CANCIONEIRO CIRANDEIRO

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CANCIONEIRO CIRANDEIRO



GLAUCO MATTOSO

CANCIONEIRO CIRANDEIRO

São Paulo Casa de Ferreiro 2021


Cancioneiro cirandeiro © Glauco Mattoso, 2021 Revisão Lucio Medeiros Projeto gráfico Lucio Medeiros Capa Concepção: Glauco Mattoso Execução: Lucio Medeiros ________________________________________________________________________ FICHA CATALOGRÁFICA ________________________________________________________________________ Mattoso, Glauco CANCIONEIRO CIRANDEIRO/Glauco Mattoso São Paulo: Casa de Ferreiro, 2021 100p., 21 x 21cm ISBN: 978-85-98271-28-4 1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.

B869.1


NOTA INTRODUCTORIA Obra thematicamente analoga e complementar ao livro DESINFANTILISMO EM DISSONNETTO, esta collectanea retrospectiva explora, parodica e satyricamente, o folklore infantil e a cultura "pseudopedo" da litteratura de "faixa etaria", sempre denunciando, como de resto em todo o repertorio mattosiano, a hypocrisia "adulta" face à violencia contra a creança -- particularmente a violencia da creança contra outra creança, que só recentemente começa a ser observada sob a designação de "bullying" mas que, desde sempre, excancara o precoce sadomasochismo da natureza humana. Aqui a redondilha maior impera na forma, excepto na ultima parte, que retorna ao decasyllabo preferencial da lyra mattosiana, em differentes estrophações. Em summa, a unica occasião em que o bardo cego publicou algo realmente dirigido ao publico infantil foi quando sahiu a plaquette A PREDILECTA DO POETA, aliaz adoptada pelo programma governamental de incentivo ao livro dicto "educativo".



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CYCLO "MINHAS CIRANDINHAS" (I a X) [3491/3500] Caranguejo é bicho feio! Caranguejo horrivel é! Elle faz o seu passeio na mudança da maré. Caranguejo eu não receio: delle eu tenho é medo, até quasi o panico, e ja creio que se aggarra no meu pé! Não! Soccorro! É o caranguejo gigantesco, e até ja vejo a pattola que me aggarra! Tão comprida, essa pattola, que eu percebo: é dum centolla! Nelle é grande até a boccarra! Si esta rua fosse minha, eu mandava ladrilhar a calçada, e até ja tinha asphaltado este logar! Desde a casa da vizinha, bem na exquina, ao velho bar, noutra poncta, não é linha nada recta, basta olhar: Serpenteia que nem cobra! Nenhum carro aqui manobra sem cahir nalgum buraco! Sobe e desce que nem serra e, na chuva, aquella terra vira lama em meu barraco!

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Um escravo abriga a Rosa no porão da sua casa. Toda noite, a Mestra goza e elle as dores extravasa. Condição bem espinhosa é a do servo, que se arrasa. Nunca é pouco o que ella dosa: cera quente, ferro em braza. Comem soltas, toda noite, as sessões de fogo e açoite! E a mulher, como gargalha! Mas não brigam: de manhan, cada qual busca outro affan, que um casal normal trabalha. "Approveita, minha gente, que uma noite não é nada! Accordado quem aguente dormirá de madrugada!" Uma ova! Simplesmente ninguem passa uma ballada sem dormir! Você que tente, e verá como é "roubada"! De manhan, ninguem levanta mais da cama, pois é tanta a preguiça, que incha a perna! Por vivencia propria eu digo: das gandaias o perigo é, mais tarde, a insomnia eterna!


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Na torneira eu tentei só beber agua: não achei! Cae la fora esse toró e aqui dentro não terei? A excassez é de dar dó! Quando volta, eu ja nem sei, si a adductora juncta pó, la parada, e agguarda a lei. Dessas obras, nunca a verba se libera! E se exacerba minha sede de vingança! Não consertam o defeito! Si o governo, agora eleito, sobe a compta, a gente dansa! Esse annel que tu me deste tinha pregas ja quebradas. Natural que alguem proteste que não sejas o que bradas. Tu me foges como à peste, mas te vejo de mãos dadas com um cabra do Nordeste, teu parceiro de trepadas. Por que todo esse temor, si mal posso causar dor, com pau curto, num cu largo? E si virgem tu não és, como queres que a teus pés caia um cara de alto cargo?

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Como somos gente fina, damos neste lupanar. Nosso cu, papae ensigna, volta e meia vamos dar. Não se afflija, não, menina, porque o boi vem nos pegar! Elle paga uma propina que não dá p'ra recusar! Quem quizer pedophilia que se accerte com tithia e converse com mamãe! Não queremos (Né, maninha?) que quem, fora, se apporrinha pague caro e, aqui, se accanhe! O rapaz, que jogo faz? Faz um jogo com a mão: elle nunca deixa em paz seu enorme caralhão! Mas o jogo que me appraz genital não é, que eu não tenho todo esse seu gaz: me contento em seu pezão! Belliscar, eu não bellisco. Mas, emquanto rolla o disco dos Toy Dolls ou dos Ramones, seu pé chato eu massageio e elle, à bronha sem pôr freio, vae curtindo o som nos phones.


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Fede o trappo que me cobre a suor, porra e chulé: eu sou pobre, pobre, pobre da ralé, ralé, ralé! Peço esmolla e ganho um cobre por chupada: chupo até quem exige que eu me dobre e lhe lamba o sujo pé. Ser michê não é problema, pois freguez não ha que eu tema nem sebinho algum me abballa. Quando a rolla é fedorenta, sempre um jeito a gente inventa de chupal-a que nem balla. Dum poeta, si é maldicto, não esperes tu que, agora, diga um verso bem bonito, diga addeus e va-se embora! O poema que eu recito põe os podres para fora: de problema e de conflicto tractará, minha senhora! Mas, si queres um poeta bem romantico, que affecta castidade e pundonor, procuraste o bardo errado, pois um cego cumpre o fado de quem cheira e tem fedor!

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CYCLO "GLOSAS FABULOSAS"



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MOTTE 0216 Batatinha, quando nasce, se exparrama pelo chão. Bom seria si eu passasse pela infancia a ouvir, singella, uma trova como aquella "Batatinha, quando nasce..." Mas exponho a minha face, sem ser Christo, ao molecão que, seu olho tendo são, dá no cego uma rasteira e este, frente à rua inteira, se exparrama pelo chão. No paiz do faz-de-compta, a creança de innocente não tem nada, mas a gente faz que seja a tola e tonta que com monstros se admedronta. Eu jamais fui tão cuzão, mas, temendo o palavrão, o censor só quer que passe "Batatinha, quando nasce, se exparrama pelo chão."

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18 GLAUCO MATTOSO MOTTE 0217 Eu que mando, a bolla é minha! Ou então não brinco mais! Com o filho da vizinha eu jogava futebol e jogou-me elle um anzol: "Eu que mando, a bolla é minha!" Intenções más elle tinha, pois commigo fez as taes "sacanagens" que a meus paes não contei, a seu commando. Ou masturbo-me, lembrando, ou então não brinco mais. MOTTE 0218 Eu sou pobre, pobre, pobre de marré, marré, marré... Ja fizeram com que eu dobre os joelhos e, menino quasi cego, me defino: eu sou pobre, pobre, pobre... Quando a gente se descobre masochista, quem não é "differente" pode até nos zoar e fazer farra, pois, mais fracco, sou, na marra, de marré, marré, marré...


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MOTTE 0219 Não tolero que alguem possa molestar uma creança. Tal prazer ninguem endossa no pedophilo doente. Estuprar um innocente não tolero que alguem possa. Porem, quando de mim troça, a turminha não se cansa. Affinal, é presa mansa dos moleques o ceguinho. Nesse caso, é comezinho molestar uma creança. O moleque que de mim abusou, agora adulto, ser pretende serio e culto, mas gozava do Pedrim na cruel turma mirim. Inda o trago na lembrança, mas o algoz, de falla mansa, hoje exclama: "Minha nossa! Não tolero que alguem possa molestar uma creança!"

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20 GLAUCO MATTOSO MOTTE 0220 De cowboy brinca o menino e a menina de casinha. Hoje appenas imagino que da turma do Fernando sou refem e, a seu commando, de cowboy brinca o menino quasi cego e mais franzino. Si raptado eu era, tinha que virar mulher e minha missão era ser fodido. Machos brincam de bandido e a menina, de casinha. MOTTE 0221 Creançada que não zoa não é muito natural. Sempre exsiste uma pessoa que é palhaço da platéa. Por fallar nisso, qual é a creançada que não zoa? Rende um cego farra boa sendo preso num curral sem saber nem qual é qual, visto como bicho extranho que, aos demais do seu tamanho, não é muito natural.


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MOTTE 0222 Qualquer livro adulto pode ser infantojuvenil. Uma historia que incommode não será toda contada, pois ser conto e ser de fada qualquer livro adulto pode. Si na infancia alguem se fode de verdade, é velho ardil recorrer ao pueril euphemismo em obra à venda, pois não cabe a auctor que offenda ser infantojuvenil. Sendo o mundo virtual ja dominio da creança, a moral todinha dansa na linguagem sexual. Si faz isso ou não faz mal à creança, é pueril discussão: pouco subtil, ja que está na salla o bode, qualquer livro adulto pode ser infantojuvenil.

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22 GLAUCO MATTOSO MOTTE 0224 Eu primeiro fui da classe mas na vida estou attraz. Nunca a alguem que me adjudasse eu pedi quando na eschola. Sem ter sido o mais gabola, eu primeiro fui da classe. Mas, por mais que o tempo passe, não consigo as horas más exquescer, e um cego jaz para sempre preterido. Com as artes hoje eu lido, mas na vida estou attraz. A cegueira me attrazou, mas eu era até precoce. O biographo que esboce seu estudo vê que sou quem na infancia se fixou e bandeira disso faz. Quanto a um timido rapaz que a turminha descabace, eu primeiro fui da classe, mas na vida estou attraz.


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MOTTE 0232 Na ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar. Onde infancia passei minha, o menino mette a picca. A menina appenas fica na ciranda, cirandinha. Em quem mette? Eu é que tinha que a tal acto me prestar! Quasi cego, meu azar foi morar na Zona Leste. Si, entre os fraccos, faz-se um teste, vamos todos "cirandar"! MOTTE 0233 Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar. Si um ceguinho ja se solta, delle a turma se approveita. Si a dos grandes é suspeita, vamos dar a meia volta. Si sahimos sem excolta, eu, Pedrinho, devo estar sempre a postos: familiar aos moleques, chupo a picca. Com a lingua, que se estica, volta e meia vamos dar.

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24 GLAUCO MATTOSO MOTTE 0234 Esse annel que tu me deste era vidro e se quebrou. Ninguem diz, na Zona Leste, "Dar-me queres o teu cu? Vou foder, si gay és tu, esse annel que tu me deste!" Mesmo quando o gay proteste, dá na marra! Eu tambem dou, ja que cego agora estou. Por, na infancia, ter negado, meu "zoclinho", ao ser jogado, era vidro e se quebrou. MOTTE 0235 Esse amor que tu me tinhas era pouco e se accabou. Si fui bicha das turminhas, eu tambem jamais diria "Então era phantasia esse amor que tu me tinhas!" Sempre estive certo, em minhas conclusões, de que dei show de palhaço e quem gozou de mim nunca teve dó. Mas o orgasmo, em meu gogó, era pouco e se accabou.


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MOTTE 0236 Si for homem, ó Pedrinho, entre dentro dessa roda! Meu algoz disse, excarninho: "Ei, quattrolho! Cê não é valentão? Pois finque pé, si for homem, ó Pedrinho!" Sem demora, eu engattinho, adjoelho, levo foda bocca addentro. Se accommoda quem me cerca e até duvido que outro cego mais fodido entre dentro dessa roda. MOTTE 0237 Diga um verso bem bonito, diga addeus e va-se embora. Por soccorro eu jamais grito. Tenho medo, e ainda insisto que nenhum poeta disto diga um verso bem bonito. Quando, ousado, o caso eu cito, sei que alguem não corrobora. Si, ao adulto, o facto cora, às creanças é brinquedo. Que o poeta, emquanto é cedo, diga addeus e va-se embora.

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26 GLAUCO MATTOSO MOTTE 0238 Canto "Palma, palma, palma..." Vou cantando "Pé, pé, pé..." Recordando vou, com calma, as cantigas de creança. Lembro e, emquanto meu pé dansa, canto "Palma, palma, palma..." Quando a gente quer ter alma infantil, relembra até que cheirou forte chulé no pezinho dum amigo. É por isso que, commigo, vou cantando "Pé, pé, pé..." MOTTE 0239 Canto "Roda, roda, roda, caranguejo peixe é!" Um adulto se incommoda si o poeta for sincero. Mas, si ludico ser quero, canto "Roda, roda, roda..." E revelo: levei foda dos moleques, lambi pé chulepento... Tive até meu prazer, que empresto à lyra. Si o que eu canto for mentira, caranguejo peixe é!


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MOTTE 0240 Quando eu fui no Tororó beber agua, não achei. Sempre estive muito só nas viagens que commento e de pés era sedento quando eu fui no Tororó. Um bahiano disse "Tó!" quando aquillo lhe implorei. Eu pedia "Ah, dá, meu rei!" Foi chulé que lambi, bollas! Pois si eu fosse, em suas solas, beber agua, não achei! MOTTE 0241 Approveita, minha gente, que uma noite não é nada! Quando um publico descrente topo, eu digo: si, damnada, acha um cego, a molecada approveita, minha gente! Ja passei, deficiente visual, pela chamada "curra doce". Fiz, em cada pivetão o que um nenen faz e, em sonho, tanto vem, que uma noite não é nada!

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28 GLAUCO MATTOSO MOTTE 0242 Si esta rua fosse minha eu mandava ladrilhar. "Curra doce"? Explico. Eu tinha que chupar, dentro da roda, quem na bocca desse a foda. Si esta rua fosse minha, como lider da turminha, eu tambem ia zoar o ceguinho do logar. Mas, agora, eu só queria caminhar seguro, e a via eu mandava ladrilhar. MOTTE 0243 O rapaz, que jogo faz? Faz o jogo do gamão. Das parlendas sempre as más linguas fazem putaria. E eu tambem perguntaria: "O rapaz, que jogo faz?" Ora, o mesmo que, la attraz, fez com outro meninão: me curraram, ja que, então, eu estava cego um tanto. Mas jamais, eu lhes garanto, faz o jogo do gamão.


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MOTTE 0244 Manda la Mané João que retire o seu pezinho. Um pivete tem pezão, que o do adulto, até maior, com sujeira e com suor. Manda la Mané João: "Lambe ahi!" Rollava, então, minha infancia e ja ceguinho era eu, quasi. Lhe engattinho aos pés, lingua de mendigo. Hoje, a um joven, jamais digo que retire o seu pezinho.

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CYCLO "FABULAS MOTTEJOSAS"



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FABULA DA BARATTA E DAS GALLINHAS [3647] As gallinhas, quando o gallo as persegue, fogem para todo lado. Ao constatal-o, a baratta se compara: "Metto medo nellas! Calo esses biccos!" E dispara pelo chão. Nesse intervallo, é cercada e a morte encara. "Xô, gallinhas!", argumenta. Nem siquer massa gosmenta, porem, resta da bravata. A moral ja se adivinha: "Em terreiro de gallinha sem razão fica a baratta."

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34 GLAUCO MATTOSO FABULA DO PAPAGAYO E DO MACACO [3649] Diz o passaro ao macaco: "Você come como gente mas na falla eu me destacco! Sou mais culto e intelligente!" De character sendo fracco, o macaco então consente que o verdinho dê pittaco sobre tudo que alimente. A comer uma banana põe-se o louro, mas se damna: fica todo emporcalhado. "Cada bicho em seu poleiro", é o que pensa o mico arteiro vendo a scena, e esse é o recado.


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A RACCONTADA FABULA DO POODLE E DO DACHSHUND [3650] Ao bassê se gaba o poodle: "Sou mais agil! Sou mais leve, mais charmoso! Sou mais tudo!" E o bassê: "Como se attreve?" O outro insiste: "Sou classudo! Não tomou seu banho? Deve! Eu tomei! Sou mais felpudo! Sou branquinho como a neve!" "Tem você cor de cocô, cor de barro, cor de lenha, patta torta! Passa! Xô!" Pensa o dackel: "Sacco eu tenha!" Nisso, a dona do bassê, que é fanatica e ferrenha, o seu beija, e o poodle vê que a moral é: "Quem desdenha..."


36 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DO ESCORPIÃO E DO RATTO [3651] O educado escorpião falla ao ratto: "Com licença! Vou piccal-o! Posso, não?" Soa aquillo como offensa. "Não, é claro!", o respondão logo corta, e torna tensa a conversa: um pede em vão, outro nega e em fuga pensa. O arachnideo, emfim, desiste de pedir e, como nato assassino, embora triste, seu ferrão mette no ratto. Conclusão: não é virtude ser sincero nem cordato com extranhos. Quem se illude diz "Desculpa si eu te macto!"


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FABULA DA ARANHA E DO CARANGUEJO [3654] Uma aranha e um caranguejo dialogam. "Sou temida (diz aquella) e só desejo ver alguem perdendo a vida!" "Sou carnivoro e me vejo (diz aquelle) uma ferida cavocando, malfazejo, numa victima vencida!" "Meu veneno macta!", a aranha diz; "Meu braço corta e arranha!", o centolla attalha, então. Moral: quando alguem se jacta de mactar, no fundo empatta com quem morre... sem perdão.

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38 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DA FRIGIDEIRA E DO FOGO [3655] Altas arvores mais dão à giraffa o que abboccanha. Ella expanta e joga ao chão, de seus galhos, uma aranha. Esta corre, mas em vão... uma cobra logo a appanha e ao dictado dá razão: nada excappa à fatal sanha. A serpente, que é rasteira, symboliza o azar, o fado. Da quadrupede parceira está sempre, attenta, ao lado. Moral: tanto faz o raio que me caia, si azarado vim ao mundo, ou quando eu caio no vulcão, si estou queimado.


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FABULA DO ELEPHANTE E DA FORMIGUINHA [3657] Sobre as costas do elephante, a formiga um rio cruza. O passeio ja, durante, o elephante della abusa: "La na margem, me levante, minha linda, a sua blusa e me abbaixe essa excitante saia azul que você usa!" Com vergonha, a formiguinha obedesce, e ja adivinha o tamanho do instrumento. Mais se assusta a femea, então, si o machão tem pincto anão. Moral: falso é o documento.

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40 GLAUCO MATTOSO FABULA DO ELEPHANTE E DO CAMUNDONGO [3658] O elephante dum rattinho, todos sabem, medo sente. Sempre encontra em seu caminho, claro, um ratto impertinente. Sendo sadico e damninho, é fatal que o ratto tente causar panico. Um pezinho, porem, surge-lhe na frente. É a pattinha do elephante que, assustado, pulla deante delle e exmaga-o, sem querer! Conclusão: da vantajosa situação que a gente goza sempre ephemero é o prazer.


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FABULA DO SAPO QUE PAGOU O PATO [3659] Toda a fauna da floresta certa feita é convidada a comer bem, numa festa, e se anima a bicharada. Advisado, ao sapo resta disfarsar, pois tem entrada garantida quem attesta ter boquinha appequenada. Tenta o sapo fazer bicco ao dizer: "Com pena eu fico do hippopotamo, coitado!" Não convence, todavia, e está fora da folia. Moral: entra só veado.

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42 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DA RAPOSA SOLTEIRA [3660] Appaixona-se a raposa, mas não é por um raposo, pois quer femea como esposa! Que negocio escandaloso! Si a raposa peccar ousa, as gallinhas teem repouso, pois não pensa noutra cousa a não ser no proprio gozo. Falla o gallo: "Eu macto quem quer ser lesbica! Ja caço quem for uma em meu harem, mas raposas... votos faço!" Conclusão: doce illusão, si as raposas se dão laço, pois, casadas, ambas vão caçar junctas no pedaço.


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A RACCONTADA FABULA DO LOBO E DA OVELHA [3662] Era um lobo assediado pela ovelha, que queria ser comida. De tarado nada tinha a fera fria. A ovelhinha, por seu lado, assanhada, offerescia a chochota, mas do aggrado do lobão não era a orgia. Affinal, conta o lobão, sendo franco e verdadeiro, que seu unico tesão é comer cu de carneiro. Offendida, a ovelha chora: "Seu veado! Trappaceiro! Sua bicha!", e vae-se embora. Moral: tudo é um só puteiro.

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44 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DO MORCEGO E DO PATO [3663] O morcego mostra ao pato suas asas ("Veja bem! Não são lindas?") e, cordato, o patinho diz amen. Mostra o pato seu pé chato ao morcego e diz: "Quem? Quem tem um pé neste formato tão bonito? Quem? Quem, hem?" E a fallar do poncto fracco põe-se a dupla, por seu lado, do coitado do macaco: "Mas que rabo exaggerado!" Conclusão: ninguem repara no seu poncto deformado, no seu cu, na propria cara, si não for do seu aggrado.


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A RACCONTADA FABULA DA MINHOCA E DA LAGARTIXA [3665] A minhoca, quando a enxada deceppou pela metade seu corpinho, deu risada e enfrentou: "Vamos! Me enxade!" Commentou a despeitada lagartixa: "Faculdade tambem tenho, ao ser cortada, de exhibir vitalidade!" E espichou para a minhoca seu rabão, como quem mande conferir. Mas quem cavoca o terreno a enxada brande... Num só golpe, a lagartixa cala-se, antes que debande. Sem cabeça, a lingua espicha. Moral: quando a inveja é grande...


46 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DO BODE E DA CABRA [3666] O Diabo tem ao Cão a figura associada. Mas quem paga o pato não é o cachorro, não, que nada! A maldicta associação cabe ao bode, e não lhe aggrada ser culpado, de antemão, das maldades, toda e cada. Lamentou-se o bode à cabra que seu caso saiba a Dante e ella disse esta maccabra e infernal phrase, cortante: "Quem mandou fazerem pacto? Vade retro, doradvante!" Moral: paga o bode o pato para o proprio semelhante.


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FABULA DA LESMA E DA BARATTA [3667] Si uma lesma é ja nojenta, outros bichos muito mais! Cada qual convencer tenta de que arrasa em termos taes. Molle, sordida e gosmenta, a lesminha acha demais causar asco, mas enfrenta concorrencias naturaes. Não exsiste alguem que batta, nesse topico, a baratta, com seu cheiro e seu adspecto! Orgulhosa de si mesma, a baratta esnoba a lesma. Moral: palmas para o insecto!

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48 GLAUCO MATTOSO FABULA DO LEÃO E DO TIGRE [3668] O leão, que é soberano, com o tigre não se dá, nem faz parte do seu plano convidal-o para um cha. A tigreza deu o cano na leoa: um bafafá provocou, no fim do anno, e o casal de mal está. Preoccupada, a bicharada, que com isso não tem nada, teme pela paz na matta. Cada intriga à lucta instiga, mas jamais rollou a briga. Moral: trouxa é quem se macta.


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FABULA DO CHIMPANZÉ E DO GORILLA [3669] Toda vez que o chimpanzé vae comer, vem o gorilla e, appós dar-lhe um ponctapé, a banana delle fila. O mais fracco pensa até em vingança, mas estrilla bem baixinho, pois não é corajoso para urdil-a. Chega, emfim, sua vingança: na corrida, não o alcança um gorilla gordo e lento. Nunca mais perde a banana e o mais forte é quem se damna. Moral: coma sempre attento!

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50 GLAUCO MATTOSO FABULA DA HYENA E DO LEÃO [3670] Uma hyena, que vivia da desgraça alheia rindo, dessa vida se entedia e não acha o dia lindo. Ja perdeu sua alegria e o prazer, antes infindo, de gozar ante a agonia dos que dor estão sentindo. De repente, advista a hyena um leão, que o azar condemna a perder toda a visão. Ella, então, na gargalhada cae de novo, motivada. Moral: sarro os cegos são.


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FABULA DO MACACO E DO PORQUINHO [3671] O macaco se acha o bom e, num "game", é feito gente. Nos teclados joga com o porquinho intelligente. O porquinho entende o som e as imagens tem na mente, mas nos micros não tem dom de teclar, por mais que tente. Ri o macaco, que é excarninho: "Ei, leitão! Use o focinho!" E ao porquinho, assim, dá certo! Eis que, agora, o porco batte no macaco! Moral: tracte de evitar o jogo aberto!

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52 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DA TATURANA E DA CENTOPÉA [3672] Presumpçosa, a taturana esnobou a centopéa ao dizer: "Você se enganna si de mim faz esta idéa! Eu serei a soberana borboleta! Ouviu, tetéa?" A lacraia sente gana de exganar essa mocréa. Porem, antes que a lagarta se transforme, as coisas vão peorando: o azar descharta suas chances de ascensão. Exmagada por um casco na total desattenção, virou gosma e fez fiasco. Moral: tenha os pés no chão!


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FABULA DA CIGARRA E DAS FORMIGAS [3673] As formigas dando duro e a cigarra na gandaia: chega o hinverno e passa appuro quem folgou, ao sol, na praia. Vae pagar ella, com juro, pela folga, caso caia desmaiada ao pé do muro dum bordel da sua laia. O puteiro, um formigueiro disfarsado, o tempo inteiro foi abrigo da cigarra. Hoje, emfim, ella labuta, juncto às outras, como puta. Moral: preço tem a farra.

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54 GLAUCO MATTOSO FABULA DA ARANHA E DO PASSARINHO [3674] Sendo até maior que um gatto, uma aranha cabelluda sobre um passaro insensato cae e as garras nelle gruda. "Um momento! Eu não sou pratto para aranhas! Não se illuda", diz a presa. E a aranha: "Eu macto qualquer victima carnuda!" Vendo o passaro que nada vae salval-o, uma biccada dá num olho da mygala. Outros passaros darão mais biccadas... Conclusão: tanta gula vae cegal-a.


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A RACCONTADA FABULA DA PULGA E DO PERNILONGO [3675] Pernilongo e pulga são hematophagos; piccada dos dois causa comichão, e ella delle dá risada: "Sou mais agil, seu bobão! Picco e pullo!" A despeitada de helicoptero e avião uma inveja tem damnada. O mosquito, por seu lado, que é, dos dois, mais innocente, voar pode, mas, coitado, crê na pulga e mal se sente. Moral: causa o mesmo damno que um ou outra se alimente, mas, bebendo sangue humano, ninguem pode estar contente.


56 GLAUCO MATTOSO FABULA DO MACACO E DO LEÃO [3676] O macaco caga e não limpa a bunda: tem preguiça. Rigoroso, acha o leão que é o cu limpo uma premissa. Chama às fallas o cagão e admeaça: na justiça da floresta, a punição ao cu sujo é levar piça. Mas o mono, que não quer ter postura de mulher, vae correndo o cu lavar! A macaca dá risada: não precisa lavar nada. Moral: nada como o lar!


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A RACCONTADA FABULA DO PERIQUITO E DO PARDAL [3677] Periquitos sempre em bando andam, fazem algazarra e, das aves fofocando, um aos outros assim narra: "Imagine, gente! E quando um canario a baba excarra? E esse atroz som echoando si uma arara abre a boccarra?" Quem escuta a gritaria dos verdinhos, que são varios nos seus typos, assim pia: "Mas que escoria! Que ordinarios!" É um pardal, que aos pardaes falla. Mas podiam ser canarios. Toda especie, assim, se eguala. Moral: Passaros? Compare-os!


58 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DO COELHO E DA TARTARUGA [3678] Quem é sadico é o coelho! Mal advista a tartaruga, rindo, ordena: "De joelho! Isso! Assim! Nem pense em fuga!" A coitada aguenta o relho, o pisão de quem subjuga seu pescoço, e lambe o artelho do aggressor, ruga por ruga. O coelho até se senta, desfructando da vantagem, sobre as costas dessa lenta e submissa carruagem! Conclusão: na Natureza não ha sancto nem ha pagem: mais a victima é indefesa, mais carrascos assim agem.


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FABULA DA ABELHA E DA FORMIGA [3679] A abelhinha conversava com a timida formiga: "Mas você se sente escrava? Que desdicta! Não me diga!" "A rainha é muito brava! Caso alguma ella persiga, cruzes! Nosso azar se aggrava neste hinverno, minha amiga!" Commovida, a abelha pensa: "Na colméa é menos tensa e penosa a escravidão..." Mas responde: "Tambem nós supportamos nossa algoz!" Moral: chore sempre, irmão!

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60 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DO CAVALLO E DO BURRO [3680] Ao carissimo cavallo disse o burro: "Eu sou barato mas nem ligo, nem me abballo, e meu dono eu desaccapto!" O cavallo sente o callo no qual pisa o asno: "De facto! Vou tambem desaccaptal-o!" E rebella-se, insensato. Vendo o dono que elle teima, manda ao demo que o carregue: no pregão seu preço queima e vendel-o, assim, consegue. O corcel agora puxa só carroça, ao trampo entregue. Desolado, pensa: "Puxa!" Moral: nunca imite um jegue!


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FABULA DOS VERMES E DO ABUTRE [3681] A caveira descarnada não está, pois 'inda resta muito musculo: mais nada quer um verme para a festa! Varios delles cavam cada buracão nessa indigesta podriqueira! O abutre brada: "Vou ficar de fora desta?" Pousa o passaro, que estraga o banquete! "Mas que praga!", dos verminhos berra a turma. Conclusão: quem apprecia um cadaver quando exfria, que no tumulo não durma!

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62 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DO PATINHO E DOS CYSNES [3682] Os cysninhos todos são implacaveis com o pato: delle gozam o pezão feio, torto, largo e chato. O patinho a gozação considera um desaccapto, mas não liga muito, não, pois os tracta até com tacto. Elle sabe como o cysne, mesmo sendo tão famoso, teme tudo quanto tisne sua fama de formoso. E os que fallam mal tambem, appesar dum ar garboso, seus pés chatos todos teem... Moral: chato é ser gostoso.


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A RACCONTADA FABULA DA CORUJA E DO PAVÃO [3683] Protectora, a mãe coruja seus pimpolhos elogia: "Nem pavão os sobrepuja em belleza, à luz do dia!" O pavão, que a dicta cuja metteu nessa, a analogia repudia: "Gente suja! Comparar-me é covardia!" No entender das corujinhas, tudo em torno dellas versa: da mamãe as ladainhas são questão incontroversa. Conclusão: nem o pavão é tão bello, na diversa proporção, nem ellas são la tão feias! É conversa!

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64 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DO TUBARÃO E DO CARANGUEJO [3684] Um centolla e um tubarão desentendem-se: dá ensejo à querella a opinião que se faz do caranguejo. "Contra mim todos estão e assassino eu não me vejo! (falla o peixe) Por que não te acham bruto e malfazejo?" Discordando, acha o centolla que ninguem é tão algoz e a respeito delle rolla a má fama de feroz: "Eu só macto estando à caça! Sou calminho estando a sós! Não mutilo alguem de graça!" Moral: todos contra nós!


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A RACCONTADA FABULA DA VACCA ATOLADA [3685] Ja passou toda a boiada e ficou somente a vacca atolada alli, coitada, com carinha de babaca. "Foi pro brejo!", dá risada quem a vê: difficil paca retiral-a! Chateada, a vaquinha pensa e saca: "Si ficar o dia todo aqui presa, quem me accuda não virá mesmo, e eu me fodo! É melhor pedir adjuda!" Moral: tanto abriu o berro e nem tendo voz aguda, que o soccorro veiu, e encerro... Só no grito a coisa muda.

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66 GLAUCO MATTOSO FABULA DO SAPO ENCANTADO [3686] Diz um sapo ao outro: "Eu não sou commum como você! Sou eu principe! É questão só dum beijo e alguem que o dê!" O outro diz: "Mas onde, então, a princeza está? Cadê?" E risada todos dão dum condão que ninguem vê. Passa o tempo, até que, um dia, dá um beijinho a velha thia no coitado, ja descrente. Transformado, emfim, num velho, só uma bruxa não repelle-o. Moral: sapo é que nem gente.


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A RACCONTADA FABULA DOS POMBOS CARNIVOROS [3687] Na calçada, o tempo inteiro, pombos comem a salsicha meio podre, si o dogueiro a jogou fora e se lixa. Mais experto é quem primeiro conseguir biccar: a rixa come solta e nem o cheiro sente um delles, o mais bicha. O pombinho, que é luxento e os provoca quando riram, falla então: "Só me contento com salsicha fresca, ouviram?" Conclusão: desdenha agora que seus luxos ja se viram, mas, mais tarde, em jejum, chora quando os outros se retiram.

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68 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DA ARANHINHA DAMNINHA [3688] Pappamosca, a aranha tem sentimento conflictante: nem carnivora ser, nem tão gentil que nos encante. Nós, insectos, somos bem callejados e, durante toda a noite, temos quem nos persiga e quem nos jante! São tarantulas, mygalas! Mais qual dellas envenena? São famintas, e evital-as não exclue a mais pequena! Si esta vive seu conflicto, nada temos com a scena! Um mosquito é mais afflicto! Moral: nada de ter pena!


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FABULA DO AVESTRUZ E DO ABUTRE [3689] O avestruz come de tudo, até sola de sapato. Diz o abutre: "Eu não me illudo! Só cadaver é meu pratto!" E discutem: mais biccudo quem seria? "Não me macto por qualquer milho mehudo! (falla aquelle) Não sou pato!" Um marreco, ouvindo o pappo, pensa: "Dessa eu não excappo! Pago o mico, e não demora!" Dicto e feito! Os dois, ao vel-o, pensam: "Dor de cotovello tem quem tanto não devora!"

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70 GLAUCO MATTOSO A RACCONTADA FABULA DO URSO E DO GATTINHO [3690] Não se achando tão bemvindo entre os gattos, um pelludo urso pensa: "Não sou lindo! Sou grisalho e barrigudo!" Mas no poncto está dormindo, pois seu typo, mais que tudo, é o desejo que curtindo vem algum gattinho, mudo. Nos padrões do pederasta, ao qual tudo é natural, a paixão dos dois contrasta quasi nada, por signal. Não se enganna a Natureza: chances acha cada qual. Sempre exsiste alguma presa esperando outro animal.


CYCLO "CANTIGAS ANTIGAS E POSTMODERNAS"



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BASHA BAZI [2.21] Julgavas que eu invento o que versejo? Estás desinformado da tremenda barbarie que a internet, em offerenda, nos disponibiliza a todo ensejo! Estavas ja chocado com a venda de escravas menininhas no varejo dalgum estado islamico? Pois vejo haver mais coisa ainda que te offenda! Eu, sendo um afegão, digo-te: inflijo o mesmo aos menininhos e acho linda a scena em que um escravo meu, ainda impubere, me chupa o phallo rijo! Te expantas? Tradição alli, não finda aquillo ante o Corão! Sorvendo o mijo dos tiras e milicos (nem me afflijo com isso), o fellador mirim nos brinda! Entendo que uma scena assim te ennoja, mas sabes que em meus versos nunca escondo taes factos, que os blogueiros vão expondo somente agora, como moda em loja... Consola-te, comtudo: as midias, cuja moral se autocensura, teem profundo horror ao vil pedophilo, ao immundo reporter que por themas taes babuja...

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74 GLAUCO MATTOSO DEZ DECIMAS [0034] Você ja masturbou, aos mezes septe, seu fofo bebezinho? Pois comece! A mesma educadora que uma prece sublime e piedosa nos repete é aquella que suggere até boquette si a bimba ainda molle nada sente nem rende ao manuseio experiente! Insista, que o pimpolho perde o medo! Masturbe seu bebê que, desde cedo, sahude elle terá sexualmente! Não sabe o que fazer? A mestra ensigna. Primeiro, do rebento excite o sacco fazendo coceguinha. Nem destacco detalhes nesse methodo que fina pericia não requer nem determina. Depois que elle sorriu e, de repente, começa a chorar, novo gesto invente e toque uma bronhinha em arremedo! Masturbe seu bebê que, desde cedo, sahude elle terá sexualmente! Da coisa não tractou o pediatra? Ah, foda-se! Mais sabe uma "pastora"! De apostolos discipula não fora, alem de outros "pastores" que idolatra! Devia consultar um psychiatra? Talvez, mas tem prestigio uma decente ministra que do cargo põe-se à frente! Alguem lhe nega credito? Eu concedo! Masturbe seu bebê que, desde cedo, sahude elle terá sexualmente!


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Disseram freudiana ser a tal ministra crente e casta, mas duvido que seja defensora da libido. Appenas posição terá mental accerca duma phase natural na vida do futuro adolescente. Especie essa attitude causa à gente? Paresce de comedia tal enredo? Masturbe seu bebê que, desde cedo, sahude elle terá sexualmente! O "peste" está attingindo a puberdade? Normal que elle se exporre na cueca! Nem bem a amarellenta mancha secca, de novo se molhou! Que elle se enfade da bronha não espere! Nem abbade, nem padre é punheteiro tão frequente! Tambem jamais extranhe que elle tente gozar no cu mettendo fundo o dedo! Masturbe seu bebê que, desde cedo, sahude elle terá sexualmente! Leitores protestaram que é boato de espuria procedencia tal noticia. Tambem dizem que eu mesmo, com malicia, encaro um thema serio e desaccapto quaesquer principios, feito um insensato. Mas vamos combinar que thema quente não falta na politica recente de tão escatologica nação. Masturbe seu bebê que, de antemão, sahude elle terá sexualmente!

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76 GLAUCO MATTOSO

Si, em vez duma ministra moralista, dum homosexual a theoria partisse, então me digam: que teria causado o caso? Logo numa lista de escandalos pedophilos, malvista, entrava aquella hypothese imprudente! Como é que um gay suggere, impunemente, num anjo practicar masturbação? Masturbe seu bebê que, de antemão, sahude elle terá sexualmente! Poeta que sou, posso, todavia, tractar do assumpto como outro qualquer, assim como refiro-me à mulher, ao velho, ao cego, ao gordo. Putaria faz parte dos costumes e ironia da satyra. A mim proprio repellente o abuso de creanças é. Mas ente satanico algum falta à temptação? Masturbe seu bebê que, de antemão, sahude elle terá sexualmente! Na certa não fui, cedo, masturbado, mas bullying ja soffri, sobre o que narro. Portanto, não me ommitto quanto ao sarro implicito, nem disso aqui me evado. Si caricaturar eu fosse o lado ridiculo da scena, saliente crescia logo um pincto, que innocente não era, ja precoce em seu tesão! Masturbe seu bebê que, de antemão, sahude elle terá sexualmente!


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Na satyra mordaz, mal alguem toca punheta no menino, o pau mais grosso lhe fica do que o braço ou seu pescoço! De subito, a longuissima piroca, entrando pela bocca da dondoca que, sem querer, está della tão rente, induz à fellação inconsequente, do orgasmo, até, capaz, creiam ou não! Masturbe seu bebê que, de antemão, sahude elle terá sexualmente!

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78 GLAUCO MATTOSO MADRIGAL EMOCIONAL [0076] Chorosa, a dona Rosa se commove, embora a filharada a desapprove. Novellas vendo, chora. Tambem chora nas scenas de catastrophe e miseria, aqui por perto, ou longe, mundo affora. Sim, ella é molle, embora não tolere a menor birra dos filhos. Si um demora naquillo que mandou, a surra é seria! MADRIGAL SENSACIONAL [0078] "Mãe batte em quattro filhos com chicote de couro", eis a manchette que dá motte. Prenderam-na, accusada de tortura, alem de outros delictos. Sua prole ficou com a vizinha, que é mais dura ainda. Si é difficil o controle de taes pestinhas e ella não attura pirraça, acho que o relho não se abole... Si é caso de mão dura ou bunda molle não sei, mas nos jornaes choca a figura do corpo da vizinha: o fogo engole a velha admordaçada, emquanto jura um delles innocencia, sem que colle, na cara do pivete, tal candura...


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MADRIGAL GENIAL [0089] Cansada dos pestinhas, dona Rosa emfim teve uma idéa luminosa. Seus filhos são terriveis, mas a boa senhora se lembrou de que elles são, tambem, louquinhos pela sua broa. Foi simples: na receita, um certo grão dosou, que não constava. Não enjoa nem nada, mas accalma até leão! MANIFESTO HYGIENISTA [0097] "Boneca cadeirante? Que mau gosto! Não falta, ja, mais nada fabricar! Tambem fazem boneca com o rosto marcado? Deformado? Com esgar? Ainda mais fabricam? Eu disposto não posso me sentir a perguntar que typo de alleijado, de supposto monstrengo, ou de xiphopago, logar terá nesse indecente e descomposto elencho de brinquedo hospitalar!" Ouvindo quem diz isso, meu desgosto augmenta. Sou levado a constatar que é facil simular um mau encosto cegando uma normal: é só furar seu olho, ou arrancar e, nem reposto, voltava a bonequinha a me enxergar...

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80 GLAUCO MATTOSO MANIFESTO SOCIALISTA [0258] {Eu acho um desrespeito que se chame menor de "trombadinha", de "pivete" ou mesmo de "infractor"! Só de "carente" acceito que se chame, Glauco! Ouviu você, na sua vida, alguem chamar maior de "trombadão"? Eu puta fico, pois, sendo uma assistente social, quero uma sociedade mais humana, mais justa, que não puna adolescentes com pena de prisão! Glauco, lhe digo com toda a minha practica no tracto com elles: muito triste é ver meninos reclusos, masturbando-se escondidos, com medo de exporrar do monitor na frente! Não lhe causam dó, tambem?} -- Si causam! Sem alguem que o pau lhes mamme, que faça a quelle lubrico boquette, é mesmo um desperdicio de semente, né? Vamos combinar! Si quem pariu foi puta, não importa. Si tem lar christão ou não, tambem. Menino rico não vae para a prisão. Quanto a mim, mal num delles penso, sinto o que lhe emana dos tennis encardidos... Repellentes não acho uns pés daquelles, pois consigo cheirar tal chulezinho num pé chato, ainda que em imagem. Fescenninos poemas tenho feito, de bandidos tractando, mas você tem mais amor a dar-lhes, certamente. E fará bem.


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MANIFESTO SEPARATISTA [0260] {Alem de ouvir do golpe do bahu fallar, ouço do golpe da barriga! Assim não é possivel! Mãe eu sou, casada, monogamica! Não posso com isso concordar, Glauco! Porem, não é que minha prima, alem de dar taes golpes, defensora até se faz daquella "alienação" que "parental" se chama por ahi? Sim, ella diz que os filhos teem pae bicha, pae veado! Na cara delles falla, Glauco! Pode?} -- Magina! Que barraco! Ja no cu tomar ouvi que mandam uma amiga que tenho, mãe tambem. Não, nunca dou razão a quem nos filhos esse troço inculca, por vingança contra alguem que conjuge ja fora. Não que um lar eterno que ser deva, mas as más e sujas linguas fazem dum casal motivo de desdem. Mais infeliz se mostra quem xingou. Ninguem do lado lhe fica. Quem maldiz é quem se fode.

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82 GLAUCO MATTOSO CIRANDA QUE DESANDA [0365] {Estou aqui pensando, Glauco, aonde chegamos, chegaremos, em materia de infancia corrompida... Glauco, veja! O funk excappa a todo padrão ethico, esthetico, ou appenas musical! As lettras erotizam a menina do modo mais abjecto, Glauco! Pode? Um desses "emecês" obriga a sua "novinha" a adjoelhar para fazer boquette, Glauco, frente ao "bonde" todo! Ainda a menininha vae chupar o resto da patota, Glauco! Onde é que vamos parar, Glauco? Os taes valores moraes, civilizados, nada valem?} -- Ouvi fallar. Pedrinho fui, de escondeesconde ja brinquei, mas esse fere a candura dos Pedrinhos. Quem rasteja, agora, não sou eu, que ja prophetico me torno, mas a "mina", que tem tal dom para a fellação mais libertina, gruppal e cultural de quem se fode em publico. Quem quer que prostitua menores é covarde e meu dever de vate é criticar. Mas eu me fodo assim desde menino, si é vulgar, nas areas suburbanas, lamber pé na marra, chupar rolla, sem pudores. Censores jamais deixo que me calem.


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RANHETA GRETA [0439] Estou magoadissima, ah, si estou! Irei ja convocar greve geral! Não! Quero uma global, pensando bem! Meu lindo planetinha todos nós, teenagers do mundinho todo, vamos parar, vocês verão! Eu vim aqui, tão crente e esperançosa, convidada que fora, mas, ouvindo esse discurso vazio, magoada fiquei! Como commigo fazem isso? Destruindo estão a minha linda, crente infancia! A minha linda casa de bonecas (o nosso planetinha) vae ficar sequinho, devastado! Magoada estou! Vou procurar outro caminho! E então? Do meu futuro, o que restou? E tantas creancinhas, que são mal amadas? Nisso pensa alguem? Hem? Hem? Não fica assim a coisa! Minha voz farei ouvir! Irão nossos reclamos nas redes propagar o que senti! Advante! Todos junctos, molecada! Não quero conversar só com meu urso, tão fofo, de pellucia! Agora sommo a minha birra às outras! Nosso lindo mundinho devastar vae a ganancia dos homens? Não podemos deixar! Necas! Parar irei a Terra, nosso Lar! Mas sabem por que estou tão chateada? O Glauco me mandou catar coquinho!

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84 GLAUCO MATTOSO THESE CORROBORADA [0454] {Tu leste, Glauco, o texto? Os homens agem assim na Antiguidade! Sim, refere o estudo que a menina cega à zona estava destinada! Sim, fatal funcção, a da ceguinha que, bollachas levando, chuparia rolla à bessa! Menino cego tinha seu medonho destino, tambem, pelo que ja leio: viver escravizado! Tens notado, Glaucão, como tractados feito gado humano os cegos foram? Eu attesto: não vejo differença num plebeu moleque desse tempo, si estivesse vivendo no presente! Sim, até que podia ser peor hoje! Que pensas?} -- Ja muito li, reli, sim, tal passagem do texto scientifico, bem serio e grave, por signal. Mais me impressiona o caso do menino, com o qual melhor me identifico. Ora, não achas que "escravo" significa, tambem, essa funcção de prostituto? Ja supponho, por minha propria compta, sem receio de errar, que esse menino está fadado a ser bom fellador, pois que treinado será para chupar, por todo o resto da vida, maior prazo do que meu destino permittiu. Não te paresce que devo ter inveja do moleque? Convem analysar as differenças...


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ABUSO INFANTIL [0460] {Você experimentou, Glauco, brincar de "tudo que seu mestre mandar" quando creança? Si brincou, se lembra bem das ordens humilhantes e nojentas! E então? Pois eu me lembro bem! Gostava de, sendo o mestre, impor ao escravinho que todos os meus peidos adspirasse, alem de me cheirar o pincto, o pé! Hem, Glauco? Si brincassemos, você iria adorar essa pose minha de sadico mirim, ou apprendiz! Foi pena não crescermos junctos, cara!} -- Foi mesmo. Nesse caso dei azar, tal como em muitos outros. Seu commando seria apprendizado para alguem ja meio cego, meio nas cinzentas visões apprisionado. Foi escrava a minha lingua doutros, no caminho da eschola, algo mais tarde, mas na classe eu era respeitado. Fui até melhor alumno. Pena que não dê p'ra gente reviver a creancinha sacana que ja fomos. Foi feliz a gente e sou quem, hoje, mais se azara...

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86 GLAUCO MATTOSO CUIDADOS INSPIRADOS [0491] {Tarantulas soltou, o damnadinho, em pleno corredor dum hospital! Calculas, Glauco, o panico que cria um unico exemplar da cabelluda especie? Pois calcula varias dellas à solta, transitando pelas camas de cada enfermaria, cada quarto! Não achas que o menino se excedeu nas suas travessuras, Glauco? Diz!} -- Sim, posso calcular. Eu ja adivinho o susto de quem soffra dalgum mal mais grave, preso ao leito, quando espia em torno. Ficará sua voz muda de expanto. Mal refeito das sequelas, da aranha não excappa. Me conclamas a dar algum palpite? Dum infarcto na certa morrerá quem ja soffreu daquillo. E quanto ao sadico pettiz? {Ahi que está! Pegaram o damninho subjeito bem no flagra! Mas o tal moleque protecção tinha da thia ricaça! Ficou tudo em linguaruda fofoca, alguma morte em tagarellas intrigas! Abbafaram essas tramas e nada accontesceu! Eu não descharto que culpem um moleque mais plebeu por essa traquinagem infeliz...}


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INFINITILHO DA MULHERADA MARAVILHADA [0707] {Glaucão, eu fico puto! Cê sabia que "jovens infractores" tambem teem direito de ter "intima visita"? Puteiro de bandido ja virara a penitenciaria para adultos! Peor, muito peor, é sustentar com grana dos impostos um puteiro mirim, Glauco! Pois é! Com camisinha, até lubrificante, pagos com o nosso dinheirinho, Glauco! Fico putissimo! Tambem eu quereria putinha nova assim, 'inda de graça! Glaucão, que tem você para dizer?} -- Suspeito sou, por causa da mania que tenho por chulé dos que a FEBEM ja tenham frequentado. Você cita prostibulos de estado. Tá na cara que taes "namoradinhas" jamais cultos de egreja acceitarão, alem dum lar. Tambem eu quereria meu dinheiro usar para pagar, dum trombadinha, o cheiro chulepento, o sabor bom daquelle seu pezão. Si fosse rico, eu varios contractava. A poesia me serve de consolo. O que se passa la dentro ja supera meu prazer...

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88 GLAUCO MATTOSO BALLADA DA MOLECADA [0710] Primeiro, elles bullyingam o collega ceguinho, que chamaram de Mané. Dão gritos perto delle, com um "Pega!" simulam que um cão quasi no seu pé está, ficam a rir si elle excorrega. O cego não reage, docil é. Indaga a Deus por que seus olhos cega. Depois, passam a dar-lhe tapas por detraz, depois até lhe dão rasteira. Cahido, alguem no rosto o pé lhe pôr é facil. Lhe caçoam da cegueira, dizendo que distinguem cada cor. O cego de chorar ja fica à beira. Alguns o chamarão de Chupador. Um dia, a molecada delle quer que chupe, que a chupar caralho apprenda. O cego quer fugir, mas nem siquer dois passos dá. Por baixo na contenda, accaba adjoelhado. O que puder fará com sua bocca, até que attenda a todos e se exmere em seu mester. Agora, Chupador ja nem discute nem tenta fugir. Chupa alguem que mande. Não chora nem se queixa caso escute piadas dum piá, pequeno ou grande. Lembrar-se de quem delle bem desfructe irá, pois logo uns versos elle escande, cantando que levou pisão e chute.


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INFINITILHO DOS FILHOS [0931] {Agora virou moda, Glauco! Um filho não topa a sua mãe, nem com a cara do pae vae! Então pega num porrete e batte na cabeça delles, batte até sahir o cerebro p'ra fora! Depois acha que basta pôr no carro os corpos, queimar tudo... Falta só seguros receber, herança boa no bolso collocar! Si fosse tão tranquillo, tão impune, que seria dos paes da molecada, Glauco? Ouvi fallar que subiu muito o preço desses bastões de beisebol... Será verdade? Não fica mais barato um simples pau sem griffe, popular, de maccarrão?} -- É mesmo. No radinho, sempre pilho um caso desses. Drogas, quem repara verá, por traz estão desse macete usado pelas proles. Ha quem macte papae, mamãe, com faca, muito embora um tiro de revolver (como narro em outros versos plenos de xodó dos paes com o filhinho) não se enjoa ninguem de empregar, nessa situação. É como sempre digo: mais valia a pena ter bassês, não um gury rebelde. Confiança tenho nesses cachorros, mais que em gente. Quem não ha de amar esses anjinhos? Nenhum mau será, só teimosinho. Todos são.

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SUMMARIO CYCLO "MINHAS CIRANDINHAS" (I a X) [3491/3500].....................9 CYCLO "GLOSAS FABULOSAS" Batatinha, quando nasce, se exparrama pelo chão. [0216]...........17 Eu que mando, a bolla é minha! Ou então não brinco mais! [0217]...18 Eu sou pobre, pobre, pobre de marré, marré, marré... [0218].......18 Não tolero que alguem possa molestar uma creança. [0219]..........19 De cowboy brinca o menino e a menina de casinha. [0220]...........20 Creançada que não zoa não é muito natural. [0221].................20 Qualquer livro adulto pode ser infantojuvenil. [0222].............21 Eu primeiro fui da classe mas na vida estou attraz. [0224]........22 Na ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar. [0232]..............23 Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar. [0233]............23 Esse annel que tu me deste era vidro e se quebrou. [0234].........24 Esse amor que tu me tinhas era pouco e se accabou. [0235].........24 Si for homem, ó Pedrinho, entre dentro dessa roda! [0236].........25 Diga um verso bem bonito, diga addeus e va-se embora. [0237]......25 Canto "Palma, palma, palma..." Vou cantando "Pé, pé, pé..."[0238].26 Canto "Roda, roda, roda, caranguejo peixe é! [0239]...............26 Quando eu fui no Tororó beber agua, não achei. [0240].............27 Approveita, minha gente, que uma noite não é nada! [0241].........27 Si esta rua fosse minha eu mandava ladrilhar. [0242]..............28 O rapaz, que jogo faz? Faz o jogo do gamão. [0243]................28 Manda la Mané João que retire o seu pezinho. [0244]...............29 CYCLO "FABULAS MOTTEJOSAS" FABULA DA BARATTA E DAS GALLINHAS [3647]..........................33 FABULA DO PAPAGAYO E DO MACACO [3649].............................34 FABULA DO POODLE E DO DACHSHUND [3650]............................35 FABULA DO ESCORPIÃO E DO RATTO [3651].............................36 FABULA DA ARANHA E DO CARANGUEJO [3654]...........................37


FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA FABULA

DA FRIGIDEIRA E DO FOGO [3655].............................38 DO ELEPHANTE E DA FORMIGUINHA [3657].......................39 DO ELEPHANTE E DO CAMUNDONGO [3658]........................40 DO SAPO QUE PAGOU O PATO [3659]............................41 DA RAPOSA SOLTEIRA [3660]..................................42 DO LOBO E DA OVELHA [3662].................................43 DO MORCEGO E DO PATO [3663]................................44 DA MINHOCA E DA LAGARTIXA [3665]...........................45 DO BODE E DA CABRA [3666]..................................46 DA LESMA E DA BARATTA [3667]...............................47 DO LEÃO E DO TIGRE [3668]..................................48 DO CHIMPANZÉ E DO GORILLA [3669]...........................49 DA HYENA E DO LEÃO [3670]..................................50 DO MACACO E DO PORQUINHO [3671]............................51 DA TATURANA E DA CENTOPÉA [3672]...........................52 DA CIGARRA E DAS FORMIGAS [3673]...........................53 DA ARANHA E DO PASSARINHO [3674]...........................54 DA PULGA E DO PERNILONGO [3675]............................55 DO MACACO E DO LEÃO [3676].................................56 DO PERIQUITO E DO PARDAL [3677]............................57 DO COELHO E DA TARTARUGA [3678]............................58 DA ABELHA E DA FORMIGA [3679]..............................59 DO CAVALLO E DO BURRO [3680]...............................60 DOS VERMES E DO ABUTRE [3681]..............................61 DO PATINHO E DOS CYSNES [3682].............................62 DA CORUJA E DO PAVÃO [3683]................................63 DO TUBARÃO E DO CARANGUEJO [3684]..........................64 DA VACCA ATOLADA [3685]....................................65 DO SAPO ENCANTADO [3686]...................................66 DOS POMBOS CARNIVOROS [3687]...............................67 DA ARANHINHA DAMNINHA [3688]...............................68 DO AVESTRUZ E DO ABUTRE [3689].............................69 DO URSO E DO GATTINHO [3690]...............................70


CYCLO "CANTIGAS ANTIGAS E POSTMODERNAS" BASHA BAZI [2.21].................................................73 DEZ DECIMAS [0034]................................................74 MADRIGAL EMOCIONAL [0076].........................................78 MADRIGAL SENSACIONAL [0078].......................................78 MADRIGAL GENIAL [0089]............................................79 MANIFESTO HYGIENISTA [0097].......................................79 MANIFESTO SOCIALISTA [0258].......................................80 MANIFESTO SEPARATISTA [0260]......................................81 CIRANDA QUE DESANDA [0365]........................................82 RANHETA GRETA [0439]..............................................83 THESE CORROBORADA [0454]..........................................84 ABUSO INFANTIL [0460].............................................85 CUIDADOS INSPIRADOS [0491]........................................86 INFINITILHO DA MULHERADA MARAVILHADA [0707].......................87 BALLADA DA MOLECADA [0710]........................................88 INFINITILHO DOS FILHOS [0931].....................................89



Titulos publicados: A PLANTA DA DONZELLA ODE AO AEDO E OUTRAS BALLADAS INFINITILHOS EXCOLHIDOS MOLYSMOPHOBIA: POESIA NA PANDEMIA RHAPSODIAS HUMANAS INDISSONNETTIZAVEIS LIVRO DE RECLAMAÇÕES VICIO DE OFFICIO E OUTROS DISSONNETTOS MEMORIAS SENTIMENTAES, SENSUAES, SENSORIAES E SENSACIONAES GRAPHIA ENGARRAFADA HISTORIA DA CEGUEIRA INSPIRITISMO MUSAS ABUSADAS SADOMASOCHISMO: MODO DE USAR E ABUSAR DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO DESINFANTILISMO EM DISSONNETTO SEMANTICA QUANTICA INCONFESSIONARIO DISSONNETTOS DESABRIDOS SONNETTARIO SANITARIO DISSONNETTOS DESBOCCADOS RHYMAS DE HORROR DISSONNETTOS DESCABELLADOS NATUREBAS, ECOCHATOS E OUTROS CAUSÕES A LEI DE MURPHY SEGUNDO GLAUCO MATTOSO MANIFESTOS E PROTESTOS LYRA LATRINARIA DISSONNETTOS DYSFUNCCIONAES O CINEPHILO ECLECTICO A HISTORIA DO ROCK REESCRIPTA POR GM SCENA PUNK CANCIONEIRO CARIOCA E BRAZILEIRO


São Paulo Casa de Ferreiro 2021




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