidade à exposição, então insisti no tema até sair a mostra”. A fase de “realismo espontâneo” de Dantas foi um grande sucesso e rende frutos até agora – além de encomendas
para retratos no estilo. “Eu faço, mas sofro muito (risos). Sempre acho que não vai dar certo, mas no final tudo sai”. A dificuldade vem do fato de o artista já ter esgotado esse momento criativo e ter passado para uma nova etapa. Sua terceira fase é marcada pelo abstrato – o último estágio no processo de desconstrução da linguagem figurativa que deu início ao seu trabalho. O estalo para essa etapa, além da liberdade criativa, vem de uma demanda de mercado. “Na verdade, eu vivo em conflito. Eu vejo que todo mundo segue seu caminho... Eu não tenho um caminho certo. Passei a investir de verdade nessa carreira este ano, e senti que o mercado de decoração e arquitetura - que é
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o meu meio - demandava bastante a temática abstrata na construção dos espaços. Por isso, decidi aprender a pintar dentro desse estilo, que eu nunca tinha experimentado”, explica ele. Desde que passou a explorar a abstração em suas pinturas, Alexandre decidiu iniciar um trabalho de corpo a corpo para que os interessados em arte descubram sua produção. “Tenho contatado os amigos arquitetos, fazendo um trabalho de formiguinha. Tenho visto os resultados, as pessoas estão gostando...”. Naturalmente, o processo criativo da fase nova não obedece aos mesmos caminhos dos momentos anteriores. As referências mudam, assim como o que motiva a pintar. Dantas explica: »»»
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Confira mais obras
“Houve um tempo em que eu me inspirei muito nos renascentistas. Cheguei até a fazer reprodução de Caravaggio. Mais tarde, o Voka se tornou uma inspiração. No abstrato, não tenho nenhuma grande referência. Eu só queria saber fazer. Procurei uma professora pra me ensinar algumas técnicas, e tive dois dias de aula com ela. Depois do empurrão, nem voltei lá. Passei a criar por conta própria”. Já que não há trilha no chão apontando a rota correta, o trabalho para o arquiteto pode começar antes de se deparar com a tela em branco. “Passo um tempão passando o olho em várias imagens, até que uma combinação de cores me chama a atenção, por exemplo. Aí a inspiração acontece. Às vezes sento na frente da tela e não sai nada... Mas fico lá, viajando, até que uma hora alguma coisa vem. Às vezes eu não penso: crio uma textura, vou jogando as cores, e tudo vai surgindo naturalmente”. Embora seu foco hoje seja a pintura, a pluralidade de Alexandre Dantas permite que ele se comunique de diversas formas – e que seus muitos talentos se comuniquem entre si. “Hoje eu só fotografo quando viajo, ou pra basear outros trabalhos - como uma série em aquarela na qual eu tenho trabalhado. A arquitetura dialoga diretamente com essa ambição estética, de pensar na tela já pensando num espaço que possa recebê-la”, avalia. Além da fotografia e da arquitetura, outra inusitada habilidade exerce influência na sua maneira de pintar: o tiro. “Sou atleta de tiro desde os seis anos de idade. Já fui onze vezes campeão brasileiro de tiro. Isso me ajudou muito na pintura. O tiro exige muita atenção aos detalhes, muita concentração, o foco, a mão firme. Tudo isso ajudou muito na construção da minha técnica. Acaba que as funções se completam”. Vivendo um excelente momento em sua produção, Alexandre entende que agora é hora de »»»
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fortalecer seu nome entre os consumidores de arte no estado. E ele diz isso sem constrangimento, assim como é sem pudor que vai em busca dos clientes. “Qualquer um tem que ser vendedor do seu trabalho. Isso faz parte. Não posso cruzar os braços e esperar que as coisas simplesmente aconteçam. É divulgar pela internet, avaliar o retorno das pessoas, ir visitar os escritórios de arquitetura, mostrar o trabalho. Não posso me acomodar, senão eu tô ferrado (risos)”. Bem humorado e incansável, ele não demonstra nenhum desânimo ou receio. O desconforto consigo mesmo vem justamente sob a forma de sua maior força motriz: a inquietude, esse toque especial próprio dos eleitos. “Eu só fico meio frustrado quando tenho uma tela que fica em casa. Às vezes empresto pra um amigo, pra ele colocar na sala dele... Eu quero que as pessoas vejam, que a obra circule. Não quero que ela fique escondida”.
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especial saudades
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Elvis Rocha
Quando me chamar eu
saudade
No mês da saudade [sim, há um dia dedicado a ela, que é única para os brasileiros] mergulhamos na ‘semântica’ do termo e do sentimento.
A
página ainda está em branco e o cheiro de café invade a sala. São 17 horas. Interrompo o trabalho enquanto os receptores olfativos operam o milagre. Por instantes, sou o garoto que, sentado na cozinha, aguardava ansioso o lanche de todas as tardes. Abandono a capa de adulto. Desdenho dos prazos. Corro para o telefone. Se o homem de 37 anos tem pouco tempo para tudo que não seja responsabilidade, o menino precisa, com urgência, da voz materna. A transfiguração imaginária, motivada pela fragrância que ativa regiões adormecidas da minha memória, tem nome e é velha conhecida de todos. Saudade. Palavra-síntese. “Lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar ou ver presentes. Pesar pela ausência de alguém que nos é querido”, como tenta resumir o dicionário. Sentimento universal que avançou na história para ser bem traduzido, em toda sua
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complexidade, na língua dos que partiram mar adentro sem a certeza da volta. Dizem os especialistas ( a maioria, pelo menos) que este sentir agridoce, que trata de ausência e ânsia pelo reencontro - nem sempre possível -, supera o simples “sentir falta” pela ligação histórica e cultural com o povo lusitano, que atrelou sua persona ao desejo de rever a terra idealizada após a partida. Indissociável do amor, a saudade está no rol de temas explorados à exaustão por filósofos e artistas, mais ou menos talentosos, pelos séculos afora. Uma digitada no Google e 43 milhões de referências saltam à tela. O bom e velho fado só existe em função dela. E, mesmo quem não consegue verbalizá-la, entende, e muito bem, os seus sinais. “Se de saudade morri ou não/Meus olhos dirão de mim a verdade/Por eles me atrevo a lançar as águas/ Que mostrem as mágoas/ Que nesta alma levo (...)/ Todas me entristecem/To- »»»
das são salgadas/Porém as choradas/Doces me parecem/Correi doces águas/Que, se em vós me enlevo/Não doem as mágoas/Que no peito levo”, recitava Luiz de Camões no século XVI. “Sozinho na noite/Um barco ruma para onde vai/Uma luz no escuro brilha a direito/Ofusca as demais/E mais que uma onda, mais que uma maré/Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé/ Mas vogando à vontade, rompendo a saudade/Vai quem já nada teme/Vai o homem do leme”, cantam os mui contemporâneos roqueiros do Xutos e Pontapés. Roberto da Matta tem um ensaio famoso chamado “Antropologia da Saudade”, em que vai além no assunto. “Temos na saudade uma categoria do espírito humano e, dentro dele, da manifestação de certa estrutura de valores ou ideologia. No caso, da ideologia luso-brasileira. Nesse sentido, a saudade é um conceito duplo. De um lado, ela trata de uma experiência universal, comum a todos os homens em todas as sociedades: a experiência da passagem, da duração, da demarcação e da consciência reflexi-
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va do tempo. De outro, porém, ela singulariza, especifica e aprofunda essa experiência, associando-a a elementos que não estariam presentes em outras modalidades culturais de medir, falar, sentir, classificar e controlar o tempo.” Fica aqui uma ressalva. Apesar do orgulho com que nativos do idioma de Fernando Pessoa defendem a especialidade da “nossa” saudade (eleita em 2004 pela empresa Britânica Translation Today com a sétima palavra de mais difícil tradução no planeta), tem gente séria por aí que aponta a existência de pelo menos uma palavra equivalente, na Europa, dotada do mesmíssimo sentido: a gaélica “Hiraeth”. Enquanto para os portugueses a saudade está, em sua origem, associada à epopeia dos Grandes Descobrimentos, os galeses utilizam sua “Hiraeth”, além do uso rotineiro, para retratar o sentimento sobre a perda da autodeterminação no século XIX. Entre nós, brasileiros, é difícil mensurar a influência da saudade em assuntos do cotidiano. A julgar pela quantidade de canções compostas, da poesia de boa e má qualidade feita, de livros
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91 8887.6486 no mesmo dia em que comemorávamos seus 30 anos no Chile, completamente ignorantes do que se passava. “Penso nele e gosto de ter saudade. Já é um sentimento que dói menos, mas que não quero perder. Deixar de sentir falta é esquecer, e isso eu não vou querer nunca.” Engoli seco e pensei no versos de Chico. No tal “revés de um parto”. No dolorido “arrumar o quarto do filho que já morreu”. Lembrei, especialmente, do Drummond de minha adolescência. “Sim, tenho saudades/Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza/ Nem nos deixaste sequer o direito de indagar/ Porque o fizeste/Porque te foste.” Pausa breve porque, assim como navegar, sobreviver também é preciso. Uma historinha pra descontrair. Em 1958, um baiano infiltrou-se entre os moderninhos da Zona Sul carioca e mudou, com apenas um compacto, os rumos da música brasileira. Ele, João Gilberto. Ela, “Chega de Saudade”. »»»
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e filmes lançados e do alcance no dia a dia de cidadãos de diferentes matizes sociais, econômicas e culturais, dá pra defender que ela está ali, junto ao futebol e ao carnaval, como um dos símbolos da identidade nacional. Prova disso é o fato de ela, a saudade, ter espaço até no calendário de datas comemorativas. A cada 30 de janeiro somos bombardeados com textos, canções, filmes, bailes e ofertas de planos de ligações a longa distância (Há sempre quem fature com qualquer coisa que seja faturável). “Hoje, é feriado, é o dia da saudade!/Hoje vou beber para celebrar/O aniversário do Seu Gaspar/Deve ter festa em algum lugar”, como diria o velho Raul Seixas, lá nos anos 1970. Nem precisa ir longe. Faça o teste. Ligue o rádio. Converse com os vizinhos. Puxe assunto no escritório. É certo que cada interlocutor terá uma história, um suspiro, um causo a compartilhar. Em uma conversa descompromissada com minha mulher, cito a encomenda deste texto e ela me surpreende com o depoimento sobre a perda de um tio para o câncer, em abril de 2010,
Da pena de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, a gravação é, em sua estrutura, uma ode ao que os mais otimistas (sim, falemos de alegria) chamam de “boa saudade”. Uma canção que até nas mudanças de climas tonais (menor para a solidão inicial; maior para o reencontro) retrata o enamorado que encara o suplício do abandono até a redenção dos “abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim”. Há toda uma vida de exemplos. Uma lista sem fim que nem toda literatura, nem toda filosofia, nem toda música (muito menos este texto) seriam capazes de resumir. O banzo dos negros arrancados de casa sem direito a um nome, memória e dignidade. A literatura e a trilha sonora dos nordestinos expulsos pela miséria do sertão. O saudosismo plastificado que embala o mercado e inventa tendências de consumo por temporada. A nostalgia inexplicável de setores da sociedade por tempos sombrios da história recente. Saudades de vários nomes e muitas caras, como estamos cansados de saber. Eu, por hora, fico com esta. Desligo o telefone e volto para a sala. Minha filha engatinha, abre os braços e balbucia algo que ainda não compreendo. Nesse bababá bebebé deve morar toda metafísica do mundo, penso em silêncio, olhando emocionado para esse sorriso de oito dentes e projetando como, lá na frente, sentirei falta de tudo. Uma saudade do passado, vivida no presente, que só terá razão de existir no futuro. Parece complicado, mas estou certo que vocês compreendem.
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Yorranna Oliveira
Tem
Dudu Maroja
uma
xícarade
açúcar?
Se você não é um eremita, tem vizinhos. Mas você sabe quem são, seus nomes? Em tempos de cyber amizades, há quem não abra mão [e cultive] bons relacionamentos com a pessoa que mora ao lado.
E
les cruzam nossos caminhos e partilham a mesma geografia. São plurais, diversos. Partem, mas também ficam. De alguns queremos distância. Outros queremos bem perto, trocamos confidências, contamos planos e desejos. Convidamos para a privacidade das casas e deixamos participar diretamente da nossa história. No roteiro da vida em sociedade, os vizinhos são parte de uma cena cotidiana, protagonizada ora com tons de tragédia, ora com rompantes de comédia. Há romance, aventura e muito drama interpretados por uma gama de personagens comuns a todos nós. E entre desentendimentos, afinidades e lapsos de solidariedade, uma teia de afetos é costurada a cada novo dia, que cresce e se expande como as construções de uma grande cidade, sempre viva e pulsante. Assim é Belém, feita de microcosmos sociais espalhados pela metrópole que guarda as lembranças da cidade pequena que já foi um dia, com crianças brincando na rua, vizinhos a conversar – e a brigar – na porta das casas. Ela ainda tenta conservar velhos hábitos. Mesmo que a violência e a modernidade empurrem todos para dentro de casa, há quem reconfigure a saudade e reformule a realidade para um novo cenário. No edifício Torre de Bari, no bairro de Nazaré, um grupo de vizinhas se reúne semanalmente [ou sempre que a agenda atribulada permite] para cafés animados nos fins de semana. Elas frequentam o apartamento uma das outras, discutem, gargalham juntas e se ajudam nos momentos de dificuldade. Dos encontros no elevador, nas reuniões de condo-
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mínio, não foi muito difícil de se aproximar dos outros vizinhos, que compartilham afinidades e a mesma disposição para celebrar a amizade. Em uma manhã ensolarada de novembro, a anfitriã da vez foi a nutricionista Karla Bona. Na sala de estar, mesa farta, arrumada com elegância. “Ela é muito chique”, elogia a jornalista [e vizinha] Cybele Puget. Cybele criou um grupo no whatsapp, o “Amigos da Torre de Bari”, para combinar os cafés e deixar todo mundo sempre em dia sobre os acontecimentos no prédio. “Sempre gostei de confraternizar, reunir as pessoas é sempre bom. A gente bate papo, joga conversa fora, relaxa. No fim, é tudo uma grande diversão. É gostoso. No meu outro prédio não era assim”, compara Cybele. Na segurança e conforto dos lares, os laços reproduzem em universos particulares o que décadas atrás era o traço público e cotidiano. A grande revolução social é se permitir o contato. Independente do espaço em que ele aconteça. Ter um pouco de vontade de estar com o outro. Algo que parece tão impraticável em tempos de uma alardeada impessoalidade apontada pela filosofia e outras ciências humanas. “As relações de vizinhança, tal como vivíamos há três ou quatro décadas, não desapareceram definitivamente. Moro no mesmo prédio há 20 anos. Uma de minhas vizinhas é minha confidente, muitas vezes viajo e deixo uma das chaves do meu apartamento com ela, conversamos sempre, tomamos café juntos, trocamos presentes. Ou seja, essa ideia de que essas relações desapareceram é falsa. Por outro lado, relações de vizinhança são também relações de controle. A fofoca das pequenas cidades, das vilas, »»»
Para as vizinhas [e amigas] que moram no Torre de Bari, os encontros são planejados e com direito a café, delícias e muito papo.
se reproduz também nas grandes cidades. Não há como fugir disso. Uma reunião de condomínio, por exemplo, é um lugar de fofoca. Em outras palavras, as relações de vizinhança aqui e ali se modificaram, mas elas persistem em alguns aspectos importantes, porque também isso é uma marca da cultura brasileira”, acredita o filósofo Ernani Chaves. Na Vila Maria de Fátima, no bairro de São Brás, a porta aberta e o muro baixo das casas evocam uma tranquilidade que contrastam com o movimento agitado e a insegurança das ruas. E é o lugar onde vizinhos também estabeleceram vínculos de amizade, como a do arquiteto José Junior com o fisioterapeuta Diogo Bonifácio. Amigos há seis anos, eles foram apresentados por um outro vizinho, o também arquiteto Eduardo Salame, durante uma festa de aniversário. De lá pra cá, José Junior, que adora uma festa, procura driblar as atribulações de uma agenda intensa de atividades. “Sempre nos encontramos na vila, quando
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vamos aos nossos trabalhos ou quando chegamos. Nesse momento, conversamos, trocamos ideias, marcamos encontros! Sempre que posso convido pras celebrações em casa: almoços de família, aniversários e até São João!”, diz José. É a atmosfera recuperada da vida em Castanhal da infância de Diogo. “Isso pra mim era muito frequente; era muito comum os vizinhos irem pra porta das casas, jogarem conversa fora. Acho que o que acabou afastando foi essa correria do dia a dia. Hoje, as pessoas vivem mais para o trabalho. Os filhos, que eram um vínculo entre os vizinhos, hoje já começam desde muito cedo a ter uma rotina de gente grande”, avalia o fisioterapeuta. Se a paisagem e o ritmo da cidade se modificaram, os laços entre os moradores que a habitam permanecem enraizados em pequenos gestos. O espaço é apenas um detalhe. “Quando sofri um acidente, fiquei dois meses sem andar. Cybele não saia de casa”, recorda a administradora Conceição
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Batista, de 50 anos. As outras vizinhas do grupo do prédio também iam visitá-la. Atitudes e gentilezas que marcam os contornos não somente de uma amizade, mas reforçam como as pessoas definem e traçam as histórias que constroem nos locais por onde passam. “Se entre a casa de minha infância e a casa do vizinho havia um portão no quintal, hoje temos um interfone, que exerce a mesma função, a de facilitar a comunicação sem que, entretanto, estejamos um na casa do outro, num face a face. Isso não é o fim do mundo e nem necessariamente ruim. A diferença é o modo como essa sociabilidade se expressa. Entretanto, não quero pintar um quadro romântico, idealizado demais de nossa cultura. Onde há vizinhança, há conflito, em qualquer classe social”, pontua Ernani. Na de José Junior e Diogo Bonifácio, eles garantem, os dilemas que surgem logo têm solução. “Todas as dificuldades que aparecem a gente chega, conversa e resolve na hora”.
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Planejamento, Incorporação e Construção:
destino
A Gruta Azul Ê considerada uma das principais atençþes de Capri.
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Bianca Leão
Um
dia Capri em
Praias de pedrinhas, em vez de areia e um azul que escorre do céu para se espalhar no mar. Qualquer comparação poética não será exagero, em se tratando de Capri, uma joia italiana, cuidadosamente situada no Golfo de Nápoles.
H
á quem reclame que as praias da Ilha de Capri, em vez de areia, têm pedrinhas. Mas basta olhar para o azul do mar e do céu da Ilha para querer disputar com turistas do mundo inteiro alguns centímetros dos pequenos espaços de orla para um mergulho. Não à toa Capri está entre os destinos favoritos de ricos e famosos. A Ilha é repleta de belezas naturais e lugares interessantes para conhecer. Mas, se você tem o desafio de passar apenas um dia na Ilha, seguem algumas dicas de um roteiro que não deixa margem para arrependimentos. Um dos locais mais famosos da Ilha de Capri é a Grotta Azzurra ou, em português, a Gruta Azul. A cavidade de cerca de 60 metros de comprimento e 25 de largura tem água tão azul e cristalina que os barquinhos que entram parecem flutuar no ar. Ela é considerada quase uma visita obrigatória para quem vai a Capri, mas atenção: optar por conhecê-la demanda tempo e um pouco de sor-
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te. O seu horário de funcionamento normal é das 9h às 17h. Mas, em dias de mar agitado ou de fluxo muito intenso de turistas, é impossível chegar até ela. Os bilhetes para as pequenas embarcações que levam à Gruta Azul custam atualmente 13 euros e, para chegar à bilheteria, é preciso pegar um ônibus de Anacapri ou um barco de Marina Grande. Também é possível ir a pé, por meio do Viale T. de Tommaso, Via Pagliaro e Via Grotta Azzurra. Mesmo se o seu desafio é passar apenas um dia na Ilha, vale a pena tentar conhecer o local, principalmente se você optar por chegar à bilheteria da Gruta Azul por meio dos barcos turísticos que saem de Marina Grande. O trajeto, conhecido como Giro dell’ Isola, custa 17 euros. Por meio dele, você descobre diversas curiosidades sobre o entorno da Ilha. Um delas é que a cor do mar muda de forma encantadora nos arredores de Capri e assume diversos tons de azul, verde e até »»»
mesmo de vermelho; no último caso, devido aos corais. Giro dell’ Isola Comece o trecho cumprimentando a Statuetta dello scugnizzo di Capri, que tem as formas de um rapaz acenando. Diz uma crença local que saudar a estátua garante um breve retorno à Ilha. Não custa tentar. Outra vista imperdível é a dos gigantes de Capri: Stella, Faraglioni di Mezzo e Faraglioni di Fuori ou Scopolo. Os três picos de rocha são um dos principais cartões postais da Ilha e ficam a poucos metros de distância da costa. No meio do Faraglioni di Mezzo, há um arco formado naturalmente na rocha. Ao passar por ele, reza a lenda que casais apaixonados devem se dar um beijo para transformar a paixão em um amor eterno. O litoral de Capri é todo recortado por enseadas, baías e cavidades formadas naturalmente nas rochas, as grutas. Além da famosa Gruta Azul, há que se destacar ainda a Grotta del Corallo (do coral), a Grotta Bianca (branca) e a Grotta Verde. Na Gruta Branca, tente achar uma formação natural em pedra com a figura da Madonna ou a representação da Virgem Maria. “Mamma Mia!” Aliás, um traço interessante da cultura dos italianos é a forte presença da figura materna. O contato entre mães e filhos tende a ser mais forte na Itália que em outros países europeus e eles têm até uma expressão própria para isso, sem tradução literal no português, o mammismo. E nem precisa prestar muita atenção para perceber o quanto a presença materna é forte. Basta pensar em algumas das expressões mais clichês relacionadas aos italianos: “Mamma Mia!”, ou ainda: “Madonna Mia!”. A família, os amigos e os relacionamentos afetivos assumem papeis fundamentais na vida dos italianos. Em geral, eles não costumam agir de forma individualista, o que é cativante, mas também tem seu lado negativo, sobretudo no convívio com pessoas de culturas mais reservadas. Nas ruas, embora eles sejam capazes de brigar alto por qualquer bobagem, ninguém se agride. Em família, após uma discussão acalorada, os laços afetivos frequentemente são imediatamente retomados. No livro “Os italianos”, o professor de História João Fábio Bertonha afirma que “O humor, a
Pedrinhas em vez de areia. As praias de Capri são únicas e concorridas [por pessoas e embarcações].
afetividade e a humanidade dos italianos podem se transformar, claro, em seu duplo, ou seja, o desrespeito às leis e às normas de civilidade, o sarcasmo, a falsidade e a grosseria, e isso ocorre muitas vezes”. A sociabilidade e informalidade são características marcantes da cultura italiana, o que pode assustar um nativo de um país mais cerimonioso, mas dificilmente deixará um brasileiro tão surpreso. Há muitos lugares do país, sobretudo no Sul da Itália, em que as leis de trânsito são descaradamente desobedecidas e há locais em que sequer se formam filas para a compra de ingressos. As pessoas simplesmente se amontoam em volta dos balcões das bilheterias. Não é o caso da bilheteria para entrar na Gruta Azul, em que as filas não só são enormes como também são bem demoradas. Se você vai passar só um dia em Capri, não vale a pena desperdiçar um dia inteiro só tentando entrar na gruta. Ao receber a notícia de que o mar está impróprio para a entrada de visitantes ou que as filas estão muito extensas, o melhor é voltar para o porto e torcer para que a supertição sobre cumprimentar o Scugnizzo di Capri dê certo. De volta à Marina Grande, é hora de encon-
trar um bom restaurante para o almoço. No bar e restaurante Le Ondine, que fica na Via Provinciale Marina Grande, foi possível encontrar promoção de pizza com cerveja por apenas 10 euros em setembro deste ano – período em que eu estive lá. O ambiente é despojado e fica bem na beira do mar. Um luxo bastante acessível para os padrões da ilha. No entanto, se você busca algo mais sofisticado, os restaurantes Da Tonino, na Via Dentecala; Lo Smeraldo, na Piazza Vittoria; e o Lo Zodiaco, na Piazzetta Angelo Ferraro, estão entre os mais bem pontuados do site Trip Advisor, especializado em captar a opinião de turistas sobre os lugares visitados. Turismo Depois do almoço, ainda lhe restará uma infinidades de locais “imperdíveis” para conhecer. A ilha oferece opções de turismo para um verão inteiro! Estima-se que a Ilha de Capri receba em torno de dois milhões de turistas por ano. O índice é bastante alto, já que Ilha de Capri tem apenas 6 km de extensão por 2 km de largura. Em suas duas cidades, Capri e Anacapri, vivem pouco »»» mais de 10 mil moradores. Em agosto, o número
A Marina Grande é o ponto de começo e final dos passeios pelas águas translúcidas que banham Capri.
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Informações Gerais País
Itália
Localização
Mar Tirreno
Ponto culminante
monte Solaro 589 m
Área
10,36 km²
População
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de visitantes atinge o seu ápice e o preço de tudo sobe consideravelmente. Os pontos turísticos ficam todos lotados. Porém, o problema do excesso de turistas não é uma exclusividade de Capri. A indústria do turismo está entre as mais lucrativas de toda a Itália. Além de belezas naturais, que vão das praias às montanhas, turistas do mundo todo também são atraídos pela gastronomia, história, arte, cultura, design, moda e o próprio modo de vida dos italianos. Segundo dados da Organização Mundial de Turismo (UNWTO Baromete), divulgados em junho deste ano, a Itália foi o quinto país mais visitado por turistas de todo o mundo em 2013, com 50,2 milhões de visitantes estrangeiros, só perdendo para França, Estados Unidos, Espanha e China. De acordo com o Banco Central da Itália (Banca d’ Italia), os turistas gastaram mais de 30 milhões de euros em 2013, o que representa um crescimento de 3,1% em relação ao ano anterior. Se considerados apenas os viajantes estrangeiros em férias, esse percentual de crescimento é ainda maior e vai para 6,9%. Só no primeiro semestre de 2014, a despesas de viajantes estrangeiros na Itália aumentaram 3,6% ou 6,4%, se considerarmos apenas os que foram por motivo de férias. Embora lucrativa, a indústria do turismo trouxe diversas dificuldades administrativas para a Itália. Além da superlotação dos transportes públicos e a poluição de locais turísticos, o constante e in- »»»
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Como ir de Roma a Capri A viagem de Roma a Capri requer no mínimo três horas a partir da chegada do voo se você der sorte de coincidir os horários dos outros meios de transporte; se não for esse o caso, o percurso pode levar tranquilamente até meio dia. Se você desembarca em Roma no final da tarde, considere a possibilidade de dormir uma noite em Roma ou Nápoles. • Do Aeroporto Ciampino de Roma pegue um ônibus para Roma Termini e siga as indicações acima. • Existem diversos tipos de trem: Eurostar Freccia Rossa (TAV): é o trem mais rápido, que faz o percurso Roma-Nápoles em pouco mais de uma hora. A passagem custa cerca 40,00 euros. Intercity: ele percorre o trecho Roma-Nápoles em cerca duas horas. A passagem sai por cerca 20,00 euros. Interegionali: é a solução mais barata, por 10 euros ou pouco mais do que isso você vai de Roma a Nápoles. Em compensação a viagem leva 4 horas e, honestamente, é aconselhável apenas para quem realmente viaja low-cost. Serviço • Para visitar a Gruta Azul, vale consultar a disponibilidade por meio do telefone da cooperativa Motoscafisti Di Capri Societa: +39 081 8375646 • Existem diversas possibilidades para chegar à Ilha de Capri. As mais conhecidas são por meio das balsas e barcos que partem de Nápoles e Sorrento. No verão, também é possível partir de Positano, Amalfi, Salerno e Ischia. Os valores e os horários variam conforme a temporada, mas ficam em torno de €10 a €20. É sempre bom entrar em contato diretamente com as companhias de navegação para checar a disponibilidade dos barcos. • Em Nápoles, existem dois portos com barcos para Capri: o Molo Beverello e Calata di Massa. Do Molo Beverello partem os “aliscafi”, que são mais rápidos, porém menos econômicos que os barcos rápidos e balsas que saem de Calata di Massa. As empresas SNAV e Caremar são responsáveis pelo serviço. • Em relação aos hotéis, Capri oferece desde opções de hospedagem em casa de nativos, com diárias em torno de € 50, até hotéis alto luxo, como o Grand Hotel Quisisana e o Capri Tibério Palace. Boas dicas para pesquisar hotéis em Capri podem ser encontradas no site http://www.capri.com/pt/hoteis.
tenso fluxo de turistas também trouxe mudanças culturais significativas, com a absorção de valores e elementos de culturas estrangeiras. No entanto, nada que impeça que o estilo de viver italiano seja facilmente identificável por pessoas de outros países. Ainda conforme o historiador João Fábio Bertonha, a Itália e os italianos são vistos pelo mundo como “um povo e um país recheado de belezas artísticas, históricas e naturais; um tanto quanto confuso e atrasado, mas, justamente por isso, charmoso e cujos habitantes são divertidos, amáveis e sabem apreciar a vida”. Fim da linha E é com inspiração nesse modo de vida italiano que se recomenda que se aproveite a ilha no melhor do estilo “Dolce far niente”, expressão italiana que enaltece o prazer do ócio. Diante da impossibilidade de conhecer a tantos lugares importantes em apenas um dia, vale a pena admirar o artesanato local na pracinha ou mesmo achar um lugar ao sol entre as pedrinhas de seixo e se esparramar até o último minuto de visita à Ilha. Mais do que registrar o maior número de pontos turísticos possíveis, recomenda-se aproveitar com calma cada segundo desse lugar que parece ter sido feito à mão para ser desfrutado sem pressa. Referência
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BERTONHA, João Fábio. Os Italianos. 3. Ed. São Paulo: Contexto, 2014. Estatísticas retiradas do site: www.enit.it
Os búfalos queijo do eo
Marajó
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Ângela Sicilia Chef de cozinha Há uma música paraense que diz mais ou menos assim “quando eu morrer / se eu não for pro céu / eu vou lá pro Marajó...” Falo isso como paraense que sou: a gente não conhecerá bem o Pará até pisar nos campos alagadiços do Marajó, terra de pessoas gentis e uma certa manada mansa, tema, aliás, desta coluna. Ainda no barco que nos levava ao Marajó, escutei o piloto da embarcação (sim, porque no Norte do país, o capitão quase sempre é um piloto de uma curiosa e adaptada engenharia na condução dos barcos, tornando-o um piloto de embarcação) cantarolar a música com a qual abri a coluna. Havia algum tempo que não voltava à ilha [a maior do Brasil, em extensão territorial] e para lá rumei, para uma pesquisa de campo sobre o queijo do Marajó – um produto genuinamente paraense, com enorme potencial, e que precisa ser mais conhecido no Brasil e no exterior. Por utilizar o leite de búfala não-pasteurizado, o queijo do Marajó passa por um rigoroso processo de fiscalização sanitária para poder chegar à sua mesa, caro leitor. Graças também a uma união de entidades, os produtores marajoaras ganharam um “Protocolo de boas práticas para os queijos de búfala do Marajó”, uniformizando assim as etapas do processo de sua feitura. A bubalinocultura chegou à ilha do Marajó no final de século XIX com a introdução de animais da espécie carabao, provenientes da longínqua Índia. São animais dóceis, gentis... não me surpreende que tenham a carne tenra e seu leite adocicado – dulçor, que é uma característica tão marcante no queijo do Marajó, que coleciona ainda outras qualidades, como o alto teor nutritivo, proteico e baixo colesterol. Além de ser uma produção com história para contar, já que as queijarias abrigam e empregam membros de duas, até três gerações da mesma família ou de famílias próximas. Ah, não deixe de experimentar o doce de leite feito de leite de búfala. Dispense a torrada, o pão... coma-o in natura ou sobre o queijo do Marajó. [depois me conte essa experiência.] Se puder, coma ainda o ‘frito de vaqueiro’ e indico aos corajosos, a sopa de turu. Mas recomendo, sobretudo, que você visite o Marajó... converse com as pessoas, olhe-as nos olhos – perceba toda a generosidade e a vocação em receber os curiosos visitantes. Ouça os causos [como o do vaqueiro Boaventura, uma entidade que percorre os campos e protege os rebanhos] e histórias dos seus habitantes. Emocione-se. Não, definitivamente você não precisará ir para o céu para poder visitar o paraíso.
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Ilca Carmo e Paulo Anijar dixaram-se levar pela energia do Natal e aceitaram o convite de fazer uma ceia para um casal. www.revistalealmoreira.com.br
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Lorena Filgueiras
Dudu Maroja
Como
goiabada com
queijo
Os chefs Ilca do Carmo e Paulo Anijar são parceiros nos negócios e no amor. Convidados para o Gourmet especial de Natal, aceitaram o desafio de montar uma ceia perfeita para um casal.
A
vida é repleta de momentos pequeninos que sintetizam a essência da felicidade. Poucos minutos de um encontro tão esperado, um bilhetinho de amor, andar de mãos dadas, um olhar apaixonado, o cheiro de alguém que faz falta, leite morno com canela antes de dormir ou as memórias das colheradas da sopa que sua avó fazia como ninguém... A ciência, por meio de suas pesquisas e controvérsias, garante [e aconselha]: identificar e aproveitar as pequenas [e essenciais] doses cotidianas de prazer são fundamentais à felicidade. Para o casal de entrevistados deste Gourmet, os chefs Ilca Carmo e Paulo Anijar, felicidade é... pipoca doce. “É a receita que mais executamos juntos”, conta Ilca. “Somos caseiros e sempre que a rotina permite, optamos por ficar em casa vendo filme. Logo, a pipoca doce se tornou um ícone da nossa relação”, conclui entre risadas sob o olhar carinhoso de Paulo Anijar. A chegada a Belém e o choro Ilca do Carmo nasceu em Conceição do Araguaia e, aos sete anos, por conta da transferência do pai para a capital do estado, chegou a Belém. “Aos prantos”, conta, às gargalhadas. “Fui criada solta em um quintal enorme. Subia nas árvores, corria entre elas. E, de repente, a liberdade deu lugar a um apartamento”, explica. Foi na casa da avó paterna Terezinha de Jesus que a pequena Ilca foi apresentada aos primeiros ingredientes e pratos que marcaram sua infância. “Ela fazia pastel e as ‘orelhas’ da massa também eram fritas –
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só para me satisfazer, porque eu adorava comê-las”. A avó materna Laura também percebera que a neta tinha talento e a ensinou a fazer bolo. E foi assim que Ilca, mesmo sem saber, definira o que faria quando crescesse. Da mãe, dona Rita, herdou a receita de um elogiado mingau de castanha-do-Pará fresca e do vatapá, além do senso [automático] de sujar e limpar. “A cozinha sempre estava impecável, um brinco!” Em 2001, prestou o vestibular para Engenharia de Alimentos e foi aprovada. Entre cálculos e fórmulas de Física, Química e Bioquímica, veio o trabalho de conclusão de curso: a primeira experiência de um panetone tipicamente paraense, com cupuaçu e castanha-do-Pará. Junto com o TCC chegou também o primeiro estágio supervisionando, no Famiglia Sicilia, com os chefs Fabio e Ângela Sicilia, que ofereceu à Ilca um emprego no restaurante. Aliás, foi à mãe que ela segredou: queria mudar de curso. E você, caro leitor, já sabe de cor: conselho de mãe não se ignora e dona Rita sabiamente sugeriu que Ilca finalizasse a formação superior. “Depois você poderá fazer o que quiser”. O pai, José Aurélio, é claro, soube e não gostou nada. “E reiterou o conselho materno”, diverte-se Ilca. Tantas novidades – naturalmente – conduziram a jovem à Flores da Cunha, no Sul do país, que sedia a única escola no Brasil do Italian Culinary Institute for Foreigners – ICIF, onde Ilca passou cinco meses. Resoluta, partiu para Lisboa, para outro estágio com »»»
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o chef português Vitor Sobral. Na volta, conheceu a chef Solange Saboia e juntas realizaram um sonho: montaram o Santa Chicória, um pequeno restaurante, que mesclava empório com bistrô. Almoços festivos Paulo Anijar nasceu em Belém. Cresceu no seio de uma família numerosa e saudavelmente ruidosa. “Desde que me entendo por gente, lembro dos longos almoços festivos. Cresci correndo em um quintal enorme, que desembocava em um lago maior ainda. Havia árvores frutíferas, forno à lenha...”, rememora. Ainda adolescente, foi para os Estados Unidos. “Num primeiro momento, fiquei empolgadíssimo com a possibilidade de comer hambúrguer, batata frita e tomar muito refrigerante... mas houve um momento em que enjoei. Enjoei da comida congelada e do fast food, foi quando pedi à ‘avó norte-americana’ que me ensinou a típica culinária de lá. E me senti o máximo quando ela disse que eu levava jeito”. A avó Dayse, brasileira, também incentivou o neto e ensinou alguns segredos da culinária – alquimia que só as avós dominam. Cursou Arquitetura por dois anos e meio... e teve de enfrentar a natural oposição quando disse que seria cozinheiro. Na volta ao Brasil, recebeu o convite do tio Carmelo e começou a trabalhar com ele. Decidiu dedicar-se a fazer um bolo de chocolate [receita de família, da tia Vânia, é claro!], que foi um sucesso. “Cheguei a fazer 5 deles por dia”. Ainda trabalhando com Carmelo, conheceu o chef Alex Atala e Antônio, mestre confeiteiro do D.O.M, de quem ficou muito amigo e que arranjou para o Paulo um estágio no restaurante, considerando um dos melhores do mundo. No premiado D.O.M, Anijar passou quase quatro meses. Passou ainda pelo General Prime e, em 2010, conseguiu uma concorrida vaga no restaurante Carlota. Mas a vida na metrópole cansou. Queria voltar para Belém e o fez, contrariando os conselhos familiares. Dos [nem tão] pequenos momentos O encontro entre os dois foi obra do acaso; um delicioso capricho da vida. Ilca estava em busca de um novo sócio e decidiu ir ao encontro de Anijar. Houve empatia desde o primeiro momento. A sociedade virou amizade que virou encantamento. Termino a entrevista com ambos com uma pergunta em comum: afinal, o que significa cozinhar? “É lazer, trabalho, é amor, é diversão. Somos a melhor companhia um do outro”. Embora seja um conceito subjetivo, pelo menos aos nossos entrevistados não resta dúvida: a felicidade é uma pipoca doce.
receita Farofa de foie gras (receita para 4 pessoas)
Bacalhau com Legumes e Risoto de Salsa (receita para 4 pessoas)
INGREDIENTES
INGREDIENTES PARA O BACALHAU
INGREDIENTES PARA O RISOTO
1 colher (sopa) de manteiga 1 colher (sopa) de cebola picada 100g de foie gras em cubos 250g de farofa 50g de amêndoas picadas e torradas 50g de cranberries secas e picadas
4 postas de bacalhau já dessalgado (800g) 200ml de azeite 50g de cebola em cubos grandes 3 dentes de alho esmagados 8 unid de cenoura baby 2 batatas doce grandes 1 cebola roxa grande 100g de tomate cereja
1 colher (sopa) manteiga 2 colheres de cebola picada 200g de arroz arbóreo 150ml de vinho branco seco 600ml de caldo de legumes 6 colheres de salsa picada 100 ml de azeite
PREPARO
PREPARO
Numa assadeira, coloque o bacalhau, o alho, a cebola e o azeite, cubra com papel alumínio e asse no forno pré-aquecido a 150ºC por 30min. Cozinhe a batata doce e a cenoura al dente e rapidamente a cebola roxa. Numa frigideira com azeite, grelhe em fogo alto a cebola roxa, a batata e a cenoura até dourar. Numa travessa coloque as postas de bacalhau, os legumes grelhados e o tomate cereja, regue com o caldo da assadeira e use ervas para decorar.
Bata a salsa com o azeite no liquidificador até ficar homogêneo. Numa panela, refogue a cebola na manteiga, coloque o arroz arbóreo e mexa por um minuto, acrescente o vinho branco e mexa. Quando secar, coloque uma concha de caldo quente, mexa e espere secar antes de colocar a próxima concha. Repetir o processo até o risoto estar cozido, mas ainda al dente. Apague o fogo, acrescente o azeite de salsa e mexa bem até ficar cremoso.
PREPARO Numa frigideira derreta a manteiga e acrescente a cebola, refogue até ficar transparente. Acrescente o foie gras e grelhe até dourar, acrescente as amêndoas e os Cranberries e por último a farofa. Mexa delicadamente e está pronto.
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Produtor: Ferrari Região de origem: Trentino - vinhedos próprios ao redor de Trento, entre 300 e 600m de altitude, com exposição sudeste e sudoeste. Classificação legal: Trento D.O.C. Composição de castas: 100% Chardonnay. Graduação alcoolica: 12,5° GL Características do solo: solos calcários ricos em “scheletro” (pedras e cascalhos). Elaboração: Colheita exclusivamente manual em setembro. Fermentação a 20-22°C dos vinhos base em inox. Malolática completa. Assemblaggio dos vinhos para segunda fermentação. Adição do licor de tiragem com leveduras e açúcar. Tomada da espuma na garrafa, com longo envelhecimento “sulle fecce” de 42 meses. Processo manual de “remuage” ou “rimozione”. Desgargalamento “sboccatura” com congelamento do depósito. Adição do licor de expedição, BRUT. Colocação da rolha e do arame de proteção. Amadurecimento: 70 meses “sobre as leveduras” na garrafa. Características organolépticas: Palha intenso, brilhante, perlage finíssimo e persistente. O bouquet é excitante, com zeste de tangerina confitada e pêssegos brancos, avelãs e pain grillé. Boca cremosa, corpo sinuoso, com delicadeza e incrível persistência. Premiações mais relevantes: eleito “Melhor espumante do mundo fora da Champagne” e “Melhor Espumante da Itália”. Onde comprar: Decanter www.revistalealmoreira.com.br
DE NIT ROSÉ 2011 Produtor: Raventós Região: Cataluña - Vinhedos La Plana e La Barbera. Classificação legal: Conca del Riu Anoia D.O. Composição de castas: 43% Macabeo, 33% Xarel-Lo, 19% Parellada, 5% Monastrell Graduação alcoolica: 12° GL Acidez total: 6,6g/L (P.H. 2,51) Açúcares residuais: 7,5g/L Características organolépticas: Cor rosada delicada, bolhas muito finas. Impactante pela definição das frutas vermelhas, seguido de frutos secos (nozes) e impressões terrosas/minerais. Cremoso, sápido, longo final de prova. Carta de vinho sintética: Impactante pelas frutas vermelhas, nozes e impressões terrosas. Cremoso, sápido, longo final de prova. Amadurecimento: 15 meses “en rima”, na garrafa em posição horizontal, sobre as leveduras. Estimativa de guarda: 5 anos Considerado pela crítica um dos melhores espumantes rosados da Espanha. Onde comprar: Decanter
Composição de castas: 100% Pinot Noir Graduação Alcoólica: Vol.13% Região e denominação de origem: D.O. Vale de Leyda - Chile Cada vez mais há espaço no mercado para os vinhos rosés, fazendo com que técnicas de produção sejam atualizadas e/ou melhoradas. Os resultados podem ser vislumbrados em cartas de vinho, lojas especializadas e supermercados: são muitos os vinhos de alta qualidade disponíveis atualmente para os amantes do néctar rosé de Baco. Saiba, entretanto, que esses vinhos que não são tão simples assim, como aparentam. Esqueça por exemplo, a clássica lenda urbana que vinho rosé é feito a partir da mistura das mesmas quantidades de branco e tinto – esse tipo de “blend” é permito somente para preparar os vinhos base que se tornarão espumantes (ex. Champagne Rosé). Produzido quase que exclusivamente com uvas tintas (vale lembrar que a casca da uva tinta é rica em matérias colorantes, por tanto, a uva é a responsável pela cor nos vinhos), na realidade, esses vinhos estão entre um branco e um tinto; dos brancos adquirem o frescor e a fruta. Dos tintos, a estrutura e os leves taninos. Na França, por exemplo, é comum a elaboração de “vin gris” vinhos cinza, não que esses vinhos sejam cinzas - eles são simplesmente vinhos rosés bem tênues. O fantástico Pinot Noir Rosé 2013 vem de uma das regiões mais promissoras do Chile, com clima favorável por estar próxima do Oceano Pacifico (4 km) e um processo de elaboração cuidadoso a baixas temperaturas durante a fermentação alcóolica. Vale ressaltar que, no Vale de Leyda, a uva Pinot Noir tem tido resultados excelentes, portanto vale à pena degustar esse vinho, pois pode ser um rosé para todas as horas, perfeito para o nosso clima com sua leveza e seus aromas frutados com notas de framboesa e frutas cítricas. Onde comprar: Grand Cru Belém Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes
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TAURASI DOCG 2007
FERRARI PERLÈ BRUT
LEYDA ROSÉ DE PINOR NOIR 2013
vinho
Produtor: Tenute di Altavilla – Villa Matilde Composição de Castas: 100% Aglianico Graduação Alcoolica: Vol.14,5 % Região de origem: Campania Itália Para que entendamos melhor o vinho Taurasi, é importante saber que a história enológica da Itália do Sul nasceu com os gregos antigos. O Taurasi é um vinho ainda pouco conhecido, para não dizer quase desconhecido, mas certamente é o mais representativo “rosso” do Centro Sul da Itália – tão importante ao ponto de ser chamado “o Barolo do Sul”. Sua origem é tão antiga quanto fascinante e, a exemplo de muitos vinhos do sul da Itália, teve seu limiar no período pré-românico. Nos tempos atuais, o vinho Taurasi foi nomeado a primeira DOCG (denominação de origem controlada e garantida) da região Campania e é a maior expressão da uva Aglianico, na antiguidade essa uva era considerada a mais importante e foi introduzida na Enotria (assim era chamada a Itália pelos gregos) e era conhecida como “vitis hellenica”. A uva Aglianico é uma uva meio difícil; quase amuada. Seu cultivo é também complicado e sua maturação, tardia. Com características intensas e rígidas, os taninos são em escala e precisam de tempo para se tornarem macios, sua grande vantagem é a acidez que assegura o tempo para que ele possa ser moldado. O Taurasi é um vinho que precisa de tempo, portanto escolha sempre safras com no mínimo 5 anos de tempo/idade. Os vinhedos da Villa Matilde encontram-se aos pés do vulcão extinto de Roccamonfina e a vinícola prioriza o respeito pelo ambiente e a valorização da tipicidade da região. Onde comprar: Grand Cru Belém Indicação da Sommelière Ana Luna Lopes
A VIDA É MÓVEL ÀS VEZES É PRECISO VIAJAR O MUNDO PARA DESCOBRIR QUE O MUNDO ESTÁ NA SUA CASA.
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horas vagas • cinema
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DICA
DVD Blu-Ray
PLANETA DOS MACACOS: O CONFRONTO Dez anos após a conquista da liberdade, César (Andy Serkis) e os demais macacos vivem em paz na floresta próxima a San Francisco. Lá, eles desenvolveram uma comunidade própria, baseada no apoio mútuo, enquanto os humanos enfrentam uma das maiores epidemias de todos os tempos, causada por um vírus criado em laboratório. Sem energia elétrica, um grupo de sobreviventes planeja invadir a floresta e reativar a usina lá instalada. Malcolm (Jason Clarke), único que conhece bem os símios, tenta agir pacificamente e impedir que o confronto aconteça.
DESTAQUE
O LOBO ATRÁS DA PORTA (NACIONAL)
O desaparecimento de uma criança faz com que seus pais, Bernardo (Milhem Cortaz – confira entrevista com o ator na página XX) e Sylvia (Fabiula Nascimento), vão até uma delegacia. O caso fica a cargo do delegado (Juliano Cazarré), que resolve interrogá-los separadamente. Logo, descobre que Bernardo mantinha uma amante, Rosa (Leandra Leal), que é levada à delegacia para averiguações. A partir de depoimentos do trio, o delegado descobre uma rede de mentiras, amor, vingança e ciúmes envolvendo Bernardo, Sylvia e Rosa.
MESMO SE NADA DER CERTO
OMELETEVE (CANAL YOUTUBE) Canal de vídeos, trailers, entrevistas do Portal Omelete. https://www.youtube.com/channel/UCaSAM5kna2KyX-uVLSGr8PQ
CABARET (BOB FOSSE, 1972) O filme se ambienta na Berlim do começo da década de 30. O nazismo se espalhava rapidamente, mas boa parte da população ainda não percebia o terrível poder que aquela força política teria num futuro bem próximo. Sally Bowles (Liza Minnelli), uma sonhadora jovem americana que canta no cabaré Kit Kat, se apaixona por Brian Roberts (Michael York), um escritor bissexual. Ambos se envolvem com Maximillian von Heune (Helmut Griem), um nobre alemão. Quando Sally fica grávida, Brian a pede em casamento e declara não se importar com a paternidade da criança. Mas o futuro lhes reserva outro destino. Em 1973, Bob Fosse ganhou o Oscar de melhor diretor por “Cabaret”, o Tony de melhor diretor por “Pippin” e o Emmy de melhor diretor por “Liza with a Z”. É até hoje o único diretor a ganhar, no mesmo ano, os três principais prêmios de direção da indústria do entretenimento americana.
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INTERNET
CLÁSSICOS
Keira Knightley interpreta Gretta, uma cantora que se muda para Nova Iorque. Mas logo após chegar à cidade, seu namorado americano decide terminar o relacionamento. Em plena crise, ela começa a cantar em bares, até ser descoberta por um produtor de discos (Mark Ruffalo), que está convicto de que ela pode se tornar uma estrela.
horas vagas • literatura Títulos disponíveis na Livraria FOX. livrariafox.com.br
DESTAQUE BRIGITTE BARDOT (ED. RECORD, MARIE-DOMINIQUE LELIÈVRE)
LANÇAMENTO
Nesta deliciosa biografia, conhecemos a verdadeira Brigitte Bardot: mimada, complexada, voluntariosa e, ao mesmo tempo, talentosa, sensível, encantadora. É essa ambiguidade o verdadeiro atrativo da atriz, que conquistou o público, amantes e famosos diretores de cinema, antes de se recolher ao ostracismo auto imposto para cuidar dos animais. De femme fatale à figura polêmica na França, Lelièvre descortina a vida de uma das mulheres mais famosas do mundo, que ainda permanecia misteriosa para muitos.
DICA GUINESS WORLD RECORDS 2015 (ED. AGIR) Nova edição do Guinness World Records, em que você pode encontrar recordes atualizados e fotos inéditas, descobrir a substância mais fedida, conhecer o explorador polar mais jovem, ver os pets mais talentosos de todo o planeta, saber tudo sobre o maior roubo de diamantes e muito mais! Também é a edição comemorativa de 60 anos do Livro dos Records, com retrospectivas das mais impressionantes quebras de recorde de todos os tempos.
O PARAÍSO SÃO OS OUTROS (ED. COSAC NAIFY, VALTER HUGO MÃE) Valter Hugo revisita um dos temas mais antigos da literatura, modernizando-o para dialogar diretamente com o leitor do século XXI, mostrando que o amor está mais vivo do que nunca. Ironia das imagens do Nino: bijuteria sem valor e colorida x fotos de grande estima para as famílias, e em preto e branco.
CLÁSSICO CONFIRA CONSUMIDOS (ED. ALFAGUARA, DAVID CRONENBERG) Neste romance impactante, o cultuado cineasta David Cronenberg narra a história em paralelo de um casal de jornalistas, Naomi e Nathan, que, na busca constante por reportagens sensacionalistas, acabarão envolvidos numa conspiração global envolvendo sexo e morte.
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DAVID COPPERFIELD (ED. COSAC NAIFY, CHARLES DICKENS) Um dos pilares da literatura ocidental moderna, Charles Dickens é até hoje fonte de inspiração para muitos escritores. Seu gênio foi admirado por Tolstói, Marx, Joyce, Kafka, Henry James, Nabokov, Orwell, Cortázar, entre muitos outros. Semi-autobiográfico, David Copperfield foi publicado em forma de folhetim entre 1849 e 1850. O autor afirma, no prefácio ao livro, que, entre os inúmeros romances que publicou, este era seu “filho predileto”. A edição inclui textos críticos de Jerome H. Buckley, Sandra Guardini Vasconcelos e Virginia Woolf. Tradução de José Rubens Siqueira.
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horas vagas • música
VÍDEO
SWEET SUMMER SUN HYDE PARK LIVE / ROLLING STONES CONFIRA ED SHEERAN
O histórico e triunfante retorno dos Rolling Stones ao Hyde Park, em Londres, levou os fãs de todas as idades ao delírio. O show ainda contou com a participação do guitarrista Mick Taylor como convidado especial em duas músicas.
Ed Sheeran é abençoado, ele parece saber exatamente para onde está indo e exatamente como chegar lá. O talentoso inglês de 21 anos já coleciona feitos invejáveis: teve o álbum “+” considerado o disco de estreia de um artista masculino mais vendido em 10 anos, além de ser a maior venda digital de um álbum de estreia da história. Sheeran vendeu mais de 2 milhões de discos em 2011 e ganhou 2 Brit Awards em 2012: British Male Solo e British Breakthrough. Com todos estes feitos em tão pouco tempo, Ed Sheeran chegou a ser um termo mais popular no Google no Reino Unido do que “Harry Potter” e “The Weather”. O canal de YouTube do artista tem mais de 83 milhões de views acumulados. Este número cresce a todo o momento e Sheeran conquista novos fãs a cada single que compõe.
DICA
RAINHA DOS RAIOS Alice Caymmi Há algo na genética da família Caymmi e no ar da Bahia que, combinados, produzem grandes resultados. A nova geração do clã de Dorival vem bem representada por Alice Caymmi. A jovem cantora já está no segundo disco. “Rainha dos
Raios” é editado pela Joia Moderna e traz 9 gravações produzidas por Strausz, jovem beatmaker e compositor carioca (e ex-R.Sigma) que vem criando algumas das produções mais interessantes da safra.
INTERNET
CLÁSSICO
PALCO MP3 O maior portal de música independente. O site reúne 97 mil artistas, 1 milhão músicas e mais de 4 bilhões de downloads. http://palcomp3.com/
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I PUT A SPELL ON YOU / NINA SIMONE Simone tinha a reputação de ser uma artista difícil, mas sua genialidade e interpretação visceral conseguiam colocar muitos de seus defeitos em segundo plano. O genial “I Put a spell on you”, gravado em janeiro de 1965 e lançado em junho do mesmo ano. O disco ficou algumas semanas nos topos das paradas especializadas e é considerado um dos mais bonitos de Nina Simone (como se fosse possível eleger só um). Nesta pequena joia, os fãs da cantora encontrarão Feeling Good, Ne Me Quitte Pas, a faixa-título I put a spell on you, além de outras pérolas.
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horas vagas • iPad
Spider-Man Unlimited O mais novo jogo do Homem-Aranha foi lançado para Android, iOS e Windows Phone. Spider-Man Unlimited é um endless runner que lembra um pouco Subway Surfers, mas com narrativa. No game, você precisa recrutar um exército de homens-aranha para derrotar o Sexteto Sinistro. Os dois primeiros vilões, Duende Verde e Abutre, já estão disponíveis, e os outros devem chegar em atualizações futuras. O game é gratuito para jogar, mas tem itens extras, à venda, por meio de in-app purchases. Custo: Free
Raul Parizotto empresário parizotto@me.com
Teclado SwiftKey Uma das grandes novidades trazidas pelo iOS 8 é a possibilidade de utilizarmos aplicativos de extensão para o sistema operacional. Isso inclui uma série de teclados de terceiros para os consumidores, sendo que os teclados preditivos são os mais esperados. Se você também estava com essa expectativa, baixe agora mesmo o SwiftKey e descubra as maravilhas de digitar textos com mais agilidade. Custo: Free
Upflix - Netflix Updates O que será que existe de novo no Netflix? Às vezes fica difícil saber, diante do enorme catálogo de filmes e séries que estão em exibição no maior serviço de streaming do mundo. Por isso o Upflix é uma excelente opção para você. Com ele, você só precisa de alguns segundos para saber quais são todas as novidades presentes no sistema. O melhor é que é tudo compatível com o catálogo brasileiro do Netflix. Custo: Free
Shades Shades é um game que lembra Tetris – as linhas formadas também desaparecem – mas com algumas diferenças bem importantes: os blocos são todos do mesmo tamanho e formato e você “funde” dois com o mesmo tom, formando um mais escuro. O resultado é um jogo muito bonito e viciante. Custo: US$ 0,99
FIFA 15 Ultimate Team Mais de 10 mil jogadores e mais de 500 times licenciados; 30 das principais ligas de futebol do mundo e muita ação esportiva. Assim é FIFA 15 Ultimate Team, um game esportivo para quem quer marcar muitos gols na tela do iPad ou do iPhone. No título, também é possível realizar compras e trocas de jogadores com equipes de todo o mundo para fazer com que as disputas fiquem ainda mais emocionantes. Custo: Free
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Institucio
LEAL MOREIRA APRESENTA TORRE SANTORO A Leal Moreira promoveu no dia 20/11 um evento especial no Restaurante The Wall (by Leal Moreira) na Casa Cor. O objetivo foi apresentar o Torre Santoro, empreendimento da Leal Moreira. Os convidados tiveram ainda a oportunidade de visitar – dentro da mostra – o espaço Santoro Concept, cuja decoração foi inspirada no conceito do empreendimento. O casal Antônio Neto e Larissa Paes foi ao evento e se encantou. “Nós sonhávamos com esse estilo de apartamento. Encaixou perfeitamente com o que queríamos, que era um apartamento que tivesse bom tamanho – pensando nos filhos –, boa localização, duas vagas na garagem e design moderno”, disse Larissa. Localizado na Av. Governador José Malcher entre Av. José Bonifácio e Trav. Castelo Branco, os apartamentos são de 123 m² e a área de lazer é ampla, com itens como salão de festas, brinquedoteca, piscinas, quadra de esportes, churrasqueira e vários outros. O diretor comercial da Leal Moreira Imobiliária, Fernando Nicolau, explicou detalhes do empreendimento. “A Leal Moreira, com 28 anos no mercado, sempre consegue surpreender as pessoas com lançamentos como o Torre Santoro, que traz mais inovação e qualidade aos clientes Leal Moreira. Um dos destaques é o envidraçamento panorâmico no terraço gourmet, proporcionando sofisticação ao ambiente devido à beleza estética do material”, disse Fernando. Pensando na comodidade de seus clientes, a Leal Moreira investiu em uma maquete moderna e diferenciada para o Torre Santoro, que tem, inclusive, um sistema tecnológico que permite suspender parte de sua estrutura para que as áreas internas sejam visualizadas com conforto. Informações: (91) 3223.0021
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Institucio
FÓRUM ESTIMULA NOVAS IDEIAS A Leal Moreira promoveu no dia 27/11 a primeira edição do “Fórum de Melhores Práticas de Engenharia”, que teve como objetivo reunir as principais ideias dos profissionais de engenharia da construtora para aplicá-las nas obras. O diretor de engenharia José Antônio destacou a importância da iniciativa. “As apresentações foram muito boas e de fácil aplicabilidade. O Fórum é um estímulo para que cada um, dentro do contexto da empresa, procure melhorias em suas áreas”, disse. O engenheiro Elielson Sousa participou e ficou muito satisfeito. “Achei maravilhoso e fiquei surpreso com o nível de empenho de todos nós, engenheiros da Leal Moreira, de pesquisar e de implementar situações novas. Isso prova o quanto nós estamos dispostos a crescer com essas práticas e com esses incentivos que a empresa está proporcionando”, falou. Quem também marcou presença no Fórum foi o diretor-executivo/ CEO Drauz Reis. “O Fórum foi um momento ímpar na história da Leal Moreira, pois permitiu que abordássemos questões primordiais com os líderes da Engenharia. Passamos de assuntos rotineiros a grandes projetos, com a certeza de que o trabalho em equipe é sempre o melhor caminho”, afirmou.
PALESTRA A Leal Moreira promoveu no dia 05/11 uma palestra sobre prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e dependências químicas para seus colaboradores de obras. O evento, que foi realizado no empreendimento Torres Dumont, teve parceria do Sindicato da Indústria da Construção do Pará.
A PREVENÇÃO É AZUL A Leal Moreira alcançou mais de mil colaboradores com a campanha Novembro Azul, que foi realizada no período de 17/11 a 21/11 nos canteiros de obras e no prédio-sede da construtora. A programação contou com palestras sobre prevenção do câncer de próstata e distribuição de panfletos educativos. Walmir Franco, médico da Leal Moreira, destacou a importância de iniciativas como esta e afirmou que o diagnóstico precoce é importante para que o paciente tenha uma sobrevida maior. “É muito importante para qualquer tipo de classe saber mais sobre a prevenção do câncer de próstata: como diagnosticar antecipadamente e como fazer a avaliação para que a pessoa possa ter um diagnóstico precoce e um prognóstico muito bom e desta forma não deixar chegar em um estágio avançado”, contou. Novembro Azul é uma campanha realizada mundialmente todos os anos para que os homens sejam informados sobre a importância da prevenção do câncer de próstata e outras doenças masculinas. A programação da Leal Moreira teve a parceria do Laboratório Sabin. Dados nacionais No Brasil, o câncer de próstata é o segundo que mais mata homens, atrás apenas do câncer de pulmão. Mesmo assim, quase 50% dos brasileiros nunca foram ao urologista, muitas vezes por causa de preconceito. Por isto a Leal Moreira se preocupa em trazer a campanha Novembro Azul, para que mais pessoas sejam conscientizadas da importância da prevenção e tratamento do câncer de próstata.
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Institucio
SALÃO LEAL MOREIRA DE IMÓVEIS. O Salão Leal Moreira de Imóveis, realizado de 27/11 a 07/12, na central de vendas da construtora, localizado no 2º Piso do Boulevard Shopping, foi um sucesso. O evento ofereceu condições únicas em diversos empreendimentos da construtora – com apartamentos e unidades de 44m² a 335m².
LEAL MOREIRA PROMOVE TREINAMENTO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Evitar desperdício de água, contribuir para reciclagem de lixo e reduzir gastos de energia elétrica são alguns exemplos de atitudes simples do dia a dia que podem colaborar para um mundo melhor. Pensando nisso, a Leal Moreira realizou no dia 30/10 palestras e treinamentos sobre educação ambiental e boas práticas para seus colaboradores de obras. Ademir Barbosa, mestre de obras do Torres Floratta, marcou presença. “Achei muito bom porque é uma questão de conscientização que reflete na nossa educação até fora do trabalho, pois nós repassamos o que foi ensinado para nossos filhos e para as pessoas que convivem conosco,” disse Ademir. Outro colaborador que também participou foi José de Alencar, encarregado do Torre Triunfo. “O treinamento foi positivo e contribuiu bastante. Um dos destaques pra mim foi quando ressaltaram a importância da união de todos para melhorar o nosso ambiente de trabalho. Quanto mais pessoas estiverem conscientizadas, melhor”, destaca José. Jorge Machado, engenheiro de Segurança do Trabalho da construtora, foi o coordenador da iniciativa. “Ações como essa são importantes para disseminar informações sobre boas práticas nos canteiros de obras e, assim, reforçar a relevância de trabalhar da melhor maneira possível. O interessante é que os colaboradores levam esses aprendizados também para as suas casas”, disse Jorge.
LEAL MOREIRA REALIZA CURSOS PARA ENGENHEIROS A Leal Moreira reuniu seus engenheiros no dia 30/10 em um coffee break para comemorar a conclusão dos cursos de liderança da empresa, de que eles participaram durante dois meses semanalmente. Dentre os temas, foram abordados legislação trabalhista, técnicas de coaching, marketing, comunicação empresarial e vários outros. O gerente de obras Denilson Rebouças aprovou a iniciativa. “O ponto mais importante a ser destacado foi o investimento que a Leal Moreira fez em seus colaboradores. Os assuntos têm aplicabilidade muito grande nas obras e têm a ver diretamente com a nossa rotina”, disse. O engenheiro Luiz Rosa, do Torres Dumont, também participou. “Os ensinamentos vieram somar com as nossas experiências. A empresa tem profissionais de alto nível e isso fortaleceu os nossos conhecimentos gerenciais. Foi fantástico”, ressaltou Luiz. José Antônio, diretor de engenharia da Leal Moreira, destacou que os treinamentos foram muito importantes. “Atualmente, o profissional, independente da sua área, não pode saber apenas conhecimentos técnicos. Tem que ter uma visão mais abrangente”, destacou. revistalealmoreira.com.br
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Check List das obras Leal Moreira projeto
lançamento
fundação
estrutura
alvenaria
revestimento
fachada
acabamento
Torres Devant 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 68m2 e 92m2 • Travessa Pirajá, 520 (entre Av. Marquês de Herval e Av. Visconde de Inhaúma) Torre Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de janeiro e Av. Alcindo Cacela). .
Torre Parnaso 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 79m² • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis). Torres Dumont 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 64m² e 86m² • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Av. Marquês de Herval). Torre Vitta Office Salas comerciais (32m2 a 42m²) • 5 lojas (61m2 a 254m²) • Av. Rômulo Maiorana, 2115 (entre Travessa do Chaco e Travessa Humaitá). Torre Vitta Home 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 78m2 • Travessa Humaitá, 2115 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torre Triunfo 3 e 4 suítes (170m²) • cobertura 4 suítes (335m²) • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torres Floratta 3 e 4 dorm. (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura). Torres Trivento 2 e 3 dorm. (1 suíte)• 65m² e 79m² • Av. Senador Lemos, 3253. (entre Travessa Lomas Valentinas e Av. Dr. Freitas). Torres Ekoara 3 suítes (138m²) • cobertura 3 suítes (267m2 ou 273m²) • Tv. Enéas Pinheiro, 2328 (entre Av. Almirante Barroso e Av. João Paulo II). mês de referência: novembro de 2014
Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br
www.revistalealmoreira.com.br
198
em andamento
concluído
Check List das obras ELO projeto
lançamento
fundação
estrutura
alvenaria
revestimento
fachada
acabamento
Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: novembro de 2014
Portaria
Área de lazer do Terra Fiori
Suíte do casal
199
nal
Institucio
Paisagismo
Fachadas
Fachadas
nal
Institucio
SuĂte
Fachadas Living
Cozinha
Living
Vista aĂŠrea da ĂĄrea de lazer itucional
Inst
Living
Fachada
Sala comercial
Fachada www.revistalealmoreira.com.br
Nos 36 anos da Lotus, quem fala é o cliente (3). Sr. Linus Serruya, síndico do Ed. Monteiro Lopes II. Cliente há 11 anos.
Sra. Célia Miranda, síndica do Ed. Ilha de Capri. Cliente há 11 anos.
“A empresa é uma facilitadora. Além disso, me sinto membro da família Lotus, pois todos são amigáveis”.
“A Lotus ajuda muito no dia a dia. Sempre que procuramos a empresa, ela se mostra à altura de nossa confiança, nessa parceria de 11 anos”.
Sr. Antônio Aragão, síndico do Ed. Joaquim Bastos. Cliente há 11 anos.
“É uma empresa idônea e as prestações de contas são feitas de forma pontual. Além disso, o acompanhamento é um dos diferenciais. Assim, sabemos sobre as atividades do condomínio até mesmo quando estamos viajando.”
Sr. Ronaldo Luongo, síndico do Ed. Saavedra. Cliente há 10 anos.
“Quando buscamos a Lotus, queríamos mais transparência. E nunca tivemos problemas, pois o condomínio acompanha as contas via internet. A empresa tem muita credibilidade. Só tem que falar bem!”
Sr. Harry Serruya, síndico do Ed. Solar Mondrian. Cliente há 4 anos.
Sr. Carlos Marra, síndico do Ed. Torre de Ravenna. Cliente há 8 anos.
“Percebo em segurança e conforto para o condomínio, com destaque na administração de pessoal com todos os procedimentos trabalhistas, bem como na administração contábil, facilitando o trabalho do síndico.”
“A Lotus tem sido uma parceira de grande valia para a administração do condomínio. É uma empresa que está há muito tempo no mercado, tem uma boa organização e é a melhor do ramo”.
Lotus, há 36 anos, a maior administradora de condomínios da Amazônia. Av. Mag. Barata, 1005 • (91) 3344-4420 • www.lotusonline.com.br /grupolotus
/grupolotus
nal
Institucio
Fachada
Piscinas
Living e varanda gourmet
Fundação
Fundação
Fachadas
Varanda Gourmet www.revistalealmoreira.com.br
Marquise
Cozinha
nal
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Fachada Lage da periferia
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Seja nos livros, seja nos filmes, o Natal Fox é assim, cheio de magia.
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Fachadas
nal
Institucio
Piscina
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Portaria
Cozinha
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Nara D’Oliveira Consultora empresarial
Quando já é hora
de começar a
investir em pessoas
Tenho ouvido muito essa pergunta em minhas
média, começa a ficar difícil para o empreende-
andanças como consultora: “quando é hora de in-
dor “dar conta” de participar da formação e trei-
vestir em pessoas?” A resposta é: “se você tem
namento de todos os colaboradores, bem como,
um colaborador, invista nele”. O investimento inte-
de ler com os mesmos os fluxos de trabalho mais
grado em gente deve fazer parte da forma como
importantes. Nesse momento, algum gerente lon-
você, empreendedor, conduz os seus negócios,
gevo e/ou o próprio setor de administração, por
independentemente do valor que tenhas para in-
mais simples que seja, podem assumir juntos
vestir. O que difere são os tipos de soluções.
essa tarefa. Começa também a necessidade de
Uma empresa pequena possui assuntos urgen-
comprar um pouco de conhecimento técnico fora,
tes a serem equacionados: colocação de produto
pois o empreendedor não consegue mais ser re-
no mercado, equilíbrio do fluxo de caixa, criação
ferência técnica interna em todos os momentos.
de sua estrutura organizacional – só para citar al-
Alguns serviços começam a ser terceirizados e o
guns. Mas isso não significa que ela não precise
uso de consultorias começa a aparecer, sobretudo
ter um olhar de cuidado para as pessoas, muito ao
nas áreas contábeis e de marketing.
contrário. Em uma empresa pequena, os muros
Finalmente, a empresa é de médio porte e aí, se
organizacionais devem ser baixos, ou seja, todos
não tem um sistema de pessoas bem implantado,
dividem o trabalho e são responsáveis “pelo o que
está perdendo dinhero em um turnover grande, re-
cair na mesa” – são multitarefas. Para conseguir
clamações trabalhistas, baixa produtividade, pou-
um time alinhado para entregar esse tipo de tra-
ca ou nenhuma inovação, desmotivação, conflitos
balho, é preciso muita dedicação e alinhamento.
internos intermináveis, dificuldade de alinhamento
Quando se tem poucas pessoas, se conversa
do corpo gerencial com a alta administração, den-
mais. O treinamento é realizado todo em um es-
tre muitos outros. Não se esqueça de que a calça
tilo de OJT do dia a dia, quando o empreende-
que você comprou naquela grande loja de roupas
dor participa dessas atividades discutindo fluxos e
é adequada para usar no trabalho, como outra
revendo-os com todos. É desse tipo de trabalho
qualquer. Você pode ter ferramentas caseiras ou
que surgem os gerentes e diretores do amanhã.
compradas regionalmente que te trarão resultados
É muito comum em alguns grupos familiares en-
positivos e ganho de produtividade.
contrarmos executivos oriundos dessa época, que
Bom, quando você for grande, só chegou a esse
cresceram dentro das empresas e retêm a me-
degrau porque certamente fez algo muito certo
mória de várias fases da mesma.
em relação às pessoas. Em um mundo global,
Quando a empresa se torna pequena para
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ninguém cresce só olhando para o número.
RLM nº 47 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
ano 11 número 47
Casa Cor Pará 2014 Beleza, sofisticação, funcionalidade e recorde de público marcam a edição da mostra em solo paraense.
Leal Moreira
Strobo Milhem Cortaz Belém - 399 anos
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