ParanáeCia55

Page 1

Paraná&Cia Ano 8 nº 55 - fevereiro \ março de 2009 - R$ 8,00

A Re v is t a de Ec o n o mia e Negócios do Paraná

João Ferreira Dias Filho, um dos fundadores da SEPAC, empresa que quer se posicionar em terceiro lugar entre os fabricantes do folha dupla.

Entre os líderes A paranaense SEPAC registra crescimento superior a 100% nas vendas do papel sanitário de folha dupla e quer entrar entre os líderes do papel tissue

veja também

Entrevista com John Poracky, vice-presidente da AIMS International Management Search, a maior rede de busca de executivos do planeta


2. Revista Paranรก&Cia | fevereiro.marรงo de 2009


Revista Paranรก&Cia | fevereiro.marรงo de 2009 .3


Da Redação

Uma luz no fim do túnel Depois que o governo prorrogou por mais três meses o desconto do IPI para a aquisição de carros novos, o Paraná respirou aliviado. O setor tinha grandes possibilidades de desencadear uma crise sem precedentes na economia estadual pelo efeito cascata, com possibilidades de um grande número de demissões. Com a prorrogação, as vendas continuam altas e não há demissões. Nas demais áreas da economia está tudo como dantes. A agricultura terá uma safra das boas, embora não seja recorde, e os preços estão bons. Na construção civil há energia de crescimento e lançamentos para os próximos dois anos, uma vez que o setor estava em defasagem com as necessidades de mercado há anos. Assim o Paraná vai pas-

sando quase incólume pela crise, e até mesmo com a falta de mão de obra no campo para atender projetos de expansão das cooperativas. E expansão é o que mais

quer a curitibana TWGroup, que ensaia um vertiginoso crescimento no Brasil e na Itália por conta do fornecimento de moldes para a indústria automobilística. Apesar deste ser um dos setores mais afetados pela crise, a empresa já vislumbra

um forte crescimento de quase 1000% até 2012. Outra empresa que também quer crescer mais e ficar entre os líderes do mercado de papel tissue de folha dupla é a paranaense SEPAC, capa desta edição, que registra crescimento superior a 100% nas vendas desse produto em 2008 e quer crescer mais 50% em 2009. Quem veio para Curitiba participar de uma palestra em março foi John Poracky, vice-presidente da AIMS International Management Search, a maior rede de busca de executivos do planeta, presente em 55 países. Da sua visita, John deixou uma entrevista para esta edição da Paraná&Cia, em que falou sobre a crise e sobre a importância de se reter talentos na empresa. O Editor

Paraná&Cia

A Revista Paraná&Cia é uma publicação bimensal da Editora Ecocidade. Rua XV de Novembro, 1700 cj 07 Alto da Rua XV - Curitiba/PR CEP - 80050-000 Tel (41) 3082.8877 Impressão - Gráfica Capital Jornalista Responsável - Bernardo Staviski | bernardo@ecocidade.com.br Colaboradores - Luis Gaspar, Celsio Correato, João Alberto Simião, José Eduardo Moskevicz, José Roberto da Silva e Souza e Oscar C. Dizzimoto. Assistente de Arte - Lucas Staviski

4. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009


Nesta Edição

Entrevista

Vice-presidente da AIMS, a maior rede de busca de executivos do planeta, John Poracky veio a Curitiba e falou sobre a crise no Brasil e no mundo e da importância de se reter os Pág. 06 talentos.

Entre os Líderes A paranaense sepac registra crescimento superior a 100% nas vendas do papel sanitário de folha dupla e quer ficar entre os líderes do papel tissue.

Pág. 10

Índice Energia................................................................ 14 De contrato renovado: Copel renova aluguel da Usina UEG Araucária para Petrobras por mais três anos.

Aquisição...........................................................15 Transporte escolar para todos: sai o primeiro lote dos 2.048 ônibus para transporte escolar que Governo paranaense quer comprar até o final do ano.

Mudança de Foco ..............................................16 De volta para casa: depois de passar pelo controle de empresas como Souza Cruz, Nabisco e Kraft Foods do Brasil, a Maguary volta para antigos donos.

Crescendo mesmo com a crise Com crescimento em 2008, demonstrado por um faturamento maior do que o previsto, o cooperativismo paranaense comemora com cautela. Pág. 20

Indústria Automobilística............................... 28 Quase 1000% de crescimento: mesmo em meio a crise que afeta o setor automobilístico, a Paranaense TWGroup quer multiplicar seu faturamento por 10 em quatro anos.

Porto de Paranaguá ......................................... 31 Problema antigo: segundo o ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, dragagem deixará Porto de Paranaguá entre os melhores do mundo.

Meio Ambiente...................................................32 Cuidando das araucárias: chegando ao Brasil com seu projeto de reforma e aquisição de aviões de caça pela FAB, a norte-americana Boeing investe em projeto ambiental no Paraná.

Lucrando e preservando: cooperativa Lar se habilita a receitas com crédito de carbono e investe R$ 4 milhões no projeto, que rendará 20 mil créditos de carbono ao ano.

Construção de plástico

Depois de conquistar Angola, Moçambique e Venezuela a MVC mira o mercado interno com suas casas de plástico.

Pág. 22 Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .5


Entrevista

John Poracky

PR&Cia▶ Já é possível sentir um impacto no mercado para executivos. Como os contratantes devem responder? O que é importante para treinar esses profissionais? John Poracky▶ Isto é absolutamente verdade. As contratações estão em baixa e o desemprego está crescendo. Ao mesmo tempo em que isso acontece, vemos uma quantidade cada vez maior de candidatos. Mesmo assim, estudos recentes mostram que encontrar pessoas talentosas é ainda um grande desafio para os contratantes, que acabam forçados a serem mais seletivos por terem Vice-presidente da AIMS International mais candidatos para escoManagement Search, a maior rede de lher. Para direcionar esse busca de executivos do planeta, presente impacto, os líderes executivos precisam olhar para o em 55 países, John Poracky veio a programa de avaliação de Curitiba em março para participar de talentos da própria emprepalestra promovida pelo IBEF-PR, do sócio brasileiro sa. Esses programas devem De Bernt Entschev e do IBMEC onde lembrou “a impor- conter testes antes da contância de se ter funcionários talentosos para estes tempos tratação, e também avaliadifíceis”. Poracky trabalha em Chicago, o que equivale a ções após a contratação. dizer que assiste a crise nos Estados Unidos e no resto do Essa avaliação pós-contratação serve como ferramundo bem do “olho do furacão”. menta para os Segundo ele, apesar do desemprego em taxas Em 2007, as profissionais e alarmantes e uma quantidade cada vez maior 20 maiores seus contratande candidatos a vagas de executivos “continua companhias de tes, já que ajusendo um grande desafio contratar pessoas tacapital aberto do lentosas e habilidosas e a verdade é que segun- planeta tinham um dam a analisar as capacidades, do as pesquisas o desemprego não melhorou a valor próximo a fraquezas, peroferta deste tipo de individuo”. US$ 5,3 trilhões. sonalidade e Hoje valem Além da AIMS, John Poracky é sócio direseu papel como tor da MCWood e foi um dos fundadores do um todo. Douth Lake National Bank, onde trabalhou como vice-presidente. Também atuou como PR&Cia▶ Exisconsultor sênior no Bank of América e na te hoje a necesDeloitte&Touché. Segue a entrevista:

“A crise não é o fim do mundo”

US$ 3,5 tri

6. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009



Entrevista

John Poracky

sidade de um novo perfil de executivo para o mercado, com novas competências? John Poracky▶ A resposta é não. Não são necessariamente novas competências que importam, mas sim a habilidade do executivo em enfrentar situações e saber o que ele deve fazer para que sua organização seja bem sucedida. Isto é realmente a “chave” do negócio. O CEO precisa ser um líder que consiga comunicar a direção que ele quer dar à organização e fazer com que as pessoas acreditem nesse caminho para, assim, conseguir que essa estratégia seja seguida. Todo esse processo precisa ser muito transparente, onde todos estejam cientes sobre o que realmente está acontecendo na empresa, para assim poder responder adequadamente aos problemas.

situações onde o governo tem que dar dinheiro para organizações sobreviverem, é necessário que haja um controle maior e regulações, para que não seja necessário fazer isso. Parte do problema é que esse controle não existia. Como exemplo, nos EUA, o que aconteceu é que muitas organizações que não eram bancos, como seguradoras

"Um dos países que mais chamam a atenção nestes últimos tempos é o Brasil, pois pelo planejamento que teve em 2005, 2006 e 2007, ele está em boa forma. A sua economia nesses anos estava crescendo em 5.5%"

PR&Cia▶ Neste tempo de crise, muitas empresas estão diminuindo ou mesmo tirando os bônus que a classe executiva vinha recebendo pelo cumprimento de metas, etc. Quanto tempo isso irá durar?

John Poracky▶ Um dos países que mais chamam a atenção nestes últimos tempos é o Brasil, pois pelo planejamento que teve em 2005, 2006 e 2007, ele está em boa forma. A sua economia nesses anos estava crescendo em 5.5%. Financeiramente, é claro que o país foi afetado pela crise, mas o Brasil é um dos poucos que ainda apresentam algum crescimento no seu PIB, ao contrário de alguns países europeus e os EUA, que estão assistindo apenas a queda de crescimento. Pelas nossas pesquisas, o Brasil é um dos poucos “pontos brilhantes” na América Latina durante essa crise econômica. PR&Cia▶ Qual é a grande lição que essa crise deixa para os jovens executivos brasileiros? John Poracky▶ Recessões houve muitas nos últimos cem anos e a diferença desta é que muitos dos jovens empresários nunca passaram por ela e pensam que é o fim do mundo. Mas essa não é a realidade, é apenas o curso de se fazer negócios. Nesse caso, por não haver um controle, o que nos levou a crise atual, são lições que os executivos e os governos precisam aprender, para evitar que aconteça novamente.

como a AIG, e a Merryl Linch viram uma oportunidade de ganhar muito dinheiro ao entrar no nicho de financiamentos de casas. Isso é algo que nunca deveria ter sido permitido. Isso aconteceu porque não tivemos regras que imJohn Poracky▶ Sempre pedissem que isso aconteexistirão situações de pa- cesse. gamento de bônus, como a da AIG, mas isso não P R & C i a ▶ E n t e n d e n d o atinge a raiz do problema. que a crise aqui é um pouÉ apenas uma parte. O co diferente, qual sua vigrande foco do problema são sobre o atual cenário PR&Cia▶ Qual é a mensagem que o senhor quer é que em qualquer dessas econômico no Brasil?

8. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009


passar na sua palestra? John Poracky▶ Primeiro a de que é necessária uma transparência para toda a empresa, e que não se limite apenas aos executivos. Segundo, que os maiores bens de uma empresa são funcionários talentosos. Com isso em mente, na minha apresentação, falo sobre cinco grandes práticas chaves a serem adotadas em situações econômicas desfavoráveis que são: avaliar e desenvolver talentos apropriadamente; planejamento efetivo de mão de obra; criação de grupos inovadores de colaboradores; melhorar o balanço de trabalho/vida do funcionário e; criar programas de reconhecimento de desempenho.

importante, mas que está em falta nos últimos 10 a 15 anos, é o fator da lealdade. Parte da razão disso são os cortes, a falta de comunicação, pessoas sem saber exatamente qual sua função e que não vêem nenhuma oportunidade de crescimento numa empresa. E essa lealdade precisa ser resgatada.

"Um ponto chave nesse mundo interrelacionado que vivemos é que não somos mais “silos”. É necessário olhar para a competição e o seu “banco de talentos” em uma escala global. Assim, esses indivíduos aprendem em uma escala global, e não apenas local.

PR&Cia▶ As multinacionais sempre trazem jovens executivos para uma espécie de estágio na economia brasileira. E os executivos daqui também começam a ganhar o mundo. Como o senhor vê a escola de for- PR&Cia▶ Qual é o papel mação do executivo brasi- do executivo dentro de leiro? uma empresa, em um momento de crise? John Poracky▶ Eu acredito que um ponto chave nesse John Poracky▶ É de exmundo inter-relacionado trema importância que os que vivemos é que não so- executivos demonstrem mos mais “silos”. É necessá- sua liderança em tempos rio olhar para a competição de crise. Como líderes, prie o seu “banco de talentos” meiramente e mais imporem uma escala global. As- tante, os executivos devem sim, esses indivíduos apren- demonstrar e inspirar condem em uma escala global, fiança no seu time e através e não apenas local. Uma da organização. Nós sabedas coisas que acho muito mos que os executivos se

deparam com desafios em uma hora ou outra. E neste ponto, o desafio é gigante para todos os profissionais pelo mundo. Durante esses tempos difíceis, líderes devem trabalhar juntamente com uma administração chave, de uma maneira transparente, para formular o melhor plano para levar o negócio para frente. É importante que ele seja um comunicador e influenciador eficiente. Deve mostrar para a direção da empresa e para seus funcionários que “Isto é o que iremos fazer e aqui está o porquê. Aqui está o que você vai ganhar com isto e assim é como nós nos transformaremos como organização”. Um bom líder sempre terá em mente o “Isso é possível”. PR&Cia▶ Como o “póscrise” deve ser imaginado, já que é muito provável que vários aspectos da ordem econômica podem ser alterados? John Poracky▶ A crise vai definitivamente mudar a ordem econômica. A maioria das maiores empresas do mundo está muito menor – dentre as 20 maiores companhias de capital aberto do planeta, que juntas somavam um capital de mais ou menos $5.3trilhões em 2007, contabilizaram em 2008 menos de $3.5trilhões. Posso dizer que o mercado de ações e a desvalorização do dólar são os culpados disso■

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .9


Capa

SEPAC

entre os líderes SEPAC registra crescimento superior a 100% nas vendas do folha dupla e quer entrar entre os líderes do papel tissue.

O

s brasileiros estão destaca a gerente comer- expressivos, 170% a mais se mais exigentes. A cial da Sepac, Sonia Mabile. comparado ao mesmo peSegundo o diretor-presi- ríodo de 2007. “Em 2009 a migração do consumidor que comprava o papel dente e um dos fundadores intenção é fazer com que a sanitários de folha simples da empresa, João Ferreira empresa cresça 50% em faDias Filho, essa turamento com ampliação para o de folha ação da empresa do nosso mercado. Não é dupla está faé uma opção es- tarefa simples, porque signizendo surgir um tratégica e tam- fica retirar fatias de mercado novo mercado, bém uma deman- dos líderes”, conta João Feré o QUE a empresa que, segundo a quer crescer em da do mercado. reira Dias Filho. A empreAssociação BraEM 2009 Para o executivo, sa obteve um faturamento sileira de Ceo consumidor de R$ 97 milhões em 2006. lulose e Papel (Bracelpa), já corresponde a brasileiro está comprando Ele subiu R$ 108 milhões aproximadamente 15% do produtos de maior qualida- em 2007 e para R$ 134 mimercado total de papéis sa- de. O carro-chefe da Sepac, lhões para 2008. Hoje ela nitários. Em 2008, o mer- hoje, é o papel higiênico Pa- está na quinta posição entre cado de tissue apresentou loma, de folha um crescimento de 10% em simples, mas a faturamento da sepac valor, puxado justamente aposta é no papelo aumento da demanda pel de folha du2006 R$ 97 milhões no segmento de folha dupla. pla, representado Embalada por essa ten- na fábrica pela 2007 R$ 108 milhões dência, a paranaense Sepac, marca Duetto. 2008 R$ 134 milhões No ú l t i m o que já inaugurou sua nova máquina para produzir papel ano, a Sepac rehigiênico de folha dupla em gistrou um auagosto do ano passado, quer mento expressiagora se posicionar em ter- vo nas vendas de ceiro lugar entre os fabrican- papéis higiênicos tes deste mercado dominado folha dupla. Em pela Kimberly Clark (marcas 2008, o produto Neve e Scott) e pela Santher da marca Duetto (Personal). “Com a alta tec- vendeu 115% a nologia empregada na indús- mais que no ano tria, é possível disponibilizar anterior. No seao mercado papéis de alta gundo semestre qualidade a custos acessíveis, os números fomesmo em tempos de crise”, ram ainda mais

50%

10. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009


Joรฃo Ferreira Dias Filho, um dos fundadores da SEPAC, empresa que quer se posicionar em terceiro lugar entre os fabricantes do folha dupla.

Revista Paranรก&Cia | fevereiro.marรงo de 2009 .11


Capa

SEPAC

os maiores fabricantes deste tipo de produto no país. A Sepac quer repetir no Centro-Oeste e no Sudeste o que faz no Sul do país onde no mercado geral de papéis higiênicos (folha simples + folha dupla) tem a liderança no Paraná em volume de vendas, com 23% de participação de mercado, segundo a pesquisa Nielsen. Na região Sul, inclusive, nos dois primeiros meses de 2009, houve um “empate” entre Sepac e Kimberly na liderança do mercado, ambas com 15% de participação (share volume). A Sepac tem também uma presença forte em Santa Catarina, estado em que também recuperou a liderança de mercado. “A nossa estratégia é um papel de alta qualidade, mas com preço 20% inferior ao dos grandes concorrentes. Para conseguir isso investimos pesado num sistema que utiliza biomassa de reflorestamentos próprios para proA Empresa

duzir o calor necessário ao processo industrial”, explica o diretor-presidente. “Outra mudança é que antes tínhamos foco no atacado e agora vamos investir no varejo, principalmente nos pontos de venda”, acrescenta. Pelos números da Bracelpa, por sinal, no total geral do mercado há muito espaço ainda a ser criado: o Brasil tem um consumo per capita entre 4 a 5 kg de papel tissue enquanto que nos EUA e Canadá o consumo atinge a 20 kg. No Nordeste brasileiro, por sinal, o consumo é de apenas 1,2 kg per capita. O mercado As vendas domésticas do papel de folha dupla somaram US$ 836 milhões em 2008, o que correspondeu a um crescimento de 5,6% em relação ao ano anterior. Em janeiro deste ano, as vendas no mercado interno contabilizaram US$ 73 milhões,

Da medicina a fabricação de papel sanitários A Sepac foi instalada no município de Mallet, 10 mil habitantes, no sul do Paraná, ao final da década de 70 pelos irmãos João e Amílcar, ambos médicos na região – João, clínico geral e cirurgião em Mallet e Amilcar, também clínico geral, em Rio Azul - que resolve-

12. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009


ram investir parte de suas economias em reflorestamento, pensando no futuro. A Sepac começou com uma simples serraria, passou à produção de pasta mecânica e celulose anos depois e, finalmente, chegou ao papel sanitário, depois que os dois irmãos optaram por abandonar as concorridas clínicas e a medicina. Em 1996 houve uma cisão do negócio e João ficou com fábrica e o irmão

alta de 7,3% em relação ao mesmo mês de 2008. No ano passado, foram produzidas 849 mil toneladas de papel tissue, o que representou um aumento de 4,6% em relação a 2007. A produção de papel higiênico popular cresceu 3,6% em 2008, em relação ao ano anterior, para 58 mil toneladas. Por sua vez, a produção de papel higiênico folha dupla aumentou 12% no ano passado, para 103 mil toneladas, segundo a Bracelpa. Segundo um estudo conduzido pelo economista Marcos Vital, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o país apresentou a segunda maior taxa média de crescimento entre os principais fabricantes de papel higiênico desde o ano de 2000, atrás somente da China. Entre 2000 e 2006, a proporção de papéis higiênicos de folha simples de boa qualidade passou de 31,33% para 19,18%. Já a participação

dos papéis de folha simples de alta qualidade subiu consideravelmente, de 32,29% para 39,07%. Houve aumento também na fabricação de papéis de folha dupla, que responderam por 12,53% da produção em 2006, contra uma participação de 10,62% em 2000 ■

com o setor de reflorestamento. Com a nova máquina, a Sepac está saindo de uma produção de 100 toneladas diárias para 200 toneladas/dia de papel tissue. O carro-chefe da Sepac, hoje, é o papel higiênico Paloma, de folha simples, mas a aposta é no papel de folha dupla, representado na fábrica pela marca Duetto. “O divisor de águas foi o ano de 1990 quando tinha 49

anos e fiz uma viagem ao Japão para conhecer projetos de pequenas indústrias de papel que funcionavam muito bem naquele país. Aquilo me entusiasmou e a medicina foi ficando de lado”, conta João Ferreira Dias Filho. A empresa tem plano, inclusive, de instalar uma quarta máquina a partir do final de 2009 e agregar mais 100 mil toneladas à sua produção.

"A nossa estratégia é um papel de alta qualidade, mas com preço 20% inferior ao dos grandes concorrentes. Para conseguir isso investimos pesado num sistema que utiliza biomassa de reflorestamentos próprios para produzir o calor necessário ao processo industrial" João Ferreira Dias Filho

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .13


Energia

A usina termoelétrica UEG de Araucária. Foto SECS .

UEG Araucária

ção da escassez na oferta desse combustível, a Petrobras prefere usar a UEG e desligar térmicas menos eficientes. A UEG funciona a ciclo combinado – de suas três turbinas, duas são movidas a gás e uma a vapor. Com isso, a usina gera 30% mais energia que as termoelétricas convencionais, usando a mesma quantidade de gás. O primeiro contrato de locação, agora renovado, foi formado em dezembro de 2007. Pelo aluguel da planta, a UEG Araucária receberá parcelas fixas mensais, acrescidas de parcela variável quando houver despacho de energia. “Em relação ao contrato anterior, a Aneel reduziu os despachos de energia para algo em torno de 200 MW, o que diminuirá os valores. Paralelamente, a Petrobras firmou contrato de R$ 1,8 milhão mensais com a Copel Geração e TransmisCopel renova aluguel da Usina UEG são para assegurar os serviços Araucária para Petrobras de operação e manutenção da usina, no mesmo período do por mais três anos. contrato de locação”, disse Ruoi renovado o contrato “O nosso planejamento era o bens Ghilardi. Os valores de contrato são de aluguel da A UEG de que esta usina deveria entrar Araucária Ltda. com a em operação a partir de 2010, de R$ 13,14 por MWh (megaPetrobras por mais três anos mas com o contrato com a Pe- watt-hora) na parcela fixa e de contados a partir de 1º de janei- trobras estamos antecipando R$ 33,23 na parcela variável, vezes a energia ro de 2009 – a estatal também receitas ao invés assegurada do possui 20% de participação no de termos somen- 3 maiores usinas empreendimenempreendimento. Controlada te despesas com do parque to que agora é pela Companhia Paranaen- m a n u t e n ç ã o ”, térmico operado pela Petrobras de 200 MW e o se de Energia (Copel), a usina disse o presidente número de horas UEG Araucária possui 484,5 da Copel, Rubens Governador Leonel Brizola (RJ) do mês. Na conmegawatts de potência, o sufi- Ghilardi. 1.038 MW dição de contraciente para abastecer uma cidaPara a Petro- TermoMacaé (RJ) tada da Petrobras de de 1,5 milhão de habitantes bras, o negócio 896 MW para a prestação e permanecerá à disposição da se tornou interesUEG Araucária (PR) dos serviços de Petrobras, maior comercializa- sante porque tem 484,5 MW operação e madora de energia elétrica do país de cumprir os peno mercado livre. UEG exigiu didos originários da Agência nutenção da Usina, a Copel vai recursos estimados em R$ 750 Nacional de Energia Elétrica receber R$ 1,8 milhão por mês milhões na época de sua cons- (Aneel), em situações de emer- (R$ 5,86 por MWh multiplicatrução e, por algum tempo, es- gência ou de falta de água nos dos pelos mesmos valores de teve ameaçada de não operar. reservatórios do país. Em fun- potência e tempo) ■

De Contrato Renovado

F

14. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009


Aquisição

Municípios

Transporte escolar para todos Sai o primeiro lote dos 2.048 ônibus para transporte escolar que Governo paranaense quer comprar até o final do ano.

A

té o final do ano, o governo paranaense deverá completar a aquisição de um total de 2.048 ônibus do tipo micro-ônibus com modelos de 23 lugares e de 31 lugares, desenvolvido para também atender as características das estradas rurais brasileiras. Isto faz parte da ação do Programa de Transporte Escolar (PTE), que pretende atender cerca de 270 mil estudantes que dependem de transporte para ir à escola nas áreas rurais paranaenses, em um investimento total de R$ 247,4 milhões. Na sua primeira fase, que já está em execução, o PTE prevê a compra de 1.100 ônibus com investimento R$ 133,4 milhões. Os veículos já estão sendo repassados em comodato às prefeituras. Dia 23 de março foram colocados à disposição de 26 municípios da Região Metropolitana de Curitiba e do litoral do Paraná com menos de 100 mil habitantes o primeiro lote de 80 ônibus escolares. No total, esta aquisição envolve investimentos de R$ 247 milhões. “A renovação da frota utilizada no transporte escolar é uma das formas de garantir, com qualidade e segurança, o acesso e a permanência dos alunos nas escolas da educação básica da rede pública estadual e municipal”, afirmou a secretária da Edu-

cação, Yvelise Arco-Verde. Desses primeiros 1.100 ônibus, 630 veículos de 31 lugares cada, da marca Volskwagen, são fabricados pela Mascarello, de Cascavel, pelo valor de R$ 79,8 milhões, e 470 de 23 lugares cada, da Iveco, pela Neobus, de Caxias do Sul (RS), a um custo de R$ 53,5 milhões. As duas empresas fabricam 14 ônibus por dia. "O compromisso é que até o final deste primeiro semestre, todos os 1.100 estejam transportando alunos que vivem no interior do estado", disse o governador Roberto Requião. A capacidade dos 1.100 ônibus é de transportar 49,8 mil estudantes ■

O design dos ônibus foi feito na Secretaria do Desenvolvimento Urbano (Sedu), que é parceira da Secretaria da Educação (Seed) no Programa de Transporte Escolar.

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .15

Foto:SECS


Mudança de Foco

Kraft e Maguary

De volta para casa Depois de passar pelo controle de empresas como Souza Cruz, Nabisco e Kraft Foods do Brasil, a Maguary volta para antigos donos.

O

filho pródigo à casa torna. Por uma daquelas inusitadas coincidências que acontecem na história das empresas, a fabricante de sucos Maguary, líder no país em sucos concentrados está voltando às mãos da mesma família que a fundou em 1953, no Nordeste do Brasil, depois de ter passado, desde 1984, pelo

controle de empresas como a Souza Cruz, Nabisco e, ultimamente, a Kraft Foods do Brasil. No começo de março, a Kraft anunciou na capital paranaense que vendeu a empresa para a Companhia Brasileira de Bebidas – CBB, holding criada em 2008 para adquirir participação na Dafruta e atuar no segmento de bebidas naturais à base de

16. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

mudando o foco Fabio Acerbi, Diretor de Assuntos Corporativos da Kraft Foods (acima), “Era um negócio relativamente pequeno, e não foi contemplado pela estratégia da Kraft de ser líder no setor de snacks no país ”.


frutas. "Você não sabe como estou alegre. Para nós, a venda da Maguary foi traumática, porque gostávamos da empresa", conta o presidente do conselho de administração da CBB, Romildo Tavares de Melo, que, junto com outros três irmãos retornou ao mercado de sucos recentemente. Segundo Fabio Acerbi, Diretor de Assuntos Corporativos da Kraft Foods, “Era um negócio relativamente pequeno, e não foi contemplado pela estratégia da Kraft de ser líder no setor de snacks no país – biscoitos, chocolates e bebidas em pó”. Desde a chegada do novo diretor presidente da Kraft Foods Brasil, Mark Clouse, em janeiro de 2008, esta estratégia ficou mais explícita. Entraram no negócio, que não teve seu valor revelado devido a cláusulas de confidencialidade, as linhas de sucos concentrados e prontos para beber, além das fábricas localizadas em Araguari (MG) e Aracati (CE), envolvendo no total perto de 200 dos mais de 7 mil empregados da empresa no país. “A Maguary não tinha a devida atenção dentro das linhas da Kraft ao ponto da gente nem mais encomendar pesquisa sobre as vendas de sucos prontos, onde a participação no mercado foi ficando cada vez menor, ao contrário dos concentrados onde é líder. Com alguém concentrado neste ramo, com o foco na atividade, com certeza a empresa agora terá a devida atenção”, completou a diretor da Kraft Foods

do Brasil. Com a aquisição da Maguary, a CBB consolida e expande sua presença no segmento de sucos após ter adquirido, em dezembro de 2008, uma participação de 54% na Dafruta, criada por Silvio Tavares de Melo, também fundador da Maguary em 1953, e que atua em sucos

"A Maguary não tinha a devida atenção dentro das linhas da Kraft ao ponto da gente nem mais encomendar pesquisa sobre as vendas de sucos prontos, onde a participação no mercado foi ficando cada vez menor, ao contrário dos concentrados onde é líder" Fabio Acerbi

concentrados, prontos para beber e semi-elaborados desde 1984. Na transação, o grupo CBB foi assessorado pela Casaforte Investimentos, uma empresa de private equity, e pela IGC Partners. A Maguary A Maguary foi fundada pela família Tavares de Melo e pelo empresário Clóvis

Nóbrega Lima, no município de Pedras de Fogo, na Paraíba. A empresa surgiu com o objetivo de industrializar as frutas típicas da região, que inicialmente limitava-se a produtos derivados de abacaxi. Em 1974, instalou uma fábrica em Bonito (PE) e outra em Araguari (MG), que permitiram a diversificação do seu portfólio de produtos, tanto com vários outros sabores de sucos, especialmente o de caju, quanto com produtos derivados de coco e castanha de caju. Tornou-se referência em qualidade e assumiu a liderança do mercado de sucos concentrados de frutas. A Maguary foi vendida pela família Tavares de Melo em 1984. Na verdade, o setor de sucos concentrados é um grande mercado em volume, mas com menor rentabilidade do que o de sucos prontos. O mercado de concentrados movimenta R$ 550 milhões e o de prontos, R$ 1,3 bilhão. A Maguary é líder na categoria de concentrados, com 37,3% de um mercado que movimenta 540 milhões de litros ao ano. No de sucos prontos sua participação é insignificante, segundo a Kraft. Além disso, a Maguary parou no tempo, enquanto os concorrentes lançaram novos sabores - bebidas com soja, chá verde, linhas light, diet ou com menos açúcar ■

O mercado de sucos no brasil

Sucos concentrados Sucos prontos

Movimentação $ 550 milhões R$ 1,3 bilhão

Participação 80% 25%*

* aproximadamente

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .17


Aconteceu Imcopa quer brigar com líderes no óleo de soja

Enrique Marti Traver, diretor de operações da Imcopa.

Dentro de dois meses, uma nova refinaria e a linha própria de envase da paranaense Imcopa devem estar funcionando a todo vapor em Cambé, no Norte paranaense. Hoje, com sede em Araucária, na região Metropolitana de Curitiba, a Imcopa produz 400 mil caixas mensais e seu óleo, comercializado com a marca Leve, é conhecido somente no Sul, aonde é distribuído. “A nova indústria vai produzir mais 900 mil caixas mensais e nosso foco agora passa a ser também o mercado do Sudeste. Com a produção de 1,3 milhão de caixas mensais vamos estar entre os três maiores fabricantes do país e queremos chegar a 12% do mercado total”, revela Enrique Marti Traver, diretor de operações da indústria. Hoje, a empresa tem menos de 4% das vendas de óleo comestível.

2ª Geração de biocombustível União Européia investirá 1,6 milhão de euros em pesquisa de bioetanol no Paraná

– PR. Com a empresa, a maior do mundo no setor, a Universidade Federal do Paraná e o Centro de Tecnologia Canavieira, de Piracicaba – SP, fazem parte de um grupo de cinco parceiros que receberão a verba. Benjamin Knudsen, gerente de pesquisa A União Européia está da Novozymes, disse que destinando 1,6 milhão de eu- o objetivo destes recurros para acelerar as pesquisas sos é “integrar todos os para a produção envolvidos no do bioetanol de processo de segunda geração, pesquisa para a partir do bagaque a meta de é a meta de ço da cana-deter as enzimas produção do açúcar, que estão capazes de proálcool de segunda concentradas no geração em escala duzir o álcool de comercial Brasil na fábrica segunda geração da Novozymes em escala comerLatin America, fabricante di- cial em 2010 seja atingida”. namarquesa de enzimas indusO projeto tem alcance triais, instalada em Araucária mundial e envolve a Novozy-

2010

18. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

mes da Dinamarca, dos Estados Unidos e a Universidade de Lund, na Suécia. Os recursos da União Européia incluem a construção de um novo laboratório de pesquisa e desenvolvimento na Novozymes de Araucária. Segundo a empresa, o objetivo do contrato de dois anos com a UE é para desenvolver uma tecnologia de biocombustível limpo e com boa relação custo-benefício. Esta é a maior ação em pesquisas já feita pela Novozymes, com a participação de cerca de 150 funcionários trabalhando em várias partes do mundo para a conversão da biomassa em etanol.


O primeiro R$ 1 bilhão O grande sonho do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner - o de fazer sua empresa atingir um faturamento anual de R$ 1 bilhão - se concretizou justamente no final do ano em que ele deixou o comando direto da empresa e passou para o Conselho de Administração. Graças a vendas surpreendentes entre novembro e dezembro e a abertura de 195 novas lojas no decorrer de 2008, a empresa paranaense, a maior rede de franquias do país, anunciou ontem um crescimento de 25% sobre 2007 com uma receita na indústria de R$ 1,044 bilhão. A lucratividade também atingiu margens históricas, com um aumento de 45% em relação ao ano anterior. Em outubro passado, o novo C.O. de O Boticário, Artur Grynbaum, previa crescimento de 16%, o que, na época, era considerado muito bom uma vez que o mercado de perfumes e cosméticos vinha se expandindo a 10% ao ano. “Estamos francamente otimistas em relação ao Brasil e projetamos a abertura de 100 novas lojas em 2009, com um crescimento acima do que o mercado prevê, entre 8% a 10% para este ano. É por isso que estamos anunciando investimentos de R$ 170 milhões até 2012 para continuar alavancando o crescimento da rede que chegou a 2.660 lojas no Brasil, atingindo 1.520 municípios”, disse Artur Grynbaum.

Voltando ao trabalho

Renault reintegra 500 e vai chamar mais funcionários Praticamente dois meses tir a manutenção dos postos antes do prazo anunciado no de trabalho, durante quase acordo com o Sindicato dos três meses eles trocaram a liMetalúrgicos da Grande Curi- nha de produção por cursos tiba, a Renault do Brasil co- de qualificação que, segundo meçou a incorporar parte dos a Renault, somaram 80 horas/ funcionários que estavam com funcionário até agora. “A suscontratos suspensos desde de- pensão do contrato é forma zembro. No final pouco conhecida de março, cerca de no país de não se "cerca de 500 dos 1 mil 500 dos 1 mil funchegar ao recurso funcionários cionários retornaextremo da deretornaram ao ram ao trabalho missão. No curto trabalho" e vão passar por prazo, ela reduz cursos de atualicustos porque, no zação até o final desta semana nosso caso, significou que os para depois entrarem na linha recursos do FAT bancaram de produção. O diretor de Re- 50% das despesas com os sacursos Humanos da empresa, lários destes funcionários”, Carlos Magni antecipou que, disse Carlos Magni. embora o número ainda não Com o retorno do grupo, esteja fechado, “no decorrer a produção dos veículos de de abril serão incorporados passeio dos modelos Sandero, ao quadro pelo menos mais 50 Logan, hoje em torno de 350 trabalhadores”. por dia, deve subir para mais Como medida para garan- de 500 unidades diárias.

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .19

de volta a casa No final de março, a Renault do Brasil começa a incorporar parte dos funcionários que estavam com contratos suspensos por causa da crise.


Crescimento

Cooperativismo

Abraçando o crescimento

Os efeitos da crise financeira no cooperativismo paranaense parecem ser menores. Prova disso é o crescimento em 2008, demonstrado por um faturamento maior do que o previsto. Mesmo assim o setor comemora com cautela.

A

previsão que o presidente da Ocepar – Organização das Cooperativas do Paraná, João Paulo Koslowski, havia feito no final de 2008 estava errada. Ele havia dito que todo o sistema cooperativista paranaense chegaria a um faturamento de R$ 22 bilhões, e que dentro deste número, o setor agropecuário representaria R$ 20 bilhões. Mas para a felicidade de muitos ele pecou por cautela - os resultados foram ainda melhores. A previsão, que já era por

si extraordinária Cooperativa porque efetivaCopacol mente houve a C.Vale combinação dos Coamo melhores preços Lar com a maior produção da história Capal do setor no PaIntegrada raná, agora está Cocamar sendo revista para mais. Todo o setor cooperativista deve faturar perto de R$ 25 bilhões e somente o setor agropecuário deve ir a R$ 23 bilhões, contra um resultado de R$ 16,8 bilhões em 2007, crescendo mais de 10%

20. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

faturamento

crescimento

R$ 978 milhões

41%

R$ 1.94 bilhão

38%

R$ 4,71 bilhões

35%

R$ 1,74 bilhão

45%

R$ 325 milhões

35%

R$ 1 bilhão

25%

R$ 1,37 bilhão

25%

Fontes – Balanço das cooperativas


em relação ao inicialmente previsto, segundo a Ocepar. Os números devem ser fechados nos próximos dias, mas isso está acontecendo porque os dados que a Ocepar dispunha no final de dezembro, época da primeira previsão, não levaram em conta os dados contábeis dos balanços que começaram a ser divulgados desde o início de fevereiro, e que refletem umas situação mais real, onde a influência da desvalorização do Real frente ao dólar ficou mais clara, e o impacto da queda dos preços das commodities não foi tão grande quanto se esperava até porque a maior parte da produção já estava vendida quando a crise começou. O sistema cooperativista paranaense é o que apresenta melhores resultados, o mais bem estruturado e o que mais cresce no país, superando, no ano passado, em exportações as de São Paulo. O resultado se deve basicamente a soja. Cerca de 65% da produção do Estado passa por elas. Na última safra, a colheita foi de 12 milhões de toneladas, e quase 8 milhões de toneladas do grão passaram pelas cooperativas. Das 40 cooperativas que trabalham com soja, cinco industrializam o pro-

duto, transformando em farelo para ração ou óleo. Perto de 40% da produção de soja é industrializada. A exportação também é significativa e representa 45% de tudo o que as cooperativas do setor agropecuário vendem para o exterior. “Em 2008 a exportação do setor atingiu a US$ 1,5 bilhão contra US$ 1,2 bilhão

“Neste momento não devemos tomar créditos a custos elevados, evitando um indesejável passivo financeiro num momento de oscilação desfavorável do câmbio” João Paulo Koslowski

em 2007”, disse o presidente da Ocepar. São 77 entidades que respondem por cerca de 18% do PIB estadual, 55% da economia do agronegócio regional e 800 mil postos de trabalho. Embora os efeitos da crise ainda sejam preocupantes, num plano mais real o presiden-

te da poderosa Coamo, José Aroldo Galassini, a maior do país de Campo Mourão, estava mais preocupado com a falta de mão-de-obra na sua região para trabalhar em três novos armazéns que a cooperativa está construindo para ampliar sua capacidade de armazenagem para as próximas safras. E com todas as letras, dizia que a cooperativa vai perseguir em 2009 pelo menos o mesmo resultado de 2008, quando faturou R$ 4,71 bilhões. Para o presidente da Ocepar, não é hora de se por o pé no freio das atividades, mas sim, talvez, de apenas reduzir o ritmo para perceber melhor o que o mercado sinaliza e protelar novos investimentos com vistas na expectativa do mercado consumidor. Mas o que devemos fazer de verdade, segundo ele, neste momento “é não tomar créditos a custos elevados, evitando um indesejável passivo financeiro num momento de oscilação desfavorável do câmbio”, conclui ■

indicadores do cooperativismo Indicadores Faturamento (bilhões R$) Cooperativas (pessoas) Cooperados (pessoas) Colaboradores (pessoas) Exportações (US$ milhões) Impostos recolhidos (R$ milhões) Investimentos (R$ milhões) Eventos Realizados Participações/treinandos Postos de trabalhos gerados

2006 16,5 228 406.791 50.000 852,9 781,9 794 2.368 104.614 773.309

2007 18,5 234 451.500 51.000 1.100,0 898,0 1.028 2.950 120.000 926.608

2008* 25,0 240 500.000 55.000 1.500,0 1.000,0 1.275 3.000 100.000 1,25 milhão

*Estimativa p/ 2008 – Fonte: Sistema Ocepar

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .21

Melhor do que previsto Na foto, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslowski, que anunciou que a nova previsão aponta para um crescimento 10% maior do que o previsto anteriormente.


Componentes Plásticos

Dá para acreditar que é de Plástico?

MVC

Depois de conquistar Angola, Moçambique e Venezuela a MVC mira o mercado interno com suas casas de plástico.

22. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

Q

uem diria que 30% do faturamento da líder brasileira na produção de componentes plásticos para a indústria automobilística começaria a vir de sua participação no setor da construção civil. Instalada em São José dos Pinhais, a paranaense MVC Componentes Plásticos vem pesquisando sua entrada na área de construção civil desde 2003, com um tipo de casa popular feita de plástico reforçado com fibra de vidro,


uma estrutura metálica, e de baixo custo. A empresa pertencia a Marcopolo, mas teve seu controle adquirido pela também gaúcha Artecola no ano passado. Hoje, ela ganha forças e seu espaço no mercado interno. Mas isso somente depois de ter ido primeiro ao exterior para testar seus produtos e conseguiu abrir mercados importantes em Angola, Moçambique, Venezuela, Uruguai e Nigéria. “Tivemos

muitas dificuldades porque no Brasil não havia normas nem testes para este produto porque todos trabalham com alvenaria. Lá fora o material era mais conhecido”, conta o diretor geral da MVC, Gilmar Lima. Com base no seu trabalho com plásticos para a indústria automotiva, a empresa começou a pesquisar a fabricação de um produto padrão de rápida montagem e de baixo custo, próprio para programas habi-

iNTEIRA DE PLÁSTICO Na foto, sede do Clube de Tiro Paranaense, em Curitiba, com 1.600 metros quadrados e construído com os componentes de plástico. "São muitas as utilizações possíveis" .


Componentes Plásticos

MVC

tacionais de países em desen- acrescenta. volvimento. “Nós nos baseA partir do modelo angolaamos no trabalho que é feito no, onde a empresa construiu para caminhões frigoríficos e mais de 6 mil metros quabarcos, um tipo de constru- drados de casas que até hoje ção chamada sanduíche, onde sempre são entregues complede um lado você tem chapas tas – com a parte elétrica e hie um recheio no dráulica embutimiolo com gada e isolamento nhos em relação térmico e acúsà alvenaria no tico, e também custo, na acústigalpões de 600 da receita da ca e em propriemetros quadraempresa no dades térmicas”, dos até 1mil mesegmento de construção civil explica o diretor. tros quadrados, vem de exportações “Levamos nosa passagem para sos primeiros Moçambique foi modelos para mais fácil no ano Angola fazendo a montagem seguinte e, em 2007, a MVC em lugares inacessíveis. Nos- abriu também o mercado na so primeiro lote de casas, num Venezuela. “Normalmente total de 1.300 metros quadra- são projetos demorados. Ledos, foi instalado em 2005 a vamos pelo menos seis meses 400 km da capital Luanda”, para abrir um novo país entre testes e homologações e agora estamos trabalhando

80%

Visão interna e externa de posto policial de 26m2 do Distrito Federal, construído com os componentes de plástico.

24.


Na foto, o diretor geral da MVC, Gilmar Lima. A participação da empresa no setor de construção civil cresceu de 5% a 10% nos anos anteriores para 30% em 2008, ou o equivalente a R$ 30 milhões e a empresa fechou um grande contrato para construir 300 postos policiais em Brasília, a um valor de R$ 40 milhões.

a Nigéria. Nós não demos muita força ao projeto nos dois últimos anos também porque o dólar estava muito baixo, mas agora as coisas estão acontecendo naturalmente também no mercado interno”, afirma Gilmar Lima. Em 2008, a participação do setor de construção civil no faturamento da MVC cresceu de 5% a 10% nos anos anteriores para 30%, ou o equivalente a R$ 30 milhões e a empresa fechou um grande contrato no mercado interno para construir 300 unidades de postos policiais em Brasí-

lia, a um valor de R$ 40 milhões – já implantou 60 em 2008, a programação para 2009 é de outros 140 e os restantes 100 serão construídos em 2010. “O negócio cresceu tanto e está se tornando tão importante que, a partir de janeiro de 2009, criamos uma nova empresa – a Poloplast Painéis – somente para cuidar

do setor de construção civil”, revela o diretor geral. O total acumulado desde a primeira venda em 2005 em Angola até aqui já ultrapassa os 70 mil metros quadrados de área construída dentro do sistema. “Mas, por enquanto, 80% das nossas receitas no segmento são originárias de exportação. Para alguns países vão às casas e construções completas, mas o Paraguai, por exemplo, só compra os painéis”, informa. Para ele, o mercado brasileiro está se abrindo aos poucos para este tipo de construção “embora a Caixa Econômica ainda faça muitas restrições ao produto: “construímos a sede de um Clube de Tiro inteiro em Curitiba, com 1.600 metros quadrados. São muitas as utilizações possíveis. Para a Gol fizemos 28 postos de manutenção. No Uruguai estamos instalando 28 mil metros quadrados de forros com os nossos painéis no novo aeroporto de Montevidéu”, conclui Gilmar Lima ■

exportação Escola de1300m2 construída em Angola. " Lá fora o material era mais conhecido".

Preços e modelos das casas da MVC 22 m2 30 m2 42 m2 63 m2

R$ 13 mil R$ 16 mil R$ 30 mil R$ 47 mil

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .25


Bússola

Paranaguá exporta mais Na contramão da queda das exportações de congelados observada no país desde o começo do ano, principalmente de frangos e carne bovina, o porto paranaense de Paranaguá conseguiu ampliar sua movimentação em 33,78% no período graças a implantação uma grande estrutura de armazenamento de congelados na retroárea. Veja o comparativo com outros portos ao lado:

Comparativo dos Portos – Exportação Portos

2008 – Até fevereiro (em ton.)

2009 – Até Fevereiro (em ton.)

Variação (%)

Paranaguá

192.351

257.333

+33,78

Santos

198.765

155.925

- 21,55

Itajaí

256.668

123.755

- 51,78

Rio Grande

100.981

100.733

- 0,25

Produtor vende a soja com pressa no Paraná para pagar dívidas

Segundo o levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), a futura colheita de inverno, onde o trigo ocupa a maior parte das intenções de plantio, deverá apresentar um crescimento de área de 3% em 2009, passando de 1,4 milhão de hectares em 2008 para 1,43 milhão de hectares neste ano. Com isso, a produção deve se estabilizar em 3,7 milhões de toneladas, considerando o trigo e as demais culturas de inverno produzidas no Paraná como aveia branca, canola, etc. O secretário da Agricultura, Valter Bianchini, avaliou que a expectativa é boa, os produtores estão estimulados e o crescimento de área poderá ainda superar estas estimativas após o anúncio de medidas do Ministério da Agricultura para incentivar a cultura de trigo no País. O secretário comentou também que acredita em um crescimento da área plantada com o trigo considerando o aquecimento no mercado de sementes, e a divulgação das normas da safra de inverno, principalmente do preço mínimo para o trigo, por parte do Ministério da Agricultura.

Aproveitando as boas condições do tempo seco, e elevação dos preços para faixas entre R$ 46 a R$ 47 a saca de 60 quilos, os produtores de soja paranaense estão acelerando a colheita e a comercialização da safra nos últimos dias de março. “Como quase não houve financiamento por parte dos fornecedores para a aquisição de insumos no ano passado, devido a crise de crédito, boa parte dos produtores quer vender logo sua produção para quitar as dívidas com aquisição de insumos de uma só vez”, informa Flávio Turra, gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná Crescimento da (Ocepar). Segundo ele, o área plantada das movimento é parecido com lavouras de inverno o que ocorreu no ano pasTrigo 3% sado, nesta época, quando Cevada 25% os produtores também aceAveia Preta 16% leraram a comercialização, Canola 64% mas pelo motivo de bons preços de mercado. Centeio 70%

26. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

Na foto, Valter Bianchini, Secretário da Agricultura e do Abastecimento.

foto: SECS

Safra de inverno no Paraná cresce 3% aponta Deral


Dados divulgados em março pelo IBGE revelam que o volume de vendas do comércio varejista do Paraná cresceu 4,8% em janeiro, em relação ao mesmo mês de 2008. Esse é o trigésimo resultado positivo consecutivo nessa base de comparação. “É um resultado que não deixa dúvidas quanto ao dinamismo do comércio paranaense, por conta principalmente do aumento da renda da população”, avalia o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Carlos Manuel dos Santos. Para o secretário estadual da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul, Virgílio Moreira Filho, o aumento registrado

Foto:SECS

Vendas do comércio varejista do Paraná subiram 4,8% em janeiro

em janeiro consolida os resultados obtidos em 2008. “No ano passado, as vendas do comércio varejista no Paraná cresceram quase 7%. Estamos mantendo o comércio aquecido, e esta é a nossa resposta para a crise internacional”, analisa.

Vendas do comércio varejista do Paraná subiram 4,8% em janeiro.

Capital da Violência

Segundo números do Instituto Médico-Legal e da SESP, criminalidade aumenta em Curitiba e Região Metropolitana

Os números do Institu- 2008. “Curitiba nunca viveu to Médico-Legal não dei- um período tão violento”, xam dúvidas de que Curi- disse o presidente da Comistiba sofre uma são de Segurança epidemia de Pública da Asviolência. No sembléia Legisúltimo bimeslativa, deputado foi o aumento da tre deste ano, Mauro Moraes, criminalidade na ocorreu um do PMDB. capital e região aumento de Segundo dametropolitana 30% da crimidos divulgados nalidade prapela SESP, em ticada na capital e Região 2008 houve um aumento de Metropolitana, em compa- 9% no total de assassinatos ração aos números divulga- praticados na capital. No resdos no mesmo período de tante do Paraná o salto foi de

30%

7%. Ao contrário de estados reconhecidamente violentos, como São Paulo e Rio de Janeiro, no Paraná as estatísticas referentes à criminalidade aumentaram assustadoramente. “Além do investimento em estrutura para as duas corporações, é preciso aumentar os dois efetivos e pagar salários justos. A partir daí é que podemos falar de um plano para combater a criminalidade no Paraná”, defendeu.

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .27


Indústria Automobilística TWGroup

Quase 1000% de crescimento Mesmo em meio a crise que afeta o setor automobilístico, a Paranaense TWGroup quer multiplicar faturamento por 10 em quatro anos.

D

iante de tantos acontecimentos negativos que estão ocorrendo no mercado global nos últimos meses, é difícil fazer previsões otimistas se tratando do ambiente conturbado da indústria automobilística - o que o diga, acreditar que elas podem superar as expectativas. Mas não é o que pensa a paranaense TWGroup (Tooling Worldwide Group) que José Damigo Neto, vice-presidente desde o final de 2007 vem se de planejamento e preparando para alavancar gestão esta prodigiosa expansão e que espera obter os primeiros resultados de impacto até o final de 2009, crescendo nada menos que 943% até 2012. A empresa, com capital 100% nacional e com operações posicionadas na Ásia, Europa e América

do Sul, tem sólidas razões para apostar nestes grandes números. Trabalha com um produto diferenciado e que está na contramão de toda a crise mundial: a produção de gigantescos ferramentais (moldes) ículo. “Para nós o ambiente de para injeção plástica, alguns negócios está melhor do que com mais de 50 toneladas e nunca porque as montadoras custo superior a US$ 1 mi- terão que providenciar novos lhão. “Hoje em dia a materia- projetos. Veja o que ocorre lização da inovação, do estilo na indústria automobilística e do arrojo nos veículos tem brasileira. Em 2007 foram oito vindo através das estruturas lançamentos; em 2008 este núplásticas espalhadas pelo car- mero subiu para 12 e em 2009 ro e que compõe 1/3 do veícu- devem chegar a 19. Esta é a malo. É nestes aspecneira que este setos que um carro tor encontra para se diferencia para atingir novos as diferentes clasnichos, proteger ses sociais”, expliseu futuro e obda inovação, do estilo e do arrojo ca José Damigo ter novas maneinos veículos tem Neto, vice-presiras de aumentar vindo através dente de planejaas margens que das estruturas mento e gestão. normalmente são plásticas É em momencomprimidas em tos de crise como tempos de crise”, os de agora, que as empresas justifica o diretor. costumam apostar ainda mais Hoje o maior cliente da em inovação e em novos lan- empresa é a Fiat, aliás, uma çamentos para se diferenciar e das maiores responsáveis pela manter posições no mercado história de crescimento e arroe a TWGroup atende exa- jo da TWAGroup, porque foi tamente esta expectativa através da fabricante italiana porque é ponto de parti- que os empresários paranada e fornece boa parte enses ingressaram com força das diferenças que irão no setor e passaram a fabricar compor um novo ve- moldes para projetos inova-

28. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

1/3

28. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009


Fábrica da TWGroup: com capital 100% nacional e com operações posicionadas na Ásia, Europa e América do Sul, a empresa trabalha com um produto diferenciado - a produção de gigantescos ferramentais (moldes) para injeção plástica.

dores de pára-choques, painéis de instrumentos, painéis de porta para as marcas Alfa Romeo, BMW, Fiat, Toyota, Opel, Volvo, Ford e Renault, dentro de um tipo de engenharia colaborativa entre estas montadoras e a empresa onde vende as vantagens de uma infra-estrutura de design, engenharia, prototipagem, produção e logística internacional, cujo principal segmento de atuação é o atendimento à cadeia de fornecimento do setor automotivo em todo o mundo. Atualmente, a TWGroup é uma das cinco maiores empresas do mundo neste segmento, segundo José Damigo Neto.

de soja para empresas como a Bunge. O negócio deu certo e ganhou escala, mas não rentabilidade, o que levou os dois engenheiros a criar em 2000 a Termopar, para a produção de ferramental de injeção de

"O ambiente de negócios está melhor do que nunca porque as montadoras terão que providenciar novos projetos... ...Em 2007 foram oito lançamentos; em 2008 este número subiu para O início 12 e em 2009 devem A história começou com chegar a 19" dois engenheiros curitibanos - Ozir Lara, atualmente presidente da empresa e Guntolf van Kaik Jr, encarregado das operações na China, criaram em 1998 uma empresa para produzir especificamente a tampa das garrafas pet de óleo

José Damigo Neto

plásticos, o que envolvia a fabricação ou importação das chamadas “câmaras quentes”, o coração do molde. Em 2004, a Termopar começou a desenvolver uma cadeia de for-

necedores de moldes na China, e seus níveis de qualidade atraíram a atenção da Fiat que logo em seguida apresentou os dois engenheiros paranaenses a uma empresa italiana fornecedora de moldes com grande tradição, tecnologia e design e em dificuldades – a CM Engenharia, de Diadema(SP), que pertencia ao Grupo Stracchi, empresa familiar com mais de 100 anos e sede em Turim fornecedora inclusive da Ferrari. “A CM estava com grandes problemas e nas negociações que seguiram Ozir e Guntolf compraram a empresa”, conta José Damigo Neto. Este relacionamento com a Fiat foi intensificado ainda mais quando a empresa levou os dois engenheiros paranaenses para a Itália para conhecer a matriz da CM em Turim, que também estava com grandes problemas. Pertencia a três irmãos com mais de 60 anos, estava endividada ao extremo e com um desencaixe entre faturamento e produção que estava inviabilizando o negócio. “O que acontecia era que empresa financiava seus clientes e foi se endividando junto a instituições financeiras. Um molde é entregue normalmente 120 dias após o pedido e a empresa só recebia uma primeira parcela por sua fabricação depois deste tempo. A segunda parcela só vinha depois de testes e emissão do laudo, o que completava 220 dias”, diz o vice-presidente de planejamento e gestão. “É mui-

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .29


Indústria Automobilística TWGroup to tempo sem faturamento”, acrescenta. Em 2006 eles decidiram comprar a empresa familiar acreditando que ela possuía uma dívida de 4 milhões de euros que logo depois se constatou ser de mais de 10 milhões de euros. Foi neste período que José Damigo Neto ingressou na empresa para “dar um choque de gestão” no negócio e fazer o planejamento de longo prazo e que logo depois se tornou o terceiro sócio. Com a evolução do empreendimento, head office situado na capital paranaense, fábrica de Turim, Diadema e os fornecedores na China (bases em Honk Kong e Shenzhen) por essa época os empresários decidiram buscar mais recursos junto a investidores, abrindo uma nova participação na sociedade. E quem ingressou nela como quarto sócio em 2007, adquirindo 25% do negócio, também foi um empresário acostumado a fazer transações com a Fiat – Flávio Brandão Resende, um dos fundadores da Localiza, por si-

nal, a maior cliente Alguns clientes dobrando de tamundial da mon- da empresa manho, com ventadora italiana. das de 130 moldes Em outubro • Fiat que usaram 1 mil de 2007 os quatro • Alfa Romeo toneladas de aço e resolveram criar • BMW envolveram 2.600 a TWGroup, uma • Fiat pessoas na sua faholding com sede • Toyota bricação na Itália, em Curitiba para • Opel China e Brasil. centralizar toda a Normalmente um • Volvo administração das molde da empresa • Ford empresas e dos paranaense serve planos futuros que • Renault para fabricar até envolvem a entrada 1 mil unidades de nos setores espaum determinando cial e petrolífero produto. para os quais foi “Em 2008 ficontratado Irajá camos nos prepaBusch Ribas, um rando em tecnoengenheiro do ITA que foi logia e infra-estrutura com vice-presidente da Embra- investimentos de 5,5 milhões er. A holding também abriga de euros e em 2009 vamos um negócio de importação do investir mais 10 milhões de grupo de produtos de entrete- euros. Agora é justamente a nimento da China e que repre- hora de começar a expansão senta 18% do faturamento. nas vendas porque inclusive A TWGroup não gosta de estamos prevendo a aquisição comentar sua receita, mas de de uma nova base nos EUA e uma dívida de 10 milhões de Canadá”, revela José Damigo euros criada pela aquisição Neto. “Depois, moldes para a em Turim em 2007 a empre- injeção de plásticos não se ressa atingiu um receita acima tringem a indústria automobide R$ 120 milhões em 2008, lística. Vendemos para quem produz protótipos de motos, caminhões, trens, tratores e metrôs”, diz o diretor. “O que nos diferencia é que somos uma peça imprescindível na inovação, um dos primeiros a ser chamados para consultas e cotações em novos projetos e estudos de um novo produto, seja ele um carro, uma moto, um caminhão, ou até mesmo um avião desde as fases mais preliminares, como é o caso da prototipagem, onde desenvolvemos ferramentais e peças que ajudam a montar um "carro-teste" para os estudos internos até os diversos testes de utilização e o pré-lançamento à imprensa”, conclui Damigo■

30. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009


Porto de Paranaguá

Dragagem de aprofundamento

Problema Antigo Segundo o ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, dragagem deixará Porto de Paranaguá entre os melhores do mundo.

33 mi de ton.

metros de profundidade. A estimativa é que sejam dragados cerca de 3,67 milhões de metros cúbicos de sedimentos do Canal, numa área de seis quilômetros de comprimento. A draga holandesa HAM 310 funciona 24 horas por dia e a operação de carga e descarga dura, em média, cerca de quatro horas. A área de despejo está localizada a cerca de 15 quilômetros do Canal da Galheta. Atualmente, a draga está em fase de manutenção ■

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .31

Foto: Rodrigo Leal - Appa

O

Porto de Paranaguá é to para receber os maiores naum dos mais impor- vios do mundo, que hoje não tantes do Brasil, com atuam em nenhum porto laticondições de equiparar-se aos no-americano e que poderão melhores do mundo”, foi o chegar aos portos brasileiros. que disse o ministro da Secre- Daremos ao Porto de Paranataria Especial de Portos, Pedro guá as condições hoje disponiBrito. Foi durante entrevis- bilizadas nos maiores portos ta ao vivo ao programa “Em do mundo”, afirmou Brito. No ano pasQuestão”, prosado, os Portos duzido e coordedo Paraná movinado pela Secrementaram mais taria de Imprensa de 33 milhões de da Presidência da toneladas de proRepública. Na foi o que o Porto dutos. Só as exentrevista, Brito de Paranaguá portações foram afirmou que, com movimentou em responsáveis pela as obras de draga2008 em produtos geração US$ 14 gem de aprofunbilhões, um audamento, o terminal público paranaense terá mento de 18,91 % em compaas mesmas condições de ope- ração a 2007. O montante reração oferecidas pelos maiores presenta o valor agregado das mercadorias embarcadas no portos do mundo. “Hoje o Porto de Parana- terminal com destino ao merguá é responsável por grande cado externo. parte da exportação de grãos e pela competitividade des- Manutenção ses produtos. Vamos investir Antes de iniciar a dragagem R$ 123 milhões na dragagem de aprofundamento do porto de aprofundamento, a Admique, com isso, passará a ter nistração dos Portos de Parauma profundidade de 15 me- naguá e Antonina (Appa) está realizando a campanha de tros, ficando pronmanutenção do Canal da Um dos melhores Galheta, que dá acesso O ministro da aos Portos de ParanaSecretaria Especial guá e Antonina. Com de Portos, Pedro Brito (foto), diz que o Porto a conclusão dos trabade Paranaguá é um lhos, o Canal voltará a dos mais importantes do ter suas dimensões oriBrasil, com condições de ginais de 200 metros equiparar-se aos melhores de largura e 15 do mundo.


Meio ambiente

Boing e SPVS

Cuidando bem das araucárias Chegando ao Brasil com seu projeto de reforma e aquisição de aviões de caça pela FAB, a norte-americana Boeing investe em projeto ambiental no Paraná.

32. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

A

norte-americana Boeing resolveu fazer sua estréia no país na área ambiental. Em vias de uma maior aproximação com o Brasil em função do seu projeto de reforma e aquisição de aviões de caça pela FAB, a Boeing aproveita sua chegada para também apoiar um projeto da paranaense SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental. O pro-


grama em que ela se encaixou se chama Desmatamento Evitado que, em parcerias com o setor privado, atraiu empresas como Banco HSBC, Positivo Informática, O Boticário, Rigesa e Sun Chemical e já garantiu a adoção e preservação de 1.716,63 hectares de áreas verdes no Paraná. A Boeing vai proteger uma área de remanescentes florestais de floresta de araucária em São João do Triunfo com seu investimento, cujo montante não foi revelado, mas segundo especialistas se aproxima de US$ 40 mil. O valor aparentemente não é alto, mas é o começo de um projeto que deve abranger mais áreas e novos investimentos. Em 2007, a fabricante de aviões destinou aproximadamente U$ 3,7 milhões para ONGs em todo o mundo, segundo a SPVS. Em São João do Triunfo serão desenvolvidas ações de manejo para conservação da natureza, um programa de educação ambiental para proprietários rurais da região e pesquisas científicas em flora e fauna. A parceria surgiu por intermédio da Pan American Development Foundation (PADF), organização que cria parcerias públicoprivadas para desenvolver projetos sociais na América Latina e Caribe. “Essa é a primeira ação da Boeing com a PADF. Escolhemos o programa Desmatamento Evitado como projeto piloto devido a SPVS ser líder na área em

que atua e pela inovação para encontrar soluções comuns e factíveis para questões das comunidades”, disse Luisa Villegas, da PADF. A SPVS A SPVS, por sinal, entrou na lista dos 100 melhores projetos ambientais do mundo que concorreram a um edital para obter financia-

"O projeto está servindo de modelo, pois as empresas não estão fazendo uma doação e sim investindo num diferencial para seu produto" Luisa Villegas

mento pela Comunidade Européia. Com um projeto de cinco anos destinado a conservação da biodiversidade do litoral paranaense a ONG participou em março do primeiro Auction Floor – uma espécie de leilão de projetos ambientais – em Bruxelas, na

Bélgica. A Care Brasil – com projeto voltado a mudanças climáticas no Piauí, será a segunda ONG brasileira a participar da seleção que tem orçamento de 2 milhões de euros destinados a cinco linhas de atuação: Áreas Protegidas; Gestão Integrada; Geração de Renda; Comunicação; e Sustentabilidade do Projeto. Para o diretor da SPVS, Clóvis Borges, o Programa Desmatamento Evitado permite que áreas de florestas nativas deixem de ser desmatadas, mantendo o carbono estocado e contribuindo com a regulação climática, além de proteger a biodiversidade e a função ecológica dessas áreas. “O projeto está servindo de modelo, pois as empresas não estão fazendo uma doação e sim investindo num diferencial para seu produto. O projeto foi montado com precisão e sabemos o que acontece em cada área. Por isso, o Brasil – 5º maior emissor de gases de efeito estufa do mundo – passa a combater o aquecimento global com ações como esta, focadas em evitar o desmatamento”, explica ■

Que as florestas de araucárias do sul tinham originalmente 167 mil km2 (16,7 milhões ha) e que, desses, 80 mil km2 (8 milhões ha) estavam no Paraná, o que equivale a 1/3 da área do Estado. O problema é que agora só restam cerca de 660 km2 (66 mil ha), ou seja, 0,8% da área.

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .33


Meio ambiente

Cooperativa Lar

Lucrando e preservando

Cooperativa Lar se habilita a receitas com crédito de carbono e investe R$ 4 milhões no projeto, que rendará 20 mil créditos de carbono ao ano.

E

nergia elétrica e crédi- em desenvolvimento, atratos de carbono. É isso vés do chamado Mecanismo que a Cooperativa de Desenvolvimento Limpo Agroindustrial Lar, de Me- (MDL). O MDL permite que dianeira está conseguindo a países desenvolvidos invispartir dos dejetos das aves da tam em projetos (energéticos sua unidade industrial locali- ou florestais) de redução de zada na vizinha emissões e utiMatelândia. lizem os crédiHá pouco tos para reduzir mais de 10 anos suas obrigações: foi o que o que a era difícil acrecada tonelacooperativa investiu ditar ser possída deixada de no projeto que vel criar receita ser emitida ou rendará 20 mil e eletricidade créditos de carbono retirada da atdo que seria, na mosfera poderá ao ano época, a penas ser adquirida um incômodo. Instituído pelo país que tem metas de pelo Protocolo de Kyoto, redução a serem atingidas. que aconteceu no final da Cria-se assim um mercado década de 90, o comércio de mundial de Reduções Certicréditos de carbono permite ficadas de Emissão (RCE). a países desenvolvidos, com Só para se ter uma idéia, metas apertadas de redução a Cooperativa Agroindusde emissões de gases estufa, a trial Lar está se habilitando compra de créditos de países a uma receita anual de pelo menos 120 mil euros no mercado de créditos de carbono. Para isso, investiu R$ 4 milhões no projeto, que rendará 20 mil créditos de carbono ao ano, ou seja, deixarão de serem jogadas na atmosfera 20 mil toneladas anuais de CO2. O projeto da Lar, inédito no Brasil, foi desenvolvido pela cooperativa em conjunto com a empresa espanhola ZeroEmissions, do grupo

R$ 4 mi

Foto aérea da Cooperativa Agroindustrial Lar.

34. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

Abengoa. Com apoio da Itaipu Binacional, a cooperativa também passará a produzir energia elétrica a partir do dejeto de aves da sua unidade industrial de Matelândia. Pelo projeto, numa fase inicial, os efluentes da unidade industrial da Lar passam por um conjunto de peneiras e por um sistema de flotação. A matéria orgânica retirada nesses passos é utilizada como matéria-prima para ração. O restante do material líquido vai para os biodigestores, onde produzem o gás metano usado para a produção de energia. Os efluentes prosseguem para um conjunto de lagoas onde a água é retirada para reuso industrial e para irrigação. “Acreditamos que esse tipo de iniciativa vai


Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Estabelecido no artigo 12 do Protocolo de Kyoto, o MDL ou CDM (sigla em inglês) é uma medida para promover o desenvolvimento sustentável em países subdesenvolvidos - único dentre os mecanismos de flexibilização que prevê a participação das nações em desenvolvimento. O

crescer cada vez mais no Brasil por causa da preocupação ambiental”, disse Irineu Rodrigues, presidente da Lar. A cooperativa é um exemplo do sistema de produção que predomina na região Oeste do Paraná, onde milhares de produtores, muitos deles integrados em cooperativas, dedicam-se a um conjunto de atividades que vai desde a produção de soja e milho, que servem como ração, à suinocultura, à avicultura e à bovinocultura de leite. O abate de aves na região, por exemplo, chega a 1 milhão de animais por dia. No caso da Cooperativa Lar, os créditos foram calculados pela ZeroEmissions e levam em conta três fatores: o tratamento aeróbico do gás metano - 21 vezes mais poluente que o gás carbônico e que passa a ser capturado das lagoas de tratamenobjetivo é estimular a produto de efluentes para ção de energia limpa, como gerar energia - a a solar e a gerada a partir de cobertura das labiomassa, e remover o carbogoas de tratamento no da atmosfera. e a geração própria O MDL permite que paíde energia limpa, a ses desenvolvidos invistam partir de fonte reem projetos (energéticos ou novável. Ao deixar florestais) de redução de emisde consumir enersões e utilizem os créditos gia da rede pública, para reduzir suas obrigações: a cooperativa tamcada tonelada deixada de ser bém diminui emisemitida ou retirada da atmossões, porque parte fera poderá ser adquirida pelo da energia dispopaís que tem metas de redunibilizada pelo sisção a serem atingidas. Cria-se tema elétrico braassim um mercado mundial sileiro é produzida de Reduções Certificadas de por termelétricas a Emissão (RCE). gás e a carvão ■

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .35


Artigo

O Paraná que não muda de jeito algum por Norberto Staviski

Rotineiramente, em outros cantos do país, o Paraná é tido como um estado progressista, de onde parte muitas inovações e com uma população de características avançadas socialmente.

Isso não é verdade quando se trata de política partidária ou de política empresarial. Nestas situações, uma das características mais impressionantes dos paranaenses como povo é sua total aversão a mudanças. Os presidentes de suas instituições são longevos e, se não houver impedimento legal, costumam ficar em seus cargos por dois, três, cinco ou mesmo mais mandatos. Basta ver o que acontece com os políticos: nos últimos 25 anos o Paraná foi governado praticamente por três pessoas: Álvaro Dias ficou 4 anos, Roberto Requião deve completar 12 anos e Jaime Lerner permaneceu outros oito anos. Álvaro Dias, atualmente senador pelo PSDB,

promete retornar como candidato em 2010 e já se movimenta para isso com muita energia para obter outro quatro anos. Não se discute aqui a competência, mas a falta de renovação, de oxigenação nas instituições e na política é mais

"Há poucos empreendedores de sucesso no território fora do agronegócio porque o parque industrial mais desenvolvido é formado quase todo por multinacionais, com dirigentes que pouco ou nada participam de política empresarial e passam longe da política partidária" um sintoma de acomodação e desinteresse do que qualquer outra coisa. Ágide Meneguette, o presidente da poderosa Federação da Agricultura do estado (FAEP), na semana retrasada foi reconduzido pela sétima vez para um mandato de três anos a frente da instituição, batendo todos os recordes de permanência no poder. Mas isso vale para todas

36. Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009

Artigo publicado originalmente no Jornal Gazeta Mercantil

as instituições, mesmo as ligadas a iniciativa privada, como a Federação das Indústrias, Sebrae, Sesc, entre outras. Mas, para ocupar estes espaços, há também uma crônica falta de novas lideranças no Paraná. O modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo estado tem uma parcela inegável de culpa nisso tudo. Há poucos empreendedores de sucesso no território fora do agronegócio porque o parque industrial mais desenvolvido é formado quase todo por multinacionais, com dirigentes que pouco ou nada participam de política empresarial e passam longe da política partidária. Aliás, algumas das marcas mais tradicionais e mais caras aos paranaenses foram incorporadas por empresas estrangeiras como o extinto Bamerindus, a Refrigeração Paraná, da marca Prosdócimo, ou simplesmente desapareceram como a rede Hermes Macedo que, num determinando momento, foi a maior empresa de varejo do país. Um publicitário local, por sinal nascido em Jacarezinho, no Norte paranaense, cunhou uma expressão que se tornou bastante conhecida na capital: a de que “O curitibano tem receio de atravessar o Rio Atuba”, o que explicaria também, além do desinteresse, a falta de arrojo que permeia a cultura política


Crise

e empresarial local. Como o Rio Atuba fica ao Norte de Curitiba, exatamente no caminho que é necessário trilhar para ir para os grandes mercados de São Paulo e do Sudeste, atravessá-lo seria o primeiro passo para que os paranaenses conquistassem respeito e admiração nacional, uma espécie local de Rubicão dos Césares. Claro que há exceções como O Boticário, o Grupo C.R.Almeida, a J.Malucelli, o Grupo Positivo e o conjunto de cooperativas agropecuárias que possuem uma atuação invejável, mas, na verdade, o empresário paranaense assim como sua classe política em geral tem poucas ambições além de atender o mercado regional e costuma se contentar com pouco. Depois, os que fazem sucesso geralmente se distanciam do debate e da participação em qualquer tipo de política. Outra interessante característica paranaense, aliás, é a falta de distinção ideológica. Nenhum destes últimos governantes paranaenses pode ser classificado como de esquerda, direita ou de centro. Todos, sem exceção, governaram de uma maneira em que se misturou de tudo, ao sabor de conveniências eleitorais e do comodismo do eleitor que tem medo de qualquer novidade, mas sempre beirando o fácil populismo e exercitando mais o marketing pessoal do que qualquer outra coisa. E, pelos nomes que circulam no horizonte da terra dos pinheirais, não há nenhuma novidade que possa alterar esse quadro para os próximos anos ■

mercado em baixa

Desacelerando

Em função das perdas no campo e da crise mundial, Paraná diminui o ritmo em 2009.

A

economia paranaense está diretamente atrelada ao agronegócio e a indústria automobilística do estado. Com esta dependência acentuada, 2009 deverá ser um ano de redução no ritmo de crescimento, já que a crise econômica mundial vem afetando em muito o setor mais moderno, ou seja, o de produção de automóveis. Mas o que também deve influir de fato na redução de sua taxa de crescimento foi uma longa e inesperada estiagem no final de 2008, que ocasionou perdas de mais de 5 milhões de toneladas na safra de verão, o que significa quase R$ 4 bilhões a menos a girar no mercado. Nestes últimos anos, a economia do estado vem apresentando taxas de crescimento em torno de 5%, e deve alcançar 6% em 2008 pelos bons resultados da agropecuária que, graças aos recordes de preços de commodities, fez dobrar o poder de consumo nos municípios com economias atreladas ao agronegócio. O Paraná possui o setor cooperativista mais bem organizado e industrializado do país e isso se reflete efetivamente na sua economia. Tanto que os problemas não vão afetar os investimentos de R$ 1,5 bilhão que o setor fará em 2009. "A nossa previsão de crescimento

está sendo reavaliada, afinal de contas ainda não é possível quantificar a crise que atinge o Brasil e consequentemente o nosso Estado. Somente no final do mês de março, ao avaliarmos o primeiro trimestre do ano, vamos ter um número. Esperávamos para este ano um crescimento entre 6% e 7%, mas acreditamos, sendo conservadores, que vamos ficar entre 4,5 e 5%", explica o Secretário do Planejamento do Paraná, ÊnioVerri. Segundo a Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), atividade industrial do Paraná surpreendeu em dezembro, registrando alta de 2,38% em relação ao mês anterior. Com o resultado, a indústria paranaense registrou em 2008 um crescimento de 8,82% nas vendas industriais em relação ao ano anterior, tornando 2008 o ano de maior faturamento da série histórica de vendas industriais no Paraná pesquisada pela FIEP. Para a FIEP, este desempenho não vai se repetir em 2009 porque a crise prejudica setores-chave para a economia do estado, como agricultura, construção civil e indústria automobilística. A queda no preço das commodities agrícolas também reduz a renda do campo, com reflexo no comércio e no setor de serviços no interior do estado■

Revista Paraná&Cia | fevereiro.março de 2009 .37


Charge

38. Revista Paranรก&Cia | fevereiro.marรงo de 2009



40. Revista Paranรก&Cia | fevereiro.marรงo de 2009


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.