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LINGUA PUTANHEIRA [1012]

A lingua deflorada, puta bella, a um tempo é despudor e compostura. Menina virgem, sim, porem impura: tem cabacinho mas caralhos fella.

Quero-te assim, cu doce e picca dura, caricia, acto de amor, curra barrella, que tens o dom e o vicio da donzella e o ardor da crueldade e da tortura!

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Amo teus bardos, anjos de Sodoma, bastardos de olho vivo e de anus largo!

Amo-te, ó grosso e doloroso idioma, em que o Pae me chamou “da puta filho” e em que eu choro a cegueira e canto o encargo de usar-te a lamber botas, dando um brilho!

DISSONNETTO PARA UMA SÓ PALAVRA [2525]

A lusa poesia fez eschola cantando os septe mares, mas eu faço questão de terra firme, e meu pedaço de chão ninguem demarca nem controla. Mais amplo que a terrestre esphera, ou bolla menor que o proprio espaço do meu passo, o chão que um cego pisa, tão excasso e immenso, mais que um solo, é o termo “sola”. Assim, no feminino, a sola é minha lembrança da visão, quando o menino pisou na minha cara e eu nove tinha. Combino masculino e feminino. Combino o que pés lambe e o que expezinha. Si tenho de compor, portanto, um hymno ao maximo vocabulo, uma linha bastava: escrevo “sola” e aqui termino.

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