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Wagner Gomes

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Valéria Paz

Valéria Paz

Wagner Gomes. Apaixonado por música e arte, baiano da cidade de Cruz das Almas, residente em Salvador (BA), trabalha também como produtor cultural. Escreveu o poema "O Reinado de Reinalda - uma rainha que começa com Rei, em 2016, um mês após o falecimento de sua mãe, inspirado na canção Dona Cila de Maria Gadú. Facebook: https://www.facebook.com/wagner.gomes.3726613/

O REINADO DE REINALDA UMA RAINHA QUE COMEÇA COM REI

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O sorriso do retrato Não a registrava de fato Já a gargalhada da vida Uma delícia divina Pra quem com ela tinha contato

Acordava com o sol Na terra que a acolheu E seguia à caminhada Ao “dar no pé” botava no chulé De manhã cedo a meninada

Sua prole, sua vida Dá pra contar nos dedos de uma mão Mas ela dizia que eram poucos Acima de tudo, nunca deixou faltar o lápis nem o pão

Conhecia muita gente Meia hora bastava pro papo A cada novo contato Só que dos defeitos que ela tinha Era dizer que quem falava pouco Tinha espírito fraco

Na labuta de sua vida Pra criar os cinco filhos Nunca um cigarro cruzou seu rumo Mesmo assim foi operária Exatamente da indústria do fumo

Perto da aposentadoria Foi pra lida em colégios Mudando assim sua carreira E graças à sua simpatia De alunos a professores Ganhou filhos pra “desgrameira”

Na infância à escola foi bem pouco Já que na roça educação não era o desejável Mesmo assim ela era danada 289

E até às vezes atropelando o português Tinha uma dicção impecável

Aí vieram os segundos filhos Amou tanto que a vida mandou quase uma dúzia Aqui os chamo de netos Entretanto, o destino traiçoeiro Decidiu contar só nove Porque os outros quase não passaram de “fetos”

Por ironia do destino Hoje tão cedo sua “Alma” Voltou a morar em “Cruz” Ao lado de dois dos netos E daquela que lhe deu à luz

Mas antes de ir embora E de passar por tanta dor Se juntou com as amigas E bem na melhor da idade Sorriu e até sambou Tocando num machucador

Para os filhos era Mainha Foi vovó, sogra, Nalda, Rena e Rei Pros sobrinhos Tia Dinda ou Nanada Mas aviso pra aqueles que não acertavam Seu nome certo era Reinalda

Com sua precoce partida Pra gente é como faltar água num rio Mas aqui deixou sua irmã amada Que apesar de Alaíde Para nós é “Tia Til”

Hoje digo com emoção Com o coração “estraçalhado” Há, se Deus permitisse Mainha! A sua “bença” mais uma vez eu pedir E ter a senhora, por um segundo, ao meu lado.

Para a próxima edição o tema é livre.

DICAS CULTURAIS

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