Fan fiction: Uma detenção diferente, pte. 3 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 & Capítulo 14
Capítulo 10 – Gina nas nuvens e Hermione confusa Hermione estava meio abalada. Seus sentimentos estavam todos misturados, ela não conseguia distinguir raiva de amor. Ela odiava Draco Malfoy... Como, depois de um beijo roubado ela poderia achar que estava interessada nele? Ele era uma fuinha loira, com aqueles olhos azuis acinzentados tão frios... Uma expressão que parecia tirar sarro, como “Eu sou sexy, mas sou algo que você nunca poderá ter...”. E alguns músculos... Que ela tentava, em vão, ignorar. Não contara para ninguém o que aconteceu. Sentara em um canto distante de Harry e Rony no Salão Principal. Não queria que os amigos perguntassem porque ela estava se afastando tanto deles ultimamente, porque andava meio aborrecida... Antes que pudesse se esconder entre duas garotas altas do 7º ano, Gina veio até ela, dando pulinhos e com um enorme sorriso no rosto. -Você liga de largar o almoço de hoje? – perguntou a ruiva, sorrindo sem parar. -Ah... Não – respondeu Mione, levantando e seguindo a amiga. Entraram novamente no banheiro da Murta-Que-Geme, e ela estava mesmo gemendo, grunhindo, berrando. Nem notou a presença das garotas, enfiada em uma privada qualquer. Elas se sentaram em cima da grande pia. -Então... Obrigada! – disse ela, do nada, abraçando Hermione. -Uff... Gina... Vocêtámeesmagando... – balbuciou a amiga, sufocada. -Ah! Desculpe... É que estou muito feliz... E a culpa é sua! – ela deu um gritinho. -Que foi, Gina? Tá me deixando louca de curiosidade...
-OHARRYMEENCONTROUNASALAPRECISAAQUELEDIA... – falou Gina, tão rápido que Hermione só entendeu “O Harry”. -O QUÊ?! – exclamou Mione, sem entender quase nada. Gina inspirou e disse lentamente: -O Harry me encontrou na Sala Precisa aquele dia. -Hm, prossiga. -Ele confessou tanta coisa – disse ela, sem fôlego - e, bom, ele me beijou. -Jura? – Hermione deu um sorriso que não coube em seu rosto. -É! Ah, Mione, ele me pediu em namoro... -E aí, o que você fez? -Aceitei, CLARO. – respondeu ela, sonhadora. -Ahn... Como foi? -Bom, muito bom. -Ai, Ginny, estou tão feliz por isso... Eu disse que meu plano ia funcionar. -Te devo essa, Mione... Mesmo. -Te-tenho que te contar u-uma coisa. – Hermione gaguejou, nervosa. -Pode falar... Calma, Mione... E contou tudo daquela semana, a tortura, o pedido de desculpas, Draco a chamando de Hermione e Mione pela primeira vez... Não chegou a falar do beijo. -Mione! Porque você não aceitou? – indagou Gina. -Parece que você nunca sofreu a Maldição da Tortura... -Não mesmo, ahn, felizmente... -Por um momento, mesmo que curto, ele queria MESMO me ver sofrer, foi o maior Cruccio já lançado por um Malfoy, há, isso eu sei...
-Ah... Mas qual foi “a maior desculpa que você já recebeu”? -Ginny. Ele. Me. Beijou. -QUÊ? EU OUVI DIREITO? – e por incrível que pareça, ela sorriu minimamente. -Onde é que você vê motivo pra sorrir nisso? -Bom, é só que ele é considerado o maior gato de Hogwarts... Até de “Deus-Sonserino-do-Beijo” ele já foi chamado. Mas, bom, eu não gosto dele e particularmente, nunca gostei. -Gina! Fala sério... Ele achou que eu ia gostar, por isso me beijou. Acho que essa seria uma desculpa adequada. Mas não sou como qualquer outra garota de Hogwarts, que o venera e beija o chão que ele pisa. Eu o odeio, Gin, o odeio. Mas eu estou confusa... Ele beija tão bem... -Você o ama... – cantarolou a ruivinha. -GINA! Pára de graça, vai... Ei, o Rony já sabe do seu namoro com Harry? – ela cortou o assunto. -Não... Vai ser tipo uma surpresa, um beijinho de olá no jantar. Hermione riu imaginando a cara do amigo quando visse a cena. -Vai ser engraçado. Quero estar por perto quando acontecer. -Você não vai contar pra ninguém do beijo, né? – perguntou Gina. -Não. E nem você. -O.k. – concordou e suspirou, pensativa. – Você está magra, Mione... – disse Gina, observando a amiga. -Ah... Impressão sua. -Eh, tanto faz... Impressão mesmo... -Você está nas nuvens. – Hermione falou, evitando o assunto de novo. -Eu sei... – ela suspirou de novo, mais profundamente. Sorriu, deu um aceno e saiu, deixando Hermione ali.
Mione ficou pensativa. Estava feliz pela amiga finalmente corresponder com Harry. Mas estava aborrecida, não conseguia entender seus próprios pensamentos. Ele te beijou porque te ama. – ela ouviu uma voz na cabeça. “Claro que não...” Não seja tão tola, porque diabo ele ia fazer isso? Além do mais, ele é tão cobiçado, você devia correr atrás dele... “Os motivos dele eu desconheço, mas, fala sério, você é voz da consciência ou conselheira?” – respondeu a si mesma, impaciente. Posso ser as duas. Agora, encerrando esta fabulosa conversa sem nenhum cabimento, acho que você perdeu a sanidade, isto é, se a tinha. Está apaixonada, é óbvio. Espere e verá. Aquilo era demais. Discutir com a própria mente? Ela estava ficando maluca? Era tudo culpa dele. Dele, e apenas dele. Ela sentia tanta raiva. Primeiro, ele a torturou, chegando á amarrá-la. Segundo, ele a beijou em desculpa, e ela odiou. Só que um porém: ela gostou também. Se não fosse ele, não seria um beijo tão bom. Mas era com ele, e isso estragava tudo... Deixava-a extremamente confusa e aturdida, sem opção nenhuma a não ser esperar para ver. Terceiro, ele era tão... Perfeito... E imperfeito... Mas uma razão para se sentir maluca? Ela tinha bilhares delas! Estava cansada. Faltou ás aulas de tarde, com uma tontura até insuportável. Acabou adormecendo no sofá do Salão Comunal dos Monitores. Mas acordou com o barulho do quadro se fechando. Abriu os olhos rapidamente, sentou-se e endireitou os cabelos. -Porque você faltou ás aulas da tarde?
-Ahn... Não te interessa. -Interessa sim. Você está pálida. Muito pálida. E magra... -Não mais que você... – ela deu um gemido de dor. -O que foi, Hermione? – ele nunca mais a chamara de “Granger”. -Não sei – respondeu ela, levando ás mãos á boca. -Vá ao banheiro – ordenou ele. Estendeu a mão para ela, que hesitou, mas depois a apertou, tendo a ajuda da força dele para se levantar. – Está fraca... – disse ele, colocando o braço em volta dela. Ajudou-a á subir a escada, abriu a porta e deixou-a sozinha. Ele esperou calmamente, recostado á parede. A porta se abriu silenciosamente, e ele deparou com uma Hermione enfraquecida, magra. Ela tirara a capa, estava com o rosto um pouco esquelético de tão magro e os dedos finos, quase só os ossos. -O que está acontecendo? Eu vou te levar pra Ala Hospitalar, Hermione. -Eu n-não preciso... – disse, com cara de ânsia. -Há quanto tempo você não janta ou almoça? – perguntou, deixando-a espantada pela pontada de preocupação em sua voz fria. -E-eu só almocei u-uma vez de-desde que cheguei e-em Hogwarts... – ela amaldiçou sua gagueira. -E comeu algo? – disse ele, atravessando corredores com a magra Hermione apoiada em si. -Raramente... E-eu... -Já entendi, a culpa é minha... -N-não. E-eu só estou muito c-confusa. É-é que... Ele abriu a porta da Ala Hospitalar. -Madame Pomfrey – chamou.
-Sim, querido? – a mulher veio com um copo que continha um liquido roxo berrante, que borbulhava. -Acho que ela está com anemia. Ou algo assim. Madame Pomfrey examinou Hermione brevemente. -Deite-se, querida – ela indicou uma cama com os olhos. – Vou te trazer algo bem nutritivo e alguma poção. Ela obedeceu a curandeira (N/A: a versão dos bruxos para médicos). Malfoy sentou-se na beirada da cama dela e ficou observando-a. -Era por isso que eu nunca te via no Salão Principal... -Ah, Malfoy. – ela falou, com dificuldade, tentando não vomitar. Ela observou Madame Pomfrey voltar com uma bandeja cheia de frutas e um copo com uma poção laranja. -Tome e coma tudo, o.k querida? A poção por último – avisou, entregando a bandeja para Hermione. Ela beliscou uma maçã, enquanto Madame Pomfrey dava a poção roxa para um aluno do primeiro ano, que tinha um grande galho saindo do nariz. Malfoy estava olhando fixamente para a porta da Ala Hospitalar, parecia refletir. -Está se culpando? – disse Hermione após engolir um grande gole de suco de abóbora. -Claro – murmurou, ainda olhando fixamente para a porta. -Bem... Não posso realmente desmentir tudo... Mas não foi você que impediu que eu fosse comer... Ele a encarou, com uma expressão de desgosto. -Fui eu, sim. Provavelmente foi junto com aquela MALDITA tortura INSANA que eu lhe causei, foi a maior desgraça que já fiz em minha vida...
Ela se espantou, quase engolindo um pedaço não mastigado de torta. -... E eu só queria que algum dia você me perdoasse... – pediu ele, sinceramente arrependido. Ela fitou seus olhos cinzentos. Lembrou-se da ferocidade com que ele a beijou naquela noite, deixando-a contrariada e ao mesmo tempo apaixonada. -Eu já te perdoei. Ele sorriu, o clássico sorriso Malfoy. Oh, Céus, como ela odiava aquele lindo sorriso torto. -Agora coma. Vou esperar a eternidade aqui, enquanto eu não me perdoar não poderei viver tranqüilo. E foi aí que a pequena amizade dos dois se iniciou.
Capítulo 11 – A oficialização do namoro Hermione foi liberada pela Madame Pomfrey após prometer voltar depois do jantar. Sentou lentamente ao lado de Rony. -Nossa, Mione, você está tão... -Magra...? – disse ela, sem surpresa. Cada palavra que sua voz fraca e rouca soltava lhe doía o estômago. Ela deixou o garfo deslizar por uma torta recém-colocada em seu prato. -É, você tirou as palavras da minha boca. O que aconteceu? – perguntou o amigo, curioso. -Depois eu conto. – encerrou ela, pois Harry chegou e se sentou á mesa, ao lado de uma garotinha de cabelos estranhamente armados, do segundo ano. -Oi, pessoal – cumprimentou ele. -Oi, Harry – Mione e Rony falaram juntos.
Os dois se entreolharam, sorrindo. Gina andava tranquilamente até Harry, que lhe cumprimentou com um selinho. -Mas que diabo é isso...?! – exclamou Rony, aturdido. Suas orelhas ficaram vermelhas, como de costume. Gina abafou a risada. -Você não sabe? – perguntou ela, fingindo estar pasma. Ele sacudiu a cabeça; era óbvio que ela sabia, mas quis irritá-lo um pouco. -Eu e Harry estamos namorando – respondeu. O queixo de Rony caiu. -Isso é sério, Harry? Você, namorando minha IRMÃ? Harry confirmou. Hermione fez uma cara de “eu já sabia”, e Rony entendeu, falando: -Você sabia, não é? Ah, cara... Você sabe primeiro que eu, que sou irmão dela! – exclamou. Todos abafaram risadas, enquanto ele largava o garfo no canto do prato. -Perdi o apetite. Hermione arqueou as sombrancelhas. -Você? Sem fome? Ah, tá. Aham, acredito. E assim seguiu o jantar. Gina se levantou, deu mais um beijinho em Harry, e Rony fez uma cara de nojo. -Parem com isso, antes que eu vomite. Gina rolou os olhos e saiu do Salão Principal, junto com o novo namorado. Hermione massageou as costelas, estava com uma dor terrível.
-Ai – murmurou. – Exagerei nos doces... Rony... Ele olhou para ela. -Me ajuda a levantar, por favor. – pediu. Ele estendeu a mão para ela. Estavam quase sozinhos no Salão Principal. Ele passou as mãos pela cintura dela, ajudando-a a levantar. Os olhares se encontraram. Ela já estava de pé, um pouco mais forte que antes, mas ele não a soltou. -Vamos – ela sussurrou. Ele ajudou ela até chegarem á porta da Ala Hospitalar. -Obrigada – agradeceu ela, lhe dando um rápido beijo na bochecha. Madame Pomfrey já abriu as portas com mais um copo da poção laranja na mão direita e, na esquerda, uma poção azulada. -Poção Reenergizante e Poção Vitaminada. Não as misture, tome uma, beba água, depois a outra. – ela avisou, antes que Mione perguntasse.
Capítulo 12 – A confissão A enfermeira ajudou-a a se deitar. Ela se sentiu um pouco solitária. Era a única na Ala Hospitalar. -Querida, o que você fez pra ficar assim? – perguntou a mulher. -Ah... Eu trouxe um pouco, quer dizer... Bastante... Doces trouxas esse ano e... E troquei a comida por eles... Um... Um malão cheio durou uma semana. -Minha nossa, querida... Um grande erro, suponho... Não deve fazer esforços, está bem...? Nessa hora, a porta se abriu. Malfoy entrou, sério. -Ela está bem? – perguntou ele á Madame Pomfrey. -Ah, sim, está bem melhor.
-Pelo menos não está mais esverdeada. – disse ele, encarando Hermione, sorrindo. Ela não achou a menor graça. -Bem, vou deixá-los sozinhos. – avisou Madame Pomfrey, se retirando. -Mas que burrada, hein, Hermione. – disse ele, se sentando na beirada da cama. Ela o encarou com certo desprezo. Ele desviou o olhar, lentamente voltando a encontrar o dela. -Para sua infelicidade, logo eu fico boa e saio daqui – ela retrucou de repente. -Infelicidade? Minha infelicidade é te ver aí deitada, mais magra que o esqueleto da minha tataravó. Ela o olhou com mais desprezo ainda. -Hermione – ele sussurrou, se aproximando um pouquinho. – Não há nada que eu possa fazer pra me perdoar, sabe. -Se afaste. – ela sussurrou, mal sabia o porquê. -Eu gostaria que você me considerasse um amigo. -Porque eu faria isso? -Dá pra esquecer aquilo? – ele explodiu, sem querer. A porta se abriu novamente, e uma garotinha de longos cabelos pretos entrou, carregada nos braços de um garoto do 7º ano, também de cabelos negros. A garotinha girava os olhos, um pra cada lado. -Uma azaração – disse ele, enquanto Madame Pomfrey examinava a estranha figura da garotinha que parecia inconsciente. -Querida? Está me ouvindo, querida? – a enfermeira balançou uma mão á frente do rosto da garota. Ela deu um gemidinho e fechou os olhos, parecia dormir.
-Ah, isso se cura, e rápido. Não se preocupe, venha buscá-la amanhã, á qualquer hora. Mas quanto mais cedo, melhor. -Tudo bem. – concordou. – Depois te busco, irmãzinha... – sussurrou, mesmo sabendo que ela não ouviria. O garoto saiu, deixando Malfoy e Mione sozinhos de novo, exceto por Madame Pomfrey, que ajudava a garotinha a ir até sua sala, lentamente. -Ah, você é tão complicada. -Meus pensamentos é que estão complicados. – retrucou. -E por quê? -E porque esse interesse? -Ora, porque eu sou a causa da sua complicação...? Ela o olhou como se negasse ao máximo. Mas não podia desmenti-lo, já que era verdade. Nenhum dos dois falou uma palavra por um minuto que pareceu ser uma hora. Até que a mão gelada dele tocou a mão magra dela, que descansava pausada sob a coxa. -Me conte, não vou dizer uma palavra ou questionar. -Contar? Contar? Está doido? Não vou te contar nada. Ele a olhou, como se suplicasse. -Não, não e n... Ele colocou um dedo sob seus lábios secos. Tirou-o lentamente, e ela umedeceu os lábios. -Conte – ele sussurrou esperançoso. -Você vai é debochar da minha cara. -O máximo que vou fazer é sorrir. -Ah, como eu te odeio.
Ele deu um sorriso zombeteiro, como se não acreditasse. -Acredite, é verdade. -Uhum. Continue. -Ahn. Quando você me beijou, meus sentimentos se entrelaçaram... -Quais? – provocou. -Raiva, dor, tristeza, amargura e, por fim, prazer. – ela se negou a dizer “amor ou interesse romântico...”. -Prazer? – repetiu, incrédulo. -É. Você beija bem, tenho que admitir... Mas prazer de te ver arrependido! – acrescentou depressa ao ver o sorriso dele crescer um pouco. -Sabia que você tinha gostado. – retrucou, ignorando o comentário. -Eu não disse exatamente que gostei. – ela mordeu o lábio inferior. -Foi o que eu entendi. – ele deu o sorriso Malfoy que ela odiava. -Querido, vamos, vamos, está na hora de ir. – avisou Madame Pomfrey. -Nem mais um minuto? Ela suspirou e ergueu o dedo indicador no ar. -Um, um mesmo. Vou contar. -Bom, seja como for... – ele sussurrou, quando Madame Pomfrey se virou e saiu andando. – Boa noite, Hermione. Ela adorava o modo que ele falava o seu nome. Ela nunca gostara que ele a chamasse de “Sangue-ruim”, e o nome dela soava quase como um sussurro em suplício, frio como uma gelo, sob sua voz gélida. -Boa noite. – disse ela. Ele apertou sua mão, que antes acariciava. -Seus dedos estão muito finos. – disse ele, sentindo seus ossos.
-Ah – murmurou em resposta. – Eu sei... Mas logo vão “engordar”. – respondeu, sorrindo. Ele deu um leve beijo em sua mão magra e levantou. -Até amanhã. – disse, dando um leve aceno. -Até. E então, deixou seu corpo se entregar ao sono, cuja influência não estava sendo percebida antes, agora estava bem forte.
Capítulo 13 – E a amizade cresce... Ela estava cada dia se curando um pouco mais. Não era anemia, mas o corpo dela havia ficado sensível de ingerir apenas doces por todo aquele tempo. Harry, Rony, Gina e Draco a visitavam todos os dias, apesar de ela não faltar ás aulas com freqüência, só quando se sentia realmente mal, o que já não acontecia mais. -Definitivamente você engordou o que tinha perdido. – disse Draco, que estava sentado na beirada de sua cama, acariciando sua mão, que já não estava mais magra como antes. Era a hora do jantar, a última noite de Mione na Ala Hospitalar, o que foi, pra ela, um grande alívio. Harry e Gina pareciam colados; o tempo todo de mãos dadas, abraçados ou até trocando beijinhos. Sempre que Rony os via, fazia sua pior cara de nojo, e saía de perto. -Como se ele não fosse namorar algum dia... – disse Gina, rindo com Mione, no almoço do dia seguinte. – Ah, Mione, você está melhor, né? -Claro... Não preciso mais ficar lá todo dia. Nossa, duas semanas tendo que dormir na Ala Hospitalar... Insuportável, se você quer saber. -E o Malfoy...? – perguntou Gina, hesitante. -Se você o conhece bem, ele deixa de ser tão frio e... Se ela tiver pena de você e estar arrependido de algo que te fez, bem... Ele fica l-legal.
-Hm... – murmurou a amiga, cotovelando Mione. -Ah, Gina! Pode parar de gracinhas... -Ele está te olhando, olha lá. Gina se inclinou para o lado, dando visibilidade para Mione ver a mesa da Sonserina. Draco, assim que a viu, sorriu e disse “oi” com o movimento dos lábios. -Eu não o entendo. – disse Mione, agora olhando para Gina, que voltara á sua posição anterior. -Gina, tenho que ir pra aula de Transfiguração... Tchau! – disse ela, levantando-se. – Ah, oi e tchau, Harry... – cumprimentou. Harry logo saiu também, depois de cumprimentar a namorada. -Mione – chamou ele. -Oi? – ela se virou. -Você está bem...? -Eh, sim... – ela pigarreou – Bem melhor. -Recuperou os quilos perdidos? -Graças á Merlim. Harry sorriu e entrou na sala de Transfiguração com ela.
Ela voltou exausta das últimas aulas. Murmurou a senha, Casca de barata, e se jogou na poltrona do Salão Comunal dos Monitores. A porta do quarto de Draco se abriu, e ele desceu as escadas, com o cabelo rebeldemente despenteado, sob os olhos cinzentos. -Ah, você voltou. – disse ele, com um pergaminho e uma pena-tinteiro na mão. -É. Lição? – perguntou, apontando para o pergaminho.
Ele confirmou. -Você não fez a sua, não é? Ela fez que não com a cabeça. -Devia fazer. Ela ergueu uma sombrancelha e se levantou da poltrona. -Boa idéia – disse ela, pegando um pergaminho e uma pena. Ele desceu os últimos degraus da escada e se sentou no chão, apoiando o pergaminho na mesa em frente á lareira, que Mione também estava. Ela escreveu “Um relato sobre dragões”. -Você não vai ter que voltar pra Ala Hospitalar, né? – perguntou. -Não – respondeu ela, escrevendo “O dragão, provavelmente o animal mágico mais conhecido do mundo...”. -Que bom. Ah... Eu queria... – balbuciou. Ela parou de escrever e olhou pra ele. -O quê? -Te pedir... Desculpas. -Pelo quê? – perguntou. -Por... Te beijar sem sua permissão aquele dia. E pelo... Pela... Pela tortura. Ela o encarou. Voltou a escrever, “...é também um dos mais difíceis de esconder...”. -Você vai me perdoar algum dia? Na Ala Hospitalar, você aceitou a desculpa pela... T-tortura, não aceitou...? -Ãh... Aceitei... – ela parou de escrever a frase “A fêmea é em geral mais agressiva e maior do que o macho...”. -E pelo... P-pelo beijo?
-Bem... – começou. – Não sei. -A tortura é mil vezes pior e mais difícil de perdoar, não é? -E eu sei lá. Pra mim, está tudo uma confusão. Ãh, eu quero terminar esse relato sobre dragões pro Profº Binns, certo? Também faz parte da História da Magia... -Eh... Certo – concordou.
Capítulo 14 – Brigas A aula de Defesa Contra as Artes das Trevas naquela tarde fora em dupla. Era como se fosse um duelo, e, bem, realmente era. Mas os alunos deveriam fazer feitiços não-verbais, ou seja, por pensamento. Harry conseguira fazer um feitiço defensivo contra a azaração murmurada de Neville, apesar de não ser ótimo. Hermione fora a melhor da classe. Fez dupla com Simas Finnegan, que era realmente muito ruim nesse tipo de feitiços. O novo professor deles, Richard Seleton, era alto e loiro, mais bonito que Gilderoy Lockhart, que fora professor de DCAT no segundo ano do trio. E era jovem, competente e arrancava suspiros de todas as alunas (e até algumas professoras). O professor decidiu fazer dupla com ela, o que fez Parvati e Lilá Brown darem suspiros para o Professor, que não era convencido. Hermione se defendera excepcionalmente bem, e rendeu 20 pontos para a Grifinória por esse excelente desempenho. -Boa, Mione! – elogiou Harry, enquanto saiam da aula. -Obrigada, Harry – respondeu a amiga, acenando. No jantar, Rony evitou olhar para ela, e, se olhava, era com certo desprezo. -Ron, o que aconteceu com você...? – perguntou ela. Ele fez um “hunf” e não deu atenção.
-Ele está estranho – ela cochichou para Harry. O amigo confirmou. -Ele brigou com a Gina. – esclareceu, aborrecido. -Por quê? -Por que estamos juntos, só por isso. Ele acha “nojento”. -Isso porque a única namorada que ele teve foi aquela nojenta da Lilá Brown... – debochou, ainda cochichando. Ron olhou pra eles, desconfiado. Gina entrou no Salão, meio tristonha. -Olhos vermelhos? – perguntou Mione, quando a garota sentou ao lado dela. -Não é possível chorar sem ficar com olhos vermelhos... – ela lançou um olhar furioso á Rony, que retribuiu com igual ferocidade. -A culpa é sua – retrucou Rony, as orelhas parecendo pegar fogo de tão vermelhas. -Minha? Minha? Você vem dizer que eu sou uma traidora só porque namoro seu melhor amigo? Harry deu um tapa na própria testa. -Parem de brigar por minha causa, mas que saco. Os dois bufaram de raiva e não trocaram nem mais uma palavra. Gina foi para o lado de Harry, ignorando Rony, á sua frente. O Salão foi se esvaziando, restando apenas eles e a gata do zelador Filch, Madame Nora. As mesas estavam vazias, e Mione decidiu ir para a Biblioteca fazer uma pesquisa sobre o dragão Focinho-curto Sueco. -Tchau, Rony. – disse ela, e somente para este, pois os outros dois namoravam como se Rony nem estivesse ali, os fuzilando com o olhar. Na biblioteca, quase deu de cara com Malfoy. -Desculpe. – pediu ela.
-Ãh... Não foi culpa sua. Ela encolheu os ombros e foi procurar um livro útil. -Então, o que você está procurando? – perguntou ela, quando ele folheou alguns livros. -Algum livro sobre plantas mágicas aquáticas... -Serve este? – uma voz conhecida ecoou atrás deles. “Ah, se essa buldogue me irritar...”, pensou Mione. -Ah... Obrigado, Pansy. -Obrigado? Você nunca diz obrigado. Provavelmente arrancaria esse livro da minha mão e ainda me olharia com desprezo... – disse Pansy Parkinson, amiga de Malfoy. -Porque, é isso que você quer que eu faça? -Eh, não. -Então me deixe falar obrigado, oras. -Só estranhei isso, Draquinho... Você é sempre tão... Sonserino. – disse ela, sem graça. “Draquinho? Que porra é essa?”, pensou Mione, rindo baixinho. Malfoy deu um suspiro e folheou o livro “Plantas aquáticas: No fundo do mar ou da estante”. - Ora, nem reparei sua presença... – disse ela, olhando para Mione, que copiava algo do livro “Os dragões da Era Mágica Dominante”. Hermione rolou os olhos. -Medo de falar...? Faz tempo que não briga, perdeu o pique ou é covardia mesmo? – provocou. -Não me provoca. – murmurou ela, fazendo o pingo do “i” furar o pergaminho.
-Não te provocar? Por que, você vai fazer o que? -Pode parar, Pansy – disse Malfoy. -Ah, Draco, não se mete... -Ela não fez nada pra você. – ele defendeu. -Você vai defender essa imundície? -Não a chame assim! – explodiu. Ela deu um passinho para trás, meio pasma. -O que você se tornou, Draquinho...? -DRAQUINHO A SUA VÓ! – retrucou, num tom de voz que poderia ser um grito. Pansy gargalhou; Malfoy pegou Hermione pelo braço e disse: -Vamos embora daqui. Ela enfiou tudo na mala e saiu da biblioteca, avisando Madame Pince que levaria o livro. -Ela me tira do sério – comentou Hermione, enquanto viravam um corredor. -Ela acha que eu devo sempre desrespeitar os nascidos-trouxas, o quê eu fiz bem até esse ano... Hermione estranhou ele falar “nascidos-trouxas” ao invés de “Sanguesruins”. Mas não criticou, já que não era problema. -Mas, bem, não vou ser mais assim. Não vou levar meu pai como um exemplo na minha vida, estou pegando repulsa por tê-lo nesse “cargo”, aliás. Ela se calou; nunca imaginara que aquelas palavras saíram da boca dele. Os dois subiram em silêncio para seus quartos.