Revista Abrafrigo02

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Abrafrigo crise

Até quando? O monstro da crise promete permanecer ainda por algum tempo assombrando a cadeia produtiva da pecuária brasileira. Só em 2010 é que se esperam melhoras.

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O Secretário da Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, fala como anda a sanidade no mercado de carnes

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eD. Nº 2 | ANO 1 | maio DE 2009

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› SC, RS e PR estão se preparando para tentar uma retomada nas exportações de suínos para os países membros da União Europeia

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› Preço alto: consumidor não é beneficiado pela queda no preço do boi e da carne no atacado



É hora de unir esforços contra a crise

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Expediente redação e Projeto gráfico

Editora Ecocidade www.ecocidade.com.br ecocidade@ecocidade.com.br 41 3082-8877

jornalista responsável

Bernardo Staviski

impressão

Gráfica Capital

tiragem 2.500

eflagrada a crise, com maior repercussão nas grandes empresas, com os pedidos de recuperação judicial contaminando os pequenos e médios devido a queda de confiança generalizada por parte dos produtores, e de certo modo absolutamente compreensível, é chegado o momento da união das entidades de classe vinculadas a pecuária de corte. Ao invés de lançar críticas uns aos outros, agora é hora de concentrar esforços, de procurar objetivos comuns e trabalharmos em conjunto visando o interesse maior da cadeia produtiva. Quando se quebra um elo da corrente, como ocorre hoje com os pedidos de recuperação judicial por parte de alguns frigoríficos, há um efeito cascata ameaçador que atinge a todos, mas de forma direta o produtor e o pequeno e médio frigorífico. O pecuarista por não receber no devido tempo os pagamentos de suas vendas, e as empresas por serem atingidas pelo descrédito dos produtores e do sistema bancário, em especial do BNDES, que imagina haver no país apenas os grandes frigoríficos, esquecendo dos demais que são responsáveis por 70% do abastecimento nacional e que geram, juntas, um número de empregos bem superior àqueles gerados pelas grandes empresas. A atuação do BNDES no setor da indústria frigorífica brasileira deveria ser objeto de uma apreciação mais cuidadosa por parte das autoridades. A crise também é alimentada pela enorme margem de lucro praticada pelas grandes redes de varejo. A inovação tecnológica no campo e a busca incessante por redução de custos na indústria são anuladas automaticamente por estas margens. Além do consumidor, todos os demais elos da cadeia são prejudicados. É chegada a hora de se discutir com profundidade este tema. Boa parte desta crise foi causada pela imprudência de alguns, mas também pela conjuntura econômica mundial que retraiu as exportações e o consumo na maioria dos países. Precisamos, imediatamente, de medidas de recuperação do setor, devolvendo ao pecuarista a confiança no mercado, fator indispensável para a manutenção da cadeia produtiva da carne, dos negócios no campo e do emprego na cidade. E só trabalhando juntos, e numa mesma direção, elas vão acontecer. Péricles Pessoa Salazar Presidente

Associação Brasileira de Frigoríficos Av. Cândido de Abreu, 427 - 16º andar - sala 1601/1602 - Centro Cívico - CEP 80530-000 Fone (41) 3021-3221 Fax (41) 3254-7977 e-mail: abrafrigo@abrafrigo.com.br

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .3


Índice Capa

Crise

Até quando O monstro da crise promete permanecer ainda por algum tempo assombrando a cadeia produtiva da pecuária brasileira. A perspectiva é a de que a tão esperada recuperação só virá em 2010, quando começam a desaparecer alguns dos problemas estruturais e os decorrentes da crise no mercado.

Pág

08

Indicadores do Trimestre

pg 05

Produção de Suínos

pg 18

Pis/Cofins

pg 22

Pela Preservação

pg 27

Boi Vivo

pg 28

Curtumes

pg 32

Comércio Exterior

pg 35

Notas

pg 36

De volta ao melhor do mercado: no bojo da recuperação da imagem das questões que envolvem sanidade animal pelo Brasil, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul querem voltar a exportar suínos para União Européia.

A crise econômica mundial e seu efeito sobre a cadeia produtiva da carne acelerou a negociação entre entidades para se promover a esperada solução para as distorções tributárias ocasionadas pelas alíquotas do Pis/Cofins. Segundo o Governo, a solução está tão próxima como nunca esteve.

Abrafrigo é contra desmatamento ilegal na Amazônia entidade está disposta a somar com o Governo e trabalhar junto para que o meio-ambiente seja preservado. Exportações de boi vivo caem no país, depois de crescer em ritmo frenético, dobrando ano após ano.

O governo está estudando a manutenção ou eliminação do imposto de exportação sobre o couro wet-blue que desde 2006 é de 9%. A Abrafrigo é a favor da manutenção da taxa. Principal entidade de apoio a eventos que promovem o comércio exterior brasileiro, a APEX é um canal fechado para os pequenos e médios frigoríficos do país que querem ingressar no mercado internacional.

Entrevista

Em busca do tempo perdido Inácio Afonso Kroetz, Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento fala sobre a situação da sanidade no Brasil e sobre a recuperação da imagem da sanidade animal no país.

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16 4. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Varejo

Caro para o Consumidor

Consumidor não é beneficiado pelo varejo com a queda no preço do Pág boi e da carne no atacado.

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Indicadores do Trimestre Boa Notícia

As exportações de carne bovina para a Rússia e para a União Européia os dois maiores

clientes do Brasil voltaram a aumentar a partir do mês de

Queda nas Exportações

No primeiro trimestre de 2009, houve um recuo de 17,2% em relação ao mesmo período de 2008 nas exportações de carne bovina

Os números do primeiro trimestre As exportações de carne bovina tiveram um recuo de 17,2% no primeiro trimestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008, o que já era esperado devido aos efeitos da crise econômica mundial que também reduziu o consumo, e a oferta restrita de gado no Brasil, segundo levantamento feito pela Abrafrigo, com base em dados do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa). Segundo o levantamento, o país registrou embarques de 284.239 mil toneladas, abaixo das 343.336 mil toneladas exportadas entre janeiro e março de 2008. A receita obtida ficou em US$ 862 milhões, o que representa uma queda de 28,3% sobre os US$ 1,171 bilhão registrados nos três primeiros meses do ano passado. As importações de carne bovina ficaram 4,457 mil toneladas, abaixo das 7,891 mil toneladas adquiridas de janeiro a

março

março de 2008. A boa notícia é que as exportações de carne bovina para a Rússia e para a União Européia os dois maiores clientes do Brasil voltaram a aumentar a partir do mês de março. Em relação a fevereiro de 2009, o volume de carne bovina exportada para a Rússia cresceu 23,5% em março. No mesmo período, as exportações para a União Européia cresceram 28,6%. As exportações também aumentaram quando comparadas a março de 2008. Para a Rússia, houve um aumento de 1,31% no volume exportado e para a União Europeia, o volume exportado cresceu 10,16%.

Aumento

Para a Rússia, houve um aumento de 1,31% no volume exportado e para a União Europeia, o volume exportado cresceu 10,16%.

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Estados Devido a situação peculiar provocada pelos surtos de aftosa de 2005 e o processo de retorno ao mercado internacional por parte de alguns estados, em algumas unidades da federação as exportações aumentaram no mesmo período. São Paulo continua sendo o maior exportador de carne bovina do Brasil, embora tenha registrado recuo de 25% no primeiro trimestre de 2009. Goiás, outro grande exportador, reduziu suas exportações em 29%, mas ainda representa 11,3% do total. Pelo viés de recuperação, o Mato Grosso do Sul é um dos Estados que merece destaque. No primeiro trimestre de 2008 o Estado não estava liberado para exportar para alguns países em função da aftosa ocorrida em 2005, e com a liberação atingiu uma comercialização 87% maior em 2009. Situação semelhante aconteceu com o Paraná, que registrou aumento de 156% nas exportações no período, apesar de sua representação no total de exportações do Brasil ainda ser pequena para um estado com rebanho de mais de 10 milhões de cabeças.

Mato Grosso do Sul No primeiro

trimestre de 2008 o Estado não

estava liberado para exportar para alguns países em função da aftosa ocorrida em 2005, e com a liberação atingiu uma

comercialização 87% maior em 2009.

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Recuo

São Paulo registrou

recuo de 25% na exportação de

carne bovina no primeiro trimestre de 2009. Goiás, outro grande exportador,

reduziu suas exportações em 29%


Principais Mercados Segundo as informações da Abrafrigo, enquanto ainda há poucas fazendas brasileiras habilitadas para exportar para a União Européia – 862 no total no primeiro trimestre de 2009 – a Rússia continua sendo o principal cliente de carne e derivados de bovinos do país, com compras de 73.586 toneladas no trimestre, equivalentes a US$ 176,8 milhões, com queda de 4% na quantidade e de 27% no valor. Hong Kong ficou na segunda posição, mas com valores crescentes: importou 51,9 mil toneladas a um valor de U$ 146,2 milhões, com crescimento de 7% na quantidade e de 13% no valor. Na terceira posição ficou o mercado norte-americano, com importações de 13 mil toneladas a um valor de US$ 67 milhões, queda de 3% na quantidade e de 5% em valor. A Venezuela, outro bom cliente brasileiro, veio na quarta colocação com compras de 9,7 mil toneladas a um valor de US$ 41,5 milhões, com queda de 55% em quantidade e de 43% em volume.

Exportação

Angola (foto acima) importou mais 163% em volume e a receita cresceu 149%

Novos mercados O Brasil tem conseguido bons resultados em vendas para novos mercados mas geralmente as quantidades ainda são pequenas e não conseguem compensar os tombos sofridos nos mercados mais tradicionais. Os destaques, neste aspecto, são vendas para a Argélia, que cresceram 49% em quantidade e

43% em preço – 15,6 mil toneladas e US$ 40,4 milhões em valor, o que colocou aquele país na quinta posição entre os maiores clientes brasileiros. Angola importou mais 163% em volume e a receita cresceu 149%. A Jordânia aumentou em 38% suas compras, Israel em 15% e o Líbano em 41%.

A Jordânia aumentou em 38% suas compras, Israel em 15% e o

Líbano em 41% Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .7


8. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009


Capa

Crise, até quando?

As perspectivas para 2009 não são boas e a tão esperada recuperação mesmo só para 2010, quando começam a desaparecer alguns dos problemas estruturais e os decorrentes da crise no mecado internacional. O jeito é agir com cautela, conservadorismo e criatividade. Afinal, os mais aptos com certeza vão sobreviver.

A

cadeia produtiva da carimportante porque assim estas emne ainda está no olho do presas conseguem capital de giro furacão e todos os fundapara alavancar seus negócios e acamentos da crise ainda conba o receio do produtor de não retinuam. No mês de março passado, ceber por seu produto como vinha houve um pequeno aumento das acontecendo em alguns casos. Preexportações, o que cria a expectacisamos também apressar a habilitiva de que o mercado externo vai tação de mais fazendas brasileiras melhorar e elas irão aumentar. Isso aptas a vender seus animais para pode ajudar o mercado interno a União Européia. Há um projeto como um todo a crescer. O motivo em andamento que prevê que pelo é simples: se os grandes menos 2,5 mil propriedafrigoríficos enviam a car- "Hove um des estarão certificadas ne para fora do país, dei- total de 7 mil pela UE até o final de xam de vender no merca- demissões 2009, mas ele está andando interno e os pequenos do muito devagar e não nos últimos e médios que respondem atingimos sequer a 900 por 70% do abasteci- tempos no setor fazendas habilitadas nesmento do mercado no por conta da te início de ano. país ocupam estes espa- ociosidade das A Abrafrigo já se poços e vendem mais. Isso plantas que sicionou contra a injeção é positivo. É preciso que está em 50%" de recursos públicos do 30% da produção brasiBNDES nas empresas leira seja normalmente que pediram recuperação destinada para o mercajudicial. O argumento: do externo, mas isso hoje em dia enquanto os ventos sopraram a faainda está na faixa dos 22%. vor estes frigoríficos ganharam diA crise está aí e o governo ainnheiro e agora não é possível redesda não se mexeu para valer. Exiscobrir a velha história brasileira de tem várias alternativas para se fazer se privatizar o lucro e se socializar algo: a distorção tributária do PIS/ o prejuízo. A entidade entende, e Cofins ainda continua penalizando tem defendido isso em Brasília, a indústria que não exporta. Seria que o governo não deve socortambém uma parte da solução da rer os grandes frigoríficos a não crise recuperar para os frigoríficos ser com uma exceção: que este exportadores os créditos que eles socorro financeiro seja dinheitêm direito junto a Receita Federo carimbado para que eles paral, de aproximadamente R$ 600 guem suas dívidas com os promilhões. dutores. Dar liquidez a estes créditos é Os pedidos de recuperação Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .9


Crise por Estado

Mato Grosso

A maior parte das 50 plantas fechadas são destinadas a exportação e pertencem a grandes grupos do setor. São 15 plantas do Independência, 14 do Frigorífico Margen, nove unidades do Arantes, oito do Quatro Marcos e três do Frigo Estrela. A crise no setor da cadeia produtiva da carne atingiu a quase todos os estados brasileiros, uns mais outros menos. O que se sabe porém, é que nunca houve tantos frigoríficos desativados no Brasil e, somente das plantas que possuem inspeção federal, pelo menos 50 estão paralisadas. A seguir um quadro da situação em alguns dos principais estados produtores brasileiros.

Esse é o estado que lidera o ranking das unidades paralisadas com 26% do total no país: das 34 plantas existentes, 14 fecharam suas portas demitindo seus 7.800 empregados. Apesar de possuir um rebanho de 26 milhões de cabeças, o maior rebanho comercial do país, ou quase 13% do gado nacional, “não está havendo oferta de boi gordo para abate e nem vemos uma reversão de situação a curto prazo porque além das unidades paradas as que ficaram estão com pelo menos 20% de capacidade ociosa”, conta Luiz Antônio Freitas, presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT). Hoje o abate está estacionado na faixa de 3,5 milhões de cabeças anuais no SIF e entre as plantas que fecharam estão as do frigorífico Independência (5 plantas), Arantes (2 plantas), Quatro Marcos (4 plantas), Tatuivi (1 planta) e Margem (1 planta).

Minas Gerais

Paraná

Dois frigoríficos fecharam as portas no fim de março. A unidade do Torlim localizada em Umuarama, na região Oeste, encerrou as atividades e dispensou 240 empregados. Antes dele, o Frigojara, do município de Tapejara, demitiu 140 pessoas e parou de funcionar. A terceira empresa a demitir em 2009 foi o Frigorífico Mercosul, de Nova Londrina, região noroeste do Paraná, que mandou embora 400 empregados. Em dezembro, pouco antes do Natal, o Mercosul fechou a unidade que operava no município de Paiçandu, próxima a Maringá, e demitiu 450 empregados. Na ocasião, os abates da região foram transferidos para Nova Londrina.

Rio Grande do Sul

O frigorífico Independência anunciou que está retomando as atividades de abate e desossa na unidade de Janaúba, em Minas Gerais. Durante o processo de retomada, a capacidade de abate inicial será de 400 cabeças de bovinos ao dia, com o retorno ao trabalho de 300 funcionários. Agora há somente uma planta parada em Minas Gerais. O Frigorífico Arantes, em Unaí, no Noroeste. Segundo o presidente da Associação dos Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal (Afrig), Sílvio Silveira, existe outra planta que também está passando por dificuldades.

O estado já vinha sendo afetado pela crise da falta de boi para abate desde 2007 e se esperava que em 2009 se retomasse o crescimento do setor e redução da capacidade ociosa com o aumento das exportações. “Depois de muito tempo, a oferta de bois está crescendo 20% neste ano e esperávamos um crescimento igual, mas a crise econômica mundial do final do ano passado está reduzindo essa previsão para 10%”, conta Ronei Alberto Lauxen, presidente do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados no Rio Grande do Sul – Sicadergs. “Nós imaginávamos que iríamos recuperar alguns

mercados que perdemos por falta de animais no passado, mas nem isso irá acontecer”, completa. De um abate em 2006 de 2 milhões e 100 mil animais o estado viu cair o volume para 1 milhão e 350 mil cabeças no ano passado, esperando chegar a 1 milhão e 600 mil cabeças neste ano. Com a falta de animais, o Rio Grande do Sul já vinha ajustando o seu parque industrial a uma situação de crise desde 2007 e se esperava que fosse o primeiro estado a retomar o crescimento do setor até o final de 2009. Agora não há previsão de quando isso pode acontecer.

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Goiás

De acordo com a Federação da Agricultura de Goiás, a crise no setor de carnes atinge várias empresas. Sete dos 32 frigoríficos instalados no Estado paralisaram as atividades. Todos estão em processo de recuperação judicial ou aguardando que o pedido seja julgado. Eles pertencem aos quatro grupos frigoríficos que possuem filiais no Estado e entraram com pedido ou já estão em recuperação judicial. Somente o frigorífico Independência era responsável por 20% do volume de gado abatido no Estado em suas duas unidades fechadas com abate de dois mil bois por dia.

Mato Grosso do Sul

A crise comprometeu o emprego de pelo menos cinco mil trabalhadores do setor segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Campo Grande e Região. Pelo menos 12 abatedouros de carne, incluindo frango e bovinos, estão fechados no Estado. Entre eles, o Independência que anunciou suspensão nos abates em todo o país, incluiu as unidades de Nova Andradina e Anastácio enquanto que o Frigorífico Torlim, o maior abatedouro de Amambai, deu férias coletivas a 299 empregados.

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Medidas preconizadas pela Abrafrigo para atenuar a crise

1 2 3

Correção da distorção tributária do PIS/Cofins Dar liquidez aos créditos acumulados pelos frigoríficos exportadores Linhas de financiamento para frigoríficos pequenos, médios e grandes que puderem dar garantias reais.

4

Não injeção de recursos públicos do BNDES nas empresas que pediram recuperação judicial . A exceção que a Abrafrigo admite é o financiamento “carimbado” para pagar dívidas junto aos produtores.

5

Financiamentos e créditos aos pecuaristas para retenção de matrizes e melhoramento genético do plantel.

6

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Redução das margens "absurdas” dos supermercados para que o produto flua com maior rapidez e aumente e consumo para ajudar a cadeia produtiva da carne.


O lento retorno das exportações

Hoje a tonelada está cotada a US$ 2,6 mil contra

preços médios de US$ 4,5 mil no ano passado

Um dos setores mais afetados pela queda das exportações brasileiras em virtude da crise mundial, a venda de carne bovina só deve voltar aos mesmos patamares de volume de vendas externas do ano passado a partir do segundo semestre e com preços inferiores aos praticados antes da crise. Hoje a tonelada está cotada a US$ 2,6 mil contra preços médios de US$ 4,5 mil no ano passado. Contribuem para isso a demora na reabertura do merca-

do chileno e a lenta negociação com a União Europeia, para a habilitação de novas fazendas exportadoras. No primeiro trimestre do ano, o Brasil embarcou 284 mil toneladas de carne bovina, 17,2% menos que em igual período de 2008. Os preços médios também recuaram 11% no período para US$ 3,037 mil a tonelada com alguns cortes de exportação gerando prejuízo e outros mais rentáveis compensando a perda. O que resolve mesmo a manutenção das operações é o dólar valorizado que a sustenta a receita dos frigoríficos exportadores.

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judicial destas seis empresas contaminaram também a imagem dos pequenos e médios frigoríficos. Os produtores ficaram desconfiados, de uma maneira geral, de todos os frigoríficos brasileiros, independente do seu tamanho. E quando eles estão vendendo boi para os frigoríficos estão exigindo pagamento à vista. Os pequenos e médios não tem capital de giro suficiente para comprar o boi à vista e vender a prazo para os supermercados. Para as grandes redes de varejo o que importa é o preço e quanto mais baixo melhor. Com isso, houve uma queda acentuada de preços da carne sem osso no atacado, mas o varejo se aproveitou da situação para melhorar ainda mais suas margens já bastante altas, repassando muito pouco do ajuste para o consumidor final. Até a crise, o frigorífico comprava boi com 30 dias de prazo e vendia com 30 dias de praboa oferta de matéria prima no fuzo para receber. Esse era o padrão. turo. Há estudos que dizem que enA indústria agora tem o interesse tre 2005 e 2008 o rebanho bovino que, além de pagar a dívida que eles brasileiro encolheu em 6%, ou seja, têm com os produtores para restauquase 12 milhões de cabeças simrar a confiança no mercado, é preplesmente desapareceram. A ociociso que se volte a poder comprar sidade do setor é efeito da crise, há boi a prazo para entrarmos nova40% de ociosidade no setor porque mente na normalidade do mercado. não existe oferta adequada às emÉ mais do que urgente restabelecer presas. Nós precisamos de novo a confiança do "Neste ano e do rebanho de 170 miprodutor nas empresas. E lhões de cabeças com um também fazer com que os esperávamos preços que são pagos ao um crescimento desfrute anual de 20%, ou 34 milhões de cabeprodutor se mantenham igual, mas ças anuais. Elas precisam nos níveis que estão. A a crise ser disponibilizadas para exportação ajuda a man- econômica os frigoríficos para a forter o preço em alta para mundial do final mação de escala. Capacio produtor e a indústria tem interesse que o pro- do ano passado dade ociosa sempre teve na indústria. Hoje o setor dutor faça a retenção de está reduzindo cresceu muito. Houve na matrizes. Uma solução essa previsão verdade um inchaço no também do governo se- para 10%" setor no número de emria dar financiamento aos presas. Os exportadores produtores para reter macresceram de forma até trizes e melhorar geneirresponsável, sem olhar para o futicamente seu plantel e com isso a turo, prejudicando e fazendo dumindústria terá matéria prima garanping para prejudicar os pequenos e tida. Retenção de matrizes significa 14. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Efeitos da crise Estima-se que um total de 50 unidades brasileiras estão com os abates paralisados por conta dos reflexos da crise. De acordo com o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, o abate mensal dessas unidades é de 450 mil cabeças e chega a representar 15 mil postos de trabalho.


Medidas para continuar operando O frigorífico Independência (foto) anunciou em março o fechamento de mais três unidades industriais e a demissão de 2,8 mil funcionários, enquanto prossegue com uma reestruturação com o objetivo de continuar operando. A companhia, que entrou com pedido de recuperação judicial tanto no Brasil como nos Estados Unidos, disse que fechou a unidade de abate e desossa de Confresa, no Mato Grosso, a unidade de charque em Pires do Rio, Goiás, e a de abate em Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul, onde apenas o curtume continuará existindo.

médios e depois comprá-los lá na frente. A crise agora vai depurar o mercado. Muitas empresas vão se inviabilizar e isso já está acontecendo com alguns grandes frigoríficos, mas também vai afetar os pequenos e médios empreendimentos. O número de empresas vai diminuir por uma seleção natural do mercado e isso é irreversível. Nem no Rio Grande do Sul, estado já vinha sendo afetado pela crise da falta de boi para abate desde 2007 e se esperava que em 2009 se retomasse o crescimento do setor e redução da capacidade ociosa com o aumento das exportações, se vê alguma luz no fim do túnel. “Depois de muito tempo, a oferta de bois está crescendo 20% neste ano e esperávamos um crescimento igual, mas a crise econômica mundial do final do ano passado está reduzindo essa previsão para 10%”, conta Ronei Alberto Lauxen, presidente do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados no Rio Grande do Sul – Sicadergs. “Nós imaginávamos que iríamos recuperar al-

guns mercados que perdemos por falta de animais no passado, mas nem isso irá acontecer”, completa. De um abate em 2006 de 2 milhões e 100 mil animais o estado viu cair o volume para 1 milhão e 350 mil cabeças no ano passado, esperando chegar a 1 milhão e 600 mil cabeças neste ano. Com a falta de animais, o Rio Grande do Sul já vinha ajustando o seu parque industrial a uma situação de crise desde 2007 e se esperava que fosse o primeiro estado a retomar o crescimento do setor até o final de

2009. Agora não há previsão de quando isso pode acontecer. A sugestão da Abrafrigo é a de que o governo poderia abrir linhas de crédito para o conjunto dos frigoríficos, para empresas independente do seu tamanho, mas somente para as que possam dar garantias reais. O BNDES não pode dar dinheiro para empresas que não tem mais garantias reais para oferecer. O resto o mercado vai resolver. Em 2010 nós vamos começar numa situação um pouco diferente. Os efeitos da crise vão perdurar por todo 2009, mas vamos retomar as ofertas de boi para abate em função do processo de retenção iniciado em 2008. A recomendação da Abrafrigo é que todos sejam conservadores e cautelosos. Que procurem agregar valor ao produto, desossando a carne vendendo cortes prontos. É preciso a criatividade neste momento para sair da crise. Mas é preciso também corrigir a distorção tributária do PIS Cofins e capitalizar os exportadores com os créditos acumulados na Receita Federal ›‹

Cadeia Produtiva Na cadeia produtiva os preços que estão sendo pagos ao produtor ainda são atrativos e incentivam a fazer a retenção de matrizes. Não se pode deixar que o produtor saia da atividade e arrende suas terras para a produção de etanol e para isso é preciso preço bom. Os pequenos e médios frigoríficos estão sofrendo prejuízos primeiro porque há maior oferta de carne no mercado interno pela queda das exportações e redirecionamento das vendas e com isso o preço caiu, não remunerando todo os seus custos. Além disso, a capacidade ociosa elevada prejudica a cobertura de custos fixos da empresa que está descapitalizada. O boi representa para a indústria entre 83% a 85% do seu custos, algo muito elevado. Não há como pagar, por exemplo, o PIS Cofins, não há capacidade contributiva. Há um quadro de insolvência geral. As empresa vão pedalando: perde num mês, ganha no outro. Os grandes frigoríficos superestimaram suas plantas, cresceram muito e foram prejudicados pela queda das exportações. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .15


Entrevista

Em busca do tempo perdido Inácio Afonso Kroetz, Secretário de Defesa Agropecuária do Mapa.

só é possível com um intenso trabalho de defesa sanitária. Na área de União Européia, o programa de rastreabilidade e as auditorias do Ministério da Agricultura estão habilitando propriedades cadastradas no Sisbov para exportar carne in natura para países europeus e até o momento 862 propriedades estão habilitadas. Mas passamos antes disso pelo menos sete anos de garantias não atendidas na questão da identificação individual de bovinos e na rastreabilidade. E aonde devemos melhorar? › Revista da Abrafrigo

Kroetz › É preciso reestruturar o sistema de defesa sanitária, com mais infra-estrutura, pessoal e tecnologia, melhores sistemas de informação e mais envolvimento do produtor rural. Precisamos meO médico veterinário Inácio Afonso Kroetz, Secretário lhorar o status sanitário brasileiro de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e quanto a doenças como febre aftoAbastecimento (Mapa) assumiu em 2007 com a missão de recuperar sa, encefalopatia, peste suína clása imagem da sanidade na pecuária brasileira, atingida pelos golpes sica e doença de Newscastle. Hoje, da descoberta de focos de febre aftosa no Mato Grosso. É algo que o Brasil luta para ter reconhecipode impedir o país de se manter como o maior player do mercado mento internacional de áreas coninternacional no setor, posição conquistada nos últimos anos, porque tínuas livres de febre aftosa. Temos a sanidade é uma barreira não convencional e pode ser sempre alegada regiões com áreas livres sem vacino momento em que um país deseja fechar seu mercado aos produtos nação, áreas livres com vacinação, de outros. Desde 1985, é pesquisador da Área Técnica de Reprodução áreas com médio risco, com alto Animal e Melhoramento do IAPAR em Londrina-PR. Nessa entrevista, risco, e áreas de risco desconheciKroetz fala sobre a situação da sanidade no Brasil e sobre a recuperação do. Isso dificulta o reconhecimenda imagem da sanidade animal no país. to internacional. Estamos reforçando a vigilância, a investigação e a produção de provas ativas para que, até o final de As exportações de aves, suínos e bovinos já representam 19% 2010, possamos comprovar que não há febre aftosa das exportações totais brasileiras. É possível melhorar isso em parte alguma do País. ainda mais? › Revista da Abrafrigo Kroetz › Esta claro que sim. A União Europeia, Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul são mercados exigentes, remuneram melhor o produtor, mas exigem sanidade, qualidade e competitividade. Isso 16. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Por que isso é tão importante? › Revista da Abrafrigo Kroetz › O Brasil ainda precisa se livrar do estigma da febre aftosa. No momento em que estivermos


livres da febre aftosa, mesmo com vacinação, nós declínio nas exportações devido à crise econômica vamos alcançar mercados que são mais exigentes, mundial. O Brasil está exportando menos porque mas que por sua vez pagam melhor. Nas últimas não há compra, há escassez de crédito para importacampanhas contra a febre aftosa nós imunizamos ção e para exportação. No momento que os bancos cerca de 168 milhões de animais na primeira etapa fornecerem crédito acessível aos exportadores e aos e 170 milhões na segunda, atingindo uma cobertura importadores o Brasil, certamente, vai voltar aos de 96% e 97%, respectivamente. No Brasil, a va- seus patamares anteriores. cinação contra a febre aftosa é praticada em todos os estados e no Distrito Federal, com exceção de E quais as conclusões do Mapa para que o país tenha a Santa Catarina, que é livre da doença, e não usa a imagem de um local sem problemas de sanidade animal? › vacinação desde 2000. A campanha de 2009 contra Revista da Abrafrigo a aftosa começou em fevereiro último. A meta é que o Brasil esteja livre da febre aftosa com vacinação Kroetz › Os problemas sanitários são usados como dos animais até o final de 2010 e que, no futuro, a principal argumento para restrição ao comércio de vacinação não seja mais necessária, como carnes. O sistema de controle veterinário ocorre atualmente em Santa Catarina. O precisa integrar as informações "O Brasil brasileiro Japão, por exemplo, só compra carne de de toda a cadeia produtiva. O sistema tem está que envolver todos os níveis de governo países livres de aftosa sem vacinação e exportando os Estados Unidos estão em processo de - federal, estadual e municipal - e o seanálise de risco para importação de carne menos tor privado. A conquista e a manutenção bovina in natura do Brasil, há pelo menos porque da confiança de mercados importadores é 9 anos. não há fator fundamental para a economia pecucompra, há ária. A abordagem da equivalência de sistemas escassez de de controle sanitário é fundamental para E qual é o quadro atualmente? › Revista da crédito para resguardar as peculiaridades do sistema Abrafrigo importação de produção nacional. A conciliação dos Kroetz › Desde 2006 o Brasil não ree para interesses da cadeia produtiva, principalgistra circulação do vírus da febre aftosa exportação" mente entre produtores e indústrias, deve mas, segundo a Organização Internacioser buscada para permitir convergência no nal de Saúde Animal (OIE) os estados do caminho a ser seguido. Amazonas, de Roraima, do Amapá, parte do Pará, do Maranhão, do Piauí, do Ceará, do Rio Quando o Sr. entrou no Governo o cenário era desalentador Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco e de na área da carne bovina. Como está agora? › Revista da Alagoas ainda não são considerados livres da doen- Abrafrigo ça. Atualmente, Venezuela, Equador e Bolívia são países de risco de febre aftosa na América do Sul Kroetz › Em janeiro de 2008 se completaram sete e enquanto tivermos no continente sul americano anos de garantias não atendidas referentes identifipaíses com risco de aftosa nós não podemos bai- cação individual de bovinos / rastreabilidade. Os xar a guarda nem no trânsito [de animais] nem na Estados reconhecidos como livres de febre aftosa vacinação. A febre aftosa não é letal, mas afeta a pela OIE eram apenas o Rio Grande do Sul, Santa produtividade do animal doente e é de fácil difusão. Catarina, Roraima, Acre, Rondônia e o Sul do Pará, além do dois municíos do Amazonas. A área habiliE isso atrapalha muito os negócios no mercado externo? › tada para exportação era apenas o território de quatro Revista da Abrafrigo estados e parte do território de outros dois. Ademais, autoridades veterinárias estavam sem confiança no Kroetz › Nenhum país quer importar esse vírus Brasil. de quem exporta carne. É uma doença que mede a Hoje há o cumprimento das garantias sobre a eficácia do sistema veterinário nacional, é o termô- identificação individual de bovinos / rastreabilidade, metro da saúde animal, essa é a principal conota- a área reconhecida pela OIE como livre de febre aftoção da aftosa. O Brasil tem o maior rebanho bovino sa conta com 16 estados, o Distrito Federal e 2 munimundial comercial, com cerca de 200 milhões de cípios do AM. A área habilitada para exportação para cabeças, segundo o Mapa, e é o maior exportador a União Europeia tem nove estados e as autoridades mundial de carne bovina, mas passa por uma fase de veterinárias recuperaram a confiança no Brasil ›‹ Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .17


18. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009


Produção de Suínos

De volta ao melhor do mercado No bojo da recuperação da imagem das questões que envolvem sanidade animal pelo Brasil, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul querem voltar a exportar suínos para União Européia.

O

No Paraná, a primeira mes três maiores produtodida para atender as possíveis res e exportadores de exigências dos visitantes será a carne suína do país – Santa Catarina, "A transparência formação de um caRio Grande do Sul e Paque será dastro completo da suinocultura em todo raná estão começando a criada será o Estado, passo funpreparar suas estruturas fundamental damental para avançar para tentar uma retopara ampliar as na política de sanidamada nas exportações do produto para os paíexportações. de animal. O cadastro ses membros da União É importante poderá ser acessado Europeia, mercado feque a base on-line pelo setor público e pelas indústrias chado há anos para o de dados seja que processam suínos, Brasil. No segundo secompartilhada com controle eletrônimestre deste ano uma entre o setor co da movimentação missão da UE visitará estes estados produtopúblico e do rebanho, como a res de carne suína para privado" origem e o destino dos animais. Para atender verificar as condições o mercado importade produção, sanidade e rastreabilidade. Fora do grande mercado de exportação de carne suína desde outubro de 2005, quando houve a suspeita de focos de febre aftosa no seu rebanho bovino, o Paraná está antecipando medidas para se Desestimulados habilitar novamente a vender pelo baixos para Europa. Terceiro maior preços recebidos, produtor de carne suína do país, produtores o estado exporta menos de 10% venderam suas da sua produção para Hong matrizes, que Kong, Uruguai e Casaquistão e por sua vez não está fora do grande mercado de geraram bezerros exportação de carne suína desde e bois prontos outubro de 2005, quando houve terminados para o a suspeita de focos de febre aftoabate hoje. sa no seu rebanho bovino.

Principais mercados 2008

(mil toneladas)

Rússia Hong Kong Ucrânia

225,7 108,1 49,36

Fonte: fonte Abipecs

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .19


dor, a Secretaria da Agricultura US$ 169,1 milhões, num cresciparanaense, em parceria com o mento de 22,5% e 5,7%, respecsetor privado, já fez o trabalho tivamente, sobre o mesmo perícom a pecuária bovina, quando odo de 2008. foram cadastradas mais de 200 Para o presidente da Abramil propriedades em todo o Esfrigo e do Sindicato da Indústria tado e realizou o georreferenciada Carne do Paraná (Sindicarmento da avicultura, que perne), Péricles Salazar, a adoção de mite acessar on-line onde estão procedimentos únicos nos estalocalizadas as granjas avícolas. dos produtores de suínos será Agora chegou a vez da suinouma demonstração à missão da cultura local ter maior UE de que há estrutu"As receitas rastreabilidade. ra e entendimento enEm 2008, o Paraná com as vendas tre os estados e isso é exportou 31,4 mil to- ao exterior, no muito importante para neladas de carne suína, entanto, subiram a abertura de mercado. com faturamento de Segundo ele, o que falta US$ 74,9 milhões, se- 20%, alcançando para atender os requigundo o Departamen- US$ 1,48 bilhão, sitos europeus nos três to de Economia Rural numa valorização estados é um sistema (Deral) da Secretaria de preços devido de emissão de guias da Agricultura. Nesse à ajustes de GTA eletrônica, uma mesmo ano, a produ- oferta" boa gestão no sistema ção foi de 454 mil tode rastreabilidade como neladas, com o abate também uma estrutura de 4,6 milhões de caeficiente de defesa sanibeças. tária animal – estrutura No ano passado as exportanas secretarias de agricultura ções brasileiras de carne suína com técnicos, veículos e acomdiminuíram em 77 mil toneladas, panhamento e também esta ficando no patamar de 529,4 mil questão do cadastro. toneladas. Com a crise financeiSegundo o Secretário de ra internacional, por sinal, o que Agricultura, Valter Bianchini, o se registrou foi um aumento do Paraná já adotou procedimento consumo no mercado doméstico único de vacinação contra febre devido a maior disponibilidaaftosa e recentemente tomou a de interna. As receitas com as decisão de caminhar para área vendas ao exterior, no entanto, livre de febre aftosa sem vacinasubiram 20%, alcançando US$ ção. 1,48 bilhão, numa valorização O diretor da Associação de preços devido à ajustes de Brasileira da Indústria Produtooferta. No primeiro bimestre de ra e Exportadora de Carne Suína 2009, as exportações chegaram (Abipecs), Jurandi Soares Maa 83.793 toneladas e renderam chado Machado informou que exportações de suínos 2007 US$1,23 bilhão 606,5 mil toneladas

2008 US$ 1,48 bilhão 529,4 mil toneladas Fonte: fonte Abipecs

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o Paraná sedia empresas importantes no setor como Sadia, Perdigão e Frimesa. Ele não vê dificuldades para o setor privado formalizar a parceria com o governo estadual para a criação do cadastro. “A transparência que será criada será fundamental para ampliar as exportações. É importante que a base de dados seja compartilhada entre o setor público e privado”, concluiu ›‹


Gripe mexicana: os efeitos na economia Embora se saiba que não há qualquer problema em consumir a carne suína e que não existe nenhuma relação entre a gripe mexicana e o rebanho de suínos no Brasil ou em qualquer parte do mundo ainda nãos e sabe ao certo se o país pode ganhar ou perder com a doença. O país pode ganhar novos mercados, por exemplo, com a decisão de China, Coreia do Sul, Indonésia, Filipinas, Líbano e Rússia de suspenderem a importação de carne suína e derivados do México e de três estados norteamericanos: Texas, Kansas e Califórnia. Por outro lado, pode haver uma leve retração mundial

no consumo do produto devido ao noticiário. Os Estados Unidos são o primeiro exportador mundial de carne suína e, segundo o Departamento de Agricultura do país (USDA), no ano passado, os norte-americanos exportaram 2,313 milhões de toneladas de carne suína - quase 40% do comércio internacional. No dia 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parte para a China para destravar as negociações para a ampliação da cota brasileira de carne suína junto ao país asiático. O Brasil também discute junto à Rússia o aumento de venda de carne suína e de frango.

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Pis/Cofins

"Estamos quase lá" A crise econômica mundial e seu efeito sobre a cadeia produtiva da carne acelerou a negociação entre entidades para se promover a esperada solução para as distorções tributárias ocasionadas pelas alíquotas do Pis/Cofins. Segundo o Governo, a solução está tão próxima como nunca esteve.

N

uma audiência pública sobre o faturamento, mesmo que realizada na Câmara dos não tenha capacidade contributiva. Deputados em 15 de abril Por causa disso os exportadores, passado, o ministro da através da Abiec concordaram com Fazenda, Guido Mantega, revelou a Abrafrigo em sentar a mesa e prooficialmente que o governo está espor uma solução negociada conjuntudando uma mudança na estrututa ao governo. ra tributária dos frigoríficos, com A partir disso, o processo pasvistas à eliminação dos sou a andar mais celeimpostos também para "Estamos remente no Ministério quem vende ao merca- tentando de da Fazenda. No entanto, do interno. Segundo o atual momento há todas as formas no ministro, existem inteum jogo de braço entre resses dos grandes e dos acelerar as a Abiec e o governo conpequenos frigoríficos e o negociação forme é possível deduzir governo precisa olhar os porque as próprias palavras do dois lados. "Mas estamos achamos que ministro Mantega. Já está quase lá", assegurou. este assunto já decidido pelo governo Há quatro anos a haverá desoneração chegou à beira que Abrafrigo luta para corno mercado interno, ou rigir a distorção tributá- da exaustão seja: o PIS/Cofins vai zeria do PIS/Cofins e seus de todas rar. Só que para seja asefeitos danosos para o as pessoas sinado o decreto que faz setor. De certa forma, a envolvidas" isso valer é preciso que crise e a queda nas exexista uma solução para portações estão auxilianoutro problema: qual é o do neste processo porque montante de crédito preos grandes frigoríficos exportadosumido que será dado aos grandes res que antes relutavam em abrir exportadores? Atualmente eles renegociações tiveram que vender cebem 60% de créditos, como os necessariamente ao mercado interdemais produtores recebem. Com no. E quando eles foram ao mera desoneração no mercado cado interno sentiram na carne o interno, os produtores problema que o pequeno e médio que não exportam deiindustrial do setor enfrenta que é o xarão de receber autopagamento de 4,5 % de impostos maticamente os 60%

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porque estarão desonerados do PIS/Cofins. Esta medida também impõe imediatamente uma redução do crédito presumido aos exportadores e eles não querem diminuir os 60% que recebem atualmente. O governo ofereceu 19% mas eles querem continuar nos 60%. Como com qualquer desacordo com o governo tudo anda devagar, criou-se certo impasse. “Estamos tentando de todas as formas acelerar as negociação porque achamos que este assunto já chegou à beira da exaustão de todas as pessoas envolvidas”, é a posição oficial da Abrafrigo. Hoje, no modelo atual do PIS/ Cofins, para que o frigorífico exportador empate, ou seja: não pague o PIS/Cofins e nem acumule créditos é preciso que ele destine 43% de sua produção para o mercado externo. Como as grandes empresas exportavam entre 60% a 80% da sua produção acumularam créditos que a Abrafrigo inclusive reconheceu. E fez mais: solicitou que o governo devolva e libere estes recursos rapidamente para que os grandes frigoríficos melhorem sua estrutura de capital de giro e

quitem dívidas que mantém junto aos produtores. O que ocorre, porém, é que, com a desoneração do mercado, qualquer percentual de crédito presumido é bom para quem exporta mais de 43% de sua produção. Isso explica porque os grandes exportadores querem continuar com os 60% mas, segundo o Ministério da Fazenda, haveria um excesso de créditos não compatível com a realidade. Os frigoríficos do mercado interno desejam que o volume de créditos a ser concedido aos exportadores possa compatibilizar o incentivo às exportações e a não ge-

ração de uma concorrência desleal aos pequenos e médio frigoríficos nos mercados do boi e da carne. Esse é o impasse que está ocorrendo hoje nas negociações. A Abrafrigo defende um meio termo entre o que oferece o Ministério da Fazenda e o que a ABIEC pretende. Este assunto já era para ter sido resolvido em fevereiro, mas há agora este impasse. E que conta com mais um componente de dificuldade: para ajudar a indústria automobilística e bancos, o governo é rápido, mas para incentivar o agronegócio caminha a passos de tartaruga ›‹

Capital de Giro Os créditos acumulados pelos grandes frigoríficos exportadores com o Pis/Cofins somavam R$ 600 milhões ao final de 2008, segundo a ABIEC. Calcula-se que o setor, como um todo, tenha a receber do Governo perto de R$ 1,2 bilhão. Normalmente, o prazo de recebimento destes créditos na Receita Federal é de 5 anos, mas se o Governo apressasse estes pagamentos, eles serviriam principalmente para o pagamento das dívidas com pecuaristas.

Adri Felden/Argosfoto

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Varejo

Caro para o consumidor

Consumidor não é beneficiado pelo varejo com a queda no preço do boi e da carne no atacado. Atualmente, a comercialização no mercado interno é feita quase em 70% pelas redes de supermercados que nos últimos tempos só aumentaram suas margens.

O

“Os contratos que estes grupos s cortes de traseiro, coimpõem aos seus fornecedores, nhecidos pelo consumiprincipalmente da cador como o "Os contratos deia do agronegócio, coxão mole, patinho, contrafilé, que estes grupos massacram o produtor e posta branca, pos- impõem aos seus impedem o desenvolvita vermelha, os mais fornecedores, mento das cadeias proFornecedores consumidos pela principalmente dutivas. pequenos e médios não grande massa da poda cadeia do têm como enfrentar este pulação brasileira agronegócio, tipo de negociação Às junto com músculo massacram margens praticadas pelo e costela, estão sustentando preços altos o produtor e varejo são estupidamenpara a carne bovina na impedem o te altas, prejudicam o ponta do consumidor, desenvolvimento consumidor que tem de enquanto o preço do das cadeias pagar preços mais altos e acaba prejudicando a boi cai no campo e o produtivas" todos os que estão para preço da carne cai no trás na cadeia produtiatacado. va. Todas as inovações Segundo levantecnológicas que se fazem tantamento feito pela Abrafrigo, com dados do acompanhamento de preços em São Paulo da Scot Consultoria, o que está acontecendo há praticamente mais de seis meses é que os supermercados ou as cinco grandes redes de varejo que dominam este setor aproveitaram a situação para ampliar suas margens de comercialização, ao invés de reduzir preços, beneficiando o grande público consumidor. Este tipo de canal de venda é responsável por 70% da comercialização da carne desossada produzida no Brasil e os cinco maiores grupos respondem por 50% dessa comercialização.

Supermercados

Este tipo de canal de venda, os supermercados, é responsável por 70% da comercialização da carne desossada produzida no Brasil e os cinco maiores grupos respondem por 50% dessa comercialização.

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to no campo como na indústria para tentar amortizar os efeitos da crise são anulados na ponta do varejo. Eles vendem muito caro e o consumidor não compra o que prejudica a indústria que aumenta sua capacidade ociosa. A verdade é que os supermercados não deixam a carne girar mais rapidamente, o que agrava a crise”, diz o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar. Segundo um levantamento do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná, por exemplo, desde outubro de 2008 até meados de fevereiro de 2009 a arroba do boi paga ao produtor caiu 10,53%, passando de uma média de R$ 85,10 para R$ 76,14. No mesmo período, os preços do dianteiro (carnes menos valorizadas no mercado) no atacado caíram 25,6%. Em outubro o dianteiro era vendido em média por R$ 5,19 o quilo no atacado e em me-

Lucro alto Margens do varejo praticadas em fevereiro de 2009 em São Paulo. Filé Mignon Contrafilé Alcatra(miolo) Coxão Duro Coxão Mole Patinho Acém Paleta Peito

96% 69% 64% 75% 70% 83% 71% 65% 60% Fonte: Scot Consultoria

ados de fevereiro estava cotado a R$ 3,86 o quilo. Nos supermercados, a maioria destes cortes subiu de preço, num comportamento oposto. O presidente da Associação Brasileira de Supermercados, Susumu Honda, discorda destes dados justificando que a concorrên-

26. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

cia é alta e que, por isso, não há condições de aumentar margens, mas na verdade, há algum tempo o setor de varejo mantém seus lucros em patamares altíssimos enquanto no campo e na indústria a cadeia da carne sofre dobrado com a crise e com esse comportamento ›‹


Meio Ambiente

Pela preservação

Abrafrigo é contra desmatamento ilegal na Amazônia entidade está disposta a somar com o Governo e trabalhar junto para que o meio-ambiente seja preservado.

A

o divulgar em 14 de abril o resultado do monitoramento da produção de soja na Região Amazônica, o ministro do meio ambiente, Carlos Minc afirmou que buscaria acordo semelhante com os frigoríficos, no sentido de decretar moratória na compra de carne produzida em áreas de desmatamento ilegal na Amazônia. Sobre este tema a Abrafrigo possui uma posição bem definida e não concorda com o desmatamento ilegal para a exploração pecuária na região. “Caso o Ministério do Meio-Ambiente procure a entidade com o objetivo de firmar compromisso no sentido de que os nossos frigoríficos deixem de adquirir animais estabelecidos em áreas proibidas, estaremos dispostos a firmar referido compromisso e trabalhar para que seja respeita-

da a legislação ambiental”, disse o presidente Péricles Salazar. Segundo ele, a entidade está disposta a somar com o Governo e trabalhar juntos para que o meio-ambiente seja preservado. “Evidentemente que o esforço unilateral de nossa parte será insuficiente para conter o desmatamento. Deve ser também priorizada a participação das entidades representantes dos pecuaristas e o exercício de uma severa fiscalização por parte das autoridades governamentais”, completou. A região já abriga por 40% do rebanho bovino do país e é responsável por boa parte das exportações brasileiras de carne - o rebanho nos estados da Amazônia Legal atingiu recentemente a 70 milhões de cabeças, O ministro Carlos Minc, inclusive, confirmou que está negociando com a equi-

pe econômica condicionar o socorro financeiro aos frigoríficos a restrições ao gado de origem ilegal. Ao rastrear áreas desmatadas na Amazônia nos últimos dois anos e nove meses, o monitoramento da moratória da soja apontou a pecuária como a principal forma de uso do solo após a derrubada. Das 620 áreas de desmatamento recente pesquisadas, 32% são ocupadas por pastagens. "A pecuária está atrasada em relação à soja, cuja moratória é um sucesso", comentou o ministro Carlos Minc ao divulgar os dados em Brasília ›‹

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Exportação de bois para o Líbano: retrocesso para a cadeia produtiva

28. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009


Boi vivo

Mais alento

Exportações de boi vivo caem no país, depois de crescer em ritmo frenético, dobrando ano após ano. Com isso, a cadeia produtiva respira um pouco mais aliviada num momento em que faltam animais para abate no país e pelos danos que esta prática traz ao setor.

D

iferente do que era prepara o país porque não agrega vavisto – e temido -, o color algum a economia regional e mércio de boi em pé, que a exportação é isenta de qualquer vinha registrando altas tipo de taxa ou imposto, além do consecutivas, duplicanque “já está havendo fal"esta prática ta de matéria-prima em do a saída de animais do país a cada ano, caiu, senão atinge estados como o Pará e gundo dados do portal apenas a o Rio Grande do Sul”, do Ministério do Desenindústria segundo o presidente da volvimento, Indústria e Abrafrigo, Péricles Pesfrigorífica, soa Salazar. Comércio Exterior. O mas também país fechou 2008 com A redução das outros setores exportações está ligada 414.353 cabeças de boi vivo exportadas, contra como o a fatores de embarque 438.426 em 2007, uma coureiro- e de preço. Do porto queda pequena, mas calçadista e de Belém, de onde era que é muito bem vinda realizada a maior parde limpeza te das exportações do para a cadeia produti(sabão)" país, está proibido o emva, que é, assim, menos onerada, já que as exbarque de boi vivo por portações vinham duquestões ambientais, fiplicando a cada ano, com 246.176 cando viável a venda do “boi em cabeças em 2006 e 113.205 em pé” apenas pelo porto de Vila do 2005. A Abrafrigo considera esse Conde, em Barcerana, a 40 quitipo de negócio um retrocesso lômetros da cidade. Outro fator sem crescer Total de cabeças de gado exportadas em todo o Brasil. 438.426

Sem Trabalho

414.353

246.176 113.205 15.501 2004

2005

2006

2007

2008

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Respondendo por mais de 95% da exportação de boi vivo no país, o Pará está com mais de 40% dos frigoríficos com capacidade ociosa, resultando no aumento de custos de produção, no aumento de desemprego no setor e retração de investimentos.

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .29


que prejudicou a venda foi a criação da taxa do Certificado de Embarque de Bovídeos para o Exterior, que fixou o pagamento de aproximadamente R$ 23,00 por cabeça exportada. Somam-se essas questões o aumento do preço do boi no mercado interno, que foi superior a 70% em 2008, mais o aumento do preço do barril de petróleo, que até outubro do ano passado estava a US$145,00, fazendo o frete marítimo encarecer mais de 30% e a desvalorização do dólar frente ao real, já se

tem um pouco a medida do que ocasionou o freio no crescimento acelerado das exportações em relação aos anos anteriores. Os principais países compradores são a Venezuela, Irã, Rússia e o Líbano, com as operações de comercialização realizadas a partir do Pará e do Rio Grande do Sul. Só em 2007, quando as exportações atingiram o ápice, o Pará exportou 418.190 cabeças, respondendo por mais de 95% dessas operações. Desde 2006 a indústria vem sofrendo com a redução do gado

30. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Mercado Os principais países compradores são a Venezuela, Irã, Rússia e o Líbano, com as operações de comercialização realizadas a partir do Pará e do Rio Grande do Sul.


Maus tratos sem necessidade No ano passado a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) lançou a campanha 'Trate com cuidado', relatando as condições precárias em que animais vivos são transportados por longas distâncias, por estradas ou pelo mar. A campanha chamou a atenção para quatro das piores rotas, dentre elas o caminho da exportação de gado vivo - ou “boi em pé” - do Brasil para o Líbano. Além de expor o sofrimento animal nessa trajetória, a campanha ressalta também que esse tipo de comércio faz os países exportadores deixarem de arrecadar tributos e gerar empregos, enfraquecendo suas agroindústrias. “É preciso substituir essa atividade pelo comércio somente de carne industrializada", destacou Antonio Augusto Silva, diretor regional da WSPA Brasil.

disponível para o abate. Este ano, os frigoríficos paraenses estão com mais de 40% de sua capacidade ociosa. O que resulta no aumento de custos de produção, no aumento de desemprego no setor e retração de investimentos. Os frigoríficos locais não se colocam contra a exportação de bovinos vivos, desde que haja igualdade de condições e com os mesmos rigores da legislação fiscal, ambiental e sanitária. Já no Rio Grande do Sul, depois de quase um ano sem

ocorrer, a exportação de gado em pé pelo porto de Rio Grande foi retomada no dia 30 de março. Nesta operação, foram embarcadas 9,4 mil cabeças de gado, com destino a Beirute, capital do Líbano, onde o gado passa por confinamento para engorda e posterior abate. Representantes das indústrias já se manifestam contrários às operações, que classificam como sa-

ída de matéria-prima sem valor agregado do Estado e sugerem uma taxação sobre os negócios com gado em pé. “O que tem se defendido é que esta prática não atinge apenas a indústria frigorífica, mas também outros setores como o coureiro-calçadista e de limpeza (sabão), por exemplo, pois todos precisam desta matéria-prima para se viabilizarem”, diz Ronei Lauxen, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs)›‹

Receitas com exportação de bois vivos Mesmo diminuindo o número de embarques, os bons preços do mercado internacional aumentaram a receita do produtor. 2005

31.467.667 US$

2006

73.406.610 US$

2007

265.242.409 US$

2008

389.865.867 US$

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

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32. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009


Curtumes

Wet blue: imposto deve ser mantido O governo está estudando a manutenção ou eliminação do imposto de exportação sobre o couro wet-blue que desde 2006 é de 9%. A Abrafrigo é a favor da manutenção da taxa.

D

esde dezembro de 2006 a entidade acredita que a melhor o governo federal, atradestinação para estes recursos sevés da resoria a criação de um FunA melhor do para a melhoria da lução 42 da destinação qualidade e a agregação Camex – Câmara de Comércio Exterior, adota a para estes de valor ao couro braalíquota de 9% para a recursos seria sileiro. Foi esta posição exportação de couros a entidade levou a a criação de que do tipo wet-bue. A meuma reunião na Fededida faz sentido porque, um Fundo para ração das Indústrias de a melhoria da São Paulo no começo de enquanto outros países qualidade e a maio, encontro realizaincentivam o beneficiamento e a transformaagregação de do a pedido do minisção deste produto para valor ao couro tro da Agricultura, Reiagregar maior valor, o Stephanes, que brasileiro nhold Brasil continua sendo solicitou as entidades de um grande exportador classe uma posição de desta matéria-prima, consenso sobre a taxafavorecendo inclusive ção nas exportações de seus grandes concorcouros. rentes no mercado de É importante que calçados, mobiliário e o Brasil avance nesdos bancos de couro ta questão porque, separa automóveis. Para gundo um estudo do se ter uma idéia, em 2008 o país Sindicouro(SP), um produto no exportou US$ 1,9 bilhão em couestágio wet-blue é ros e a exportação do produto no exportado por US$ estágio wet-blue atingiu R$ 500 31 enquanto que milhões. A exportação foi de 21 um couro acabado milhões de couros, ou 60% do é comercializado total movimentado, mas a receita por US$ 90. Se for só correspondeu a 26% do valor transformado em global. sapatos, este mesmo A Abrafrigo é a favor da mucouro alcança a US$ dança deste quadro e, por isso, 400 no mercado exposicionou-se a favor da manuterno. É por isso que tenção desta alíquota de exportaa maioria dos países ção. No entanto, como esta moprodutores restrinvimentação gera cerca de R$ 70 ge ou mesmo proímilhões em impostos para o país, be integralmente a

Receita Em 2008 o país exportou US$ 1,9 bilhão em couros e a exportação do produto no estágio wet-blue atingiu R$ 500 milhões. A exportação foi de 21 milhões de couros, ou 60% do total movimentado, mas a receita só correspondeu a 26% do valor global.

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .33


saída deste produto. E o Brasil acaba facilitando as coisas para seus concorrentes porque o wetblue chega no exterior a um custo entre 20% a 30% mais baixo do que para o próprio produtor brasileiro, alcançado pelos impostos e tarifas vigentes no mercado interno como o ICMS, PIS/Cofins e CSSL. Segundo este mesmo estudo, com a taxação a partir de 2006, as vendas externas de wet-blue estagnaram num primeiro momento e depois passaram a cair, enquanto que as exportações de couro com maior valor agregado cresceram, principalmente as de couros semi-acabados, mesmo num cenário adverso na época, devido a valorização do Real.

Depois, há oferta internacional em declínio e o Brasil é uma exceção porque tem aumentado o abate de bovinos no país nos ultimos anos. A China, por exemplo, produz 40 milhões de couros anuais mas precisa de 80 milhões. No novo cenário internacioAumento nal de profunda crise, nos ganhos evidentemente, houve redução na demanda Segundo um estudo do e com isso queda nos Sindicouro(SP), um produto preços. Assim, mesmo no estágio wet-blue é exportaque esta taxa seja elido por US$ 31 enquanto que minada, não haveria um couro acabado é comeraumento nas exportacializado por US$ 90. Se for ções brasileiras já que o transformado em sapatos, problema no momento este mesmo couro alcança a não é preço e sim deUS$ 400 no mercado externo. manda reduzida ›‹ É por isso que a maioria dos países produtores restringe ou mesmo proíbe integralmente a saída deste produto.

34. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009


Comércio Exterior

De portas fechadas Principal entidade de apoio a eventos que promovem o comércio exterior brasileiro, a APEX é um canal fechado para os pequenos e médios frigoríficos do país que querem ingressar no mercado internacional.

A

maioria dos empresários no setor de carnes, exportador só que lida com comércio pode ser grande. exterior sabe o quanto é Isso parece contrariar uma das difícil abrir novos mercaprincipais premissas da própria dos, conquistar e manter espaço criação da Apex em fevereiro de no aguerrido mercado 2003, como uma enti"Desde o dade capaz de diminuir a internacional. A Abrafriinício do ano distância entre o produtor go vem desenvolvendo um trabalho com vistas tentamos por brasileiro e o consumidor a ampliar o número de diversas vezes final no exterior, desenpequenos e médios frimostrar a volvendo eventos que goríficos exportadores e, auxiliam a incrementar as Agência o que vendas brasileiras. Não de fato, algumas plantas somos e o deve haver, aí, distinção entre os seus mais de 700 nosso potencial entre pequenos e granassociados de todo o país já conseguem vender para de comércio des empreendimentos até clientes de outros países. exterior, mas porque, por sua própria No ano passado, inclusi- as portas estão estrutura, são exatamenve, a entidade enviou uma te os grandes que menos fechadas" precisam de ajuda estatal. missão à Rússia que deu ótimos resultados no sen“Desde o início do ano tido de trazer novas altertentamos por diversas venativas de fornecedores zes mostrar a Agência o para aquele mercado. que somos e o nosso poNeste esforço, a tencial de comércio exteAbrafrigo tem procurado rior, mas as portas estão a Agência de Promoção fechadas”, informou o das Exportações do Brasil presidente da Abrafrigo, (Apex), ligada ao MinistéPéricles Salazar. rio do Desenvolvimento, Em 2008, a Apex inIndústria e Comércio Exformou que as empresas terior, para buscar apoio por ela apoiadas elevaa iniciativa de introduzir ram em 18,74% o valor também as pequenas e de suas exportações dumédias empresas que hoje só prorante este ano. Foram quase 5,5 mil duzem para o mercado interno no empresas apoiadas pela agência de rol de exportadores brasileiro de fomento, de 67 segmentos da ecocarne. No entanto, este canal está nomia, que exportaram US$ 19,3 fechado e a Apex tem se recusado bilhões, contra US$ 16,3 bilhões a atender a Abrafrigo em qualquer no mesmo período de 2007. Para uma das suas reivindicações e na os pequenos e médios frigoríficos, defesa do interesse dos pequenos no entanto, entrar neste rol, parece e médios frigoríficos. Para a Apex, ser um sonho distante ›‹

apoio às exportações. Elevação

do crescimento das exportações de empresas dos mesmos setores apoiadas e não-apoidas pela ApexBrasil

Apoiadas

18,74%

Não-apoiadas

8,62%

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .35


Notas

União Européia

Flexibilização das regras Confinamento

O número de gado confinado no país tende a crescer em 2009

Pesquisa realizada com 56 confinamentos aponta para um crescimento do sistema variando entre 5,7% e 3%. A informação é da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon). O levantamento ouviu a opinião de pecuaristas nos estados de GO, MT, MG, SP, MS e PR, a fim de saber qual o real interesse para investir no confinamento em 2009. A expectativa é de que os integrantes da Assocon confinem, já a partir de maio, 498.146 cabeças, montante 5,7% maior que as 471.389 cabeças de gado abatidas ano passado.

Queda na comercialização

Couro em baixa

Os preços do couro no mercado internacional continuam ruins para as empresas brasileiras e, com isso, se mantém a tendência de queda na comercialização externa. Em março de 2008 o Brasil fechou o mês 25,8 mil toneladas de couro exportadas, contra 24,7 mil toneladas em março 2009, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A redução de quantidade foi de 4,3% mas o pior está na queda de 53,7% registrada para o faturamento no período. O maior preço pago pelo couro brasileiro ocorreu em fevereiro de 2008, chegando a US$6,81/kg. Em março de 2008 ele estava cotado em US$6,68/kg. Agora, em março de 2009, caiu para US$3,23/kg. 36. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009

Como o Brasil é o único país que sofre a exigência de certificação de cada propriedade, e não de território no caso das exportações para os países integrantes da União Européia, o país vem tentando flexibilizar estas regras que impedem um aumento no volume das vendas já que apenas 862 fazendas estão habilitadas a vender a UE e este número cresce muito lentamente, o que fez com que as exportações do país em um ano caíssem de US$ 1 bilhão para US$ 270 milhões. Agora, o diretor de Saúde Animal da UE, Bernard Van Goethem, admitiu pela primeira vez que a demanda brasileira pela flexibilização desta regra poderá ser atendida, o que deverá dar novo ânimo para as exportações nacionais. A razão é que o bloco precisa da carne brasileira, já que previsões indicam um déficit de 400 mil toneladas do produto até 2015.

Demissões

Quadro assustador na maior parte do país Os 21 maiores frigoríficos do País, entre eles os sete que já pediram recuperação judicial, demitiram 52 mil trabalhadores em consequência da crise, e se forem incluídos os 15 mil funcionários dispensados pelas empresas filiadas à Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), as demissões nas empresas ligadas ao setor pode chegar

a 100 mil pessoas. No ano passado, os 750 frigoríficos com inspeção federal processaram 38,5 milhões de bovinos e o Estado com maior número de frigoríficos fechados é Mato Grosso do Sul, com 22 das suas 36 empresas paralisadas. Em Mato Grosso, pelo menos 14 frigoríficos de médio e grande portes estão com as operações suspensas.


Financiamento

Na Contramão

Enquanto todos demitem, Friboi contrata Enquanto muitos estão demitindo e fechando plantas, a JBS Friboi está contratando 685 novos funcionários para ampliar a produção em Barra dos Garças, em Mato Grosso, de acordo com nota da empresa. A capacidade de abate da unidade deve passar de 1,5 mil cabeças de bovinos por dia a 2,5 mil cabeças ao dia, para atender o mercado interno e clientes na Europa, Argélia, Egito, Irã, Arábia, Rússia, África e Hong Kong. Isso demonstra que companhias que estão em boas condições financeiras estão ampliando a capacidade de abate, a fim de atender a demanda que deixou de ser atendida por seus concorrentes. Em março, o Friboi comunicou a contratação de 887 empregados em Barretos (SP) e no início deste mês informou que outros 214 funcionários estavam sendo admitidos para trabalhar na unidade de Vilhena, em Rondônia.

Governo quer liberar recursos para os frigoríficos em até 60 dias O Governo Federal está prometendo que a liberação de recursos do pacote de ajuda anunciado para as agroindústrias sairá em 30 a 60 dias. No dia 16 de março passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma linha de financiamento de capital de giro de R$ 10 bilhões para socorrer agroindústrias, principalmente frigoríficos, fabricantes de máquinas e implementos agrícolas e cooperativas agropecuárias. O pacote do governo tem como alvo os frigoríficos de carnes bovina, aves e suínas, que vêm enfrentando dificuldades por conta da queda das exportações, e necessitam urgentemente de capital de giro num momento de crédito escasso e caro.

Rumo a Moscou

Sthepanes quer aumento nas cotas de carne

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, decidiu ir a Moscou nos dias 3 e 4 de junho para insistir com os russos pelo aumento das cotas de carne exportadas pelo Brasil em 2009 e na cobrança de apenas tarifas, sem limite de volume, em 2010. Ele defende que se for para manter cotas em 2010,

que elas sejam abertas a todos os países e não geograficamente. Isso favoreceria os mais competitivos como o Brasil, ao invés de manter cartórios para certos produtores americanos e europeus, como acontece atualmente. O país está negociando também uma troca de carne pelo trigo russo como maneira de aumentar as vendas para aquele mercado.

Revista da ABRAFRIGO maio de 2009 .37


Notas Internacionais Austrália

Aumento nas exportações

De volta ao mercado

Rússia volta ao mercado brasileiro da carne “in natura” O Ministério da Agricultura, através do Secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, solicitou a Abrafrigo, no início de maio, uma reunião com todos os associados habilitados a exportação de carne bovina “in natura” para o mercado da Rússia.

O encontro foi para tratar dos requisitos sanitários e de procedimentos nos portos para exportação àquele país. Participaram da reunião, além dos frigoríficos, os representantes da DIPOA e da Coordenação Geral de Vigilância Agropecuária – Vigiagro.

Uruguai

Queda nas exportações As exportações de carne bovina do Uruguai caíram em 21% em volume peso carcaça e 28% em valor até março, de acordo com dados do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), com relação ao mesmo período do ano anterior. Foram exportadas 82.108 toneladas

(peso com osso) e os principais compradores foram União Europeia (UE), países do NAFTA (Estados Unidos, Canadá e México), Rússia, Venezuela e Israel. Em valor, as exportações foram de US$ 202 milhões. Os abates de bovinos no período baixaram em 12%.

As exportações de carne bovina da Austrália em março aumentaram em 11% com relação ao mesmo período do ano anterior, para 88.660 toneladas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura, Silvicultura e Pesca do país. Apoiando o crescimento estiveram os grandes aumentos das vendas aos Estados Unidos e Sudeste da Ásia, principalmente Indonésia e Taiwan, enquanto os volumes exportados ao Japão e à Coreia declinaram com relação ao ano anterior. Os EUA foi o maior mercado de exportação para a carne bovina australiana em termos de volume durante o mês de março, com as exportações aumentando em 66% com relação ao ano anterior, para 31.821 toneladas.

Argentina

Perda de 40% da safra de bezerros O rebanho bovino da Argentina perderá esse ano 40% de sua safra de bezerros, o que significa que nascerão entre 3 e 4 milhões de bezerros a menos que no ano passado, devido à seca, ao baixo índice de prenhes e ao desânimo dos produtores diante do futuro incerto da pecuária. Além de perder parte da Conta Hilton, o panorama também leva a uma redução de 10% no rebanho com relação ao maior nível registrado em 2007, com 57 milhões de cabeças – que hoje baixaria para 52 milhões. 38. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009


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40. Revista da ABRAFRIGO maio de 2009


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