Revista Leal Moreira nº 49

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RLM nº 49 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

ano 11 número 49

Gregório Duvivier

Riso e seriedade convivem harmoniosamente na mente inquieta de um dos artistas mais completos de sua geração

Leal Moreira

Carlos Bertolazzi sob pressão Wilson Simonal revive Banda do Mar Renata Sorrah Punta Del Este

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NORTE

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A Revista Leal Moreira 49 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.

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destino

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MARIA DE NAZARÉ SARGES A Revista Leal Moreira foi ao encontro da maior estudiosa de Antônio Lemos.

especial

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WILSON SIMONAL A volta da pilantragem! A vida e obra de Simonal ganham encenação musical.

perfil O atleta paraense Jucelino Alves Júnior se joga de cabeça nas mais profundas emoções.

comportamento Acreditar que é possível - eis o segredo (e primeiro passo) para superar as adversidades e os males que afligem a mente e o corpo.

gourmet O inquieto chef Carlos Bertolazzi comanda as panelas (e os nervos) no reality Cozinha sob pressão

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GREGÓRIO DUVIVIER Ele é um dos artistas mais versáteis da comédia brasileira. E leva o riso muito a sério.

PUNTA DEL ESTE O mais charmoso balneário do Uruguai é uma delícia em qualquer época do ano. O Sol sempre é um espetáculo por aqui.

Belém| 400 anos

capa Gregório Duvivier Foto: Daryan Dornelles

capa

índice

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dicas perfil Banda do Mar Ricardo Gluck Paul entrevista Anderson Araújo confraria Celso Eluan decor especial 3D tech galeria especial pet Ângela Sicilia vinhos HV institucional Nara Oliveira

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editorial

Amigos, A edição de número 49 da Revista Leal Moreira chega a você trazendo na capa o ator/comediante Gregório Duvivier - considerado um dos maiores expoentes da comédia no Brasil. Filho de artistas, era natural que ele seguisse os mesmos passos (como o fez) e em um bate-papo conosco ele fala sobre fama, com a qual teve o primeiro contato ainda menino, sobre sucesso e sobre Belém. Exatamente: Belém! Gregório veio inúmeras vezes para a capital paraense e tem um carinho enorme por nossa cidade. Quem também tem histórias relacionadas a Belém para contar é o chef Carlos Bertolazzi. Ficaram curiosos? Esta edição traz ainda a diva Renata Sorrah e apresenta o musical sobre Wilson Simonal, um gênio injustiçado da música brasileira. E não deixem de conferir uma matéria especial, que encantou a todos na redação: como acreditar na cura é fundamental a qualquer processo de recuperação. Vão em frente e mergulhem (como o atleta Jucelino Alves Júnior) nas páginas a seguir. Boa leitura!

André Moreira

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expediente

Tiragem da edição 49 da Revista Leal Moreira auditada por

Revista Leal Moreira

Criação, coordenação e realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editora-Chefe Lorena Filgueiras Produção Lorena Filgueiras Fotografia Dudu Maroja Reportagem Ana Carolina Valente, Arthur Nogueira, Bianca Borges, Camila Barbalho, Carolina Menezes, Edson Carvalho, Flávia Ribeiro, Isabela Lima, Lorena Filgueiras, Priscilla Amaral e Thiago Freitas Colunistas Anderson Araújo, Ângela Sicilia, Celso Eluan, Nara Oliveira, Raul Parizotto e Ricardo Gluck Paul. Assessoria de imprensa Lucas Ohana Conteúdo multimídia Max Andreone Versão Digital Guto Cavalleiro Estagiário Matheus Paes Revisão José Rangel, Marcelo Mello e André Melo Gráfica Halley Tiragem 12 mil exemplares

João Balbi, 167. Belém - Pará f: 91 4005.6800 • www.lealmoreira.com.br

Fundador / Presidente Carlos Moreira Conselho de Administração Maurício Leal Moreira [Presidente] André Leal Moreira João Carlos Leal Moreira Luis Augusto Lobão Mendes Rubens Gaspar Serra Diretoria Executiva Diretor Executivo / CEO Drauz Reis Filho Diretor Administrativo e Financeiro Thomaz Ávila Neto Diretor Comercial e de Relacionamento José Ângelo Miranda Gerências Gerente Financeiro Walda Souza Gerente de Controladoria Ana Vitória de Oliveira Gerente de Planejamento e Captação de Recursos Carlos Eduardo Costa Gerente de Gestão de Pessoas Rosanny Nascimento Gerente do Departamento Pessoal Mônica Silva Gerente de Relacionamento com Clientes Alethea Assis Gerente de Marketing Mateus Simões Gerente de Incorporação Patrick Viana

Atendimento aos Clientes: Avenida Nazaré, 759 (Largo do Redondo) • segunda a quinta-feira: 9h às 12h e das 14h às 18h. • sexta: 9h às 12h e das 14h às 17h30.

Atendimento telefônico: ++55 91 4005 6868 • segunda a quinta-feira: 9h às 18h. • sexta: 9h às 17h30.

Escreva para: atendimento@lealmoreira.com.br Rua João Balbi, 167 • Nazaré Belém/PA - Brasil CEP: 66055-280

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Comercial Gerente comercial Danielle Levy • (91) 98128.6837 daniellelevy@revistalealmoreira.com.br Consultor comercial Ana Carolina Valente • (91) 98304.3019 anacarolina@revistalealmoreira.com.br Lídia Menezes • (91) 98802.3857 lídia@revistalealmoreira.com.br Back office Giovana Teixeira • (91) 4005.6874 giovana@revistalealmoreira.com.br Distribuição distribuicao@revistalealmoreira.com.br Financeiro (91) 4005.6888 Fale conosco: (91) 4005.6874 revista@door.net.br revista@revistalealmoreira.com.br www.revistalealmoreira.com.br facebook.com/revistalealmoreira Revista Leal Moreira é uma publicação bimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.


Hospital Oncológica – Doca facebook.com/oncologica

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Belém

Brasileirinho Cozinha Nacional Em time que está ganhando, se mexe? O Brasileirinho prova que sim! A casa, que está em novo endereço, ficou mais ampla, com salão mais espaçoso. O cardápio, assinado pelo chef Alexandre Barros, está repleto de novidades... melhor dizendo, novos clássicos, como o camarão empanado com tapioca e acompanhado de chutney de cupuaçu picante ou a unha de caranguejo, cuja massa, levíssima, é feita de feijão branco. Os “velhos” clássicos, como o peixe empanado em farinha de Bragança, continuam imbatíveis, mas dividem espaço com criações recentes. A casa ganhou ainda uma adega. Vale cada minuto de permanência!

Travessa Rui Barbosa, 2019, entre Mundurucus e Pariquis • Nazaré • 91 3083.5101 e 3082.7777 www.revistalealmoreira.com.br

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Mazza - Fresh Italian

Com estilo nova-iorquino, a especialidade da casa, como o próprio nome já anuncia, serão as massas frescas artesanais e pizzas de massa madre (fermentação natural que confere crocância ao resultado final). O nome da casa, aliás, é um trocadilho entre as palavras “massa” e “pizza”. Além das massas, o cardápio oferecerá uma completa linha de sanduíches, com pães produzidos no Mazza, saladas com hortaliças orgânicas e clássicos italianos, como o Parmegiana (acompanhado por gnocchi de macaxeira). Recém-inaugurado, o Mazza impressiona pelo ambiente espaçoso. São 4 andares – sendo que dois deles, dedicados exclusivamente aos clientes. Ah! Pets serão bem-vindos! Há, inclusive, cardápio para os melhores amigos do homem.

Av. Almirante Wandenkolk, 260, esquina com a Municipalidade. Umarizal • 91 3355.2600 • Instagram: Mazza_oficial • Facebook: Mazza Fresh Italian


Brasil

Santo Grão Café A elegante Rua Oscar Freire em São Paulo abriga o Santo Grão Café, onde os amantes mais fervorosos do café podem se encontrar para mais uma xícara de puro deleite. Com um ambiente arejado e convidativo, o Santo Grão Café oferece a chance perfeita de dar uma fugida na rotina para uma leitura prazerosa na companhia quente e acolhedora de um bom expresso. Mesmo com algumas boas opções de delícias para não ficar com o estômago vazio, o reinado do café é inegável e uma antiga e elegante máquina de torrefação só confirma isso. Um belo terraço e ambiente sofisticado compõem o refúgio perfeito para uma tarde que precisa de algo a mais. Aberto Segunda das 14:00 - 1:00; Terça a quinta-feira das 9:00 - 1:00; Sexta-feira das 9:00 - 2:00.

Rua Oscar Freire, 413 São Paulo • 11 30824892 • www.santograo.com.br

Restaurante Rock & Ribs Inspirada no conceito de casual dining americano, a Rock & Ribs reúne fast-food, bar e restaurante em alto estilo. Quem gosta de um ambiente temático, à moda rock and roll para saborear os mais suculentos pratos inspirados na culinária americana, vai se sentir em casa. Com o lema “Let’s Rock, let’s Rock & Ribs” a rede de steakhouse - presente em 5 estados brasileiros - deixa bem claro que música e gastronomia podem ser o casamento perfeito para os olhos e paladar. O prato chefe da casa, o “Rock Original Barbecue Ribs” traz uma irresistível peça de costela suína assada lentamente por mais de 3 horas, em busca do equilíbrio perfeito entre uma carne que desmancha na boca com o gostinho caseiro do molho barbecue. Av. Professor Carlos Cunha, 1000 – Praça de Alimentação São Luís Shopping – Loja: 143 – Jaracati - São Luís / MA • 98 3259.3449 • www.rockeribs.com.br www.revistalealmoreira.com.br

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mundo

Monikers – Londres

Charme e classe somados à influencia das lanchonetes tipicamente americanas, adaptadas ao estilo escola britânica, além de um menu feito para compartilhar, definem o Monikers que fica na esquina da Hoxton Square em Londres. Os especiais estão rabiscados em grandes quadros negros e um gigante painel de ônibus escolar dá forma ao mezanino principal. Nostalgia pura é o que você vai sentir ao se aconchegar nos bancos que parecem mesmo ter sido retirados de um ônibus escolar. Mas, se você acha que vai encontrar sabores desleixados típicos de cantinas de escola, está enganado. Pois o cardápio está mais para bistrô britânico moderno e super bem conceituado. Aberto de segunda a quinta-feira das 10:00 às 23:00; Sexta e sábado das 10:00 à meia-noite; Domingo das 10:00 às 16:00.

16 Hoxton Square, N1 6NT London • +44(20)77396022 • http://www.monikers.co.uk / info@monikers.co.uk

Ducks Eatery – NY A fusão culinária de companheiros improváveis do sul ao extremo oriente deu muito certo na Ducks Eatery localizada no coração de Nova Iorque. Neste restaurante o bom e velho churrasco americano transforma-se no parceiro perfeito da culinária do sudeste asiático. E você pode conferir isso de perto com uma carne, por exemplo, ensopada em uma marinada de anchovas que faz parte do menu cheio de intensidade do restaurante. Ele oferece ainda um ousado sanduíche de peito defumado durante 18 horas por dia com uma “mancha” de gordura de ricota, repolho em conserva no topo e um pão torrado. Pouco saudável, mas cheio de sabor esse diamante bruto da gastronomia de Nova Iorque promete uma viagem inesquecível aos mais inusitados sabores que você já experimentou. Aberto de segunda a quarta-feira das 17:00 à 1:30; Quinta e sexta-feira das 17:00 às 3:30; Domingo das 11:00 às 22:00.

351 E 12th St, 10003 New York • +12124323825 • duckseatery.com / info@duckseatery.com

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Edson Carvalho

Voo

livre

Embora seja atleta das águas, Jucelino Alves alça voos ousados e cada vez mais altos

V

inte e sete metros assustadores separam a água e a área de salto da plataforma. No mínimo. Dependendo do local, a distância pode ser ainda maior e chegar a incríveis trinta metros, altura equivalente a um prédio de dez andares. Seja em um lago, rio, mar ou mesmo em uma piscina, essas são características básicas do high diving, esporte derivado dos saltos ornamentais e que tem um paraense como principal representante no Brasil. Em pouco mais que um piscar de olhos, o atleta franzino – carinhosamente conhecido pelos mais íntimos como “fiapo” –, salta em queda livre, exibindo acrobacias precisas e com uma única certeza: “São três segundos em que eu vivo completamente. Três segundos livres mesmo. Só de liberdade”. A fama de Jucelino Alves Lima Junior talvez seja maior além-mar do que em território nacional. De origem humilde, assim como a maioria dos nossos esportistas vencedores, o paraense encantou plateias ao redor do planeta, antes de ser reconhecido na própria cidade. Aos poucos, os olhares curiosos, os pedidos de autógrafos e fotos entram na rotina do rapaz tímido. Algo que ele nem poderia imaginar oito anos atrás. A hiperatividade é a principal característica

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do Jucelino. E foi sempre assim. “Eu costumava fugir de casa, quando era criança, pra fazer acrobacias. Fazia nos gramados e de lá fui pra serragem. Foi onde eu encontrei outros garotos e a gente acabou formando uma turma, umas equipes de acrobacias.” A habilidade natural ajudou a transição para outros dois esportes: a capoeira e a ginástica artística (naquela época, ginástica olímpica). “Como eu matava aula pra ficar brincando, saltando no gramado, a minha professora de educação física indicou que eu viesse pra UEPA (Universidade do Estado do Pará), onde existia a ginástica olímpica. Conforme a minha frequência na ginástica, eu teria minhas notas em educação física.” Mas os aparelhos de ginástica não conseguiram atrair tanto aquele menino curioso quanto a piscina. Enquanto a entrevista, feita na arquibancada do parque aquático da Escola Superior de Educação Física (ESEF) da UEPA, transcorria, Jucelino transbordava em lembranças. “Pelo fato de eu ser de periferia, até meu primeiro banho de piscina foi aqui. Aquela coisa de criança, fugindo dos vigilantes e pulando na água de roupa e tudo, só pra estar na piscina.” Até que não teve jeito: ele foi pra água. No caminho diário até a sala de ginástica da ESEF, o garoto passava em frente à piscina. Jucelino »»»

Bernie Walbenny


então decidiu: faria acrobacias antes de mergulhar naquela piscina ainda proibida. Corajoso, chamou o técnico da equipe de saltos ornamentais e garantiu que era um saltador em potencial. “Eu falei que eu poderia fazer um salto ali. Ele disse que se eu conseguisse mesmo, teria minha vaga na equipe de saltos ornamentais. Eu acabei fazendo o salto, mesmo sem saber nadar, sabendo apenas ‘boiar’, mas consegui.” O menino ganhou a confiança do técnico Roberto Ruffeil, dando início a uma parceria que já dura quinze anos. A confiança é mútua e tão grande que Jucelino abre mão de treinar em locais que são referências para saltos no Brasil. “Prefiro vir pra Belém. Tenho outras oportunidades, outros locais de treino, como Fluminense, Pinheiros. Como ele é meu treinador, a gente pode trocar mais ideias juntos”, garante. Mas esses momentos são raros. Sem poder acompanhar Jucelino nas viagens, Ruffeil e o pupilo recorrem à tecnologia para colocar os treinos em dia. “Tem o Skype, o Facebook, a gente sempre conversa. Usamos até o Whatsapp. Eu vou sempre mostrando os vídeos dos meus saltos e ele vai me dando as dicas de entrada, saída ou da figura no ar”, revela Jucelino. Mas essa parceria ficou suspensa durante algum tempo. Entre 2006 e 2013, o atleta das piscinas virou artista em parques. Recém-aprovado no curso de matemática, Jucelino largou tudo no Brasil e foi tentar a sorte com shows aquáticos na Europa. Durante quase uma década, viveu na França, na Alemanha e na China. Aprendeu oito línguas, entre elas o búlgaro e o cantonês. Ainda durante a vida circense, conheceu o high diving e passou a competir eventualmente no Circuito Mundial dos saltos radicais. A paixão foi imediata e no momento em que precisou optar, largou a arte e voltou pro esporte. No high diving, os atletas priorizam a entrada na água com os membros inferiores, uma vez que perna e quadris são mais resistentes aos impactos do que os braços e os ombros. A atenção é total e qualquer descuido durante o salto pode custar caro. “Não é pra qualquer um. Ele é completamente perigoso. A gente costuma falar que ele é 80% mental e 20% físico.” Movimentos rápidos e precisos. Beleza e perigo lado a lado. “Quem assiste deve pensar: ‘esses caras são loucos’”, imagina Jucelino, citando a própria família. “Meus pais são muito religiosos. Acho que eles pedem muita força divina pra que não aconteça nada comigo. Eles oram bastante”, revela. A ligação entre os pais e o filho é muito forte. Aposentados, Dona Rosilda e Seu Jucelino

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Após anos de treinamento, Jucelino se permitiu um período em que largou tudo e viveu de espetáculos aquáticos, foi quando conheceu o high diving.

são fundamentais para permanência do atleta em Belém. O cidadão do mundo abriu mão de muita coisa para estar aqui. “Eu digo que depois dessas viagens, de toda essa minha trajetória de vida, pude provar tanto da pobreza quanto da riqueza também. Hoje o que vale pra mim é estar feliz, estar ao lado deles, ter esse calor humano deles que é puro. Isso pra mim é o que vale na vida hoje”. A casa é a mesma onde os cinco filhos nasceram e foram criados. O asfalto, timidamente, vai chegando ao local, frequentemente afetado por alagamentos. Local humilde, mas de onde ninguém sai. “Já tentei falar várias vezes, ‘bora embora’. Já comprei apartamentos pra tirá-los de lá, mas eles não querem”, conta o filho dedicado, que apesar de possuir apartamentos na capital, acabou se rendendo à vontade dos pais e reformando a casa onde os três continuam morando. “Não tem jeito. É o que eles gostam. Entendi que assim como eles me deixam viver livre para fazer o que eu gosto, eu preciso fazer o mesmo em relação a eles”. Esse “fazer o que gosta” do Jucelino alcançou

agora um novo patamar. Depois de se tornar a sexta modalidade sob a tutela da FINA (Fédération Internationale de Natation), entidade máxima dos desportos aquáticos, o high diving ganhou também o status de esporte olímpico. A partir de 2020, em Tóquio, no Japão, os saltadores radicais vão em busca da glória olimpiana. Até lá, a preparação vai ser longa, possivelmente com um capítulo especial nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, no ano que vem. “Provavelmente vai ser apresentado no Rio. Mas em Tóquio-2020, vai estar oficialmente no programa”, orgulha-se o saltador, que também se considera parte importante do crescimento da modalidade em todo o planeta. “Me sinto feliz por fazer parte dessa história. Continuo fazendo parte dessa história, fazendo a história, na verdade”, reflete, enquanto pensa no passado, presente e futuro. E o futuro do high diving e do Jucelino parecem um só. Aos 31 anos, mesmo sem pensar em aposentadoria, o atleta já considera a possibilidade de também se tornar técnico. A ideia é criar uma

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Organização Não-Governamental que promova o esporte para crianças carentes. Ele acredita no potencial de cada menino e menina que dão os primeiros saltos na ESEF. “Tem muito moleque bom aqui. Até Tóquio, poderíamos preparar gente daqui também”, garante. Mas Tóquio e até mesmo o Rio de Janeiro, ainda são um futuro distante. No presente, em 2015, Jucelino tem uma agenda cheia. Além do campeonato mundial, em agosto, na cidade de Kazan, na Rússia, o paraense ainda vai subir em oito diferentes plataformas ao redor do planeta, todas integrantes do circuito mundial do esporte, patrocinado por uma marca de bebidas energéticas (Red Bull). Um ano cheio e que pode enchê-lo de moral também. O sonho e a luta são pelos dois títulos. “Dá pra sonhar sim. Dá pra chegar lá. Até porque já venci os caras. Já venci todos eles. Então dá pra sonhar sim em vencer o Campeonato Mundial e o Circuito Mundial”, conclui o nosso sonhador voador.


perfil

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Arthur Nogueira

Diego Ciarlariello

Navegaré

preciso

Com pouco mais de um ano de existência, a Banda do Mar, projeto de Marcelo Camelo e Mallu Magalhães, em parceria com o baterista português Fred Ferreira, toca de Norte a Sul do Brasil e figura em todas as listas de melhores álbuns de 2014

“P

or que, em sua primeira viagem como passageiro, você sentiu aquela vibração mística, quando lhe disseram que você e o navio estavam fora do alcance dos olhos da terra?” A pergunta flutua em um dos trechos da obra-prima de Melville, “Moby Dick”. Mais do que a história da vingança do Capitão Ahab contra a baleia branca que lhe arrancou uma das pernas, esse é um romance sobre o mar. Um dos muitos e mais belos exemplos do fascínio que os oceanos do mundo despertam em artistas de diferentes gerações. Na calmaria ou na procela, o encanto das águas reside no desconhecido. E foi pensando nesse mistério, isto é, nas múltiplas sensações da experiência no mar, que Marcelo Camelo batizou a sua nova banda, formada em parceria com Mallu Magalhães e Fred Ferreira. “O Marcelo sugeriu o nome e a gente adorou, porque você pode achar o mar em vários momentos das canções, dependendo do que ele representa para você”, explicou Mallu, autora de cinco das doze faixas do álbum. As outras sete são de autoria de Camelo, entre elas, “Cidade Nova”, que inclui o verso “eu só trago o mar de algum lugar comigo”. Apesar da relação que mantém dentro e fora dos palcos - Mallu e Marcelo são casados -, o álbum da Banda do Mar não inclui nenhuma canção escrita a quatro mãos. “Não existe um motivo exato para isso, só preferimos dividir as

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composições. Eu compus as que eu canto e o Marcelo, as dele”, ressaltou a cantora, coerente com a letra da canção “Me sinto ótima” (“a melhor viagem é seguir a trilha que eu abri”). A opção por um caminho solitário de composição reforça, no álbum, a personalidade dos dois artistas, cujos trabalhos individuais são singulares na forma de cantar e compor. Como o próprio Marcelo descreve na letra de “Pode ser”, a Banda do Mar é um misto da intensidade de Mallu e da “calma do mundo” do ex-Los Hermanos. “Fazer parte de uma banda é algo novo. Eu sempre tive a sorte de ser acompanhada por músicos incríveis, mas quando se é parte de uma banda, ainda mais na Banda do Mar, onde estamos entre amigos, é algo totalmente diferente”, reconheceu a autora de “Muitos chocolates”, explicando que os assuntos e os caminhos melódicos das canções são outros quando o objetivo final é um projeto coletivo. “Hoje em dia, quando eu componho, algumas músicas saem parecidas com a Banda do Mar, outras não se encaixam, mas é algo que acontece naturalmente”, garantiu Mallu, agora com 22 anos. Somos do mundo A Banda do Mar surgiu por causa da mudança de Mallu Magalhães e Marcelo Camelo para Lisboa, em 2013. Nessa “cidade nova”, onde tudo é “estranho e lindo”, foram abertos »»»


Banda do Mar Site oficial bandadomar.com.br Ficha técnica do CD Banda do Mar (2014) Mallu Magalhães: Voz, guitarra e violão Marcelo Camelo: Voz, guitarra, violão, baixo e percussão Fred Ferreira: Bateria e percussão Gravado no inverno e primavera de 2014, nos Estúdios Iá e Atlântico Blue, em Lisboa Produzido e arranjado por Banda do Mar Estúdio Iá. Som: Hugo Santos, Pedro Gerardo Estúdio Atlântico. Blue Som: Victor Rice – Auxiliar: Pedro Gerardo Mixado no Estúdio Atlântico Blue por Victor Rice Masterizado, Felipe Tichauer (Red Traxx Music) Produção executiva: Pedro Trigueiro Foto de capa: Bruna Valença Modelo: Camila Baldin Ilustração do Livreto: Mallu Magalhães Foto do Livreto: Pedro Trigueiro Grafismo: Diana Sousa

os caminhos para a parceria com o músico português Fred Ferreira, baterista dos grupos Buraka Som Sistema, Orelha Negra e Laia. “Nas minhas composições, aparecem todos os sentimentos que uma mudança traz”, explicou a cantora, em possível referência às letras de “Mais ninguém” (“mesmo que não venha mais ninguém, ficamos só eu e você / fazemos a festa, somos do mundo / sempre fomos bom de conversar”) e “Me sinto ótima” (“eu me achei no colo do meu par / a melhor parte de mim eu acabei de descobrir / e, se perguntarem por mim, diga que estou ótima”). A convivência em Portugal consolidou a criatividade do trio, porém a relação de Fred e Marcelo é bem anterior ao projeto da banda. “Somos amigos há mais de dez anos”, contou o português, pai da pequena Maria, afilhada de Camelo. “Eu já conhecia algumas coisas do Brasil, mas quando ele e a Mallu mudaram para Lisboa, aprendi ainda mais sobre a música brasileira”, revelou o artista, que no disco se reveza entre a bateria e a percussão. Mesmo assim, por mais que em muitos momentos do álbum da Banda do Mar ressoem na concha do ouvido referências da música nacional, entre as quais, por exemplo, a Jovem Guarda, o pop/rock de Rita Lee e a psicodelia de Gal Costa no fim dos anos 1960, fica claro que, depois da experiência de viver no exterior, o verso “não tenho mais medo do mundo” não é mero acaso. “A maior influência da vida em Lisboa foi o Fred”, reconheceu Mallu. O tempo que eu tenho é pra voar Desde que o álbum chegou às lojas, em agosto de 2014, a agenda de Marcelo, Mallu e Fred está repleta de shows, gravações em programas de TV e entrevistas. A turnê pelo Brasil começou em outubro, em Porto Alegre, »»»

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e já passou por Rio de Janeiro, São Paulo, Natal, Fortaleza, Florianópolis, Salvador, Teresina, Curitiba e Belo Horizonte, entre outras cidades, de norte a sul do Brasil. No palco, sucessos de outros trabalhos dos artistas, como “Velha e Louca” (Mallu Magalhães) e “Além do que se vê” (Marcelo Camelo), completam o repertório do show. A adesão dos músicos Marcos Gerez, integrante do Hurtmold, no baixo, e Gabriel Mayall (Bubu), da banda Do Amor, na guitarra, garante aos espetáculos um tom mais roqueiro. Fazendo jus ao clima familiar mencionado anteriormente por Mallu, Bubu e Marcos são antigos parceiros de Marcelo: o primeiro tocava no Los Hermanos e o segundo acompanhou o artista nas turnês dos álbuns “Sou” (2008) e “Toque Dela” (2011). “A nossa agenda tem sido bem corrida, estamos vivendo em hotéis”, revelou Mallu, ressaltando que, ainda assim, encontra tempo para outros projetos e para músicas que não são as músicas da Banda do Mar. “A gente vive disso, então é impossível desligar. Inclusive, o Fred esteve no sul do Brasil para um show essa semana”, contou a artista. Paralelamente ao trabalho nos palcos, ela recentemente concebeu as capas dos álbuns de Bruno Capinan, “Tudo está dito”, e de Tom Zé, “Um Vira-Lata na Via Láctea”, lançados em 2014. Em dezembro passado, a Banda do Mar aportou em Belém, em única apresentação no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Na ocasião, o show de abertura ficou a cargo do duo paraense Strobo. “Tanto eu quanto o Marcelo já havíamos tocado em Belém e voltar agora, com a banda, foi muito legal. O público nos acolheu muito bem”, comemorou Mallu. “Aliás, tem sido assim em todo o país. Estamos muito felizes com a recepção que estamos tendo e com o carinho”, garantiu a cantora, animada com a repercussão do álbum e da turnê, que, ao que tudo indica, está longe da “acostagem”, termo náutico que se refere à proximidade do cais.


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especial

A impressionante trajetória de Wilson Simonal, da ascensão meteórica à completa ruína, não encontra paralelos na história da música brasileira.

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Leo Aversa

divulgação

Bianca Borges

E fez

o povo inteiro

cantar De menino pobre a primeiro ídolo negro da música popular brasileira, Wilson Simonal tem trajetória contada em musical que resgata seus sucessos e vai da ascensão à derrocada do mito

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ilson Simonal se encaixa no perfeito arquétipo de pessoa que tinha tudo para não ser nada. Nascera negro em um país racista como o Brasil dos anos 1940. Pobre, filho de uma empregada doméstica e de um pai ausente, e no subúrbio do Rio de Janeiro. E feio. Pelo menos para os padrões estéticos impostos pela TV (com todo o seu poder de influência à época), cujos modelos de beleza eram Elvis Presley ou, um pouco mais próximo de nós, Roberto Carlos, o nosso “Rei” correspondente. Apesar de suas ambições artística e financeira e do jeito considerado “metido demais para um crioulo”, Simonal não escondia a percepção que tinha de si mesmo. Em entrevista ao Jornal do Brasil em 1970, ele confessou: “Cresci com uma porção de complexos porque era pobre, porque era feio e porque era preto”. Mas, a seu favor, ele teria muito mais do que sorte: poucos anos após ser descoberto pelo guru da MPB Carlos Imperial, que o apresentou em seu programa de televisão e assumiu papel fundamental na carreira do futuro astro, Wilson Simonal explodiu em todo o país para se tornar o primeiro grande ídolo negro da nossa música popular. Na década de 1960, ele já tinha o público e a crítica a seus pés: era um astro da televisão e do rádio, sendo apontado por muitos como o maior cantor brasileiro. “Ele era um grande »»»

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Saiba mais SÊimbora, o musical - A história de Wilson Simonal

Agenda

• Teatro Municipal Carlos Gomes – Rio de Janeiro Até 12 de Abril • Teatro João Caetano – Rio de Janeiro A partir de 17 de Abril • Teatro Cetip - Instituto Tomie Ohtake São Paulo - A partir de 11 de Junho Para ver Documentário Wilson Simonal – Ninguém sabe o duro que dei (2009) De: Claudio Manoel, Calvito Manoel e Micael Langer Para ler Biografia Nem vem que não tem - A vida e o veneno de Wilson Simonal (2009) - Editora Globo - Ricardo Alexandre

Mamãe passou açúcar em mim: na década de 1960, Simonal tinha o público e a crítica a seus pés.

entertainer: contava piadas, dançava e dominava a plateia como nenhum artista do seu tempo, fazendo o Maracanãzinho lotado cantar como um coral em que ele era o maestro”, exalta o crítico musical Nelson Motta, lembrando o lendário show de 1969, que reuniu no estádio cerca de 30 mil pessoas, para quem Simonal dirigiu o antológico comando: “Agora os 10 mil da direita! Agora os 10 mil do meio! Agora os 10 mil da esquerda!”. No dia seguinte, os jornais estampavam fotos com a legenda “O maior coral do mundo”. Ele, que não era a atração principal, roubou a cena no show de abertura. Para se ter uma ideia de sua popularidade, só no ano de 1968 Simonal chegou à impressionante marca de 350 espetáculos e precisou ser hospitalizado, por conta de uma estafa. Imediatamente após o show no Maracanãzinho, a Shell o procurou com a proposta de um contrato de patrocínio sem precedentes. Ele se tornou um dos garotos-propaganda mais bem pagos na história do showbizz brasileiro. Nas ações publicitárias, as marcas logo se apropriavam de seus bordões, gírias e expressões, como “Com champignon!” – que ele inventou

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com o sentido de “dar um tempero especial”. Simonal é considerado um dos criadores da chamada “pilantragem”, uma forma de cantar que envolvia certa performance corporal. O gênero musical mais dançante, balançado, direto e popular estourou nas paradas de sucesso dos anos 1960. Versátil, ele experimentou ainda diversos estilos e não fez feio em nenhum deles. Graças ao desempenho nas boates que eram o point da Bossa Nova, em Copacabana, ele recebeu a alcunha de “O Frank Sinatra do Beco das Garrafas”. Além da “fase bossa-nova”, passeou por praticamente todos os gêneros: cantou rock, soul, calipso, samba... Max de Castro, um de seus filhos, que é também músico, defende que o pai foi um precursor e inaugurou uma nova escola de canto no Brasil. “Ele uniu todas as escolas vocais, desde o cool da bossa nova até a potência vocal, acrescentando uma influência do suingue, na maneira mais criativa de se interpretar uma música. Não somente por saber cantar as notas originais, mas também por criar uma divisão diferente e novas possibilidades de melodias paralelas”, escreveu a convite da Revista Rolling Stone Brasil, na lista

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em que seu pai é apontado como uma das quatro maiores vozes do país. No ano de 1967, a Record era a emissora mais prestigiada do País e Wilson Simonal foi o primeiro negro a ter seu próprio programa de televisão em horário nobre, no Brasil, no canal. Consciente da importância de feitos como este, ele compôs, em parceria com Ronaldo Bôscoli, Tributo a Martin Luther King, em que defende a importância da luta negra: “Cada negro que for, mais um negro virá/ Para lutar com sangue ou não/ Com uma canção também se luta, irmão / Luta negra de mais é lutar pela paz / Para sermos iguais”. A vida de um dos mais polêmicos ídolos da música brasileira é agora apresentada nos palcos em “S’imbora, O Musical – A História de Wilson Simonal”, em cartaz no Rio de Janeiro. Escrito por Nelson Motta e Patrícia Andrade, e com direção de Pedro Brício, o espetáculo faz um resgate do riquíssimo repertório do artista, incluindo as músicas que ficaram famosas em sua interpretação, como “Balanço Zona Sul” (seu primeiro sucesso), “Sá Marina”, “País Tropical”, “Meu limão, meu limoeiro”, “Lobo bobo”, “Mamãe passou açúcar


Vamos voltar à “pilantragem”? O gênero musical que Simonal ajudou a moldar estourou nas paradas de sucesso dos anos 1960. Era uma forma de cantar mais dançante, balançada, direta e popular.

em mim”, entre outras. Além das canções, o espetáculo recorda momentos históricos em sua trajetória, como o show em que dividiu o palco com Sarah Vaughan, transmitido ao vivo pela TV Tupi, em 1970. Havia uma ligeira preocupação dos diretores com o fato de que, apesar de cantar em inglês, Simonal não era fluente no idioma e iria entrevistá-la. Com todo o seu carisma, antes do dueto de Shadow of your smile, ele ignorou a ficha de perguntas e se dirigiu à cantora: - Miss Sarah, repeat with me: “Vou deixar cair”. Ao que a diva, que não conhecia qualquer palavra em português, respondeu: “Vou deixar cair” – com sotaque, obviamente. Ele sorriu, já com a situação dominada. Na montagem, o papel-título é interpretado por Ícaro Silva, mesmo ator que viveu nos palcos recentemente outro ícone da música brasileira, Jair Rodrigues, em “Elis, a musical”. Filho de Simonal, Max de Castro é responsável pelos arranjos, fiéis à obra do pai, mas com um tom mais contemporâneo [confira entrevista exclusiva que ele concedeu à RLM no box]. A direção musical é de Alexandre Elias e os mais de 250 figurinos concebidos para

o espetáculo têm a assinatura de Marília Carneiro. Já a cenografia é de Hélio Eichbauer, que já assinou a cenografia de inúmeros shows de Caetano Veloso e possui estreita ligação com a MPB. A morte e a morte de Wilson Simonal Não seria exagero dizer que Simonal morreu duas vezes. A morte oficial aconteceu aos 62 anos, em novembro de 2000. Após um longo período em que o cantor se entregou à depressão e ao alcoolismo, vivendo um exílio involuntário em seu próprio país. Mas o artista cuja popularidade na segunda metade dos anos 1960 só se comparava à de Roberto Carlos, ícone da Jovem Guarda, já havia morrido décadas antes. Sua carreira começou a se desestruturar no início dos anos 70, com uma série de episódios e escolhas equivocadas: ele encerrou seu contrato com a TV Globo, brigou com o Som Três, o trio instrumental que o acompanhava desde o início, e desfez o escritório Simonal Produções. Outrora aplaudido pelas massas, Simonal foi condenado ao esquecimento após, em 1971, ter seu nome ligado a um nefasto episódio.

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Desconfiado de que seu contador o estava passando para trás, pediu a uns agentes policiais que conhecia no DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) que dessem “um susto” no sujeito. O episódio culminou na prisão do cantor, que, posteriormente, em uma espiral de equívocos, foi acusado de “dedo-duro”, a serviço da ditadura militar. Embora nada nunca tenha sido provado, foi condenado a um ostracismo artístico até sua morte. O diretor de “S’imbora” destaca que a peça é também um importante panorama da política e da sociedade brasileira da época. “Ela não apenas fala da história de um homem, mas sobre nosso país, como era nossa sociedade, não só em termos de preconceitos, mas de conflitos políticos. O que aconteceu com ele tem a ver com o período, talvez não tivesse acontecido em outro contexto histórico”, explica Pedro Brício. Simonal dizia que após a ditatura, até torturadores e terroristas foram anistiados, menos ele, que se transformou em um morto-vivo. Alguns, como o próprio Nelson Motta, acreditam que, se não fosse negro, ele teria sido absol- »»»


Max de Castro Filho de Simonal, o cantor, compositor e multi-instrumentista fez os arranjos das canções da peça

Entrevista

Você já afirmou que seu pai inaugurou uma nova escola de canto no Brasil, ao unir vocais de gêneros do Cool à Bossa Nova. Na sua opinião, o que o diferencia das outras grandes vozes da música brasileira? A musicalidade. Ele era cantor que cantava ouvindo a banda, sua interpretação era moldada pelo diálogo entre ele e os músicos. E a habilidade de comunicação com a massa era outra característica única.

Devido a sua performance nas boates consideradas o point da geração Bossa Nova, em Copacabana, ele foi chamado pelos colegas de “O Frank Sinatra do Beco das Garrafas”.

Ele era mais do que um cantor. Comente suas outras habilidades e a contribuição com a estética da „pilantragem‰? Ele era o que nos Estados Unidos convencionou-se chamar de showman. É difícil descrever porque ninguém seguiu esse caminho, aqui no Brasil. Ele era um homem de televisão que fazia shows em teatro e gravava discos, que cantava em qualquer ritmo, que ia com facilidade da música pop ao jazz, ao samba... Como foi a experiência de colaborar com a parte musical da peça? Que solução você encontrou para apresentar as músicas com um toque atual? A música dele é ainda muito moderna e atual. Então, foi bem tranquilo adaptar os arranjos originais para essa estética, de musical meio Broadway. Funcionou bem e a música tem uma importância muito grande na condução da história dele, no espetáculo. Qual o sentimento da sua família em assistir a esse espetáculo? Para mim, é sempre uma alegria poder ver essa história ser compartilhada com as pessoas. Durante muitos anos, isso tudo ficou esquecido e guardado... Parecia até que seria impossível. Mas, felizmente, as pessoas hoje podem ter acesso, conhecer, relembrar e celebrar a história e a obra do Wilson Simonal.

vido pela sociedade. Já o jornalista Ricardo Alexandre, autor da biografia do artista, supõe que a opinião dos brasileiros se baseou parte em fatos, parte em lendas “e outras vezes em sentimentos complexos como racismo, paixão e inveja”. Nos últimos anos, o cantor tem sido lembrado de diferentes formas. Sua obra voltou a ser citada como referência para a black music brasileira na imprensa, foi redescoberta pelo público e por DJs, que tocam suas músicas nas festas. A seus discos e coletâneas que foram relançados, se juntam outras iniciativas, como o projeto Baile do Simonal, organizado pelos seus filhos Wilson Simoninha e Max de Castro; a biografia “Nem vem que não tem” - A vida e o veneno de Wilson Simonal (Editora Globo); e o documentário Wilson Simonal – Ninguém sabe o duro que dei, entre outros projetos. É como se a realização deste musical fosse uma nova página nesse processo de reabilitação do artista, coroando todo o esforço que vem sendo feito para preservar viva a sua memória. No palco, diante de nossos olhos, a imagem do grande astro Wilson Simonal renasce. Com sua voz potente, humor contagiante, inegável talento e suingue inconfundível. “Alegria, alegria!”, como diria ele. Aquela primeira morte, em que foi condenado ao ostracismo, à depressão e ao anonimato, ficou para trás. Simonal é reabilitado como um dos maiores cantores do país. E é desta forma que será lembrado daqui pra frente. Devidamente perdoado, ele pode finalmente descansar em paz. E pode, por fim, nos perdoar também.

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entrevista

Krum ĂŠ o mais novo espetĂĄculo que a atriz Renata Sorrah encena ao lado da Companhia Brasileira de Teatro. revistalealmoreira.com.br

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Bianca Borges

Em busca

humano, demasiado do

humano

Após a bem-sucedida parceria com a Companhia Brasileira de Teatro na premiada montagem de “Esta Criança”, Renata Sorrah volta aos palcos com peça que aborda dramas pessoais, a busca da felicidade e o relacionamento entre indivíduos.

S

ituações corriqueiras e os sentimentos mais comuns no dia a dia de pessoas com vidas prosaicas, sem grandes acontecimentos, são o mote de “Krum”, o mais novo espetáculo que a atriz Renata Sorrah encena ao lado da Companhia Brasileira de Teatro, no Rio de Janeiro, antes de seguir para cumprir temporada em outras capitais e integrar os principais festivais de teatro do país. Esta é a segunda vez que ela se junta ao grupo, após o sucesso de crítica e público com a peça “Esta Criança” (2012), texto do francês Joël Pommerat, encenado pela primeira vez no Brasil. Fundada há 12 anos, em Curitiba, pelo ator, dramaturgo e diretor Marcio Abreu, a Cia é considerada pela crítica especializada como uma das mais consistentes do país, sendo responsável por montagens marcantes para a história recente da dramaturgia e da encenação teatral brasileiras. Entre outras investigações artísticas, a atriz e a companhia têm em comum o interesse pela pesquisa de dramaturgos contemporâneos ainda inéditos no Brasil. “Tem sido um momento de muita alegria compartilhar a criação cênica com eles. É ma-

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ravilhoso e renovador estar ligado a algumas pessoas, sentir-se parte de um grupo que investiga, pesquisa e cria junto. Escolhemos o texto de ‘Esta criança’ e agora, o do ‘Krum!’. Já posso dizer que colaborei com o repertório de peças da Cia”, celebra Renata. Também inédito no país e traduzido diretamente do hebraico especialmente para a montagem, o texto de Krum, do dramaturgo israelense Hanoch Levin, foi escrito nos anos 1970. Na época, o jovem autor estava sob influência de nomes como o do russo Anton Tchekhov e do irlandês Samuel Beckett, em um país de história recente e mergulhado em conflitos e contradições. Apenas durante o seu período de vida, entre 1943 e 1999, Levin presenciou em seu país a ocorrência de sete guerras. A companhia defende que a escolha do autor israelense em um momento histórico como o atual, de acirramento do conflito Israel-Palestina e da explosão das mais diversas formas de fanatismos é, por si só, significativa. O diretor acredita que há algo em comum entre aquele Levin do final do século XX, Tchekhov, Beckett e o momento atual. “Enquanto o mundo turbulento destila suas »»»

Nana Moraes


Renata Sorrah, Grace Passô, Inez Vianna, Cris Larin e Danilo Grangheia são alguns dos nomes da peça. Também estão em cena outros integrantes e colaboradores da Cia Brasileira de Teatro em outras produções: Edson Rocha, Ranieri Gonzales, Rodrigo Bolzan e Rodrigo Ferrarini.

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violências, as pessoas tentam seguir suas vidas, muitas vezes, sem brilho, confinadas em suas casas ou alimentando expectativas, sonhos de consumo, esperança de dias melhores”, analisa Marcio Abreu. “Pra mim, o teatro sempre está ligado ao que está acontecendo no mundo, na vida das pessoas e, fazendo essa peça, sinto que estou dando a minha contribuição para o momento que estamos vivendo nos dias de hoje”, complementa a atriz. A peça tem início com o retorno ao lar do personagem-título. Depois de perambular pela Europa em busca de experiências e novos aprendizados, Krum volta para sua casa, em um bairro remoto da periferia de Tel Aviv. Ao chegar, ele afirma não ter construído nada de relevante ou vivenciado qualquer coisa pela qual sua viagem tivesse valido a pena. No desenrolar da trama, ocorrem dois enterros e dois casamentos e, entre as duas cerimônias, há uma sequência de cenas curtas que exploram o quadro da vida dos habitantes, por meio do reencontro do recém-chegado com os curiosos membros de seu universo: sua mãe, seus

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amigos, a antiga namorada e os vizinhos. Não existem grandes feitos, tudo é muito ordinário. Ao recusar a possibilidade de qualquer transformação existencial ou escapatória de um mundo com estruturas sociais tão opressoras, a peça formula uma questão: até que ponto é possível sonhar com uma mudança? Além de Renata, outros nomes de destaque na cena teatral contemporânea foram convidados para integrar o elenco, como Grace Passô, Inez Vianna, Cris Larin e Danilo Grangheia. Também estarão em cena outros integrantes e colaboradores da Cia Brasileira de Teatro em outras produções: Edson Rocha, Ranieri Gonzales, Rodrigo Bolzan e Rodrigo Ferrarini. A montagem conta ainda com a equipe de criação da companhia, como os premiados Nadja Naira (iluminação e assistência de direção), Fernando Marés (cenografia) e Felipe Storino (trilha e efeitos sonoros). Em entrevista exclusiva à Revista Leal Moreira, Renata Sorrah fala a respeito da nova peça, da parceria com a companhia teatral, lembra momentos importantes de sua carreira e faz sua leitura do cenário atual de criação e produção de »»»


foto Sandra Delgado

No palco com o espetáculo “Esta criança”, de 2012.

teatro, no Brasil. Como você chegou até o trabalho da Companhia Brasileira de Teatro e a parceria com o Marcio? Fui assistir “Vida”, uma peça da Cia que estava em cartaz aqui no Rio. Saí do teatro perturbada! Fiquei fascinada com o espetáculo, com os atores e a direção do Marcio, além do roteiro, de autoria dele. Conversamos e logo ficou combinado que iríamos buscar um texto para montarmos juntos. Após muitas pesquisas, trocas e indicações de amigos, chegamos a “Esta Criança”.

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recorrentes: o casamento, a morte, a vida familiar, a busca da felicidade, a relação entre amigos, parentes, vizinhos.... São temas caros a você? Sim, porque são inerentes às relações humanas, assuntos que sempre estarão aí, por mais difícil ou desagradável que seja lidar com eles.

Fale sobre as questões trazidas nesse novo espetáculo. A peça é sobre pessoas que vivem como se não tivessem saída para suas existências nem qualquer perspectiva. Eles não conseguem mudar, vencer a estagnação e banalidade da própria vida. É sobre a busca da felicidade de indivíduos que estão presos, acorrentados a um lugar e a sentimentos dos quais também não se libertam. Esse tipo de sentimento me interessa contar.

E, apesar de se passar em Tel Aviv, as questões abordadas em Krum transpõem limites geográficos e se aproximam da realidade de qualquer um. Exatamente! Pra mim, o teatro sempre está ligado ao que está acontecendo no mundo, na vida das pessoas. O ator tem que ser, de alguma maneira, o porta-voz disso tudo; não de uma forma explícita, de fazer comício, mas no seu sentimento mais íntimo, ele tem de entender e saber contar a dor do mundo. Tem uma peça do Joel Pommerat que se chama “Estremeço”. Se você me perguntar qual sentimento que tenho agora, te diria: “de estremecimento”. O meu estado como pessoa e atriz hoje é de estremecimento com o que está acontecendo no mundo.

Embora tenham estruturas diferentes, as duas peças em que você atua com a Cia trazem temas

Atuar é também um exercício de aprendizado e generosidade?

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foto Sandra Delgado

Sim. Tudo o que faço no teatro é porque sinto que é importante para o outro. Quero tocar o outro, de alguma maneira, e se eu puder aprender junto, ele também vai me ensinar. Na condição de atriz, eu não ensino. O teatro é uma troca entre os atores, a equipe e também com o espectador. Porque há uma relação que se estabelece entre quem está atuando e quem está assistindo, na plateia, uma relação modificadora. Estar no palco, falando uma coisa de extrema necessidade, dirigida ao outro, para o outro, é muito dignificante na minha profissão e o mais importante pra mim é que aquilo traga uma verdade. Conte-me um epsidódio marcante, nesses mais de 40 anos dedicados ao teatro, sobre essa estreita relação do ator em cena com o público. No teatro não existe qualquer máquina entre você e a plateia, há um contato direto e uma reação imediata das pessoas. A primeira vez que senti isso foi quando fiz Nina, personagem de “A gaivota”, do Tchekhov, no Teatro Municipal do Rio [em 1974, dirigido pelo argentino Jorge Lavelli, hoje radicado na França]. Havia uma cena em que ela estava tão atordoada, já praticamente desconectada da realidade... Foi quando notei a respiração do público junto com a minha.

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No teatro você percebe quando as pessoas te acompanham, quando “estremecem” junto com você. Era a primeira vez que aquilo acontecia e me marcou muito. Que leitura você faz do cenário teatral brasileiro nos dias de hoje? O teatro no Brasil enfrenta hoje uma situação muito difícil, economicamente. Mas já esteve pior. Antigamente, existiam praticamente apenas os mercados do Rio de Janeiro e de São Paulo, que eram privilegiados e recebiam a maior parte dos incentivos. Quase todos os atores tinham de vir para o Sudeste se quisessem fazer teatro. Hoje, alguns tentam ficar na sua cidade e sobreviver da sua profissão. No país todo, há mais possibilidades, mas ainda tem um longo caminho a ser trilhado – qual caminho eu não sei. As leis de incentivo e captação, por exemplo, precisam ser modificadas, melhoradas. Outra questão é a própria falta de espaço para encenar. Em vez de abrir, os teatros estão fechando, sendo transformados em lojas, depósitos... Aqui no Rio, alguns fecharam para reforma, como o Glória e o Villa Lobos e, se não me engano, ainda não se sabe quando serão reabertos.


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Anderson Araújo jornalista

Quase lá No fim da infância quase foi campeão de natação, único esporte em que teve desempenho razoável. Num dia qualquer, a caminho da aula, veio o amor. As braçadas foram esquecidas por abraços e beijos desajeitados, os primeiros. Um idílio curto finalizado por bilhete dramático dela quando o papel ainda existia. Tentou voltar às raias. Sem sucesso. Desistiu do sonho da Olimpíada. O heroísmo da adolescência quase o levou ao altar. Não como noivo, mas padre. Era a febre das missões de vagar pelo mundo a fazer caridade e zelar pela fé. Sobrepuseram ao espírito novos amores e o corpo e a necessidade de usar o corpo para compreender o mundo. Não combinou coisa com coisa. A barba despontava quando descobriu o teatro. E subiu aos palcos, sem jeito nem talento, onde fez rir e chorar e alguns amigos. Desta feita não foi o coração que o empurrou à incompletude, mas o estômago vazio da vida mambembe. Trocou a fantasia pelo uniforme da realidade dura como pão de anteontem. Seguiu nas tentativas: ambulante, vendedor de

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sapatos, empilhador de caixas, aprendiz de alfaiate, feirante, mágico de festa, cambista de ingressos no Mangueirão, babá de cachorro. Quase, quase, quase. Quase porque acreditava que cada condição era transitória. Algo adiante o esperava. Ou, no passado, sabe lá. Um dia acertaria o alvo. Esforçou-se mais. Até descolar um diploma e chegar às firmas – palavra adorada por emanar algo seguro, constante. Ainda assim, lá estava o quase, escondido: era quase satisfeito com as posições que galgava a cada ano, pontuadas por tapinhas nas costas. Entre um quase e outro, virou executivo. Estava com gordo saldo positivo no banco quando casou-se, outro dos muitos quases, pois por pouco não permaneceu solteiro o resto da vida por não saber dividir os sonhos, a mesa, a cama, tampouco o banheiro. Minúcias que a mulher, tempos depois, enumerou com crueldade ao pedir o divórcio. Questionava a própria vida por trás dos óculos atrás da mesa de vice-presidente do lugar que ele detestava sem admitir. Pensou em se abrir à se-

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cretária, a quem nutria afeto sincero. Quase falou, porém. Quase irreconhecível embaixo das rugas e da calvície, concluiu que seria inútil: a aposentadoria estava na porta. Num domingo, depois da insônia, proclamou a si que aproveitaria o tempo restante de imediato. Seguiria o instinto e redescobriria seu lugar, agora sem amarra alguma. Na segunda, anunciou a saída sem aviso prévio e tumultuou a firma – palavra agora detestada por soar a ele como prisão. Voltou para casa, aliviado, quase feliz. Sozinho, concluiu que, em tempo algum, houve alternativa a não ser seguir a corrente de acontecimentos ao longo da vida. A única integralidade conquistada foi esperar ansioso o próximo quase que o livrava do anterior ainda que deixando metades estragadas pelo caminho. Cerrou os olhos. Esteve a ponto de chorar, no entanto, resignou-se diante do acúmulo inútil da vida. Num suspiro, entre livre e arrependido, inaugurou uma quase tristeza que perdurou o dia todo e entrou pela noite.



especial 400 anos

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Carolina Menezes

"Um

ethos que

paira pela E

cidade"

ra uma vez um escrevente da Marinha nascido no Maranhão que desembarcou em Belém, conseguiu emprego em um jornal, ingressou na carreira política e acabou por se tornar o maior administrador municipal que a capital paraense teve em seus quase quatro centenários de história, a ponto de até hoje os políticos locais da atualidade se espelharem nele e mesmo admitirem publicamente o ensejo de deixar um legado como o que ele deixou. Se você, leitor, é paraense, muito provavelmente, aqui nesse ponto do texto, já tem na cabeça o nome "Antônio Lemos" como correspondente para todo o currículo descrito. Pois bem, mais de um século depois de sua atuação como prefeito de Belém [1897-1912], a memória do 'velho intendente' ainda hoje paira pela cidade e provoca um saudosismo até mesmo nas gerações mais recentes. A historiadora Maria de Nazaré Sarges, ao ingressar no Mestrado e depois no Doutorado, se dedicou a estudar a áurea mitológica que envolve a celebrada figura de Lemos, suas benesses para a cidade, a vaidade, o temperamento difícil e a mania por uma organização que enriqueceu os cofres públicos do município com multas a rodo por qualquer desrespeito ao código de posturas do município, tudo em meio a um tempo em que o ciclo da Borracha fazia um bem danado à Economia do Estado. "Ele é um mito", defende a estudiosa. "Digo que Lemos tem duas chegadas ao Pará: a primeira, vindo da Marinha, no final do século XIX, quando começa a sua história, sua carreira política em Belém, e a segunda, já na década de 70, no século XX, quando depois de enxovalhado em 1912 para morrer no Rio de Janeiro no ano seguinte, voltam para cá os seus restos mortais, com toda a pompa e grandeza com que se re-

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cebe um chefe de Estado. Não à toa os políticos tentam tanto se apropriar dessa imagem", justifica. Confira a entrevista.

Por que estudar Antônio Lemos? Tudo começou com meu estudo sobre a cidade de Belém para minha dissertação de mestrado, no final nos anos 80 para os anos 90. Naquela época, no Brasil, havia uma grande historiografia sobre cidades, então eu resolvi apostar nesse estudo, ancorada nessa nova bibliografia que historiadores ingleses e franceses estavam desvendando, por estudiosos da Universidade de Campinas (Unicamp). Mas eu não queria seguir a linha do que os historiadores clássicos já tinham estudado, o que houve na época da Belle Époque. Queria estudar a partir dos seus administradores, suas políticas, e o projeto de cidade que se pensava. E foquei no período do Antônio Lemos, de 1897 a 1911, avançando um pouco, até 1920. Acabou que foi um sucesso porque eu dialogava com uma bibliografia bastante atualizada, o que fez com que meus estudantes da graduação começassem a se interessar pela cidade desse período. Era uma Belle Époque da qual não se tinha falado, na verdade. Mas aí vinham me dizer que eu não tinha falado dos pobres, das lavadeiras, e eu dizia: 'vão no Arquivo Público que lá tem tudo!', e a partir daí, esses meus estudantes começaram a pesquisar outros temas: o carnaval, cortiços, vendedores... era uma verdadeira expedição! Era a época da máquina datilográfica, então não tinha nada oficialmente publicado [referindo-se à própria dissertação], me reclamavam que as cópias que achavam na biblioteca central já estavam muito surradas, ou às vezes nem achavam mais... Se tornou uma referência, esse mérito eu tenho »»»

Dudu Maroja


(risos)! No ano de 2000, nossos colegas do curso de História abriram uma editora chamada Paka-Tatu e perguntaram se podiam transformar essa minha dissertação na primeira publicação da editora. Eu me senti muito honrada! Hoje já estamos na terceira edição, cada uma com uma capa diferente, e até hoje ainda é um livro que se esgota rapidamente, que inclusive pode ser encontrado em bibliotecas de fora, como Portugal e Espanha. Voltando à época pós-mestrado, eu tinha logo que emendar para o doutorado, e em 1994 eu fui aceita da Unicamp e quis estudar as camadas populares de Belém. De tanto que me cobraram o assunto, eu acabei indo por esse caminho. O problema é que os relatos populares ou estavam nas documentações policiais ou nos relatórios judiciais, ou nos jornais, era uma documentação de difícil acesso. Aproveitando que estava em São Paulo, resolvi fazer um curso sobre biografia, como ouvinte mesmo. Fiquei tão encantada com o curso, era tão divertido, que saí de uma das aulas e fui com meu orientador e disse que ia fazer uma biografia de Lemos: tinha entendido que por ele eu encontraria os 'meus' populares. Ele aprovou a ideia e eu comecei a já ver Antônio Lemos, o urbanizador da Belle Époque, pelas memórias que ele construiu e que foram construídas acerca dele. Daí a minha tese, "Memórias do Velho Intendente",

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que também virou livro, gosto muito. Fui atrás dos literários que trabalharam com ele, aqueles que eram a favor, que eram contra, e retomei a cidade a partir de uma pesquisa bem mais ampliada, procurando ver como ele construiu a sua memória pelo que ele fazia pela cidade, e para ser um homem lembrado. Era um homem vaidoso... Ele é uma referência até hoje, pode-se dizer que é um mito? Sim, ele é um mito! No final da minha tese eu explico que ele foi enxovalhado, expulso daqui de maneira trágica, e aí fui ver o que aconteceu com a cidade depois disso. Vêm os lampejos da memória: anos 20, 30, 40, 50. Se a cidade aparecia muito suja e maltratada, os jornais diziam "aaah, no tempo de Lemos...", com extremo saudosismo, constante. O jornal A Palavra, jornal católico, nos anos 20, dizia, ao Rodrigues dos Santos [prefeito entre 1924 e 1926], prefeito à época: "olha, não precisa ter a megalomania do Lemos, mas faça como ele fez...", entende? Toda vez que vinha um problema, aparecia a memória de Lemos. A partir da década de 60, a coisa pega fogo, começam a surgir muitas complicações. Leandro Tocantins, Correia Pinto, um monte de gente falando do tempo do Lemos, até que em 1973, o prefeito Nélio Lobato [1971-1974] traz para Belém os


restos mortais de Lemos, que expulso daqui em 1912, morre em 1913, no Rio de Janeiro, sendo enterrado no cemitério São João Batista. Em 1973 nós estamos em plena Ditadura Militar, quando também vêm os restos mortais de Dom Pedro para o Brasil, uma época em que o Governo Militar está querendo incentivar um patriotismo, um 'culto' aos heróis da pátria, um período muito significativo. Os restos estão no próprio Palácio Antônio Lemos [hoje Museu de Arte de Belém, MABE], no alto da escada, na Cidade Velha. Foi uma comoção a vinda dele para cá. Os que se lembravam, de uma memória recontada, repetiam que o que tinham feito com Lemos tinha sido muito ruim. O Correia Pinto, que era escritor, dizia que a alma do Lemos penava sob a cidade, porque se sentia injustiçado. Eu falo no meu livro que Antônio Lemos teve duas chegadas a Belém: a primeira, quando veio no século XIX, maranhense, pela Marinha de Guerra, era escrevente. Conheceu Dr. Assis, que o levou para a Província do Pará, depois para o Partido Republicano, e assim começava a sua carreira jornalística, política, e ele chega a Belém nessa situação; e a segunda chegada é em 73, extremamente gloriosa, pomposa, com bandas de música, uma recepção grandiosa, de herói. Por isso os políticos tentam se apropriar da imagem de Lemos.

Inclusive tem até quem considere ofensa quando um político da atualidade se compara a ele... Sim, porque ao se comparar, ele, o político, seja quem for, se despolitiza, porque o Lemos viveu em uma determinada época, determinado contexto. Não tem como ser igual. Lemos foi um republicano de última hora, ele era um monarquista convicto! Era muito refinado, tinha um gosto pelas artes, era um Mecenas. Mandou buscar pintores, o próprio [maestro] Carlos Gomes [1836-1896] ele fez tudo para trazer de volta para cá, mesmo muito doente. A casa dele era um museu de artes. No Centro de Memórias da Amazônia existe um processo da viúva dele contra o Estado exigindo a reparação de tudo o que foi quebrado quando da expulsão dele de Belém. Quando você vê as fotografias, era um museu de artes. O próprio Palácio tem muito do que restou da casa dele, de mobiliários, de obras de arte. É um palácio belíssimo. A biblioteca dele era um encanto. Tanto que o Humberto de Campos [1886-1934, escritor, político e jornalista], que foi presidente da Academia Brasileira de Letras via Lemos como a reencarnação de um Luís XIV, tal gosto, refinação. É um ethos que paira pela cidade. Mas isso é bom...? Ah, sim, principalmente para mim, que sou his- »»»

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toriadora (risos)! Veja só, nós estamos no século XXI... E nunca houve ninguém parecido? Não. Nunca, eu acho... Farei um parêntese: se eu tiver que dar um lugar de destaque, ou reconhecimento, posso falar no Hélio Gueiros [1925-2011, ex-governador do Estado], que encontrou o Arquivo Público do Pará em ruínas, fez uma intervenção e entregou para a cidade a história e memória da cidade, recuperada. Foi ele quem fez a primeira intervenção no Palácio Antônio Lemos. Com restauro no palacete, no mobiliário. Hélio Gueiros seria um "lemista" então? Nunca conversei com ele, não saberia dizer. Mas ele tinha essa sensibilidade, posso destacar isso como historiadora. Querer, todos querem ser [como ele, iguais a ele]. Inclusive me disseram uma vez que o ex-prefeito Duciomar Costa [prefeito entre os anos de 2005 e 2012] tinha se declarado um "lemista". Achei aquilo um sacrilégio... Como historiadora, a senhora ainda vê esse ensejo nos candidatos, prefeitos mais recentes...? Nosso prefeito atual [referindo-se a Zenaldo Coutinho, no cargo desde 2013] mira nisso.

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É muito dizer que o que há de bom é herança de Lemos e o que há de ruim é 'herança' de quem tentou algo nesse sentido mas falhou ou não conseguiu...? Temos que mediar a situação. Temos ícones da Belle Époque que permanecem e devem ser lembrados como obras de Antônio Lemos: Praça Batista Campos, os chafarizes da cidade, isso deve ser lembrado. Mas nem tudo o que tem de ruim é porque quem veio depois não fez nada que prestasse. É despolitizar o tempo, uma ação. O tempo de Lemos tinha muito dinheiro da borracha... Então, falando de uma maneira bastante coloquial, ele foi o cara certo na hora certa? Exatamente! Ele tinha muitos recursos. Uma gama de auxiliares lustradas, intelectualizadas, que conheciam a Europa. Sensibilidade. Ele só conheceu a Europa em 1911! O que ele conheceu antes foi pelo que contavam Bolonha, Augusto Montenegro, que foi governador na época dele, Paes de Carvalho... E ele lia muito. Tem uma coisa que é preciso fazer justiça: houve quem dissesse que tudo era feito para uma elite, mas depois se viu que não era bem assim. Aí já estou falando desses períodos atuais. O ex-governador Almir Gabriel [1932-2013, ex-governador do Estado], por exemplo, que deixou essa gama de obras como a Estação das Docas, o Mangal das Docas, a Feliz Lusitânia, o Hangar. Diziam


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&21+(d$ 2 )$17É67,&2 081'2 '$6 &23,& 6.(7&+ que havia coisas mais urgentes a serem feitas, e sim, havia, mas nĂŁo podemos esquecer que por mais que se dissesse que era para a elite, a população se apropriou. Veja a orla da Estação das Docas em final de semana, as pessoas passeiam sem comprar nada, ou compram um sorvete sĂł. No Feliz Lusitânia vocĂŞ vĂŞ os jovens sentados apreciando a paisagem, comendo uma pipoca... A população se apropria. NĂŁo Ă toa diziam que Almir era mais prefeito do que governador (risos)! Voltando ao Lemos, vale dizer que ele se preocupou com uma coisa que os polĂ­ticos nĂŁo se preocupam muito: obras que nĂŁo aparecem. NĂłs temos encanamentos subterrâneos que sĂŁo do tempo de Lemos! Ele fez muitas obras de saneamento, porque eram pensamentos dos higienistas que cidade saudĂĄvel precisava ser saneada. Ainda naquele tempo! Mas no discurso dele, ele dizia que fazia para todos! No inĂ­cio, quando comecei a fazer a dissertação, eu dizia que nĂŁo queria falar do Lemos! Achava que poderia ficar uma coisa laudatĂłria! Mas nĂŁo. Reconheço que nĂŁo era um santo, politicamente falando, ele tambĂŠm tinha seus capangas. Mas quem nĂŁo tinha? Lauro SodrĂŠ tambĂŠm tinha! Tinha seu lado ruim como polĂ­tico, claro, mas apesar de todas as contradiçþes, ele foi o urbanizador, que pensou na cidade para tornĂĄ-la bonita, para combater as epidemias, para receber estrangeiros! 

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Com todo esse estudo sobre a história da cidade, a senhora arriscaria dizer que Belém tem, hoje em dia, como melhorar? Ele [Lemos] abarrotava o tesouro da intendência com multas. Ele multava carroceiros que andavam em locais proibidos, quem colocava a roupa para secar em locais proibidos. Tudo era multa. Uma vez me perguntaram se Belém tinha jeito, eu disse que bastava aplicar o Código de Postura da forma como Lemos fez. Já existia, mas o rigor que ele aplicou ao código, ampliou, e chamou de Código de Polícia Municipal. Houve uma quebra da linha urbanística implantada pelo Antônio Lemos ou é mais a questão do saudosismo de dizer que antes tudo era melhor? Os outros não conseguiram levar para frente? De fato, Belém entrou em crise com a queda da borracha. O poder público ficou devendo Deus e o mundo por muitos anos. Na segunda leva da Batalha da Borracha, na década de 40, deu uma aliviada, mas aí vem a 1ª Guerra, a 2ª... Mas por outro lado, havia inúmeras fábricas em Belém, e de portugueses! A fábrica de cordas Boa Esperança, fábricas de chapéus... Eram empreendimentos que não canalizaram seus recursos para a borracha, enten-

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de? Por isso eles conseguiram se manter e ajudar, um pouco, na manutenção da economia local, à época. Não era uma pobreza total, havia algumas 'ilhas de prosperidade'. Na porta dos 400 anos, lhe pergunto: o que Belém ainda guarda dessa prosperidade? Alguns equipamentos urbanos e espaços públicos, como a Praça da República, Batista Campos, o Palacete Bolonha, inúmeros palacetes, alguns ruindo, como o Faciola, que é uma pena. O Bibi Costa, outra tristeza... Ali na Avenida Governador José Malcher há muitos casarões, alguns bem cuidados, mas outros não. Todo ano eu acompanho a Trasladação, na véspera do Círio, e é o meu reencontro com a cidade. E eu fico vendo que muitos particulares mantêm suas casas, pintam para o Círio... Algumas coisas que, com alguma atenção, a gente ainda vê. O problema é que ninguém vê mais porque a poluição visual é tão grande na cidade! E as pessoas estão sempre com muita pressa para andar a pé, mas se o fizerem, acharão esses rastros. Há um outro mérito de Lemos que foi o de não destruir a cidade portuguesa, que é a Cidade Velha, com seus casarões e igrejas. O que ele faz: pensa a urbanização da cidade a partir dali. "Calça" a cidade,


faz os nossos mercados, tanto o de carne como o de peixe, calça a 16 de Novembro, a João Alfredo, que tinham as lojas chiques da época, instala bondes elétricos, porque só havia bondes puxados a mula - pra você ver como transporte público é problema em Belém desde sempre! O pensamento de Lemos era vir do porto e "abrir" a cidade. Ele pensava em vir da Cidade Velha até ali onde hoje é a Senador Lemos, a Dr. Freitas, Avenida Pedro Álvares Cabral até chegar a Avenida Almirante Barroso, onde passava o trem. Essa era a projeção que ele tinha de cidade, interligada, fluida. A senhora gosta de Belém? Eu adoro Belém! Mas por que estudou sobre a cidade...? Não, eu sempre gostei. Gosto muito da minha terra, fui criada na Cidade Velha, e quem mora lá cria um vínculo que não se acaba. Fui para lá aos seis anos e saí aos 21, quando meu pai quis morar próximo da Praça da Bandeira, ainda próximo do Centro Histórico. Gosto muito das comidas, claro, também. Agora, eu viajo bastante. Mas também são no máximo só dez dias, e eu já fico enlouquecida para voltar, mais do que isso não aguento. Quem mora em Belém se dá conta do significado da chegada dessa data de 400 anos? A população não me parece muito preocupada... O povo se orgulha de ser paraense, mas não da sua identidade, história. Não procura saber. A senhora vê as próximas gerações interessadas em continuar descobrindo sobre Lemos? Ou tem data de validade? Sempre surgirão pessoas interessadas em estudar esse período. É o que ajuda a entender Belém? Sim. E ainda bem que são os nossos alunos e historiadores, daqui, que se interessam em fazer isso. 400 Anos é um ponto de chegada, de partida, de interrogação...? É de interrogação. Não sabemos para onde caminhar. Gostaria que fosse a abertura de um novo ciclo, de uma nova partida. Não é possível, a gente viaja para outros locais, outros países, e respeita as regras de postura deles. Por que aqui a gente não se constrange com isso? O paraense não trata, ele maltrata a sua cidade. Eu espero que a nova geração se mantenha interessada pela história da sua cidade e que tenha lições de preservação do patrimônio público.


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Comédia feita a

sério

Diz-se que “filho de peixe, peixinho é” e Gregório Duvivier não podia fugir à regra. Quebrar regras e transgredir são, aliás, características constantes - e diferenciais na carreira deste artista multifacetado.

“N

o fundo eu sou otimista/ mas sempre imagino o pior/ me cansa essa vida de artista/ mas cada vez o prazer é maior”. Foi Rita Lee, a grande deusa do rock brazuca, quem escreveu a letra de “Doce de Pimenta” – inspirada por outra unanimidade, a pimentinha Elis Regina. Certa feita, uma voz profunda e diapasônica tratou de regravar a pérola; e cantou com tanta sinceridade que fez parecer ter sido escrita por ela mesma. Era Olívia Byington, mãe de Gregório Duvivier. Era uma interpretação biográfica, claro, mas também profética: apesar de o registro ter ocorrido seis anos antes de seu nascimento, seria perfeitamente factível que Olívia cantasse tais versos para o filho. Gregório, tal qual a cantora (e também como o músico e artista plástico Edgar Duvivier, seu pai), é um artista. Ponto. Em sentido lato e apaixonado pela condição de sê-lo, como só artistas de verdade podem ser. Não dá para negar que parte desse compromisso com o fazer da arte vem de ter sido plantado em terreno fertilíssimo. Duvivier cresceu em meio a discos, palcos e instrumentos musicais – e não só orgulha-se disso, como também escancara a gratidão por ter sido dessa forma, e não de outra, a sua criação. Ainda criança, atou laço com o teatro – para driblar a timidez e a pouca sociabilidade. Lá, nas aulas do Tablado, floresceu. Descobriu-se com o passar dos anos, além de ator, humorista; juntou-se a outros grandes de sua geração e ajudou a

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popularizar (e dar contornos brasileiros a) um tipo de comédia que até então pouco se via por aqui sem ser com legendas. Com o grupo Z.É. – Zenas Emprovisadas, circulou o Brasil e ganhou prêmio fazendo rir de improviso, ao lado de Marcelo Adnet, Rafael Queiroga e Fernando Caruso. Fora dele, fez um monte na TV e outro tanto no cinema, sem nunca largar os palcos que lhe ensinaram e renderam tanto – incluindo premiação da Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro por sua atuação no monólogo “Uma Noite na Lua”, em 2013. Já seria um grande feito se tivesse parado por aí, mas não. Gregório levou a criatividade do palco para os bastidores, se mostrou um excelente roteirista e esteve por trás de boas ideias da televisão. Não satisfeito, levou a bagagem adquirida ao longo dos corridos anos de carreira para o terreno instável da internet, na parceria com outros amigos igualmente talentosos. Nascia em 2012 o Porta dos Fundos, uma ideia boa de liberdade sem nenhuma garantia. As esquetes de humor começaram tímidas na produção, mas destemidas no conteúdo. Três anos depois, o Porta é um portal – absurdamente popular, um fenômeno com milhões de visualizações em cada uma das postagens do grupo no YouTube, e que abriu caminho para outros canais que vieram depois. Talvez nem saibam direito, mas os amigos escreveram seus nomes na história da comunicação brasileira – e o tímido Gregório se viu virar uma celebridade em nível inimaginável. »»»

Daryan Dornelles


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Já seria um grande feito se tivesse parado por aí, mas não. (Jornalisticamente, é erro grosseiro começar dois parágrafos seguidos com a mesma oração, mas aqui cabe: outra vez, nosso personagem não ficou onde poderia ter ficado). Graduado em Letras pela PUC-Rio em 2008, Duvivier conduziu paralelamente a todo riso e diversão uma bonita jornada junto às palavras. Lançou dois livros de poesia, sendo “Ligue os Pontos: poemas de amor e big bang” o mais recente, de 2013 (também lançou outro no ano passado, o “Put Some Farofa” – já na linha das crônicas e opiniões). Gregório escreve como quem se perde falando sobre a vida, muito leve; pouco ponto, pouca vírgula, muita cadência. Muito carioca. Sua habilidade de ar displicente (não se engane – o estilo é despretensioso, mas elegante) cativou mestres como Ferreira Gullar e Millôr Fernandes. No meio de tudo isso, Gregório Duvivier ainda colabora com o jornal Folha de São Paulo como colunista. Lá, mantém o bom humor como moldura para posições contundentes, convictas. É crítico, às vezes cirúrgico, o que atinge de tabela até mesmo parte da formação política nebulosa dos próprios leitores do veículo. Ele sabe que faz parte, “tudo que a gente faz é político”, ele diz. E tudo que Duvivier pensa é, ou se tornará, arte. Como nada basta, agora ele está aprendendo a tocar trombone. Gregório não tem nem 30 anos, nem previsão de sossegar. Ainda bem. Num papo rápido e leve com a Revista Leal Moreira, ele falou sobre humor – claro – e trabalho, mas também sobre música, memórias afetivas, o Rio de Janeiro e algumas voltas por Belém. Confira:

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Você pôde observar, desde a infância, a relação dos seus pais com a arte e a fama. Como foi pra você, criança, compreender a ideia de pertencer a uma família pública? Eu fui muito a Belém quando pequeno. Minha mãe fazia muitos shows aí, todo ano. E eu sempre ia junto, assistia aos shows no Theatro da Paz... A gente ficava todo mundo na cidade, ia ao Ver-O-Peso; meu pai lançou um disco chamado “Sopro do Norte”, inspirado pela música daí, da qual ele sempre foi fã. Gosto muito de Belém. Tô contando tudo isso porque eu realmente sempre tive esse convívio, desde pequeno. Com certeza me formou muito observar meus pais e a maneira como eles lidavam com a arte, com a música; e a dificuldade de fazer arte nesse país. Eu nunca vi a profissão pelo lado glamoroso. Sempre tive acesso à coisa prática, sempre tive intimidade com a realidade do trabalho. E ainda assim o escolhi, talvez porque também tive acesso ao prazer de fazer arte. Sempre admirei muito o que eles faziam, e queria ser igual a eles. Você consumia arte desde muito novo? Muito, desde pequeno, sobretudo a produção dos meus pais. Eu pedia pra ir aos shows quando eles viajavam pelo Brasil; ficava lá sentado na primeira fila, batendo palma. Eu adorava os CDs deles. Sou muito fã dos meus pais, tive muita sorte de crescer com eles. Quando esse contato deixou de ser de observação e você passou a produzir arte? Quando eu tinha nove anos, fui parar no Tablado e me apaixonei pelo teatro. Fiz amigos lá e percebi »»»


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que era isso que eu queria fazer pelo resto da minha vida. Foi nas aulas de improvisação, na verdade, que eu me apaixonei de vez. Sempre tive muito fascínio pelo palco, e foi o teatro que me levou pra esse lado. E o humor? O humor vem muito junto com o teatro. Quando você estuda teatro e improvisação, o humor simplesmente acontece, é muito natural. Parece que ele é quem te escolhe. Não é você quem busca o humor. Lá no Tablado foi assim. Quando eu vi, já estava junto de um pessoal superengraçado e talentoso, e que me aceitou no grupo – como o Fernando Caruso, o Rafael Queiroga, o Marcelo Adnet... Eu fiquei muito lisonjeado, e foi com eles que eu aprendi muita coisa. Você já era bem conhecido pelo trabalho como comediante no Z.E., e pela popularização desse tipo de humor no Brasil. Mas com o Porta dos Fundos isso ganhou outra dimensão. Você esperava alcançar esse nível de popularidade? Nunca esperei. O Porta foi uma surpresa gigantesca. Até porque no começo de tudo, a gente fazia na guerrilha. É incrível que uma coisa que a gente fazia entre amigos tenha tido um alcance tão grande, de milhões de visualizações em cada vídeo. A gente tem uma média de três ou quatro milhões de pessoas nos assistindo em cada episódio. Eu fico muito feliz com isso. É uma coisa quase artesanal, em termos de produção, tendo um alcance industrial. Acho que é o sonho, né?, dos artistas de modo geral. Fazer uma coisa de qualidade, algo autoral, mas ao mesmo tempo com um alcance enorme. E com liberdade.

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Essa popularidade absurda, macro, que você atingiu com a internet também apresentou você a quão cheias de ódio as pessoas podem ser no ambiente virtual. Como você lida com as agressões, os comentários maldosos, a loucura toda? Cara, eu não leio. Não fico nem sabendo. Eu acho que o amor é tão maior que o ódio – inclusive falando de quantidade; acho que tem uma média de 10% desgostando e 90% de likes [nos vídeos do Porta dos Fundos]. Os haters são bem mais barulhentos, claro, mas não se comparam em termos numéricos aos que curtem e apoiam. Então não faz sentido dar importância a eles. Você é colunista do jornal Folha de São Paulo, e faz questão de deixar claros os seus posicionamentos políticos nesses textos. Mesmo nos vídeos do Porta, é habitual perceber uma posição nesse sentido. Você tem reiterado esse papel do humor nas suas entrevistas. Fazer humor é fazer política? Sim, eu acho que tudo que a gente faz é político – um artigo jornalístico, humor, arte, tudo. A gente tá sempre assumindo uma posição. A imparcialidade é um mito. Ainda mais no humor. No humor, você tá sempre batendo em alguém. Pode ser num conceito, pode ser numa pessoa, pode ser em você mesmo... Mas a gente tá sempre, de alguma maneira, rindo de alguma coisa. E aí você está tomando um partido, uma posição. Nesse sentido, o humor – assim como a imprensa – é sempre político, e sempre parcial. A questão é você saber escolher um lado; ter discernimento pra estar do lado “certo”: o lado mais corajoso, o lado do mais fraco... Um lado que, politicamente, é mais responsável, na nossa opinião, claro. Lógico que isso é muito subjetivo, mas é importante ter consciência dessa subjetividade. »»»


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Confira mais

Você não consegue sair do sujeito, da subjetividade, sobretudo no humor.

certeza. Tá lá, em tudo. E tem isso, né? De não ser sempre alegre (risos).

Seu livro “Ligue os Pontos: poemas de amor e big bang”, de 2013, tem – para além de poemas de amor – uma bela carga de melancolia e de memória afetiva pelo Rio de Janeiro. De onde vêm esses sentimentos? Você é que nem a canção do gaúcho Wander Wildner e “não consegue ser alegre o tempo inteiro”? O Rio tem esse mito de ser uma cidade eufórica, alegre. Até é, às vezes, como no carnaval... Mas mesmo no carnaval tem muita tristeza. O Rio é uma cidade também melancólica, nostálgica. É uma cidade muito bonita, com vinte mil problemas – óbvios, que todo mundo conhece, então nem interessa – mas tem uma tristeza que eu acho bonita, uma melancolia... Em vários bairros, como Laranjeiras, Botafogo, a Urca tem essa coisa mais antiga, mais velha, que também é linda. O Rio tem uma cultura muito áspera da pedra, que todo lugar pra onde você olha tem uma pedra, uma montanha. Tem um contato muito forte com a natureza geológica, que se apresenta o tempo todo, e que é a cara do Rio. Você nunca esquece que está no Rio quando está no Rio. Você lembra o tempo todo. A cidade é muito presente no carioca. Todo carioca se define muito como carioca, gostando ou não. Tem o Rio muito presente na personalidade, na vida, na memória. É uma cidade onipresente pra quem mora aqui. Então também é onipresente no que eu escrevo, com

Tem alguma coisa que você ainda não fez e queira muito fazer, dentro da arte e fora dos nichos em que atua hoje? Eu tô aprendendo a tocar trombone (risos).

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Você tá aprendendo mesmo? Tô (risos). Ano que vem eu vou estar aí nos bloquinhos, tocando trombone. Você já teve uma relação mais profunda com a música antes, para além do papel de ouvinte? Meu pai sempre tentou me ensinar a tocar clarinete, saxofone. Eu já fiz musical cantando, sempre gostei de cantar. Mas nunca levei tão a sério um instrumento mesmo, e agora tô aprendendo o trombone. Tô adorando, é muito divertido. E como é difícil, também! Quando você tiver um filho e ele disser que quer ser artista como você, o que você vai dizer pra ele? Ah, eu vou dizer... (para e pensa) “Se você conseguir fazer outra coisa, faça” (risos). Agora se for realmente o sonho da sua vida, vá em frente, porque afinal de contas é uma profissão muito linda e muito recompensadora. Eu vou ter muito orgulho, na verdade. Mas vou ter que dizer “espero que você não esteja pensando que é fácil...”.


Celso Eluan empresário celsoeluan@ig.com.br

Correção Política Imagine algumas das cenas abaixo: Cena 1 - Indústria convoca seus mais de cinco mil colaboradores para uma assembleia onde devem decidir se o refeitório pode substituir carne vermelha por soja. Cena 2 - Renomada cadeia de lojas com mais de 300 pontos de venda convoca seus clientes para um plebiscito a fim de saber se pode aumentar em 10% o preço do ferro elétrico. Cena 3 - Hospital com mais de mil leitos reúne os pacientes internos para discutir o melhor horário para que se apaguem as luzes. Parece risível? Pois a continuar a onda do politicamente correto e da exacerbação do conceito de democracia não tardará a vermos com naturalidade esse cenário. Pode até soar coerente, pode parecer melodia aos ouvidos de alguns, mas do ponto de vista prático é um completo atraso. Não precisamos de assembleísmo para tomar decisões que não sejam estratégicas, no mundo corporativo e até mesmo no universo público, atitudes como estas podem paralisar o sistema. Se a decisão pela soja no refeitório for tomada pelo nutricionista com seus gestores e não for do agrado público certamente haverá uma queda na frequência do restaurante ou uma intervenção do sindicato. Se o lojista decide elevar o preço do ferro elétrico e

seus concorrentes não o fizerem haverá uma menor demanda pelo produto e ele avaliará se vale a pena a decisão tomada. A insatisfação no hospital poder ser medida pelo número de reclamações dos pacientes e seus visitantes. Ou seja, existem vários outros mecanismos de aferição da vontade popular que não seja o reducionismo às diversas formas de consultas públicas. O sistema é tão mais perfeito quanto mais seus mecanismos de auto-regulação sejam compreendidos e respeitados. O que assusta muito as vozes politicamente corretas é a visão de que as decisões devem ser compartilhadas, transparentes e outros termos do jargão. Decisões infelizes geram resultados igualmente infelizes e quem as tomou se não for capaz de entender sofrerá as consequências. Isso vale para empresas e governos, isso vale para famílias, para relacionamentos pessoais e tudo mais que envolver a árvore de decisões que devemos tomar diariamente. São nossas decisões, isoladas ou compartilhadas que definem nosso futuro e temos que ter a devida compreensão dos seus efeitos. Decidir não é fácil, sempre temos várias escolhas em que muitas opções parecem absolutamente válidas. Temos sempre um anjo e um demônio em nossos ouvidos agindo como advogados de causas contraditórias. Decisões coletivas são fundamentais e merecem

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consultas e reflexões em grupo, mas devem ser reservadas às questões estratégicas. É por isso que nas empresas temos separadamente a diretoria executiva, das decisões diárias e o conselho de administração, para as questões estratégicas. Assim deve ser para se ganhar agilidade. Não podemos ficar reféns do politicamente correto nem da extrapolação do conceito de democracia sob pena de simplesmente ficarmos paralisados e nada decidirmos como numa assembleia de condomínio. Alguém quer ser síndico? Só para ilustrar a tese, recentemente o governo bateu pé numa questão sobre a correção da tabela do imposto de renda na fonte. As reações das instituições, que reverberaram no congresso, o local certo para o clamor das ruas, fez com que o governo recuasse e atendesse o pleito social. Não foi preciso um plebiscito ou consulta pública, a insatisfação encontrou eco e obteve o resultado desejado. Se ninguém reclamasse o governo não recuaria. Assim são os mecanismos de proteção social, da mesma forma que uma empresa que não entende seus clientes, seu mercado, não prospera, governo que fica distanciado perde popularidade e não ganha eleição. Não precisamos de assembleísmo, precisamos participar mais do jogo democrático, dentro das regras dele com as devidas instituições, imprensa livre, congresso soberano, organizações sociais estáveis e até as redes sociais.


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Metamorfose A melhor possibilidade em viver mudanças radicais – sem grandes consequências – é em nosso lar. Podemos transformar aquele espaço estagnado em um cantinho gostoso e aconchegante. Aceite a transformação e sinta-se de cara, ops[!], casa nova.

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melhor possibilidade em viver mudanças radicais – sem grandes consequências – é em nosso lar. Podemos transformar aquele espaço estagnado em um cantinho gostoso e aconchegante. Aceite a transformação e sinta-se de cara, ops[!], casa nova. Quase que como um ritual, temos o costume de ao iniciar um ciclo, trocar tudo aquilo que nos parece velho. Em nosso lar não poderia ser diferente: substituir móveis, cortinas e até aquela pintura já vencida nos dá a sensação de casa nova. Tal como na moda, a decoração também dita tendências.

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Um olhar sofisticado, soluções confortáveis e mesmo simples ajustes inspiram o estilo na cena e no design em 2015. O decor traz, desta vez, resumidamente, algumas opções de dicas de pequenas a maiores mudanças, no intuito de renovar sempre com estilo e praticidade. A Revista Leal Moreira conversou com as arquitetas Ana Cecília e Patrícia Matos para saber o que será tendência, ao longo deste ano [e com mais intensidade no segundo semestre], compartilhando com nossos leitores soluções e “truques” – que podem fazer a diferença no resultado final.


Mobiliário Aqui, singularidade é palavra-chave para o sucesso. As peças retrô continuarão sendo as queridinhas do momento, quando combinadas a peças leves e modernas, dando charme e alegria ao espaço. É possível adquirir esse tipo de mobília em lojas de móveis usados [brechós] ou antiquários [na casa da vovó ou daquela tia querida também é provável que você encontre lindas peças]. Para lugares que pedem algo mais sóbrio e elegante, podemos utilizar móveis na cor preta compondo com paredes cinza. O mobiliário em madeira rústica e descomprometida está tendo certo destaque devido sua beleza, diferentes formas e texturas. A madeira rústica é perfeita para acrescentar fascínio e contraste a qualquer cômodo, seja ele grande ou pequeno, deixando o lar mais atraente.

Luz Aqui se repete a tendência do ano de 2014, em que o forro de gesso com iluminação de lustres proporciona um visual mais escultural. Não podemos esquecer das eternas aliadas: as luminárias. Na cabeceira da cama, na mesa de apoio no hall de entrada e tantos lugares os quais se fazem úteis em nossas vidas em seus mais inovados tamanhos, formatos e estilos. Não perca seu tempo trocando a lâmpada daquele abajur velho, troque-o por uma luminária despojada. Existe igualmente, como opção mais moderna, o projeto “luminotécnico”, que oferece funcionalidade, economia de energia por meio da utilização de lâmpadas em LED e beleza, trazendo aconchego e valorização ao seu ambiente.

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Ambientes integrados A fusão de ambientes, principalmente sala e cozinha, é uma crescente [para não dizer contínua] tendência neste ano, proporcionando um espaço dinâmico, divertido e, acima de tudo, funcional, ao aproveitar ao máximo o espaço para poder receber e acolher pessoas em momentos de familiaridade ou intimidade. Utilizando a imaginação e a criatividade é possível uma decoração surpreendente com um toque de elegância e harmonia devido à diversidade de materiais modernos e clássicos que se cruzam nesses espaços. Quanto menos paredes melhor.

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Objetos A natureza continua sendo a melhor fonte de inspiração, representada em forma de flores, borboletas, folhas, pássaros e frutas, dando um toque de bem-estar, paz interior e personalidade nos ambientes. Vale apostar em um mix de estampas em cadeiras com forro estampado ou nas almofadas que são perfeitas para decorar poltronas neutras. Outro elemento muito usado na década de 90 e que está sendo resgatado por sua característica aconchegante, deixando o cômodo com uma aparência mais completa, são os tapetes. São extremamente glamorosos e elegantes, sendo escolhidos corretamente, caem bem em qualquer pendor. Conjuntamente, o estilo étnico retoma seu espaço, ressaltando a beleza de artefatos e peças orgânicas que deixam o nosso lar mais acolhedor e bonito. Não tenha medo de usar aquele vaso ou ornamento comprado em feiras artesanais. Este mesmo formato destaca-se principalmente pela riqueza da pluralidade, já que se baseia na mistura de cultura e de influências, tendo como resultado a criação de ambientes exóticos de inspiração turística e boêmia.

Cores Como dito no Decor anterior, de acordo com a Pantone a cor do ano de 2015 é a Marsala [vinho/bordô – veja/releia na RLM edição anterior, a 48, uma matéria especial a respeito deste assunto]. Cor quente, escura, acolhedora e transformadora, podendo ser usada em grandes ou pequenas doses, se adaptando com facilidade com demais objetos e em qualquer formato de cenário. Entretanto a cor cinza promete continuar firme no decorrer deste anuário pela sua versatilidade, trazendo consigo o velho e necessário tom clean onde menos é mais, principalmente ao casar estampas com tecidos. Chiques, elegantes e fortes, essas duas cores são dignas de destaque.

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Jardim interno Qualquer cantinho pode ser transformado em um lugar perfeito para cultivar plantas e relaxar. Esse cômodo que tem obtido cada vez mais evidência nas residências é uma forma de levar um pouco mais a natureza para dentro de casa. Ele permite cultivar árvores em miniaturas, flores e folhagens. Essa área popularizou-se principalmente nos imóveis sem quintal e sua apresentação vertical pode ser uma das formas mais ideais de reproduzir a tendência, porque é sofisticado, vívido e bom para o meio ambiente, sua saúde e bem-estar. As hortas vão estar em alta, podendo ser levadas adiante em espaços ainda menores como sacadas.

Sustentabilidade Sustentabilidade e natureza são os assuntos da atualidade, deste modo, reaproveitar os materiais de demolição, tijolos de olaria, conservar peças originais – como o piso de madeira reflorestada – juntamente a materiais provenientes de empresas certificadas e recicláveis serão o foco utilizado nos famosos projetos DIY (Do it yourself, ou “faça você mesmo”, em livre tradução). Essa maneira de transmutar está transformando o mundo decor, valorizando quem dá nova vida aos antigos mobiliários, e por serem fáceis, criativos e econômicos, continuarão a progredir por conta da consciência ecológica.

Acabamento em ouro O acabamento é o toque final do seu ambiente e, nem por isso, menos importante que todos os demais. Muito utilizados no final dos anos 80 e início dos anos 90, os acabamentos em ouro estarão de volta com um toque mais moderno este ano. Aposte nas coberturas brilhantes e sinta-se livre para misturá-lo com outras cores. Harmonizando as informações, os objetos de estimação, a disponibilidade para

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mudanças e tudo aquilo que compõe um ambiente e sua utilização pelas pessoas, podemos sim, de maneira simples e clara manter nosso lar (ou qualquer outro ambiente que nos faça sentir-se em casa), transformar em algo acolhedor no estilo mais apropriado ao nosso bolso e personalidade para transpô-los aos móveis, adornos, cores, texturas, iluminação, materiais, utensílios e tudo o que mais for o nosso meio.

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Dudu Maroja / divulgação

foto BBC.UK

Thiago Freitas

Várias visões, várias

dimensões

Antes restrita ao mundo do entretenimento, hoje a tecnologia 3D já faz parte de vários setores do mundo moderno.

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menos que você tenha vivido em uma caverna nos últimos 30 anos ou pertença a uma comunidade Amish (sem acesso a equipamentos tecnológicos, incluindo celulares e carros), com certeza você já utilizou ou ouviu falar da tecnologia 3D. A realidade em três dimensões voltou a ganhar destaque nos últimos tempos graças à enxurrada de novos dispositivos e está se tornando cada vez mais comum no cotidiano. Especialistas afirmam que, em um futuro próximo, esta tecnologia se consagrará como uma nova febre do mundo contemporâneo. A visão 3D é natural e inerente ao par de olhos de um ser humano. O cérebro alinha automaticamente duas imagens em apenas uma e obtém informações quanto à distância, posição e tamanho dos objetos, percebendo, assim, profundidade em suas formas. Os primeiros experimentos com a tecnologia surgiram há quase 50 anos e o primeiro filme utilizando-a foi lançado em 1952 nos Estados Unidos (claro que de maneira rústica, mas do mesmo modo causou alvoroço e espanto no público). A partir deste primeiro protótipo outras experiências foram feitas, aperfeiçoando o som, os óculos de papel – com uma lente azul e outra vermelha – o formato de exibição de imagem e melhorias nas salas de cinema. Não seria exagero afirmar que a indústria cinematográfica é pioneira quando o assunto é 3D (atualmente o Brasil conta com 67 salas de exibição

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nesse formato), por outro lado, a evolução em outros setores está dando passos cada vez mais largos em direção a essa nova realidade. Coração 3D No Reino Unido, por exemplo, aconteceu um caso bastante interessante e peculiar. Quando a pequena Mia nasceu, ela foi diagnosticada com um problema cardíaco e precisaria passar por uma operação bastante complicada para corrigir. Tariq Hussain, médico da garota britânica, explicou que existia um buraco entre duas cavidades do coração da criança. Com uma impressora 3D e o auxílio de softwares modernos, a equipe de médicos responsáveis conseguiu reproduzir uma réplica artificial do coração da Mia com detalhes minuciosos do que precisava ser corrigido e assim foi possível operá-la, em uma longa e elaborada cirurgia. "Dava para ver o buraco que ele tinha que consertar. E quando o cirurgião está com isso na mão, ele consegue analisar e ver exatamente o que tem que fazer e tem mais confiança para a cirurgia", explicou o Dr. Hussain em entrevistas à BBC. Quando nasceu, Mia só tinha 50% de chance de sobreviver. Hoje, ela tem 2 anos, já não sente os mesmos sintomas que a atrapalhavam antes e possui um futuro inteiro pela frente. Sorriso 3D Para a dentista Danielle Flexa Ribeiro Horta, a »»»


Curiosidades • Filmes em 3D fazem mal à saúde? Não. Desde que você mantenha a distância compatível com o tamanho de sua tela ou não tente assistir ao conteúdo sem os óculos adequados • 3D pode funcionar como TV “normal”? Sim, claro. Os modelos têm a função de desligar o conversor 3D a qualquer momento. Contudo, conteúdos originais em 3D devem ser vistos nesse formato. • 3D convertido é tão bom quanto 3D original? Não. São experiências totalmente diferentes. • Você sabia que o Youtube disponibiliza conteúdo em 3D? O recurso é resultado de uma união entre três grandes empresas da área: a Google, dona do YouTube, a Mozilla, responsável pelo Firefox, e a NVIDIA, que cuida da conversão da filmagem. Fonte: techtudo.com.br

tecnologia 3D é um avanço do qual a humanidade moderna já se beneficia em diversos segmentos – e não podia ser diferente na Odontologia. “Começamos com o uso de imagens para diagnóstico, e hoje os modelos virtuais 3D possibilitam a impressão de qualquer proposta desenhada em um computador, o que rompeu muitos limites que tínhamos para chegar próximo à perfeição da natureza”, completa. A comunidade odontológica está bem focada nessa evolução, e usando, cada vez mais, o que essa tecnologia vem proporcionando. O aparelho usado pela dentista se chama Cerec e pertence a uma empresa alemã. “Ele utiliza a tecnologia CAD/CAM (computer design/computer aided manufaturing) para a confecção de restaurações dentárias”, acrescenta Danielle. O equipamento é composto de duas unidades: a de aquisição de imagem, que através de um scanner transfere a imagem do dente a ser restaurado para o computador, eliminando assim os antigos moldes com “massas”. Em sequência, essas imagens são transformadas em um modelo virtual 3D, e sobre ele é desenhada a restauração ou o dente. A outra unidade é uma espécie de impressora 3D, que fresa (imprime) em um bloco de porcelana a peça desenhada anteriormente no computador. Ainda segundo a dentista, esse processo elimina qualquer distorção a que, no método antigo, as peças estavam sujeitas, criando assim restaurações com incrível adaptação. O aparelho é utilizado para

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a confecção de qualquer tipo de tratamento e não existe nenhum tipo de contraindicação. “Esse equipamento tem a finalidade de construir peças em porcelana, que vão desde pequenos pedaços de dente até pontes fixas com vários elementos. Ela se aplica à confecção de qualquer tipo de prótese dentária”, detalha Danielle. Os benefícios para os pacientes que se submetem a esse tipo de tratamento são inúmeros: restaurações muito mais precisas, com adaptações perfeitas e estética singular, além da máxima resistência dos materiais cerâmicos. “Outra grande vantagem dessa técnica é a possibilidade de confecções de trabalhos extremamente finos, como as facetas estéticas. Mas, sem dúvida, o mais fascinante dessa tecnologia é a otimização do tempo do paciente que, sem a necessidade de aguardar protético ou várias consultas para provas e ajustes, pode fazer reabilitações completas em uma única consulta”, pontua a dentista. Bebê 3D Esperar 9 meses para conhecer o rosto do seu bebê é uma questão de escolha. O método de ultrassonografia 3D já é realidade e transforma as imagens convencionais em imagens tridimensionais, permitindo que os pais consigam visualizar uma imagem mais realista do seu bebê. A chef Solange Saboia tomou conhecimento deste exame por meio de amigas que realizaram o procedimen-


to e o resultado foi mais do que satisfatório. “A experiência foi muito válida, o exame é igual ao comum, sendo muito mais eficiente”, explica. Não é necessário nenhum preparo especial pra realizar o procedimento, porém é recomendável que não se utilizem cremes no abdome e tome bastante líquido nas 24 horas que antecedem o exame para ajudar a obter imagens melhores. A nitidez do exame varia de acordo com o desenvolvimento do bebê, as melhores imagens da face são obtidas entre 26 e 29 semanas de gestação. A Solange, por exemplo, realizou o ultrassonografia 3D entre os quinto e sexto meses. A chef conta que o nível de ansiedade pra saber como seria o rostinho do bebê era enorme e só as imagens do ultrassom 3D conseguiram deixá-la mais tranquila e serena. “Conseguimos ver alguns detalhes mais nítidos do que o exame normal. Foi uma surpresa e um susto muito agradável e emocionante. Ver pela primeira vez o rostinho da nossa filha antes mesmo de nascer foi incrível”, relembra Solange, que recebeu, há um ano, a linda e fofa Elis Saboia. TV 3D Saindo das telas do cinema e invadindo a sala da sua casa, o mercado também já disponibiliza avançadas TVs 3D de diversas marcas. A tecnologia segue a mesma linha de raciocínio da produzida na sétima arte. A tela produz duas imagens ao mesmo tempo, porém, elas estão localizadas em pontos di-

ferentes. Esse truque ilude o cérebro e traz a sensação de profundidade ao observador. Para o ator Alexandre Menezes, 26 anos, a possibilidade de assistir em 3D na sala da sua casa é a realização de um sonho antigo. “Logo quando lançou as salas de cinema em 3D, eu fiquei viciado. Ia pelo menos 2 vezes na semana, só que o ingresso é um pouco mais caro do que o filme normal e dificultava um pouco financeiramente. Quando lançou a TV 3D, eu fiquei na fila para comprar e hoje não preciso sair de casa“, conta o ator que ainda acrescenta que a sensação de assistir aos jogos da Copa do Mundo em 3D foi inesquecível. Para o funcionamento correto destas televisões é necessária a utilização de óculos especiais que se dividem em duas categorias: ativo e passivo. O primeiro é aquele que já conhecemos, uma lente é azul e a outra é vermelha, utilizando as cores para “enganar” o cérebro. Já os óculos ativos utilizam um método um pouco mais complexo. Eles desligam a visão de um dos olhos enquanto o outro permanece recebendo as imagens. Esse processo é alternado e repetido em uma velocidade bastante rápida, imperceptível. Apesar da resistência inicial (assim como toda grande invenção), não há como negar: a tecnologia 3D vem se reinventando nos últimos anos e está ocupando um espaço cada vez mais significativo na vida cotidiana. Não tenha receio e aproveite a vida em três dimensões.

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Dudu Maroja

Do rio para as

ruas

Por entre vielas, canções e a redescoberta do Norte do Brasil, Sebá Tapajós precisou cruzar fronteiras geográficas e dentro de si mesmo, em busca de sua identidade.

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ão tortuosas as estradas que precisamos percorrer até que nos tornemos quem somos. São ramais, rios, dores, muros, desvios, aviões, idas e voltas. É preciso alguma coragem; um tanto de abandono, outro de resiliência. Também é bom assumir-se como um arranjo temporário, compreender-se em construção. Só se torna quem é quem sabe que é impossível ser, absoluto e encerrado. Mas há beleza e certo senso de justiça na vida – a cada etapa vencida do caminho, o caminho vai se tornando mais parte de quem se é. Como se, percorrida a tal estrada, a própria estrada lhe fosse presenteada na linha de chegada. É o prêmio de quem segue: ter seguido. Trazer consigo tudo que viu e viveu, e poder usufruir da memória do processo sob o viés do que foi aprendido. Vive-se o caminho para tornar-se quem é; torna-se o caminho para viver-se consciente. Sebastião Tapajós Junior não precisou de tanta filosofia para aprender com cada passo dado, e menos ainda para incorporá-los ao próprio trabalho. Sua ainda curta (porém muita) vida tratou de doutriná-lo no empirismo. Aos 30 anos, Sebá – como é mais conhecido – tem muito em si do que percorreu: “um terço no Pará, um terço no Rio de Janeiro, um terço na Bahia”, que

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é como ele divide a própria vida; alguns meses na Europa; o bairro do Reduto, em Belém; as trilhas de rio nas proximidades de Santarém. Cada trecho de chão está presente no que ele faz; assim como cada dificuldade, cada recomeço. O grafite, idioma eleito pelo artista para todo o discurso que carrega, é veículo perfeito para juntar tanta coisa – é vibrante e é político; é pop e transgressor; universal e cheio de raízes. Assim também é Sebá. O contato com a arte vem da infância carioca, embora sob perspectivas bem diferentes. Quando menino, a habilidade com as tintas emulava a linguagem da arte tradicional – óleo sobre tela, natureza morta. O garoto era bom: aos nove anos, ainda recém-pintor, ganhou prêmio de revelação mirim em uma exposição coletiva promovida pelo jornal O Globo. Nem lembrava o pequeno que, dois anos antes, escapara da morte com um traumatismo craniano ao cair de uma rede no apartamento onde morava com a família, no Rio de Janeiro. A pintura e o desenho foram companhias intensas no processo de recuperação – e também na ausência dos pais, que trabalhavam intensamente e nem sempre podiam estar em casa. A mãe, a bancária Marisa Carneiro, saía de manhãzinha e só voltava de noite. O pai, o aclamado músico Sebastião »»»


Tapajós, vivia o boom de sua carreira e viajava mais que ficava. “Eu ficava muito tempo ocioso”, lembra. Como não era lá um estudante muito interessado, era no traço que ele se destacava. “Não gostava de estudar. Eu me virava pra ganhar a simpatia dos professores me oferecendo pra desenhar nas aulas. Eu era um aluno prestativo e alegre. Me ajudou bastante a passar de ano”, diverte-se. As melhores notas eram nas únicas disciplinas que lhe interessavam: História e Geografia. Por isso, foi com muita surpresa e indignação que Sebá recebeu um zero em Geografia, em plena quarta série. “Eu me interessava bastante pela disciplina. Talvez pelas viagens do meu pai, acabei me interessando indiretamente pelo mundo. Fiquei tão chateado de zerar a prova que até briguei com a professora. Quando minha mãe foi à escola, ela descobriu a razão: a avaliação era baseada em pintar cada região do Brasil com a cor indicada em um mapa, e eu errei todas as cores. Foi aí que nós descobrimos que eu era daltônico”, revela. O daltonismo, parte importante da maneira como o artista enxerga (e bem mais avançado do que ele pressupunha na infância), o fez explorar o preto e branco por muito tempo – até que criou sua própria paleta de cores preferidas, o que subverteu a deficiência e o fez entregar-se a um universo de cores intensas, hoje características de seu trabalho. “Eu criei um mundo pra mim. Se eu precisar pintar um rosto realista, ele vai ser violeta, azul, com luz amarela...”. »»»

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Outra novidade mudou de vez o rumo do que Sebá produzia: a separação dos pais motivou um período de grandes transformações em sua vida, tanto de cunho emocional quanto de realidade aquisitiva. Agora morador da periferia, o ainda jovem Sebá se afastou muito do pai – e também do ensino formal da arte. Embora ainda desenhasse, passou a se dedicar ao esporte (foi campeão de Jiu-Jitsu na adolescência) e à cultura de gueto. “Ficava o dia inteiro na rua, estava emocionalmente isolado. Meus amigos eram os da baixada, e eu me relacionava melhor com eles do que com meus amigos de escola, que tinham dinheiro. Junto a isso, comecei a ter acesso aos videoclipes de hip hop que estavam chegando ao Brasil, e aquela estética me chamava atenção. Foi nessa época que eu comecei a pichar”. O grafite do Rio no início dos anos 90 não era coisa muito bem vista pela sociedade. “Ainda era tudo muito proibido, a gente pintava e apanhava da polícia, levava tinta... Tinha que pintar uma área enorme em no máximo 40 minutos, porque tinha que sair correndo. Era bem toscão, mas era a época”, justifica, entre risos. A marra desabou quando o pai sofreu um infarto. Perto dos quinze anos, Sebá largou a vida carioca e correu para Santarém, para passar um ano cuidando de Sebastião. A reaproximação também provocou um novo olhar sobre seus laços com o Norte do país. “Foi quando eu comecei a fazer esse resgate daqui, de recriar vínculos com um lugar que tinha ficado na minha infância. As minhas memórias mais legais ficam no meio da Amazônia, pescando, andando de barco”. Apesar do bom contato, ainda não era o momento de montar campo no Pará. O adolescente não se sentia exatamente à vontade com o novo cotidiano da família paterna, e decidiu partir para Salvador – onde morava a afetuosa família do segundo marido de sua mãe. A Bahia foi uma redescoberta e tanto de si mesmo. Além de se aproximar do Zeroseteum Crew – um coletivo de arte urbana – e ajudar a impulsionar a grafitagem na capital, Sebá descobriu lá o interesse pelo mundo da tatuagem. “O Rio estava me tornando muito duro, muito agressivo. Em Salvador eu consegui ser feliz. É uma cidade pela qual eu tenho muito carinho. Lá, fiz supletivo pra terminar o segundo grau. Quando saía da escola, ia pro estúdio de tatuagem de um grande amigo, que me ajudou muito. Foi onde eu comecei a desenhar pra isso. Depois de um tempo, eu mesmo passei a tatuar e a ganhar meu dinheiro. Salvador me resgatou artisticamente, lá encontrei apoio pra fazer o que eu queria. Todos me incentivaram a ser artista. Pouquíssimos me incentivaram a ser grafiteiro”. Depois da temporada baiana, as coisas pas- »»»

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Durante a recuperação de um acidente doméstico ainda na infância, Sebá Tapajós teve a pintura e o desenho como companhias frequentes e intensas. As atividades também serviram para compensar a ausência dos pais, que trabalhavam o dia inteiro. ração – e também na ausência dos pais, www.revistalealmoreira.com.br

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saram a acontecer mais depressa. Sebá voltou a Belém outra vez, se aproximou de um dos poucos estúdios de tatuagem que existiam aqui à época, ficou mais um ano – quando se aproximou de verdade do pai Sebastião, resgatando laços que não mais se romperam. Voltou ao Rio, participou de um salão de artes, ganhou bolsa. Fez faculdade, na sua própria marcha – e a concluiu entre idas e vindas. Expôs na Espanha, em Portugal, conheceu pessoas, passou pelo Rio outra vez... Até que decidiu voltar. “Eu sempre amei, e sempre quis viver eternamente aqui em Belém. Minha mãe mora no Rio, meu pai mora em Santarém. Eu acabo ficando meio solto aqui, meio solo. Mas trabalho muito”. A andança por fora do país deu ao artista uma ótica bem diferente sobre seu próprio lugar. “Observei muito as zonas portuárias de lá, e voltei decidido a melhorar a daqui, melhorar a cidade”. Nessa busca por maneiras de explorar o potencial da cidade para o grafite, ele acabou sacramentando o bairro do Reduto – uma paixão antiga – como o seu terreno para tal. Lá, os grafites são todos dele. Foi lá também que Sebá realizou o Reduto Walls – um evento de grafitagem que chamou a atenção do país inteiro; e que não teve proporções maiores por falta de apoio. “Aqui [no Reduto] eu conheço desde os moradores mais convencionais até os ‘malacos’. E eles me respeitam porque sabem o que eu tento construir aqui. Por isso fiz o Reduto Walls, bancando do próprio bolso, trazendo as pessoas. Ninguém se interessou em ajudar. Não tive apoio nem mesmo pra cessão de muro pra pintar – muro que hoje tá muito pior, tomado por pichação, pelos usuários de crack. O cara que nega esse espaço está ignorando artistas que expuseram na Bélgica, na Alemanha, na Europa inteira. Tá desprezando uma obra avaliada em mais de cem mil reais – e eu não tô falando da tinta, tô falando de um trabalho humano valiosíssimo”, critica. “Esse bairro tem tudo pra ser uma Meca do grafite no Brasil, como acontece em São Paulo, pela magnitude que ele tem. Por isso que, mesmo sem grana, eu me meto a fazer, pego grana emprestada, me »»»

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“Hoje meu trabalho é bem pop, mas eu não consigo me desligar do social. Faz parte da minha formação”, afirma Sebá.

viro e faço. Não consigo me desligar do que eu sinto que preciso fazer. Eu tento mexer com tudo pra ver se as pessoas também se mexem”. Críticas, aliás, não faltam no discurso contundente de Sebá. Ele faz duras objeções à política cultural, ao governo em todas as instâncias, à falta de incentivo, à truculência policial, ao desinteresse do empresariado, à sociedade. Enxerga as manchas mais tenazes da vida na cidade, reflete soluções, resmunga a apatia. Tudo fruto de quem o grafite o tornou. “Hoje meu trabalho é bem pop, mas eu não consigo me desligar do social. Faz parte da minha formação. Eu dei muita aula pra comunidade, dei aula pra institutos de recuperação de menores infratores em Belém e no Rio... Quem faz parte dessa raiz sabe do meu comprometimento com uma ideia de mundo melhor”. A relação do artista com o movimento hip hop e as questões sociais é intensa e apaixonada. “O hip hop não é uma música. Não é colocar um boné de aba reta. Faz parte de um contexto social, de uma ideologia, de um estilo de pensamento que vem desde Luther King. Existe uma espécie de irmandade do grafite e da cultura hip hop no mundo inteiro. Se você contata um grafiteiro na Alemanha pra fazer um trabalho lá, é bem provável que

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ele vá te receber, te dar guarida, te ajudar”. O trabalho de Sebá Tapajós, sua inventividade e talento acabaram projetando-o mundialmente, muito além dos muros. No Brasil, ele virou querido de muitas celebridades. Recentemente esteve no programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo; e também assinou a capa do novo DVD de Lulu Santos. Apesar de muito grato e feliz com o excelente momento profissional, o artista entende que o sucesso não toma o espaço cativo que é da rua. “O grafite se tornou algo mais high society. Ganhou até um subtítulo: ‘grafite fine art’, que é um grafite de galeria. Tem muita gente que se diz grafiteiro e não tem uma letra própria. Isso é muito relevante pra quem é realmente do movimento. Mas isso é um processo natural da disseminação. É o que tem de mais jovem na história da arte”, analisa. “Mas o grafite é a rua. Ele te traz uma bagagem de convivência que a pintura não te traz. As pessoas me cobram quando eu paro de pintar na rua. Eu gosto. Você tem que ter essa essência periférica. Quando a gente pinta na rua, a ideia é chamar atenção pra própria cidade. Pras suas mazelas, suas dificuldades, pra segurança pública”. Sebá, que perdeu um irmão pra violência nas favelas,

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acredita que o bom combate, porém, não se faz na mesma moeda da agressividade. “Eu acredito que a gente precisa falar de felicidade, em vez de insistir na dureza. É legal ver amigo que melhorou a sua comunidade com cor, com arte. Antes, ele pintava o carinha com arma; hoje ele pinta um passarinho, o filho dele brincando, a vista do alto do morro. Isso é tão mais contemplativo, lúdico... Acaricia tão mais a alma pro dia a dia de quem vive nessa região”. Hoje, Sebá quer proporcionar esse carinho para quem vive na beira dos rios. É parte de seu novo projeto, o #StreetRiver. Com o ambicioso plano de montar uma galeria de grafite fluvial, o artista tem pintado casas e barcos ribeirinhos – o que rendeu uma bela exposição na galeria do CCBEU, a convite dos também artistas plásticos Jorge Eiró e Geraldo Teixeira. “Eu sempre tive essa ideia de pintar as margens do rio. Tem muito do que eu ouvi na minha infância, aprendi com meu pai... A ideia do Ruy Barata de ‘Esse Rio é Minha Rua’. Além disso, Belém é turisticamente voltada pra zona portuária, pro rio. As pessoas vêm pra cá pra ver isso”, analisa. Desse tema, já surgiu a mostra, um documentário e as próprias obras do outro lado do rio. A imagem indígena,


tema recorrente em seu trabalho, também segue presente nessa fase. O artista tem desenhado crianças de tribo em contato com elementos da cultura essencialmente urbana. “Eu acho que o lugar mais original culturalmente no Brasil é a região norte. Tudo nosso vem dos nossos primeiros moradores, que foram os índios. Nossa gastronomia, nossa dança, nossa arte. E eu sempre fui louco por criança, vou ser pai esse ano... Então resolvi juntar essas coisas todas – meus grafismos, a figura da criança indígena, os elementos da contemporaneidade da moda. Foi assim que nasceu essa série dos índios pop. Acaba trazendo um discurso de como o capitalismo acaba corrompendo a cultura indígena, roubando sua essência. Tudo se mistura”, explica. Para ele, é importante celebrar ribeirinhos e índios como “povos da floresta – gente que nela vive e dela se sustenta”. O momento não poderia ser melhor para o grafiteiro. O #StreetRiver é a costura perfeita de tudo que ele viveu até chegar aqui: a rua carioca, o rio santareno, os rumos de Salvador. E como não poderia deixar de ser, Sebá Tapajós está em paz com quem é e com o caminho que percorreu para sê-lo.

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especial

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Carolina Menezes e Flávia Ribeiro

Dudu Maroja

O- emundo a casa é dos cães! Eles sabiam que estavam trazendo para casa uma nova companhia, mas não sabiam o quanto essa nova companhia mudaria a rotina de todos e até mesmo seria capaz de estabelecer novas regras de convivência. Arrependidos? Que nada. O reinado não somente foi estabelecido como conta com total endosso dos “ex-donos” do lar.

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oucas coisas são tão transformadoras como a convivência com um animalzinho de estimação em casa. Não é exagero. Os focinhos, as patinhas, as carinhas fofas, as gracinhas e tudo o mais que eles têm para oferecer derretem até mesmo os corações mais fechados e os humores mais sisudos – é quase que impossível não se render a tanto carinho. Não à toa, quando um lar ganha um exemplar desses seres adoráveis estabelece-se um período a.P-p.P, antes do Pet e pós-Pet, e então não é incomum que ocorram adaptações na rotina da casa ou até mesmo mudanças físicas que garantam o bem-estar e o conforto do novo morador, que não pouco raramente acaba se tornando o dono do pedaço. Assim é na casa da estudante de Direito, Marcela Borborema, de 18 anos. Há bastante tempo pedindo aos pais para ganhar um companheiro canino, há sete meses ela finalmente “dobrou” o pai e dele ganhou Scott, um Bulldog francês que conquistou a casa inteira. Quer dizer, quase toda a casa. “Uma das principais dificuldades com a chegada do Scott foi fazer a minha mãe se acostumar com a ideia de um cachorro em casa: ela morre de medo! Até hoje ainda sai correndo dele, ou sobe no sofá quando ele está por perto. Mas ainda tenho esperanças de

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que esse medo dela se transforme em amor por ele”, relata a jovem, mostrando que nem a rejeição por parte da “rainha do lar” ameaça a liberdade do novo membro da família, hoje com dez meses de vida. Os horários de Marcela e do pai foram os que mais sofreram mudanças desde a chegada do bulldog. “Não foi ele que se adaptou à casa, e sim o contrário! Tivemos que abrir mão de algumas coisas, já que tínhamos de cumprir alguns horários, como o de dar comida, passear, acompanhar o seu adestrador, entre outras coisas. O primeiro hábito foi o horário de levar o Scott para fazer suas necessidades e passear. De manhã, o papai diminuiu o tempo de suas atividades físicas para levar o Scott, e de noite eu ou meu pai sempre abrimos mão do que estamos fazendo naquele horário do começo de tarde para levá-lo. É um esforço diário para conseguir adestrá-lo, pois ele é muito agitado e teimoso”, conta a estudante. A estudante garante que apesar dos pesares, nenhuma mudança pesou na rotina ou a fez duvidar da escolha de pedir por um cãozinho em casa. “Desde que ele chegou eu durmo menos, adquiri bem mais responsabilidades, muitas vezes me estresso bastante, mas sou bem mais feliz. Eu não consigo mais imaginar minha casa »»»


A aposentada Maria Eunice adotou Paloma e ganhou uma companheira inseparável.

sem ele, mudou minha rotina, minha vida, e chegou pra me tornar muito mais feliz e completa. Com exceção da minha mãe, todo mundo aqui em casa é apaixonado por ele e não imagina mais a casa sem esse novo integrante”, admite Marcela. Já na casa da aposentada Maria Eunice Tavares não há a menor dúvida de quem manda ali, e com total endosso de sua dona: Paloma, uma cadela sem raça definida de três anos de idade adotada há pouco mais de um ano e que chegou para salvá-la da tristeza de ter perdido sua companheira canina anterior, Melissa, que morreu aos cinco anos após sofrer um mal súbito enquanto passeava na rua. “Fui ao médico para meus exames de rotina, é o mesmo médico de sempre, e ao me contar que meus níveis de insulina finalmente estavam baixos, ele se surpreendeu porque eu não comemorei, fiquei na mesma. Me perguntou o que tinha acontecido e eu contei que estava muito triste por ter perdido a minha Melissa. Aí ele disse que conhecia uma organização chamada Amor de Patas, que providencia adoção para cães e gatos abandonados, e entrou logo em contato para marcar uma visita. Fui alguns dias depois. Lembro que teve uma chamada Sofia que não me deu muita bola, mas a Paloma não. Ela veio e começou a brincar comigo e com meu companheiro, e ali ficou. Foi quando eu vi que era ela, que ela havia me escolhido, nos escolhido!”, recorda. Com Paloma devidamente adotada mas ainda sendo “arrumada” pelos voluntários da organização, antes da ida definitiva rumo ao novo lar, Eunice foi ao shopping e comprou todos os mimos possíveis e imagináveis para a cadela. “Fiquei tão arrasada quando a Melissa morreu que eu doei tudo o que era dela, então fui comprar tudo de novo: caminha, coleira, pratinhos para comida e água. Quando ela chegou, tinha uns hábitos meio mal educados, mas com o tempo ela foi aprendendo a se comportar, só fica tola quando eu viajo. Uma vez, passei dois meses fora e meu filho era quem ia levá-la para passear, me contava que todos os hábitos ruins que ela tinha quando chegou tinham voltado. O veterinário foi me contar depois que tudo aquilo era uma forma de chamar a atenção porque devia estar triste com a minha ausência. Foi só eu chegar que ela se comportou de novo!”, conta. Os amigos, quando a convidam para passeios, jantares ou mesmo viagens a balneários,

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já sabem: Paloma vai junto. “Ela adorou Salinas!”, lembra. Mesmo muito bem instalada com suas próprias coisinhas, Paloma gosta mesmo é do aconchego da cama de sua dona. “Gosto de me deitar um pouco depois do almoço, e ela vai comigo. Sabe, ter um cachorro é ter um motivo para voltar para casa, para estar em casa. Eu converso, conto as coisas, e ela está lá, do lado, é uma companheira. Brinco, jogo os brinquedinhos, ela ‘responde’. Não dá mais para imaginar a minha vida sem ela, é uma paixão”, derrete-se Eunice. Preparação para o novo integrante da família Entre a ideia de ter um animal e a chegada dele em casa é necessária uma preparação não só do ambiente, mas também da família. “É como a chegada de um bebê, todos precisam se preparar, pois a rotina vai ser alterada. É preciso dar atenção para o animal e ser compreensivo, pois ele pode demorar um tempo para se adaptar”, recomenda Camilla Loureiro, sócia proprietária de um Pet Shop. O esclarecimento é para que o dono do animal tenha consciência de que haverá um período de adaptação para humanos e para o pet. “O animal poderá sentir falta da mãe e dos irmãos e vai estranhar esse novo ambiente, então os choros são característicos desses momentos”, comenta Camilla acrescentando que em média essa fase pode durar seis meses. “Outras reclamações que ouço muito são sobre o xixi e cocô no lugar errado”. Outra fase que traz certos incômodos é a do crescimento dos dentes. Assim como bebês, filhotes tendem a morder quase tudo o que estiver disponível, por isso não é raro as queixas sobre danos em sapatos, pé de sofá e de mesa... Para minimizar a situação é recomendado adquirir brinquedos específicos para exercitar a dentição e também uma boa dose de paciência. Essa fase é bem agitada e alguns móveis e calçados serão completamente perdidos, mas acredite, haverá boas lembranças também. No ambiente do novo lar, segundo Camilla, a família deve reservar um cantinho específico para o pet. “Outro cuidado é não deixar crianças pequenas, sem a presença de adulto, perto de animais, pois elas podem se confundir, pensar que são brinquedos e podem bater e eles podem reagir, enfim é bom ter sempre a supervisão de adultos” alerta. »»»


A estudante Marcela Borborema conta que desde que Scott chegou ela dorme menos, tem menos tempo livre, mas “está muito mais feliz”.

Outra boa dica para a família é sobre a condução da educação do animal com instruções claras. “Não pode acontecer de a proprietária, por exemplo, deixar o filhote dormir na cama com ela, mas não quer que ele faça isso quando adulto. A orientação tem que ser dada desde sempre, não pode mudar para não criar confusão” alerta o adestrador Pedro Victor Amaral. Qualquer pessoa pode fazer a educação do próprio animal e isso pode ser iniciado desde o primeiro dia em casa, com comandos sobre o lugar de dormir e o das refeições, por exemplo. Mas se você tiver um cachorro de raças mais fortes ou de grande porte, como o fila brasileiro ou pitbull, por exemplo, a recomendação é que esse processo não seja conduzido por pessoas inexperientes. “Você tem que ter em mente que será o líder dele e que ele precisa obedecer, pois um poodle pulando em cima de você é

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bonitinho, mas um cachorro de 40kg ou mais pulando em cima de você é diferente”, destaca o adestrador. Além disso, o trabalho de um adestrador pode ser necessário em outras situações específicas, como no caso de pessoa não ter experiência e sentir que precisa de ajuda ou quando não sabe lidar com problemas que podem surgir. Além de regras, ele lembra que os animais também precisam de cuidados específicos para que se mantenham saudáveis. O proprietário deve se manter atento e estar sempre em dia com a vacinação, vermífugos, carrapaticida, dar uma alimentação adequada, cuidar da higiene, etc. “E também passear, brincar, dar atenção diária, não é só cuidados e educação, em meio a isso tudo haverá também os momentos de diversão, de risos, de companhia e de amor”, fala.





comportamento

A neurocientista e neuroanatomista Jill Taylor teve um AVC e viveu uma experiĂŞncia que mudou completamente sua vida. Seus relatos inspiraram pessoas no mundo todo, dentre elas, o mĂŠdico paraense Alfredo Coelho.

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Lorena Filgueiras

Porque acreditar

fundamental

é

É possível reverter um quadro irreversível? Quão irreversíveis são os males que afetam nossos corpos e espíritos? A Revista Leal Moreira foi investigar histórias que podiam terminar de maneira triste, mas tiveram seus finais completamente alterados.

O

ano era 1996. Dezembro. Dia dez. A lembrança, quase dezenove anos depois, permanece intacta, inalterada. Uma artéria explodiu dentro do cérebro da neurocientista americana Jill Taylor. E o que ocorreu naquele momento mudaria sua própria história, além de influenciar incontáveis narrativas similares ao redor do mundo. Mas me permita voltar um pouco no tempo. Taylor é neuroanatomista e o diagnóstico de esquizofrenia do irmão mais novo foi determinante para definir a área de atuação dela. “Se eu tinha sonhos e podia conectá-los, de modo a torná-los realidade, por que meu irmão não conseguiria?”, declarou. Foi a partir daí que ela se aprofundou nos estudos sobre o cérebro humano. Por isso, na manhã daquele dia 10 de dezembro de 1996, ela decidiu (ou seu cérebro decidiu por ela) que viveria a experiência de um AVC. Ela observava ma-ra-vi-lha-da o silêncio que ecoava do lado direito de sua cabeça, ao mesmo tempo em que o lado esquerdo (que regula o método e aspectos analíticos) a alertava a procurar ajuda. Pegou as chaves de casa, entrou no carro determinada a dirigir até o hospital, quando percebeu que o lado direito paralisara. “Uau, isso é tão legal! Estou tendo um AVC! Quantos neurocientistas têm a oportunidade e o privilégio de ter um AVC e estudar seus impactos de dentro para fora?” Se você ficou boquiaberto, sugiro que sente e respire, porque tem mais. Ela tentou usar o tele-

fone, mas viu um aglomerado de símbolos que não faziam sentido. Depois de ligar para um colega de trabalho e ele não entender uma palavra do que ela dizia (e ela tampouco o compreendeu), a ambulância chegou. “Como um balão esvaziando, senti minha energia esgotar e meu espírito desistir. Naquele momento eu compreendi que não mais era a coreógrafa da minha própria vida”. “Ou os médicos me resgatarão e salvarão minha vida ou isto é o meu momento da ‘transição’”. E ela continua. “Acordei muito mais tarde e foi um choque perceber que eu ainda estava viva”. Jill relata que paradoxalmente se sentiu mais viva; sua energia estava liberta, “como um gênio fora da garrafa”. “Lembro de ter pensado: não conseguirei colocar esse meu eu, enorme e expansivo, dentro do meu pequenino corpo”. E foi quando ela concluiu: “se eu estou viva, se atingi meu nirvana, então qualquer um pode também!” Ao se dar conta de quão abençoada aquela experiência tinha sido, ela o definiu como “um derrame de ideias na vida”. E foi essa força surreal que a motivou a se recuperar. Duas semanas após esse episódio, Jill foi finalmente operada e o coágulo, “do tamanho de uma bola de baseball e que pressionava a minha área da linguagem”, foi retirado. Foram oito anos de recuperação que deixaram marcas muito mais profundas que a enorme cicatriz do lado esquerda da cabeça. “Nós somos a força motora do universo: temos o poder de decidir, a cada »»»

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momento, quem somos e o como queremos ser”. Naturalmente que a experiência alterou completamente o modo como Jill via [e vivia] a vida, mas ela foi além e lançou um livro [“A cientista que curou seu próprio cérebro”] e, de quebra, ainda foi escolhida pela revista “Time” como uma das cem pessoas mais influentes do mundo, em 2008. A palestra motivacional de Jill Taylor no TEDx caiu “por acidente” nas mãos dos médico Alfredo Coelho, que ficou tão impressionado que foi atrás do máximo de mais relatos dela sobre o ocorrido. Energias conectadas Estava tudo planejado. A dois dias do próprio aniversário, em setembro, tudo transcorria normalmente na vida do médico Alfredo Coelho. Na noite do dia 21 daquele mês, ele acordou e ao tentar levantar, o teto “girou” e ele caiu. Tentou se reerguer e caiu novamente. No chão, percebeu que seu lado direito inteiro estava paralisado. Usou o lado esquerdo para se levantar do chão e conseguiu chegar à porta do quarto para chamar a mãe. Ao tentar chamá-la, a voz não

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saiu. Foi quando o médico “juntou as peças” e concluiu que estava tendo um AVC. A mãe veio ao encontro do filho e sugeriu que fossem imediatamente ao hospital, ao que o próprio Alfredo Coelho reagiu, com gestos manuais, que não iria a lugar algum. Inspirado pela neurocientista Jill Taylor, Alfredo Coelho decidiu que viveria, com a intensidade exigida, seu acidente vascular cerebral. Interrompo a narrativa e pergunto a ele se ele tinha consciência de que podia ter morrido ali e ele tranquilamente responde que “a única certeza que ele tem é de que um dia ele vai morrer”, mas que foi uma opção vivenciar com calma a experiência do AVC. Já internado, no quarto e sendo submetido a inúmeros exames, Alfredo pediu que o amigo colocasse o vídeo do TEDx de Jill Taylor para revê-lo. Neste meio tempo, saiu o resultado do exame: uma bactéria havia se instalado no cérebro e havia “comido” uma área significativa de seu hemisfério esquerdo: a que regulava a fala e os movimentos. Se a essa altura Alfredo Coelho não havia se desesperado, ele recebeu a notícia com muita tranquilidade. “Lorena – ele me conta –, já tive


foto Julio Tavares

dores de cabeça muito mais insuportáveis que o próprio AVC”. E sorri. “Decidi vencer o AVC e suas sequelas e após ouvir o médico dizer que levaria quase dois anos para uma plena recuperação, eu determinei que voltaria a trabalhar em um mês. Em 15 dias estava na academia – até porque o exercício físico é fundamental à plena recuperação de qualquer estado alterado – e no começo do 29º dia, eu estava sentando aqui, na cadeira do meu consultório e com o dia tomado de consultas com meus pacientes”. Alfredo Coelho tem 41 anos e há 15 anos adotou um estilo de alimentação radical: sem açúcar, sem glúten, sem carnes e zero bebidas alcoólicas. E foi seu estilo de vida que o tornou o “paciente ideal”, segundo o médico que lhe atendera no Hospital Albert Einstein. “Não me considero melhor que ninguém e não estou contando essa história para impressionar, mas quero que todos saibam que é possível, sim, curar-se por meio de um rigoroso controle de seus hábitos e a constante observação do organismo”.

Alfredo Coelho teve um AVC a dois dias do aniversário e ganhou uma consciência expandida. Ao lado, a imagem da ressonância do cérebro do médico, que teve uma parte do lado esquerdo “comido” por uma bactéria. Apesar da gravidade de seu estado, Coelho decidiu tomar as rédeas de seu próprio tratamento e, contrariando os primeiros prognósticos médicos, estava de volta à ativa em 15 dias.

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Curando o incurável O diagnóstico de Esclerose Múltipla, síndrome autoimune e, mesmo assim, mal sobre o qual a ciência pouco sabe, veio quando Laura ainda tinha 23 anos. Arquiteta de formação, exercia a profissão com alegria [embora, confessadamente, não fosse nada excepcional] e vivia uma crise no casamento. Melhor falando: sabia que o casamento estava acabando, mas temia isso e preferia não encarar a realidade. O corpo começou a mandar sinais em meio a esse cenário. Num primeiro momento, a visão periférica estava turva, borrada. “Era o ano de 2006. Um dia, ao acordar, notei algo estranho. A visão periférica do meu olho esquerdo estava completamente borrada. Foi o primeiro sinal, e sem que eu sequer imaginasse, uma dolorosa saga teve início. Oftalmologistas, neurologistas, clínicos, exames, ressonâncias, tomografias… Em três meses minha vida »»»


Confira mais

Laura Pires foi diagnosticada com Esclerose Múltipla e após uma verdadeira via-crúcis de consultas, exames, seu estado de saúde só se agravava. O ex-marido tomou as rédeas e as pesquisas e ambos concluíram: ela iria para a Índia. Após dois anos de tratamento e completamente curada, Laura compartilha experiência e tem outro ritmo de vida.

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transformou-se em visitas a laboratórios e consultórios médicos. E minha saúde só piorava. O que começou como um desconforto no olho esquerdo logo ampliou-se para a perda de visão periférica dos dois olhos. Os sintomas se sucediam: sentia câimbras que podiam durar de duas a três horas seguidas, dormências pelo corpo, sensações de choque, ardência e tremor interno, rigidez dos membros, às vezes falta de reflexos, falta de coordenação motora e confusão mental. Se em alguns dias o quadro era assustador, em outros dias, simplesmente não sentia nada. Vivia no descompasso da surpresa: um novo sintoma aparecia enquanto um outro estranhamente desaparecia. Buscava médicos ansiando uma resposta, mas ninguém dizia nada. Restringiam-se a prescrever doses cavalares de corticoides, mas nada explicavam. Após muita investigação, dores, desconfortos, finalmente uma médica apontou indícios de uma doença desmielinizante do sistema nervoso: esclerose múltipla”. Laura conta que, diante dessa dura realidade, entrou em completo desespero. “Era como uma sentença: chorei muito, mas não me entreguei. Sabia que não podia enfrentar tudo

isso sozinha. Em plena crise conjugal, ajoelhei-me diante do meu marido e pedi que me ajudasse, que naquele momento não fosse embora, não me abandonasse. Num gesto de grande nobreza, Marcus colocou seus sonhos, desejos e crenças de lado e aceitou ficar comigo. Mais do que isso, tomou as rédeas da situação e começou a pesquisar, pela internet, pessoas e alternativas que pudessem me salvar. Como os médicos não chegavam a um diagnóstico preciso, e percebendo que os tratamentos prescritos eram meros paliativos, e não ofereciam a possibilidade de cura, Marcus começou uma busca incessante de tratamentos mais eficazes e com chances reais de melhora. Entrou em contato com profissionais no mundo inteiro, e foi da Índia que tivemos a resposta mais alentadora: havia, sim, possibilidade de reverter meu quadro, mas a decisão deveria ser tomada logo. Conhecia a Índia, entendia um pouco daquela cultura, era um país que me fascinava. Mas nas condições físicas e emocionais que me encontrava, a perspectiva de uma viagem tão longa rumo ao desconhecido me aterrorizava. No entanto, aquela informação ficou bem guardada dentro de mim”. E assim, deu início a uma peregrinação: de igre-

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jas a centros espíritas. Dos médicos tradicionais aos terapeutas alternativos. O tempo passava e a saúde de Laura só deteriorava. “Uma fadiga tomava conta de mim e em muitos dos dias eu mal tinha forças para andar. Às vezes passava tardes deitada, levantando só para ir ao banheiro ou à cozinha. Câimbras noturnas me arrancavam do sono, me fazendo trincar os dentes de tanto desespero. Era uma sensação terrível, como se os músculos das pernas e dos braços estivessem se rasgando. As juntas estalavam, truncavam, por vezes me paralisando. Mas dentre todos os sintomas, o mais assustador era a perda da visão, que ameaçava a cada dia. O tempo não era meu aliado, e um dia uma médica, especializada em esclerose múltipla, foi incisiva: ‘Laura, não tem mais como adiar. Vamos para o hospital providenciar sua internação para dar início à pulsoterapia’. Eu sabia o que estava por trás dessa palavra. Pulsoterapia é a administração de altas doses de medicamentos num curto espaço de tempo. Na esclerose múltipla, ela se faz com corticoides. Esta possibilidade me alarmou. Temia os efeitos colaterais da medicação e temia mais ainda que, ao final, não houvesse nenhum resultado positivo. Ao medo »»»


profundo veio somar-se um desejo igualmente forte de cuidar de mim, de me curar. Fechei a porta do consultório, olhei para o Marcus e disse: ‘Vamos para a Índia’. Fomos imediatamente para a agência de viagem, compramos a passagem e em menos de 24 horas embarcamos rumo ao país”. E foi aí que a vida dela se transformou: quando ela se encontrou com seu verdadeiro ser. E usa uma metáfora interessante: “eu era como uma verdadeira lagarta, em sua fase mais difícil, apertada, desesperadora, arrastando-me por caminhos tortuosos, limitada, achando que o mundo era apenas aquilo. Achava que passava por meus últimos momentos de vida, de sobrevivência, mas era apenas um intervalo forte e intenso que me transformaria”. “O tratamento foi muito difícil, mas me entreguei de corpo e alma. Por mais que tudo aquilo fosse diferente da minha realidade, seguia todas, e no fundo sabia que aquilo era para sempre, que nunca mais seria a mesma pessoa. Massagens com óleos medicinais, limpezas intestinais

intensas e diárias, com óleos ou chás de ervas se sucediam. A cada nova purgação sentia que, quanto mais meu corpo estava sendo limpo, mais minha alma ia se abrindo, se transformando. Chorava horas e horas após as limpezas. Sentia emoções e sensações inimagináveis. Deparei-me com mágoas, rancores, dúvidas, alegrias, emoções muito escondidas, grudadas no meu ser. Pouco a pouco percebia o quão doente minha alma estava. Não era só o corpo físico, mas a mente e o espírito também precisavam daquela atenção e cuidado. A partir de um certo momento, já nem me dava conta das condições precárias do local. O poder transformador da Ayurveda tomava conta do meu ser. Foram 21 dias de internação. Recuperei completamente a visão, mas só passei a andar normalmente, com firmeza, depois de cerca de um ano e meio”. A experiência também rendeu um livro. “Em busca da cura” relata a experiência da médica e foi escrito pelo ex-marido, Marcus Pessoa.

Para ler e buscar inspiração http://laurapires.com.br http://medico.alfredocoelho.com.br www.revistalealmoreira.com.br

A Ciência redescobre a fé Que a fé [ou acreditar que é possível] faz toda a diferença, há muito já sabemos. Uma crescente concepção de tratamento holístico tem influenciado profissionais da área médica a repensar a abordagem aos pacientes. Crença, prática religiosa e bons pensamentos são diferenciais poderosos em tratamentos. Jill, Coelho e Laura são exemplos de que quando se permite “sair da curva”, é possível visualizar que corpo físico e energético se misturam e passam a ser desassociáveis.



destino

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Priscilla Amaral

Priscilla Amaral

Rota

Sol do

Em tempos de alta do dólar, muitos brasileiros têm redescoberto a América Latina. Um dos roteiros mais procurados é Punta Del Este, a 150 km de Montevidéu. O charmoso balneário oferece diversão para alta e baixa temporadas e é considerado um dos mais bonitos e luxuosos do mundo! Lá a poesia, segundo seus visitantes e fãs, corre solta pelo ar.

“H

ola Sol…! Gracias por volver a animar mi vida de artista. Porque hiciste menos sola mi soledad. Es que me he acostumbrado a tu compañía y si no te tengo, te busco por donde quiera que estes”. Os versos do imortal Carlos Páez Vilaró evocam lembranças de um destino inesquecível, como sua poesia, natureza e ousada efervescência indissociável da vida intensa do balneário, que sem hesitar podemos classificar de verdadeira rota do sol: Punta Del Este! Ao entardecer de todos os dias do ano, de dentro da “escultura habitável”, como ele mesmo definiu sua Casapueblo, onde morou até sua morte, no dia 24 de fevereiro de 2014, o artista uruguaio, pintor, escultor e, por amor, também poeta, revive e conduz nosso olhar à celebração de um espetáculo da natureza que nos felicita e se despede para renovar a vida dos homens e do planeta. E não é difícil sentir e descrever as sensações que Vilaró também sentia ao entrar em contato com

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quem chamava de amigo mais antigo: o Sol. Ele surge como mestre de cerimônias, num dos pontos, sem modéstia, mais lindos do mundo, em que o astro-rei dos homens (e dos deuses) pode ser apreciado, do alto de uma montanha rochosa, onde o artista esculpiu sua casa e obra mais famosa, anos a fio, com as próprias mãos. Basta o sol começar a se pôr para que os labirintos da Casapueblo, com seu museu, ateliê, hotel e restaurante sejam inundados pelo silêncio do público à espera do mar de versos [do começo desta matéria] declamados na voz grave e sensível do próprio autor em uma gravação harmonizada pelo sentimental violão espanhol de Joaquín Rodrigo, na música Concierto de Aranjuez. A gravação do poema “Cerimônia do Sol” é um ritual que dura exatamente o tempo em que o astro-rei mergulha no horizonte do mar que banha o impressionante labirinto branco, na península de Punta Ballena, a 15 quilômetros do centro de Punta del Este. Uma obra de arte da vida que arran- »»»


ca lágrimas, beijos apaixonados de enamorados, recém-casados e aplausos intensos de mais de 60 mil visitantes por ano do mundo inteiro. Em Casapueblo todos se despedem do sol com a certeza de que o ponto turístico mais charmoso e poético do Uruguai [muito semelhante às construções da arquitetura mediterrânea] é um convite ao retorno para desbravar o lugar que vai muito além do luxo e sofisticação de um dos dez balneários mais badalados do mundo. Por isso não se acanhe: existe uma Punta del Este para todos os bolsos e estilos, do milionário ao aventureiro, principalmente o brasileiro que vai viver a impressionante experiência de um mundo seguro, festivo e cheio de pura emoção. Para ir a Punta del Este primeiro é importantíssimo definir o que você espera do lugar. Se quiser badalação dia e noite, com temperaturas mais escaldantes e sem se incomodar com preços, janeiro é o mês ideal e mais intenso, mas a alta temporada se prolonga do Natal ao Carnaval. Agora, se a sua praia pedir apenas a conexão com a natureza extasiante cercada por montanhas, prédios sofisticados e proximidade total com um povo hospitaleiro, a baixa temporada vai te oferecer preços pela me-

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tade em hotéis, restaurantes, passeios turísticos e ainda, uma Punta del Este, que parece ser só sua. E tem mais, para quem não quer abrir mão dos dias quentes [já que o sol é cicerone de um balneário procurado justamente pelo seu veraneio], vale a pena apostar em meses alternativos como novembro, quando o local já se prepara para receber os turistas ou fevereiro, no finalzinho da alta temporada. Mas atenção, esteja preparado para bater em muitas portas fechadas. Alguns hotéis e restaurantes costumam abrir apenas quando Punta está fervendo de gente. Assim aconteceu quando procurei o Churros Manolo! Fechado! Decepção estampada para quem queria se deliciar com o que dizem ser uma das maiores tentações de Punta. Fica na Calle 29, quase esquina com a Gorlero, principal avenida do centrinho da cidade. Aliás, os leitores merecem um esclarecimento. Cheguei a Punta em novembro, não por escolha, mas por uma questão de oportunidade de viajar apenas neste período e não me arrependo. Conheci exatamente o balneário que ninguém me falou e como disse logo acima parecia ser todo meu. Às vezes caminhava por quinze minutos onde eu era a única pedestre da rua e não raro parava alguém,

para oferecer informação. Até os policiais se prontificam a guias turísticos e de uma forma bem humorada tentam justificar o motivo: Punta tem “pouco trabalho”, pode ser considerado o lugar mais tranquilo do mundo em qualquer época do ano porque a violência é praticamente zero. Sem congestionamentos, filas e disputas por espaços, em praias procuradas foi fácil encontrar um ótimo lugar ao sol. E por falar em praias, as mais conhecidas são a Brava e a Mansa. Na Ibiza Latino Americana, um dos muitos apelidos do balneário devido a sua badalação e Jet set (milionários que chegam em seus jatinhos), tem para todos os gostos. Como sugere o próprio nome, a praia Mansa é banhada pelas águas tranquilas do Rio da Prata e por isso atrai muitas famílias com crianças. Já na Brava, batem as fortes ondas das águas do oceano Atlântico, ideal para a prática do surf e outros esportes aquáticos. Também é ali que fica um dos cartões-postais mais fotografados de Punta del Este, a mão parcialmente enterrada na areia, batizada de Monumento ao Afogado, feita pelo artista chileno Mario Irarrázabal durante o verão de 1982. O espaço é tão concorrido que nem mesmo na baixa temporada consegui garantir um clique exclusi-


COMO CHEGAR

São três as formas de se chegar a Punta del Este. A primeira é de avião, desembarcando no Aeroporto Internacional de Punta del Este (www.puntadeleste.aero), a 25 quilômetros do Centro. A TAM (www.tam.com.br) tem voos diários entre São Paulo e Montevidéu e faz o trajeto até Punta com conexão em Buenos Aires. Desde Montevidéu também tem a empresa BQB (www.flybqb.com.br). Outra forma de chegar a Punta, já a partir de Montevidéu, é pegar um ônibus no Terminal Tres Cruces, pelas companhias rodoviárias Copsa (www.copsa.com.uy) e Cot (www.cot.com.uy). A terceira maneira é de barco, que pode sair dos portos de Buenos Aires, Montevidéu e Colonia del Sacramento. A quarta e talvez a mais aventureira e ir até o Rio Grande do Sul, para cruzar a fronteira do Brasil com Uruguai pela cidade de Chuí. Pode ser de carro ou de ônibus pela empresa TTL (www.ttl.com.br), saindo de Porto Alegre.

vo, leia-se sem turistas pendurados pelos dedos da escultura. O ideal é chegar bem cedo, se você tiver coragem em dias de férias e pernas pro ar! Confesso que perdi a hora, mas me apressei em reatar a amizade com o relógio para no dia seguinte desfrutar de um dos passeios mais fascinantes de Punta, até a Isla de Lobos, onde está a maior colônia de leões-marinhos da América do Sul. O preço é salgado, 100 dólares, mas vale a pena para nadar junto com dezenas deles. Ficam cara a cara com os “intrusos”, são curiosos e imensos. Dá um frio na barriga e se formos simpáticos eles até ousam posar para as fotos. O passeio dura em média quase três horas, a lancha sai da marina no porto, que podemos ter acesso pela Gorlero e no retorno, já na hora do almoço não hesite ali mesmo em escolher um dos charmosos restaurantes da melhor região gastronômica do local, com atenção especial para a típica carne bovina uruguaia, a parrillada. Voltando a falar das praias, a Brava e a Mansa, ficam muito próximas do centro comercial de Punta del Este, por onde o deslocamento que une praia e compras é perfeitamente possível ser feito a pé. A avenida Gorlero reúne bares, restaurantes, lanchonetes, cinemas e lojas para onde se dirigem os

endinheirados em busca das tendências do mundo fashion de grifes como Louis Vuitton, Versace e Valentino. Mas não se desespere, também tem lojas bem bacanas e acessíveis aos bolsos moderninhos, sofisticados, porém mais modestos, como a Indiana, espalhada por todo o Uruguai. Seguindo adiante na Gorlero, para quem gosta de artesanato, tem uma feirinha com diversos produtos de artistas locais. A diferença entre as praias de águas doces e salgadas explica bem a geografia do balneário que o próprio nome já evidencia. Punta fica exatamente na ponta da península uruguaia, uma estreita faixa de terra banhada de um lado pelo Atlântico e do outro pelo histórico Rio da Prata, a 132 quilômetros e apenas uma hora e meia da capital Montevidéu. O ponto extremo do encontro entre rio e mar pode ser observado em parada obrigatória dos city tours oferecidos em hotéis e hostels da cidade e vale muito a pena o registro. No local tem uma âncora que sinaliza em cada extremidade a direção das águas mais importantes do país. Por ser baixa temporada, paguei pelo city tour de duas horas a bagatela de 50 reais com garantia de uma breve incursão turística, política, social e cultural no estilo de vida e naciona-

lismo uruguaios. O passeio é uma ótima opção para se ter uma dimensão rápida da cidade e suas opções, mas é importante lembrar que para voltar aos locais mais afastados e para garantir um deslocamento que abarque todas as opções da Ilha o melhor mesmo é alugar um carro. Táxi costuma ser caro e ônibus não leva em todos os locais. A van recolhe cada passageiro na porta do seu hotel. Nosso guia e motorista era um senhor de gestos e vestimentas simples, dotado de forte conhecimento histórico. À medida que nos levava em direção a cada bairro, monumento e praias de Punta, explicava acerca dos seus artistas, políticos, com orgulho de reforçar a ideia de país onde, segundo ele, o analfabetismo é zero; todas as crianças têm vagas garantidas nas escolas e delas saem direto para a universidade sem a necessidade de processos seletivos de exclusão. O guia ia além, para fazer referência à própria história a comparava aos diferentes momentos sociopolíticos do Brasil e outros países latino-americanos, em uma tentativa de impressionar os passageiros hermanos. E conseguiu! Também não continha o entusiasmo em nos informar quão segura é Punta del Este e por esta razão se explica a procura dos milionários do mundo »»»


CASAPUEBLO E O BRASIL “Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada..”. A célebre música infantil do “poetinha” Vinícius de Moraes, lançada em 1980, não fugiu à regra de que “para cada obra de um poeta existe uma inspiração”. Este lugar existe, é a Casapueblo de Carlos Páez Vilaró. Diplomata no Uruguai, Vinícius visitava a casa e teria escrito os versos para as filhas de Vilaró, Agó e Beba, aos quais acrescentou .. “era uma casa de pororó, era a casa de Vilaró”. Outra curiosidade da construção é que numa imagem panorâmica seus labirintos se assemelham muito ao mapa do Brasil. A Casapueblo (http://carlospaezvilaro.com.uy) levou 30 anos para ficar pronta. Vilaró começou a construí-la em 1958, a partir de uma pequena casa de lata. Depois, o artista ergueu a “Pioneira”, seu primeiro atelier, de madeira, o qual, com ajuda de pescadores, começou a revestir de cimento, desprezando as linhas retas. Sua inspiração eram as casinhas feitas pelo pássaro Forneiro, João-de-barro em Português. As paredes foram modeladas com as próprias mãos do artista, que uma vez se pronunciou sobre sua ousadia: “peço perdão à arquitetura por minha liberdade de joão-de-barro”.

inteiro pelo local não apenas como turistas, mas também investidores de patrimônios particulares suntuosos. No bairro de Beverly Hills [isto mesmo, homônimo do não menos cinematográfico hollywoodiano], mansões guardavam em suas garagens frotas de carros importados perfeitamente visíveis através de seus muros baixos e arbustos que garantem ao condomínio aberto, sem muralhas, sem segurança armada e sem vigilantes – um ar bucólico e seguro, porque ostentar em Punta não tem perigo. Por ali qualquer um pode circular e tirar fotos dos casarões dos endinheirados empresários, políticos, jogadores de futebol, artistas, entre eles vários brasileiros e não se espante se algum aparecer pertinho de você como qualquer mortal que se sente muito à vontade entre a multidão. O passeio que terminou em Casapueblo também incluiu uma visita no lado do balneário que reúne o maior point de baladas de Punta, destino certo de surfistas e jovens solteiros, La Barra. O acesso é pela famosa ponte ondulada, obra de 1965 do designer Leonel Vieira. Nosso guia pisou no acelerador para uma pequena demonstração desta obra inusitada que garante adrenalina semelhante à de um tobogã ou pequena montanha-russa. E é do lado de lá que na alta temporada em La Barra, surf, paqueras e baladas sem fim nas areias de Bikini e Montoya, ou nos night clubs a moçada amanhece o dia. Como a época não havia chegado para apreciarmos qualquer movimentação mais eletrizante, nosso passeio por estes lados se resumiu a uma breve parada em

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91 8887.6486 do ano é o célebre Conrad Resort&Cassino. Situado na praia Mansa, o local ajudou a difundir a fama de Punta aqui no Brasil, principalmente nos programas de entrevistas a celebridades de Amaury Júnior. Quem não lembra? O luxuoso hotel cinco estrelas reúne spa, restaurantes, boutiques, boate e sua área de jogos, onde o acesso é livre e gratuito. No bar que integra o espaço é possível se deliciar com comidinhas e os mais variados drinques como o suave clericot, à base de vinho branco, espumante, frutas cítricas e coloridas. A música e garçonetes com estilo impactante de top models fazem jus à marca impecável de uma beleza que a “pérola do Uruguai” esbanja, mesmo quando não há pretensão... Mesmo quando Punta del Este se despede do visitante de maneira simples, mas inversamente proporcional à intensa vontade de voltar e descobrir o que o sol nos reservará nas próximas temporadas, sejam elas solitárias ou badaladas. Adiós Sol…! Mañana te espero otra vez. Casapueblo es tu casa, por eso todos la llaman la casa del sol. El sol de mi vida de artista. El sol de mi soledad”. (Calos Vilaró)

bbordalogesso@uol.com.br

lojinhas de suvenir e restaurantes charmosos do local. Mesmo assim nada impede uma diversão noturna em Punta del Este em tempos de sol e calmaria. Se não se informar, pode também ter sorte de encontrar por acaso um pub, aberto às duas horas da madrugada como o de Inácio, argentino radicado no Uruguai, cuja hospitalidade também carrega fortes heranças verde-amarelas das suas quase duas décadas na “cidade maravilhosa”. E viva o Rio de Janeiro que tomou conta do coração saudoso de Inácio! Entusiasmado em relembrar os velhos tempos de praia e samba cariocas, fez as honras da casa com típicas bebidas uruguaias, como a cerveja Patrícia e nos brindou com uma seleção musical impecável, graças a Deus, bem alheia aos modismos do momento. Afinal, Adoniran Barbosa, Bezerra da Silva e marchinhas da era do rádio não são para qualquer um em terras onde o bate-estaca e samples das músicas eletrônicas fazem a cabeça dos turistas animados. Sofisticado, outro point noturno que resume bem o glamour de Punta del Este em qualquer época


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Polpettas, porpettas, almôndegas... polpetones! De tão antiga [e incerta], não dá para discutir a origem do prato. Uma coisa é certa, entretanto: as bolotas que podem ter carne [vermelha, peixe] ou vegetais são tão tradicionais [eu ousaria até em dizer “obrigatórias”] na culinária italiana quanto as próprias massas. Segundo especialistas e estudiosos, os primeiros registros das almôndegas remetem ao século XV e o formato não lembrava muito o atual – as porpetas eram feitas com bifes batidos [até que dobrassem de tamanho], de modo que pudessem ser recheados e fechados em um formato de trouxinha. O recheio? Pão dormido, amolecido no leite, cebola, alho e muitas ervas aromáticas. Se já era bom daquele jeito, imaginem no dia em

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Ângela Sicilia Chef de cozinha

que “perceberam” que a carne moída, misturada ao tal recheio, ficava ainda mais deliciosa! A Itália tem muito isso [como aqui no Brasil também]: alguns pratos respeitam os ingredientes básicos, mas vão ganhando outros ou apresentações [além do próprio modo de fazer] peculiares, de uma região para outra. Só para fins de registro, as polpettas (a receita original) são bolinhas menores que são levadas a cozer [cruas] dentro do próprio molho. As almôndegas, uma derivação que os italianos criaram em outras terras [para matar a saudade da pátria] são fritas e assemelham-se muito aos bolinhos de carne [sem o molho de tomate]. Aliás, as almôndegas são parte fundamental da história dos hambúr-

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gueres... mas isso é assunto para uma próxima conversa. Porpettas... ah, as porpettas são bem paulistanas e só ganharam um sotaque diferente ;) Fizemos esse passeio curtinho para chegar aos polpettones, que eu gosto de pensar como “um melhoramento genético” das bolinhas de carne (ou frango) originais. Os polpettones [suspiros] são grandes almôndegas recheadas [a criatividade é que vai determinar os recheios] que são levemente fritas ou cozidas [seladas] – uma a uma, por conta do tamanho – depois do cozimento em forno. E vão à mesa cobertas por molho... Não importa a combinação – polpettones são sempre convites à boa mesa, conversa e vinho!


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Isabela Lima

Ricardo D’Angelo

mil

O chef,

e uma

habilidades

Carlos Bertolazzi veio da Administração, passou pela internet e parou na gastronomia.

Q

uando pensamos em cozinha, a imagem que vem à cabeça é aquela clássica de filmes: cozinheiros correndo de um lado pro outro, panelas fervendo, cheiros e gostos tomando conta do lugar e uma pessoa coordenando tudo, nem sempre com muita calma: o chef, muitas vezes pessoa séria, crítica e rígida é o responsável por todo aquele caos organizado. Com a ascensão de reality shows de culinária por todo o mundo, essa imagem deixa de ser imaginação e se torna um pouco mais real. Zapeando pela TV a cabo, vemos diversos chefs ensinando e cobrando seus alunos e uma dessas figuras emblemáticas é Carlos Bertolazzi, chef experiente e que esteve à frente da apresentação do reality “Cozinha Sob Pressão”, versão brasileira do programa americano Hell’s Kitchen, caracterizada pelos chefs “cascas-grossas” que apresentam e coordenam os competidores. E Bertolazzi incorporou o espírito da coisa [com tudo a que tinha direito]. Impaciente, diz de cara que não gosta de erros repetitivos. Do terno para o Dólmã Bertolazzi nasceu e foi criado no Alto da Lapa, bairro localizado na zona oeste da capital paulista. Desde criança, sempre teve um contato direto com as cozinhas, seus perfumes e apetrechos. O avô era dono de uma indústria de coco, nos idos da década de 60. A avó era uma cozinheira de mão cheia, vivia enfeitando a casa e fazia até livros de receita. A mãe, dona Vera, também sempre foi “boa de mão” e ensinava ao filho algumas dicas. Não é à toa que ele brinca “Vai ver eu tomava molho ao sugo na mamadeira, né?” Mas, o caminho traçado por Carlos Bertolazzi seria outro. Prestou vestibular para Administração em uma conceituada faculdade de São Paulo e se dedicou

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muito a esse ramo. Esteve presente em um momento muito importante do crescimento e potencialização da internet no Brasil e participou de sites bastante influentes para a bolha tecnológica que explodira no país. Isso, inclusive, contou para o sucesso de Berz (como os amigos o tratam) na gastronomia. Mas, o negócio de Bertolazzi era mesmo a Administração. Ainda assim, um chamado mais forte ecoava nos ouvidos (e em outros sentidos igualmente essenciais ao exercício da cozinha). Fechou a empresa de internet que tinha na época e começou a ajudar a mãe. Dona Vera havia acabado de abrir o C.U.C.I.N.A, buffet voltado para eventos. E foi de tanto fazer filé-mignon que o ainda aspirante a chef de cozinha decidiu partir para outra empreitada. “Tem que dar certo!” Em 2005, aos 35 anos, Carlos saiu de sua zona de conforto e decidiu mudar totalmente o rumo de sua vida. De Finanças à Gastronomia, e sob a influência do chef brasileiro Mauro Maia (que já havia estudado na Itália), seu primeiro passo foi sair do país. Foi parar no Piemonte (região situada no norte italiano), para ingressar no Italian Culinary Institute for Foreigners - ICIF, escola de Gastronomia para estrangeiros. Lá, completou 2 meses de curso e aproveitou para ficar outros 4 meses estagiando em restaurantes. Com uma mala nas costas e muita força de vontade, teve a sorte de iniciar sua carreira em um restaurante com 2 estrelas no Guia Michelin [que categoriza os melhores restaurantes]. Depois disso, foi pulando de estágio em estágio pela Itália, sempre em casas bem conceituadas, como o Flipot, restaurante localizado em Torre Pellice, uma cidadezinha no meio das montanhas. O fato é que Bertolazzi aproveitou de todas as for- »»»


mas sua experiência no “Velho Mundo” e queria trazer para o Brasil tudo o que tinha aprendido. “Com o dinheiro que sobrava, eu tentava jantar nos melhores lugares por ali. Eu procurei ao máximo transformar toda essa experiência na coisa mais completa possível; não só ficar ali estudando. Eu precisava provar tudo que tinha pela frente”, lembra. Um concurso de azeite, em 2005, mudaria totalmente a vida de Carlos. Ele se inscreveu, passou e foi trabalhar no El Bulli, um dos melhores restaurantes do mundo todo, localizado num vilarejo em Roses, na Costa Brava espanhola. Bertolazzi deu sorte: logo no seu primeiro dia no restaurante, o espaço recebeu duas visitas ilustres do mundo gastronômico: Juan Mari Arzak e Pedro Subjana, dois chefs com três estrelas michelins. “Esse foi o dia em que tinham nove estrelas michelins na cozinha, contando com o Ferran Adriá (dono da casa). Comecei bem”, revive. Entre mochilões gastronômicos pela Europa e também por Nova Iorque, em 2008, Carlos retornou ao Brasil focado no buffet de Dona Vera, que ia de vento em popa. Só que, dessa vez sua bagagem não era tão somente de aprendiz, mas de colaborador. O chef trouxera receitas novas para aumentar o cardápio da mãe. E permaneceu lá até 2010. Parceria e TV Quando voltou para sua cidade-natal, Bertolazzi recebeu de Juscelino Pereira (dono dos restaurantes Piselli e Tre Bicchieri, ambos em São Paulo), a proposta de ser sócio de um novo estabelecimento, junto a uma terceira parceira. Foi aí que surgiu o Zena Caffé – Zena significa Gênova no dialeto lígure - um espaço inspirado nas famosas vilas italianas e com comida tipicamente italiana. Paralelamente à abertura do Zena, Carlos foi fazer casting para um programa da TV fechada: o Homens Gourmet, que trazia como atração 5 chefs cozinhando e em clima descontraído, com muitas brincadeiras. O projeto deu tão certo que emplacou cinco temporadas. Cozinha sem Segredos: on-line A internet sempre fez parte da vida e do trabalho de Carlos Bertolazzi. Como ele veio deste meio, acostumou-se a ficar sempre conectado, e tentou trazer sua habilidade digital para o mundo gastronômico. E não é que deu certo? Ainda nos tempos de Orkut, Bertolazzi criou comunidades com receitas, dicas e até conversas com seus leitores, que cresciam a cada momento. Uma delas era o “Cozinha sem Segredos”, em que Carlos era moderador e, segundo ele, fazia questão de se meter em todas as conversas para ajudar o pessoal que lia e acompanhava. Hummm, coxinha de pato! Bertolazzi é um cara criativo, espontâneo e agitado. E tais características refletem-se também na comida que faz. Uma das suas invenções mais celebradas é

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a coxinha de pato. Isso mesmo: pato no lugar do frango. A ideia surgiu quando o chef precisou ir a Nova Iorque para participar de um evento de rua no Brooklin e teria que levar uma comida tradicional brasileira. E nada melhor do que a famosa coxinha para nos representar, não é? Bertolazzi decidiu, então, inovar. Sua invenção virou referência e ficou famosa pelo Brasil e mundo afora. Sob pressão, sim! O programa americano Hell’s Kitchen é para os fortes. A característica principal do programa, além, é claro, da gastronomia profissional que é feita ali, são os chefs que pegam pesado (pesadíssimo, diga-se de passagem) com os competidores. E o comandante da edição brasileira, o “Cozinha sob Pressão”, é ninguém menos que o próprio Bertolazzi. Sobre a experiência, o chef conta que já tem intimidade com as câmeras, por conta do Homens Gourmet, mas o esquema é outro. “São dois momentos na minha vida: é como se o Homens Gourmet colocasse uma câmera no meu momento de lazer e o Cozinha sob Pressão, dentro da minha cozinha”, explica. Carlos conta que é preciso ter pulso dentro do reality show. São competidores que precisam mostrar

o seu melhor, dentro de um determinado tempo, de frente para as câmeras e com um chef pegando no pé. É uma cozinha nova para todos a cada semana, com menus também diferentes. Apesar de ser engraçado e extrovertido, ele garante ser duro como chef: “Eu sou exigente sim, principalmente com erros repetidos (no programa). Na minha cozinha não tem a mesma pressão porque não lido com o mesmo número de erros do programa”. “Isso é manteiga de garrafa?” Bertolazzi esteve em Belém em 2012 durante o festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense. Apesar de se encantar com a riquíssima culinária local, ele afirma ter chegado lá como um verdadeiro italiano. “O que eu posso tirar daqui e colocar dentro da minha cozinha?”, se questionou. E aí nasceu o Ravioli de Pato com molho de jambu, a perfeita mistura entre a Itália e a Amazônia. Em um dos seus passeios pelos pontos turísticos belenenses, Carlos foi levado até o mercado do Ver-o-Peso, onde ficou apaixonado pela cultura e, claro, pela comida. Só que, ao ver de longe o clássico tucupi dentro da garrafa pet de refrigerante, inocentemente perguntou “isso é manteiga de garrafa?”, de-

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sencadeando gargalhadas em todos que estavam por lá. Dentro de suas paixões paraenses, Bertolazzi cita a Castanha-do-Pará, seu ingrediente favorito da terrinha. Ele conta, assim como muitos chefs, que faz questão de incluir muitos temperos e produtos paraenses em sua cozinha, e que eles venham diretamente da raiz. Bertolazzi é claramente apaixonado por cozinha e por tudo que faz relacionado a isso. Mas, é nesse momento em que aquele Bertolazzi antigo, o que fazia administração, entra. Ele reforça que culinária não é só paixão e que é preciso saber organizar o negócio. “Carreira de chef é como outra qualquer. Além de cozinhar, é saber gerenciar uma equipe, gerenciar estoque, menu, evitar desperdícios”. E assim, com a habilidade “mezzo” chef “mezzo” admininstrador, que Bertolazzi vem traçando seu caminho brilhante - e explosivo!

Imperdível! A segunda temporada do Cozinha sob Pressão já tem data para estrear: 25 de abril, no SBT. Bertolazzi estará nela... e você?


receita

Tortellini de Pato com Jambu e Manteiga de Tucupi

PREPARO

INGREDIENTES

Massa • 2 xícaras de farinha • 4 gemas • 2 ovos •1 colher (sopa) de azeite extravirgem • sal Prepare a massa misturando a farinha com as gemas, os ovos, o azeite e um pouco de sal. Deixe descansar por cerca de 1 hora e abra a massa em tiras bem finas. Corte em quadrados de cerca de 8cm. Coloque o recheio em cada quadrado, umedeça as bordas com água e dobre formando triângulos. Una as pontas do triângulo formando os tortellini e cozinhe em água abundante e salgada por cerca de 3 minutos.

INGREDIENTES

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PREPARO

Recheio de pato com jambu

Corte o pato em pedaços, separando também a coxa da sobrecoxa e deixe marinar por uma noite no vinho com a cenoura, a cebola, o salsão – cortados em cubos –, o louro e os grãos de pimenta. Retire o pato e coe o vinho, separando os legumes. Reserve. Em uma caçarola grande, doure o pato com um pouco de óleo. Retire-o. Elimine o excesso de gordura da caçarola e doure os legumes da marinada que estavam reservados. Retorne o pato à caçarola e adicione o vinho. Complete com agua fria até encobrir o pato. Deixe-o ferver, abaixe o fogo e cozinhe-o por cerca de duas horas, com a caçarola semitampada. Depois desse período, retire o pato, resfrie-o e retire a carne, eliminando os ossos. Misture as folhas de jambu e passe por um moedor. Reserve.

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pato inteiro de aproximadamente (2 kg) garrafa de vinho tinto seco cenouras cebola talos de salsão

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2 folhas de louro 10 grãos de pimenta-preta 2 dentes de alho picados 1 colher (sopa) de gengibre ralado 2 xícaras de folha de jambu

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INGREDIENTES

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PREPARO

Manteiga de tucupi

Em uma frigideira aqueça a manteiga com o tucupi. Quando a massa estiver cozida transfira para a frigideira e salteie para incorporar o molho. Ajuste o sal e a pimenta. Sirva com os brotos de alfavaca.

½ xícara de tucupi ½ xícara de manteiga clarificada broto de alfavaca sal e pimenta

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Castas: 30% Corvina, 30% Corvinone, 30% Rondinella, 10% Rossignola, Orseleta, Negrara e Dindarella. Um dos tradicionais nomes do Vêneto, Tedeschi não é famosa apenas pelo seu amarone de altíssima qualidade. É também reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho detalhado de estudo do solo da Valpolicella, que resultou num mapeamento de diferentes tipos de solo na região. De cor vermelha translúcida. No nariz, é exuberante, com notas de cereja, framboesa e groselha. Na boca é frutado, bem equilibrado, com nuances de fruta fresca, tais como morango e um leve toque quente, que remete à canela. Final de boca macio e longevo Onde: Grand Cru

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CHURCHILL’S DRY WHITE PORT

Produtor: Jorge Böhm REGIÃO: Alentejo - Alentejo Central – Seleção de videiras velhas. CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Vinho Regional Alentejano COMPOSIÇÃO DE CASTAS: 50% Touriga Nacional e 50% Touriga Franca GRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 14,5° GL PRODUÇÃO ANUAL: 2.400 garrafas ELABORAÇÃO: As uvas são vindimadas e escolhidas manualmente. A vinificação processou-se com fermentação em barricas de carvalho, com posterior amadurecimento. Após o engarrafamento, o vinho permaneceu por 1 ano na adega. AMADURECIMENTO: 20 meses em barricas novas de carvalho francês. ESTIMATIVA DE GUARDA: 10 anos CARTA DE VINHO SINTÉTICA: Elegante e maduro, de frutos negras e vermelhas, chocolate e tons balsâmicos. Estruturado, harmonioso, com taninos firmes e longo final. TEMPERATURA DE SERVIÇO: 18°C PREMIAÇÃO MAIS RELEVANTE: REVISTA DE VINHOS: 17,5 /20 JANCIS ROBINSON: 17 /20 Onde: Decanter

CAPITEL SAN ROCC

Produtor: José Maria da Fonseca REGIÃO: Península de Setúbal – Vila Nogueira de Azeitão. CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Moscatel de Setúbal D.O.C. CASTAS: 100% Moscatel de Setúbal GRADUAÇÃO ALCOÓLICA: 17,5° GL AÇÚCARES RES: 154 g/l ACIDEZ TOTAL: 4,4 g/l (pH 3,53) CARTA DE VINHO SINTÉTICA: Rico no nariz com casca de laranja confitada, damasco seco e caramelo. Untuoso, doce, fresco e muito persistente. PRODUÇÃO ANUAL: 424.000 litros AMADURECIMENTO: Em cascos e tonéis de madeira velha. ESTIMATIVA DE GUARDA: Pronto para consumo. Após aberto poderá manter-se idêntico por anos em adega! SERVIÇO: Entre 10-16°C Premiação mais relevante: Revista de Vinhos: 16 Onde: Decanter

DORINA LINDEMANN LIMITED EDITION 2009

ALAMBRE MOSCATEL DE SETÚBAL 2008

vinho

Castas: Malvasia Fina, Códega, Gouveio e Rabigato A personalidade e a elegância características dos vinhos da casa Churchill’s deriva do novo estilo de vinificação do D’Ouro associado à alta qualidade dos terroirs da Quinta da Gricha, vinícola construída em 1852, na margem sul do rio D’Ouro, na prestigiada sub-região de Cima Corgo. Este vinho possui cor dourada muito vibrante junto com notas aromáticas de noz-moscada. Na boca é fresco e complexo, longo e com um final fresco e apimentado. Onde: Grand Cru



horas vagas • cinema Você encontra estes títulos na FOX - livrariafox.com.br

DVD Blu-Ray

INTERESTELAR

DICA

Após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. Com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta.

MOMMY Canadá, 2015. Diane Després (Anne Dorval) é surpreendida com a notícia de que seu filho, Steve (Antoine-Olivier Pilon), foi expulso do reformatório onde vive por ter incendiado a cafeteria local e, com isso, provocado queimaduras de terceiro grau em um garoto. Os dois voltam a morar juntos, mas Diane enfrenta dificuldades devido à hiperatividade de Steve, que muitas vezes o torna agressivo. Os dois apenas conseguem encontrar um certo equilíbrio quando a vizinha Kyla (Suzanne Clément) entra na vida de ambos

DESTAQUE

WHIPLASH Grande vencedor do Festival de Sundance em 2014, Whiplash - Em Busca da Perfeição não é precisamente um filme sobre jazz, mas é um longa que irá encantar os apaixonados por música. O solitário Andrew (Miles Teller) é um jovem baterista que sonha em ser o melhor de sua geração e marcar seu nome na música americana como fez Buddy Rich, seu maior ídolo na bateria. Após chamar a atenção do reverenciado e impiedoso mestre do jazz Terence Fletcher (JK Simmons), Andrew entra para a orquestra principal do conservatório de Shaffer, a melhor escola de música dos Estados Unidos. Entretanto, a convivência com o abusivo maestro fará Andrew transformar seu sonho em obsessão, fazendo de tudo para chegar a um novo nível como músico, mesmo que isso coloque em risco seus relacionamentos com sua namorada e sua saúde física e mental.

CLÁSSICOS

CINEPOP

A LENDA DO PIANISTA DO MAR Um garoto nasce em pleno alto-mar, ganhando o nome do ano em que nasceu: 1900. A criança cresce num mundo encantado, de fortes ventos tempestuosos e cobertas balançando, conhecendo toda a existência disponível a seu toque nos confins do transatlântico em que nasceu. Já crescido, seu talento natural no piano chama a atenção da lenda do jazz Jelly Roll Morton, que sobe a bordo para desafiar 1900 para um duelo. Indiferente com sua súbita notoriedade, 1900 mantém uma fixação pelo mar, sendo sempre seduzido pelos sons do oceano.

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INTERNET

Portal para os amantes do cinema, com detalhes técnicos, trailers e curiosidades. (http://cinepop.virgula.uol.com.br/)


A Fox respira literatura e inspira você.

Fox Belém

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horas vagas • literatura Títulos disponíveis na Livraria FOX. livrariafox.com.br

DESTAQUE

Em 31 de dezembro de 1941, os pais da jovem Dora Bruder solicitavam a quem pudesse ajudá-los notícias da filha desaparecida. Ao se deparar quatro décadas depois com essa notícia, Patrick Modiano ficou profundamente comovido. Resolveu então investigar por sua própria conta o destino daquela menina judia de apenas 15 anos desaparecida durante a Ocupação de Paris. Desta pesquisa resultou Dora Bruder, uma obra verdadeiramente única. Em seu trabalho, Modiano acabou descobrindo que tanto Dora Bruder quanto seu pai haviam sido presos, com alguns meses de intervalo, e internados no Campo de Drancy, antes de serem conjuntamente deportados para o Campo de Concentração de Auschwitz em 18 de setembro de 1942. Contudo, a investigação do destino de Dora Bruder se expande e se confunde com uma reflexão acerca do passado de todos aqueles que viveram o dilacerante período da Ocupação nazista da França, tema recorrente na obra do ganhador do Nobel.

LANÇAMENTO

DORA BRUDER, PATRICK MODIANO

O SOL E O PEIXE VIRGINIA WOOLF

DICA OBJETOS CORTANTES GILLIAN FLYNN Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação, que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida. Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas sem recurso para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado. Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e adolescência conturbada e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob sua roupa.

“Aquários recortados na uniforme escuridão encerram regiões de imortalidade, mundos de luz solar constante onde não há chuva nem nuvens. Seus habitantes fazem, sem parar, evoluções cuja complexidade, por não ter nenhuma razão, parece ainda mais sublime. Exércitos azuis e prateados, mantendo uma distância perfeita apesar de serem rápidos como flecha, disparam primeiro para um lado, depois para o outro. A disciplina é perfeita, o controle, absoluto; a razão, nenhuma. A mais majestosa das evoluções humanas parece fraca e incerta comparada com a dos peixes”. É Virginia Woolf, em ‘O sol e o peixe’, ensaio que dá título à presente coletânea, na qual se reúnem nove de suas prosas mais poéticas. Nelas, Virginia contrasta a visão de um eclipse total do sol com a dos peixes num aquário de Londres; discorre sobre Montaigne e sobre a paixão da leitura; relembra, em traços delicados e comoventes, a convivência com o pai; teoriza sobre a nascente arte do cinema e sobre as relações entre a literatura e a pintura; enaltece as paradoxais vantagens de se ficar doente; celebra as belezas naturais de Sussex e as delícias urbanas de uma caminhada fortuita por Londres.

CLÁSSICO CONFIRA SONO, HARUKI MURAKAMI “Há dezessete dias que não durmo”. Assim tem início a história que Haruki Murakami imaginou e escreveu sobre uma mulher que, certo dia, deixou de conseguir dormir. Pela calada da noite, enquanto o marido e o filho dormem o sono dos justos, ela começa uma segunda vida. E, de um momento para o outro, as noites tornam-se de longe mais interessantes do que os dias... mas também, escusado será dizer, mais perigosas.

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ADOLFO BIOY CASARES – OBRA COMPLETA (1940 A 1958) Leitor voraz e apreciador do que chamou de literatura fantástica, Bioy Casares é autor de histórias que misturam suspense, referências a romances policiais e elementos inesperados, tudo isso permeado pelo refinamento adquirido ao longo de uma vida dedicada à literatura. Amigo e parceiro de Jorge Luis Borges, com quem escreveu as histórias do personagem H. Bustos Domecq, que estão sendo relançadas pela Biblioteca Azul, Bioy Casares recebe enfim uma edição que destaca a extensão e a qualidade de sua produção, que o coloca entre os principais autores de língua espanhola. O primeiro volume das Obras Completas inclui romances que se encontravam há décadas fora das livrarias como Plano de Fuga e A trama celeste. A organização de toda a obra completa, que será publicada em três volumes, é do pesquisador argentino Daniel Martino, especialista na obra do escritor, responsável pelo estabelecimento do texto e pelas notas que apontam as variações de texto ao longo da obra.

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horas vagas • música

VÍDEO AC/DC LANÇA SEGUNDO CLIPE DA MÚSICA “ROCK THE BLUES AWAY” Uma das pioneiras do Heavy Metal, a icônica banda AC/DC lançou o segundo clipe do seu mais recente álbum “Rock or Bust” – que, segundo a gravadora, já vendeu aproximadamente três milhões de cópias mundialmente desde seu lançamento, em 2014. A canção “Rock The Blues Away”, segundo single do álbum, transformou-se em vídeo onde podemos ver essas verdadeiras lendas vivas do rock and roll tocando em um pequeno clube de Los Angeles para um seleto grupo de fãs. As imagens do pocket show aparecem entre flashes descontraídos de bastidores, tudo sob a direção de David Mallet. Nele podemos ver o retorno de Chris Slade como baterista do grupo, já que seu integrante original Phill Rudd está afastado por problemas com a justiça da Nova Zelândia.

Veja o clipe: https://www.youtube.com/watch?v=nyFvDbwyhF8

BOB DYLAN INTERPRETA FRANK SINATRA

O álbum “Girls in Peacetime Want to Dance”, de Belle and Sebastian, já é um dos mais vendidos no mundo. Para alegria dos fãs fiéis à banda Belle and Sebastian, o novo álbum é um convite ao já conhecido charme musical que reconquista a todos, desde seu surgimento nos anos 90. A banda indie pop escocesa deu sinais de que iria se render ao pop eletrônico, mas não foi dessa vez. Para o bem geral da nação indie, o pop retrô continuará embalando a narração de ótimas histórias. A essência da banda escocesa continua intacta, mesmo com uma pitada de europop dançante. Na música “Enter Sylvia Plath” ainda é possível curtir o som da banda como se fosse a primeira vez em “Nobody’s Empire”. Vale a pena conferir.

DICA

CONFIRA BELLE AND SEBASTIAN

O lançamento do álbum “Shadows in the Night”, em que Bob Dylan interpreta standards relacionados a Frank Sinatra finalmente saiu do papel. É, você não leu errado: Bob Dylan e Frank Sinatra juntos? Sim, faz tempo que um dos melhores cantores de todos os tempos deseja visitar os clássicos, à sua maneira. As canções reinterpretadas por Dylan têm uma pegada minimalista e ousada, feitas praticamente ao vivo em um ou dois takes, segundo o músico. Produzidas fora de cabines de gravação de vozes as faixas se apresentam na ordem em que foram gravadas, não foram separadas. ”Shadows in the Night” promete trazer versões renovadas com arranjos únicos de histórias já consagradas pelo público.

INTERNET

CLÁSSICO

WEB RÁDIO NOSTALGIE A web rádio Nostalgie traz, principalmente, os sucessos internacionais dos anos 1950s, 1960s, 1970s, 1980s e 1990s para os saudosos de plantão na rede. Com uma diversa playlist de ícones mundiais, a música francófona ainda é uma determinante – já que 80% de seu conteúdo são músicas francesas. Nela é possível escolher canais de uma época em especial, de um estilo específico ou ainda de sucessos indiscutíveis da música como as bandas Beatles e Rolling Stones. http://www.nostalgie.fr/radio-421/webradios-439/webradio/

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JIMI HENDRIX Divulgada a faixa inédita de Jimi Hendrix:”Station Break” do álbum You can’t use my name. Rei dos solos de guitarra e improvisos mais bem-sucedidos do rock, Jimi Hendrix retorna com o álbum “You can’t use my name”, feito em parceria com o grupo nova-iorquino de R&B Curtis Knight and The Squires. Dica para os saudosos e novos admiradores. Com o lançamento da faixa inédita “Station Break” é possível quase acreditar que Hendrix continua entre nós. Antes de formar o Jimi Hendrix Experience e se tornar um marco na história do rock, o lendário guitarrista fez parte de outros grupos musicais, entre eles a Curtis Knight and The Squires. Mas suas composições com a banda nunca haviam sido divulgadas até agora. Somente no ano passado a empresa detentora dos direitos autorais de Jimi Hendrix obteve as gravações originais e as remasterizou. Ouça a primeira faixa divulgada aqui: vevo.com

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horas vagas • iPad

Need for Speed: No Limits No lançamento de Need for Speed: No Limits, os usuários do iOS não tiveram surpresas desagradáveis. O jogo nesta plataforma está com gráficos excelentes, melhores do que no Android. Em Need for Speed: No Limits, você deve vencer corridas e se tornar o rei das ruas, o velho esquema dos jogos de racha. A parte interessante deste jogo aqui fica por conta do sistema de tunning, que lembra o clássico Need for Speed: Underground do Playstation 2, Xbox e Game Cube. Custo:Free (In-App Purchases)

Raul Parizotto empresário parizotto@me.com

Pocket Esse app na verdade é uma plataforma que te permite guardar, com facilidade, páginas para você ler depois. Por exemplo, quando você navegar por um site, é só abrir o menu de compartilhamento e selecionar: “Enviar ao Pocket”, nas extensões, que ele vai ser salvo. A vantagem é que o aplicativo faz o download completo das páginas salvas, então fica fácil pra você ler esse conteúdo posteriormente, mesmo quando offline. Ele ainda conta com vários recursos como tags e uma versão web. Custo: Free (In-App Purchases)

revistalealmoreira.com.br

Magic Touch Em Magic Touch, você é um mago contratado (!) para defender um castelo de exércitos invasores, que chegam voando em balões (!!!); para isso, use seus poderes desenhando na tela. Não é uma ideia muito bem explicada, ok, mas é um game bastante divertido. Você terá que desenhar os símbolos dos balões para derrubar todos os robôs. Conforme o tempo passa a coisa vai acelerando, tornando a jogabilidade mais frenética. Parece simples, mas costumam aparecer uns inimigos gigantes com símbolos muito elaborados. Custo: Free (com propaganda)

Spotify e Tuneln

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Sua biblioteca de música nunca mais vai ficar repetitiva ou chata. É que o Spotify é um serviço de streaming de músicas com mais de 30 milhões de faixas para você escolher. Ufa, dá para satisfazer todos os gostos, não é mesmo? O serviço é grátis. Já o TuneIn é um app de rádio online que te dá acesso a mais de 100 mil estações de rádio do mundo todo, acredita? Ah! A versão premium te permite gravar as estações, para ouvir depois. Custo: Free (In-App Purchases)

Pensou em senha, pensou em 1Password. Esse aplicativo é ideal para armazenamento de senhas, e esse pode ser acessado por várias plataformas – iOS, Android, ou na web. Se você ganhou um iPad Air, iPhone 6 ou 5S, ainda pode tirar proveito da praticidade do TouchID, já que muitos apps adicionaram suporte ao 1Password, quando é necessário colocar alguma senha. Custo: Free ( In-App Purchases)

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O primeiro rascunho a gente jamais esquece. A primeira assistência técnica também!

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Delicidade e Decanter. Difícil não apreciar! O lugar perfeito. A qualquer hora do dia.

Av. Gentil Bittencourt, 1393 Nazaré, Belém - Pa. Fone: (91) 98222.0500

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ENGENHARIA, INOVAÇÃO E COMPROMISSO COM CLIENTES Pensando na satisfação de nossos clientes, a engenharia da Leal Moreira está com várias novidades que trarão melhorias significativas. A primeira delas é que André e Maurício Moreira se integraram à Leal Moreira Engenharia e assumiram a liderança do setor. “O nosso principal objetivo é transformar a engenharia que é feita hoje em Belém para uma engenharia de ponta nacionalmente. Estamos montando uma equipe robusta e competente e a ideia é ter qualidade não apenas no produto final, mas sim em cada etapa do processo das construções de nossos empreendimentos. Com isso, todos ganham: os clientes, a Leal Moreira e os colaboradores”, destaca André Moreira. As mudanças já estão acontecendo e uma delas foi a criação da Gerência de Operações, comandada pelo engenheiro Sérgio Lisboa, que chegou recentemente na construtora e está com grandes expectativas. “A Leal Moreira é referência no estado pelos seus empreendimentos e pelo nome que tem. É muito gratificante estar trabalhando aqui e poder contribuir para a empresa”, disse Sérgio. O setor de Operações é responsável, em conjunto com as Gerências de Planejamento e de Obras, pelo atendimento da qualidade dos empreendimentos, buscando aumentar continuamente a produtividade e a redução de desperdícios. Para isso são realizados constantes estudos e investimentos em novas tecnologias e em processos diferenciados, o que ratifica a Leal Moreira como centro de inovação e excelência na qualidade de seus serviços. Também passou a fazer parte da equipe de Operações a engenheira Marcela Vendramini, com foco nos processos de produção, controle da qualidade dos empreendimentos e aplicação de métodos produtivos. Ainda no primeiro semestre deste ano, o setor Compras e Contratações de Serviços será reforçado com a criação da Coordenaria Específica, ligada a Operações. Os investimentos já estão sendo traduzidos em ótimos resultados: recentemente foram adquiridos modernos equipamentos para aplicação de revestimentos de argamassa, pintura e revestimentos cerâmicos. Além disso, estão em fase de estudos novas metodologias de revestimentos internos para agregar velocidade e mais qualidade aos acabamentos das unidades. Essas melhorias vêm acompanhadas de programas de treinamento para maior qualificação da mão de obra da empresa, objetivando criar equipes polivalentes que atuem em segmentos variados. As novidades, somadas à talentosa equipe que a construtora tem como base há anos - formada pelos gerentes Felipe Moreira (Planejamento e Orçamento) e Denilson Rebouças e João Miranda (Obras) -, traduzem a atual fase da Leal Moreira e o perfil que a construtora seguirá nos próximos anos. Em 2015, já teremos a entrega de diversos empreendimentos, que resultará em mais de 1.300 unidades concluídas, e novos lançamentos com padrão Leal Moreira.

CENTRAL A fachada da Central de Vendas e Relacionamento com Clientes da Leal Moreira está sendo reformada pelo escritório Perlla et Jr. Com visual moderno e sofisticado, a proposta é receber os clientes da melhor maneira possível, sempre aliando conforto e praticidade. E as novidades não param por aí: o espaço terá também a Central de Decorados, que abrigará apartamentos dos próximos lançamentos. Assim, a Leal Moreira reunirá em um único local a imobiliária, o pós-venda e os decorados, o que proporcionará atendimentos completos e eficientes. Tudo isso em ótima localização: Avenida Nazaré, 759 (Largo do Redondo). Informações: 4005-6868

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DE SERVENTE A MESTRE DE OBRAS O dia 20 de março foi inesquecível para Silvio Lopes, colaborador mais antigo da Leal Moreira: ele foi promovido a mestre de obras. Contratado pela construtora na década de 80 como servente, agora ele atingiu um dos cargos mais altos da área de construção da empresa. “Eu fico orgulhoso em ver meus companheiros hoje em dia me respeitarem. É uma coisa muito boa. Se eu saio de uma obra e vou em outra todo mundo me aceita e tem gente que diz que sou um vencedor por tudo que já fiz na construtora”, recorda. Silvio começou na Leal Moreira a convite de um amigo e, com foco e determinação, não parou de crescer. De servente passou para meia-oficial e, após cinco anos, para carpinteiro. “Aí teve um curso na Leal Moreira com o SINDUSCON - Sindicato da Indústria da Construção Civil e fui me aprimorar. Me interessei e passei para encarregado de obras. Eu falo para os meus companheiros de trabalho que, se hoje estou aqui, foi por ter um objetivo. A empresa dá oportunidade de crescer”, disse. Após um tempo como encarregado, deu mais um passo e fez o curso para mestre de obras. “Não era fácil estudar, porque as aulas começavam às 19h e era em Icoaraci, sendo que eu saía do trabalho às 18h30. Foi uma batalha. Chegava cansado no curso, mas nunca desisti. E eu acordo todos os dias às 5h da manhã para me arrumar para trabalhar”, lembra. Passou um ano e seis meses se qualificando e a Leal Moreira o incentivou viabilizando seus estudos. “Eu tinha um objetivo e a empresa me apoiou. Hoje, como mestre de obras, quero aprender ainda mais porque a cada dia que passa a tecnologia avança e temos que nos atualizar”, disse. Carlos Moreira, presidente da Leal Moreira, fala da satisfação em ver o reconhecimento de um colaborador exemplar e competente. “É gratificante não apenas por ele, como pelos filhos dele que também trabalham na Leal Moreira, seguindo o exemplo do pai”, afirma. Silvio é tão reconhecido que em 2011 ganhou uma homenagem na Casa Cor Pará. No espaço da Leal Moreira foi construído o “Boteco do Silvio”, local de encontro e diversão para os visitantes da mostra. “É por isso que eu digo: não desista do seu objetivo, persista. Não foi preciso pisar em ninguém para crescer. Só estudando, trabalhando e sendo honesto. A primeira coisa que o meu pai me ensinou foi isso: ser honesto. Estou satisfeito com tudo o que já fiz pela empresa e por tudo que a empresa fez por mim”, conclui.

NO BLOCO DA PREVENÇÃO A Leal Moreira realizou no período de 9 a 13/02 uma campanha educativa para seus colaboradores. Com temas como “segurança no trânsito”, “prevenção de doenças sexualmente transmissíveis” e “uso de drogas”, além de incentivo à doação de sangue, a ação movimentou as obras. O servente Mauricélio dos Santos participou e aprovou a campanha. “Achei importante devido a questão da prevenção. Nós vemos muitos jovens no Carnaval se perdendo por causa das drogas e da falta de uso de preservativos”, disse. O encarregado de obras Francisco da Silva também foi conferir a ação. “Foi bacana e é importante para que as pessoas se conscientizem e evitem doenças”, destaca. A ministrante das palestras foi Luciana Rodrigues, técnica de enfermagem da Leal Moreira, e ela considera indispensável iniciativas como esta em períodos como o Carnaval. “Nós mostramos a consciência que eles devem ter durante o feriado e para a vida deles. Foi abordado um pouco de cada tema para que, quando eles fossem para o Carnaval, tivessem essa consciência”, conclui Luciana.

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DIA DA MULHER NA LEAL MOREIRA Em comemoração ao Dia da Mulher, a Leal Moreira preparou uma atração especial para suas colaboradoras: de 2 a 6 de março, cada uma ganhou um ensaio fotográfico, com direito à produção e maquiagem. Além disso, em ação da Revista Leal Moreira, funcionárias e parceiras da construtora foram homenageadas com coroas de Mulher Maravilha e a ação fez sucesso nas redes sociais com as hashtags #RLMMaravilha e #MulherMaravilhaLM.

COLABORADORES EM PRIMEIRO LUGAR A área de Segurança do Trabalho da Leal Moreira passou a ser coordenada pelo setor de Gestão de Pessoas, que ampliará a programação de campanhas educativas internas e reforçará a importância de investir na saúde dos colaboradores.

#SOULEALCOMBELEM Belém é cenário de fotos fantásticas e a Leal Moreira está compartilhando nas redes sociais postagens de pessoas que utilizam a hashtag #SouLealComBelem. Participe! Confira algumas publicações:

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Institucio

Check List das obras Leal Moreira projeto

lançamento

fundação

estrutura

alvenaria

revestimento

fachada

acabamento

Torre Santoro 2 ou 3 suítes • 123m2 • Av. Governador José Malcher, 2649 (entre Av. José Bonifácio e Tv. Castelo Branco) Torres Devant 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 68m2 e 92m2 • Travessa Pirajá, 520 (entre Av. Marquês de Herval e Av. Visconde de Inhaúma) Torre Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de janeiro e Av. Alcindo Cacela). .

Torre Parnaso 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 79m² • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis). Torres Dumont 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 64m² e 86m² • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Av. Marquês de Herval). Torre Vitta Office Salas comerciais (32m2 a 42m²) • 5 lojas (61m2 a 254m²) • Av. Rômulo Maiorana, 2115 (entre Travessa do Chaco e Travessa Humaitá). Torre Vitta Home 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 78m2 • Travessa Humaitá, 2115 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torre Triunfo 3 e 4 suítes (170m²) • cobertura 4 suítes (335m²) • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torres Floratta 3 e 4 dorm. (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura). Torres Trivento 2 e 3 dorm. (1 suíte)• 65m² e 79m² • Av. Senador Lemos, 3253. (entre Travessa Lomas Valentinas e Av. Dr. Freitas). Torres Ekoara 3 suítes (138m²) • cobertura 3 suítes (267m2 ou 273m²) • Tv. Enéas Pinheiro, 2328 (entre Av. Almirante Barroso e Av. João Paulo II). mês de referência: março de 2015

Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

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em andamento

concluído


Check List das obras ELO projeto

lançamento

fundação

estrutura

alvenaria

revestimento

fachada

acabamento

Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: março de 2015

Portaria

Área de lazer do Terra Fiori

Suíte do casal

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Fachadas

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Piscina

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Suíte

Fundação

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Soluções

adequadas a

tempos

difíceis

Nara D’Oliveira Consultora empresarial

Não é só em momentos de bonança que as em-

não acontecem somente com uma consultoria e

presas devem investir em pessoas e em seus pro-

em sala de aula. Reuniões organizadas para dis-

cessos de gestão. Em momentos recessivos, na

cussão e encaminhamento de problemas, estudo

maioria dos casos, as empresas precisam muito

em grupo, visitas técnicas, grupos de leitura são

de suas equipes para emfrentar e superar as di-

fortes instrumentos de conquista de conhecimen-

ficuldades. É momento então de pensar de forma

to que resultam em habilidades e atitudes. Assim,

diferente e adequar o investimento de pessoas e

não pare seu programa de educação, customize-o

gestão da realidade vivida.

para os tempos atuais.

Uma forma de otimização da força de trabalho

É importante que à medida que os resultados

é organizar a estrutura em matrizes: integra, dá

forem acontecendo a empresa vá restituindo o

dinamismo, a comunicação circula de forma mui-

ambiente anterior, por óbvio que com as melho-

to mais rapida, reduz níveis hierárquicos e, desta

rias conquistadas. Ninguém vive de pão e água o

forma, reduz custo, motiva. Por certo que pesso-

tempo todo.

as para viverem em matriz precisam de um perfil

Fazer cortes profundos, se for o caso, convida a

mais plugado e capacidade de autogestão, e este

empresa a fazer um trabalho de fundo importante.

é um desafio pois montar equipes com estas ca-

Este trabalho depende, sobretudo, do corpo ge-

racteristicas não é facil em nossa região.

rencial, sempre o pêndulo das organizações. Es-

Em momentos delicados o ideal é ter uma pos-

tar muito próximo das pessoas, ouvir de verdade,

tura franca e transparente com as equipes, obje-

dar retorno ao que ouviu, trabalhar com as pes-

tivando e desejando fortemente que as mesmas,

soas (velho trabalho em equipe), dividir o mesmo

pela compreensão dos desafios a serem supera-

restaurante, mesmo espaço de lazer, ser empático

dos, também possam entender cortes, readequa-

com a dificuldade alheia.

ções, descontinuações etc. Faça reuniões cons-

Muito importante: mostre otimismo, crença no

tantemente, mantenha as pessoas informadas das

plano concebido, energia, determinação. Colabo-

evoluções conquistadas a partir das medidas to-

radores se espelham em seus líderes, não no que

madas, divulgue resultados.

eles dizem, mas no que eles mostram com atitu-

Como sempre digo: educação e treinamento

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des no dia a dia.


NORTE

CION. Um espaço de humanização e conforto.

Esses 14 anos juntos na Cia. Athletica foram o máximo! Os próximos anos não serão diferentes, sempre com a sua companhia.

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RLM nº 49 GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

ano 11 número 49

Gregório Duvivier

Riso e seriedade convivem harmoniosamente na mente inquieta de um dos artistas mais completos de sua geração

Leal Moreira

Carlos Bertolazzi sob pressão Wilson Simonal revive Banda do Mar Renata Sorrah Punta Del Este

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