eD. Nº 4 | ANO 2 | OUT. DE 2010
› JBS/Friboi, maior empresa do setor no mundo, é o mais novo filiado da ABRAFRIGO
› ABRAFRIGO comemora o fim do PIS/COFINS também sobre o couro e o charque.
Revista da
laços mais
fortes
ABRAFRIGO assina acordo de cooperação histórico em Moscou com a Associação Nacional da Carne da Rússia.
› Crescem casos de recuperação judicial entre os frigoríficos pela ausência de política de financiamento para pequenos e médios
UP
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Boas novas
Expediente redação e Projeto gráfico
Editora Ecocidade www.ecocidade.com.br ecocidade@ecocidade.com.br 41 3082-8877
jornalista responsável
Bernardo Staviski
impressão
Gráfica Capital
tiragem 5.000
A ABRAFRIGO deu um grande passo na sua área de comércio exterior firmando um acordo de cooperação em Moscou com a Associação Nacional da Carne(ANC), entidade que representa as empresas russas do setor. Além disso, obteve nova vitória com a extensão da isenção do recolhimento do Pis/Cofins sobre o couro e o charque produzidos pelos frigoríficos brasileiros. Mas esta edição da REVISTA DA ABRAFRIGO tem outro motivo para comemoração: a filiação do JBS/Friboi à entidade. Maior frigorífico do mundo, a empresa é um orgulho nacional pelo que se deprende de sua história desde a fundação, com uma atuação e crescimento exemplar tanto no mercado interno como externo. Sem dúvida, é uma aquisição importante para nós também sob o ponto de vista da quantidade de ensinamentos e experiências que a mais nova filiada poderá trazer para os associados, contribuindo para seu fortalecimento e crescimento. Aliás, o ingresso da JBS/Friboi, por si só, é uma prova de reconhecimento do trabalho que a entidade vem executado em prol da cadeia da carne bovina como um todo. Quanto mais fortes conseguirmos ser, melhor será a nossa atuação frente aos desafios futuros do setor e das questões que envolvem temas como tributação, sanidade, mercado, exportações, questões trabalhistas e outras. No seu pouco tempo de existência, a ABRAFRIGO já disse a que veio com as vitórias obtidas para a redução da pesada carga tributária que recaía sobre os frigoríficos brasileiros. Mas há muitos outros temas para serem debatidos dos quais esperamos novas decisões. E a promessa é a de que usaremos a mesma energia, senão mais, do que a que foi despendida quando conseguimos a isenção do Pis/Cofins para o setor. Nesta edição, o leitor poderá conferir também como está a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) com a qual ingressamos na justiça para evitar a cobrança do Funrural também para os frigoríficos, apesar deles já contribuirem para a Previdência Social via suas próprias folhas de pagamento, o que significa bitributação. Além disso, temos boa matéria sobre o estágio em que se encontra e as dificuldades do Sul do país de obter o reconhecimento de território livre de aftosa sem vacinação pela OIE. Boa leitura. Péricles Pessoa Salazar Presidente-Executivo
Associação Brasileira de Frigoríficos Av. Cândido de Abreu, 427 - 16º andar - sala 1601/1602 - Centro Cívico - CEP 80530-000 Fone (41) 3021-3221 Fax (41) 3254-7977 e-mail: abrafrigo@abrafrigo.com.br
Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .3
Índice Capa
Laços mais fortes
ABRAFRIGO assinou acordo de cooperação histórico em Moscou dia 16 de setembro com a Associação Nacional da Carne da Rússia
Pág
08
Indicadores do Trimestre
pg 05
Varejo
pg 17
Aftosa
pg 18
Funrural
pg 24
Boi Orgânico
pg 28
Setor de Couro
pg 31
Equívoco
pg 34
Bolsa de Mercadorias
pg 36
Financiamento
pg 40
Boi em pé
pg 43
Notas
pg 46
Grupo Pão de Açúcar é pioneiro no controle da origem da carne no setor varejista e está espalhando a novidade da carne rastreada para todo o país. Por deficiência na infraestrutura, Paraná e Rio Grande do Sul devem demorar para obter o status de territórios livres de aftosa pela OIE sem vacinação. ABRAFRIGO contesta recolhimento do Funrural e entra com ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de liminar. Por reunir condições de criação muito próximas das características técnicas necessárias, iniciativa pioneira no Pantanal Sul-Matogrossense já produz o “boi orgânico”.
Pis/Cofins
Maiores ganhos ABRAFRIGO comemora o fim do PIS/COFINS também sobre o couro e o charque. Com isso, a carga tributária no setor diminui e aumentam as receitas
Mesmo com melhora, o setor do couro enfrenta problemas estruturais e couro brasileiro ainda perde preço no mercado internacional.
Pág
12
Associados
Banco do Brasil oferece linha de recursos de R$ 8 bilhões que pode melhorar a liquidez de pequenos e médios frigoríficos.
JBS/Friboi na ABRAFRIGO Novo associado é a maior empresa do mundo no setor e, com seu ingresso, já se vislumbra um novo tempo de crescimento na entidade. Crescer no comércio exterior é uma das metas
Estudo feito pela FAO em 2006, que aponta a indústria da carne como grande responsável por emissões, começa a ser contestado por cientistas do mundo inteiro.
Crescem casos de recuperação judicial entre os frigoríficos pela ausência de política de financiamento para pequenos e médios.
Pág
18
4. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Sobre o olhar da análise técnica, a polêmica da exportação do “boi em pé” chega a uma conclusão a favor desse canal de escoamento.
Indicadores do Trimestre In natura e industrializada
Os preços voltaram a se valorizar em julho quando as exportações de carne in natura e industrializada atingiram US$ 470,2 milhões
Espaços ainda por ocupar
Exportações nos primeiros sete meses do ano crescem em volume e preços
Crescimento
As exportações de carne bovina superaram US$ 2,8 bilhões nos primeiros sete meses do ano
Chegando ao Oriente
China, Turquia, Vietnã, são países que vão começar a comprar do Brasil
A retomada da demanda, ref lexo da recuperação da economia mundial, já está impactando as exportações brasileiras de carne bovina, apesar das restrições da União Européia à carne brasileira em vigor há dois anos. As exportações de carne bovina superaram US$ 2,8 bilhões nos primeiros sete meses do ano, segundo estatísticas divulgadas pelo Secex/Decex do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio compiladas pela ABRAFRIGO. No total, de janeiro a julho houve uma variação positiva em volume de 4% em relação ao mesmo período de 2009, mas o resultado em preços foi bem melhor que o esperado: crescimento de 24% na receita em relação ao mesmo período do ano passado. Seguindo a tendência, os preços voltaram a se valorizar em julho quando as
exportações de carne in natura e industrializada atingiram US$ 470,2 milhões ou 29% acima dos US$ 365 milhões do mesmo mês de 2009. Os preços médios do produto in natura subiram 19% em comparação com o primeiro semestre 2009, para US$ 3.704 por tonelada, embora estes números ainda estejam abaixo dos preços praticados em 2008, antes da crise. “Há todo um quadro novo de possibilidades se abrindo para as exportações brasileiras principalmente no Oriente: China, Turquia, Vietnã, são países que vão começar a comprar do Brasil. E os países árabes e do Oriente Médio já respondem por mais de 30% das exportações do país. Somente o Irã já adquire 15% da produção exportada pelo Brasil,
Mesquita Azul (Turquia)
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Previsão para 2010
As vendas externas podem crescer 20% em valor e mais de
10% em volume em relação a 2009.
Exportação da carne bovina brasileira por estado
1o Lugar São Paulo › 38,7%
2 º Mato Grosso › 15,3% 3º Goiás › 11,5% 4º Mato Grosso do Sul › 10,5% 5º Minas Gerais › 6,7% *nos primeiros sete meses do ano
6. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
estas circunstâncias, as vendas externas podem crescer 20% em valor e mais de 10% em volume em relação a 2009, quando o país vendeu mais de US$ 4,2 bilhões. O Brasil, ocupa a segunda posição entre os principais produtores mundiais - posicionando-se atrás dos Estados Unidos - e deve apresentar aumento da produção de 4% em 2010, atingindo uma produção estimada de 9,3 milhões de toneladas, o que representa 16,5% da produção mundial. A produção americana é estimada em 11,6 milhões de toneladas, ou 20,6% da produção mundial. No ranking dos exportadores, porém, o Brasil está em primeiro lugar e detém o maior rebanho comercial do mundo. Por sinal, a produção mundial estimada em 2010, deve sofrer redução de 0,7%, em comparação com 2009.
Foto: Rodrigo Félix Leal / APPA
ficando em segundo lugar em importância, atrás apenas da Rússia, com 23% dos negócios”, explica o presidente-executivo da ABRAFRIGO, Péricles Salazar. “O Irã, em apenas um ano, aumentou suas compras de carne bovina do Brasil em 263%”, completa o dirigente. Na verdade, os países em desenvolvimento são os grandes importadores de carne bovina "in natura" do Brasil atualmente. Entre os dez maiores, há apenas dois europeus, a Itália, em quinto lugar, e o Reino Unido em sétimo. “O que está ocorrendo é que o Brasil também está sendo favorecido pela situação de que Argentina, Austrália e Estados Unidos não podem ampliar a oferta neste momento”, completa o presidente da ABRAFRIGO. Para 2010, ele estima que, com
Estados que vendem mais São Paulo continua sendo o principal estado exportador da carne bovina brasileira, atingindo 38,7% das vendas totais, ou 292,9 mil toneladas, de janeiro a julho de 2010, caindo, inclusive, alguns pontos em relação a 2009 quando sua participação no volume foi de 39,4%. O Mato Grosso é o segundo do ranking, com 15,3 % e Goiás o terceiro, com 11,5%. Mato Grosso do Sul vem na quarta posição com 10,5% do volume comercializado no exterior, enquanto que Minas Gerais ficou com o quinto lugar e 6,7% do volume negociado. Por região, o Norte do Brasil ficou com 10,4% do volume comercializado no exterior, o Nordeste, com 0,2%; O Centro-Oeste com 37,2%, o Sudeste com
46,1% e o Sul com 6,1%. Por este quadro, portanto, é fácil entender porque o porto de Santos concentra a maior parte da exportação brasileira: movimentou nos primeiros sete meses do ano 547 mil toneladas do produto, ou 72,4% das vendas por volume. O porto paranaense de Paranaguá ficou na segunda posição em movimentação, com 13,2% do total ou 100 mil toneladas; Rio Grande (RS) movimentou 3,9% ou 29,5 mil toneladas e Itajaí 2,7%, com 20,2 mil toneladas. Em relação aos produtos exportados, carne desossada de bovinos congelada respondeu por 68,2% das vendas enquanto que preparados alimentícios e conservados de bovinos ficou com 12,7% da comercialização.
Exportações de carne bovina pelo porto de Paranaguá
Ranking de exportadores
No ranking dos exportadores, porém, o Brasil está em primeiro lugar e detém o maior rebanho comercial do mundo.
Guinada
O Chile, que antes estava na 57ª posição, já é o 14º mercado com aquisições de 8,3 mil toneladas
Estátua na Ilha de Páscoa no Chiler
Principais mercados Segundo os dados compila71,9 mil toneladas, o que resultou dos pela ABRAFRIGO, nos prinuma receita para o país de US$ meiros sete meses de 2010 a Rús249 milhões, ocupando a quarta sia continuou sendo o principal posição, enquanto a Itália surge mercado para a carne bovina bralogo em seguida, no quinto lugar, sileira. Embora tenha existindo com importações de 14 mil toneuma queda de 14% em volume, ladas que resultaram em US$ 105 houve um crescimenmilhões em receita. Os Nos primeiros Estados Unidos, que to de 7% nos preços: sete meses de foi o terceiro maior imforam comercializadas para aquele mercado 2010 a Rússia portador em 2009, caiu 172 mil toneladas o continuou para a décima posição que rendeu US$ 579 sendo o no período, com queda milhões de dólares. Já de 51% nas aquisições principal e de 47% nas receitas o Irã, segundo colocamercado para devido, principalmendo, comprou 117 mil a carne bovina te, ao fechamento deste toneladas, o que proporcionou uma receita brasileira mercado a carne prode US$ 464 milhões. cessada brasileira nos Hon g Kon g f icou últimos meses. Outro como o terceiro maior mercado mercado digno de nota foi o Chijá que é a porta de entrada atual le que antes estava na 57ª posição do produto no mercado chinês: e já é o 14º mercado com aquisicomprou 106 mil toneladas, queções de 8,3 mil toneladas. Depois da de 9% em volume em relação da Itália, a Venezuela, Reino Unia 2009, e de 3% nas receitas no do, Arábia Saudita, Israel e Estaperíodo, com US$ 330 milhões. dos Unidos completam o quadro O Egito continua um cliente dos dez maiores importadores de importante: importou do Brasil carne bovina brasileira. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .7
8. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Capa
Ampliando Horizontes
ABRAFRIGO quer ampliar vendas para o mercado russo que, desde 2004, é o melhor cliente dos frigoríficos brasileiros. Para isso assinou em Moscou, dia 16 de setembro passado, um importante Acordo de Cooperação com a Associação Nacional dos Importadores Russos
A
Associação Brasileira de e médios frigoríficos. Isso porque Frigoríficos (ABRAFRIa cota de entrada do produto nesGO) assinou, no dia 16 de te ano, por exemplo, é superior a setembro passado, acordo 950 mil toneladas, e o Brasil deverá histórico com a Associaser responsável por uma ção Nacional da Carne "Este acordo fatia na ordem de 550 (ANC), entidade que rerepresenta um mil toneladas. A comipresenta as empresas rusgrande avanço tiva da ABRAFRIGO sas do setor. O sucesso com a presença na relação contou da missão brasileira em do Dr. Inácio Kroetz, institucional ex-Secretário de Defesa Moscou, composta pelo entre os Agropecuária, do Minispresidente-execut ivo agentes tério da Agricultura. Péricles Salazar e pelo diretor da área interna“Fomos muito bem públicos e cional da ABRAFRIGO, recebidos em Moscou privados dos Thomas Kim, resultou pelas autoridades e redois países" em um acordo de coopresentantes de entidaPéricles Salazar peração entre a entidade des russas. Este acordo e a associação russa, cujo representa um grande diretor-executivo é o Dr. Serguey avanço na relação institucional Yuschin, que prevê, dentre outras, entre os agentes públicos e privaa manutenção e ampliação do leque dos dos dois países. Além da inde fornecedores brasileiros de carclusão desses frigoríficos na lista ne bovina, incluindo os pequenos de estabelecimentos brasileiros haImportância do mercado russo para o Brasil Exportações de carne
bovina em toneladas e a receita obtida 2004
160 mil toneladas
US$ 248 milhões
2005
306 mil toneladas
US$ 572 milhões
2006
328 mil toneladas
US$ 762 milhões
2007
328 mil toneladas
US$ 762 milhões
2008
391 mil toneladas
US$ 1,47 bilhão
2009
334 mil toneladas
US$ 952 milhões
2010
172 mil toneladas
US$ 579 milhões Fonte: ABRAFRIGO
Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .9
Acordo de cooperação A ABRAFRIGO assinou no dia 16 de setembro acordo histórico com a Associação Nacional da Carne (ANC), entidade que representa as empresas russas do setor. A seguir seguem os contratos em português e em russo:
Português
bilitados, as relações comerciais no setor de carne bovina entre os dois países tende a se disciplinar”, afirma Péricles Salazar. Com o acordo, também está previsto o intercâmbio de informações sobre mercados da Rússia e do Brasil, troca de experiências, harmonização de procedimentos, e uma compreensão mais profunda das normas veterinárias da Rússia. Principal importador da car-
ne bovina brasileira desde 2004, a Rússia está em busca de carne com preços menores que os praticados na União Européia, devido ao forte crescimento da indústria de fast food, capitaneada pela rede McDonald’s. Atualmente, a maior parte da carne do hambúrger consumido pelos russos vem do Mercosul, tendo como maior fornecedor o Brasil, por apresentar baixa contaminação e boa padro-
10. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
nização. Com isso, o Brasil vem diminuindo sua dependência dos tradicionais compradores de carne bovina, exportando não apenas as partes nobres do boi. Isso tem proporcionado a conquista de novos mercados. E, de fato, a Rússia, deve se firmar como um dos principais importadores mundiais de carne bovina, pois sua produção cresce apenas 3% ao ano, enquanto o consumo avança 10% ›‹
Russo
Durante a visita para a assinatura do acordo em Moscou: da esquerda para a direita, o presidente-executivo da ABRAFRIGO Péricles Salazar, o vice-presidente da Associação dos Veterinários da Rússia, Nepoklonov Evgeny, o ex-secretário de defesa agropecuária do Mapa, Inácio Kroetz e o chefe do escritório do Frigorífico Minerva na Rússia, Rustam N. Gareev. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .11
12. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Pis/Cofins
Mais uma vitória sobre o dragão
ABRAFRIGO consegue mais uma vitória decisiva para reduzir a carga tributária na cadeia produtiva da carne bovina. Desde o final de julho, o charque e o couro também estão isentos das contribuições do Pis/Cofins
P
ublicada no Diário Oficial uma das maiores vitórias do setor da União em 16 de dezemde frigoríficos em toda a sua hisbro de 2009, mas produtória. Ela, no entanto, provocou zindo efeitos a algumas dúvidas na cadeia "No caso do produtiva da carne. Desde partir de 1º de novembro do ano passado, a couro, havia março deste ano, a ABRAInstrução Normativa nº uma distorção FRIGO tem procurando 977/2009 que tratou da porque só havia alertar seus associados e o suspensão da exigibisetor da carne bovina para lidade de PIS e Cofins reconhecimento elas e, inclusive, participou da isenção do de uma reunião, em 5 de na comercialização de produtos pecuários, foi PIS/Cofins para março passado, com o Subo produto com secretário de Tributação e até 16 quilos" Contencioso de Receita Federal, Sandro de Vargas SerPéricles Salazar pa, aonde apresentou suas
Resultados O trabalho da ABRAFRIGO foi novamente reconhecido, resultando na Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, que, em um de seus artigos, corrige o tratamento tributário dado a alguns produtos da cadeia produtiva da carne
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14. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Medida Provisória
Trechos da Medida Provisória nº 497, publicada em 28 de julho de 2010, que se referem a desoneração do couro e do charque
Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .15
aspectos da nova legislação: se os reivindicações para corrigir alguatacadistas também têm direito ao mas falhas e ausências daquela IN. benefício; sobre como resolver a O trabalho da entidade foi nosituação dos produtos das NCMs vamente reconhecido e aprovado (Nomenclatura Comum ao Merpelas autoridades governamentais. cosul), não incluídas na Lei e na E resultou na Medida Provisória nº Instrução Normativa e, ainda, o 497, de 27 de julho de 2010 que, em direito ao crédito dos insumos, um de seus artigos, corrige o tracomo energia e embalagens”, explitamento tributário dado a alguns ca Péricles Salazar. “Com a MP produtos da cadeia produtiva da 497, além do couro, o benefício foi carne como o couro e o charque. estendido a quem produz charque, “No caso do couro, havia uma que estava de fora da distorção porque só haisenção”, diz ele. via reconhecimento da "Com a MP A publicação no dia isenção do PIS/Cofins 497, além 28 de julho passado da para o produto com até do couro, o MP nº 497, assinada pelo 16 quilos. Ora, isso prabenefício foi presidente Luis Inácio ticamente deixou toda Lula da Silva, já resolve a produção brasileira de estendido a a maior parte das quesfora do alcance do bene- quem produz tões levantadas junto ao fício porque o peso do charque, que Ministério da Fazenda e couro de um boi gordo estava de fora Receita Federal pela entipode chegar a 33 quilos. da isenção" dade. No entanto, o preCouro de 16 quilos, só o sidente alerta que ainda de bezerros”, explica o Péricles Salazar há algumas aparas a sepresidente-executivo da rem retiradas: “Para o setor atacaentidade, Péricles Salazar. Como a dista que desossa ou industrializa, taxação do couro com o PIS/Coo benefício fiscal do Pis/Cofins foi fins alcançava a 9,25% e previa um mantido, ou seja existe a desoneracrédito de 40% do valor, isso signição neste caso. Já para o atacadista ficada uma contribuição de aproxique não desossa ou simplesmente madamente 4% para as operações revende como comprou, o Ministérealizadas pelos frigoríficos. Como rio da Fazenda ainda não contemo mercado brasileiro de couros mopla estas operações”, conclui ›‹ vimenta em torno de R$ 2 bilhões ao ano, dá para imaginar o quanto a redução de carga tributária vai significar para o setor: pelo menos R$ 80 milhões anuais. O que a ABRAFRIGO fez foi A primeira grande vitória da esclarecer melhor o governo sobre ABRAFRIGO foi a retirada da a norma que regulamenta os artiincidência de contribuições do gos 32 a 37 da Lei nº 12.058/2009, PIS/Cofins que oneravam o setor de frigoríficos pequenos e médios e que estabelece que a isenção é e que não eram exportadores. válida para venda de gado bovino, Isso aconteceu no final de 2009. carnes, couros, etc, e que a suspenAgora, esta medida exemplar é são alcança a comercialização efecomplementada por outra que tuada por pessoa jurídica, inclusive corrige distorções da primeira: inclui o setor de couros e de cooperativas, para pessoas jurídicas charque, desonerando também produtoras ou que industrializem estes segmentos que não fizeram bens e produtos de carnes bovinas. parte da primeira iniciativa. “As dúvidas da ABRAFRIGO estavam relacionadas a três
Complemento
16. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Varejo
Prateleira Rastreada
Grupo Pão de Açúcar é pioneiro no controle da origem da carne no setor varejista e está espalhando a novidade da carne rastreada para todo o país
N
a procura por diferenciais para crescer no mercado de carne bovina, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) foi a primeira rede de varejo do País a contar com um sistema de rastreabilidade que permite ao cliente acompanhar todo processo da cadeia produtiva da carne. A novidade é para a linha de carnes da marca exclusiva Taeq, disponíveis em lojas de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Brasília. Agora o grupo quer estender a novidade para todo o país e, no Paraná, o serviço chega até o final do ano, nas bandeiras Extra e Pão de Açúcar. Uma etiqueta 2D fixada no produto permite o acompanhamento da cadeia produtiva, seja via aplicativo para smartphones, seja pela internet, no site www.qualidadedesdeaorigem.com.br. O código também aponta informações sobre a carne e fotos do ambiente de produção. Com investimentos de R$500 mil desde o seu lançamento, a linha de carnes Taeq atende às políticas sustentáveis e de proteção ao meio ambiente defendidas pela empresa e tenta buscar o consumidor mais informado. O Pão de Açúcar está indo ao campo para comprar carne mais em conta por meio de parcerias com médios e pequenos produtores de gado. A ideia é que os fri-
goríficos disputem espaço e preço nas prateleiras com a oferta de marca própria do varejista. A empresa mantém contratos com 40 fazendas e todos os animais recebem material genético selecionado. No momento, 43 mil vacas estão inseminadas. Para 2011, pretende-se inseminar 55 mil vacas e, a cada ano, ampliar o rebanho em 10 mil animais, mantendo elevada uma cadeia de fornecedores ›‹
Rastreabilidade Através de etiquetas fixada nos produtos, o consumidor pode acompanhar informações da cadeia produtiva, seja via smartphones ou pela internet. O código também aponta informações sobre a carne e fotos do ambiente de produção
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Aftosa
Pisando no freio Por deficiência na infraestrutura da sanidade animal, Paraná e Rio Grande do Sul devem demorar para obter o status de territórios livres de aftosa sem vacinação pela OIE
C
onseguir o status de território livre de aftosa sem vacinação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), é uma ambição que já foi declarada pelo Paraná e pelo Rio Grande do Sul. Há uma movimentação intensa dos governos e empresários do dois estados e de suas respectivas divisões sanitárias, mas a conclusão é a de que não deve existir precipitação sob pena de se repetir a experiência ocorrida no Rio Grande do Sul, em abril de 2000. Naquela época os gaúchos deixaram de vacinar seu rebanho porque há sete anos não registravam casos da doença, situação parecida com a de hoje. Porém, em agosto daquele mesmo ano, foi
identificado um foco de aftosa no para a carne in natura brasileira e município de Jóia, no Norte do esmelhores preços para o produto. tado, que se espalhou rapidamente “O status de região livre da doe obrigou ao sacrifício de 11 mil ença sem vacinação é interessante, animais pondo tudo a mas o trabalho tem de ser perder e trazendo muita "O status de muito bem estruturado e frustração. garantias muito granregião livre da com Conseguir este stades”, afirma o presidente doença sem do Sindicato das Indústus, que hoje no Brasil vacinação é trias de Carnes do Rio somente Santa Catarina possui desde maio de interessante, Grande do Sul (Sicader2007, no entanto, é algo mas o trabalho gs), Ronei Lauxen. “Nós possível, embora ainda tem de ser temos consciência de que seja necessária muita cauisso, mas ainda muito bem queremos tela. E gratificante pelas não estamos preparados”, estruturado e acrescenta o diretor-exevantagens que traz para o com garantias cutivo da entidade, Zilsetor, com a possibilidade de abertura de mercados muito grandes" mar Moussali. como o dos Estados Uni“Tanto a ABRAFRIRonei Lauxen dos, Coréia do Sul e Japão GO como o Sindicarnes-
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Foto: SECS
-PR são favoráveis a obtenção deste status mas, enquanto não tivermos estrutura, equipes bem treinadas e fiscalização rigorosa, é melhor não fazer este tipo de tentativa”, comenta o presidente-executivo da ent idade, Péricles Salazar. O Paraná estava mais avançado nestas tratativas mas dificilmente vai conseguir o reconhecimento de área livre de febre aftosa sem vacinação este ano como o estado pretendia porque não conseguirá cumprir todas as adequações exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) até novembro quando acontece a segunda etapa da campanha de imunização deste ano. Os princi-
pais problemas, hoje, são a falta de pessoal e a necessidade de adequação de todas as barreiras sanitárias e ainda a construção de duas novas. Durante reunião realizada em junho do Conselho de Sanidade Animal (Conesa), órgão ligado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), representantes de mais de 20 entidades tentaram esclarecer dúvidas sobre o processo, mas ficaram sem respostas. A avaliação do momento é que ainda não há data para suspender a vacinação dos animais. O chefe do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária (Defis) da Seab, Marco Antonio Teixeira Pinto, disse que a secretaria
Santa Catarina sai na frente Desde 2007 Santa Catarina é único estado brasileiro livre de aftosa sem vacinação, reconhece a OIE. Até agora, no entanto, isso não significou uma grande vantagem e o primeiro sinal de que vale a pena investir neste caminho pode vir nesse ano quando devem iniciar os envios de terneiros vivos para a Itália. Mesmo com uma população bovina pequena, de 3,7 milhões de cabeças, os criadores locais decidiram iniciar as negociações para expandir as fronteiras e melhorar os preços da carne no mercado interno. A partir de 2011, Santa Catarina espera enviar de 4 mil a 6 mil terneiros de oito a dez meses para a Itália. Desde que conseguiu o aval da OIE, o estado vem recebendo a visita de países como a União Europeia, Coreia do Sul e México, mas isso não traduziu-se em negócios. A próxima tentativa é abrir uma janela para exportação de suínos para a Europa e buscar o mercado do Japão. Na verdade, o estado iniciou o processo de mudança de status em 2000, junto com o Rio Grande do Sul e, ao contrário do estado vizinho, nunca registrou novos focos da doença. O estado investe bastante para manter o vírus da aftosa longe do rebanho local intensificando o controle de trânsito, com o estabelecimento de 69 barreiras fixas, por 24 horas e barreiras móveis, com 414 técnicos. Além disso, há dez anos é proibida a
entrada de bovinos de outros estados em território catarinense. Também é feita a identificação individual de todos os bovinos, com brincos verdes e essa regra é especialmente rígida. Todo o animal que não esteja com o brinco é abatido e isso ocorre diariamente, especialmente para os vindos do Paraná. Também há vigilância intensa nas propriedades, com vistorias periódicas e realização de sorologia anual, envolvendo bovinos, ovinos e caprinos acompanhamento feito pelas 20 regionais e, em cada uma, há uma equipe de emergência sanitária completa com camionete de tração sempre alerta para atendimento de casos de suspeita de aftosa.
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é que será responsável pela fiscalio status, em relação ao trânsito de zação em parceira com a iniciativa animais, não será mais permitida privada, ou seja, com os produtores. a entrada de bovinos e bubalinos Hoje, há 394 Conselhos Municipais vacinados e isso tem de ser controlade Sanidade Agropecuária no Estado por meio das barreiras instaladas do que podem ajudar neste nas regiões de fronteira. "Para garantir trabalho. É por isso também, que Mas há necessida- um sistema o Rio Grande do Sul está procurando envolver nas de de mais pessoal. Em de vigilância 2006, o governo do esta- durante 24 discussões tanto o Urudo realizou um concurso horas por guai como a Argentina. O para médicos veterinários primeiro país, por sinal, e técnicos agrícolas. Dos dia esse também está procurando 63 que foram aprovados no contingente trabalhar nesta direção. concurso foram contrata- teria que ser O Secretário estadual de dos 44. A Seab precisa de dobrado" Agricultura gaúcho, Gil65 médicos e 401 técnicos Gilmar Tietböhl mar Tietböhl informa que agrícolas. Foram chamapossui um quadro de vidos 48 médicos, mas apenas 15 se gilância sanitária com 400 técnicos apresentaram. Do total de técnicos e pede cautela. “Para garantir um sistema de vigilância durante 24 hoapareceram 25%. Tudo isso é muito importante ras por dia esse contingente teria que porque nos dois estados, a partir ser dobrado”, garante ele. de momento em que se reconhece No Paraná, o que se sabe, é que 20. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Quem sabe ano que vem Dificilmente o Paraná vai conseguir o reconhecimento de área livre de febre aftosa sem vacinação este ano, porque não conseguirá cumprir todas as adequações exigidas pelo Mapa até novembro, quando acontece a segunda etapa da campanha de imunização deste ano
Foto: SECS
Histórico Há quase 5 anos o Paraná enfrentou a suspeita de que existia gado com aftosa em seu território. Desde então, o estado recuperou o status de livre da doença com vacinação, e intensifica os esforços para conseguir o status de território livre de aftosa sem vacinação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) Fotos: SECS Outubro de 2005 – O Ministério da Agricultura diz que há aftosa no Paraná e a secretaria estadual afirma o contrário. Uma fazenda em São Sebastião da Amoreira, no Norte do Paraná, havia comprado animais de uma região com a doença em Mato Grosso do Sul. Mesmo com as incertezas, cerca de 6.781 cabeças de gado são abatidas e enterradas em valas comuns nos meses seguintes. Dezembro 2005 – Depois de o Ministério da Agricultura reafirmar que o Paraná estava enfrentando a aftosa, o número de países que suspendem as importações de carne bovina chega a 56. Entre eles a Rússia, principal comprador do estado. As perdas atingem os produtores de suínos e aves, que também passam a enfrentar barreiras sanitárias. Outubro de 2007 – Após o sacrifício dos animais supostamente em risco e dois anos de intensa vacinação, o Ministério da Agricultura anuncia que o Paraná está livre de aftosa com vacinação. Começa então a luta para que a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) reconhecesse esse status sanitário.
quando o estado estiver pronto para suspender a vacinação, o Mapa deverá realizar uma auditoria. Caso esteja tudo certo, após um ano é possível realizar a solicitação para a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que pode demorar até dois anos para apresentar o resultado. O secretário estadual de Agricultura, Erikson Camargo Chandoha, diz, no entanto,que o Estado vai precisar ainda de uma estruturação das barreiras sanitárias. A ideia é fazer a licitação das obras onde é possível e, onde não for, realizar parceria com a iniciativa privada. Hoje, há 33 barreiras sendo que 60% delas estão adequadas e o restante precisa de reforma e restruturação. Além disso, será necessário construir mais duas barreiras. Segundo ele, a parte que já está pronta é a informatização, compra de veículos e móveis, o que quer dizer que ainda falta muita coisa ›‹
Janeiro de 2008 – A Europa suspende a importação de carne bovina de todo o Brasil, alegando falhas na rastreabilidade. O Paraná passa a ter problemas em dobro para retomar as exportações. Só fazendas cadastradas numa lista internacional passam a exportar carne bovina para a União Europeia. Os produtores brasileiros reclamam de protecionismo, mas acabam se rendendo à exigência. Junho de 2008 – A OIE e a União Europeia reconhecem, enfim, o Paraná como área livre da aftosa com vacinação. O estado passa a cumprir um lento processo de cadastramento das fazendas pecuárias, primeiro no sistema nacional de rastreabilidade e depois na lista da UE.
Setembro de 2008 – A primeira fazenda do Paraná aceita como fornecedora de carne bovina pela UE aparece na lista atualizada semanalmente pelo bloco. No mês seguinte, um frigorífico de Maringá realiza o primeiro abate direcionado aos consumidores europeus. Até hoje, só 38 áreas paranaenses estão cadastradas. Maio de 2009 – O Paraná dispensa a vacinaçãodo gado com mais de dois anos. Na campanha de novembro seguinte, no entanto, o total de aproximadamente 9 milhões de cabeças volta a ser imunizado. Março de 2010 – A Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anuncia calendário para suspender a vacinação. A última campanha deve ser a de maio deste ano, também direcionada a animais com até 24 meses, mas meses depois volta atrás.
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Associados
JBS/Friboi na ABRAFRIGO Novo associado é a maior empresa do mundo no setor e, com seu ingresso, já se vislumbra um novo tempo de crescimento na entidade. Crescer no comércio exterior é uma das metas
E
m junho passado, a Associases das empresas do setor junto ção Brasileira de Frigoríficos aos diversos níveis de autoridades distribuiu comunicado, infederais e hoje é largamente recoformando que o grupo JBS/ nhecida como entidade das mais Friboi é o mais novo associado da representativas dos interesses da entidade. Atualmente, o grupo está indústria da carne brasileira”, afirpresente em mais de cem países nos mou o presidente-executivo da encinco continentes, possui tidade, Péricles Salazar. mais de 125.000 funcioSegundo ele, a f inários, 21 filiais, e abate "Um exemplo l iação do JBS/Fr iboi e processa mais de 40.000 de caminho vai contribuir em muito bovinos diariamente, com a ser trilhado para o desenvolvimento o faturamento acima de para a efetiva do recém criado setor de R$ 60 bilhões anuais. consolidação exportação da entidade, Sua base de clientes em beneficiando, inclusive, do mercado todo o mundo está em as pequenas e médias franca expansão: ao fi- de carnes empresas exportadoras nal do primeiro semes- brasileiro, onde que dele fazem parte. “ tre de 2010, apresentou as pequenas O novo sócio amplia as crescimento de 22,2% e médias responsabilidades da entidade e representa um ultrapassando os 300 empresas considerável reforço na mil. As operações da possam JBS estão estruturadas luta e defesa dos temas em cinco seg mentos: conviver com as que são comuns à indúsDivisão Alimentos Bra- grandes" tria brasileira de carnes, sil, Divisão Alimentos tais como as questões Péricles Salazar Argentina, Divisão Alitributárias, ambientais, mentos EUA, Divisão sanidade animal, relações do trabalho, comércio exteAlimentos Austrália e Divisão Transporte. rior, entre outras”, explicou Pé“ Esta filiação significa o rericles Salazar. conhecimento do trabalho que a Para ele, a liderança exercida entidade vem realizando desde a pelo JBS/Friboi significa um norte sua criação em 2004, chegando para os pequenos e médios frigoao ponto de merecer a confiança ríficos, podendo ser um exemplo do maior frigorífico do mundo. A de caminho a ser trilhado para a ABRAFRIGO vem defendendo efetiva consolidação do mercado com energia e vontade os interesde carnes brasileiro, onde as pe22. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Maior do mundo
A JBS está inserida em 100% dos mercados consumidores do mundo graças à sua estrutura produtiva, com plantas instaladas nos quatro principais países produtores de carne bovina – Brasil, Argentina, EUA e Austrália – bem como pela liderança nas exportações, que atendem a 110 países
quenas e médias empresas possam conviver com as grandes respeitando-se as suas respectivas faixas de mercado”, concluiu o dirigente. A JBS é a maior multinacional brasileira na área de alimentos, e sua história de sucesso começa em 1953 quando José Batista Sobrinho iniciou as operações de uma pequena planta de abate em Anápolis(GO), com capacidade para cinco cabeças de gado por dia. Hoje, ela se dedica a produzir carne bovina in natura e resfriada, carne bovina industrializada, carne suína in natura e resfriada, além de subprodutos bovinos e suínos. Em 2007, a JBS consolidou-se como a maior empresa do mundo no setor de carne bovina com a aquisição da Swift &Company
nos Estados Unidos e na Austrália. A Companhia alcançou, ainda, a marca de primeira do mundo em capacidade de abate – 51,4 mil cabeças por dia – e manteve o destaque nas operações de produção,
processamento e exportação nas plantas nacionais e internacionais. Com a nova aquisição, a JBS ingressou no mercado de carne suína se transformando no terceiro maior produtor e processador deste tipo de carne nos EUA. A aquisição aumentou o portfólio da Companhia ao incluir os direitos sobre a marca Swift em nível mundial. A JBS está inserida em 100% dos mercados consumidores do mundo graças à sua estrutura produtiva, com plantas instaladas nos quatro principais países produtores de carne bovina – Brasil, Argentina, EUA e Austrália – bem como pela liderança nas exportações, que atendem a 110 países. Hoje, a JBS atua nos segmentos de alimentos e transportes, somando, em todos os países em que está presente, mais de 40 mil funcionários. Com as 3 últimas aquisições da empresa – SmithfieldBeef, NationalBeef e Tasman – o número de funcionários ultrapassou a marca de 60 mil. A Companhia foi a primeira a se consolidar no setor de frigoríficos no Brasil partindo para sua internacionalização a partir de 2005 com a aquisição da Swift Argentina. Com a abertura de capital em 2007, foi também a primeira empresa no setor frigorífico a negociar suas ações em bolsa de valores ›‹
distribuição de vendas por divisão (2007)
15%
2%
46%
18%
19%
Carne Bovina EUA Carne Bovina Brasil Carne Suína EUA Carne Bovina Austrália Carne Bovina Argentina
Fonte: JBS/Friboi (site da empresa)
Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .23
Funrural
Tributo Questionado
ABRAFRIGO contesta recolhimento do Funrural e entra com ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de liminar
P
ara desobrigar os frigoríconseguiu que fosse julgado ilegal ficos associados a recolheo recolhimento do valor referente rem o imposto do produa pouco mais de 2% da comercialitor primeiro – o Fundo de zação de produtos agropecuários ao Assistência ao Trabalhador Rural Fundo de Assistência ao Trabalha- Funrural - para depois terem o dor Rural, o que levou o setor a se valor de volta muito tempo depois, movimentando para ajuizar ações a Associação Brasileira de semelhantes. "A ABRAFrigoríficos (ABRAFRI- "A ABRAFRIGO FRIGO representa centeGO) ajuizou Ação Direta representa nas de frigoríficos de todo de Inconstitucionalidao país, principalmente pequenas e médias empresas de (ADI) no Supremo centenas de que sempre têm probleTribunal Federal (STF), frigoríficos de mas de custos. A decisão com pedido de liminar. todo o país, A entidade solicita, até o principalmente da Mataboi nos motivou a julgamento final da ADI, pequenas buscar o mesmo benefício a suspensão da vigência e médias e a sua extensão a todos os integrantes da categoe eficácia do artigo 1º da Lei 8540/92, que deu empresas que ria", informa o presidentenova redação aos artigos sempre têm -executivo da ABRAFRI12, incisos V e VII, 25, problemas de GO, Péricles Salazar. incisos I e II, e 30, inciso, custos" A lei questionada deIV, da Lei 8212/91, com Péricles Salazar termina que os agropecuredação atualizada até a aristas, pessoas físicas forLei 11718/08. Alega ofennecedores dos associados sa aos parágrafos 4º e 8º, do artigo da autora, passem a ser contribuintes obrigatórios da Previdência Social. 195, da Constituição Federal. O pedido da ABRAFRIGO Há entendimento no meio jurídico de que, caso o Supremo receba quer obter os mesmos benefícios concedidos ao Frigorífico Mataboi, muitas demandas sobre o mesmo de Minas Gerais, em decisão profeassunto, a possibilidade é a de que rida pelo Supremo Tribunal Federal seja declarada uma Súmula Vincu(STF) no início do ano. O Mataboi lante sobre o assunto. Na decisão
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Bom Exemplo O Mataboi conseguiu que fosse julgado ilegal o recolhimento do valor referente a pouco mais de 2% da comercialização de produtos agropecuários ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural
proferida em favor do frigorífico Mataboi, o julgamento do STF serviu apenas para essa empresa. Ao firmar o entendimento, porém, a instância superior de justiça sinalizou que outros empregadores rurais podem obter o mesmo benefício entrando com ações judiciais. Com isso, a ABRAFRIGO decidiu centralizar estas demandas, segundo seu presidente.
De acordo com a ação proposta pela ABRAFRIGO, o parágrafo 8º do artigo 195 da CF unificou o sistema nacional de custeio previdenciário. Em consonância com tal dispositivo, a redação original do artigo 25, da Lei 8212/91, excepcionava o produtor rural de contribuir para a seguridade SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
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Considerações sobre a ADI 4395 Agosto de 2010 Andamento processual: Os autos estão com vistas à Procuradoria Geral da República (PGR), conforme despacho no qual o Min. Relator decidiu acerca da adoção do rito do art. 12 da Lei 9868/1999 (cautelar) e determinou que, após as informações do Senado Federal, da Presidência e da Câmara dos Deputados, os autos deveriam ser remetidos ao Advogado Geral da União e ao Procurador Geral da República, para que cada um se manifestasse no prazo de 05 dias. Como já houve manifestação da Advocacia Geral da União, a ação segue seu trâmite regular. O prazo para a manifestação da PGR expirou no dia 16.08. e os autos foram encaminhados a julgamento definitivo.
Segue o andamento processual do site do STF: 10/08/2010
Vista à PGR
42945/2010. 42945/2010, da Advocacia-Geral da Unição - apresentando defesa. 42089/2010. 42089/2010, do Senado Federal 09/08/2010 Juntada a petição nº prestando informações. 09/08/2010 Juntada a petição nº
Informações recebi- 6157/R, PG 42089/2010, em 02/08/2010, do Senado Federal. das, Ofício nº 42945/2010 - 06/08/2010 - Advogado-geral da união 06/08/2010 Petição - manifesta-se, preliminarmente, pelo conhecimento parcial da ação e, no mérito, pela sua improcedência. 42089/2010 - 02/08/2010 - ofício nº 186/2010-pre02/08/2010 Petição sid/advosf, presidente do senado federal, 2/8/2010 - presta informações em atenção ao ofício nº 6157/r.
09/08/2010
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social na forma do artigo 21 quando exercesse a atividade sob regime de economia familiar sem empregados, considerado como segurado especial. A norma exigia do produtor rural apenas a contribuição de 3% sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção. A redação do artigo 25 da Lei 8212/91, no entanto, foi alterada pelas Leis 8540/92, 8870/94, 9528/97 culminando na Lei 10256/01. Esta “passou a exigir do produtor rural empregador, em substituição ao salário de contribuição, concomitante e obrigatoriamente também a contribuição previdenciária sobre a receita bruta proveniente do resultado da comercialização de seus produtos, cujo montante, os associados da autora, na qualidade de sub-rogados responsáveis tributários, efetuam o recolhimento por imposição do artigo 30, inciso IV, da Lei 8212/91”. Assim, a associação alega que embora o legislador constituinte tenha tratado os produtores rurais
bitributação A ABRAFRIGO entrou com ação para desobrigar os frigoríficos associados a recolherem o imposto do Funrural, o que implicaria em bitributação. Veja como funciona hoje: Frigorífico paga imposto Previdenciário
Frigorífico Frigorífico compra o boi do produtor
Folha de pagamento (Funcionários)
neste processo, o frigorífico paga 2% para a Previdência Social em forma de FUNRURAL
Recolhimento ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS)
Produtor autora junto aos seus fornecedores, produtores rurais pessoas físicas, tomando como base de cálculo o resultado ou receita bruta proveniente da comercialização da produção agrícola, “quando estes exercem atividade empregadora, haja vista tratarem-se de contribuintes cuja hipótese de incidência tributária subvenciona-se à folha de salários” ›‹
Os antecedentes O julgamento da ação do Frigorífico Mataboi começou em novembro de 2006. Os ministros consideraram que a empresa não deveria pagar o valor porque a cobrança foi instituída por lei ordinária, e não por lei complementar. O relator da ação, ministro Marco Aurélio Mello, também alertou para a bitributação, outra ilegalidade. Segundo ele, os empregadores rurais já pagam a Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e, por isso, não deveriam pagar 2% sobre a comercialização da produção para financiar o mesmo propósito.
O Ministro Marco Aurélio Mello, que também alertou para a bitributação Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .27
Foto: U.Dettmar/SCO/STF
de forma diferenciada, manteve como regra constitucional a incidência das contribuições sobre o valor da folha de salários, quer seja ele pessoa física ou jurídica, bastando para tanto exercer atividade empregadora. Concluindo, ABRAFRIGO diz que não se pode exigir contribuição previdenciária sobre as aquisições feitas pelos associados da
Bitributação
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Nicho Promissor
Ganhando espaço Por enquanto, a iniciativa pioneira restringe-se ao Pantanal Sul-Matogrossense, local que já possui condições de criação muito próximas das características técnicas necessárias para que os animais recebam certificações e a carne bovina possa ser denominada de “orgânica”
C
om as dificuldades enconmercado interno e os 30% restantes tradas para comercializar seguem para países árabes, com desseus produtos no exterior, taque para Dubai. O grande desafio, muitos produtores brasileino entanto, é a adequação às norros e frigoríficos estão se voltando mais sanitárias europeias para iniciar para a descoberta de saídas diferenos embarques ao continente, uma ciadas. A carne bovina orgânica é vez que as fazendas terão de aderir uma delas. Por enquanto, trata-se ao Sisbov, o sistema de rastreamende um nicho mas, em realidade, um to do gado bovino, que certifica os nicho bastante promissor, princianimais com o "brinco" na orelha. palmente para quem tem em vista Das 19 fazendas orgânicas existenprincipalmente o mercado europeu tes, apenas quatro adequaram-se a e um prêmio de até 20% sobre o esse sistema. preço da carne bovina convencional. O processo de certificação de Atualmente existem pelo uma propriedade orgânica menos 20 fazendas loca"Nosso dura de um a dois anos. lizadas nas Sub-regiões da mercado Os animais deixam de Nhecolândia e Nabileque consumidor é usar produtos alopáticos, no Pantanal Sul-matocria-se um novo sistema basicamente de bem-estar animal, com -grossense, ocupando uma área de mais de 110 Estados Unidos qualidade de vida para o e Europa. Eles animal e também para os mil hectares, com um rebanho estimado em 55 compram funcionários da propriemil cabeças de gado que já quase toda a dade. Por esta razão a atise encaixam na categoria. produção" vidade é mais vista como Esses animais são um nicho. Por sua própria natureza é uma atividade alimentados com pasAndré Moraes restritiva e difícil de reuto "limpo" - sem adubo químico, herbicidas ou inseticidas nir grande número de pecuaristas. - e tratados com homeopatia. Em O fundamental nela é que é preciso 2002 foi criada na região, inclusive, controlar tudo o que entra e sai da a Associação Brasileira de Pecuária propriedade, e exige também a exisOrgânica (ABPO), que congrega 15 tência de um amplo banco de dados. associados que atualmente mantém Por sinal, há pouco tempo, a um acordo com o Frigorífico JBS ABPO firmou uma parceria com para executar sua estratégia comera unidade Embrapa Pantanal, em cial tanto no mercado interno como Corumbá, para realizar um amplo externo. estudo de viabilidade econômica do Somente os associados da gado orgânico no Mato Grosso do ABPO entregam para abate à uniSul e, numa outra frente, uniu-se dade de Campo Grande da JBS perà organização não-governamental to de 500 cabeças por mês. Cerca Aliança da Terra, com a qual forde 70% da carne produzida fica no mará uma equipe interdisciplinar
Maior valor Por enquanto o mercado de boi orgânico revela-se um nicho bastante promissor, tendo em vista principalmente o mercado europeu e um prêmio de até 20% sobre o preço da carne bovina convencional.
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para estudar os ganhos ambientais e sociais dessa atividade rural. A certificação, hoje, é a garantia, que esses produtores protegem e conservam recursos florestais e hídricos, e seguem as leis trabalhistas porque, afinal, não basta ser orgânico e sim mostrar ao consumidor o impacto ambiental e social dessa atividade. André Moraes, pesquisador da Embrapa Pantanal, informa que o mercado orgânico tem crescido muito nos últimos anos e a tendência é continuar, não só no Brasil, mas no mundo: “Nosso mercado consumidor é basicamente Estados Unidos e Europa. Eles compram quase toda a produção. O mercado interno é menor, mas está crescendo. O sistema em que o boi é criado no Pantanal já esta bem próximo do orgânico, então as adaptações necessárias são muito menores do que em uma propriedade fora do Pantanal. O produtor tem de se associar cada
tratado com medicamentos homeovez mais para conseguir escala de páticos. A adubação a pasto é feita produção e poder de barganha para com esterco dos próprios animais. se integrar à cadeia de pecuária com O uso de sal mineral e inseminaforça e se estabelecer melhor”, relata ção artificial são permitidos, mas os ele. Além do Brasil, EUA, Austrália, antibióticos, proibidos. A Argentina e Alemanha são produtores de "boi orgâ- "O produtor tem vacinação contra aftosa é nico". Alguns países do de se associar obrigatória por lei. É importante não Leste Europeu também já cada vez mais confundir o boi orgânitrabalham nesse mercado. para conseguir co com o chamado "boi escala de verde". Apesar de também Pecuária orgânica produção valer-se da criação a pasto, e poder de como nos sistemas agroeO cuidado exigido na pecuária orgânica é bem barganha para cológicos, as semelhanças diferente da convenciose integrar terminam aí. Na criação nal. Adquirindo a carne à cadeia de do "boi verde", o uso de adubos sintéticos solúveis, orgânica, além do conpecuária" de antibióticos e medicasumidor saber que está André Moraes mentos alopáticos é percom um alimento livre de mitido. E a suplementação agrotóxicos e hormônios alimentar feita no confinamento se sintéticos, ele também proporciona vale de plantas (milho, cana-de-açúqualidade de vida aos animais. O boi car, por exemplo) originadas em sisorgânico deve ser criado em pasto temas convencionais de produção ›‹ sem agrotóxico e adubação química,
Diferenças entre boi orgânico e boi verde Boi Orgânico
Boi Verde
Criado a pasto, sem agrotóxico
Criado a pasto sem agrotóxico
Adubação verde
Adubação verde e fertilizantes sintéticos no pasto
É proibido usar uréia Confinamento somente 90 dias antes do abate.
Uréia é permitida Confinamento somente 90 dias antes do abate.
Suplementação com alimentos de origem exclusivamente vegetal, dos quais 80% orgânicos.
Suplementação com alimentos de origem exclusivamente vegetal.
Sal mineral
Sal mineral Áreas de criação devem seguir normas ambientais.
Medicamentos homeopáticos, fitoterapia e acumpuntura contra parasitas. Pode vacinar Antibióticos são proibidos Transferências de embriões é proibida. Área de criação deve estar de acordo com normas ambientais. Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
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Pode-se usar medicamentos alopáticos contra parasitas Recebe vacinação É permitida a transferência de embriões Recebe antibióticos, se necessário
Setor do Couro
Ainda Correndo atrás Os negócios no setor do couro melhoram, mas ainda estão distantes dos recordes de 2008. Por problemas estruturais no manejo do boi nas propriedades rurais e nos abatedouros, o couro brasileiro ainda perde preço no mercado internacional
O
Brasil é hoje o segundo maior produtor mundial de couros, com o processamento de 45 milhões de peças anuais, atrás apenas da China, e o quarto maior exportador do produto graças ao seu rebanho de mais de 200 milhões de bovinos. De janeiro a julho de 2010, as exportações brasileiras de couros somaram US$ 1,02 bilhão, contabilizando aumento de 74% em relação ao acumulado do ano passado. Sinais de recuperação em relação a 2009, sem dúvida, mas ainda distante do objetivo de voltar a patamar dos mais US$ 2 bilhões
exportados em 2008, segundo a Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior. Nestes números há, embutida, uma estratégia. Diante da redução da demanda mundial do produto pela indústria de calçados, que passou a utilizar mais material sintético, a cadeia produtiva nacional do couro passou a concentrar sua produção para atender aos setores automotivo e de móveis estofados. Estas indústrias absorveram no ano passado 60% do produto exportado pelo Brasil, enquanto as fábricas
Ao menos um bom sinal De janeiro a julho de 2010, as exportações brasileiras de couros somaram US$ 1,02 bilhão, contabilizando aumento de 74% em relação ao acumulado do ano passado. Sinais de recuperação em relação a 2009
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de calçados ficaram com 25% e os Países Destino das exportações de couros bovinos por país (Janeiro-julho de 20010) restantes 15% foram vendidos para os segmentos de artefatos e vestuChina + Hong Kong ário, segundo estimativa do CICB (Centro das Indústrias de Curtumes Outros países do Brasil). Mas o Brasil anda está longe de agregar maior valor esta produção. Segundo dados da Embrapa, apenas 8,6% do couro manufaturado pelos curtidores nacionais são considerados como produtos de alta qualidade, enquanto na produção Estados Unidos Itália dos Estados Unidos esse índice é de 85%. O resultado é que ainda há um grande desperdício de couros, que teve o valor de mercado avaliaFonte: Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) do pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em cerca responsável por 10% dos danos aos de US$ 2 bilhões de dólares por ano, animais, causados por arranhões, praticamente o mesmo montante pontas de parafusos e madeiras, atual das exportações do produto. cortes, quedas, má conservação dos De acordo com a Embrapa, cerca caminhões e más condições das esde 60% dos defeitos encontrados tradas brasileiras. no couro bovino têm origem na O presidente Apesar destes problemas ainmá condução do trato do rebanho do Centro das da cruciais, cada vez mais o couro e são decorrentes da falta Indústrias de processado nos estágios de cuidado do pecuarista "Mesmo com Curtume do semi-acabado (chamado quanto à presença de ec- o crescimento Brasil, Wolfgang de crust) e acabado vem toparasitas, como bernes, no período, os Goerlich. representando parcela carrapatos e sarnas. Em maior no total das exseguida vem à marcação embarques até portações. A participação a fogo em partes nobres julho foram desses dois tipos de proda pele, a utilização de 16% abaixo do dutos passou de 62,05%, cercas de arame farpado registrado em em 2003, para 67,53%, e ferrões e os galhos e 2008, resultado em 2007, com a receita de espinhos espalhados pelo da lenta US$ 1,47 bilhão, enquanto campo. A baixa cotação o couro salgado (in natuda pele bovina no merca- recuperação ra) e wet blue (curtido), do, cerca de 10% a 12% dos principais somados, recuaram de do preço do animal, é a mercados 37,95% para 32,47% no principal razão apontada compradores período. A diferença de para a falta de interesse do produto preços é considerável: do pecuarista em dedicar nacional" wet blue foi cotado, em maiores cuidados à pele média, em 51 dólares Wolfgang Goerlich bovina. a peça, contra 99 dóNo abatedouro, a má lares do couro acarealização da prática de esfola, com bado. furos, raias e excesso de sangue, “Mesmo com o cresresponde por 30% dos defeitos no cimento no período, os couro bovino brasileiro. Já a fase embarques até julho do transporte dos animais, entre foram 16% abaixo do a propriedade e os abatedouros, é registrado em 2008,
6%
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30%
Foto: Divulgação CICB
27%
32%
Foto: Divulgação CICB
Muito para melhorar
Segundo dados da Embrapa, apenas 8,6% do couro manufaturado pelos curtidores nacionais são considerados como produtos de alta qualidade, enquanto na produção dos Estados Unidos esse índice é de 85%
resultado da lenta recuperação dos principais mercados compradores do produto nacional”, afirma o presidente do CICB, Wolfgang Goerlich. Em sua opinião, a receita aponta para uma perspectiva de exportação ao redor de US$ 1,7 bilhão, além de um segundo semestre com maior grau de dificuldade para as empresas. O executivo observa que este valor representa um aumento de quase 50% ante as vendas externas de 2009, mas muito aquém do patamar das exportações em 2007, o ano pré-crise, quando atingiram o montante US$ 2,2 bilhões. Além do complexo panorama internacional, Goerlich salienta que a competitividade brasileira também é seriamente atingida por fatores internos como a sobrevalorização do real em relação ao dólar, a excessiva carga tributária, os juros altos, a falta de crédito, a excessiva burocracia, além dos gargalos logísticos e de transporte. China, Itália, Hong Kong e Estados Unidos são os principais destinos do couro nacional; o Bra-
sil também aumentou exportações para Hungria, Uruguai, Cingapura, Grécia, El Salvador e Croácia. De janeiro a julho de 2010, os principais mercados do couro brasileiro foram a China, com US$ 229,27 milhões (22,4% de participação e aumento de 67%), país que assumiu o primeiro lugar de destino do produto nacional; Itália, com US$ 226,83 milhões (22,16% de participação e crescimento de 70% ante o período anterior), Hong Kong
(US$ 122,45 milhões, 11,96% de participação e elevação 54%), e Estados Unidos, US$ 107,1 milhões (10,46% e salto de 126%). No acumulado do ano, Vietnã (US$ 30,1 milhões), Alemanha (US$ 29,68 milhões), México (US$ 23,98 milhões), Indonésia (US$ 23,5 milhões), Coréia do Sul (US$ 21 milhões), Holanda (US$ 20 milhões), e Tailândia (US$ 17,73 milhões) foram outros importantes destinos das exportações brasileiras ›‹
mercado de couro Exportação brasileira de couro bovino Janeiro a Julho - 2008 a 2010 Valor (US$)
1.400 1.200 1.000 800 600 400 200 0 (em milhões)
2008
2009 2010 Fonte: Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)
Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .33
Equívoco
Alvo errado
O estudo feito pela FAO em 2006 que aponta a indústria da carne como grande responsável por emissões começa a ser contestado por cientistas do mundo inteiro
C
laramente exagerado, mas (IPCC, na sigla em inglês), Rajendra Pachauri. Com o nome “A Grancitado por dezenas de cede Sombra do Gado”, o estudo foi lebridades em todo o munpublicado pela FAO, a agência da do, o polêmico relatório ONU para alimentação e agriculproduzido em 2006, que analisa tura - e chegou ao índice de 18% o papel da indústria de carnes nas somando todas as emissões de gases mudanças climáticas, será objeto nocivos ao ambiente associados à de uma nova análise por especialisprodução de carne, desde a fazenda tas da ONU, segundo informações até a mesa. Isso inclui a produção divulgadas pela BBC. O relatório de fertilizantes, técnicas para abrir concluiu, por exemplo, que a procampos, emissões de metano da didução de carne é responsável por gestão dos animais e uso 18% das emissões de gases nocivos ao ambiente "A comparação de veículos em fazendas. A comparação feita e que polui mais do que com o com o setor de transporte, o setor de transporte, le- transporte é porém, para a BBC, dervando em conta as quei- equivocada e ruba os argumentos pormadas para limpeza da que reduzir a que, segundo o professor terra. Uma nova análise, produção e o Mitloehner, os autores do apresentada em um enrelatório não calcularam contro científico nos Es- consumo traria as emissões do setor de tados Unidos, afirmou, benefícios transporte da mesma forno entanto, que “a com- menores ao ma, se limitando a usar paração com o transporte meio ambiente dados do IPCC que só é equivocada e que redu- do que se incluem queima de comzir a produção e o consuacreditava" bustíveis fósseis. "Essa mo traria benefícios meFrank Mitloehner 'análise' tendenciosa é uma nores ao meio ambiente clássica comparação de do que se acreditava”, 'maçãs com laranjas', que realmente segundo o cientista Frank Mitloehconfundiu o assunto", disse a BBC. ner, da Universidade da Califórnia Um dos autores do relatório da em Davis (UCD), citado pela BBC FAO, Pierre Gerber, disse à BBC que durante a conferência da Sociedaaceita a crítica feita por Mitloehner. de Americana de Química, em San "Eu tenho que dizer que, sinceraFrancisco. O estudo de 2006 caiu como mente, ele tem razão em um ponto um terremoto sobre o setor na éponós analisamos tudo na produção de ca, e desde então algumas figuras carne, e não fizemos a mesma coisa importantes no debate sobre mucom transporte", disse ele. A FAO danças climáticas tem defendido a está preparando agora uma análise redução do consumo de carne, cimais abrangente de emissões do setando índices do relatório - como tor de alimentos, informou Gerber. o diretor do Painel IntergovernaO relatório será concluído até o final mental sobre Mudanças Climáticas do ano e deve permitir comparações 34. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Repensando o relatório
Um dos autores do relatório da FAO, Pierre Gerber, disse à BBC que aceita a crítica feita por Mitloehner. "Eu tenho que dizer que, sinceramente, ele tem razão em um ponto - nós analisamos tudo na produção de carne, e não fizemos a mesma coisa com transporte"
mais precisa entre diferentes tipos de dietas - tanto com carne como vegetarianas. O problema destes relatórios é que várias organizações usam métodos diferentes para alocar emissões entre setores da economia. No caso da FAO, por exemplo, em uma tentativa de capturar tudo que é associado com produção de carne, a equipe inclui contribuições, por exemplo, de transporte e desmatamento. Já a metodologia usada pelo IPCC separa emissões de desmatamento em uma categoria diferente, mesmo que algumas árvores tenham sido derrubadas para contribuir para a agricultura. O mesmo acontece com o transporte. Assim, para alguns analistas, isso gerou um índice no relatório da FAO mais elevado do que deveria. O que se sabe é que maioria das emissões relacionadas à indústria da carne vem da abertura de campos - feita por desmatamento - e das emissões associadas à digestão de animais. Segundo a matéria
da BBC, “os cientistas argumentam que a carne é uma fonte necessária de proteína em algumas sociedades com pouca diversidade de alimentos, e que em regiões do leste africano e do Ártico não há possibilidade de plantas sobreviverem. Nesses lugares, a dieta baseada em carne é a única opção”.
Frank Mitloehner, da Universidade da Califórnia em Davis (UCD) concluiu que em sociedades desenvolvidas, como nos Estados Unidos - aonde as emissões do setor de transporte chegam a 26% do total, comparado com 3% da pecuária - a carne é o alvo errado das campanhas de redução de emissões ›‹
O que o relatório dizia
"O setor pecuário gera cerca de 18% das emissões contaminantes, mais do que a produzida pela queima de combustíveis de nossos automóveis e dos aviões que nos levam de um continente a outro".
Onde estava o equívoco É tendencioso fazer esse tipo de afirmativa, sendo que essa comparação não usa métodos de análises equivalentes para ambos. Enquanto que para o setor de transporte o estudo se limitou a usar dados que só incluem queima de combustíveis fósseis, para o setor pecuário, foram somados todas as emissões de gases nocivos ao ambiente associados à produção de carne, desde a fazenda até a mesa. Isso inclui a produção de fertilizantes, técnicas para abrir campos, emissões de metano da digestão dos animais e uso de veículos em fazendas.
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36. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Bolsa de Mercadorias
Boi na Bolsa
Banco do Brasil está oferecendo uma linha de recursos de R$ 8 bilhões para acelerar as operações, o que pode melhorar a liquidez de pequenos e médios frigoríficos
L
ançado no dia 12 de abril pelo sistema, com os recursos do Banco do Brasil vinculados diretapassado, na Famasul, em mente à conta de liquidação. Campo Grande (MS), já Para ter direito ao crédito do está operando no país em BB, o frigorífico terá de se cadascaráter experimental o novo sistrar na Bolsa por intermédio de uma tema de comercialização de gado corretora associada. Em seguida a bovino criado pela Bolsa Brasileira Bolsa emite um atestado de cadasde Mercadorias (BBM), controlada tro ao Banco que analisará a capapela BM&FBovespa, a Bolsa de cidade de crédito e o risco Carnes do Brasil. Num "Num da operação. Segundo a primeiro momento, a iniciativa deseja democratiambiente BBM, a nova parceria zar a oferta de gado no de negócios deve reduzir os custos país, com o pequeno fridinâmico, dos pecuaristas. Antes de mais nada, gorífico tendo as mesmas um dia pode este é um nicho de negóoportunidades e oferta fazer toda a cio que não era explorado dos grandes, mas tamdiferença" por ser um mercado físibém pretende trazer mais co mas trata-se também segurança aos pecuaristas Edílson Alcântara de um novo instrumento na hora de vender o proque adota um sistema eleduto aos frigoríficos. A trônico de comercialização de gado BBM estima um movimento inicial bovino no país e que tentará ter a de R$ 2,5 bilhões em negócios nesfunção de gerar um ambiente confite ano. Até o final do primeiro seável no setor, instituindo um modemestre a experiência da BBM não lo de depósito antecipado e criando apresentou um volume de negócios a conciliação de conflitos por meio condizente com o mercado existende arbitragem interna. O produto te. Um dos motivos, certamente, é garante o pagamento antecipado o quadro de dificuldades pelo qual passa o setor, já que desde 2008, BENEFÍCIOS ano do início da crise financeira PRODUTOR mundial, pelo menos uma dúzia de Garantia de Recebimento. frigoríficos entrou com pedidos de Preço mais justo. recuperação judicial. Desde o final Várias corretoras disponíveis para atendê-lo. de agosto, no entanto, uma parceria Tranqüilidade para negociar e aumentar plantel. entre a BBM e o Banco do Brasil promete injetar R$ 8 bilhões para FRIGORÍFICO operações neste mercado, com juros Certeza de entrega dos animais e do preço negociado. fixos de 12,5 a 13,5 ao ano e prazo Facilidade para montar escala de abate. de pagamento de 2,5 anos. Como Regularidade de oferta. 90% do valor destas operações tem Utilização da capacidade ociosa da planta frigorífica. de ser pagos antecipadamente pelos Melhor gestão no processo de compra dos animais. frigoríficos, acredita-se que a linha de crédito irá facilitar o aumento no volume de comercialização de bois Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .37
da arroba do boi gordo. Apenas mediante a garantia do depósito na conta da BBM, o frigorífico poderá retirar o gado dos currais. Para a ABRAFRIGO, o novo sistema preVendedor Pecuarista cisa superar alguns obstáculos como a cultura da presença física do boi na comercialização e, para que funcione bem, necessita da maciça adesão dos produtores, fato que ainda não ocorreu na bolsa, segundo seu presidente-executivo Péricles Salazar. As operações, por exemplo, só poderão ser feitas por corretor credenciado, e pelo sistema, cada operação custará 0,5% sobre o valor total, não havendo taxa de corretagem. Estima-se um custo entre R$ 5,00 a R$ 7,00 por cabeça de gado o que é uma vantagem porque as corretoras cobram entre R$ 12,00 e R$ 15,00 por cabeça atualmente. Sistema fecha com o Segundo declarações de Carlos melhor lance Eduardo Dupas, vice-presidente da BBM e responsável pela regional de O frigorífico Campo Grande (MS), onde o produto foi lançado, as indústrias fripaga o valor goríficas poderão planejar os abates, do negócio de forma que a estrutura não fique em d+n ociosa, trazendo prejuízo diário aos empresários, por conta do custo operacional. O assessor de novos produtos da BBM, Edílson Alcântara, disse em leilão, o produtor faz a oferta BBM, que avisa o pecuarista para no lançamento que só com a Bolsa no sistema da bolsa detalhando as preparar os animais. de Carnes o produtor estará fechancaracterísticas do rebanho de boi Na sequência, o frigorífico do um negócio à vista. Hoje, segungordo - apenas animais entre 15 e emite o romaneio de abate, com do ele, as vendas chamadas “à vista” 23 arrobas. Ele transforma o gado valor total de arrobas e preço final são realizadas com pagamentos em em arrobas de carne e fixa com prazo de validade até o meioaté sete dias. E mesmo asum preço mínimo por ar-dia do dia útil seguinte. Depois, a sim o frigorífico primei- "A ferramenta roba. De outro lado, o friBBM faz o cálculo de liquidação. Se ro leva o boi, e depois o eletrônica gorífico analisa o rebanho der a menos, a bolsa devolve a difeprodutor recebe. “Num traz algumas e faz sua oferta. rença ao frigorífico. Se der a mais, ambiente de negócios respostas aos Em caso de negócio, o ajuste é feito entre as partes. Caso dinâmico, um dia pode problemas de o frigorífico tem até as 17 uma das partes rompa o contrato, fazer toda a diferença”, comercialização horas do mesmo dia para um juiz arbitral da bolsa tentará a comentou. tradicionais enviar a escala de recoconciliação ou resolverá o caso em que envolvem lhimento e de abate dos julgamento. Quem descumprir, paga Como funciona animais. Dois dias úteis 10% de multa. Com este tipo de pecuaristas e antes, tem que depositar operação, a bolsa pretende ganhar O sistema compor- frigoríficos" 90% do valor da operação mais liquidez – girou R$ 20 bilhões ta três modalidades de em 2009 - gerar novos negócios e operações. Na venda José Vicente Ferraz na conta de liquidação da 38. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Corretor da Bolsa Comprador Frigorífico
Corretor inclui o lance
A BBM paga o Pecuarista
se consolidar como uma opção ideal para unir as pontas do mercado físico ao mercado de opções e futuros. Segundo a BBM, o preço da mercadoria será inicialmente definido pelo pecuarista, que fixará o preço futuro do boi sem os custos do mercado mas quem se posicionará no mercado futuro será o frigorífico porque cada registro a termo exigirá uma posição futura na bolsa . A indústria só poderá retirar o gado dos currais se o dinheiro estiver na conta de liquidação da BBM. Segundo José Vicente Ferraz, diretor de agropecuária da FNP Consultoria, de São Paulo,o mecanismo de mercado é interessante para o setor. ''A ferramenta
eletrônica traz algumas respostas aos problemas de comercialização tradicionais que envolvem pecuaristas e frigoríficos, como fraudes de peso nos lotes e inadimplência. Com isso, é possível melhorar o relacionamento entre eles”, explica. Para ele, no entanto, o leilão eletrônico de gado vivo só terá sucesso com a adesão dos pecuaristas: '' Hoje o produtor ainda tem um grande temor em participar da Bolsa de Valores. Isso acontece graças ao desconhecimento de como ela funciona. O que o pecuarista não percebe é que no mercado tradicional ele corre riscos imensos, e com esta ferramenta, ele acaba transferindo todo o risco para a BBM'', conclui ›‹
Fases do processo 1. Cadastramento dos participante › Pecuaristas › Frigoríficos 2. Modalidades de ofertas › Registro de negócios de balcão › Ofertas a mercado 3. Fechamento da operação › Registro do negócio › Melhor oferta, frigorífico define escala 4. Liquidação › Comprador envia pagamento (90% do valor do negócio) para o Banco BVMF antes do embarque da boiada. › Bolsa autoriza entrega dos animais › Romaneio define peso final,
Bolsa libera pagamento
Fonte: Bm&FBOVESPA
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40. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Financiamento
De costas para os pequenos e médios Com inúmeros casos de recuperação judicial no setor e ausência de políticas de financiamento para ajudar, a crise nos pequenos e médios frigoríficos se agrava
A
Recuperação
A Frialto entrou com pedido de recuperação judicial para evitar perdas patrimoniais até que uma solução seja encontrada, seja por meio da tomada de crédito ou venda dos ativos Foto: Divulgação
lista de frigoríficos em diem Rondônia, por sinal inaugurada em janeiro de 2010. ficuldades financeiras não Antes de buscarem a saída para de crescer desde que legal, os dirigentes do a crise global se"Temos Frigol fizeram uma perecou os fluxos de crédito privado para o setor de conhecimento grinação pelo governo fefrigoríficos. A turbulênque o próprio deral em busca de crédito cia pegou as empresas Frialto requereu para reerguer a empresa no BNDES, Banco do alavancadas e fortemente endividadas, após to- financiamento a Brasil e Caixa Econômica alguns bancos Federal sem sucesso. Nos marem diversos empréstimos para projetos de governamentais últimos dois anos, a emexpansão. e não foi presa trabalhou com marO Frigol, do interior atendido" gens de lucro reduzidas e de São Paulo, em agosto, diz que tenta conseguir Péricles Salazar crédito há 14 meses. e Frialto, do Mato Grosso, em maio passado, são “A ausência de polías duas vítimas mais recentes da ticas de financiamento destinadas crise pela qual passa o setor de carao atendimento do setor de pequenes no país e entraram com seus nos e médios frigoríficos, continua pedidos de recuperação judicial, deixando o setor fragilizado e pessiuma espécie de prazo que a empremista sobre o seu futuro. O pedido sa solicita à justiça para pagar suas de recuperação judicial apresentado dívidas antes que sua falência seja pelo Grupo Frialto, empresa tradidecretada. O Frigol é um frigorífico de porte médio, com capacidade para abater 2,7 mil bois por dia e que gera 1,5 mil empregos diretos. A empresa está entre as 10 maiores do setor. Os outros pedidos recentes foram do Pantanal, Independência, Margen, Arantes e Frigoestrela. O Frigol ainda não revelou o montante de suas dívidas. O frigorífico paulista produz 200 mil toneladas de carne bovina por ano e exporta para diversos países com três unidades de abate: Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, onde está sua sede; Água Azul do Norte, no Pará, e Pimenta Bueno,
Unidade da Frialto em Iguatemi (MS)
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cional e bem conceituada no merpor meio da tomada de crédito ou cado de carnes, com 2.500 funciovenda dos ativos. As dívidas do grunários e composto pelas sociedades po estão estimadas em R$ 400 miVale Grande Indústria e Comércio lhões. O grupo possui uma receita de Alimentos, Agropecuária Ponto anual de R$ 1,2 bilhão e, em 2009, Alto Ltda. e Urupá Indústria e Cojá havia reestruturado parte de suas mércio de Alimentos Ltda, é mais dívidas com credores financeiros ao um exemplo de como as instituições redor de R$ 360 milhões, não confinanceiras se mostram insensíveis seguindo, no entanto, novas linhas para as necessidades das de crédito. Conforme copequenas e médias em- "Ajudá-los a municado publicado no presas. O problema do se recuperar site da empresa, o Frialto Frialto estende a descon- e permanecer pediu recuperação judifiança para os produtores cial "para assegurar a conno mercado e o sistema financeiro, letinuidade operacional das vando mais dificuldades significa unidades frigoríficas em para toda a cadeia produ- amparar atividade" e tem 60 dias tiva. Temos conhecimen- milhares de para apresentar o plano to que o próprio Frialto produtores de recuperação à Justiça. requereu financiamento pecuaristas O prazo para aprovação a alguns bancos governado plano pela Justiça é de fornecedores" mentais e não foi atendi180 dias, período em que Péricles Salazar do. Assim como esta a empresa fica protegida empresa, outras de igual contra ações e execuções. porte tem sido barradas, inexpli“A ABRAFRIGO apela para cavelmente.” A observação acima as autoridades no sentido de que os é do presidente-executivo da Asbancos oficiais apóiem as pequenas sociação Brasileira de Frigoríficos e médias empresas, porque enten(ABRAFRIGO), Péricles Salazar. de que ajudá-los a se recuperar e O grupo Frialto possui quatro permanecer no mercado significa unidades em Mato Grosso, sendo amparar milhares de produtores uma em fase de construção, e enpecuaristas fornecedores e todo o trou com um pedido de recuperação conjunto de atividades que orbitam judicial na Comarca de Sinop para ao redor destes frigoríficos, finaliza evitar perdas patrimoniais até que o seu presidente-executivo Péricles uma solução seja encontrada, seja Salazar” ›‹
Ajuda necessária A ABRAFRIGO apela para que os bancos oficiais apóiem as pequenas e médias empresas, pois isso significa amparar milhares de produtores pecuaristas fornecedores e todo o conjunto de atividades que orbitam ao redor destes frigoríficos
Diminuição na capacidade de abate na região Seg undo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – Imea, a pedidos da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), 33,67% da capacidade de abate do estado está comprometida. Segundo o Mapa (Ministério
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da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Indea (Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso), a capacidade de abate no MS é de 38.056 mil cabeças/dia, e hoje, com a crise nos frigoríficos, 12.815 animais não tem onde ser abati-
dos. Das 40 plantas, apenas 23 estão funcionando e 17 paradas. A situação do pecuarista ainda se complica, pois o fechamento de três unidades do Frialto, influenciou no preço da arroba do boi gordo, que ficou 2 a 3 reais a menos que nas demais regiões.
Exportação de bois para o Líbano: mercado que ganha importância
Boi em pé
Desfecho da polêmica Sob o olhar da análise técnica, a polêmica da exportação do “boi em pé” levada a audiência pública no começo de maio, chega a uma conclusão a favor desse canal de escoamento
A
polêmica em torno da exportação de bovinos vivos tem ganhado destaque no cenário político brasileiro e foi tema de audiência pública realizada dia 4 de maio na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados em que a ABRAFRIGO participou. Na ocasião, a pauta debatida foi a exportação brasileira do “boi em pé” e suas consequências a médio e longo prazo, além das condições de bem-estar dos animais exportados e o reflexo desse comércio na cadeia.
Naquele dia, foram apresentapara a economia, um exemplo de dos trabalhos como os do profes'reprimarização' da pauta de exportações do país. Ele sor Reinaldo Gonçalves, "O PIB gerado diz que “são inquestionáda Universidade Federal no campo veis os efeitos negativos do Rio de Janeiro, autor supera o dos para o desenvolvimento do estudo "Desvantagens da Exportação de elos individuais da cadeia produtiva da Bovinos Vivos”, e da a montante e pecuária bovina. Isso médica veterinária Chara jusante da porque, enquanto a exli Ludtke, representante de gado em pé porteira. Se o portação da WSPA - Organização do Pará provavelmente produtor vai gerará algo em torno de Mundial de Proteção aos Animais, que contratou bem, a indústria U$ 500 milhões em 2010, de insumos vai a indústria de transforo referido estudo. Segundo Gonçalves, o cobem" mação do estado deixamércio de animais vivos rá de render mais de um Francisco Victer representa um retrocesso bilhão de dólares. Essa é Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .43
a estimativa do valor agregado na também é verdadeiro”,explicaram. área”,comentou. Vale destacar que a indústria de inJá Francisco Victer, presidente sumos é, provavelmente, a maior da UNIEC – União das Indústrias agregadora da cadeia. O ponto forExportadoras de Carne do Estate nessa argumentação foram os do do Pará e o engenheiro agrôbenefícios da agregação de valor nomo Alcides Torres, diretor da para o produtor rural, pela geraScot Consultoria, autor do estudo ção de empregos, pela geração de “Vantagens da exporimpostos e do desentação de bovinos vivos "A exportação volvimento econômico de bovinos vivos no Brasil” apontaram e social das regiões betecnicamente que essa pode conviver neficiadas por mais esse prática é benéfica para harmoniosamente canal de escoamento da produção. a economia do país. Se- com os demais gundo o estudo, existem produtos gerados Os ganhos também inúmeras vantagens na vêm com mel hor ias na infraestrutura, por exportação brasileira de pela pecuária exemplo, portuária. O gado em pé, consideran- nacional, que realmente fazer é do o contexto sistêmico sejam esses do agronegócio pecuário, produtos carne, preciso é a fiscalização tais como agregação de couro, sapatos, pelos órgãos compevalor, geração de renda medicamentos, tentes, para que os proe sustentabilidade amtocolos exigidos para a etc. Não há biental. Considerando-se exportação de bovinos todos os elos da cadeia, a antagonismo" vivos sejam cumpridos. Alcides Torres produção de gado possui Essa fiscalização é benéum importante papel na fica, pois atende a preogeração de riquezas. “O PIB gerado cupação com o bem-estar animal e no campo supera o dos elos indisanidade, permitindo a perenidade viduais a montante e a jusante da do negócio, afastando empreitadas porteira. Se o produtor vai bem, a que fujam do padrão aceitável. indústria de insumos vai bem, no A mesa que coordenou os que convencionamos chamar de redebates foi composta por reprelação ‘ganha-ganha’. E o contrário sentantes do Ministério do DesenBoi em pé Abate e total de bovinos exportados pelo Brasil, em mil cabeças. 50 000 48 000
245
46 000
432
110
44 000
399
42 000
518
40 000 38 000 36 000 34 000 32 000 30 000
2000
2001
2002
2003
Abate
2004
2005
2006
Número de animais
2007
2008
2009
Fonte: IBGE / MDIC / Scot Consultoria
44. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
volvimento, Indústria e Comércio – MDIC, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e Câmara do Comércio Exterior – CAMEX. Representando o Congresso Nacional estavam presentes, entre outros, os deputados federais, Ronaldo Caiado, Giovanni Queiroz, Marcos Montes, Paulo Piau, Lira Maia e o Senador Flexa Ribeiro. Depois de quatro horas de audiência, analisando os dois lados, os argumentos técnicos prevaleceram, preservando-se o canal de escoamento da produção, representado pela exportação de bovinos vivos. A conclusão foi de que “a exportação de bovinos vivos Analisando a produção, a representatividade da carne que poderia ser produzida caso os animais fossem abatidos no Brasil, e não exportados vivos, é muito pequena quando consideramos a produção total. Caso isso acontecesse, haveria um aumento na produção de carne brasileira na ordem de 1,7% em 2009.
Foto de bois vivos sendo embarcados
Convívio em harmonia Depois de quatro horas de audiência, analisando os dois lados, os argumentos técnicos prevaleceram, preservando-se o canal de escoamento da produção representado pela exportação de bovinos vivos
pode conviver harmoniosamente com os demais produtos gerados pela pecuária nacional, sejam esses produtos carne, couro, sapatos, medicamentos, etc. Não há antagonismo”, segundo a Scot Consultoria, que participou da audiência. A posição dos representantes dos órgãos do governo também foi a de que, tecnicamente, a exportação de bovinos vivos não prejudica a indústria nacional e que o ambiente
é de equilíbrio e desenvolvimento, e que a intervenção do governo federal é desnecessária. Assim, “a exportação de bovinos não concorre com a indústria, pelo contrário, a torna mais sólida, através da diversificação do leque de produtos comercializados. Mostra disso é que as duas maiores exportadoras de bovinos vivos do Brasil são empresas frigoríficas que também trabalham com carne” ›‹
setor da carne Distribuição do PIB do agronegócio pecuário em 2008 - em bilhões de R$.
Insumos R$ 32,90 bi
15%
Pecuária R$ 85,07 bi
38%
Distribuição R$ 74,16 bi
32%
Indústria R$ 33,28 bi
15%
Fonte: Cepea / Elaboração Scot Consultoria
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Notas Meio-ambiente
Confinamento pode ajudar meio ambiente
Biodiesel
A vez do sebo Nos últimos anos, o sebo tem sido empregado na fabricação de biodiesel de maneira crescente em todo o país, perdendo apenas para a soja como principal componente do combustível. Muito se fala deles, mas o pinhão manso, a mamona e o dendê, por exemplo, vem participando com apenas 2,6% do biodiesel produzido desde o início do ano, segundo relatório do MME (Ministério de Minas e Energia). No mesmo período, a participação de sebo na produção ficou em 12,1%, contra os 19% registrados em 2009. A explicação é simples: com a queda de quase 20% nas cotações da soja, ocorrida entre novembro de 2009 e o início de 2010, subiu sua utilização na produção do combustível. Agora, quando a soja sobe, o uso do sebo se acentua.
O confinamento de gado bovino de corte na fase de terminação (período próximo ao abate) pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 17%, segundo estudo da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. A pesquisa mostrou que as emissões de GEE passaram de 41 quilos (Kg) de gás carbônico (CO2) equivalente por quilo de carne produzida (kg CO2 eq./kg carne) para 33 kg de CO2 eq./kg carne. Os gases emitidos por esta atividade são principalmente o metano (CH4), gerado pela fermentação entérica e pelas fezes do animal, e o óxido nitroso (N2O), proveniente das fezes. Em solo brasileiro, esta atividade é a segunda principal emissora de GEE, perdendo apenas para o desmatamento. Especialistas apontam que uma das formas de mitigar os impactos ambientais da pecuária bovina é a intensificação da produção por meio da melhora da qualidade do alimento fornecido aos animais. No caso particular das emissões de GEE isto ocorre porque melhora o processo ruminal e diminui o tempo de vida do animal. No entanto, para produtores, o fato de modificar o sistema, ou seja, promover a intensificação da produção bovina em benefício ambiental não necessariamente significará uma vantagem econômica.
Auditoria
Propriedades rurais de Mato Grosso reauditadas O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) começou a reauditar no final de maio as propriedades rurais de Mato Grosso enquadradas no Sistema de Rastreabilidade Bovina (Sisbov) e que já fazem parte da lista para exportar cortes bovinos aos países da União Européia (UE). Segundo a coordenadora estadual do Sisbov, Patrícia Cristina Borges Dias, o trabalho de reauditagem começou pelas propriedades
com sistema de confinamento, onde a movimentação de gado para abate e exportação é maior. No ano passado, apenas uma propriedade, localizada no município de Campo Novo, chegou a abater 41 mil animais dentro do confinamento. O Comitê Técnico da União Européia (UE) ampliou para 320 o número de propriedades mato-grossenses habilitadas a exportar carne bovina in natura para o mercado europeu dentro das normas da rastreabilidade. O
46. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
número de animais existentes nessas propriedades não foi informado pelo Mapa. Patrícia Borges disse que existe ainda uma lista de mais 200 fazendas aguardando aprovação da União Européia.
Portos
Mato Grosso prefere Santos
Análise
Fusões serão avaliadas na Câmara A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural vai analisar as propostas de trabalho da subcomissão permanente que acompanha os processos de fusão entre Perdigão e Sadia; JBS e Bertin; e Marfrig e Seara. O requerimento aprovado em de 5 de maio para a análise das propostas é de autoria dos deputados Leandro Vilela (PMDB-GO)
e Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Eles querem que o colegiado analise a realização de audiências públicas com a participação de autoridades dos governos federal, estaduais e municipais, de representantes de entidades do setor agropecuário, das empresas envolvidas e outros; e levantamentos e análise de dados e informações.
De acordo com o Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária(IMEA), de janeiro a março o Estado embarcou 35,3 mil toneladas de carne bovina, das quais 24,8 mil toneladas, ou o equivalente a 69,89%, saíram pelo porto de Santos. Apesar do alto volume, na comparação com o mesmo período do ano passado as exportações registraram queda de 1,01%. Já o porto de Itajaí, SC, segundo colocado no ranking, embarcou 7,6 mil toneladas, o que significa avanço de 0,33% e o porto de Paranaguá, PR, com 2,1 mil toneladas de carne bovina exportadas, aumentou em 1,65% a participação nos embarques do produto na mesma comparação.
Vigilância
Missão Russa O número de empresas brasileiras fornecedoras de carne para a Rússia deverá aumentar segundo o chefe do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia, Serguei Dankvert. Além disso, o Serviço Veterinário Oficial brasileiro deverá transmitir garantias adicionais de segurança dos alimentos como rigoroso controle de
resíduos, já que a legislação russa difere da brasileira e dos limites aceitos internacionalmente. O comunicado foi feito ao então secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz. Uma delegação russa visitou o Brasil, no período de 11 a 23 de abril, e avaliou 29 estabelecimentos, entre frigoríficos e processadores de carnes
de bovinos, suínos e de aves. Segundo o secretário, algumas não conformidades apontadas no relatório deverão ser sanadas, com o objetivo de consolidar cada vez mais esse importante mercado. No primeiro quadrimestre deste ano, o Brasil exportou US$ 1,3 bilhão para a Rússia, contra US$ 777,9 milhões, no mesmo período do ano passado.
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Notas
Missão
UE vai simplificar
Contratos
Couro: tudo igual Segundo a Scot Consultoria, o mercado de couros permanece estável há cinco meses no mesmo patamar. O couro verde no Brasil Central atingiu o preço de R$1,30/kg em meados de dezembro e, de lá para cá, oscilou para R$1,25/kg, em janeiro, devido à pressão dos curtumes, mas voltou a R$1,30/kg e permanece neste preço desde o final daquele mês. Os frigoríficos observam a recuperação nas exportações de couros e cogitam aumentos, no entanto, sem grande pressão. Por outro lado, os curtumes, que viram suas margens diminuírem devido à menor valorização do couro exportado, frente à alta vertiginosa do couro verde no segundo semestre do último ano, resistem e mantém os preços. Como oferta e demanda estão ajustadas, não são esperadas grandes mudanças no curto prazo.
A União Europeia vai simplificar os procedimentos para importação de carne bovina do Brasil, como resultado do relatório favorável da missão do Escritório de Alimentação e Veterinária da UE (FVO, na sigla em inglês) que esteve em março passado no país. A UE precisa importar mais porque o déficit de
produção de carne bovina no bloco é estimado em 300 mil toneladas este ano, com o consumo caindo mais lentamente do que a produção. A exigência da rastreabilidade, no entanto, não mudará. Bruxelas quer ter a garantia de que o animal passou 90 dias na região livre de febre aftosa e 40 dias na última fazenda antes de ir para o abatedouro.
Exportação
Share do Mercado As exportações mundiais de carne bovina em 2009 somaram 7,3 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec), segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e o Brasil participou com 22% deste mercado, sendo o maior exportador. A Austrália representou 18,8% da comercialização de carne bovina, ficando com a segunda colocação. Os Estados Unidos exportaram 850 mil toneladas de equivalente carcaça mas, além de grandes exportadores, os Estados Unidos são grandes importadores de carne. Em 2009, o país importou 1,2 milhões de tec. A Argentina, participou com 9% das exportações mundiais em 2009. A Índia ficou com 8% nas exportações mas é um país que merece atenção. Com 280 milhões de cabeças, entre bovinos e bubalinos, e um desfrute de 9,7%, poderia gerar um excedente de produção com apenas um leve aumento no desfrute. Considerando o pequeno consumo per capita, de 1,8kg em 2009, tal excedente seria principalmente destinado às exportações. A carne indiana compete com a brasileira em mercados menos exigentes, como o Egito. 48. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
Outros
Índia
8%
30,6% Brasil
22%
Austrália
Argentina
9%
EUA
11,6%
18,8%
Meio-ambiente
Adesão ao MT Legal
Ministério Público Federal (MPF) de Mato Grosso e os frigoríficos JBS e Marfrig acertaram o texto final do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), cujo objetivo é acabar com o desmatamento ilegal associado à criação de gado bovino no Estado. As discussões duraram sete meses até o MPF ceder ao principal ponto de divergência dos frigoríficos: a data de cumprimento das cláusulas determinadas no TAC. O Ministério Público exigia o cumprimento imediato, a partir da assinatura do documento e a indústria queria o prazo de 13 de novembro, alinhando-se ao programa de regularização ambiental mato-grossense, o MT
Legal. Os frigoríficos devem exigir dos pecuaristas o chamado Cadastro Ambiental Rural (CAR) - com o cadastramento das áreas de preservação permanente e a localização dos imóveis - e não
apenas o protocolo de adesão ao MT Legal, solicitando o CAR. Com o acordo, os frigoríficos se comprometem a adquirir gado bovino apenas dos pecuaristas que tenham aderido ao MT Legal.
Proteção
Seguro contra roubo de animais O Banco Santander lançou o seguro Rebanho que é destinado a animais comerciais, sejam eles de cria, recria ou engorda. Essa modalidade cobre rebanhos a partir de 50 animais com aptidão para carne ou para leite. O teto de indenização será definido de acordo com as variáveis idade e preço da região. Para que a cobertura de roubo seja contratada, é preciso que os animais fiquem a, no mínimo, 3 km de distância de rodovias asfaltadas; que a propriedade
possua porteira e controle de acesso; e que os pastos e piquetes sejam delimitados fisicamente por cercas ou equivalentes. Os produtos serão comercializados em todo o Brasil e contemplam riscos como acidentes, doenças, partos, abortos, vacinações, ataques, envenenamentos, incêndios, asfixia e abates com determinação médica. Outro produto do Banco no setor é seguro Elite, destinado para animais de seleção genética, sejam eles por monta natural, transferência de embriões ou fertilização in vitro. A contratação, com vigência de um ano, pode ser feita para cada animal separadamente. Fazem parte do escopo as raças zebuínas e taurinas com aptidão para carne ou para leite. O limite máximo de indenização será de R$ 100 mil.
Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .49
Notas Internacionais Encontro
União Europeia e Mercosul vão se reunir
Exportação em queda
Austrália limita vendas As exportações de carne bovina e de vitelo da Austrália continuam abaixo dos níveis do ano passado. Em abril elas caíram 7% com relação ao ano anterior, registrando o oitavo declínio mensal consecutivo porque uma menor oferta de gado continua limitando a pro-
dução de carne bovina. As exportações em abril totalizaram 74.753 toneladas, levando os envios totais para os primeiros quatro meses de 2010 para 263.121 toneladas - 12% a menos do que no mesmo período do ano anterior num começo de ano mais lento desde 2004.
Previsão
USDA prevê exportação brasileira menor em relação ao relatório passado. Estes países devem se beneficiar das exportações limitadas da Argentina, porém o departamento prevê que Paraguai e Uruguai colherão maiores benefícios do que o anteriormente previsto, com relação à demanda russa e da União Européia.
Novas estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), apontam uma revisão para baixo das exportações de carne bovina do Brasil em 2010, mas ainda superiores às de 2009. No Paraguai e Uruguai há previsão de expansão
Exportação Quadro comparativo com estimativa de exportação para 2010. Em mil toneladas equivalente carcaça (tec).
Brasil 1.825
Austrália 1.350
EUA 930
Índia 625
Uruguai 410
Argentina 380
Paraguai 280
Fonte: USDA / Elaboração Scot Consultoria
Possível recorde
Paraguai cresce em vendas As exportações de carnes do Paraguai aumentaram em 47% nos primeiros quatro meses em comparação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$ 295,179 milhões. Segundo o Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal (Senacsa) do Paraguai, as exportações de produtos e subprodutos de origem animal (carne, miúdos e derivados) nesse período foram de 97.300 toneladas, contra 78.800 toneladas no mesmo período de 2009, que teve um valor de US$ 201,193 milhões, o que representa um aumento da ordem de 23,43% em volume e de 46,71% em valor. Neste ano o Paraguai poderá chegar a um novo recorde no valor das exportações de carne - US$ 600 milhões, registrado em 2008 - já que no ano passado houve uma queda de 20% no valor. 50. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010
A União Europeia (UE) e o Mercosul promoveram em junho, em Buenos Aires, a primeira reunião do pós-relançamento da negociação do acordo de livre comércio birregional mesmo com a França atraindo nove países para se posicionar contra a retomada da negociação e um possível acordo que vê como desastroso para a agricultura europeia. A mensagem da França é de que a UE já concedeu demais na negociação de Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC), e não tem mais a oferecer na negociação birregional. As discussões avançaram mas o problema acontece sobretudo no setor de carnes, onde o Mercosul, e especificamente o Brasil, tem peso preponderante. Nada menos de 82% da carne bovina importada pela UE vem do bloco do Cone Sul e 64% no caso da carne de frango. Das exportações de € 2,3 bilhões no ano passado com carnes para o mercado europeu, o Brasil obteve € 1,5 bilhão.
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Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010 .51
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52. Revista da ABRAFRIGO outubro de 2010