Revista Home Angels - Ed. 14

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ANO 05 - Nº 14 - 1O SEMESTRE 2020 - R$ 9,00 ISSN 2317-7675

Nós cuidamos de quem você ama.

ABAIXO OS ESTEREÓTIPOS Conheça um glossário da economia dos 60+ e fuja do ageísmo

UNICÓRNIOS PRATEADOS De olho em um mercado trilionário, startups lançam soluções para os maduros

DESAFIOS DA LONGEVIDADE

Jorge Félix: envelhecimento populacional desenha nova geopolítica

Glamour em qualquer idade

A empresária e consultora Costanza Pascolato completa 80 anos com uma única receita de vida: cuide da saúde e viva o momento


A HOME ANGELS estĂĄ preparada para atender quem vocĂŞ ama, mesmo nesse momento de isolamento. Juntos contra a COVID-19.


SUMÁRIO 10 ESPECIAL

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Aos 80 anos, a empresária e consultora Costanza Pascolato aproveita a vida com intensidade, sem descuidar da saúde. Ela conta detalhes de sua história glamourosa no seu mais recente livro A Elegância do Agora

O professor de Economia no curso de Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP) Jorge Félix fala sobre a nova geopolítica desenhada pelo envelhecimento da população

PING-PONG

Foto: Décio Figueiredo

Foto: Divulgação

Foto: Reprodução Instagram

PARA VOCÊ

14 FIQUE DE OLHO

Diante de um mercado que movimenta R$ 1,6 trilhão no Brasil, várias startups lançaram soluções para o público 60+. Saiba mais sobre essa tendência

16 HISTÓRIAS

PARA ACORDAR

Acompanhe a história de Claudia Grande, que aos 60 anos venceu um câncer e uma separação após 33 anos de casamento e criou o Projeto 60 Anos

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AÇÕES & HÁBITOS

Conheça um glossário da economia prateada para se comunicar corretamente com os longevos e evitar estereótipos e preconceitos por causa da idade

A Revista Home Angels é uma publicação semestral produzida, distribuída e comercializada pela Editora Lamonica Multiplataforma. Disponível nas versões digital e impressa EDITORA RESPONSÁVEL

Editora Lamonica Tels.: (11) 3256-4696 - 3214-5938 Publisher: José Lamônica - lamonica@editoralamonica.com.br Edição: Andréa Cordioli (MTb: 31.865) andrea@editoralamonica.com.br Repórter Colaboradora: Renata Turbiani Diagramação: Marcelo Amaral - marcelo@editoralamonica.com.br Diagramador Colaborador: Lucas Barone Faria Foto de capa: Bob Wolfenson

18 SAÚDE EM DIA

Presbiacusia: o nome é estranho, mas seus efeitos são bem conhecidos. Trata-se da perda progressiva da audição em ambos os ouvidos ao longo da vida. Como evitar?

E MAIS: 04 De Tudo um Pouco 13 Pergunte à Home Angels 23 Artigo 24 Encontre a Home Angels

COMERCIAL PROJETOS E VENDAS DE PUBLICIDADE Sede 55 (11) 3256-4696 - 3214-5938 Gerentes Comercial Thais Andrade - (11) 99115-3339 thais@editoralamonica.com.br Gerentes de Contas Bruna Ribeiro - (11) 98568-2920 bruna@editoralamonica.com.br Luzia Rodrigues - (11) 97014-2726 luzia@editoralamonica.com.br Logística e Mercado Mônica Cavalcante - monica@ editoralamonica.com.br Administração e Financeiro Silvia Medeiros silvia@editoralamonica.com.br Assinaturas: (11) 3256-4696 - 3214-5938

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DE TUDO UM POUCO HOME ANGELS LANÇA BLOG COM INFORMAÇÕES SOBRE COVID-19

A Home Angels lançou um blog dedicado à Covid-19 no seu portal www.homeangels.com.br. O objetivo é compartilhar dados, recomendações, detalhes dos procedimentos realizados e dicas com seus clientes, famílias, parceiros e colaboradores nesse momento importante de combate ao coronavírus. Para garantir a atualização dos cuidadores em um cenário em constante mudança, a rede também oferece treinamento online e seus franqueados são orientados a verificarem diariamente a saúde dos colaboradores.

CHEGA AO BRASIL TECNOLOGIA SUÍÇA PARA DETECÇÃO PRECOCE DO ALZHEIMER

No mundo, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem com Mal de Alzheimer. Só no Brasil, estima-se que seja 1,4 milhão. Diante dessa situação, um grupo de neurocientistas desenvolveu um teste para identificar a doença. Trata-se do Biomarcador Digital Altoida, desenvolvido pela suíça Altoida e que chega ao País pela iniciativa da empresa Biocare. Por meio de tecnologias de inteligência artificial e realidade aumentada, a avaliação é feita com um tablet, em poucos minutos, medindo mais de 300 parâmetros para, segundo seus idealizadores, garantir até 94% de precisão no diagnóstico. Os criadores da ferramenta dizem ainda que ela identifica, até dez anos antes do aparecimento da doença, pequenas variações na função cognitiva, memória e velocidade de processamento do paciente. Mais informações: www.instagram.com/altoida_biocare

COLÁGENO HIDROLISADO DA JEUNESSE GANHA SABOR MAÇÃ VERDE

A família de suplemento alimentar Naära, da Jeunesse, tem um novo integrante, o Naära Maçã Verde. Segundo a fabricante, o produto entrega colágeno onde o corpo mais precisa, auxiliando na formação da substância, na manutenção da pele e na proteção contra os radicais livres. Ele contém 11,5g de colágeno duplamente hidrolisado, vitaminas A, C, B6, B12, biotina, ácio pantotênico, zinco, mangamês, cobre e l-cisteína. A linha Naära não tem glúten, é livre de lactose e tem baixa caloria. A novidade tem preço sugerido de R$ 147,82. Mais informações: www.jeunessebrasiloficial.com.br

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LIVRO AMO MINHA IDADE REGISTRA IMPRESSÕES SOBRE A MATURIDADE FEMININA

Pensando na mulher com mais de 50 anos, as idealizadoras do projeto Beleza Pura, Bete Marin, e do site Amo Minha Idade, Edna Perroti, elaboraram o livro Amo Minha Idade, editado pela Oficina do Livro. Ele traz relatos de 33 mulheres maduras de diversos estados do Brasil – dentre elas, a antropóloga Mirian Goldenberg, a atriz Norma Blum e as escritoras Maria do Céu Formiga, Etel Frota e Vera Melo – e aborda temas como sexualidade, amor, beleza, trabalho, direitos, amizades e fragilidade. Está à venda pelo preço sugerido de R$ 36,00. Mais informações: www.oficinaefitora.com.br

CONSUMO DE FRUTAS E VEGETAIS COM VITAMINA A REDUZ INCIDÊNCIA DE CÂNCER DE PELE

Um estudo promovido pela Brown University, dos Estados Unidos, e publicado no Journal of American Medical Association Dermatology, concluiu que comer frutas, verduras e legumes ricos em vitamina A diminui o risco de desenvolver um tipo comum de câncer de pele, o carcinoma de células escamosas. Pelos resultados, ingerir duas cenouras grandes ou uma batata-doce média por dia já reduz em 17% as chances de adquirir a doença. Vale apostar também em alface, damasco, melão, fígado e peixe oleoso.


STARTUP BRASILEIRA CRIA LINHA DE ANTISSÉPTICOS HIDRATANTES SEM ÁLCOOL PARA MÃOS

Para higienização das mãos contra bactérias, fungos e vírus, a startup brasileira Aya-Tech desenvolveu uma linha de antissépticos biocosméticos sem álcool. Ela é composta pelo GY Antisséptico Spray (fabricado com óleo essencial de melaleuca e clorexidina) e o GY Antisséptico Gel (tem os mesmos princípios ativos, além de dihidrocloreto de octenidina). A fórmula dos produtos, que não são testados em animais, foi desenvolvida pela engenheira química Fernanda Checchinato, CEO da Aya Tech e doutora em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O preço sugerido é de R$ 29,90 cada. Outras informações: www.aya-tech.com.br.

HIDRATAR A PELE REDUZ INFLAMAÇÃO DO ORGANISMO

À medida que envelhecemos, nosso organismo passa por um processo inflamatório impulsionado pelo aumento no sangue de uma molécula chamada citocina. Diversos estudos já mostraram que essa condição está associada ao surgimento de doenças crônicas, incluindo Mal de Alzheimer, diabetes e problemas cardiovasculares. Recentemente, um grupo de dermatologistas da Universidade da Califórnia, dos Estados Unidos, identificou que a pele, por ser o maior órgão do corpo, pode ser a responsável por essa inflamação. A boa notícia, segundo eles, é que cuidar adequadamente dela, com o uso diário de creme hidratante, diminui os níveis de inflamação e reduz o risco de muitas das patologias relacionadas à idade.

EXERCÍCIO FÍSICO DIMINUI O RISCO DE FRATURA EM MULHERES MAIS VELHAS Mulheres mais velhas que fazem exercícios, mesmo os mais leves, como uma caminhada diária, diminuem o risco de sofrer uma fratura no quadril, lesão potencialmente incapacitante e até fatal para adultos de mais idade. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade Estadual de Nova York, dos Estados Unidos, que envolveu mais de 77 mil mulheres americanas, com idade entre 50 e 79 anos e analisou os tipos de exercícios relacionados ao risco de fratura de quadril e outras quebras ósseas. Segundo os pesquisadores, quem se exercitava regularmente em qualquer intensidade tinha um risco menor de fratura de quadril ao longo de 14 anos em comparação com as mulheres inativas. Por exemplo, as que praticavam regularmente atividades moderadas a vigorosas apresentaram um risco 12% menor. No caso das mais leves e de menor impacto, embora não tenham um grande efeito sobre a densidade óssea, podem melhorar a força muscular na parte inferior do corpo, o equilíbrio e a agilidade.

PLATAFORMA ON-LINE FAZ ANÁLISE MÉDICA GRATUITA SOBRE CORONAVÍRUS

A Pixit Soluções Digitais e a Axonn Health Tech lançaram a plataforma CoronaBr, que reúne informações médicas relacionadas ao coronavírus, para esclarecer a população sobre como se prevenir e se tratar em caso de contágio. Gratuita, ela conta com a ajuda do enfermeiro digital Pedro, que realiza análises com base nas respostas dadas pelos usuários, e com a colaboração do médico infectologista Lucas Chaves, formado pela Universidade de São Paulo (USP). Mais informações: www.coronabr.com.br. 2020 | 1º semestre | Revista Home Angels | 5


PING-PONG

Foto: Décio Figueiredo

Economia da longevidade O JORNALISTA E PROFESSOR JORGE FELIX MOSTRA EM RECENTE LIVRO QUE O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO DESENHA UMA NOVA GEOPOLÍTICA E EXPLICA OS CONFLITOS ATUAIS NO PLANETA

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o Brasil, mais de 28 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais, número que representa 13% da população do País. E esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2043, a entidade estima que ¼ da população deverá estar nessa faixa etária, enquanto a proporção de jovens de até 14 anos será de apenas 16,3%. O envelhecimento populacional é um fato e essa dinâmica demográfica, inédita na história do capitalismo, está construindo uma nova geopolítica. Para aprofundar o tema, o jornalista e professor de Economia no curso de Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP) Jorge Félix lançou o livro Economia da Longevidade – o envelhecimento populacional muito além da previdência (106 Editora). A Revista Home Angels conversou com o autor para saber como o Brasil lida com essa realidade e quais os desafios do envelhecimento no País. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Como você avalia o envelhecimento populacional no Brasil? Todo o planeta está envelhecendo. O que diferencia os países é o ritmo. O do Brasil é bastante acelerado, mas aqui a população, a sociedade civil, as empresas e o governo ainda não têm consciência sobre esse envelhecimento. O País ainda não se percebe como uma sociedade envelhecida e isso impede ações promissoras para enfrentar esse desafio. No aspecto ma6 | Revista Home Angels | 1º semestre | 2020


croeconômico, isso é terrível. As medidas adotadas são exatamente opostas àquelas recomendadas para a sociedade envelhecida.

velhecimento. É mais do que uma questão de empatia. É uma questão de alteridade, que é um conceito mais amplo da sociologia. Segundo, enxergar o envelhecimento de maneira inQuais são elas? terdisciplinar, como faz a Gerontologia. E não Proteção ou regulamentação do trabalho, cada área do conhecimento na sua casinha, de sendo que o Brasil desregulamentou com a maneira fragmentada. No Brasil, temos um bom reforma trabalhista, e maior investimento em marco legal para a questão do envelhecimento, saúde e educação. O País reduziu o orçamena Política Nacional do Idoso, Lei 8842/1994, e o to da saúde e, em educação, temos a univerEstatuto do Idoso, Lei 10.741/2003, o que precisalização na infância, mas não na pré-escola, sa é essas leis serem respeitadas. Um dos pono momento mais importante para o envelhetos principais do marco legal é a educação e a cimento, de acordo com a Organização para difusão do conhecimento sobre o envelhecer. O a Cooperação e Desenvolvimento Econômico Brasil não faz isso como deveria. Logo, o elei(OCDE). Reduzimos também investimento em tor e a população não conseguem cobrar dos pesquisa, o que é fundamental para enfrentar candidatos e governantes ações condizentes os novos desafios da dinâmica demográfica. com a dinâmica demográfica. Pelo contrário, o eleitor se torna aliado A ideia geral que o de propostas absurdas brasileiro tem é a de que em nada ajudam Criou-se na opinião pública que tudo será resolvino bem-estar do seu do com a reforma da próprio envelhecimento. a falsa ideia de que os Previdência e pode-se desafios macroeconômicos Quais os papeis do seenvelhecer com trando envelhecimento tor público e do setor quilidade. Mas não é populacional se resumem privado nisso tudo? assim, certo? Exato. Esse é um O principal papel à questão da reforma dos principais pontos. do setor público é ele da Previdência Criou-se na opinião púmesmo cumprir as leis Jorge Félix blica a falsa ideia de que que eu citei e, sobretuos desafios macroecodo, trabalhar em saúde nômicos do envelhecie educação. Cada vez mento populacional se resumem à questão da mais a sustentabilidade econômica dependerá reforma da Previdência. É uma visão meramendo nível educacional, de maneira ampla. Como te fiscalista. Boa parte dos economistas pensa citei, o bom envelhecimento começa, segunassim. Eles não conseguem pensar de uma fordo estudos da OCDE, na fase da pré-infância. ma interdisciplinar, não conseguem cruzar meNela, o indivíduo forma sua capacidade cognitigatendências. Por exemplo, o envelhecimento va. Teve boa pré-escola? Muito bem. Não teve? populacional com as mudanças climáticas. Se Está comprometido para o resto da vida. E o conseguissem, saberiam, por exemplo, que epiesforço na educação deve ir até o nível de pósdemias como a Covid-19 são previsíveis para os graduação e pesquisa. O bom envelhecimento nossos tempos e que a população idosa seria a depende do nível de pesquisa do País. Tem pesmais atingida, portanto, os sistemas de saúde quisa básica forte que possa ser transferida precisariam se preparar para doenças crônicas para fomentar a indústria? Ótimo. Não tem? e epidemias. Isso já foi publicado faz tempo nos Está condenado à dependência, como mostro relatórios de envelhecimento da Organização no livro Economia da Longevidade. O setor privado precisa ter consciência disso. Ele não terá Mundial de Saúde (OMS). mão de obra qualificada e possibilidade de parNesse contexto, o que é preciso fazer de fato? ticipação no comércio internacional se não for Primeiro a conscientização, como disse no assim. E acho que nenhum empresário, em sã meu primeiro livro Viver Muito, de que o meu consciência, possa acreditar que viverá só do bom envelhecimento depende do seu bom enmercado interno. 2020 | 1º semestre | Revista Home Angels | 7


PING-PONG Além da educação, quais outros fatores influenciam positivamente o envelhecimento? Saúde. Nessa questão, acredito que a Covid-19 possa ajudar a convencer sobre a importância de um sistema de saúde público. Como diz o Drauzio Varella, “é o SUS ou a barbárie”. A classe média não se convence disso. Acha que está protegida porque tem plano de saúde. A elite acha que está protegida porque pode pegar um avião e se tratar nos Estados Unidos. Não será sempre assim. Temos que ter um SUS que não trabalhe sempre com a demanda reprimida, como é crônico no sistema, por falta de verbas. Em 2019, a saúde perdeu R$ 9 bilhões do orçamento federal e teve corte em verbas de pesquisa em 27,4%. Isso não é ação de um país em ritmo acelerado de envelhecimento.

Os países mais ricos também enfrentam desafios nessa área? Eles vivem os mesmos desafios. No entanto, como mostro no livro, eles estão partindo de outro patamar. Tiveram uma história diferente. Tiveram um Estado de Bem-Estar Social que nós, nos países pobres, nem chegamos perto. Mas também tiveram pressão para a redução de proteção social, de serviços de saúde, de sistemas de previdência etc. Reduziram seu “seguro coletivo”. Isso agora implodiu a capacidade de gestão e tem interferido na manutenção do poder e ameaçado democracias. Tenho certeza que a Covid-19 irá alterar muito o panorama global. Os países ricos vão sofrer pressão popular inédita.

Hoje, quais os principais desafios da longeviEm relação à economia da longevidade, que dade no Brasil? acabou criando um novo mercado, com muiNo meu livro, tento mostrar, como venho fatos negócios voltados para o público maduro, zendo desde 2007, que um dos desafios maioquais as oportunidades atuais? Há uma imensidão de produtos e servires, além dos já mencionados, é a indústria. A ços para atender a essa nova demanda das reindustrialização do País e o que chamei de famílias. Não apenas economia da longevide lançamentos, mas dade (silvereconomy, também a adaptação em inglês) é o que o de produtos e indúsmundo tem investido. É Não tenho dúvida de trias já existentes. Touma estratégia de podos os setores serão lítica industrial a partir que quem irá sair na atingidos. O destaque da constatação de que liderança da economia é como a tecnologia é as famílias terão outro da longevidade no futuro mediadora de tudo na perfil. Menos crianças nossa vida. Também e mais idosos. Logo, a próximo é a China esses produtos têm cesta de consumo se Jorge Félix grande componente altera e o Estado deve tecnológico. É a área direcionar incentivos e da Gerontecnologia. investimentos em P&D para esses segmentos Como isso afeta o capitalismo? emergentes de produtos e serviços para o enO domínio de um país sobre essa área, velhecimento. Os países ricos estão empenhasem dúvida, terá impacto no capitalismo mundos nisso, claro, com diferenças entre eles. No dial. Isso inclui o domínio sobre big data, por Brasil, não há praticamente nada nesse sentiexemplo, do modo de envelhecer, de hábitos, do. Existe alguma coisa no Banco Nacional de de perfil epidemiológico. Não tenho dúvida de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que quem irá sair na liderança da economia da nas agências de pesquisa etc, mas não é uma longevidade no futuro próximo é a China. A Coação coordenada como se vê na União Eurovid-19 inaugura o mundo chinês, assim como a II peia, no Japão, nos Estados Unidos e, agora, na Guerra Mundial inaugurou o mundo norte-ameChina e na Coréia do Sul. Estamos muito atraricano e a revolução industrial, o britânico. sados nisso. 8 | Revista Home Angels | 1º semestre | 2020


No livro você fala sobre capitalismo de desconstrução? O que isso significa exatamente? No fim da II Guerra Mundial, diante da fome e da morte, e de uma Europa completamente destruída, os países aceitaram frear o liberalismo que era hegemônico no mundo desde o advento da Revolução Industrial. Iniciou-se o que o economista Thomas Piketty chamou de “capitalismo de reconstrução”, onde o Estado foi o protagonista na criação de um ambiente econômico regulamentado, e não liberalizado, como antes. A crise de 1929 também teve papel fundamental nisso. A partir dos anos 1980, com as ascensões de Margareth Thatcher e Ronald Reagan ao poder, o mundo entra na nova fase liberal, o neoliberalismo. Chamei essa fase, que ainda estamos vivendo, de “capitalismo de desconstrução”. O objetivo econômico é desconstruir a proteção social criada na fase anterior. Logo, concluo, que só poderia nos levar a novos Hitlers e à morte e à fome da II Guerra. Principalmente, porque o capitalismo de desconstrução quer mercantilizar a saúde, que era tão importante na fase anterior, como mostro no meu livro. Como fica a relação do idoso com o mercado de trabalho? Esse é um problema que o capitalismo de desconstrução só tem agravado. Como uma das desconstruções é a proteção trabalhista, estamos fazendo exatamente o oposto do que seria necessário. A empregabilidade do idoso no mundo e no Brasil é baixa. Aliás, a idade de corte nas empresas é de 45 anos. Isso é um padrão global. É bom explicar que, sim, temos mais idosos trabalhando, mas a quantidade é menor do que a procura por emprego desse segmento etário que aumenta muito mais rápido. Só uma regulamentação específica poderia atenuar esse problema. A outra questão é a heterogeneidade. Os idosos de maior qualificação até podem sofrer menos, embora também sofram, com o desemprego. Mas os idosos sem qualificação sofrerão mais com o aumento da automação ou robotização de várias tarefas repetitivas. Essa história de que as empresas precisarão dessa mão de obra com o envelhecimento populacional e que a experiência é funda-

Economia da Longevidade – o envelhecimento populacional muito além da Previdência Editora: 106 Editora - Ideias Autor: Jorge Félix Preço: R$ 39,90 Número de páginas: 190

mental, coisa e tal, não tem base científica. O que as pesquisas provam é exatamente o oposto. Existe um descarte desumano do trabalhador a partir dos 45 anos.

Diante disso tudo, como os mais jovens devem se preparar para o envelhecimento? Eles devem se preparar desde o nascimento porque, como trabalhamos na Gerontologia, envelhecemos a partir da nossa concepção. O feto também envelhece a cada dia até nascer. Então devem se preparar muito. A melhor forma? Estudar. A educação é fundamental. Devem se conscientizar que não poderão parar nunca de estudar. Devem prever que terão uma vida profissional em Y, ou seja, terão sempre duas profissões ou três, ou quatro, seja paralelamente, ou ao longo da vida. Você vai ser uma coisa até certa idade e depois outra. Ou sua profissão vai passar por transformações e você precisará se adaptar. Isso tudo custa caro. Se reinventar custa caro. Logo, o Estado deve estar presente na formação e requalificação dessa mão de obra, sob pena de criarmos mais desigualdade social. 2020 | 1º semestre | Revista Home Angels | 9


Especial Para Você

A papisa da moda AOS 80 ANOS, A EMPRESÁRIA E CONSULTORA COSTANZA PASCOLATO APROVEITA A VIDA COM TODA INTENSIDADE, SEM DESCUIDAR DA SAÚDE

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ENVELHECIMENTO E SAÚDE Seguindo o exemplo do pai, que era extremamente ativo – praticava tênis, golfe, natação, remo e vela –, Costanza começou a se exercitar desde cedo. “Fiz ballet moderno e clássico, ginástica sueca, salto ornamental e andei muito a cavalo. Sempre fui agitada e sempre fiz alguma atividade. Só parei na época em que estava trabalhando muito e me dedicava totalmente àquilo”, conta. Atualmente, é adepta do Pilates, que pratica três vezes por semana, e das caminhadas, que

Foto: Arqu

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Foto: Luchino Visconti

m um dia que os numerólogos adorariam analisar a simbologia (19/09/19), a empresária, consultora e escritora Costanza Pascolato completou 80 anos. Ela, que é uma das maiores autoridades da moda no Brasil, tem muita história para contar e agora estão todas no livro A Elegância do Agora, lançado recentemente pela Editora Tordesilhas. Nele, Costanza resgata memórias familiares e amorosas, desde a infância até a juventude em São Paulo, e os movimentos decisivos de sua vida adulta, aprofundando em conceitos que sempre a nortearam. Nascida em uma família da aristocracia italiana, sua vida sempre foi recheada de acontecimentos e transgressões, com um pé na rebeldia e outra na inquietação. Enquanto Costanza acompanhava de perto a reconstrução do Ocidente, o auge da era Industrial, o nascimento do prêt-à-porter e a chegada da tecnologia, as coisas também se transformavam em seu âmbito pessoal: ela se casou três vezes, foi deserdada, teve duas filhas e dois netos, conquistou o primeiro emprego depois dos 30 anos e enfrentou o câncer.


Foto: Bob Wolfenson

faz diariamente por cerca de uma hora e meia. Na sua rotina também há espaço para a meditação transcendental. “Faço, pelo menos, durante 30 minutos, todos os dias, antes mesmo de levantar da cama. Na sequência, aproveito para realizar alguns movimentos de yoga e reforçar a coluna e o pescoço, já que tenho artrose na segunda vértebra. Isso tudo me deixa mais calma e alivia as dores”, relata. Costanza já lidou com uma depressão profunda e também enfrentou o câncer de mama, duas vezes. “Tive o primeiro tumor no seio em 1993, o segundo, em 2013. Precisei de força e clareza para superar, mas, ao final, aprendi a ter resistência, perseverança e não me deixar apavorar.” Esses episódios, ela afirma, só aumentaram a sua atenção com a saúde. Bastante disciplinada, faz exames preventivos religiosamente a cada seis meses e não descuida da alimentação – evita carne vermelha, capricha nos legumes, verduras e frutas e bebe bastante água. Para ela, a saúde vem sempre em primeiro lugar. “Não fumo, não bebo, não me drogo. Faço questão de me cuidar”, afirma. Temido por muita gente, o envelhecimento nunca foi um problema para a empresária, que também não vê sentido em procurar a juventude eterna. Aos 49 anos, ela até fez um procedimento estético, um minilifiting, mas, hoje, foge deles. “A natureza foi generosa comigo, aceito o que ela me deu e as marcas do tempo. O que não abro mão é de aparecer arrumada. Nunca saio em desordem, jamais, é uma questão de respeito com o outro. Isso é algo que meus pais, avós e bisavós me ensinaram.” Costanza, uma seguidora fiel do “viver o momento, sem pensar no futuro”, sabe que tem menos tempo, mas nem por isso se deixa abater ou curtir os dias com menos intensidade. “Claro que minha rotina atual não é mais tão rigorosa, mas ainda assim trabalho, viajo, aproveito minha família, curto os amigos.” Seu único medo, admite, é dar trabalho para os outros e fazerem os que ama sofrerem. “De resto, estou totalmente em paz”, conta.

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Especial Para Você

o t a l o c s a P a z n a t s o C e 80 anos d A

papisa da moda, como foi apelidada, nasceu em Siena, na região da Toscana, na Itália, e veio para o Brasil com a família – a mãe Gabriella, o pai Michele e o irmão Alessandro – e a governanta Blanche Raval, aos seis anos de idade, fugindo da Segunda Guerra Mundial. Por aqui, sua primeira parada foi em São Paulo, onde seus pais fundaram, em 1947, a Tecelagem Santaconstancia. Mais tarde, ao lado do primeiro marido, o americano Robert Hefley Blocker, com quem teve as duas filhas, Alessandra e Consuelo, se mudou para o Rio de Janeiro. Aos 33 anos, se separou e voltou para a capital paulista, para viver com seu grande amor, o italiano Giulio Cattaneo della Volta, falecido em 1990. Por causa disso, foi rechaçada pela sociedade da época, deserdada pelos pais e ainda perdeu a guarda das filhas. O terceiro relacionamento da empresária foi com o jornalista e produtor musical Nelson Motta. Eles começaram a namorar em 1995, se casaram quatro anos depois, e ficaram juntos até 2001. Apaixonada por moda desde criança, Costanza começou a vida profissional na empresa da família, ao lado da mãe. Mas a projeção nacional na área se deu apenas na década de 1970, quando fez parte do núcleo de revistas femininas da Editora Abril. Ficou lá até 1988, quando voltou para a Tecelagem Santaconstancia. Ainda nos anos 80, passou a escrever sobre moda para o jornal Folha de S. Paulo e abriu sua consultoria. Em 2001, entrou para o time de colunistas da revista Vogue, da Editora Globo, e em 2013 se rendeu ao mundo digital com o lançamento do site Costanza Pascolato. Também lançou alguns livros, além do mais recente A Elegância do Agora: O Essencial (1999), Como ser uma modelo de sucesso (2003), Confidencial (2009) e Meu Caderno de Estampas (2015).

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Uma vida gamourosa e repleta de curiosidades  No colégio Dante Alighieri, onde estudou na infância, Costanza ficava de castigo por mudar o uniforme. Achava que ele não ficava bem. Subia a barra da saia, usava o casaquinho ao contrário para esconder os botões dourados e inventava novos nós para a gravata.  Na década de 1970, morou uma temporada no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.  A consultora de moda faz a própria maquiagem e cabelo, todos os dias. Ela leva cerca de uma hora e meia para se arrumar.  A empresária usa o mesmo penteado (cabelo armado na frente e preso na nuca), uma de suas marcas – junto com os óculos escuros e o traço nos olhos – desde os 69 anos.  Em 2008, foi condecorada “Commendatore dell’Ordine della Stella” pelo governo italiano como uma de suas cidadãs ilustres.  Costanza participou de um clipe da cantora Manu Gavassi, lançado em janeiro deste ano.


Pergunte à Home Angels

ESPECIAL CORONAVÍRUS O QUE É O CORONAVÍRUS? Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente, descoberto no final de 2019 na China, provoca a doença chamada Covid-19. O quadro varia de leve a moderado, com sintomas como febre, tosse e dificuldade para respirar. Alguns casos podem ser mais graves, por exemplo, em pessoas que já possuem outras doenças. Nessas situações, há risco de ocorrer síndrome respiratória aguda grave e complicações, chegando ao óbito. É importante destacar que os idosos geralmente não apresentam febre, por isso, a atenção aos sintomas deve ser redobrada para essa população. COMO SE DÁ A TRANSMISSÃO DO VÍRUS? Segundo informações do Ministério da Saúde, investigações sobre as formas de transmissão do coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação ocorre de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação é via gotículas respiratórias ou contato com secreções contaminadas. Dessa forma, qualquer indivíduo que tenha contato próximo (cerca de 1 metro) com alguém com sintomas respiratórios está em risco de ser exposto à infecção.

COMO OS IDOSOS PODEM SE PROTEGER DO CORONAVÍRUS? Os idosos fazem parte do grupo de maior risco da doença, assim como doentes crônicos, transplantados e pessoas em tratamento com determinados tipos de medicamento, como quimioterápicos. Para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir a doença, são orientados os seguintes cuidados básicos: lavar as mãos (dedos, unhas, punho, palma e dorso) frequentemente com água e sabão por, pelo menos, 20 segundos e, de preferência, utilizar toalhas de papel para secá-las – se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool –; evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; evitar contato próximo com pessoas doentes; ficar em casa quando estiver doente; cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e depois jogá-lo no lixo, e limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência. Outras recomendações importantes são ter boas noites de sono e uma dieta saudável, ficar longe de aglomerações e reduzir o contato social. COMO É O TRATAMENTO DESSA DOENÇA? Não existe tratamento específico para infecções causadas por coronavírus. O que se indica é repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas para alívio dos sintomas, conforme cada caso – por exemplo, uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos) e uso de umidificador no quarto ou tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garanta e tosse. O QUE FAZER SE O IDOSO TIVER SINTOMAS? Como os idosos fazem parte do grupo de risco, o Ministério da Saúde informa que eles devem buscar atendimento médico ao apresentar qualquer sintoma gripal como coriza, tosse, dor no corpo e, principalmente, falta de ar, que é o sinal de agravamento da doença.

TEM DÚVIDAS?

Escreva para nós: canaldoleitor@editoralamonica.com.br 2020 | 1º semestre | Revista Home Angels | 13


Fique de Olho

Economia prateada N

o meio do século XXI, a população sênior passará dos 2,1 bilhões, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, em 2050, haverá mais de 68,1 milhões de pessoas acima de 60 anos, pelos dados da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos. Classificado como tsunami prateado, esse progresso demográfico, que cresce 3% ao ano e é resultado do aumento da longevidade e da queda da taxa de natalidade, começa a criar uma nova economia no mundo: a da longevidade. Globalmente, segundo o Bank of America Merrill Lynch, esse mercado movimenta cerca de US$ 7,1 trilhões, o que, na prática, lhe confere o status de terceira maior atividade econômica do mundo. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) aponta que os maduros re-

presentam quase 20% do consumo, movimentando R$ 1,6 trilhão por ano. E com eles produzindo, consumindo e atuando na sociedade como nunca visto antes, têm surgido novos negócios voltados para esse público. “Os idosos de hoje têm um estilo de vida e hábitos de consumo que, há três décadas, eram associados aos jovens. Ao mesmo tempo, demandam muitas coisas que ainda não têm. Esse mercado ainda é embrionário, mas muito promissor”, relata Layla Vallias, cofundadora da Hype60+, núcleo de inteligência de marketing especializado no consumidor sênior. A profissional acrescenta que, inicialmente, as opções eram, em sua imensa maioria, relacionadas à área da saúde, criadas por empreendedores com esse background e que surgiam por conta de uma dor pessoal. “Hoje temos visto cada vez mais oportunidades e variedades.”

Foto: Lucas Shirai

MERCADO DA LONGEVIDADE GIRA US$ 7,1 TRILHÕES NO MUNDO E R$ 1,6 TRILHÃO NO BRASIL

Layla Vallias, cofundadora da Hype60+

Um dos mercados que está crescendo bastante, indica ela, é o de soluções financeiras para reduzir os custos de vida na longevidade. “Tudo o que está ligado a dinheiro faz sentido. Ferramentas de trabalho e empreendedorismo sênior também são uma tendência, assim como de planejamento de fim da vida."


Foto: Divulgação

Surfando essa onda prateada, uma das empresas que surgiu foi a EuVô, em 2017. Prestadora de serviços de transporte e acompanhamento para idosos e pessoas com mobilidade reduzida em diferentes atividades do dia a dia, foi idealizada pelos irmãos Gabriel e Victoria Barboza a partir de uma necessidade familiar. “Nossa mãe desenvolveu um problema de saúde que comprometeu sua liberdade de ir e vir. Vendo o quanto estava isolada, pensamos em uma alternativa para ajudá-la”, conta Victoria. Operando em São Carlos, no interior de São Paulo, e na capital paulista, o aplicativo tem 102 motoristas treinados e mais 3,9 mil cadastrados aguardando treinamento, 9,2 mil clientes e realiza cerca de 250 atendimentos por mês. Outro negócio que faz parte da economia da longevidade é o Coliiv, antigo morar.com.vc. Também lançado em 2017, é uma plataforma de “match-making” para moradia compartilhada,

Foto: Marco Torelli

UNICÓRNIOS PRATEADOS

Veronique Forat, uma das fundadoras Coliiv

Victoria Barboza, idealizadora do EuVô

que conecta pessoas com base nas suas características e afinidades pessoais. “Entendemos que existe uma grande demanda por coliving e cohousing, porque ele soluciona uma série de problemas urbanos, e não só os econômicos, mas também os emocionais, relacionados à solidão, falta de apoio e isolamento social”, diz uma das fundadoras, Veronique Forat. A ferramenta conta com cerca de 1,5 mil usuários, sendo cerca de 30% com idade acima de 60 anos, que buscam companhia, apoio, tranquilidade para envelhecer na própria casa, já que a maioria prefere que alguém vá

viver com eles, e uma forma de facilitar a vida financeira. Outras empresas que nasceram para suprir as necessidades dos mais velhos e têm se destacado no País são: ISGame – International School of Games (escola de programação de games para o desenvolvimento do raciocínio lógico e prevenção do declínio cognitivo em idosos), Gero360 (startup de tecnologia que desenvolve soluções para simplificar a rotina de cuidados com idosos), 60 Care (aplicativo para celulares e relógios inteligentes que monitora os mais velhos) e Maturijobs (plataforma profissional para pessoas acima de 50 anos).

Mapeamento inédito das startups da longevidade A organização global Aging2.0, em parceria com o Hype60+ e a Ativen (mentoria nacional focada exclusivamente em projetos destinados aos maduros), realizou em 2018 a 1ª Chamada de Negócios da Longevidade. O objetivo foi revelar os negócios voltados para o público sênior mais atraentes para investidores e aceleradoras e, com isso, fomentar o ecossistema da longevidade no Brasil. Conheça alguns resultados desse levantamento:  81 empresas focadas nesse target, sendo que 63% já foram formalizadas e 50% têm entre um e dois funcionários  73% têm menos de 5 anos de funcionamento  15% são comandadas por pessoas com idade entre 60 e 65 anos, e 10%, acima de 65 anos  21% dos negócios foram acelerados com o apoio de investidores e parceiros  35% faturam entre R$ 1 mil e R$ 50 mil e 40% não têm faturamento  59% estão localizados no Estado de São Paulo Fonte: Hype 60+, Aging2.0 e Ativen Envelhecimento Ativo

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Foto: Daniel Faizibaioff

HISTÓRIAS PARA ACORDAR

AOS 60 ANOS, CLAUDIA GRANDE SOBREVIVEU AO CÂNCER, ACABOU UM CASAMENTO DE 33 ANOS E MUDOU DE CARREIRA. HOJE, TEM CERCA DE 800 MIL SEGUIDORES NAS REDES SOCIAIS

Reinvenção na maturidade 16 | Revista Home Angels | 1º semestre | 2020


E

m 2015, a empresária Claudia Grande, então com 58 anos, se encantou com um smoking sem mangas e pensou que este seria o modelo perfeito para a sua festa de 60 anos. Apesar de entusiasmada, achou que não tinha a forma física ideal para usar a roupa. Decidiu, então, começar a correr. Ao mesmo tempo, parou para pensar em como gostaria de estar ao completar seis décadas de vida. Nesse processo, criou uma página no Facebook, batizada de Projeto 60 Anos, para contar seus planos e dividir experiências. Convidou 100 amigas para acompanhá-la na jornada e, para sua surpresa, uma semana depois, já tinha mil seguidores, a maioria mulheres. “A página era uma espécie de diário. Eu postava meus looks, falava de viagens, ideias para a festa e compartilhava meus sonhos. Começaram, então, a aparecer pessoas querendo saber onde eu comprava minhas roupas, perguntando sobre o meu cabelo, minha alimentação, minhas viagens... percebi que aquele era um espaço importante não só para mim”, conta. Aos poucos, o projeto pessoal virou um negócio. Hoje, aos 63 anos, Claudia tem mais de 727 mil seguidores no Facebook, cerca de 66 mil no Instagram e aproximadamente 5 mil no YouTube. Nesses canais, ela fala de saúde, beleza, bem-estar, maturidade e outros temas que interessam ao público 60+. Além disso, dá palestras e, depois de ser procurada por muita gente querendo viajar com ela, passou a organizar passeios pelo mundo – o último foi para Ushuaia, na Argentina. Para que as amizades feitas nessas viagens perdurem, ainda promove outros encontros trimestrais. “Já tivemos festa do pijama em uma fazenda do século XVIII e um passeio de balão. Eu e quem me acompanha gostamos do contato on-line, da facilidade que ele nos proporciona, mas, para nós, nada substitui o olho no olho, as risadas, os abraços”, diz a influenciadora.

SEM MEDO DE ENVELHECER

Mãe de quatro filhos e avó de seis netos, a empresária diz que nunca teve medo de envelhecer. “Tem sido um processo tranquilo. Conquistei muitas coisas com a maturidade, tenho orgulho disso e não é porque passei dos 60 anos que a minha vida acabou. Na verdade, me reinventei com essa idade, especialmente depois de ter sobrevivido a três cânceres e me separado”, recorda. Para ela, o Projeto 60 Anos coroa toda essa mudança pela qual passou: “Ele surgiu sem pretensões, mas, por causa dele, posso contar minha história, inspirar e ajudar outras pessoas a mudarem de vida e, principalmente, mostrar que a mulher mais velha é apenas mais velha, mas continua bonita e cheia de vida. Sei que ainda existe um mundo de possibilidades para a gente”.

10:10

“Conquistei muitas coisas com a maturidade, tenho orgulho disso e não é porque passei dos 60 anos que a minha vida acabou." Claudia Grande

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Saúde em Dia

Hein? Hã?

A PRESBIACUSIA É UMA DAS CAUSAS MAIS COMUNS DE PERDA DA AUDIÇÃO NA TERCEIRA IDADE. SAIBA MAIS SOBRE A CONDIÇÃO E APRENDA COMO EVITÁ-LA

C

omo tudo no corpo humano, o sistema auditivo também envelhece natural e gradativamente e, com isso, vai perdendo a capacidade de manter as suas funções. Essa condição tem nome: presbiacusia, a principal causa de problemas de audição em idosos. Segundo a médica otorrinolaringologista e professora livre docente e associada da Otorrinolaringologia da Universidade de São Paulo (USP) Tanit Ganz Sanchez, a perda auditiva relacionada ao envelhecimento instala-se lentamente e reflete a diminuição de células auditivas e das fibras do nervo auditivo funcionantes. Geralmente, começa a se manifestar partir dos 60 anos, mas alguns indivíduos podem ter antes, aos 50 anos. “A terceira idade é a época de colher o que se planta na juventude e na idade adulta, então,

somado ao envelhecimento natural e à hereditariedade de cada família, muitos idosos acumulam níveis de perda auditiva maiores”, diz a médica. Segundo ela, essa maior perda auditiva representa a somatória do hábito de se expor a sons altos, diabetes, hipertensão arterial, colesterol elevado, uso de medicamentos ototóxicos (anti-inflamatórios, quimioterápicos, estimulantes sexuais e outros), além da intoxicação por metais pesados como chumbo, mercúrio e arsênico.

SINTOMAS E CONSEQUÊNCIAS

A presbiacusia começa com uma leve dificuldade de percepção dos sons agudos, podendo ser quase imperceptível. Quando o quadro piora, surge a dificuldade para ouvir e entender a fala. “A frase ‘eu ouço, mas não entendo’ é comum, pois a perda auditiva de sons agudos não lhe permite captar os sons de algumas das consoantes importantes para a compreensão da fala”, explica Tanit. Outros comportamentos típicos da condição são: assistir televisão e escutar música em volume mais alto, ter dificuldade em conversas pelo telefone ou em ambientes ruidosos – especialmente com vozes femininas, que são mais agudas –, zumbido, desequilíbrio corporal e hipersensibilidade aos sons comuns do dia a dia. A médica comenta que, ao primeiro sinal, é importante procurar ajuda, pois a perda auditiva envolve outras questões, como a memória. “Vários estudos já comprovaram que manter o cérebro em estado de privação de estímulos auditivos pode provocar piora cognitiva”, pontua. Também está relacionada com a prevenção de riscos (perceber veículos se aproximando na


rua, pessoas entrando em casa, alertas de celular, eletrodomésticos e campainha, por exemplo) e de isolamento social, situação típica de quem diminui a capacidade de comunicação e que pode resultar em depressão. O tratamento da presbiacusia, diz a especialista, deve englobar um bloco de ações, sendo que cuidar da saúde como um todo é o passo mais importante, detectando e minimizando o que pode acelerar o envelhecimento, como outras doenças passíveis de prevenção (diabetes, pressão alta, problemas cardíacos, colesterol alto e hipotireoidismo são algumas). Outra recomendação é estimular os ouvidos e o cérebro com sons suaves, como músicas instrumentais durante as atividades diárias, evitando permanecer muito tempo em silêncio. “Em alguns casos, o uso de aparelhos auditivos é muito bem-vindo, pois eles estimulam conjuntamente os ouvidos e o cérebro, agindo no tempo presente (melhora da compreensão da fala, da localização dos sons, do zumbido) e no futuro (diminuindo o risco de progressão da perda auditiva e da perda de memória)”, acrescenta. Quem sofre dessa condição também precisa consultar com regularidades o médico otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo para acompanhar suas necessidades individuais, avaliar o efeito da terapia e a possível necessidade de redirecionamento.

Dicas para manter a saúde auditiva  Em locais barulhentos use protetores de ouvido e faça intervalos de dez minutos a cada uma hora  Troque o silêncio por estimulação com baixo volume de sons suaves, mesmo durante a leitura ou o sono. Isso também ajuda no controle do zumbido e da hipersensibilidade a sons  Evite a automedicação, já que certos remédios podem agredir os ouvidos  Alivie o estresse com atividades relaxantes eficazes, como yoga e meditação  Incorpore mais momentos de prazer na sua rotina para restaurar a função dos órgãos  Visite o médico regularmente para exames preventivos gerais e auditivos  Alimente-se de quatro a seis vezes ao dia, evitando abuso de cafeína, doces, sal, álcool e nicotina  Hidrate-se bem para que os rins eliminem melhor as toxinas  Pratique exercícios regularmente, pois eles melhoram o metabolismo e a circulação Fonte: Tanit Ganz Sanchez, médica otorrinolaringologista

Tipos de presbiacusia    

A presbiacusia é classificada em quatro tipos, reconhecidos de acordo com o resultado da audiometria (teste da audição) – algumas pessoas podem ter mais de um tipo associado. São eles: Sensorial: é o mais comum. Ocorre por perda das células ciliadas (células auditivas) e evolui lentamente, mesmo na idade avançada. A perda auditiva é simétrica e bilateral, principalmente para sons agudos, levando à diminuição do entendimento da fala. Neural: ocorre por perda de neurônios que transmitem os estímulos sonoros do ouvido até o cérebro. A perda auditiva progride mais rapidamente e o paciente tem grande dificuldade para o entendimento da fala. Metabólica: se dá quando há perda auditiva neurossensorial. Geralmente, é proporcional para sons graves, médios e agudos, com certa preservação inicial do entendimento da fala. Mecânica: ocorre por alterações no movimento da membrana basilar, região responsável pela proteção das células auditivas. Caracteriza-se por apresentar uma sensação de ouvido abafado.

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AÇÕES & HÁBITOS

Xô preconceito ESTEREOTIPAR OU DISCRIMINAR UMA PESSOA POR CAUSA DA IDADE PODE, E DEVE, SER COMBATIDO COM EDUCAÇÃO E CONTATO ENTRE AS DIFERENTES GERAÇÕES

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E

nvelhecer faz parte da vida, é um processo natural e não um defeito ou um problema. Apesar disso, muita gente encara o passar dos anos com medo e, o pior, com preconceito. Essa situação tem até nome: ageísmo, termo que vem do inglês (ageism) e foi criado em 1969 pelo psiquiatra e geriatra americano Robert Butler. “O médico definiu como o ato de estereotipar ou discriminar uma pessoa ou grupos de pessoas baseado na sua idade cronológica, só que os mais velhos são sempre os mais atingidos”, diz o coordenador do programa USP 60+, da Universidade de São Paulo (USP), Egidio Dórea. Para ele, esse é o mais prejudicial dos preconceitos, porque se manifesta contra nós mesmos, contra o nosso futuro, reforçando a

crença de que o nosso ser jovem é muito melhor do que o nosso ser velho. E também é o mais universal, pois afetará a todos que envelhecem, independentemente de gênero, raça, orientação sexual e classe social. “O envelhecer, para a maioria das pessoas, está associado com incapacidade, improdutividade e morte: estereótipos incorporados desde muito cedo na nossa vida. Só que isso deveria ser motivo de orgulho, afinal, a idade representa tudo aquilo que uma pessoa viveu, a sua trajetória. É importante ter orgulho”, acrescenta o especialista.

FORMAS DE MANIFESTAÇÃO

O ageímo se manifesta de várias formas, nos âmbitos pessoal, familiar, social e institucional. Acontece, por exemplo, quando a própria pessoa se menospreza por causa da idade; quando os outros têm pensamentos e atitudes preconceituosos, discriminatórios e até infantilizados em relação aos mais velhos; quando o profissional mais maduro é obrigado a se aposentar, não consegue galgar postos mais elevados ou não é contratado, independentemente da sua produtividade, e quando o paciente idoso é visto como menos prioritário. Para combater essa situação, pontua Dórea, é preciso promover o contato entre as diferentes gerações, para que os mais jovens passem a encarar o processo de envelhecimento, e a velhice propriamente dita, de forma positiva, com respeito e cuidado. Investir em ações de conscientização também é fundamental, segundo o especialista. Nesse sentido, inclusive, a USP promoveu a campanha Orgulho Prateado, com palestras, rodas de conversa e atividades esportivas. “No momento em que se constrói uma sociedade benéfica para o idoso, ela se torna benéfica para todos. Diante disso, o envelhecimento tem de ser entendido e celebrado, e não temido ou motivo de preconceito”, complementa.

A seguir, compreenda melhor o universo dos maduros com um glossário com 20 palavras ou temos que fazem parte desse novo momento.

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AÇÕES & HÁBITOS

20 Termos do Glossário da Economia Prateada Age friendly: produtos, serviços ou espaços “age friendly” são aqueles que foram desenvolvidos levando em consideração as necessidades dos maduros. Aging in market: promove nova visão das marcas quanto às motivações de consumo e interesses dos 60+ para uma melhor experiência de compra e de relacionamento com esse público. Aging in place: capacidade de continuar vivendo em sua própria casa e comunidade, de forma independente, segura e confortável. Anti aging: usado para definir produtos que previnem o envelhecimento (como no caso dos cosméticos), esse termo vem sendo repensado, pois envelhecer não é uma doença. Casas adaptadas: residências transformadas em um local seguro, confortável e que auxilia na autonomia e independência da pessoa madura. Centro de convivência: espaços que oferecem atividades variadas assistidas contribuindo para o processo de envelhecimento saudável e para o desenvolvimento da autonomia e da socialização. Design universal: enfoque no design de produtos, serviços e ambientes a fim de que sejam usáveis pelo maior número de pessoas possível, independentemente de idade, habilidade ou situação. Economia prateada: é a soma das atividades econômicas associadas às necessidades das pessoas com mais de 50 anos e os produtos e serviços que elas consomem ou virão a consumir. Envelhecimento ativo: processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Gerontolescente: termo criado pelo médico Alexandre Kalache, designa um grupo de maduros dos 55

Fonte: Hype 60+

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anos até os 75 anos que não é mais jovem, mas ainda não está fragilizado e se recusa a aceitar o estereótipo do vovô velhinho. Idadismo ou etarismo: é a tradução do termo inglês “ageism”, que significa o preconceito e a discriminação etária contra pessoas mais velhas. Intergeracional: interações sociais entre indivíduos de idades distintas. Dentro do universo prateado, as relações intergeracionais são estimuladas também no desenvolvimento de produtos e serviços para os maduros. Quarta idade: é considerada a velhice mais avançada, aquela que exprime perdas maiores e mais significativas. Revolução prateada: fenômeno global de envelhecimento da população e ressignificação da velhice. Sem idade ou ageless: termo usado para definir pessoas que não se rotulam pela idade e sim pelo seu comportamento, vontades e desejos. Silver dollars: nomenclatura relacionada ao consumo e movimentação financeira dos maduros. Silver valley: pólo de negócios, pesquisa e desenvolvimento de soluções e produtos em Paris, na França, focado no envelhecimento com qualidade de vida. Superidosos: indivíduos com 80 anos ou mais com uma capacidade de memória muito acima da média para a idade que têm. Unicórnios prateados: startups com soluções para o envelhecimento que estão crescendo rapidamente. UX60+: desenvolvimento de melhores produtos, serviços e experiências para o público 60+.


Foto: Divulgação

ARTIGO

Idosos são a única faixa etária com aumento de consumo no Brasil Por Giovanna Fischer*

E

ntre julho de 2017 e julho de 2019, um estudo da Kantar mostrou que o Brasil ganhou 1,2 milhão de novos lares com mais de 65 anos. Lares estes que têm uma renda média mensal domiciliar 9% maior do que o restante da população. Nesse cenário, os novos seniores são um mercado com grande potencial de crescimento no futuro próximo. Apesar de todas as faixas etárias terem reduzido a frequência de compra de bens de consumo massivo (FMCG) nos últimos anos no País, atualmente, este grupo é o único que apresentou crescimento em unidades (+2,1%), volume comprado (+0,6%) e valor desembolsado (+5,3%) no período analisado. Os lares maduros apresentam ainda índices positivos e gastam mais na compra de todas as categorias em comparação com a média geral da população, especialmente em higiene e beleza (+6,3%), bebidas (+7,3%) e commodities (+4,6%). Entre elas, destaque para o azeite, produto que mais ganhou lares acima dos 65 anos no intervalo de julho de 2017 e o mesmo mês do ano passado. O item conquistou 6,9 pontos

Giovanna Fischer, é diretora de Marketing e Insights da Kantar empresa global de dados, insights e consultoria

de penetração, seguido por escova dental, leite fermentado, cereal matinal e inseticida. Ao todo, entre as 9,4 milhões de famílias maduras brasileiras, 64% são formadas por uma ou duas pessoas, 86% não têm crianças de até 12 anos e 38% têm carro. Além disso, 90% têm telefone celular, 45% acessam internet e 11% trabalham fora. Este grupo não se enxerga mais como idoso, por isso busca produtos específicos e qualidade de vida. Com uma frequência de visita aos pontos de venda 7% maior, as donas de casa da terceira idade elegem as lojas de proximidade e conveniência como prioridade, destacando-se farmácias e supermercados independentes. Ao lado deles, o atacarejo também vem conquistando espaço. Entre julho de 2018 e o mesmo mês de 2019, o canal ganhou 669 mil novos lares maduros como compradores.

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