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Acionando a chave da inovação: como alavancar a inovação nas cidades brasileiras

Textos por:

Julio Cezar Agostini,

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diretor executivo do Sebrae/PR

Fabricio Pires Bianchi,

gerente de inovação empresarial do Sebrae/PR Uma metodologia criada com base na experiência da cidade de Londrina (PR) vem ganhando força em território nacional. O objetivo é contribuir com o desenvolvimento das cidades com foco na inovação, aproveitando as vocações e potencialidades locais para um resultado mais rápido e eficaz. Essa evolução da inovação nas cidades envolve desde as universidades até empresas, indústrias e sociedade civil organizada, além de todo o potencial científico e tecnológico existente.

A metodologia foi desenvolvida pelo SEBRAE/PR em parceria com a Fundação CERTI – Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras, uma organização de pesquisa, desenvolvimento e serviços tecnológicos especializados. Para o trabalho, consideram-se os chamados “ecossistemas de inovação”, ou seja, o conjunto de atores que se interrelacionam nos setores estratégicos da economia em determinado território ou município.

Passo 1: Identificar

O primeiro passo do trabalho envolve a identificação das potências locais. É feito um diagnóstico que cruza as vocações locais, regionais e estaduais com tendências globais e nacionais. Além disso, o diagnóstico também identifica o potencial científicotecnológico e acadêmico existente, a fim de visualizar as melhores oportunidades de inovação e em quais setores essas oportunidades se encontram.

Esse passo envolve entender principalmente o conhecimento instalado na localidade e como o conhecimento impacta os setores potenciais.

Para identificar os principais setores, é considerada uma base de 35 setores-chave que podem ajudar a alavancar a inovação em uma cidade, como Tecnologia da Informação e Comunicação, EletroMetalMecânico, Materiais e Química. Nem todos os setores da economia entram como um grande potencial de gerar inovação, justamente porque vários segmentos são grandes “clientes” das inovações que surgem, como é o caso do comércio.

Passo 2: Priorizar

O segundo passo é a análise do nível de maturidade dos principais setores identificados. Geralmente, em uma cidade de pequeno porte, são identificados até 3 setores com potencial de inovação. Já em cidades de médio e grande porte, geralmente são identificados e priorizados entre 4 e 6 setores. A priorização é importante para direcionar os trabalhos com mais clareza e foco.

No processo de priorização, são considerados fatores do ambiente econômico, como a quantidade de empresas de cada setor, assim como a presença de grandes empresas, o número de empregos e o Valor Adicionado Fiscal (VAF), que apontam para os setores que mais representam a economia daquela localidade. Cerca de 20% dos setores econômicos de uma cidade representam a economia local, o que permite identificar alguns setores em potencial para a inovação.

Já no quesito acadêmico, são considerados fatores como a quantidade de cursos de graduação, mestrado e doutorado, além das pontuações dos cursos de doutorado estabelecidas pelo Ministério da Educação, por meio da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Os cursos com maior presença e qualidade podem representar até 50% do potencial de inovação de uma determinada localidade.

Com base em pesquisas estruturadas, também são identificados os mecanismos de inovação presentes,

considerando ambientes de inovação como aceleradoras e incubadoras. Para complementar, é feita uma pesquisa com representantes de instituições, empresas e sociedade civil organizada (governanças e sindicatos, por exemplo) para identificar as lacunas em cada setor, o que gera uma análise setorial bastante importante, apontando para as barreiras ao desenvolvimento da inovação.

Toda essa análise gera um potente radar, que permite visualizar melhor as oportunidades de inovação local e facilita a priorização dos setores.

Passo 3: Planejar

Com os setores já priorizados, são sugeridas ao menos 6 grandes ações, em pelo menos 3 vertentes. Por exemplo, na vertente Talentos (que envolve pontos como cursos de graduação e disponibilidade de mão de obra) podem ser sugeridas ações para retenção de talentos na economia local. Isso pode demandar uma grande ação, envolvendo universidades e empresas. Ou ainda, na vertente Inovação e Empreendedorismo (que considera pontos como ambientes de Inovação e cultura Empreendedora) podem ser incluídas ações como o estímulo ao surgimento de novas startups. Tudo vai depender da maturidade em que cada vertente se encontra dentro de cada setor priorizado.

Em resumo, havendo a definição dos setores prioritários e seus diagnósticos, cada setor já recebe sua “prescrição” de como proceder: um planejamento estratégico e um plano de ação estruturados para começar o trabalho.

Passo 4: Medir e Evoluir

Tão importante quanto planejar e executar as ações é medir os resultados, visando a evolução ou o desenvolvimento da inovação local segundo os setores estratégicos. Para isso, são usados indicadores de monitoramento, por meio dos quais se torna possível medir a evolução no nível de maturidade do município, conforme o avanço da inovação.

Todo o trabalho desenvolvido resulta na construção ou fortalecimento do chamado “ecossistema de inovação”, que é um conjunto de fatores que estimula a interação entre as instituições, empresas e pessoas de diferentes setores, ampliando a competitividade das empresas, favorecendo a conexão com o potencial científico e tecnológico local e contribuindo com o desenvolvimento econômico orientado pela inovação.

A metodologia representa, assim, uma resposta efetiva para ajudar no desenvolvimento da inovação no País, uma vez que pode ser aplicada em cidades de pequeno, médio e grande porte, por ser um método ágil, prático, replicável e com eficácia comprovada. Cidades no Rio Grande do Sul, Paraná, Maranhão, Amapá e Mato Grosso já passaram pela metodologia e agora acompanham a evolução. Dentre os principais resultados destacam-se um ambiente voltado para a inovação, em que empresas passam a inovar com novos processos, produtos e serviços e startups passam a ter um ambiente mais favorável para sua atuação e crescimento. Também se destacam os empregos melhores e a retenção de talentos na cidade; universidades mais integradas à economia local; políticas públicas com foco em inovação; e inúmeras transformações, que variam conforme a peculiaridade de cada setor e município. Uma rica contribuição, com resultados a curto, médio e longo prazo, que vem acionando a chave da inovação em diversas cidades brasileiras.

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