Revista Leal Moreira nº 50

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número

GENTE DESIGN ESTILO IDEIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA

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ano 12

R$ 15,00

Vladimir Brichta

Ele é muitos homens num só. Nesta edição especial, o ator fala sobre a nova fase da carreira, amor e família.

A vida começa aos 50! Gang do Eletro Roberta Sudbrack Picasso Cape Town


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Planejamento, Incorporação e Construção: Artes meramente ilustrativas que poderão ser alteradas sem prévio aviso, conforme exigências legais e de aprovação. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas e perspectivas ilustrativas com sugestões de decoração. Medidas internas de face a face das paredes. Os móveis, assim como alguns materiais de acabamento representados nas plantas, não fazem parte do contrato. Memorial de incorporação registrado no Cartório de imóveis 2º oficio – Comarca Belém – R.2/24441LM, em 28/10/14. Protocolo 231.538.






A Revista Leal Moreira 50 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.

índice

50

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número

ano 12

capa

R$ 15,00

capa Vladimir Brichta Foto: Daryan Dornelles

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GANG DO ELETRO Disco novo e vontade maior ainda de fazer o povo tremer!

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PEDRO GALVÃO O publicitário fala sobre a destruição da cidade e relembra com saudosismo os tempos que não voltam mais.

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destino

A vida começa aos 50! Gang do Eletro Roberta Sudbrack Picasso Cape Town

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VLADIMIR BRICHTA O mineiro que se considera baiano, fala sobre o começo da carreira, em Salvador, novos rumos e família.

CAPE TOWN Um paraíso africano. Depois de conhecê-la, a gente aposta que você vai querer ter uma casa lá!

Belém| 400 anos

Ele é muitos homens num só. Nesta edição especial, o ator fala sobre a nova fase da carreira, amor e família.

perfil

Vladimir Brichta

especial Roberto Camelier - um dos grandes precursores da comunicação de massa na Amazônia.

A vida começa aos 50! Conheça histórias de quem chegou aos cinquenta anos e promoveu uma verdadeira mudança de vida.

gourmet A chef Roberta Sudbrack apresenta sua “coleção” de ingredientes e conta as delícias em trabalhar com uma cozinha criativa.

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dicas perfil Bilac Ricardo Gluck Paul Anderson Araújo confraria Celso Eluan decor tech galeria Ângela Sicilia vinhos HV institucional Nara Oliveira

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editorial

Amigos, Chegamos a cinquenta edições! Há algum tempo, pelo menos duas décadas atrás, chegar aos cinquenta era sinônimo de meia-idade. Mudaram conceitos e os efeitos do tempo passaram a ser atenuados: hoje os 50 são os novos 40! Os cinquentões (e a Revista Leal Moreira orgulhosamente se enquadra nesta faixa) têm vitalidade de sobra, vontade de alçar novos voos tanto profissional quanto emocionalmente. Ah, sem mencionar que aos 50 temos mais sabedoria e o olhar de novidade. Há inúmeras razões para celebrar e nós entramos no clima, afinal a vida só está começando quando chegamos aos 50! Nesta edição conversamos com o versátil Vladimir Brichta e tivemos o privilégio de conhecer um pouco de sua intimidade. Descobrimos um homem devotado à família e pela profissão. Outra apaixonada pela profissão é a chef Roberta Sudbrack, que ganhou notoriedade pela ousadia e por utilizar em sua cozinha ingredientes comumente desprezados. Também conversamos com a Gang do Eletro, Pedro Galvão e fomos até Cape Town, no continente africano. Ah, também percorremos arquivos, bibliotecas em busca de histórias do rádio paraense e de um dos precursores da comunicação de massa na Amazônia: Roberto Camelier. E há tanto mais. Nas páginas a seguir e na vida. Aproveitemos! Boa leitura.

André Moreira

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Tiragem da edição 50 da Revista Leal Moreira auditada por

Revista Leal Moreira

Criação, coordenação e realização Publicarte Editora Diretor editorial André Leal Moreira Diretor de criação e projeto gráfico André Loreto Editora-Chefe Lorena Filgueiras Produção Lorena Filgueiras Fotografia Dudu Maroja Reportagem Ana Carolina Valente, Bianca Borges, Bruna Valle, Camila Barbalho, Carolina Menezes, Caroline Valério, Flávia Ribeiro, Lorena Filgueiras e Lucas Ohana Colunistas Anderson Araújo, Ângela Sicilia, Celso Eluan, Nara Oliveira, Raul Parizotto e Ricardo Gluck Paul. Assessoria de imprensa Lucas Ohana Conteúdo multimídia Max Andreone Versão Digital Guto Cavalleiro Estagiário Matheus Paes Revisão José Rangel, Marília Moraes e André Melo Gráfica Halley Tiragem 12 mil exemplares

João Balbi, 167. Belém - Pará f: 91 4005.6800 • www.lealmoreira.com.br

Fundador / Presidente Carlos Moreira Conselho de Administração Maurício Leal Moreira [Presidente] André Leal Moreira João Carlos Leal Moreira Luis Augusto Lobão Mendes Rubens Gaspar Serra Diretoria Executiva Diretor Executivo / CEO Drauz Reis Filho Diretor Administrativo e Financeiro Thomaz Ávila Neto Diretor Comercial e de Relacionamento José Ângelo Miranda Gerências Gerente Financeiro Walda Souza Gerente de Controladoria Ana Vitória de Oliveira

Atendimento aos Clientes: Avenida Nazaré, 759 (Largo do Redondo) • segunda a quinta-feira: 9h às 12h e das 14h às 18h. • sexta: 9h às 12h e das 14h às 17h30.

Atendimento telefônico: ++55 91 4005 6868 • segunda a quinta-feira: 9h às 18h. • sexta: 9h às 17h30.

Escreva para:

Gerente de Planejamento e Captação de Recursos Carlos Eduardo Costa

atendimento@lealmoreira.com.br Rua João Balbi, 167 • Nazaré Belém/PA - Brasil CEP: 66055-280

Gerente do Departamento Pessoal Mônica Silva

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Gerente de Relacionamento com Clientes Alethea Assis Gerente de Marketing Mateus Simões Gerente de Incorporação Patrick Viana

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Comercial Gerente comercial Danielle Levy • (91) 98128.6837 daniellelevy@revistalealmoreira.com.br Consultor comercial Ana Carolina Valente • (91) 98304.3019 anacarolina@revistalealmoreira.com.br Lídia Menezes • (91) 98802.3857 lídia@revistalealmoreira.com.br Back office Giovana Teixeira • (91) 4005.6874 giovana@revistalealmoreira.com.br Distribuição distribuicao@revistalealmoreira.com.br Financeiro (91) 4005.6888 Fale conosco: (91) 4005.6874 revista@door.net.br revista@revistalealmoreira.com.br www.revistalealmoreira.com.br facebook.com/revistalealmoreira Revista Leal Moreira é uma publicação bimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.


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Belém

Brigaderie A Brigaderie mudou de endereço e ganhou uma visão privilegiada da praça Batista Campos. A casa, que é uma verdadeira perdição para os chocolovers, apresenta em seu cardápio o imperdível Capuccino de Ovomaltine. Os “clássicos” da casa ainda são os campeões de crítica e público, como o brigadeiro de churros e cupcake de twix.

Avenida Serzedelo Corrêa, 715 - em frente à Praça Batista Campos.• 91 3223.5729 •. Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 8h às 20:30h.• brigaderiefinos@gmail.com www.revistalealmoreira.com.br

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Café Leal Moreira

O Café Leal Moreira é um local aconchegante e ideal para degustar comidinhas deliciosas. Com localização privilegiada na Central de Vendas e de Relacionamento com Clientes da Leal Moreira, o novo espaço gourmet da cidade tem opções para todos os gostos: folhado de carne assada com cebola caramelizada, lasanha de tacacá, mini crumble de maçã, verrine de tartelete de chocolate com chantilly e muito mais. Ah, não esqueça de pedir um café para acompanhar. O cardápio é assinado pela 2 + 1 Produções Gastronômicas. Avenida Nazaré, (Largo do Redondo) 759 • 91 4005.6868


Brasil

A Figueira Rubaiyat Uma das melhores carnes da América do Sul você encontra no A Figueira Rubaiyat em São Paulo. O estilo rústico que faz parte de seu conceito “da fazenda ao prato” o transforma em um local acolhedor e discreto, com a atmosfera perfeita para degustar um harmonioso casamento da tradicional culinária brasileira e espanhola no mesmo prato. Com filiais nacionais e internacionais, traz a estrela de seu cardápio, a carne, da fazenda de seus proprietários que garantem frescor e suculência sem igual, acentuados com métodos e utensílios ancestrais e tradicionalíssimos na preparação do menu. Lá é possível experimentar do clássico Baby Beef ao contemporâneo Baby Gold e o saboroso Kobe Beef – que vem do gado da raça japonesa Wagyu – nas mais apetitosas composições culinárias. Se carne é seu “manjar dos deuses” A Figueira Rubaiyat é o seu lugar. Aberto de segunda a quinta-feira das 12:00-15:30 e 19:00-00:00; Sexta-feira de 12:00-15:30, 19:00-01:00; Sábado de 12:00-01:00 e Domingo de 12:00-00:00.

Rua Haddock Lobo, 1738. São Paulo •+55 11 3063.3888 • www.rubaiyat.com.br • figueira@rubaiyat.com.br

Eataly Com a promessa de levar comida e bebida Italiana de verdade para todos os paladares é que o conceito Eataly criado em 2004 deu origem a sua primeira loja em Turim, na Itália, três anos depois. Com sucesso absoluto na bagagem, a Eataly chega a São Paulo com a missão maravilhosa de proporcionar um verdadeiro encontro com a cultura italiana em um espaço de 4.500 m² de mercado. Lá você vai poder contar com mais de 7.000 produtos italianos e produções tradicionais locais, além de 19 espaços para uma experiência ítalo-gastronômica de qualidade. Mais ainda, vai oferecer workshops e eventos culturais sobre sua filosofia gastronômica de que “a vida é muito curta para não comer e beber bem”. Não dá para dizer o contrário, não é mesmo? Mercado: todos os dias das 8h às 23h Restaurantes: segunda à sexta das 11h30 às 15h / 18h30 às 23h Sábado e domingo das 12h às 16h e das 19h às 23h

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Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1489. São Paulo • sac@eataly.com.br • 11 3279.3300

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mundo

Les Deux Magots–Paris

Um dos principais refúgios dos filósofos, artistas e intelectuais da Paris dos anos 20 até os tempos atuais, o Les Deux Magots se tornou o melhor lugar para ler o jornal do dia ou tomar um belo café inspirador. Melhor ainda, é possível se deleitar com seu cardápio apetitoso que traz o melhor do estilo francês em, por exemplo, um filé grelhado de Turbot – peixe de sabor delicado e carne branca – ou um fígado de vitela assado. Uma joia cultural parisiense para quem deseja ter uma experiência única e transcendental, até mesmo poética da vida cotidiana francesa. Aberto diariamente das 7:30-2:00

6, place Saint-Germain-des-Prés, 75006. Paris • www.lesdeuxmagots.com • +33145485525

Tribu Woki – Barcelona Mais que um restaurante, a Tribu Woki administra vários lugares com o que intitula “estilo de vida em busca de nossas origens, uma volta às raízes com uma pegada moderna e contemporânea”. Se você quer produtos ecologicamente corretos, superfrescos e de produção local basta dar uma passada em um dos empreendimentos com a assinatura Tribu Woki. Um deles é o Barraca Barceloneta, onde é possível provar a Paella de frutos do mar e peixes da própria região enquanto admira o visual paradisíaco da praia de Sant Sebastian. Lá a simplicidade é elevada a um nível superior no ambiente, paladar e consciência ecológica para uma gastronomia mais saudável e preocupada com o meio ambiente. Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira das 13:00-00:00; sábado e domingo das 13:00-01:00. www.tribuwoki.com Passeig Marítim de la Barceloneta, 1. 08003, Barcelona • www.barraca-barcelona.com • +34932241253

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Camila Barbalho

Jorge Bispo

Na batida

da

Gang

Após lançarem o segundo disco, a Gang do Eletro investe em novas sonoridades sem perder a conexão com o que faz tremer

E

les são jovens habitantes das periferias de um grande centro urbano. Eles não são, a princípio, músicos técnicos. Nem um pouco. Mas decidem se reunir e fazer seu próprio som - seja por rebeldia, seja por não se interessarem por outra coisa; mas, sem dúvida, porque podem. O resultado dessa falta de rigor é uma música rápida, direta, explosiva. A sonoridade - que não é totalmente inédita e já dava sinais de se delinear aqui e ali - ganha outra cara quando alinhada a um visual diferente, debochado e esteticamente forte. Não tarda a virar uma febre a despretensiosa banda, erguida sem grandes ambições intelectuais. Naturalmente, há, em resposta, uma grande resistência dos arautos da “boa arte”, seja lá o que isso signifique. Não importa: como um trator, o grupo passa por cima das críticas - e, mesmo sem saber, faz história. Estamos falando de Londres, em meados da década de 70. Estamos falando de Sex Pistols, os ícones do punk rock britânico. Mas bem que poderia ser sobre a Belém do Pará dos anos 2010. Poderia ser sobre a Gang do Eletro. A um só tempo, a Gang tem muito e não tem coisa nenhuma de punk. É punk porque rejeita a fórmula tradicional de se fazer música - afinal, não há nada tão do-it-yourself quanto um com-

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putador no quarto de casa, uma série de batidas frenéticas e palavras de comando. É punk porque subverte o entendimento do que é arte, moda, comportamento adequado. É punk porque impõe a existência de uma cultura marginalizada em cenários que gostariam de fingir que ela não existe. E, sem dúvida, é punk pela simplicidade - nas letras, na sonoridade, na relação com o público. Mas também não é punk nada. Não é punk porque não precisa da pecha dounderground para se justificar como movimento. Ao contrário: a Gang do Eletro é popular porque gosta de sê-lo; e gosta de sê-lo porque o é. Embora tenha algo de espírito contestador, ele é consequência e não objetivo. Porque a vontade da banda é conquistar, ganhar terreno, ser grande. O instinto é agregador, não combativo. A Gang quer periferia e centro, margem e elite, aparelhagem e festa indie, Belém, Londres, o mundo inteiro. Todos de braço pra cima, só no charminho, treme-que-tremendo até cansar. E indiscutivelmente vem conseguindo. Depois do homônimo primeiro disco, lançado em 2013, muita coisa aconteceu na vida do quarteto: rodaram o Brasil, tocaram nos Estados Unidos e na Europa, conheceram e foram conhecidos por muita gente, levaram prêmio de show do ano pelo Canal Multishow (ao lado »»»


de ninguém menos que Caetano Veloso)… A globalização do eletromelody deslocou a banda da categoria “tecnobrega” para uma maior e mais universal: música eletrônica feita no norte do Brasil. Na hora certa, vem o segundo álbum - “Todo Mundo Tá Tremendo”, recém-lançado pela DeckDiscos, é promessa que já nasce sendo cumprida. A formação também favorece, e muito, o sucesso. Waldo Squash é a mente brilhante e visionária por trás das batidas. William Love é o polo entusiasta, extremamente carismático. Marcos Maderito, o hitmaker popular de personalidade marcante. Keila Gentil tem porte de musa e voz forte; sobe no palco e vira dona dele no mesmo instante. Juntos, são quatro rodas do trator sem freio que - tal qual os punks ingleses setentistas - atropela as regras e abre seu próprio caminho. Eles bateram um papo exclusivo com a Revista Leal Moreira, onde falaram do início, das transformações nesse curto espaço de tempo e da música que fazem. Confira: Como foi o caminho até vocês se juntarem na Gang do Eletro? Will Love: Eu comecei no tecnobrega como DJ, tocando nas festas dos amigos. Com 19 anos, eu comecei a me interessar pelas bandas, até que montei a minha primeira, em

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Abaetetuba. Conheci a Keila em Barcarena e convidei ela pra trabalhar comigo. Daí viemos pra Belém, pra adquirir conhecimento, fazer contatos. Conhecemos muita gente, passamos por vários projetos. O Waldo e o Maderito já trabalhavam juntos, e então chamaram a gente pra fazer umas gravações com eles. Estamos juntos os quatro até hoje. Waldo Squash: Antes da Gang, eu trabalhei em rádio e como mecânico industrial. Foi nessa época que comecei a trabalhar com o Maderito, Fiz uma faixa pro Superpop e o Maderito colocou voz. Mostrei pro DJ de lá, mas não esperava que ele fosse tocar. A música virou febre. Aí no dia que eu entreguei o lugar no antigo emprego, o Maderito me ligou e convidou pra gente trabalhar junto. Fomos recebendo convite pra fazer música pra equipes de aparelhagem. Quando sentimos necessidade de um vocal feminino - na época, era minha irmã - também precisamos bolar um nome pro grupo. Aí fomos a uma festa de tecnobrega e encontramos vários músicos do gênero. Eles disseram que a gente ia ser intimado porque fazia música pra gangue, e isso ia ser proibido. Isso nunca aconteceu (risos). Mas o Maderito ficou com essa ideia: “já que a gente faz música pra gangue, nós vamos ser a Gang do Eletro”. Mais tarde, saiu minha irmã. A Keila já fazia uns trabalhos pra

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nós, então convidamos ela e o Will, que trabalhavam juntos, pra tocar com a gente. A Gang saiu do gueto e estourou no país inteiro. O que mudou de lá pra cá? Will Love: Mudou o conhecimento, fizemos novas conexões… A gente começou a participar de alguns festivais daqui, como o Se Rasgum e o Terruá. A galera ficava bastante surpresa, interessada pelo som que a gente fazia. “Existe música eletrônica no norte do Brasil, que coisa louca” (risos). Mudou muito. Hoje a gente já faz um disco pensando não só aqui, mas no mundo. Waldo Squash: A gente começou a aparecer na época do Se Rasgum, onde estouraram pequenas matérias sobre a gente aqui e ali. Lá, nós tocamos no mesmo palco de um monte de gente importante. Depois, firmamos parceria com o Marcel Arêde, da AmpliCriativa, e ele nos ajudou muito a estar em outros espaços. A Priscilla Brasil também nos ajudou muito. A gente não tinha conhecimento desse mercado musical, que é muito diferente do cenário do tecnobrega. Hoje, estamos assinados com a Deck Discos, e trabalhando bastante. Marcos Maderito: Mudou muito o trabalho do Waldo também. Antes nós gravávamos na casa da mãe dele. Era uma caixinha de »»»


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som, um computador e um microfone. Agora ele tem toda uma tecnologia, estuda novos efeitos, novas batidas… Hoje ele é uma referência. O que torna a Gang uma banda diferente? Waldo Squash: A gente sempre inovou nas batidas. Eu sempre experimentei muito: “bora mudar esse bumbo, essa caixa; bora colocar um efeito nesse pratinho (simula o som com a boca)”. A gente experimentava até na masterização. Tudo acabou gerando um diferencial. Keila Gentil: Esse rompimento de padrão, né? Sempre. A gente sempre busca o diferente, Seja musicalmente, seja visual, a nossa postura no palco… Tudo. Até o formato, em relação às outras bandas de brega. Nós somos três vocalistas e um DJ, não tem dançarino; é todo mundo na frente. As expressões e gírias que vocês colocam nas faixas viram bordões rapidamente. Maderito, você que é o maior propagador delas, de onde elas vêm? Marcos Maderito: Tudo que rola de gíria nova nas ruas eu procuro levar pra dentro do universo da Gang do Eletro. São as coisas que se fala na periferia, no dia a dia das equipes de aparelhagem. Eu reúno essas coisas e trago pra gente.

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Waldo, como rolou a parceria com o Pet Shop Boys? Waldo Squash: Já tinha gente de fora, conhecidos e tal, de olho no que tava acontecendo aqui. E de alguma forma, o primeiro disco da Gang chegou neles. O convite veio por e-mail, um amigo de amigo de amigo me indicou e eles me chamaram pra remixar uma música deles. Me convidaram porque queriam um som diferente, novo. Eu fiquei muito surpreso. Foi uma responsa, deu até frio na barriga (risos). Keila, como tem sido sua incursão pelas artes cênicas? Você participou do curta A Encantada do Brega, agora está atuando em um longa… Keila Gentil: Foi uma surpresa na minha vida. Recebi o convite, fiz o teste e passei. Tô adorando. Acabou que tô participando de um projeto grande, maravilhoso. E eu não sou atriz, nunca estudei. Tô estudando agora. Mas quem tem arte no coração sempre consegue se virar. A gente dança conforme a música. Ou conforme o texto (risos). Vocês foram bem recebidos no exterior? Will Love: Fomos sim. Tocamos em um festival bem grande nos EUA. Na França, saímos do palco quase chorando de tão incrível que foi o show.

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Na Alemanha também foi bem especial. Enfim, a gente tem sido tratado com muito carinho por onde passa. Waldo Squash: Os meninos são bem interativos no palco, as música também pedem isso. A galera acaba endossando todos os comandos deles. Lá na França, a gente via a galera tentando dançar como nós. É ótimo. Marcos Maderito: É, a França é um lugar onde a gente nunca imaginava nem pisar… Quanto mais lotar show e colocar todo mundo pra tremer. Até hoje a galera tem esse gostinho de querer ver a gente tocar de novo lá. Keila Gentil: No primeiro show, que foi nos Estados Unidos, a gente ficou bem nervoso. Mas a galera curtiu muito, e nós acabamos nos sentindo mais em casa do que em muitos lugares no Brasil. É porque rola aquele minuto de estranhamento até todo mundo se envolver; e lá não teve isso. Eles estão acostumados com coisas ousadas. Vocês imaginavam sair da periferia de Belém e conhecer o mundo fazendo tecnobrega? Marcos Maderito: Não, nunca imaginei na minha vida. Nunca imaginei pisar no estádio do Vasco, conhecer o Rio, Brasília, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza… Nunca imaginei que ia pisar na Dina-


marca! A gente espera que esse segundo disco leve a gente a muitos outros lugares. Will Love: A gente não imaginava nem tocar no Theatro da Paz. A gente rompeu muitas barreiras com esse ritmo. Keila Gentil: A gente não imaginava nem gravar CD! Como vocês conceberam esse visual? Will Love: Esse visual foi sugerido pela estilista Sandra Machado. Foi no Terruá - nós não tínhamos um figurino ainda, e ela deu essa ideia. Vendo o eletromelody como uma coisa futurista e alegre, ela indicou pra gente essa mistura das pinturas indígenas com as cores de neon, essa fusão. E é isso que somos, né, indígenas eletrônicos. Esses figurinos já foram exibidos em mostra na Universidade Federal do Pará, já foi tema de TCC… Estamos sendo estudados (risos). Keila Gentil: A gente já curtia se vestir diferente. Teve um show, por exemplo, em que eu queria fazer uma performance e não tinha um figurino. A gente sabia que não tinha grana pra falar uma roupa de LED. Até que alguém deu a ideia da luz negra no palco e a gente pintado de neon. Quando fomos para o Terruá, a Sandra Machado ajudou muito a gente, trouxe coisas do acervo dela,

criou um visual ousado. Encomendamos pra ela uma identidade, e ela conseguiu colocar na roupa o que é o nosso som. O visual do disco novo tá mais urbano, mas próximo da rua. Pra mim é ótimo, porque vou assim pra todo lado mesmo… Como vocês enxergam a importância desse momento de vocês para a valorização da cultura de periferia? Keila Gentil: A gente fica com um pingo de esperança que tudo mude realmente. A gente trabalha com uma música muito marginalizada, então é bom ver que há caminhos que a gente pode percorrer com ela, quebrando preconceitos. Dizem que o segundo disco é aquele que dita o rumo da banda. Pra onde aponta o “Todo Mundo Tá Tremendo”? Keila Gentil: Não é um álbum tão batida, é mais povão, mais próximo de quem nós somos no cotidiano. É mais cantado, os sintetizadores não estão tão agressivos. Mas tem o treme, tem cúmbia, regravações… Só tem música paraense no disco. Will Love: No nosso primeiro disco tudo era muito eletrônico. Nesse disco agora, estamos mais melódicos. Tem algumas regravações de músicas que a gente curte, nosso visual também tá diferen-

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te, mais hip hop… É outra proposta. Estamos sempre buscando coisas novas. Waldo Squash: Pra mim, o nosso segundo disco foi um lance de reunir o que a gente acha importante no brega. Tem uma cúmbia também. Músicas novas e antigas reformuladas com a nossa cara. A ideia também foi pensar num disco que não servisse só pra balada, que desse pra ouvir no carro; tem a timbragem característica da música de massa… Enfim, quisemos juntar vários elementos pra usufruir de tudo que pudermos. Marcos Maderito: Colocar todo mundo no 220, todo mundo pra tremer. O nome já é doido (risos). É pra ninguém ficar parado mesmo.


Por Beth Gaby

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Um dos cenários em que se passa a trama é a luxuosa Confeitaria Colombo: espaços grandiosos refletidos em espelhos belgas, decorados com mobiliário em jacarandá e bancadas de mármore italiano www.revistalealmoreira.com.br

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Bianca Borges

Leo Aversa / Divulgação

O céu, as estrelas e o poeta Ambientada no Rio de Janeiro de antigamente, a comédia musical Bilac vê estrelas repassa as inovações do advento da modernidade em uma rocambolesca trama, que envolve Olavo Bilac, Santos Dumont e a perigosa construção de um dirigível.

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ostalgia em tom de chanchada. Quando se abrem as cortinas do musical “Bilac vê estrelas”, o espectador volta ao Rio Antigo, no auge da Belle Époque carioca, quando um mundo de novidades desfilava pela Rua do Ouvidor e “sassaricava” na porta da famosa Confeitaria Colombo. Na mesma cidade em que ocorriam eventos ainda com ares do passado, como a “Revolta da Vacina”, o futuro chegava veloz e com sotaque ligeiramente afrancesado. As belas construções em art nouveau testemunhavam o surgimento das inovações trazidas pela modernidade, como a luz elétrica, o cinema, o automóvel e, mais tarde, o avião. Com seus grandiosos espaços refletidos em espelhos belgas, decorados com mobiliário em jacarandá e bancadas de mármore italiano, a pomposa Confeitaria Colombo, até hoje considerada um dos maiores cartões-postais da capital fluminense, é um dos ambientes em que a trama se desenrola. Parte da fama do lugar centenário foi construída com a ajuda de importantes figuras do mundo das letras, entre as quais está Olavo Bilac, junto a outros poetas, jornalistas e boêmios. Tanto que, para homenageá-lo, seu nome foi eternizado no cardápio da casa, com o prato “Picadinho à Bilac”. Nesse Rio de Janeiro do início do século XX, época em que se passa o musical, Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, o “príncipe dos

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poetas”, é tratado como rei. É para vê-lo e principalmente ouvi-lo que moças e senhoras passam, diariamente, em frente à Confeitaria Colombo, na expectativa de flagrá-lo declamando algum verso de sua autoria, algo imortal como as famosas estrofes “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo/ Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto/ Que, para ouvi-las, muita vez desperto/ E abro as janelas, pálido de espanto.../ (...) E eu vos direi: ‘Amai para entendê-las! / Pois só quem ama pode ter ouvido/ Capaz de ouvir e de entender estrelas’”, de um de seus mais conhecidos poemas, “Ouvir estrelas”, ao qual fazem referência o título do musical e do livro que o inspirou. A história contada no espetáculo é simples e rocambolesca ao mesmo tempo. O poeta precisa socorrer o amigo José do Patrocínio, político conhecido como “Tigre da Abolição” por seu destacado papel na luta pelo fim da escravidão no Brasil. Na peça, ele tem sua vida ameaçada pela ganância da dupla composta pela espiã portuguesa Eduarda Bandeira e pelo padre Maximiliano, sacerdote menos dado a orações que às artes malignas e versos de qualidade duvidosa. Tudo por causa de um dirigível que está sendo construído por Patrocínio, com a ajuda de Santos Dumont, e que pode revolucionar os transportes – a aviação, até então, não havia sido descoberta. Autor do livro em que o musical se baseia, o »»»


Olavo Bilac habitou o Rio de Janeiro do início do século XX, que substituía a iluminação dos lampiões a gás pelas lâmpadas elétricas

jornalista Ruy Castro é um dos maiores entusiastas da peça e até colaborou em sua produção. “Mas sem interferir diretamente, porque acho que, na transposição de um texto para outro veículo, o autor não tem que ficar se metendo. São linguagens diferentes”, ressalta, no seu jeito muito direto e sincero de dizer as coisas. “No dia do primeiro ensaio do ‘Bilac’, fiz uma preleção para a equipe e o elenco, sobre o espírito da época em que se passava a história: o Rio de 1903, durante o ‘bota-abaixo’ do prefeito Pereira Passos. Dois meses depois, fiquei besta, ao ir à estreia e ver que estava tudo no palco. Desde então, já vi o espetáculo mais de 10 vezes e vou ver de novo, agora em São Paulo”, revela. As responsáveis por transpor o texto do romance para os palcos foram as escritoras Heloísa Seixas e Julia Romeu, em um trabalho que durou dois anos. “Não apenas lemos o livro como também mergulhamos na obra do Bilac, em seus poemas e crônicas; e estudamos muito o Rio do início do século XX. Essa época é muito charmosa e tem paralelos com o momento que estamos vivendo agora, de intensas mudanças na cidade”, pontua Heloísa, autora, entre outras obras, de “Lugar escuro”, que também deu origem a um espetáculo, adaptado por ela própria. As autoras não hesitaram em tomar liberdades dentro da narrativa, in-

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clusive inventando personagens que não constavam no livro, como os Irmãos Wright, que na peça encomendam o roubo do balão. Um Bilac inspirado no cinema mudo Apesar da admiração no meio intelectual e do assédio das damas da sociedade carioca, nem tudo era perfeito na rotina de Olavo Bilac. Seu indisfarçável estrabismo causava-lhe um enorme desconforto. Explorado com maestria pelo trabalho de expressão corporal do seu intérprete, o ator André Dias, esse detalhe serve de mote para alguns dos momentos mais divertidos do espetáculo, com o personagem de Bilac tentando disfarçadamente se posicionar sempre de perfil em relação aos seus interlocutores. O ator também lança mão de sutilezas da voz para nos apresentar a personalidade retraída do “príncipe dos poetas”, um homem que além de muito vesgo era franzino, mas que tinha o ego inflado de um artista consagrado pela excelência de seus versos parnasianos. Para compor o personagem, André buscou referências do cinema mudo, especialmente nos filmes do comediante americano Buster Keaton. “Criamos um espetáculo que prima pela simplicidade e direta comunicação com a plateia. Não temos a pretensão de recriar personagens históricos, e sim de contar uma

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história baseada em tais personagens”, explica o ator, que já é conhecido do público paraense. No ano passado, ele causou furor em Belém, graças a sua hilariante interpretação de Ezequiel Neves, empresário e produtor do personagem título de “Cazuza – O Musical”. O elenco de “Bilac vê estrelas” como um todo, aliás, é um dos pontos fortes do musical. Os trabalhos de Alice Borges, como Madame Labiche, e da dupla de vilões Eduarda Bandeira e Padre Maximiliano, representados por Tadeu Aguiar e Izabella Bicalho, são impagáveis. Na temporada em São Paulo, os dois vilões serão vividos pelos atores Amanda Acosta e Caike Luna. A direção de João Fonseca, também responsável por “Cazuza – O Musical”, foi determinante para alcançar esse resultado. A junção das cenas feita pelo diretor simplesmente eliminou um dos pontos mais criticados pelos que detestam musicais: aquele momento em que a narrativa é interrompida para que o personagem comece a cantar, sem muita explicação contextual. “É como se fosse um programa de auditório”, alfineta Ruy Castro, crítico desse tipo de artifício. Outro mérito de Fonseca, dividido com as autoras do texto, foi o de conseguir manter na peça o tom de comédia pastelão que caracteriza o livro. A trilha sonora composta especialmente


Saiba mais „Bilac vê estrelas‰ Até 26 de julho, no teatro Espaço Promon, localizado na Vila Olímpia, em São Paulo (SP). Ficha técnica resumida Texto: Heloisa Seixas e Julia Romeu Música e letras: Nei Lopes Direção: João Fonseca Direção musical: Luís Filipe de Lima Elenco: André Dias, Amanda Acosta, Caike Luna, Alice Borges Sergio Menezes, Reiner Tenente, Jefferson Almeida, Saulo Segreto e Gustavo Klein.

para o espetáculo é provavelmente o que mais diferencia “Bilac vê estrelas” de toda a safra recente de musicais brasileiros. As quinze músicas foram criadas pelo compositor e escritor Nei Lopes, que tomou o cuidado de integrá-las ao contexto da história. A variedade dos estilos das canções – há desde lundu, modinha, valsa, fado, maxixe, quadrilha francesa, ária e outros mais – reflete a riqueza musical da época e a maestria de Lopes, que entregou uma trilha que consegue ser, simultaneamente, sofisticada e popular. “É um desafio porque a plateia ainda não conhece as canções. Mas as músicas do Nei Lopes são tão geniais que, no meio de cada uma, é até possível notar que o público já está cantando junto”, elogia Ruy Castro. Destaque para “Canção cigana”, tema oriental entoado por Madame Labiche, com a participação entusiasmada dos espectadores. Herdeiros do rei Um dos trunfos para o elogiado resultado de “Bilac vê estrelas” é que parte da equipe esteve na adaptação musical de outro livro de Ruy Castro: “Era no tempo do rei”, montado em 2010, no Rio de Janeiro, e que, durante três meses, levou centenas de pessoas ao teatro João Caetano. Além de Ruy, Heloísa Seixas,

João Fonseca, Tadeu Aguiar e Izabella Bicalho são remanescentes da montagem. A trilha sonora, também original, foi composta por Carlos Lyra e Aldir Blanc. Dom João VI foi interpretado pelo cantor Léo Jaime.“Foi como um grande vinho aberto antes da hora. Tinha bela música original, grandes cenários e figurinos, mas, por incrível que pareça, em 2010, há apenas cinco anos, não se sabia direito o que era um musical nacional. (...) Mesmo assim, lotou o Teatro João Caetano, que é enorme, durante dois meses”, recorda Ruy Castro. Durante mais de quatro meses, “Bilac vê estrelas” lotou salas em teatros da Zona Sul à Zona Norte cariocas e agora segue para temporada em São Paulo. O sucesso do musical é motivo de satisfação para o autor do romance que deu origem à peça. E também de esperança: “Finalmente, espero, vamos entrar agora na fase dos musicais brasileiros, com uma história de verdade, músicas feitas especialmente para o espetáculo e os atores cantando e dançando uns para os outros porque a música faz parte da história, está integrada a ela”, pondera.

Para ler „Bilac vê estrelas‰ – Romance Autor: Ruy Castro Editora: Companhia das Letras (2000)

A vesguice de Olavo Bilac é explorada com maestria pelo seu intérprete, o ator André Dias, que revela uma personalidade retraída e vaidosa do “príncipe dos poetas”


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Foto Acervo pessoal de Maria Cristina Camelier Palange Sobreira

Lorena Filgueiras

Arquivo público / Biblioteca Nacional

Camelier, generalíssimo da

radiofonia

paraense

A História do Rádio no Pará confunde-se com as histórias pessoais de personagens apaixonados e devotados à então revolucionária ferramenta. Roberto Camelier foi um deles; um dos grandes desbravadores da comunicação de massa na Amazônia.

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ra um teste. Era 7 de setembro de 1922. As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo estavam em festa porque celebrava-se o primeiro centenário da Independência do Brasil. O governo brasileiro vivia um momento crítico [político e, principalmente, econômico], atribuído ao período pós-1ª Guerra [1914-1918]. Entretanto, o então chefe da nação, Epitácio Pessoa, não poupou esforços para comemorar a data como convinha. Tratava-se muito mais de mostrar ao mundo [e a Portugal, especialmente] que o Brasil não era mais uma colônia... e, por ocasião da data solene, Epitácio Pessoa transformou completamente a paisagem da então capital federal, o Rio de Janeiro, que abrigou a Exposição Universal do Rio de Janeiro, em alusão à data. Semanas antes, técnicos da Westinghouse Electric desembarcaram no Brasil trazendo enormes contêineres com equipamento “de ponta”, o “último grito” em radiodifusão. Empresários norte-americanos que trouxeram a tecnologia da radiodifusão para demonstração fizeram testes de transmissão e instalaram uma estação e uma antena no topo do morro do Corcovado. A hora do teste chegara. Se para nós, hoje, o acontecimento da época não “soe” tão impactante, uma vez que temos à

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nossa disposição iPads, iPods, iPhones, aos brasileiros da década de 20 do século passado, foi um misto de terror e espanto, quando a voz do presidente da nação fez-se ecoar em alto-falantes. No discurso à população presente no Aterro do Flamengo, Pessoa declamava as vantagens daquela recém-chegada tecnologia. O pronunciamento oficial do então chefe da nação foi seguido de “O Guarani” [opera do compositor Carlos Gomes, campinense de nascimento, mas que passou seus últimos de vida em Belém] não foi ouvido somente pelos que encontravam-se no local: algumas pessoas da sociedade carioca também puderam ouvir, em suas casas, o discurso, por meio de aparelhos receptores. O teste fora um sucesso e a data marcava também a primeira transmissão radiofônica do país. Dias depois, as famílias também puderam ouvir óperas transmitidas ao vivo, diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Há relatos de que a transmissão chegou a Niterói, Petrópolis e em São Paulo. Embora impactante, as transmissões foram interrompidas algum tempo depois – faltava um projeto mais consistente, que pudesse garantir continuidade a elas. Naquele mesmo dia, um entusiasmado apaixonado pela tecnologia, o médico e cientista Edgar Roquette Pinto [1884-1954], considerado o pai da radiodifusão no Brasil, ex- »»»


Aqui, antes de receber o Cristo Redentor, o Mirante Chapéu do Sol do Corcovado. A foto, de 1922, é um dos raros registros da antena que foi instalada para transmitir o discurso do presidente Epitácio Pessoa.

clamou efusivamente: “Eis uma máquina importante para educar nosso povo!”. Roquette Pinto então iniciou uma missão hercúlea: tentava convencer o Governo Brasileiro a adquirir os mesmos equipamentos apresentados no dia 07/09/22, mas foi em vão. A Academia Brasileira de Ciências, entretanto, cedeu aos seus apelos e comprou toda a aparelhagem. Nascia, então, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, dirigida pelo próprio Roquette-Pinto, juntamente com Henrique Morize [e que anos mais tarde tornar-se-ia a Rádio MEC]. A programação incluía óperas, concertos, recitais de poesia, saraus e palestras – ou seja, refletia bem o meio em que se difundia e estava bem longe de ser um meio popular. A rádio sobrevivia por meio de doações de ouvintes [em grande parte, da alta sociedade], mas a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro é reconhecidamente a primeira emissora de rádio brasileira. Financiada por doações de ouvintes, é reconhecida como a primeira emissora de rádio brasileira. Mas, em 1919, a pioneira emissão radiofônica teve lugar no Recife, por meio das ondas da Rádio

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Clube de Pernambuco - inaugurada em fevereiro de 1923. “A verdade é que durante as solenidades comemorativas de 1922, muito pouca gente se interessou pelas demonstrações então realizadas pelas companhias Westinghouse (Estação do Corcovado) e Western Eletric (Estação da Praia Vermelha). Creio que a causa principal desse desinteresse foram os alto-falantes instalados nas torres do Serviço de Meteorologia (Pavilhão dos Estados). Eram discursos e músicas reproduzidos no meio de um barulho infernal, tudo roufenho, distorcido, arranhando os ouvidos. Era uma curiosidade sem maiores conseqüências. No começo de 1923, desmontava-se a estação do Corcovado e a da Praia Vermelha ia seguir o mesmo destino se a Governo não a comprasse. O Brasil ficaria sem rádio. Eu vivia angustiado porque já tinha a convicção profunda do valor informativo e cultural do sistema, desde que ouvira as transmissões que foram dirigidas na época pelos engenheiros J.C. Stroebel, J. Jonotskoff e Mario Liberalli. Uma andorinha só não faz verão; por isso resolvi interes-

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sar no problema a Academia de Ciências, presidida pelo nosso querido mestre Henrique Morize. E foi assim que nasceu a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a 20 de abril de 1923.” - Roquette Pinto – Polêmica, ó radiofônica polêmica Embora muitos teóricos e estudiosos reconheçam que Roquette Pinto tenha fundado legalmente a primeira emissora radiofônica do Brasil, a Rádio Clube de Pernambuco, segundo registros de jornais da época, já operava desde 06 de abril de 1919. Fundada em 6 de abril de 1919 pelo radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira, a emissora é tida como a primeira emissora de rádio do Brasil e a polêmica está instalada [aliás, a própria “invenção” do rádio é polêmica]. O nome “Rádio Clube” preconizava o sistema que seria responsável por sustentar as emissoras – que nasceram como clubes e sociedades [a legislação da época proibia a publicidade, logo seus associados/ouvintes sustentavam as rádios]. No Brasil, o rádio começou como empreendimen-


A sede da PRC-5, na Aldeia do Rádio. A foto é de 1939.

to da sociedade civil organizada. O fato é que, influenciadas pelo empreendimento de Roquette-Pinto, logo não demoraram a surgir outras rádios amadoras em cantos distintos do país. Entre as primeiras do Brasil, uma emissora do Pará A Rádio Clube do Pará, a quinta do país, foi inaugurada no dia 22 de abril de 1928 e ficou conhecida em toda a região Norte prefixo “PRC5 – A voz que fala e canta para a planície”, incorporado à razão social da emissora. Segundo o site “O Pará nas ondas do rádio” [programa da Faculdade de Comunicação, da Universidade Federal do Pará], “a Clube funcionou pela primeira vez em uma casa no Largo da Trindade, no bairro da Campina. Ela operava com um transmissor montado artesanalmente, que passava a maior parte do tempo no conserto. A Rádio chegou a ficar uma semana fora do ar. A programação era exclusivamente de músicas clássicas, o vitrolão, que refletia o gosto da

elite ouvinte da Rádio. Os discos foram doados por esse público. Depois, a emissora passou a funcionar em um prédio atrás do Cine Olímpia. A Clube não apenas mudou de endereço, mas a programação passou a ser mais organizada”. Mas é preciso voltar um pouco no tempo para saber que a chegada do rádio no Pará deu-se graças a três homens empreendedores: Edgar Augusto Proença, Eriberto Pio [uma das vozes mais bonitas que o rádio paraense já ouviu] e o advogado Roberto Camelier. Roberto Camelier, um homem à frente de seu tempo. A Família Camelier, no começo do século passado, detinha nome, técnica e um grande estaleiro [localizado bem em frente à Praça do Arsenal, o Palacete Camelier tinha em seus fundos a enorme oficina para embarcações de médio e grande porte]. O jovem Roberto Camelier ajudava a mãe – Mary Camelier – a conduzir os negócios familiares, mas passava boa parte de seu tempo livre

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na oficina e, entre ferramentas, ia aperfeiçoando seu conhecimento [ao passo de que aumentava seu amor] pela radiodifusão. Ele era um estudioso e tornou-se radioamador, em meados da década de 20 do século passado. Queria saber, em detalhes, dos experimentos desenvolvidos na Europa e nos Estados Unidos – fazia contatos, lia incessantemente sobre o tema e logo estava no Rio de Janeiro, trocando experiências e fazendo contatos – inclusive com o médico e cientista Roquette Pinto. O advogado “gorducho” tinha uma personalidade cativante e sua paixão pela eletrônica e broadcasting contagiava todos – e mesmo tendo o coração fisgado pelo tema, Camelier dedicou-se à carreira de “doutor” e atuou intensamente no interior do Pará e no Rio de Janeiro como delegado [onde vivem até hoje seus familiares]. Camelier liderava um grupo de igualmente apaixonados pelo ofício da Radiodifusão e, em 1928, com caráter de clube, fundaram a Rádio Clube do Pará. Como diretor técnico da emissora, era muito comum Camelier passar dias inteiros den- »»»


O Pará nas Ondas do Rádio

(www.oparanasondasdoradio.ufpa.br) Em 1937, uma portaria do Ministério da Viação e Obras Públicas, órgão que fiscalizava as rádios no Brasil, determinou que as rádios tivessem no mínimo 1000 watts de potência para funcionar. A PRC-5 tinha cerca 400 watts. Com a medida, a emissora quase fechou devido a dificuldade financeira e técnica. Os três amigos mandaram buscar em São Paulo o equipamento necessário para adequar os transmissores às exigências do Governo Federal, mas não conseguiram a tempo o dinheiro para pagá-lo. Edgar Proença então comunica ao público que a Rádio ia fechar. Os ouvintes não deixaram isso acontecer. As doações vieram de toda a sociedade, inclusive do governador José da Gama Malcher e do prefeito Abelardo Condurú. A Clube, que até então se mantinha das cotas de participação pagas por Edgar Augusto, Eriberto Pio e Roberto Camelier, torna-se uma empresa comercial, mantida por seus associados. A emissora foi transferida para vários lugares, até que em 1937 foi instalada em sua sede própria, no bairro do Jurunas. O prédio da emissora foi chamado de Aldeia do Rádio. No local também foi construído, em 1945, o auditório da Clube, com capacidade para 150 pessoas. Como as condições do terreno não eram boas para o estúdio, em 1938 ele foi transferido para o segundo andar do Café Brasil, na rua 15 de Agosto. Os transmissores ficaram no Jurunas até 1980. Em 1954, a prefeitura de Belém doou um terreno na Avenida Presidente Vargas para os donos da emissora construírem uma nova sede. Como eles não tinham dinheiro para as obras, fizeram um acordo como engenheiro Judah Levi. O prédio e o terreno seriam dele, com exceção do segundo andar, onde a Rádio funcionou até a década de 80. A Clube também mudou de prefixo. De PRAF- A Voz do Pará, passou a ser PRC-5, como ficou mais conhecida, e tempos depois mudou para ZYE-20. Edgar Proença, numa tentativa de retomar o prefixo popular, o que não era permitido pela legislação, não vê melhor alternativa senão mudar a razão social da emissora para Rádio Clube do Pará- PRC-5-Ltda. Na década de 30, Edgar Proença criou o slogan pelo qual até hoje a Rádio é conhecida: PRC-5- A Voz que fala e canta para a planície. Já na década de 60 o longo alcance das ondas da Rádio inspira um novo slogan “Rádio Clube do Pará- A Poderosa”.

tro da rádio – sendo, sem exagero algum, o grande responsável por [re]colocar a emissora no ar.

Uma das sedes da Rádio Clube - PRC-5

“Generalíssimo da radiofonia paraense” Assim Edgar Proença costumeiramente se referia ao amigo e sócio, Roberto Camelier, em entrevistas – os periódicos da época acompanhavam com avidez e natural curiosidade os fatos relacionados ao universo radiofônico paraense. A trinca, formada por Proença, Camelier e Eriberto Pio, foi a grande responsável por manter, ao longo das quase duas décadas seguintes, a hegemonia da Rádio Clube do Pará – já que de 1928 a 1945, a emissora paraense foi a única emissora a funcionar em toda a Amazônia. Apesar de todo o talento e esforços, a Rádio Clube do Pará atravessou um momento, que seria o divisor de águas: com o fim do governo de Magalhães Barata, a emissora perdeu muito de seu apoio político [e financeiro] e anunciou, em meados da década de 30, que fecharia as portas e faria sua última transmissão radiofônica... mas era amada e sendo parte da família paraense, foi salva após centenas de doações de comerciantes, empresários, pais de famílias, ouvintes simples e mesmo políticos.

Fonte O Pará nas ondas do rádio|www.facebook.com/robertocamelierprc5 Ministério da Educação|Dissertação de Mestrado de Érito Vânio Bastos de Oliveira (UFPA) Agradecimentos | Acervo pessoal de Maria Cristina Camelier Palange Sobreira.

Ao lado da esposa, Elisa Burlamaqui Camelier. Data da foto incerta.

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8PDUL]DO


CERVEJA DE PANELA Ricardo Gluck Paul microcervejeiro

Tudo pronto Tico, vamos começar! Cadê o gás? Wilsinho Chegou. Liga o fogo. Liga pro Ney. Malte na mão, joga na panela. Esse solo do Jimmy Page é bom demais !! O Almir chegou. Saiu a carne, quem vai? Manda o lúpulo pra dentro. Que cheiro bom. Tem alguma coisa errada. Tá tudo certo. Aumenta o som. Desliga o fogo. Israel e Tonini vieram, trouxeram mais brejas. Carrega essa panela direito, pega o Chiller. Passa aqui as leveduras. Que coisa linda. Valeu pessoal, até a próxima. Fazer Cerveja de Panela é um barato !! Achou estranha a expressão “Cerveja de Panela” ? Então vamos começar com uma informação importante: a cerveja, em sua longa história, tem muito mais tempo na panela do que fora dela. Surgida há milhares de anos atrás, a cerveja sempre foi uma atividade doméstica. O método, descoberto, meio que por um acaso, era simples: afogava-se o cereal na água, dentro de uma ânfora, até formar álcool. Nada mais complexo que isso. De forma caseira, a cerveja foi se desenvolvendo e influenciado diversas culturas e a própria história da humanidade. Aos poucos, foi se moldando dentro das residências das pessoas, com novas receitas, técnicas e formas de se produzir. Passou por diversas modificações até que, finalmente, se rendeu à inevitável modernização provocada pela revolução industrial. As cervejas passam a ser fabricadas em escala e encontradas facilmente nos mercados locais. Não era mais necessário fazer em casa. Mesmo assim, a tradição sobreviveu. Cervejeiros Caseiros, como são conhecidos, se multiplicam a cada dia no Brasil e no mundo. Não produzem por necessidade, mas por prazer. Trocam receitas, experiências e fazem questão de passar o ofício para frente através de cursos, palestras e até mesmo de vídeos publicados na internet. Encontram tudo o que precisam em lojas especializadas cada vez mais acessíveis. Unidos pelo tema “a melhor cerveja é aquela que eu mesmo faço”, fazem da produção um ato de amizade, companheirismo e amor. “Cerveja de Panela” é mais do que um simples hobby. É tradição. É Paixão. É a própria revolução !!

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Flávia Ribeiro

A vida começa aos

50!

A sabedoria e a tranquilidade das pessoas que já passaram dos 50 anos fazem diferença no modo de olhar (e viver) a vida.

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m meados de março deste ano, a revista norte-americana People divulgou a edição mais aguardada do ano: a que elege as pessoas mais bonitas do mundo. Sandra Bullock, aos 50 anos, levou o primeiro lugar do pódio. À época, segundo o site da revista, Bullock disse não se levar muito a sério quando se trata de sua aparência. A atriz contou que apenas riu quando soube que havia sido escolhida. A vencedora do Oscar [por “Um sonho possível”] afirmou ainda que “o que é bonito é a honra de ser a mãe do Louis” [menino adotado por ela, em 2010]. “A beleza verdadeira é discreta”, finalizou. A lista é polêmica, já que padrões de beleza variam bastante e beldades do quilate de Gisele Bündchen e Sophia Loren ficaram de fora, mas serviu para chamar atenção a uma mudança de padrões: hoje, as mulheres e homens mais maduros, estão mais bonitos do que “suas versões” mais jovens. Tem dúvidas? Vá em frente e experimente olhar ao seu redor. Longevidade e qualidade de vida Não faz muito tempo que a expectativa de vida do brasileiro era de 50 anos de idade. Chegar na quinta década de vida era uma

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questão de esperar pelo fim... Mas isso mudou. E muito! Os cinquentões do século XXI querem viver, por muito mais tempo e na segunda metade da vida ainda estão dando os primeiros passos em direções novas. Mas agora contam com sabedoria que só é adquirida com os anos para driblar as dificuldades enfrentadas pelos mais jovens e para viver um eterno recomeçar da vida. O empresário Carlos Moreira é desses que não se arrependem de ter desistido de planejar a aposentadoria para começar uma nova atividade. Ele começou sua vida profissional aos 12 anos de idade, ajudando o pai no armazém de estivas da empresa da família, no Porto do Sal, e nas embarcações [os regatões] também da família, pelos rios do interior do Pará. Em 1967 fundou, com seu sócio, Rogério Fernandez Filho, a AZPA - Azulejo do Pará SA, implantada em Ananindeua. Durante o processo de aprendizagem da manufatura do azulejo, começou a ter contato com a mineração e com a legislação mineral brasileira. Os anos foram passando, a vida se encaminhava tranquilamente, mas aos 50 anos de idade Moreira se reinventou e decidiu, juntamente com os filhos, fundar a Construtora Leal Moreira. Numa época em »»»

Dudu Maroja


O empresário Carlos Moreira, junto com a esposa, Cassilda, e os filhos, recomeçou a vida aos cinquenta anos de idade, período em que muitas pessoas já planejam a aposentadoria e dias mais calmos.

que, aos cinquenta, os homens já pensavam em aposentadoria. “Nós tínhamos esgotado nossas possibilidades de crescimento na mineração, apesar de termos uma empresa de grande porte. Era uma fase sem apoio governamental para desenvolver a mineração em São Félix do Xingu. Nós tivemos que mudar de ramo e fomos para a construção civil, abrindo a Leal Moreira em 1986”, relembra Moreira. Para começar a caminhar no ramo da construção civil ele conta que além de não encontrar dificuldades, ainda teve fundamental parceria da esposa, Cassilda, que sempre se manteve ao seu lado, e a ajuda dos filhos Maurício, que cursava engenharia; João Carlos, que era formado em economia e André, que estava começando a cursar Engenharia. Ou seja, toda a família “botou a mão na massa”. “Na verdade, tudo é trabalho. Nenhum trabalho me assusta. Sempre tive por norma e costume me dedicar ao que eu fazia. Fazer bem feito em qualquer situação, tanto na navegação, na mineração ou na engenharia. Tudo é trabalho. O importante é sempre tentar fazer o

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melhor. Isso sempre foi a nossa norma. Desde o princípio eu tive facilidade em me relacionar bem com os clientes e esse costume eu trouxe para a construtora”, analisa o empresário. Passados quase 30 anos à frente da construtora, ele fala que os planos para o futuro não param. “Vou fazer 78 anos este ano e espero não parar de trabalhar nunca. Sempre que puder eu vou atender pessoas e clientes. Isso está na minha essência”, revela. E quando perguntamos se ficou algum arrependimento por ter largado a possibilidade de já estar curtindo a aposentadoria, ele é categórico: não! Experiência e foco Arrepender também é um verbo pouco conjugado por Maria de Jesus Fernandes, a Jê. Se alguém falasse tudo o que aconteceria, ela talvez nem acreditasse. De uma vida mais ou menos estabilizada, morando em um confortável apartamento no centro da cidade. Ela começou um novo trabalho há uns anos e agora mora em um condomínio no bairro da Marambaia. “Eu não me arrependo. Eu gosto do meu trabalho. Morar aqui »»»

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Clemência Valente redescobriu, depois de ver os filhos já crescidos e educados, o amor e renovou a vida afetiva. Prova de que aos cinquenta, a maturidade garante uma nova perspectiva de mundo.

também é muito bom, é longe do centro, mas de carro consigo fazer tudo. E aqui há muitos serviços à disposição. No condomínio há mais espaço para os meus netos. A vida está muito boa, só posso agradecer”, comemora. Ela é contadora por formação, mas trabalhou por uns meses e viu que essa não era a carreira que ela abraçaria pela vida. Depois disso, começou a trabalhar com artesanato, pinturas de telas, confeccionar sacolas, bolsas e a vida foi passando... Ela tinha uma cliente fixa que comprava suas bolsas e as revendia, mas começou a sentir a necessidade de liberar um pouco mais da sua criatividade e depois dos 50 anos começou a fazer doces. “Eu gosto muito de criar, decidi pela confeitaria e depois fui fazendo cursos e aulas. Eu olhava aqueles bolos tão bonitos nas festas e não pensava que eu também poderia fazer algo tão bonito, mas já estou com clientes fixos e não me falta trabalho”, afirma. Na verdade, a ideia original era de abrir uma loja de cupcakes na cidade de Tucuruí, onde mora a filha mais velha, mas as coisas não saíram como ela pensava. Mas o revés nos planos também não

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fez com que ela esmorecesse. “Não tive medo, sempre que eu acho que devo mudar, eu meto a cara e enfrento o que vier. Então, eu não tenho medo, faço o que tiver que fazer”. E assim, aos 55 anos de idade ela se tornou uma microempreendedora individual e acha que a idade ajudou muito no processo. “Quando somos mais novas perdemos tempo com coisas desnecessárias, com mais idade, temos mais experiência e isso ajuda a focar no que é mais importante”, opina. Existe vida amorosa após tanta estrada Após a aposentadoria e já com todos os filhos crescidos, educados e empregados, a jovem (“de cinquenta e tantos anos”) Clemência Valente descobriu na maturidade os prazeres do amor. “Um novo amor é realmente recomeço: as emoções estão guardadas, mas aos poucos e timidamente, vão aflorando. Encontrar alguém que não se limita aos padrões de beleza atuais nos estimula a acreditar que realmente o amor existe, que não tem forma, receita, mas tem cor e vida”. Simpática, ela em momento algum deixou o sorriso sair do rosto, para total admiração das »»»



filhas. A poesia voltou à vida depois de muito tempo. “Uma vida que nos redescobre todos os dias... E aí, parafraseando Quintana, ainda bem que inventaram o calendário, onde cada segunda-feira, cada dia 1º do mês ou cada novo ano nos dá a oportunidade de sentir que estamos fazendo um novo começo”, filosofa sob risadas e o estômago cheio de borboletas. Realizando sonhos em todas as idades A psicóloga Giane Souza fala que a idade não deveria ser um fator impeditivo para que as pessoas busquem fazer mudanças de vida, como realizar novos negócios, novos amores, novas possibilidades de vida. “Ainda, encontrarmos pessoas que veem na idade um fator impeditivo para as mudanças de hábitos ou mesmo para atingir novas metas, essas barreiras não estão ligadas à idade, mais à concepção de mundo e à formação da subjetividade de cada indivíduo”, afirma. Ela explica que ao contrário do que essas pessoas pensam, a idade, muitas vezes, traz maturidade e isso é um fator que coloca os cinquentões à frente dos mais jovens. “Isso proporciona uma nova leitura diante dos obstáculos e passamos a eleger novas prioridades e a traçar novos caminhos mais conscientes e seguros”, explica. Mas para quem quer mudar de vida, a idade é só um número, o mais importante é ter um bom conhecimento de si mesmo, saber o que realmente se deseja e, é claro, a capacidade de continuar sonhando. “No mundo de possibilidades que vivemos hoje voltar a ser protagonista dos seus sonhos e desejos é importante para nos tornarmos confiantes, não para provar às outras pessoas, mas a nós mesmos que somos capazes sim, de realizar nossos sonhos”, declara a psicóloga.

Maria de Jesus Fernandes se redescobriu profissionalmente e não abre mais mão do lado doce da vida.

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Anderson Araújo jornalista

Todo mundo e ninguém De repente, não mais que de repente, todo mundo virou fã de Star Wars e aguarda, com ansiedade indisfarçável, o próximo filme de super-herói, mesmo que nunca tenha ouvido falar do tal personagem. Mas, não só: de repente, não mais que de repente, todos defendem minorias com unhas e dentes e textões no Facebook. Os vilões preconceituosos, bobos, chatos e feios desapareceram – não que façam alguma falta. Não estranhem, mas, como uma verruga crescida na testa da noite para o dia, todos falam do casamento da Preta Gil (que a essa hora já deve ter sido esquecido ou terminado ou as duas coisas) e da última asneira do Danilo Gentilli, que há anos não diz nenhuma asneira que provoque um mínimo sorriso de canto de boca (se é que algum dia disse), e da nova vida da ex-modelo que encontrou Jesus, o bíblico, não o ex-namorado de Madonna. De repente, como a flor que brota na fresta do asfalto, o País se tornou um lugar insuportável de tanta corrupção, como um lançamento balado do iPhone 10, assim, anunciado de chofre. Mas aí nem é todo mundo que fala. Só alguns, os que, geralmente, toleram pequenas e grandes corrupções ou são maus observadores dos infernos do dia a dia. De repente, não mais que de repente, todo mundo odeia as segundas, ama as sextas e vê os

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domingos como dias cinzas e tristes, como se o calendário não tivesse quartas cosidas com linha fina da poesia. Sem mais nem menos, todo mundo passou a gostar mais de bicho do que de gente, a ter compulsão por séries americanas, a fazer mestrado em alguma coisa sobre arte e sociedade ou novas teorias de alguma coisa. De repente, como uma festa surpresa eterna e muito bem organizada, todo mundo é analista de mídias sociais, fotógrafo, DJ ou aspirante a chef de cozinha. De repente, assim do nada, pluft, todos não acreditam em deus e fazem da descrença uma das religiões sob o signo da chatice, tanto quanto o culto ao futebol, outro esporte que está em alta entre todo mundo, que agora tem aflições com a tabela do campeonato europeu. Sim, todo mundo torce agora para um time inglês, espanhol, alemão, italiano. Como num passe de prestidigitação, todo mundo anda meio deprimido e vê um certo charme nesse princípio de depressão que nunca chega e, ao mesmo tempo, está mal humorado com a vida e intolerante sobre qualquer assunto em torno de qualquer pergunta. E, todo mundo acredita que esse traço sutil de violência e frustração com o mundo é algo deveras engraçado. De repente, como uma estrela cadente sem tempo para pedidos, o sarcasmo, esse traço ingrato e inconveniente

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para os que nascem com ele, pôde ser cultivado em estufas e virou moda. Com muita alegria, ciente da relação com o planeta, todo mundo, de repente, num átimo de segundo, virou ciclista e adotou um dieta rica em fibras e proteínas. Todo mundo, secretamente, sem admitir nem para si, quer um carrão para furar os engarrafamentos e parar nas portas de boate. Quando vi, todo mundo passou a fumar cigarros eletrônicos, ora veja, para pôr fim ao vício analógico e comprou um pau de selfie e uma GoPro para exibir a si mesmo como sua vida sem grandes lances é incrível. Todo mundo decretou o fim do Jornalismo impresso, do mundo por um asteroide ou chuva de lava, do autor, do indivíduo unidimensional, do amor, de tudo que ficou no século 20, numa boca só, de repente, assim, como fosse algo natural e previsto, como uma chuva torrencial no meio do verão. Todo mundo quer um lugar ao sol por estar predestinado a ter felicidade em largas doses guardadas em alguma prateleira de uma loja de departamento em Miami e por acreditar que é único e diferente, vejam só que engraçado e extraordinário. Como numa epidemia de amnésia em que todo mundo esquece que ninguém é igual a ninguém. De repente, não mais que de repente.



especial 400 anos

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Carolina Menezes

Dudu Maroja

Saudades sem fechar os olhos

para o hoje

U

m apaixonado pela arquitetura de Belém. Inicialmente, essa é a primeira ideia que se tem do empresário e sócio-proprietário da Galvão Comunicação, Pedro Galvão, cuja história com Belém se divide em duas partes: uma que vai do seu nascimento até a década de 70, quando se mudou para o Rio de Janeiro e deu início à sua carreira de publicitário, e outra de 1983 para cá, quando volta e funda o que viria a ser uma das mais premiadas e reconhecidas agências de publicidade do Estado. Mas à medida que a conversa vai fluindo, o que se percebe é uma ligação que vai além do saudosismo de espaços como o Grande Hotel – demolido para dar lugar ao Hotel Hilton, hoje Princesa Louçã, e que posteriormente lhe inspiraria até mesmo a fazer um poema – e a Fábrica Palmeira, muito mais enraizada com a cidade, suas histórias e memórias, e simultaneamente, um pesar pelas mazelas enfrentadas pela capital paraense. "A falta de cultura, em primeiro lugar, para perceber que estão fazendo besteira. Em segundo, a falta de amor pela cidade para se tocar, saber quando não devem mexer erradamente na cidade", cita ele, ao falar sobre onde moram as origens dos problemas de Belém, que afetam desde sua estrutura arquitetônica à sua – frágil – estrutura econômica. As críticas, ainda que duras – ao mesmo tempo em que chama de "terra dos homens sem profissão" também reconhece que é a "terra dos que sabem curtir a noite" –, no entanto, não o fazem ignorar tudo que há de bom nessa terra que ele mesmo admite não ter mais como deixar. Ao destacar a beleza das nossas praças, das ligações entre bairros que transformaram locais intrafegáveis em áreas onde boa parte da população adoraria morar, ele defende o seu criticar como necessário, nunca como corrosivo. "Isso tudo o que

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eu falo é porque estou do lado da minha cidade, estou com ela, sofro com ela. E sou pró-Belém". Confira a entrevista: A Belém que você gosta ainda existe ou hoje está mais presente na sua memória do que em pontos físicos da cidade? Belém é uma cidade encantadora, que periga perder muito do seu encanto. Exatamente porque está perdendo mesmo, progressivamente, os seus encantos: seus prédios históricos, como o Grande Hotel, a Fábrica Palmeira, suas rocinhas, seus maravilhosos sobradões e até os sobradinhos, que o [poeta] Manuel Bandeira [falecido em 1968] viu, ajoelhado, diante da Igreja da Sé… Você pediu, antes mesmo de a entrevista começar, para falar sobre o Grande Hotel, tema até de um de seus poemas, por que essa ligação tão forte com o local? No caso do Grande Hotel, foi um absoluto erro de visão do que poderia ser um hotel em Belém do Pará. Era um dos prédios bonitos de Belém, que retratavam o estilo que acho que se chama neoclássico. Lembra os Ritz, na Europa, ou o Carlton em Cannes, na França. Um tipo de hotel branco, com telhado de ardósia e arquitetura realmente marcante, impressionante, que marca uma cidade. O plano de aproveitamento podia ser absolutamente racional, de modernização interna, como é feito por todo o canto. Você pega hotéis de arquitetura antiga e renova internamente. Não precisava ter “arrasado” com ele… Não, você conserva as coisas que são fundamentais da arquitetura e promove uma modernização interna sem deformar o estilo, mas promove no que é essencial: banheiros, quartos… O »»»


Copacabana Palace podia ter sido derrubado para aproveitamento melhor; para um hotel com mais andares, por exemplo, já que é um prédio de uns dez andares, talvez… E no entanto, ninguém derrubou, tem anexos, mas se manteve. O Grande Hotel poderia ter ganhado anexos, tinha espaço, tranquilamente. Então em Belém mais se derruba, mais se arrasa do que se tenta aproveitar…? Exatamente. Em vez de se fazer o aproveitamento inteligente, em defesa da cidade, em defesa da memória, da beleza da cidade, em defesa, sabe, dos prédios, que são essenciais! Uma cidade não existiria sem prédios! E a natureza, a qualidade, a beleza, a estética desses prédios é fundamental para própria alma da cidade, então isso tinha que ser preservado. E o nosso empresariado tem de ter inteligência para essa percepção, e isso não houve no Grande Hotel. Poderiam ter aproveitado, modernizado, até mesmo para valorizar o prédio. Nesses 400 Anos o senhor acha que Belém poderia ter muito mais a comemorar fosse essa inteligência, esse planejamento inteligente? O Grande Hotel ocorreu [referindo-se à demolição] possivelmente em 1965. Esse episódio que vou relatar agora é de 1977: a demolição da [Fábrica] www.revistalealmoreira.com.br

Palmeira, que não foi só a demolição da Palmeira, foi uma operação arrasa-quarteirão. Foi uma quadra inteira em uma área já problemática, por ser ao lado de uma igreja desenhada por Giuseppe Landi, que foi a Igreja de Santana. Tudo o que havia naquela quadra foi ao chão, desde a esquina com a Travessa Padre Prudêncio, e a Rua Manoel Barata com a Padre Prudêncio, que é exatamente a pracinha da igreja, a Praça Maranhão, desde a esquina da Padre Prudêncio até a esquina com a Rua 1º de Março, eles demoliram tudo aquilo. Também em ‘65, a pretexto de que estava arruinada, já haviam demolido a caixa d’água de ferro que existia ali… Foi tudo arrasado, a meu ver, por falta de inteligência no trato da coisa pública. Esse trato não se exerce apenas pelo Governo, os cidadãos de uma cidade exercem essa função também… Mas ainda estamos sob a mercê de uma passividade muito grande por parte da sociedade, que ainda transfere a responsabilidade total para o Poder Executivo, Legislativo… Exatamente, e não é isso? Cada cidadão de uma cidade possui responsabilidade sobre ela! E sobretudo cidadãos que têm empresas, empresários, portanto, que têm mais poder, têm mais dinheiro, que têm mais condições de interferir para a preservação da cidade podiam, sim, ter feito algo… Se as demoli-

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ções dessem lugar a um prédio magnífico seria sensacional, teria enriquecido a cidade, mesmo se tratando de um prédio tão bonito, como era a Fábrica Palmeira. Ali não tinha apenas o prédio da padaria, da confeitaria. Existia toda uma fábrica ali por trás, e foi tudo posto embaixo. E tinha salvação se saísse como resultado um prédio ainda mais bonito, mas o que fizeram? A falta de planejamento, de visão, de saber realizar as coisas, do ponto de vista rigorosamente empresarial, levou a que fizessem, em vez de um prédio comercial, como era a ideia, construírem um buraco. Que a cidade, ironicamente, passou a chamar de “Buraco da Palmeira”. Que toda a cidade sabe onde é! Há uma ironia e uma crítica em cima disso, e é a crítica mais mordaz que pode existir, contundente ao ato da demolição. E foi feita por uma empresa, que eu vou nominar aqui nessa entrevista porque ela já desapareceu, chamada Enel. E talvez, não tenho certeza, a empresa tenha terminado por ter sido capaz, em vez de construir um edifício, fazer um buraco. Isso é que tem prejudicado essa cidade. Falta cultura, falta amor pela cidade, mas falta sobretudo cultura. Compreensão do que é a arquitetura. Porque a quantidade de prédios bonitos que já foram demolidos para dar lugar a outros é impressionante. Várias ‘rocinhas’ já foram derrubadas em Belém por falta de visão. Ao lado do Colégio Nazaré tinha uma ‘rocinha’ magnífica, e foi


derrubada para dar lugar a um ginásio. Na Avenida Governador José Malcher, bem em frente à Rua Joaquim Nabuco tinha uma ‘rocinha’ maravilhosa, toda rodeada por uma varanda lindíssima e grades fantásticas. Foram anos e anos, décadas, desde a demolição sem que nada fosse construído no lugar. Agora estão construindo um prédio comercial, em fase avançada, e que eu espero que seja um prédio bonito, para substituir algo que, aparentemente foi demolido sem qualquer motivo! Para fazer nada no lugar! Foram décadas, no mínimo duas, como um terreno baldio. E assim outros casarões e construções têm sido abandonados. Vou dar mais dois exemplos: Avenida Nazaré, da esquina da Travessa Benjamim Constant até a Travessa Rui Barbosa. Ali tem um conjunto de casas, casarões lindíssimos, alguns em ruínas. O próprio Palacete Faciola é outro. Por vezes as famílias donas dos terrenos deixam cair, já que não podem usar o terreno, não podem vender por serem construções tombadas pelo Patrimônio Histórico. Se alguém comprasse todo aquele conjunto ali, com uma reforma você poderia ter um pequeno shopping center, térreo mesmo, com passagens internas interligando as casas. Dá para fazer projetos diversos, são casas que têm quintais onde é possível ter anexos. O Faciola está sustentado por tijolos para não cair.

Mas é só falta de visão? Ou o senhor citaria outros motivos…? Falta dinheiro a esta cidade, Belém é uma cidade pobre. Pobre e com uma classe política sem força. Pobre por que? É falta de repasse? Arrecadação baixa? Porque a economia é frágil. Belém não contou com um projeto como o de Manaus, que é metade de Belém e conseguiu crescer. Hoje em dia é até maior do que a gente. E porque recebeu um polo industrial, incentivos fiscais para que as indústrias entrassem. O Pará não teve isso e foi empobrecendo. Na esquina em frente ao Faciola, na Avenida Nazaré com a Travessa Dr. Moraes, há um prédio azul que incendiou. Era, se não me engano, do INSS [Instituto Nacional de Seguridade Social], e até hoje não se previu uma verba para reconstrução, continua queimado, até se transformar numa ruína e não haver mais possibilidade de recuperação, quando o certo é recuperá-lo. Um prédio moderno, alto. Tal e qual o prédio do Ministério da Fazenda, na Avenida Presidente Vargas, também incendiado em 2012 e até hoje abandonado… Então não deviam tê-lo construído! Você entende que aquilo não podia ter sido feito ali, daquele jeito? Foi um crime! Não se deveria fazer um pré-

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dio ali, tão perto da orla! Você quer ver outro crime semelhante? A demolição de quatro ou cinco casarões que existiam, em sequência, ali no Boulevard Castilhos França, em frente à Estação das Docas. Ali no meio se demoliu para a construção da sede do Banco Central em Belém. É o Poder Público fazendo o que não deve fazer! É o BC, organização federal destruindo algo precioso da cidade… Aquilo ali é um cartão-postal e eles interferiram. Imagina se não existisse, que beleza que seria! Não é que o prédio seja feio, é que é indevido! O chato é que Belém tinha mil e um lugares que poderiam servir de local para a construção da sede do BC! Mil e um lugares, a cidade inteira à disposição para escolher um espaço, e escolhem onde não devia. Mexeram com duas avenidas e uma rua, o Boulevard e a Gaspar Viana. Porque a parte traseira daqueles prédios dava para a Gaspar Viana. Você vê que é falta de cultura das pessoas que têm poder para decidir sobre a construção ou não de prédios em Belém. A falta de cultura, em primeiro lugar, para perceber que estão fazendo besteira. Em segundo, a falta de amor pela cidade para se tocar, saber quando não devem mexer erradamente na paisagem. O senhor menciona fatos que já ocorreram há alguns bons anos. É possível, no seu entendimento, ver o “prejuízo”? »»»


GRANDE HOTEL Foi preciso coragem para entrar (era a última vez e nem sabias) no lobby suntuoso desse hotel já condenado à morte e à saudade. Foi preciso coragem, terno cinza e gravata bordô, tolo disfarce para evitar suspeitas nessa noite de outra noite incivil, de fogo e uivo, cadeias, cadeados. E a conjura: “Suba direto a escada, sem perguntas. Reunião no apartamento 105”. A porta se abre e duas mãos te agarram, te arrastam, te sufocam e nunca mais verás um riso assim te iluminando. Ela é fuga, ela é medo e subversiva atravessa o país buscando o amor. E o Grande Hotel por quê? Para iludir os lobos que a perseguem. Lobos, lobos no rastro de sua presa. E vão prendê-la? Não certamente aqui entre as alfaias e os cristais da suíte neoclássica. E seria preciso um céu inteiro para voar e amar, voar, voar até não haver mais céu. Ouve o rangido do amor no quarto ao lado. Nessun dorma, quem canta? Beniamino? Taças tinem. Scotch e rum, zum-zum no Amazon Bar. O poeta, alinhado, em linho branco HJ, degusta a charlottine na terrace. Enfim, paz. Estamos salvos. E voltamos a amar como quem volta à vida, arfantes, jovens. Outra vez, mais uma vez, não pare. Essas batidas – tum, tum – é o coração. É o coração do hotel ruindo. Fim. Tudo é memória. Marretas se abatendo sobre a ardósia, cornijas, arquitraves, vidros, tálamos e o tempo a agonizar em nossos braços. Pedro Galvão

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Belém tem sofrido muito com isso. É uma cidade bonita, que ainda tem lugares no Centro Histórico que merecem ser preservados. Mas não são só essas pessoas, a população de Belém é destrutiva. Criminosamente destrutiva. Assassina. Ela devasta, mata, como um assassino, a memória dessa cidade. A população destroi o centro comercial de Belém. Administrações municipais levaram à destruição do próprio piso de ruas como a João Alfredo e a Santo Antônio fazendo pisos errados onde o piso era de paralelepípedo. Você mexe com aquilo, você mexe com a cidade. Quando a população se instala ali no meio, inviabilizando completamente a passagem naquelas ruas, colocando suas tendas para vender seus produtos… Claro que, lógico, a gente tem que dar a importância para a necessidade de sobrevivência da população. Diversas vezes, sejam prefeitos ou governadores, tentaram criar espaços para comercialização, deslocando os camelôs daqueles locais. Então a população que eu faço, porque é uma parte substancial da população que faz isso. Que vai vender coisas no meio da rua. É falta de cultura, falta de educação no sentido de ser mal educada e falta de educação no sentido de ter educação escolar. Belém é tragicamente a “cidade dos

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homens sem profissão”. Eu vou repetir a expressão: Belém é tragicamente a “cidade dos homens sem profissão”. Quem vai para o meio da rua vender como ambulante não tem uma profissão, aquilo é um ganha-pão, uma atividade que existe decorrente da falta de estudo, da falta de educação básica, de escola. É falta de dinheiro também das famílias. Esse poema sobre o Grande Hotel mostra bem a tua relação com a cidade e pelo que não existe mais. Você já quis ir embora? Largar Belém? Os primeiros catorze, quinze anos da minha profissão eu vivi no Rio de Janeiro. Sou nascido aqui mas toda a década de 70 eu passei no Rio. Voltei em 1983, já casado com uma carioca, com todas as três filhas nascidas lá, voltei para montar a Galvão. E me doi muito, no coração da gente, ver como está hoje. E a gente vê Belém num plano inclinado. Esses dias eu li nos jornais uma denúncia feita pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA) sobre a instalação da Siderúrgica do Pecém, no Ceará, por parte da Vale. Isso é um crime! Uma sacanagem imensa que se faz contra o Pará e um contra-senso absurdo porque somos produtores de minério de ferro. Bem ali na cara… Se projetou fazer a [Aços La-


minados do Pará] Alpa, em Marabá, e não se fez. É problema da Vale, que já foi uma grande empresa estatal, com o Governo Federal, que decidem sobre esse assunto. É situação que merece uma mobilização total do Estado contra isso. Total. Tenho um especial apreço pela Vale, mas é preciso que se denuncie porque isso é a nossa história, do Estado, de Belém, a gente tem que ter essa percepção para a importância desse problema. Mas você não respondeu sobre já ter tido vontade de sair de Belém... Não. Nunca? Não. Não. Quer dizer, pensar, eu pensei. A essa altura não estou mais tão jovem para recomeçar a vida, tenho uma empresa, que tem importância histórica para o Estado dentro do segmento em que se propõe a atuar, como outras agências também têm. A Galvão tem uma história respeitável, é agência premiada, que prestou serviços para a publicidade paraense… Isso tudo o que eu falo é porque estou do lado da minha cidade, estou com ela, sofro com ela. »»»

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Você é “pró-Belem”! Sou. Não é uma crítica corrosiva, mas sim uma crítica necessária. Acho importante que isso seja dito.

hoje. Mas por exemplo, se você pega fotos antigas da Avenida 16 de Novembro, vai perceber que ela era cheia de palmeiras, e isso é algo que se podia fazer, alguém podia tomar essa iniciativa.

Pedro, na sua opinião, sobre o que a geração de hoje vai se lembrar no futuro da mesma forma como você lembra do Grande Hotel, da Fábrica Palmeira…? O que está sendo feito hoje pelo legado de amanhã? A gente não deve se queixar irracionalmente de tudo. A Praça da República e a Praça Batista Campos nem sempre foram como são hoje. Quando voltei para Belém, em 83, aquele calçadão da Presidente Vargas era uma coisa pavorosa, feita de cimento e cheia de buracos. Aí na administração do ex-governador Almir Gabriel (falecido em 2013, governador entre 1995 e 2003), foi feita a restauração por um cidadão chamado Paulo Chaves Fernandes (secretário de Cultura de vários mandatos do PSDB-PA à frente do Governo do Estado, incluindo o do atual governador, Simão Jatene). Passou a ser bonita de uma forma como nunca havia sido antes, nem mesmo na Belle Èpoque, mesmo no começo do século XX. Não foi só um restauro, ela foi melhorada, refundida. Me lembro que o [empresário] Romulo Maiorana [criador das Organizações Romulo Maiorana e falecido em 1986] uma vez me disse exatamente isso: que a Praça da República havia ficado mais bonita do que jamais havia sido. Então a gente tem que ter a medida da nossa crítica, até para perceber que há, sim, coisas sendo feitas. Batista Campos, por exemplo, na minha infância tinha muito mais árvores, mas não era bonita como é

Se te chamassem para compor um comitê gestor para pensar a cidade a partir dos 400 Anos, tu aceitarias? Eu não sei se sou competente para isso, acho que talvez seja para dar essas opiniões que estou dando agora, de peru! Estou dando uma peruada! [risos]

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Quais obras ou empreendimentos tu classificarias como “marcos” recentes para a cidade? A Doca não existia. Você não passava por ali, era um charco. Era impossível passar. Foi feito na época da revolução, do Golpe de 64, na prefeitura do Nélio Lobato [1971-1974]. Ruas como a Boaventura da Silva, Domingos Marreiros e Antônio Barreto, descendo a Avenida Generalíssimo Deodoro, só chegava até um pouquinho depois da Avenida Dom Romualdo de Seixas. Era capinzal. Dali em diante, não tinha como descer mais. Para a longevidade, o que mais Belém tem a celebrar em 12 de janeiro de 2016? Olha, claro que tem! Belém não é só essa “desgraceira” toda que eu estou falando… É uma cidade charmosa, não é? Que pega mesmo. A própria noite de Belém… Já disse que é a terra das pessoas sem profissão, mas também é a terra das pessoas que sabem curtir a noite. É uma cidade fascinante, por vários aspectos. É bonita – mas podia ser mais boni-

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ta. Mas Belém, veja só, já foi restaurada. Nem sempre a ligação entre o Marco e a Pedreira foi do jeito que é hoje. Toda essa parte de Belém, assim como Umarizal e Doca, já foi intransitável um dia. E hoje são locais aprazíveis, gostosos, bonitos, dá gosto de morar. A Travessa Lomas Valentinas sempre fez a ligação entre os bairros, mas as outras transversais tinham igarapés cortando que impediam o trânsito. Isso tudo foi melhorado. O Bosque Rodrigues Alves é algo precioso. O plano que o Paulo Chaves tem para o Parque do Utinga é magnífico. Belém precisa de recursos para isso. A pobreza da cidade é reflexo da pobreza da economia do Estado, que carece de um plano industrial. Insisto: você já viu o quanto a população de Manaus mudou? Com a imigração? Vem gente de São Paulo, do Rio Grande do Sul… Muda até o tipo humano. Belém é charmosa e também se transformou positivamente… No começo do século, até a década de 30, de 40, Belém era uma cidade mais fácil de organizar, hoje em dia temos quase dois milhões e meio de habitantes. Veja por exemplo o [Bus Rapid Transit] BRT, aquilo é uma monstruosidade. É só passar ali para ver que foi feita uma desgraça. É necessário? Claro que é. Mas que fosse feito direito! Ninguém me vai fazer crer que está certo aumentar em altura uma pista em 10, 15 centímetros impunemente. Você tem ali uma pista que era de concreto, e de repente você “cresce” essa pista? Aí o que acontece: nos cruzamentos foi preciso criar pequenas rampas! E que foi feito como gambiarra, porque não houve planejamento! Aquilo ali foi obra para ganhar dinheiro. Aquilo é uma imbecilidade. BRT é outra coisa, e não é isso.


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Lorena Filgueiras

Todos

os homens do mundo

Vladimir Brichta comemora uma nova fase na carreira e vive um personagem completamente distinto de tudo que já experienciou em sua carreira: um ladrão habilidoso em um roteiro que remete ao Rio de Janeiro dos anos 20.

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iz-se que ser ator é a profissão do sonho; o sonho de viver uma vida que não é sua; de viver várias personalidades. Ser ator é incorporar um ente real ou imaginário e incorporar seus hábitos, tornando a vida um grande laboratório. Ser ator é predestinação. O termo teatro deriva do grego theaomai (θεάομαι) e significa olhar com atenção, perceber, contemplar. Em uma leitura aprofundada, theaomai não significa ver no sentido comum, mas sim ter uma experiência intensa, envolvente, meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo; uma cuidadosa e deliberada visão que interpreta seu objeto. Para nosso entrevistado, desta edição especial, a vida decidira (ainda no útero) que ele seria ator; viveria e seria vários. O pai, Arno Brichta, um dos grandes nomes da Esquerda brasileira, selava [sem saber] o destino do filho. Deu-lhe o nome de um de seus melhores amigos, o jornalista Vladimir Herzog, morto covardemente meses antes. “Por questões ideológicas, decidi isso quando Vladimir ainda estava na barriga da mãe. Quis homenagear a pessoa boa e honesta que foi Herzog”, declarou Arno Brichta em uma entevista há alguns anos. Arno e Herzog trabalharam juntos na TV Cultura, quando o segundo era diretor da emissora. Nascido em Diamantina, MG, o pequeno Vladimir rapidamente ganhou o mundo: ainda criança foi para a Alemanha (onde o pai fez Doutorado em Geologia), e no retorno ao Brasil, mudou-se para

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Salvador, onde envolveu-se com o Teatro e, juntamente com os amigos Lázaro Ramos e Wagner Moura, foi revelado e conquistou público e crítica. O Brasil o conheceu na novela “Porto dos Milagres”, em 2001 e, desde então, coleciona um sucesso atrás do outro. Após anos interpretando um galã cômico, no seriado “Entre Tapas e Beijos”, Armani, Brichta lançou-se em um desafio, por assim dizer, raro aos de sua geração: fazer um filme de época, recém-lançado. Em “Muitos homens num só”, ele contracena com Alice Braga. O longa, baseado na obra de João do Rio, arrebatou público e crítica no Cine PE 2014. A seguir um papo com o ator, que confirmou minhas suspeitas: ele é um homem gentil e generoso, que ama a família e que vive intensamente. Um filme de época! Como foi viver outros personagens e um personagem tão rico quanto o Dr. Antônio? O fato de fazer um filme de época traz um desafio que é reproduzir aquela época através de seus personagens, seus gestos, vocabulário… No entanto, compor alguém que vive uma época diferente da sua, que portanto vive valores diferentes, tem um desafio a mais que é o risco de aprisionar você na forma. Portanto, o primeiro desafio foi fazer esse personagem de forma que ele fosse coerente com a época dele, mas crível para a nossa. O Dr. »»»

Daryan Dornelles


"Sem dúvida alguma na profissão do ator, e desconfio que em muitas outras também, temos que ter essa capacidade de adaptação, da hipótese, da presença de espírito pra lidar com o inesperado, o novo. "

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Televisão Porto dos Milagres - 2001 Coração de Estudante - 2002 Sexo Frágil - 2003 Kubanacan - 2003 A Diarista - 2004 Começar de Novo - 2004 Casseta & Planeta, Urgente! - 2005 A História de Rosa - 2005 Belíssima - 2005 Sob Nova Direção - 2007 Faça Sua História - 2008 Separação?! - 2010 Amor em 4 Atos - 2011 Tapas e Beijos - 2011/2015

Cinema Paisagem de Meninos - 2003 A Máquina - 2005 Fica Comigo Esta Noite - 2006 Romance - 2008 A Mulher Invisível - 2009 Quincas Berro D'Água - 2010 A Coleção Invisível - 2012 Muitos Homens Num Só - 2013 Minutos Atrás - 2014 Beleza - 2014

Antônio especificamente, um homem que existiu e se tornou célebre no início do século passado por se hospedar e roubar hotéis se fazendo passar por pessoas importantes, foi tão desafiador quanto prazeroso. Pra me aproximar desse personagem, tive que ler sua falsa autobiografia escrita pelo João do Rio, assim como me aprofundar na obra do mesmo, que retrata muito bem a vida mundana do início do século passado. Tem uma frase que o Antônio menciona ("de onde eu tiro meu sustento? de uma extraordinária presença de espírito") que é sensacional e meio que resume/define o personagem. Ser ator não perpassa por aí também? Te identificas? Até porque ser ator é viver muitos personagens num só.... Sem dúvida alguma na profissão do ator, e desconfio que em muitas outras também, temos que ter essa capacidade de adaptação, da hipótese, da presença de espírito pra lidar com o inesperado, o novo. No caso do Dr. Antônio, essa frase é realmente bem significativa, tanto que ele se beneficiava do acaso, não roubando por encomenda. O acaso era seu aliado. E é também por trair esse princípio dele que acaba por pagar caro ao fim. Como foi trabalhar com a Alice? Sempre tive muita admiração por ela, pelo seu talento e pela trajetória única que vem traçando profissionalmente. Assumindo o risco de uma vida cigana, filmando, e consequentemente morando,

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pelo mundo a fora. Aliás, de alguma forma, ela é mais semelhante ao Dr. Antônio do que eu. Ela se permite ser levada pelas oportunidades que surgem em sua vida e experimenta essa liberdade de um jeito muito rico. Como temos alguns amigos queridos em comum, já havia um carinho mútuo mesmo antes de trabalharmos. E foi uma excelente parceira de cena e set. Fiquei encantada que tenha sido baseado em um conto do João do Rio - que por si já valeria um filme inteiro. Como foi esse laboratório, esse período de estudos? Foi realmente um grande plus um roteiro tão bonito e delicado ser inspirado na obra do João do Rio, trazendo seu universo e atmosfera tão peculiares. Eu que tinha um vago conhecimento sobre a obra dele, e mesmo sobre sua importância pra criação de uma identidade carioca urbana do início do século passado, ganhei esse presente do projeto, a oportunidade de me aprofundar e entender melhor sua obra e os impactos dela. Como o roteiro do filme não é uma única história do João, tentamos manter o seu universo em algo novo, mas onde fossem reconhecidos seus personagens e suas questões sociais. Um baiano mineiro ou mineiro baiano? Com qual das tuas origens te identificas mais? Como minhas primeiras referências pessoais, sociais e culturais são baianas, me identifico mais »»»


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Teatro Arte – 2012 – Direção de Emilio de Mello Hamlet – 2011/2009 – Direção de André Paes Leme Os Produtores – 2007 – Direção de Miguel Falabella A Hora e Vez de Augusto Matraga – 2007 – Direção de André Paes Leme Um Pelo Outro – 2003/2002 – Direção de André Paes Leme Mamãe Não Pode Saber – 2002 – Direção de João Falcão A Máquina – 2001/2000 – Direção de João Falcão Calígula – 1999 – Direção de Fernando Guerreiro A Ver Estrelas – 1999/1998 – Direção de João Falcão Eu, Brecht – 1998 – Direção de Deolindo Checcucci Equus – 1998 – Direção de Fernando Guerreiro Baal – 1998 – Direção de Harildo Déda A Megera Domada – 1998 – Direção de Tereza Costa Lima Dona Maria, a Louca – 1997 – Direção de Deolindo Checcucci Um Dia Um Sol – 1997 – Direção de Deolindo Checcucci Acho Que Te Amava – 1997 – Direção de Paulo Henrique Alcântara A Casa de Eros - 1996 – Direção de José Possi Neto Dias 94 – 1996 – Direção de Tom Carneiro Pontapé – 1996/1995 – Direção de Elísio Lopes Jr. e Fernando Guerreiro Uma História Sem Fim – 1994 – Direção de Ricardo Invernon O Inspetor Geral – 1993 – Direção de Paulo Cunha Nada Será Como Antes – Direção de Claudio Simões

Prêmios Ator coadjuvante do Ano (indicado) - Tapas & Beijos - Prêmio F5 Melhor Ator de cinema - Muitos Homens num só - Festival de Cinema de Recife - 2014 Melhor ator série/minissérie 2012 - Contigo Melhor Ator de Humorísticos - Prêmio Qualidade Brasil - 2008 Melhor ator coadjuvante 2003 melhores do ano - Faustão Ator revelação 2002 melhores do ano - Faustão Melhor ator coadjuvante 2002 - Contigo Melhor ator cômico 2002 - Contigo Melhor Ator - Prêmio Copene – Calígula - 1999

como baiano. Mas nasci em Diamantina, terra linda e histórica, num momento muito importante da vida dos meus pais, que por sua vez são paulistas, portanto tenho enorme orgulho de carregar Minas na minha bagagem. O "Vladimir" foi escolhido pelo teu pai em homenagem ao Vladimir Herzog... mas ele teve de incluir "Paulo" [o nome do ator é Paulo Vladimir Brichta] por conta da ditadura... É isso mesmo? Qual memória desse tempo ficou marcada para ti? Como teu pai atenuava tamanha tensão? De fato essa história é verdade. Mas ao contrário do que possa parecer, nunca achei, ou senti, que pudesse ser uma carga um nome associado a um homem que é um dos marcos de resistência ao regime totalitário que dominou o país. Quando me entendi como gente era época de redemocratização do país, rock’n’roll, praia… Enfim, um olhar otimista em relação ao futuro. És casado com a Adriana Esteves, uma atriz fabulosa, e lembro de ter visto uma entrevista em que ela dizia que amava o grande ator com quem ela é casada. Admiração mútua é um ingrediente essencial a uma relação, sobretudo, entre dois atores tão intensos? Sem dúvida a admiração mútua é crucial pra nós. Acredito que para qualquer relação. Nós nos amamos e vibramos muito com as conquistas que realizamos. E gostamos muito de nos surpreender

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profissionalmente com o outro. Além do prazer de aprender e nos permitir mudar de opinião. Eu particularmente a considero uma das melhores atrizes do país e com quem trabalhei. Além do enorme talento, um desejo constante de se provocar e trazer frescor pra criação. Também ouvi a Fernanda Torres se desmanchando em elogios para ti, dizendo que és um ator incrível. E vocês dois, em cena, são sensacionais. Sentirás saudade do Armani? Fernanda é uma grande colega, além de excepcional atriz e agora escritora, apesar de sua resistência a ser taxada como tal. Nós nos demos muito bem em cena e fora dela. Um convívio muito agradável e estimulante. E depois de cinco anos fazendo o programa será bom darmos fim às aventuras desses personagens. Deixará saudades da convivência, mas orgulho pelo que foi feito. Quando não estás trabalhando e tens um tempinho livre, o que gostas de fazer? Os filhos certamente vêm em primeiro lugar. Mas gosto de surfar, ler e ver tudo que não foi possível quando o trabalho estava mais intenso. E matar as saudades dos parentes mais distantes e mesmo dos amigos que foram pouco visitados por conta do trabalho. Pouca gente sabe, mas o Vladimir ama.... Acho que nada seria surpreendente. Talvez meu »»»



Confira mais

Muitos homens num só

amor seja óbvio e ele diz respeito à família mesmo. Estar vivo é bom. Conheces Belém? O que mais gostaste daqui? Não conhecia Belém até o ano passado. Queria muito conhecer e foi além das minhas expectativas. Fiquei em cartaz no lindo Teatro da Paz, tive uma recepção do público espetacular, presenciei na porta do teatro na véspera das apresentações um encontro de músicos tocando carimbó. Passeei de barco, comi muito peixe. Me chamou a atenção, o que já tinha ouvido falar, a vivência cultural que a cidade tem, com identidade própria. E voltei de lá com muitos CDs, vontade de voltar e saudades da Bahia! Talvez por reconhecer expressões culturais tão genuínas como as que vi ao crescer na Bahia. A vida começa quando…? Acho que começa mesmo quando damos o primeiro grito/choro ao sair da barriga da mãe. Mas acho que a vida recomeça toda vez que somos tocados por um livro, um poema, uma música, uma peça, um gesto, um pôr do sol, um beijo longo, uma abraço espontâneo… Por fim, há algo sobre o qual você gostaria de falar, mas não perguntei? Gostaria só de dizer que esse filme é da Mini Kerti, que o convite que ela me fez foi um presente que ela me deu e agradeço aqui, obrigado.

O filme marca a estreia de Mini Kerti na direção de um longa. Além de Vladimir Brichta e Alice Braga, a película traz ainda Caio Blat e trata-se da adaptação do livro "Memórias de um Rato de Hotel", de João do Rio, um dos maiores cronistas que o Rio de Janeiro já teve. O filme arrebatou o festival CINE PE de 2014 e levou, de uma só vez, dez prêmios: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Ator Principal (Vladimir Britcha), Melhor Atriz Principal (Alice Braga), Melhor Ator Coadjuvante (Pedro Brício), Melhor Direção de Arte, Melhor Edição de Som, Melhor Trilha Sonora e Prêmio do Júri Popular. Rio de Janeiro, início do século XX. A ocupação de Dr. Antônio (Vladmir Brichta) é se hospedar nos melhores hotéis da cidade e furtar pertences dos hóspedes. Sua vida muda ao conhecer Eva (Alice Braga), mulher que abriu mão de seu dom para o desenho para se casar. Ela é esposa de Jorge (Pedro Brício), um homem ganancioso e pouco atento aos interesses e desejos de sua mulher. Enquanto isso, Félix Pacheco (Caio Blat), diretor do recém-inaugurado Gabinete de Identificação, decide pôr um fim às manobras de Dr. Antônio, usando uma técnica de identificação por impressões digitais.


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Planejamento, Incorporação e Construção: Artes meramente ilustrativas que poderão ser alteradas sem prévio aviso, conforme exigências legais e de aprovação. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas e perspectivas ilustrativas com sugestões de decoração. Medidas internas de face a face das paredes. Os móveis, assim como alguns materiais de acabamento representados nas plantas, não fazem parte do contrato. Memorial de incorporação registrado no Cartório de imóveis 2º oficio – Comarca Belém – R.2/24441LM, em 28/10/14. Protocolo 231.538.


Um Standard Maestro

A história do pensamento pode ser associada à identificação de padrões. Nas Ciências Exatas é onde melhor pode-se perceber essa associação. Toda pesquisa envolve modelos matemáticos postos à prova até que se constate que a equação está correta e se aplica a todas as variações possíveis. Por outro lado, a nossa fantasia insiste em tentar simplificar estudos quase obsessivos em rasgos de genialidade. Para o deleite popular Isaac Newton desenvolveu a teoria da gravidade quando estava sonolento sob uma macieira e um fruto despencou sobre sua cabeça. Para melhor dar ares dramáticos só faltou dizer que era a mesma maçã que Guilherme Tell flechou sobre a cabeça de seu filho. Ora, essa simplificação do método científico remete às descobertas ao acaso e todo o trabalho passa a ser obra do acaso e da percepção genial de alguém. Imagino que as investigações começaram com uma suspeita: matéria atrai matéria. Por que atrai? Com que intensidade? Quais variáveis estão envolvidas? Quão ampla é essa afirmação? Meses, anos de questionamentos, testes em laboratório, planilhar resultados (não, ainda não haviam desenvolvido o Excel) e identificar padrões. Essa é a alma da ciência: identificar padrões. A pesquisa avança e começa a aparecer uma correlação entre as massas dos corpos: quanto maior as massas, maior a força de atração. Mas, percebe-se que essa força dilui-se com a distância. Então já temos três variáveis: a massa do corpo A, a massa do corpo B e a distância entre elas. É preciso identificar como agem entre si essas variáveis e qual o peso no resultado final de cada uma delas. Mais estudos e noites em claro para que as ideias comecem a se aglutinar e fazer sentido. Essa força de atração é resultado do produto das massas e inversamente à distância. Monta-se a fórmula: força = massa A x massa B / distância. Aplica-se o cálculo na prática e o resultado não confere, não é compatível com as observações. Volta-se ao laboratório e desconfia-se que a redução da força é mais intensa quanto mais aumenta a distância, não linearmente, mas geometricamente. Então se arrisca que a influência da distância é fruto do seu quadrado. Volta-se à fórmula e corrige-se para: força = massa A x massa B / (distância)2. Pronto, agora parece funcionar e nos testes chega-se a uma curva de correlação ideal, porém há uma necessidade de alinhar unidades

de medidas e acrescenta-se uma constante. Agora pode cair maçã à vontade, pois o resultado de anos de observações, estudos e testes chegou à sua máxima: matéria atrai matéria na proporção direta das suas massas e na proporção inversa do quadrado da distância que as separa. Não, esse não é um artigo científico; não tenho o conhecimento nem a pretensão. O que me chama a atenção é a mitologia que se forma pra difundir uma ideia complexa, mas principalmente a nossa vocação para tentar encontrar padrão em tudo. É da nossa natureza; nosso cérebro vive em busca de padrões para tentar explicar tudo. É consequência do nosso medo do que não conseguimos entender e da nossa eterna curiosidade que nos move para explicar o mundo em que vivemos. Não só aos cientistas cabe esse papel, todos nós estamos sempre tentando explicar alguma coisa, buscando padrões onde, na maioria das vezes, não existe. E é nisso que mora o perigo. Nesse afã insensato de a tudo explicar o cidadão normal abdica do método científico e tira suas conclusões a partir de uma das maiores invenções do ser humano: a intuição. Essa intuição é suficiente para justificar o seu método. Vai chover hoje é porque estou “sentindo” isso, não é porque nuvens se acumulam num céu cinzento. Hoje “sinto” que meu time vai ganhar e se realmente ganhar isso prova que minha intuição não falha. Minha vizinha sonhou com um homem elegante e sedutor então jogou no jacaré e ganhou na cabeça. Claro, homem sedutor é um boto, boto vive nos rios e nesses rios moram os jacarés; ora, tava na cara era só jogar e correr pro abraço. Além desse lado folclórico, outro perigo se avizinha: a base de dados. É corriqueiro todos chegarmos a conclusões apressadas com base num universo mínimo de observações. Não compro mais esse carro, tive um que deu defeito com menos de três anos. Essa geladeira é horrível, não durou nem um ano. Agora sim, esse telefone é ótimo, nunca me deu problemas. Com base numa amostragem absolutamente restrita chegamos a conclusões que reverberam nas redes sociais e uma determinada marca acaba sendo injustamente associada a ser um ótimo ou péssimo produto. Há alguns anos esse tipo de observação me intrigou e coordenei um estudo acompanhando mais de 10 mil computadores

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Celso Eluan empresário celsoeluan@ig.com.br

durante um ano para identificar aqueles que apresentavam mais ou menos defeitos. A amostragem e o período eram expressivos e qual não foi a surpresa para muitos (não para mim que já suspeitava quais seriam os resultados) que as diferenças de incidência de defeito eram estatisticamente irrelevantes entre as marcas mais conceituadas e aquelas menos afamadas. Num mundo globalizado os produtos têm seus componentes produzidos por uma base muito pequena de fabricantes (normalmente chineses) e as grandes marcas são, no final da cadeia produtiva, apenas montadores de componentes de terceiros. No entanto, essa conclusão em nada ajuda na hora de explicar a um consumidor o motivo da sua frustração, ele acaba tirando suas próprias conclusões a partir da sua experiência e raramente aceita argumentos estatisticamente mais sólidos. E com isso vão se construindo ou destruindo reputações. Mais curioso ainda nesse universo de conclusões populares são aquelas que vão ultrapassando gerações sem que desgrudem da nossa memória: “menino sai dessa chuva senão pega resfriado”. “Não misture nunca açaí com maracujá”. “Leite com manga, nem pensar”. “Sabe a fulaninha? Passou por baixo da escada e foi essa a desgraça dela”. “Gato preto, nossa que horror, longe dele!” “Na dúvida é melhor não arriscar diz o senso popular e atire a primeira pedra quem não tem seus próprios traumas”. Ora, se racionalmente até rimos dessas mitificações, por que é tão difícil abandonar esse comportamento? Eis um desafio para o próximo Newton, mas arrisco algumas pistas para bravos pesquisadores avançarem. Apesar de racionais, nosso cérebro é muito influenciado pelas emoções, tanto que ele é dividido em dois hemisférios, um regulado pela razão outro pela emoção. É Deus e o Diabo agindo em nossa consciência. Emoções, frustrações, experiências marcam tanto nosso comportamento e reações quanto as informações, a lógica e a racionalidade. Assim somos afetados pelas experiências tanto ou mais que pela razão. É a tal inteligência emocional que veio à tona há pouco tempo. Ambas habitam o mesmo corpo e respondem pelo que somos. Acho até que Newton deixou de sentar embaixo de macieiras.



decor

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foto Graziella Caliman

Ana Carolina Valente divulgação Assessoria: Isabela Kalume (arquiteta) Rosângela Martins (arquiteta) Zelinda Gouvêa (designer de interiores)

Umcheio ninho de amor Aquele momento tão especial já tem data marcada: a chegada de um bebê. A vida nunca mais será a mesma... e a casa, também não.

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uando o bebê está para chegar, a euforia e alegria contagiam todos e são muitos os preparativos para receber alguém especial e esperado com tanto amor pela família. Entre as adaptações no lar, o quarto da criança é uma das principais. O sonho é preparar um quarto bonito e confortável, impecável em todos os detalhes: nos móveis, nos objetos de decoração, na cor das paredes... Fica difícil imaginar como vai caber tudo o que se pretende [e precisa] comprar. É muito empolgante pensar em decorar o quarto do filho, mas, quando chega a hora de ir às compras e escolher, é dúvida na certa! São tantos produtos em exposição nas lojas que fica difícil eleger: afinal, o que vai ficar melhor? Quais cores, texturas e tecidos são tendência? É importante ficar atento aos detalhes, como escolher os itens essenciais e focar na segurança e circulação. Antes de sair comprando o que quer que seja, é de extrema importância ter real noção do espaço que tem disponível. Tire medidas ou chame um profissional para tal e desse ponto de partida, começamos a pensar em todo o resto. Não é necessário gastar uma fortuna para ter um ambiente cômodo e nem se preocupar demais se o espaço não for muito grande. Com um pouco de imaginação e planejamento, conseguimos criar um aposento que

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não faria feio em nenhuma revista de decoração. Para isso, o Decor desta edição conta com os conselhos e dicas superúteis das arquitetas Isabela Kalume, Rosângela Martins e a designer de interiores Zelinda Gouvêa. A seguir, elas esmiuçarão cada detalhe fundamental para ajudar a diminuir essa ansiedade e dúvidas em montar o espaço da sua cria. Relaxe e aproveite porque o melhor ainda está por vir. Móveis Móveis planejados e multiusos continuam sendo as melhores opções. Opte por móveis inteligentes e um bom exemplo deles é o gaveteiro que também tem a função de trocador. A mescla de móveis prontos com os planejados é um dos destaques dos ambientes, visando o melhor aproveitamento do espaço do quarto e resultando em mais funcionalidade e beleza. É fundamental que não esqueçamos que além de funcionais, o mobiliário não deve conter “pontas”. Suas bordas devem ser arredondadas para garantir a segurança da criança em primeiro lugar e também de quem mais transitar no ambiente. Há também móveis que, se bem planejados, podem acompanhar o crescimento por terem mais de uma função ou que são reversíveis, gerando uma economia futura considerável à família por terem. Seguem os principais: »»»


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Cômoda Tenha em mente que aquelas roupas bem pequenininhas, que ocupam tão pouco espaço, vão durar só alguns meses e, logo, logo, ele estará usando roupas maiores e mais volumosas. Daí a necessidade de gavetas ou até gavetões para dar conta de tudo o que não for pendurado. Mesmo com apenas um metro de largura, uma cômoda é um item indispensável do quarto do bebê. Você pode aproveitar a parede em cima dela para colocar uma prateleira com portinha para guardar remédios, fraldas descartáveis e outros artigos necessários para a troca da fralda, que ficarão apertados demais na superfície da cômoda se ela for pequena. Poltrona de amamentar Ter uma poltrona no quarto do seu filho para amamentar é uma ótima ideia, pois vai ajudar a compor um ambiente tranquilo e adequado para mãe e bebê ficarem sozinhos trocando carinhos. Prefira uma poltrona de cor básica, que depois possa se adaptar a outro cômodo da casa. Além de muito confortável, a poltrona ou cadeira de amamentação precisa ser forrada com um tecido fácil de limpar, como couro sintético ou natural, ou ter aplicação de um daqueles produtos para proteger o estofado. Por mais cuidadosos que os pais sejam não tem jeito, a poltrona vai se sujar de leite e golfadas, e aí não vai durar nada se não for bem limpa. Berço Uma das primeiras coisas a providenciar é o berço. Seu bebê dormirá nele até uns dois anos de idade, quando ocorre a mudança para a cama. Procure se informar sobre algumas considerações importantes para o berço – como a distância que deve ter entre as grades, o uso de rodinhas e berço com telinhas. Tudo para garantir a segurança do mais novo membro da família. Se o quarto destinado para o bebê for pequeno ou grande, considere um berço que já tenha acoplado a ele o trocador e algumas gavetas, assim poderemos abrir mão de uma cômoda separada e, quem sabe, ganhar espaço para uma cadeira e uma mesinha de apoio, sendo que a grande vantagem desse tipo de berço é ter tudo bem pertinho na hora de trocar o bebê. E claro, para completar, o colchão, que deve proporcionar qualidade e conforto, pois serão longas horas de sono sobre ele. Escolha um que tenha proteção contra líquidos na espuma e que combata o ácaro, mofo e fungo. Cesto para roupas sujas Esse é de fundamental importância, principalmente nos primeiros meses. Deixe-o no próprio quarto. O cesto vai garantir que as roupinhas limpas não se misturem a outras roupas sujas. No final do dia estará tudo separado para mandar para a lavanderia do lar ou externa.

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Guarda-roupas Se o quartinho de seu pequeno tiver espaço, aposte sem medo em colocar um guarda-roupa. Nele poderá guardar as roupinhas maiores, colocar os pacotes de fraldas e ainda poderá ficar tudo mais organizado visualmente. Lixeira Vai ser muito útil para quando for trocar as fraldas do bebê. Escolha uma neutra e resistente para poder ser utilizada em qualquer decoração durante o crescimento da criança. Cores Quarto de menino é azul e quarto de menina é rosa. Será mesmo? Hoje em dia tudo está diferente e muito mais moderno. Apostar em tons pastéis e cores sóbrias é uma dica principal e a grande aposta, afinal não deixam o ambiente pesado, interferindo no bem-estar da criança, por exemplo. Cores fortes no cômodo podem deixar os bebês mais agitados, já as cores claras, tranquilizam. Entre as pigmentações, destacamos a “presença” do dourado até nos quartos dos meninos, com temas como o de príncipe. Já nos quartos das meninas, o dourado pode ser aplicado em “jardins”. Quando for pensar em cores fortes, aproveite detalhes da decoração, como o viés de cortinas, almofadas e ursos de pelúcia dando um toque colorido ao quarto. No fim, abuse de tons neutros e das cores claras, pois sempre ajudam a tornar o espaço ainda mais aconchegante e tranquilo. Tons mais sóbrios também aparecem em paredes, tanto por meio de pintura quanto de papéis, deixando o quarto da criança mais atemporal. Dessa forma você não vai precisar escolher tão cedo uma nova cor para o quarto do bebê, sendo possível aproveitar até a adolescência.

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Cortinas As cortinas de voile (voal, aquele tecido fininho e quase transparente) são sempre elegantes, além de muito fáceis de lavar (e não precisam ser passadas!). Outra opção para ambientes onde o sol é mais forte são cortinas de tecidos firmes como algodão e sarja, que também podem ser lavadas em casa, na máquina (só que estes tecidos precisam ser passados). Papel de parede O papel de parede tem que combinar com as cores e a decoração do quarto (luz, móveis e espaço) e precisamos levar em consideração se usará persianas ou cortinas, kit de higiene e kit do berço. Ele pode dar um ar mais aconchegante ao ambiente além da praticidade de manutenção. Se planejar a decoração do quarto pensando no papel de parede, com certeza, o resultado será lindo. Existe uma variedade de opções podendo escolher um que ocupe a parede toda ou em estilo barrado, que faz uma divisória na parede. No estilo barrado temos a al- »»»

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ternativa de dividir a parede em cores, combinar os desenhos do papel com a decoração do quarto e costuma ser mais econômico. Acima das estampas e composições com o quarto, temos que ter um cuidado especial: é indispensável que se escolha um de boa qualidade e resistência, que esteja identificado, que evite fungos e mofos. Iluminação Até mesmo a iluminação é caprichada para os pequenos. O uso de focos indiretos e luzes de LED, seja em móveis, forros de gesso ou painéis de madeira, deixa o espaço mais valorizado sem incomodar o neném com a claridade. Além do baixo consumo e por evitarem o calor excessivo, abolindo o famoso efeito “estufa”. Temos também a incrível utilidade dos dimers que regulam a intensidade de luz. As lâmpadas com tons amarelados são muito mais agradáveis aos olhos tão sensíveis dos pequeninos. Lembre-se: lâmpadas brancas, jamais! Acessórios Memorize que os acessórios devem sem pensados não só pelo fator estético, mas aliar a isso sua funcionalidade. Abaixo alguns itens vitais que completam não apenas a decoração, mas o conforto do ambiente: Cortinado ou mosquiteiro para o berço Além de conferir um ar aristocrático ao berço, os mosquiteiros servem mesmo para proteger os bebês de picadas de insetos em uma fase em que ainda não podem usar pomadas ou cremes na pele. Quando comprar o berço, verifique se ele tem varão (pode ser varão inteiro ou só meio) para colocar o mosquiteiro. Se não tiver, pode ser instalado um suporte no teto para acomodar o mosquiteiro. O tecido normalmente é tule que é leve e facilita a lavagem e secagem. Kit de berço Na maioria das lojas infantis, os kits básicos são compostos de uma cabeceira e duas laterais para o berço, um edredom e um trocador (algumas lojas oferecem ainda a chamada bala, uma espécie de almofada comprida). Objetos de estima Se o papai e a mamãe ainda tiverem brinquedos antigos guardados numa caixa, eles são muito bem-vindos. Não gastam dinheiro e criam um ambiente gostoso “de volta ao passado”. A tendência é aproveitar ao máximo os itens que você já tem em casa.

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Molduras antigas e sem utilidade podem compor paredes e criar ambientes mais íntimos para o novo quarto. Prateleiras multiuso Suas melhores amigas! Nos primeiros aninhos da criança elas serão importantes para a decoração, para guardar os cremes e tudo que é preciso estar sempre por perto para as mamães. Mas, logo depois, elas podem ceder espaço para os utensílios e livros. É prática e uma ótima escolha na hora de preparar o cantinho especial.

Quarto de gêmeos Amor em dobro, alegria em dobro... e o espaço? Calma, pais! Todas as dicas anteriores funcionam nesse caso e, claro, temos mais algumas. A palavra chave para a necessidade no quarto dos gêmeos (trigêmeos ou mais) é simetria. Nada precisa ser duplicado além do berço, basta desenvolver os móveis planejados de maneira que caibam coisinhas fofas em dobro. Portas de correr nos armários são fundamentais e trocador embutido. Nos berços, rodinhas são bem-vindas para melhor versatilidade do espaço. A liberdade no uso de cores e temas, hoje em dia, permite que façamos um quarto com bases neutras e usemos recurso de detalhes para diferenciar o sexo do bebê (em caso de sexos opostos), como cores de kit berço diferentes para destacar cada berço individualmente, ou nomes adesivados na parede e afins. Há quem escolha também o quarto inteiro em tom pastel e acabamento em dourado que valem para o mesmo sexo, utilizados de objetos como coroas para diferenciação. O uso da criatividade se faz necessária, porém com devida cautela para não tornar o que seria um espaço singelo em uma alegoria carnavalesca. Agora que já sabemos como aproveitar melhor o espaço e como otimizar o quarto do bebê para os próximos anos deles, aproveite esse momento tão esperado e viva plenamente a maternidade e a paternidade. Lembre-se sempre que este será o ambiente que deverá refletir e estreitar o maior de todos os sentimentos: o amor.

foto Graziella Caliman

Som Equipamentos de som são interessantes neste cômodo, pois a música pode servir para marcar a hora do banho, do sono, do passeio, isso é muito importante para as mães se comunicarem com os bebês, que assim ficam sabendo a próxima atividade que será executada.

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A geometria

de

Pablo Picasso Mostra expõe aproximadamente cem obras de artistas espanhóis, com destaque para o maior nome do Cubismo, em que é possível relacionar os contextos e os movimentos de influência artística sob os quais foram criadas algumas das maiores obras da arte moderna.

O

pequeno Pablo Ruiz Picasso tinha apenas sete anos quando começou a desenhar. Apoiado pelo pai, que além de pintor era professor de desenho e curador do museu da pequena Málaga, a cidade no sul da Espanha onde o menino nasceu, ele observava a natureza e logo ia passando para o papel as suas primeiras impressões do mundo. A mãe e os primos do garoto também o apoiavam, propondo diferentes desafios para o futuro artista: “Pablo, desenhe isso!”, apontava um dos primos na direção de um animal que estava por perto. “Comece desenhando pela orelha”. “Agora, comece pela pata dianteira”. O jogo continuava com eles mudando o animal e o ponto de partida do desenho. E no fim, todos ficavam fascinados com sua capacidade para representar absolutamente tudo o que via.

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Na adolescência, ele já conseguia fazer com lápis ou tinta desenhos e pinturas com o mesmo nível de qualidade alcançado pelo pai ou qualquer outro professor de arte de toda a Espanha. Certa vez, ao recordar como a família se orgulhava de seu talento, Picasso revelou que um dia seu pai simplesmente abandonou a pintura. “Ele me deu seus pincéis e suas tintas e nunca mais quis pintar”. É famosa a frase em que Picasso calcula ter demorado quatro anos para desenhar como o mestre renascentista Raphael “e uma vida inteira para pintar como uma criança”. Isso porque, a partir de sua maturidade até seus últimos dias, Picasso se esforçou para desconstruir aquela maneira formal como aprendera a desenhar. Ao longo desse processo de desconstrução em sua extensa e prolífica carreira artística, que »»»

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durou mais de 75 anos, ele passeou por diferentes estilos – alguns inventados por ele mesmo – e criou milhares de obras. Não apenas pinturas, como também esculturas, gravuras, colagens e cerâmicas, utilizando os mais diversos tipos de materiais: de jornais a máscaras de tribos africanas. Viveu 91 anos e, sem exageros, é considerado o artista mais importante do século XX. Por essas e outras razões, já foi dito que Pablo Picasso criou a Arte Moderna, praticamente sozinho. Não é pouca coisa. Mas é justamente sobre essa aura mítica em torno do artista de mil facetas, que tenta lançar luz a exposição “Picasso e a Modernidade Espanhola”, da coleção do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, de Madri. Com cerca de 90 obras de artistas espanhóis, todas do período do modernismo e com destaque para trabalhos do maior nome do estilo Cubista, a exposição posiciona a obra de Picasso entre os anos de 1910 e 1963 para esmiuçar os contextos históricos, artísticos e sociais em que foram criadas, removendo o artista daquela posição entre o heroico e o lendário para situá-lo em um novo espaço, de inter-relação com outros criadores espanhóis do mesmo período. Após sua exibição no Centro Cultural Banco do

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Brasil (CCBB) de São Paulo, a mostra segue para a sede do CCBB do Rio de Janeiro, onde poderá ser vista entre 24 de junho e 7 de setembro. A curadoria é de Eugenio Carmona, professor de História da Arte da Universidade de Málaga e conceituado especialista no tema. Em entrevista a um programa de televisão de um canal por assinatura no Brasil, ele destacou que a dualidade de Picasso é um dos fatores mais importantes para a compreensão do sentido de modernidade em sua obra. “O sentido de modernidade tem a ver com unidade de variação, com citar a si mesmo, com evocar os mestres do passado e ter um museu dentro da própria cabeça... Picasso acabou sendo visto como um artista pós-moderno ou até mais que isso: um autor de transição entre o passado e o futuro. Alguém que foi capaz de modificar as linguagens artísticas profundamente, mas ao mesmo tempo, citar Velázquez, Rembrandt, Ingres, a arte clássica. Ele lembra a obra dos mestres e os traduz para a modernidade. Essa dualidade faz parte do sentido de moderno dele”. A mostra apresenta os diálogos, as relações e os desafios que são estabelecidos entre Picasso e outros artistas modernos espanhóis, entre os quais estão nomes como Salvador Dalí, Julio Gon-

zález, Eduardo Chillida, Martín Chirino e Pancho Cossío. Entre as pinturas, esculturas, desenhos e gravuras também destacam-se as obras Siurana, el Camino, de Juan Miró; El Violín, de Juan Gris e Composición Cósmica, de Óscar Domínguez. Ainda segundo o curador, Picasso foi uma referência para todos os artistas espanhóis que aspiravam transformar a arte no sentido da modernidade. “É um erro pensar que ele é o mestre dos maiores artistas espanhóis modernos. Não é bem assim. Os artistas espanhóis modernos olhavam para Picasso porque ele era uma referência internacional: todos os artistas do mundo também olhavam para Picasso. Mas isso não quer dizer que esses mesmos artistas não acabaram encontrando suas próprias linguagens e criando as suas propostas”. Essa relação de mútua influência artística aconteceu entre ele e o catalão Joan Miró: “Há momentos em que a obra de Picasso influencia a de Miró. Há momentos em que a obra de Miró demarca um caminho em Picasso... Até que chega o momento de uma relação absoluta entre ambos”. Carmona defende que é possível estabelecer também um paralelo entre a obra de Picasso e a de Salvador Dalí, mas por outra perspectiva, já que este último fez o que ele classifica como uma »»»



espécie de apropriação. Embora ainda na juventude, até desenvolver sua própria abordagem, tenha tentado imitar os estilos clássico e cubista de Picasso (acrescentando, porém, um conteúdo psicológico às interpretações das obras), o surrealista não despertou muito o interesse do malaguenho. “Nunca entre eles houve uma relação, mas em minha opinião, Picasso assimilou muitos dos componentes da imagem dúbia que, mais tarde, Dalí viria teorizar”, pondera o curador. Dividida em oito salas, a exposição aborda em “Picasso: O trabalho do artista” e “Picasso: Variações” a relação do artista com a modernidade e sua diversidade criativa. Entre as obras com a assinatura de Picasso estão Cabeça de Mulher (1910), Busto e Paleta (1932), Retrato de Dora Maar (1939) e O Pintor e a Modelo (1963). Além disso, são apresentadas obras que unem “Ideia e forma”, “Signo, superfície, espaço”, “Realidade e super-realidade” e “Natureza e cultura”. Nos outros espaços é mostrada de forma transversal a relação do pintor malaguenho com os demais modernistas espanhóis. Um módulo especial é dedicado a um mergulho no imaginário de Picasso, com estudos e esboços para Guernica, que ajudam a compreender como ele concebeu a iconografia desta que é uma das mais impactantes obras de arte de todos os tempos. Criada como uma reação imediata ao bombardeio nazista que, durante a Guerra Civil Espanhola, matou mais de 100 civis na pequena cidade que dá nome à pintura, »»»

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Guernica é um pungente e atemporal manifesto em favor da paz. Por dentro da mente de Picasso: considerada a obra-prima do pintor, que lhe conferiu fama global, Guernica retrata os horrores da guerra civil após o bombardeio da pequena cidade de mesmo nome no País Basco, em 1937. Na mostra, é possível acompanhar o processo de evolução criativa dos personagens que compõem esse mural, por meio de diversos estudos preliminares e esboços executados pelo artista espanhol. Cubismo: o mais revolucionário de todos os Picassos Ao lado do amigo Georges Braque, Picasso desenvolveu um novo estilo para a pintura a partir do princípio de Paul Cézanne, que ele declarou ser o seu maior mestre. O exercício consistia em redu-

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zir o mundo visual às formas básicas. Explorando esse recurso, a dupla analisava cuidadosamente o objeto antes de retratá-lo, tentando descobrir facetas e planos que sugerissem sua estrutura interna. Além da ênfase às formas básicas (quadrados, retângulos, triângulos, cilindros etc.), também retrataram as coisas de vários ângulos ao mesmo tempo. Ao observar a obra de Braque, um amigo escritor teve a impressão de que tudo ali se mostrava como “cubos”, intitulando o novo estilo de “Cubismo”. Não tardaria até que outros artistas adotassem a mesma maneira de pintar, tornando o estilo popular em diversos países do mundo. Com suas novas propostas de perspectivas para fundo e figura, espaço e objeto, aquela nova forma de pintar estabeleceria uma mudança absoluta na arte. O Cubismo se constitui apenas como uma das »»»


muitas maneiras de pintar usadas por Picasso, mas foi certamente a mais revolucionária delas. Não por acaso, o ponto de partida da exposição é o início de 1910, considerado momento-chave do amadurecimento das poéticas do Cubismo e de sua proposta de reordenação do olhar moderno. “O estudo da forma, a possibilidade de uma pintura de caráter analítico, se opõe a antigas concepções essencialistas que associavam a sensibilidade artística espanhola a certa tendência dionisíaca, dramática ou carnavalesca”, pontua Manuel Borja-Villel, diretor do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía.

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Picasso trabalhou em diversos estilos, mas foi especialmente no Cubismo que inventou novas maneiras de representar as coisas. Mostrou objetos simultaneamente de vários ângulos, combinando muitas vezes uma vista de frente com outra de perfil. As formas angulares e as cores exageradas e distorcidas de suas telas são capazes de transmitir as emoções mais pungentes. Com isso, sua obra conferiu não apenas uma nova importância aos sentimentos pessoais, às pequenas coisas da vida que nos cercam, como também uma nova dimensão aos grandes acontecimentos de sua época.


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Bruna Valle

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Cape

Town

Existem lugares paradisíacos sobre a Terra e a Cidade do Cabo é um deles – um ponto no globo onde, depois de conhecer, você quererá visitar várias vezes... até decidir comprar uma casa por lá.

“U

m dos melhores e mais amados lugares para se visitar e morar” – assim é conhecida a Cidade do Cabo na África do Sul, também chamada de Cape Town. Segunda maior cidade de seu continente, localizada na costa da Baía da Mesa (Table Bay), Cape Town é um verdadeiro convite à história do mundo. Ainda é possível vislumbrar no passeio mais corriqueiro sua influência colonial holandesa e inglesa, herança das grandes navegações e conferir de perto registros do Apartheid, já que além de ter sido cenário vivo da segregação racial, também abrigou o exílio do maior símbolo de combate ao regime, Nelson Mandela. Se no início a Cidade do Cabo chamou atenção por sua localização estratégica na rota de comércio para o Oriente, hoje são suas atrações turísticas de tirar o fôlego, belezas naturais deslumbrantes, uma riqueza multicultural ao alcance dos olhos e, ainda, uma herança histórica e diversa – já que faz parte de um país que tem 11

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línguas oficiais – é que dão forma a um lugar bem especial de apreciar em detalhes que vão muito além do exotismo africano. Suas cores a perder de vista, museus e habitantes são peças-chave para uma experiência extra-sensorial de fato. E não é difícil se dar conta disso logo à primeira vista: somados à sua geografia deslumbrante, existem programas para todos os gostos e interesses. Diversidade é palavra que melhor define o leque de escolhas possíveis e disponíveis para quem quer conhecer um pouco mais da África do Sul, além dos safáris. Seu clima é mediterrâneo e quente, com umidade moderada no inverno. Mesmo sendo um ambiente litorâneo, não é bem como conhecemos por aqui. Pois sua proximidade com a Antártida influencia os ventos e correntes de ar que costumam ser bem mais frios do que o que estamos acostumados a sentir na praia, a temperatura oscila entre 15 e 29 graus no verão e 4 e 12 graus no inverno. Então vale a pena considerar a »»»


estação do ano antes de agendar as passagens. A melhor época para visitar é de setembro a maio, época entre as estações de outono e primavera. O metrô é uma das formas mais comuns de conhecer a cidade, embora isso demande um pouco mais de tempo e paciência. Nele você tem a oportunidade de conhecer algumas das mais de 80 estações que contemplam a área metropolitana da cidade. Contudo, essa opção pode dificultar um pouco a liberdade de circulação e pecar na segurança, principalmente se for marinheiro de primeira viagem. O ideal, e mais indicado, é alugar um carro, pois além de economizar em dinheiro, o tempo ganho é valiosíssimo para gastar com outras coisas. Mas não esqueça que é preciso ter um certificado de habilitação em inglês para ser seu próprio guia nessa empreitada. E que você deve providenciar antes de viajar. Se nenhuma dessas opções atrai seu interesse, é possível contratar um serviço de transporte guia. Aí não tem erro. Famosa também por sua Montanha da Mesa (Table Mountain – cartão-postal da cidade), suas belas praias espalhadas ao longo da costa e uma vida urbana pulsante, quem passa por lá precisa de um bocado de organização no itinerário para conseguir conciliar tudo que é possível vivenciar na região. E para não deixar nenhuma chance de aproveitar cada momento, você pode mapear seu

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passeio com os temas que mais se identifica. Sim, esta cidade reserva uma gama vasta de encantos, uma ou duas paragens com certeza, têm tudo a ver com a sua expectativa. Patrimônio verde Para quem adora flores e campos verdejantes vai encontrar no Jardim Botânico Nacional de Kirstenbosch, 528 hectares da flora natural do sul da África. São mais de 7 mil espécies nativas da região localizadas nas encostas da Table Mountain, que desde 1913 é conservada com afinco e muito cuidado – pertencente à lista de patrimônios naturais da Unesco –, que pode ser o destino ideal para um picnic mais que especial. Sem falar nas oito áreas protegidas desde a Península do Cabo até o litoral de Eastern Cape (Cabo Oriental, local que abriga uma biodiversidade surpreendente que se renova a cada ano). Para quem tem urgência em se conectar com a natureza, pode incluir neste panorama aproximadamente 11 mil espécies marinhas, 125 espécies de pássaros e também numerosos mamíferos, répteis, sapos e invertebrados. Onde fica? Ao lado das encostas orientais da Table Mountain. Maravilha do mundo Eleita uma das novas Sete Maravilhas do Mun-

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do, a Table Mountain é de uma grandiosidade e peculiaridade única. Seu complexo montanhoso é cartão-postal, famoso ponto turístico e marco histórico da África do Sul, com um pico que atinge 1.086 metros de altura. Cercada pela Table Bay (Baía da Mesa), é possível contemplar as águas das quase cem praias ao redor. Uma vista sem precedentes do pôr do sol africano. Para o topo da Montanha da Mesa é possível ir de Cableway, um bonde-teleférico parecido com o que temos no Cristo Redentor. Mas para os mais aventureiros e desbravadores existem 500 trilhas guiadas. Quem gosta de passeios mais excitantes pode ir neste caminho e ter uma experiência bem mais rica em detalhes naturais. Mas para isso é preciso estar atualizado sobre a previsão do tempo, pois é normal que por sua elevação a montanha esteja entre nuvens, o que dificulta não só a visão do lugar, mas o total aproveitamento de sua vista privilegiada. O conhecido “Cabo da Boa Esperança”, batizado anteriormente de “Cabo das Tormentas”, em 1488 por Bartolomeu Dias, está localizado na península do Cabo, a apenas 50km da cidade. Ele também faz parte do complexo da Table Mountain, bem no encontro entre os Oceanos Atlântico e Índico, reunindo assim mais um motivo para conhecer esse portento geográfico. »»»



Onde fica? Tafelberg Road, 8001 Tel: +27 (0)21 424 8181 // +27 (0)21 424 0015 www.tablemountain.net

desses graciosos e curiosos habitantes pertencentes a uma temperatura mais gélida. Mais informações: www.bouldersbeach.co.za

Praias Areia branca e águas cristalinas são uma realidade onírica das praias que banham a região do Cabo. A praia de Camps Bay, uma das mais agitadas e bonitas da península, seja para tomar banho de sol ou aproveitar um happy hour depois do expediente, é o destino perfeito para os que procuram badalação e gente descolada em bares e restaurantes bem interessantes. Onde fica? Camps Bay Drive, próximo à via de acesso a Table Mountain. Já na Clifton a atmosfera é de calmaria. As águas são mais pacíficas, seus transeuntes e turistas seguem uma linha mais tranquila. A apenas alguns minutos do centro da Cidade do Cabo, ela é a união de quatro praias separadas por imponentes rochas de granito. Classificada pela Forbes.com no “Top 10 praias de topless no Mundo” essa maravilha está situada nos subúrbios de Camps Bay e Bantry Bay. Em Boulders Beach a coisa muda totalmente de figura. Por lá são os pinguins que dominam o espaço. A colônia preservada fica no trajeto em direção do Parque Nacional da Montanha da Mesa e é possível pagar uma taxa para assistir ao show natural

E para os mais ousados tem ainda a Sandy bay, uma isolada e agradável praia onde é praticado o nudismo. Localizada ao sul do centro de Cidade do Cabo, é preciso caminhar cerca de 20 minutos a pé nas pedras para chegar às areias da praia. Se for de carro é preciso chegar bem cedo, pois o estacionamento em Llandudno Car Park é limitado.

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Herança cultural Robben Island, a ilha patrimônio da humanidade, bem com o District Six Museum compõem um verdadeiro memorial sobre o apartheid. Além de resguardar registros e memórias de muitos que viveram o regime de segregação racial, incluindo neste grupo Nelson Mandela – preso político da ilha durante o regime, ainda oferece a oportunidade única de visitar o local sob a orientação de ex-prisioneiros nativos. Alguns desses guias nativos até conheceram Mandela e podem narrar algumas histórias bem melhor que os livros de história. Modesto e charmoso em sua pequena dimensão espacial, tem o nome do bairro homônimo e sua trajetória retratada da forma mais fiel e vívida possível, sob a perspectiva de seus antigos habitantes.

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Mais informações de reserva: +27 (0)21 409 5100. Site: www.robben-island.org.za O Castle of Good Hope (Castelo da Boa Esperança), mesmo nome dado ao Cabo das Tormentas, representa uma fenda no tempo capaz de transportar-nos até a era das grandes navegações. Construído pelos holandeses, já foi sede administrativa e militar de Cape Town – ainda abriga a Western Cape, força de defesa militar. Mas é um lugar especialmente importante para quem gosta de viajar ao passado. Neste museu é possível conhecer de perto peças de mobília, pinturas, até objetos que revelam o estilo de vida dos colonizadores da época da fundação da cidade. Localizado em um forte, é uma das construções mais antigas do continente. Diariamente ele ainda reserva um espetáculo à parte para os apaixonados por história, além de ser excelente ponto de observação do centro da cidade, a cerimônia da troca de chaves é proclamada com um tiro de canhão com toda a pompa das antigas. Mais informações: Tel: +27 (0)21 787-1260 www.castleofgoodhope.co.za Passeios e programas ao ar livre Quem visita lugares gentis e luminosos como Cape Town quer sempre levar uma amostra para casa, um souvenir. A Greenmarket Square é o lugar »»»


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perfeito para encontrar coisas assim. Localizada em uma das praças mais antigas do país, seu caminho em paralelepípedos reúne o que há de mais rico do artesanato local de joias, artefatos culturais e vários outros objetos comuns com toque ao estilo da cidade, tudo a preços acessíveis. Somado a este variado polo comercial artístico temos restaurantes e cafés para não ficar de mãos cheias e barriga vazia. Agora se o objetivo é comprar e se divertir ao mesmo tempo, seu lugar é no Bay Harbour Market. Ele une feira de trabalhos feitos de forma manual e atrações artísticas locais com uma trilha especial ao fundo. E não se preocupe, pois as boas iguarias locais também têm lugar garantido neste dois em um maravilhoso. Mais informações: http://www.bayharbour.co.za Se você morre de amores quando vê nos filmes aquelas sessões de cinema a céu aberto, vai se apaixonar pelo Galileo Open Air Cinema . Com quatro opções de localidades distintas é possível, também, ter essa experiência peculiar em belas propriedades vinícolas da região. A programação é estrelada por clássicos da sétima arte e além de poder curtir este programa superdescontraído com uma taça de vinho premiado na mão, basta alugar sua cadeira e cobertor para aproveitar a sessão.

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Mais informações: http://www.thegalileo.co.za Falando em vinho, neste itinerário extravagante não pode faltar uma visita para ver de perto um dos produtos de exportação mais importantes da África do Sul. Para conhecer um pouco deste lado saboroso é preciso sair um pouco de Cape Town rumo às regiões vizinhas, fica tão perto que não dá para deixar de lado. A lista de opções é numerosa e passa pelas regiões de Breede Valley, Stellenbosch, Drakenstein entre outras. As uvas mais produzidas são viognier, pinotage, sauvignon blanc, chenin, shiraz cabernet, chardonnay e merlot. Mas calma, para tudo isso acontecer da melhor forma possível é preciso de algumas informações superúteis. Afinal, informação sobre lugares jamais visitados por você nunca é demais. Então faça uma lista de dicas para facilitar sua vida e melhorar sua circulação na cidade. Aeroporto da Cidade do Cabo Cape Town International Airport Tel: +27 (0)21 937-1200. Informações sobre voos: +27 (0)21 86-727-7888 www.acsa.co.za/home.asp?pid=229 Moeda Oficial: Rand Sul Africano. Verifique a cotação antecipadamente, assim fica mais difícil errar nas despesas.

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Idioma: Inglês e africâner Documentos necessários: Não é necessário ter visto de turismo. Mas a imigração sul-africana exige pelo menos 30 dias de validade e uma página em branco na seção de vistos. Vacina requerida: Febre amarela Fuso horário: Adiante cinco horas a partir do horário de Brasília Discagem Direta Internacional: 27 (África do Sul) e 21 para Cidade do Cabo Endereços úteis na internet para saber mais antes de chegar à cidade e informações do consulado brasileiro: Consulado do Brasil na Cidade do Cabo. Endereço: 22 Riebeek Street, Triangle House - 21st Floor, Cidade do Cabo 8001, República da África do Sul. PO BOX 7958 Roggebaai, 8002. Telefones: (00xx27) 21 421-4040/1/2 ou 021 4214040/1/2 para ligações locais Fax: (00xx27) 21 421-1216 ou 021 421-1216 para ligações locais Telefone de emergência: (00xx27) 820778496 ou 0820778496 para ligações locais. http://capetown.itamaraty.gov.br/pt-br/



Filhote, peixe de grandes paixões

Ângela Sicilia Chef de cozinha

Quando a chef Roberta Sudbrack esteve no Pará, há dois anos, e conheceu [além de experimentar] o Filhote, declarou que estava vivendo um caso de amor. Nós, paraenses, sabemos bem deste sentimento. Mas... conhecemos sua história? O filhote, nome dado ao – de fato – filhote do Piraíba (Brachyplathystoma filamentosum), só pode ganhar esse nome até seus 60 kg. Se ultrapassa esse peso, a carne do peixe fica fibrosa e deve ser usada em pratos que exijam carnes firmes e resistentes a longos períodos de cocção, como peixadas e cozidos. Aliás, quando adulto, o Brachyplathystoma filamentosum pode facilmente chegar aos 300 quilos (!!!). Ah, é bom avisar: o Piraíba é carnívoro e em torno dele há lendas, muitas lendas entre caboclos e indígenas. Mas voltemos ao filhote: o peixe é um dos mais consumidos e preferidos pelos paraenses. Em uma rápida incursão ao mercado de peixe do Ver-O-Peso, é possível comprá-lo até o meio da manhã; inteiro ou já sem o espinhaço e a pele, acomodado em pacotes que podem chegar até aos 3 kg de pura carne. Filhote, o pescado é delicado. Sua carne é generosa, tenra e muito saborosa. Falando por mim, confesso: também sou uma apaixonada pelo Filhote. Se preparado da forma mais simples possível, melhor ainda. Uma coisa que adoro em nossa cozinha é a (complexa) simplicidade do modus operandi paraense: limão, sal e a grelha. Coberto de uma crosta, resultante da exposição ao fogo, o Filhote revela-se uma linda surpresa no prato, porque ao cortá-lo sua carne macia revela-se alva. Aí, amigos, esta paraoara italiana se derrete em suspiros e basta um limão, farofa (se tiver farinha bem torrada, melhor ainda!), além de uma pimenta de cheiro espremida no prato para a paixão se consumar...

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gourmet

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Bianca Borges

Leo Aversa / divulgação

A coleção da

chef

Ao celebrar a marca de vinte anos de carreira, Roberta Sudbrack reforça sua ousadia, uma das características que a consagraram na alta gastronomia, com nova coleção de ingredientes que irão compor os pratos de seu premiado restaurante.

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im, querido leitor, você leu corretamente: o termo é “coleção”. Mas antes de explicar seu significado, é preciso entender que Roberta Sudbrack definitivamente não está interessada em uma linha criativa que podemos classificar como “convencional”. Corajosa, a chef tornou-se pioneira no Brasil com as propostas gastronômicas apresentadas nos jantares com a sua assinatura e, mais tarde, no restaurante que leva seu nome, aberto no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro, e que está completando uma década de existência este ano. Premiado com uma estrela no disputado Guia Michelin, o restaurante de Roberta ficou na 13ª posição na lista dos 50 Melhores Restaurantes da América Latina, publicada pela William Reed Business Media. Em terras cariocas, foi a primeira a apostar no chamado “menu degustação”, em que o cliente é servido sem escolher os pratos previamente. Mas nenhuma proposta da chef surpreendeu tanto quanto a utilização de ingredientes tidos como “triviais” e renegados à “segunda categoria”, até então impensáveis na alta gastronomia. Driblando ideias pré-concebidas e sendo coerente com seu ousado estilo, Roberta elegeu quiabo, chuchu e jaca como estrelas para suas criações culinárias. Os ingredientes constavam em uma de suas mais elogiadas “coleções”.

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Agora, a explicação: anualmente, Roberta organiza um jantar especial em que apresenta aos clientes a sua nova coleção, uma série de ingredientes que, ao longo de um ano, serão trabalhados, desdobrados e experimentados à exaustão em sua cozinha. Para escolher os itens, a chef volta os olhos exatamente para o que há de mais trivial na cozinha brasileira cotidiana, tentando encontrar um caminho para ir além dela. “Adoro perseguir outras dimensões para esses ingredientes: desvendar novas possibilidades, inserir uma narrativa atual que ajude a mudar a forma como são vistos e usados. Assim, busco exercer uma influência à altura da nossa riqueza culinária, na construção de um sentido mais amplo, que ultrapasse o excêntrico”, explica a chef. Batizada de “Terras Navegantes”, a nova coleção propõe uma viagem pelos sentidos a partir dos ingredientes vindos das mais diferentes regiões brasileiras, sendo alguns também originários de outros países. “O interessante não é exatamente onde se originaram os ingredientes, mas, como o alimento estrangeiro, vindo de tantas partes, de tantas naus, misturou-se entre nós e, através do tempo, transformou-se em uma comida tão nossa que, mesmo sem ter nascido no Brasil, é evidente a sua brasilidade. Vindos de Portugal, África, China ou com os imigrantes ocidentais, orientais ou os »»»


que nos foram apresentados pelos nossos povos indígenas”, defende a chef no texto de apresentação da coleção. Entre os eleitos, estão repolho, batata e, novamente, aparecem o chuchu, o quiabo e o maxixe. Surge um inusitado jamón pernambucano e, em uma clara homenagem às suas origens, a chef vai buscar a erva do chimarrão para compor novos pratos. Quando o assunto são frutos do mar, ela continua com a máxima de “o que a natureza oferecer”. Como seu restaurante não possui um menu fixo, ela tem a flexibilidade de trabalhar com os produtos disponíveis para aquele dia, atendendo o seu preceito de respeitar o tempo e as estações dos alimentos, e assim obtê-los mais frescos. A herança nordestina surge no aipim, no feijão de corda, no mel de caju e na paçoca de carne de sol. As linguiças artesanais remetem ao interior paulista. De origem gaúcha, Roberta é apaixonada pela cozinha brasileira tradicional e não esconde seu apreço pelas culinárias regionais da Amazônia, do Cerrado e do Nordeste. Além do mergulho na tradição da cozinha de raiz, ela considera fundamental em seu processo criativo a experimentação, a pesquisa e a aproximação da culinária a outras vivências, incluindo experiências artísticas. “Costumo dizer que há mais coisas entre o prato e a boca. Nesse sentido, encaro a culinária como parte da experiência humana e, como tal, ela se aproxima das demais artes, dentro de uma perspectiva de que todas elas se voltam para instigar os sentidos e provocar experiências únicas. Gosto de olhar a gastronomia sob essa perspectiva reflexiva e cultural que interliga a arte culinária a vários processos do conhecimento humano”. Autodidata, a chef tem em suas viagens dentro e fora do Brasil uma das principais fontes de inspiração e de pesquisa de novas referências. “As viagens sempre foram uma grande fonte de aprendizagem; não só os restaurantes (famosos ou não), como também os mercados locais, as feiras, os supermercados, as pessoas, as exposições de arte, a música, os passos de um ballet que assisti e, acima de tudo, os livros que gosto

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de comprar. Essas sempre foram minha fonte de conhecimento e minha forma preferida para aprender. Fica tudo armazenado em minha memória e, na hora de pensar a nova coleção, isso emerge de alguma forma”. Outro aspecto que se destaca em sua gastronomia é o apelo emocional. Alguns pratos criados pela chef têm, no fundo, o gosto de uma doce recordação e a capacidade de resgatar lembranças sensoriais. Eles apelam para a memória afetiva dos clientes na mesma medida em que a chef tenta reproduzir em sua cozinha as sensações que eram despertadas pelas comidas preparadas pelos seus avós, quando ela era ainda uma menina. “Busco uma cozinha de essência, feita à mão em um minucioso processo que permita dar a devida atenção ao detalhe. Essa sempre foi minha preferência: fazer ponte entre os tempos gastronômicos, unindo o clássico e o moderno, as tradições às iniciativas; sem deixar de fora o simbólico, os elementos lúdicos que mexem com todos os sentidos e vinculam as nossas emoções”, detalha. Roberta não tem medo de revisitar o passado. Ao contrário, ele é fonte constante de novas pesquisas,

experimentações e reinvenções para sua cozinha. Na mais recente incursão aos velhos tempos, ela resgatou o seu famoso cachorro-quente, personagem que foi praticamente o responsável por inseri-la na gastronomia – antes disso, ela sonhava em ser veterinária. De volta ao começo de tudo Ainda jovem, Roberta se viu diante da necessidade de ganhar dinheiro para sustentar a avó, após seu avô falecer. Ela, que nunca havia cozinhado antes, passou a vender nas ruas de Brasília, onde morava, um cachorro-quente feito com o molho preparado pela matriarca e o melhor pão, a melhor salsicha e o melhor queijo que conseguiu encontrar no mercado, porque pra ela “a qualidade dos ingredientes é inegociável”. Surgia ali o primeiro sinal de que ela se tornaria uma chef. Hoje batizado de SudDog, o cachorro-quente é a atração principal do food truck que ela inaugurou há alguns meses no Rio de Janeiro e que já conquistou o público da cidade. Obstinada, ela abraçou essa nova empreitada com a mesma disciplina e rigor que encara o tra-

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balho em seu sofisticado restaurante, e não acredita que trabalhar com duas vertentes tão distintas possa confundir sua identidade gastronômica. “A minha identidade está no produto e na forma como eu o encaro, com respeito e reverência, e não na linguagem (erudita ou popular, formal ou informal). Mesmo para alguém com uma história devotada à alta gastronomia como eu, o desafio é justamente não confundir. No meu caminhão faço comida de rua e é justamente isso que me encanta na culinária, as suas infinitas possibilidades”. Para enriquecer a experiência no food truck, ela viajou até a Europa, onde pesquisou entre as novidades e o que há de mais tradicional nas propostas e formatos das comidas que são vendidas nas feiras e nas ruas do velho continente. “Sou insuportavelmente dedicada em tudo o que faço e altamente exigente comigo mesma. Se resolvi voltar a fazer comida de rua, um retorno ao meu começo, à minha história, quero fazer da melhor maneira possível e proporcionar ao meu cliente uma experiência, por mais rápida e diferente que seja. Continuo querendo emocionar e levar alegria para onde quer que eu vá”, resume.


receita Bolo molhado de Chocolate Amargo e fruta-pão fermentada

INGREDIENTES

Bolo • • • • • •

5 ovos 400g de chocolate meio amargo picado 150g de manteiga sem sal 150g de açúcar de confeiteiro 50g de farinha de trigo Polpa de fruta-pão bem madura mantida em geladeira por 4 dias

Calda

PREPARO

• 200g de chocolate ao leite picado • 100ml de creme de leite fresco • 20g de manteiga sem sal Bata as claras em neve e reserve. Derreta o chocolate, a manteiga e o açúcar em banho-maria. Misture as gemas e mexa vigorosamente. Peneire a farinha de trigo e misture delicadamente ao chocolate. Acrescente as claras em neve fazendo movimentos de cima para baixo. Coloque em assadeira untada de 22 cm de diâmetro e asse em forno pré-aquecido a 180°C até que, ao tocar, a superfície esteja seca, cerca de 10 minutos. Por dentro, o bolo deve estar bem macio e úmido. Para a calda, derreter todos os ingredientes em banho-maria e misturar bem, com a ajuda de um fouet. Sirva uma fatia do bolo com uma colher da polpa de fruta-pão e a calda, por cima. Rendimento: 8 porções.

PREPARO

INGREDIENTES

Arroz com Tomate Doce

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200g de arroz para sushi 400ml de água 200g de açúcar 1 litro de leite 2 favas de baunilha Casca de 1 limão siciliano, sem a parte branca 400ml de creme inglês 10 tomates do tipo débora, pequenos e bem vermelhos Cal virgem 500g de açúcar 250ml de água Brotos de cenoura

Lave o arroz de 5 a 7 vezes, até obter uma água transparente. Escorra. Em uma panela média, adicione a água, tampe e leve para cozinhar em fogo alto até ferver. Abaixe a chama para o mínimo e deixe cozinhar por mais 7 a 10 minutos, até que o arroz esteja cozido. Em uma panela grande, ferva o leite, a casca do limão e a baunilha. Adicione o arroz cozido e mantenha em fogo baixo por aproximadamente uma hora. Mexa ocasionalmente para que o arroz não grude no fundo da panela e nem forme grumos. Retire do fogo, misture o açúcar e mantenha em geladeira até formar um bloco de arroz. Corte os tomates ao meio, no sentido do comprimento. Disponha-os num silpat, com as sementes para cima, e leve ao forno a 120°C, por cerca de duas horas ou até que fiquem secos por fora, mas com alguma umidade no interior. Retire do forno e deixe-os numa solução de um litro de água e 1 colher de sopa de cal virgem por uma hora. Faça uma calda com o açúcar e a água e coloque as metades de tomate cuidadosamente para cozinhar. Deixe em fogo baixo por aproximadamente 30 min, até que estejam macios, mas com as metades inteiras. Armazene em um pote fechado na geladeira. Retire as cascas de limão e as favas de baunilha do arroz. Em um processador, bata o arroz com o creme inglês até obter uma textura de um mingau de aveia. Mantenha na geladeira até servir. Sirva uma colher de sopa cheia do arroz no centro do prato. Corte o tomate ao meio e deite-o delicadamente sobre o arroz. Decore com brotos.

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PELAGO 2009 Produtor: Umani Ronchi Região: Marche – Ancona - Osimo Classificação legal: Marche Rosso I.G.T. Castas: 55% Cabernet Sauvignon, 35% Montepulciano, 10% Merlot Graduação alcoólica: 14° GL Características organolépticas: Cor rubi concentrada. Alterna entre o fruto negro maduro (cassis, mirtilo) e tostado da barrica nova, completam o leque olfativo o caráter balsâmico do Cabernet e o forte acento mineral. Na boca tudo está bem ponderado, com taninos já bem educados. Amadurecimento: 14 meses em barricas. Estimativa de guarda: 12 anos + Serviço: 18-20°C Premiações mais relevantes: Duemilavini A.I.S – 4 grappoli, Wine Enthusiast – 91 pontos, Gambero Rosso – 2/3 Onde encontrar: Decanter www.revistalealmoreira.com.br

A linha Bottega dei Poeti, ou Bottega dos poetas, é uma seleção de vinhos com personalidade, que evoca a alegria com a qual poetas e artistas brindam à vida. O Espumante Bottega White Gold é um branco feito 100% com a uva Pinot Noir – quase um Blanc de Noir da Itália. Seus aromas vão desde flores até frutas silvestres. Groselhas e morangos são os aromas que dão sabor fresco ao Espumante Bottega Gold White, emprestando delicadeza e harmonia a um espumante deliciosamente persistente. Sua garrafa “Gold White” passa por um processo diferenciado de pintura e texturização, preservando o seu aroma e frescor, dando ao vinho uma vida mais longa, além de conferir ares de suntuosidade – Sua apresentação eleva a expectativa em relação ao seu conteúdo – e ainda assim surpreende. Salute! Temperatura de serviço 11ºC Tipo de Vinho: Espumante Uva: Pinot Noir Produtor: Bottega Região Produtora: Vêneto Composição: Pinot Noir (100%) Envelhecimento: Não Graduação Alcoólica: 12% Potencial de Guarda: Não Safra: Não País: Itália

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VINHO TINTO BRANCAIA CHIANTI CLÁSSICO RISERVA 2011

Produtor: Ferrari Região: Trentino - Vinhedos ao redor de Trento, entre 300 e 600m de altitude, com exposição sudeste e sudoeste. Classificação legal: Trento D.O.C. Composição de Castas: 60% Pinot Noir, 40% Chardonnay. Graduação alcoólica: 12,5° Produção: Clima subcontinental no Val d’Adige e alpino no Val di Cembra. De um modo geral os verões são frescos e os invernos rígidos, com fortes excursões térmicas entre as estações e entre o dia e a noite. Temperatura média anual de 11ºC. As precipitações, nunca excessivas, distribuem-se uniformemente ao longo do ano e em forma de neve no inverno. As barreiras das montanhas ao norte protegem dos ventos gélidos, enquanto que os vales ao sul permitem a chegada do ‘’föhn’’, um vento meridional morno e seco. Características do solo: solos calcários ricos em ‘’scheletro’’ (pedras e cascalhos). Elaboração: Colheita exclusivamente manual em meados de setembro. Fermentação a 20-22°C dos vinhos base em inox, fermentação do Pinot Noir em ‘’rosato’’. Malolática completa. Assemblaggio dos vinhos para segunda fermentação. Adição do licor de tiragem com leveduras e açúcar. Tomada da espuma na garrafa, com longo amadurecimento ‘’sulle fecce’’ de 36 meses. Processo manual de ‘’remuage’’ ou ‘’rimozione’’. Desgargalamento ‘’sboccatura’’ com congelamento do depósito. Licor de expedição, BRUT. Colocação da rolha e do arame de proteção. 36 meses ‘’sobre as leveduras’’ na garrafa, no mínimo. Estimativa de guarda: 5 anos Características organolépticas: Coloração rosada delicada. Elegante olfato de cítricos e frutas vermelhas frescas, os aportes de crosta de pão seguem sempre ao fundo a dar mais complexidade ao perfil sedutor. Ingresso cremoso em boca, com acidez firme e mineralidade apaixonante. Ótima persistência. Carta sintética: Elegante olfato de cítrico, frutas vermelhas frescas e crosta de pão. Cremoso, sápido, apaixonante. Ótima persistência. Temperatura de serviço: 8°C Onde encontrar: Decanter

BOTTEGA GOLD WHITE

FERRARI MAXIMUM BRUT ROSÉ

vinho

Embora não tão óbvio quanto os espumantes, alguns vinhos tranquilos não podem faltar em comemorações – os ditos vinhos gastronômicos, que são assim denominados pois são versáteis em suas harmonizações, ou seja, acompanham um banquete ou finger food. Suas características principais são o teor alcoólico e corpo moderados, além de uma acidez mais acentuada. Alguns exemplos de castas que têm esse papel são: riesling, Sauvignon Blanc, Chenin Blanc, Chardonnay (Brancas) Pinot Noir, Tempranillo, Sangiovese e o corte GSM (Tintos). Elaborado a partir da Sangiovese, temos um dos clássicos do Velho Mundo – o Chianti O Brancaia Chianti Clássico Riserva 2011 traz a máxima presença de Chianti Clássico. No paladar, a excelente acidez do solo italiano marca presença, mas se equilibra com a maciez do Merlot, exala aromas de cerejas e outras frutas vermelhas. Feito na vinícola boutique Casa Brancaia, a vinícola que já foi sucessivas vezes classificada em primeiro lugar nas degustações de chianti clássico, tem como proprietários o casal suíço Brigitte e Bruno Widmer em meio a Toscana. Temperatura de serviço 18°C Tipo de Vinho: Tinto Uva: Corte Produtor: La Brancaia Região Produtora: Toscana Composição: Sangiovese (80%) e Merlot (20%) Envelhecimento: 16 meses em barricas de carvalho seguidos por 8 meses em garrafa Graduação Alcoólica: 14% Potencial de Guarda: 6 anos Safra: 2011 País: Itália



horas vagas • cinema Você encontra estes títulos na FOX - livrariafox.com.br

DVD Blu-Ray

Riggan Thomson (Michael Keaton) já foi uma grande estrela de cinema. O papel mais marcante da sua carreira foi o de um super-herói chamado Birdman, numa saga que arrebatou as bilheteiras. Passado o apogeu, o ator em ostracismo debate-se com problemas financeiros, assiste à desintegração da família e vive atormentado por dúvidas existenciais, enquanto desespera pelo regresso à ribalta. Para isso, resolve montar, na Broadway, uma peça de teatro que, por um lado, prove a todos que o seu talento vai muito para além do papel de Birdman e que, por outro, lhe devolva o estatuto mediático que julga merecer. Mas no caminho para a estreia surgem vários obstáculos. E o maior de todos eles será o seu próprio ego. Uma comédia negra do mexicano Alejandro González Iñárritu (“Amor Cão”, “21 Gramas”, “Babel”) que tem a particularidade de recorrer ao plano-sequência para dar a ilusão de um movimento contínuo da câmara. O filme abriu o 71.º Festival de Veneza, onde se estreou. Nomeado para sete Globos de Ouro, foi premiado por diversos círculos de críticos de cinema norte-americanos. Além de Keaton, o elenco inclui Edward Norton, Zach Galifianakis, Emma Stone e Naomi Watts.

DICA

BIRDMAN ou a Inexplicável Virtude da Ignorância

FORÇA MAIOR

DESTAQUE

Uma família sueca passa as férias nos Alpes para esquiar. Eles ouvem um estrondo, que poderia ser um alerta de avalanche. Mas o pai não acredita na possibilidade de perigo. Enquanto comem, são surpreendidos pela avalanche. O pai reage com covardia, o que fará com que ele seja perseguido pelos seus erros até o fim de sua vida.

RELATOS SELVAGENS

NA PRESENÇA DE UM PALHAÇO “Na Presença do Palhaço” é o filme que Ingmar Bergman realizou para a televisão (em 1997), demonstrando ser ainda, apesar dos seus quase 80 anos de idade, possuidor de uma grande criatividade cinematográfica. É uma comédia dramática sobre Carl Akerblom, um homem de meia-idade mentalmente desequilibrado. Akerblom é um admirador do compositor Franz Schubert e vive em Uppsala, na Suécia, nos anos 20. Depois de receber alta do hospital psiquiátrico onde esteve detido por ter tentado matar a sua namorada, decide fazer um filme revolucionário, que represente uma nova forma de arte cinematográfica, sobre os últimos anos de vida de Schubert e sobre a sua suposta relação amorosa com uma jovem condessa. O filme apresenta alguns dos temas recorrentes de Bergman como a morte, que aqui surge sob a forma de um palhaço, a ausência de Deus ou a tênue fronteira entre a sanidade e a loucura.

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Tiago Belotti (canal Youtube) - https://www.youtube.com/user/tiagobelotti Canal onde falo sobre Cinema, Literatura, Top 10, TAGS e bobagens esporádicas.

INTERNET

CLÁSSICOS

O filme conta histórias independentes de tragédia, amor, decepção, passado e violência, que espreitam a superfície do cotidiano... e que, embora sem qualquer conexão, encontram um ponto comum. Vulneráveis às mudanças inesperadas da realidade, os personagens são levados para o abismo e para o prazer de perder o controle, atravessando a pequena linha que divide a civilização da barbárie.



horas vagas • literatura Títulos disponíveis na Livraria FOX. livrariafox.com.br

FLORESTA ENCANTADA Da mesma autora de “Jardim Secreto”. Neste livro, Johanna Basford convida o leitor a embarcar numa viagem ao coração de uma floresta encantada. Enquanto colore os desenhos de flores, casas na árvore, animais e objetos mágicos, seu desafio é encontrar os nove símbolos especiais ocultos ao longo destas páginas. Eles destravam o portão do castelo, revelando seus mistérios. O que será que ele guarda? Traga à tona o artista que existe em você e divirta-se em uma jornada através desse universo deslumbrante.

LANÇAMENTO

DESTAQUE

TODA LUZ QUE NÃO PODEMOS VER DICA A BIOGRAFIA ÍNTIMA DE LEOPOLDINA Leopoldina de Habsburgo é um personagem decisivo na história do Brasil. Mas sua vida íntima é pouco conhecida. Baseada no que contam (e ocultam) as cartas de Leopoldina, em um tom intimista e no ágil estilo do vienense Stefan Sweig, esta obra de Marsilio Cassotti é uma educação sentimental e política digna de escritores franceses do porte de Stendhal ou Flaubert, mas ambientada no Brasil. É a biografia de uma mulher excepcional escrita com rigor histórico, que se lê como um romance. Além do papel decisivo de Leopoldina na Independência do Brasil, a biografia narra a frieza com que Carlota Joaquina (sua sogra) a trata por ela não ser uma portuguesa ou espanhola. Seu marido, D. Pedro I, não é tão seletivo. Para ele, quando se trata de amor físico, basta que seja mulher. Leopoldina, por sua vez, sublima a dor das traições em constantes gestações e nos cuidados com os filhos. Esses e outros detalhes da vida de Leopoldina são abordados de forma única e saborosa nessa biografia romanceada.

Marie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu. Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure, enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial. Uma história arrebatadora contada de forma fascinante. Com incrível habilidade para combinar lirismo e uma observação atenta dos horrores da guerra, o premiado autor Anthony Doerr constrói, em Toda luz que não podemos ver, um tocante romance sobre o que há além do mundo visível.

CONFIRA OLHO DE BOTO Inacha é um povoado pacato e ordeiro da floresta amazônica, onde ninguém contesta o poder do regime militar recentemente implantado no Brasil. Porém, tudo muda quando um acontecimento grandioso é agendado: dois homens decidem se casar, décadas antes do mundo discutir os relacionamentos homoafetivos. Inspirado em fatos reais, Salomão Larêdo apresenta um romance contestador, que deseja disseminar o amor livre por todos os lugares e criticar a incompreensão e a violência comuns numa terra tão afastada da civilização. www.revistalealmoreira.com.br

CLÁSSICO O SOL É PARA TODOS A nova edição de um dos maiores clássicos da literatura norte-americana moderna. Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça. O sol é para todos, com seu texto “forte, melodramático, sutil, cômico” (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.

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VÍDEO “AMY”, DOCUMENTÁRIO SOBRE A VIDA DE AMY WINEHOUSE EMOCIONOU EM SUA ESTREIA EM CANNES

DICA

horas vagas • música

SÉTIMO ÁLBUM DE JOSS STONE, INTITULADO “WATER FOR YOUR SOUL”, TEM LANÇAMENTO MARCADO PARA JULHO.

Se a família tem reclamações a fazer sobre a cinebiografia da cantora soul, o público parece estar satisfeito, pois em sua estreia no 68º Festival de Cinema de Cannes o longa-metragem impressionou e comoveu a audiência. Com lançamento previsto para julho deste ano, “Amy” narra a história de Amy Winehouse desde a infância até sua cruel partida em 2011. Depoimentos de parentes e pessoas próximas, imagens jamais divulgadas e as letras de suas canções conduzem o telespectador em uma viagem bela e trágica de uma diva que se foi cedo demais.

CONFIRA COM SUAS MÚSICAS E ESTILO RETRÔ, MEGHAN TRAINOR CONQUISTOU O MUNDO POP.

Cantora e compositora inglesa, Joss Stone é o frescor do soul contemporâneo marcado por uma voz poderosa. Em seu sétimo álbum “Water For Your Soul” temos um retrato fiel do que Joss considera parte de sua própria personalidade e seus gostos pessoais, já que a música para ela é mesmo um alimento para a alma. Entre as batidas, balanços e toda ginga que só um artista R&B talentoso pode ter, podemos conferir a materialização das vivências, conversas e sua percepção da vida que, segundo a própria, deve ser vivida apesar das adversidades. E principalmente comemorada, sempre.

Se o passado volta aos guarda-roupas, por que não trazê-lo via ondas sonoras também? Foi o que a americana Meghan Trainor fez e assim alcançou o primeiro lugar das paradas dos Estados Unidos da América e do mundo pop por inteiro. Seus refrãos bem humorados, dançantes, estilo retrô e jeitinho atrevido não param de angariar cada vez mais seguidores ávidos por mais. Já em seu terceiro álbum de nome “Title”, a cantora e compositora segue na linha de inspiração dos anos 50 e 60, trazendo baladas que, simplesmente, te tiram para dançar.

INTERNET

CLÁSSICO

TIDAL DISPONIBILIZA MAIS DE 25 MILHÕES DE MÚSICAS E 75.000 VÍDEOS MUSICAIS. Com música e vídeo em altíssima qualidade, o aplicativo e portal Tidal está dando o que falar entre os apaixonados por música. Isso porque o serviço de streaming traz qualidade superior de som e a promessa de materiais exclusivos de alguns artistas bem famosos e cultuados como Madonna, Alycia Keys, Beyoncé entre outros. Diferente da maioria das plataformas digitais do gênero, o Tidal não é gratuito. Justamente por isso atraiu a atenção de muitos músicos famosos – que desejam ver seu trabalho mais valorizado. Por enquanto no Brasil ele está disponível somente para teste durante 30 dias e além de estar na web, tem compatibilidade com os sistemas iOS e Android. Mas, mesmo assim vale a pena ficar de olho nesta novidade que promete revolucionar a forma de consumir música pós era digital. www.tidal.com www.revistalealmoreira.com.br

OS PARALAMAS DO SUCESSO LANÇAM COMPILAÇÃO DE 32 ANOS DE SUCESSOS 1983-2015 Se lá nos anos 80 eles já imaginavam o tamanho do sucesso que fariam? Talvez não, mas já somam 32 anos de pop rock e centenas de sucessos desde então. O trio composto por Herbert Vianna (voz e guitarra), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) venceu as dificuldades, cresceu musicalmente e com certeza tem um espaço cativo na cabeça e coração dos que gostam de música de qualidade. Neste lançamento você confere uma coleção de ouro em 20 CDs com a remasterização de seus 18 álbuns somados a dois feitos especialmente para o box de luxo. Os fãs que adoram colecionar tesouros, já podem contar com essa peça diga de um revival do rock brasileiro em grande estilo.

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horas vagas • iPad

Layout Colagens são um bom jeito de compartilhar várias fotos de uma vez no Instagram. Antes, você tinha que recorrer a um app de terceiros para fazer isto, mas agora há um método oficial: o Layout, novo app da rede social, permite que você coloque suas fotos lado a lado num quadrado para postar no Instagram. Diferente de outros apps do tipo, o Layout não dá esquemas pré-determinados para você arranjar suas fotos, mas deixa você criar livremente usando os dedos para ajustar cada imagem. Custo: Free

EA Sports UFC

My Idol Vale a pena conhecê-lo e fazer parte dessa nova febre que está conquistando a internet. Ainda que ele não tenha recebido uma versão em inglês (seus desenvolvedores prometem lançar uma versão no idioma em breve). É perfeitamente possível utilizá-lo mesmo sem manjar nada da língua chinesa. Dica: para baixar o software diretamente pelo seu aparelho, abra a App Store e pesquise por “huanshi ltd” – que é o nome da empresa que o desenvolveu. Basicamente, o My Idol permite que você crie avatares tridimensionais com base em seu próprio rosto e desenvolva animações hilárias estrelando seu personagem. A primeira coisa que o usuário deve fazer é tirar uma selfie (ou usar uma foto já salva na memória de seu gadget) para que o software faça o reconhecimento facial. Em seguida, você está livre para personalizar o seu idol com centenas de roupinhas e acessórios distintos. Custo: Free

Originalmente lançado como um título para consoles, EA Sports UFC transporta os jogadores para toda a ação e selvageria dos octógonos do MMA (mixed martial arts, ou artes marciais mistas). Escolha seu lutador predileto dentro de mais de 70 opções, incluindo nomes famosos como Jon Jones, Georges St-Pierre, Vitor Belford e Anderson “Spider” Silva. Todos eles foram recriados fielmente no universo virtual do jogo e exibem os mais clássicos golpes para vencer as disputas mais acirradas. Além de subir nas classificações e melhorar cada vez mais os atributos de seus personagens, EA Sports UFC permite que você participe de eventos online em tempo real para ganhar recompensas ainda mais interessantes – ou seja, novos desafios serão sempre ofertados aos mais corajosos e você nunca ficará sem lutar. O game é gratuito e conta com um sistema de compras in-app para quem estiver disposto a gastar dinheiro real para ter vantagens durante a carreira. Custo : Free

LightPlayer Se o app oficial do YouTube para iOS não é o suficiente para você, experimente baixar o LightPlayer – originalmente conhecido como iTube. Ele é voltado especificamente para quem curte usar o serviço de armazenamento de músicas como fonte para reprodução de músicas: sendo capaz de criar listas de reprodução com um número ilimitado de itens, o programa consegue praticamente transformar o YouTube em um Spotify totalmente gratuito para seu iPhone ou iPad. O mais bacana é que o LightPlayer consegue reproduzir os vídeos até mesmo quando estiver em segundo plano (diferente do app oficial do YouTube, que pausa a execução quando a tela do aparelho é desligada, por exemplo) e permite que você programe um sleep timer para que a playlist seja interrompida após determinado tempo. O software pode ser instalado em qualquer aparelho com iOS 6.0 ou superior. Custo: Free revistalealmoreira.com.br

Apogee MetaRecorder Quem faz gravações de áudio profissionalmente sabe que o app nativo do iOS para tal finalidade não é exatamente a melhor ferramenta que existe para trabalhar. A Apogee, famosa fabricante de interfaces de áudio para iPhone e iPad, acaba de lançar o MetaRecorder, um aplicativo sensacional que grava sons com dois canais e áudio de 24 bits/96 kHz. O mais bacana é que o MetaRecorder possui compatibilidade com o Apple Watch: caso você já seja um sortudo usuário do relógio inteligente, é possível iniciar, pausar e finalizar gravações de seu smartphone através da telinha do iWatch de forma remota. Custo: Free

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Raul Parizotto empresário parizotto@me.com


Existem vários motivos para comemorar a chegada da tecnologia. Lembrar da sua melhor assistência técnica é um deles!


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O AMOR MAIS LEAL Mãe é amor, carinho, afeto, dedicação... é tudo isso e muito mais! Em homenagem ao Dia das Mães, a Leal Moreira promoveu no dia 07/05 a exposição “O amor mais Leal”, com dedicatórias e desenhos feitos pelos próprios filhos de colaboradoras da empresa. O evento contou com apresentação musical, distribuição de brindes e coquetel na sede da construtora. Para Elisangela Trindade, do setor de Repasse, foi um momento único e emocionante. “O amor que uma mãe sente pelo seu filho é indescritível. A exposição foi uma forma de retribuição de todo nosso amor e nos deixou transbordando de alegria”, disse Elisangela. Silvia Lima, da área financeira, também ficou muito feliz com a iniciativa. “Achei lindo e encantador o depoimento da minha filha. Nós criamos nossos filhos com todo amor e ficamos muito felizes em receber de volta esse carinho. Além disso, é um reconhecimento da empresa que, no horário de trabalho, presta uma homenagem tão bonita com essa”, destaca Silvia. No dia 8 de maio, a Leal Moreira realizou também uma programação especial, mas desta vez no Torres Dumont e contou com diversas atrações para todas as colaboradoras das obras.

MERCADO ATIVO A Leal Moreira ofereceu condições únicas em seus empreendimentos de 24 a 26 de abril na central de vendas no Largo do Redondo e em seu estande no Feirão da Caixa no Hangar. Foram 30 unidades vendidas em apenas um fim de semana. As opções eram para todos os gostos: de 44 a 335 m². O diretor comercial da Leal Moreira Imobiliária, Fernando Nicolau, destacou que foi uma oportunidade especial. “Contrariando o cenário nacional do mercado imobiliário, a Leal Moreira continua com uma curva crescente de vendas e o resultado do Fim de Semana de Oportunidades foi sucesso. Tanto na central de vendas quanto no Feirão da Caixa, os clientes tiveram atendimentos exclusivos e condições imperdíveis”, disse. www.revistalealmoreira.com.br

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LEAL MOREIRA PROMOVEU SEMANA DA SAÚDE A Semana da Saúde Leal Moreira foi realizada de 6 a 10 de abril e levou conhecimentos práticos e úteis aos colaboradores da empresa, além de ter oferecido exames médicos gratuitos – como teste de glicemia e aferição de pressão. Os parceiros da Leal Moreira na iniciativa foram a Secretaria Estadual de Saúde, o Laboratório Sabin e a Escola DNA. No último dia da programação, teve ainda uma palestra no dia 10 de abril na sede da construtora. Com o tema “Dislipidemia e Alimentação Saudável”, o médico Marcelo O’Brien do Laboratório Sabin explicou sobre a importância de hábitos saudáveis para a qualidade de vida e o bem-estar.

CENTRAL DE DECORADOS Na sede da Leal Moreira Imobiliária e do setor de Relacionamento com Clientes, será inaugurada em breve a Central de Decorados, onde as pessoas terão a oportunidade de visitar os apartamentos modelos dos próximos lançamentos Leal Moreira com todo conforto e praticidade. Além disso, a sede terá também um espaço multiuso para exposições, eventos e muito mais – terá, inclusive, uma cozinha gourmet. A reforma do local, que leva a assinatura do escritório Perlla et Jr., engloba também a nova fachada.

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LEAL MOREIRA NA CASA COR PARÁ 2015 É com muita satisfação que a Leal Moreira patrocina a Casa Cor Pará pelo quinto ano consecutivo. O evento de apresentação da edição 2015 foi realizado no dia 02/06 no Museu Histórico do Estado do Pará e teve a presença de profissionais da área – como arquitetos, designers e paisagistas – e parceiros. “Os valores que norteiam a Casa Cor e a Leal Moreira são bem semelhantes: conforto, bem-estar, segurança, qualidade de vida e sofisticação. Por isso, nada mais adequado do que investir em um evento tão relevante para o nosso estado e que fomenta e valoriza a nossa cultura. Seguindo a tendência de edições anteriores, a Leal Moreira terá em 2015 espaços surpreendentes e encantadores na mostra”, destaca Drauz Reis, Diretor-Executivo/CEO da Leal Moreira. As novidades da Casa Cor Pará 2015 são muitas: terá a Casa High Tech, com ambientes tecnológicos e surpreendentes; fachada em estilo vitrine, com visual bem convidativo; novos conceitos de ambientes; projeto geral assinado por Maurício Toscano e Heluza Sato; e ótima localização no Boulevard Shopping. Para acompanhar as novidades da mostra, acesse: www.casacorpara.com.br Serviço: Casa Cor Pará 2015 Data: 01/10 a 22/11 Local: Boulevard Shopping

#SOULEALCOMBELEM A campanha #SouLealComBelem está com força total nas redes sociais. Para participar, basta utilizar a hashtag em suas postagens. Queremos compartilhar sua foto com nossos seguidores! Confira algumas publicações:

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Institucio

Check List das obras Leal Moreira projeto

lançamento

fundação

estrutura

alvenaria

revestimento

fachada

acabamento

Torre Santoro 2 ou 3 suítes • 123m2 • Av. Governador José Malcher, 2649 (entre Av. José Bonifácio e Tv. Castelo Branco) Torres Devant 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 68m2 e 92m2 • Travessa Pirajá, 520 (entre Av. Marquês de Herval e Av. Visconde de Inhaúma) Torre Unitá 3 suítes • 143m2 • Rua Antônio Barreto, 1240 (entre Travessa 9 de janeiro e Av. Alcindo Cacela). .

Torre Parnaso 2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 79m² • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis). Torres Dumont 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 64m² e 86m² • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Av. Marquês de Herval). Torre Vitta Office Salas comerciais (32m2 a 42m²) • 5 lojas (61m2 a 254m²) • Av. Rômulo Maiorana, 2115 (entre Travessa do Chaco e Travessa Humaitá). Torre Vitta Home 2 e 3 dorm. (1 suíte) • 58m² e 78m2 • Travessa Humaitá, 2115 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torre Triunfo 3 e 4 suítes (170m²) • cobertura 4 suítes (335m²) • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre Av. Rômulo Maiorana e Av. Almirante Barroso). Torres Floratta 3 e 4 dorm. (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura). Torres Trivento 2 e 3 dorm. (1 suíte)• 65m² e 79m² • Av. Senador Lemos, 3253. (entre Travessa Lomas Valentinas e Av. Dr. Freitas). Torres Ekoara 3 suítes (138m²) • cobertura 3 suítes (267m2 ou 273m²) • Tv. Enéas Pinheiro, 2328 (entre Av. Almirante Barroso e Av. João Paulo II). mês de referência: maio de 2015

Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

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em andamento

concluído


Check List das obras ELO projeto

lançamento

fundação

estrutura

alvenaria

revestimento

fachada

acabamento

Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: maio de 2015

Portaria

Área de lazer do Terra Fiori

Suíte do casal

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Varanda

Living

Sal達o de Festas

Fitness

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Piscina

SPA / Sauna



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Fachadas

Piscina

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Cozinha

Hall social

Fitness


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Living


Quarto

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Montagem de forma de pilares

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Nara D’Oliveira Consultora empresarial

Um Mundo

de Mudanças Um escritor parisiense do século XVIII descrevia

irá lidar co com competidores e produtos futuros. Para

com perplexidade as mudanças acontecidas em Pa-

tanto, toda empresa, de qualquer segmento e porte

ris: tantas pontes, o fluxo constante de carruagens,

irá precisa precisar de um radar de inovação como forma de

tantas pessoas transitando. Paris transformou-se em

garantia d de preservação.

um mundo de competências dinâmicas, você entre-

Esse ra radar deve ser lido trabalhando várias di-

ga o que precisa ser feito. Afinal se o mundo muda

mensões: produtos, serviço agregado, competência

todos os dias as demandas por respostas também.

internaliza internalizada, finanças, enfim. Esta é uma verdade

É interessante que neste novo mundo não basta

para o mu mundo, mas as empresas brasileiras fazem

fazer o “para casa“ certinho, ele não te traz tantos

uma força a mais, pois o contexto brasileiro é desfa-

clientes assim, não garante share, não te ajuda a

vorável às empresas, sobretudo as médias. O radar

aumentar a margem, não garante sobreviver.

abre a ag agenda do futuro que deve ser gerida con-

A pergunta que se faz é como construir cenários capazes de antecipar o futuro para que possamos

comitante comitantemente com a agenda do presente. Mais um desafi desafio.

nos posicionar e responder a ele? Que perguntas

Viver os ciclos de renovação buscando longevida-

devem ser respondidas, que leituras produzidas

de é uma arte. Ser longevo não tem uma relação

para que possamos antecipar tendências, criar pro-

direta com crescimento. Muitas vezes crescer pode

dutos inovadores, manter-se na mente de consumi-

matar. Muitas Mu vezes ceder um pouco de espaço

dores infiéis por natureza. Parece-me que existem

para o con concorrente te desafiar é salutar para a em-

duas situações que resumem a soma de todos os

presa.

medos: quem vai competir comigo no futuro e com que produtos.

Ainda, respondendo r a pergunta sobre o que podemos fazer faz concretamente para viver e ser feliz em

A análise da historicidade das organizações mos-

um mundo de mudanças eu diria: cuide de seu pro-

tra que as mesmas possuem ciclos de em média

cesso de s sucessão de forma planejada, sustentável

30 anos quando se torna premente uma renovação.

e antecipa antecipando o futuro e desenvolva uma inteligên-

Vários fatores incidem para esta necessidade, con-

cia compe competitiva em sua empresa, ou seja, internalize

tudo, no frigir dos ovos a capacidade de criar solu-

a competê competência de interpretar hoje o que acontecerá

ções novas e a velocidade de decisão para gerar

amanhã.

coisas novas é o que determina como a empresa

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Boa viagem. viag


Já estamos em novo endereço para melhor atender você. Seu atendimento agora está melhor e mais confortável. O setor de Relacionamento com Clientes e Imobiliária da Leal Moreira mudou de endereço e está em novas e amplas instalações. Com acesso muito mais fácil e estacionamento privativo.

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