“A meta na formação de discípulos é que eles aprendam a obedecer a tudo o que Jesus Cristo ordenou a Seus próprios discípulos”
Bispo Oídes José do Carmo Presidente da CONEMAD/GO (Convenção Estadual dos Ministros Evangélicos das Assembléias de Deus – Ministério de Maduda CONAMAD (Convenção Nacional das Assembléias de Deus no Brasil – Ministério de Madureira); Pastor Presidente da Assembléia de Deus Campo de Campinas – Goiânia/GO; Membro do Conselho Administrativo da Editora Betel; Membro do Conselho Consultivo da Escola de Educação Teológica das Assembléias de Deus; Presidente da Associação Beneficente e Cultural Evangélica – ABCE; Presidente do Sistema Evangélico de Comunicação (Radio Paz FM, Revista Boa Ventura e Programa Paz na TV).
ISBN 978-85-8244-058-2
A continuidade do ministério de Cristo
reira no Estado de Goiás); 4º Vice-Presidente
DISCIPULADO
D
iariamente, o discípulo de Cristo precisa negar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus. Em outras palavras, precisa estar disposto a renunciar os desejos da carne, a lutar contra o inimigo de nossas almas, a estar neste mundo sem ser influenciado por ele, e até a perder a sua vida, se necessário for, por amor ao Evangelho de Jesus Cristo. De um modo ímpar e eficaz, o autor, Bispo Oídes José do Carmo, cuja história de vida é de comprometimento e amor ao Reino de Deus, aborda questões extremamente importantes acerca do discipulado e do processo de formação de um discípulo. Certamente, este livro é um convite à reflexão para todos aqueles que desejam ser o que Deus quer que todo cristão seja: um discípulo genuíno de Jesus!
Bispo Oídes José do Carmo
Sobre o autor
Bispo Oídes José do Carmo
DISCIPULADO A continuidade do ministério de Cristo
T
odo cristão, por definição, é um discípulo. Todavia, o discipulado não é a simples aceitação dos ensinamentos de Cristo nem a identificação com uma igreja, é um estilo de vida que busca obedecer a Deus e alcançar outras vidas. Nossa ocupação principal deve ser meditar e imitar a vida de Cristo. Devemos nos esforçar para viver de acordo com Seu padrão, porque a essência do discipulado é parecer-se com Jesus e fazer novos discípulos. A meta na formação de discípulos é que eles aprendam a obedecer a tudo o que Jesus ordenou a Seus próprios discípulos. Dessa forma, sem a obediência à vontade de Deus, revelada em Jesus Cristo, não há discipulado cristão verdadeiro. Quando Jesus comissiona discípulos, Ele pressupõe que há um conjunto de ensinamentos que eles receberam dEle, e que os mesmos têm a responsabilidade de transmiti-los à nova geração de discípulos. A comissão de Cristo à Sua igreja não foi a de ganhar “seguidores” ou “simpatizantes”, mas, sim, a de fazer discípulos entre todas as nações.
Bispo Oídes José do Carmo
DISCIPULADO A continuidade do ministério de Cristo
Rio de Janeiro Editora Betel 2017
© 2017 Editora Betel
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida, em qualquer meio (eletrônico, fotográfico e outros), sem prévia autorização por escrita do editor. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Revisão: Felipe Gomes Cipriano Copidesque: Sarah Cavalcanti Capa e Projeto Gráfico: Anderson Rocha Editoração Eletrônica: Jeffrey Gonçalves Categoria: Vida Cristã ISBN: 978-85-8244-058-2 1ª Edição: Maio/2017
Editora Betel
Rua Carvalho de Souza, 20 - Madureira 21350-180, Rio de Janeiro, RJ Telefone: (21) 3575-8900 Site: www.editorabetel.com.br EditoraBetel
Dedicatória
Dedico este livro a todos os que são apaixonados pela obra missionária. Aos que dizem sempre: “Dá-me almas ou morrerei”. Dedico, ainda, à minha amada esposa, Bispa Drª Neusa Carmo; às minhas filhas Giselle e Priscila; aos meus netos (a); aos meus genros, Pr. Darlan Luiz e Henrique César, compositor do hino “Eu quero Almas”. Por último, dedico à minha querida mãe, dona Sebastiana Pereira do Carmo.
Agradecimentos
Agradeço, em primeira mão, ao Bispo Primaz Dr. Manoel Ferreira pelo referencial que ele é para mim, em todas as áreas, especialmente, quando se trata do compromisso e envolvimento com a obra missionária e a tarefa de evangelização. Agradeço ao Bispo Dr. Samuel Ferreira, Gerente Executivo, pelo incentivo e amizade. Também agradeço ao Bispo Dr. Abner Ferreira, Gerente Geral da Betel, pelas oportunidades e confiança com que sempre me distinguiu. Agradeço, finalmente, a todos os funcionários da Editora Betel, pela eficiência, cortesia e dedicado esforço, objetivando alcançar a excelência, tendo à frente o Gerente Administrativo, Pr. Manoel Luiz Prates.
Sumário
Prefácio........................................................................................................9 Introdução.................................................................................................11 Capítulo 1 – O discípulo e o discipulado..............................................15 Capítulo 2 – Fazei discípulos de todas as nações.................................23 Capítulo 3 – O discipulado de Jesus......................................................29 Capítulo 4 – O processo de formação de um discípulo.......................39 Capítulo 5 – A responsabilidade no discipulado.................................47 Capítulo 6 – A tarefa de evangelizar .....................................................53 Capítulo 7 – O serviço cristão................................................................59 Capítulo 8 – A missão do discipulador.................................................65 Referências Bibliográficas........................................................................73
Prefácio
“E, chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.” (Mc 8.34)
Nesta passagem bíblica, as palavras de Jesus Cristo contêm verdades de profunda importância para os cristãos, em qualquer época da Sua Igreja. Estas palavras devem ser alvo de nossa meditação particular para uma avaliação sincera se estamos cumprindo o que o Mestre espera de nós. Certamente, o discípulo de Cristo precisa estar disposto a renunciar os desejos da carne, a lutar contra o inimigo de nossas almas, a estar neste mundo sem ser influenciado por ele, e até a perder a sua vida, se necessário for, por amor ao Evangelho de Jesus Cristo. Por esta razão, é com imensa alegria que tenho a honra de prefaciar o livro Discipulado - A continuidade do ministério de Cristo, do dedicado e estimado servo de Deus, Bispo Oídes José do Carmo, cuja história de vida é de comprometimento e amor ao Reino de Deus. Com uma linguagem ímpar e explícita, o au9
tor, em oito capítulos, aborda questões extremamente importantes acerca do discipulado e do processo de formação de um discípulo. Tenho plena certeza de que este livro é um convite à reflexão para todos aqueles que desejam ser o que Deus quer que todo cristão seja: um discípulo genuíno de Jesus! Sem sombra de dúvida, recomendo a leitura desta obra. Que Deus te abençoe grandemente! Bispo Abner Ferreira Presidente da Convenção Estadual do Ministério de Madureira no Estado do Rio de Janeiro Presidente da Catedral Histórica das Assembleias de Deus do Ministério de Madureira
10
DISCIPULADO
Introdução
O verdadeiro discipulado cristão sempre resulta em uma transformação de vida. Jesus investiu três anos e meio na formação e capacitação de doze homens, para que pudessem ser Suas testemunhas fiéis. Neste curto espaço de tempo, esses homens experimentaram uma mudança radical de caráter, atitude e maneira de falar. Tais transformações resultaram em novas atitudes, motivações e desejos. Desde que iniciaram a caminhada com Jesus na Galiléia, até a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, eles não foram mais os mesmos. E, da mesma forma como Cristo os transformou, o convite para o discipulado se estende a cada um de nós. É um convite a uma vida transformada em Jesus Cristo. Depois da ascensão de Jesus ao céu, os apóstolos compartilharam a mensagem do amor e do sacrifício de Cristo a todo o mundo conhecido, obedientes ao mandamento do Senhor de fazer discípulos em todas as nações. Enfrentando todo tipo de adversidades, em cárcere ou em liberdade, em momentos de fartura ou de privação, em tempos de perseguição ou de paz, estes homens apresentaram fielmente a mensagem do Evangelho a todos que quisessem ouvi-la. A importância que a igreja do primeiro século deu ao que Jesus ensinou a Seus discípulos é vista ao longo do Novo Testamento. Basta ob11
servar os milhares que foram batizados e se uniram à igreja em Jerusalém, como resultado do Pentecostes. Eles se dedicaram à “doutrina dos apóstolos” (ou seja, ao ensinamento que os apóstolos haviam recebido de Jesus), junto com a comunhão, o partir do pão e a oração (At 2.42). O apóstolo Paulo se refere a esse mesmo ensinamento quando, anos depois, dá graças a Deus porque os cristãos romanos já vieram a “obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues” (Rm 6.17). E também quando exorta aos colossenses: “Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele, arraigados e sobreedificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, abundando em ação de graças.” (Cl 2.6-7). A missão da Igreja é ser fiel ao propósito de Deus, isto é, formar discípulos que encarnem na vida diária o que Jesus Cristo ensinou a Seus discípulos, ou seja, a tradição apostólica estabelecida no Novo Testamento para a formação de discípulos em todas as nações até o fim da história. Discípulo é “alguém que segue os ensinamentos de um mestre e contribui na difusão destes ensinos”. Todo cristão, por definição, é um discípulo. Todavia, o discipulado não é a simples aceitação dos ensinamentos de Cristo nem a identificação com uma igreja, é um estilo de vida que busca obedecer a Deus e alcançar outras vidas. A convivência de Jesus com Seus discípulos imprimiu naqueles homens o Seu modo de vida: obediência a Deus e proclamação do Seu Reino na Terra. Nossa ocupação principal deve ser meditar e imitar a vida de Cristo. Devemos nos esforçar para viver de acordo com Seu padrão, porque a essência do discipulado é parecer-se com Jesus e fazer novos discípulos. Durante o Seu ministério terrestre, Jesus “concentrou sua atenção em fazer discípulos”, esta foi a Sua prioridade. Após Sua morte e ressurreição, antes de ascender aos céus, Jesus disse aos Seus: 12
DISCIPULADO
“É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt 28.18-20)
A meta na formação de discípulos é que eles aprendam a obedecer a tudo o que Jesus Cristo ordenou a Seus próprios discípulos. Em outras palavras, sem a obediência à vontade de Deus, revelada em Jesus Cristo, não há discipulado cristão verdadeiro. Quando Jesus comissiona discípulos, mandando que façam outros discípulos que aprendam a obedecer “tudo o que Ele lhes mandou”, Ele pressupõe que há um conjunto de ensinamentos que eles receberam dEle, e que os mesmos têm a responsabilidade de transmiti-los à nova geração de discípulos. A Grande Comissão não é um dom especial ou um privilégio reservado para alguns cristãos apenas. É um mandamento dirigido a todos aqueles que creem e seguem a Jesus. A comissão de Cristo à Sua igreja não foi a de ganhar “seguidores” ou “simpatizantes”, mas, sim, a de fazer discípulos entre todas as nações. A salvação é um presente divino, e todo aquele que ganha um presente valioso sempre compartilha com outros de sua alegria: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado.” (Mt 28.19)
Bispo Oídes José do Carmo Presidente da Convenção Estadual do Ministério de Madureira no Estado de Goiás Presidente da Assembleias de Deus Ministério de Madureira em Campinas - GO
Introdução
13
CAPÍTULO 1
O discípulo e o discipulado “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (1Co 9.16) “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” (2Tm 2.2)
É nosso dever, como cristãos, proclamar o Evangelho para aqueles que não conhecem o plano de salvação por meio de Jesus Cristo. Essa é a essência da missão. Evangelizar é comunicar as boas novas, e as boas novas, que como cristãos somos chamados a comunicar, estão centradas em Jesus Cristo, incluindo Sua encarnação, Sua vida, Sua morte, Sua ressurreição, Sua exaltação e Sua segunda vinda. Mas a nossa responsabilidade não termina aí, devemos ainda ensinar-lhes com nosso exemplo a se tornarem fiéis discipuladores. Sabemos que o conteúdo do ensino sobre a formação de discípulos não é apenas teórico. A ênfase recai na prática do ensinamento de Jesus Cristo – a prática da verdade. A missão é fazer discípulos que aprendam a obedecer ao Senhor em todas as circunstâncias da vida diária, tanto no privado como no público, tanto no pessoal como no social, tanto no espiritual como no material. O discipulado é a melhor ferramenta para se evitar a desnutri15
ção, a debilidade, a morte de novos cristãos e imaturidade de uma igreja. A grande comissão de Mateus apresenta dois conceitos muito importantes que devemos ressaltar: “ensinar e guardar”. O chamado do Evangelho é um chamado a uma transformação integral que reflita o propósito de Deus de redimir a vida humana em todas as suas dimensões. É uma transformação baseada no Evangelho, centrada em Jesus Cristo e orientada para o cumprimento do desejo de Jesus de que Seus discípulos sejam “sal da terra” e “luz do mundo”. Quando as verdades e os mandamentos de Deus são guardados e vividos, o resultado é a formação de discípulos à imagem de Cristo. Sem negar a importância da doutrina ou da teologia, o ensinamento cristão autêntico não se baseia somente no conhecimento, mas também na prática. Os novos cristãos aprenderão a guardar os mandamentos de Deus aprendendo com nosso exemplo e isso está diretamente ligado à nossa permanência em Cristo. Permanecer em Cristo é permanecer ligado como galho na videira. É somente nessa permanência que recebemos de Cristo Sua vida e a transmitimos aos outros. Permanecer é mais do que conhecer; é manter-se em constante e dinâmico relacionamento. O exemplo é a ferramenta mais didática para inspirar alguém. É converter o dito em ato. O discipulado cristão é uma relação pessoal, de mestre e aluno, com base no modelo de Cristo e Seus discípulos, no qual o mestre ensina a verdade revelada e reproduz no aluno a qualidade de vida (o caráter) que ele tem em Cristo, de tal forma que o aluno é capacitado para ensinar e treinar outros. A palavra discípulo vem do vocábulo grego “mazetés”, que significa: “aquele que aprende a instrução de outro”. Esse termo era usado no mundo grego para a aprendizagem de um artesanato. A identificação entre “cristão” e “discípulo” é tão intensa na Bíblia 16
DISCIPULADO
que antes que os seguidores de Jesus fossem chamados de cristãos, eram chamados de discípulos. O discípulo de Cristo é um imitador do Mestre, isto é, repete e faz sempre o que Ele fez, do jeito que fez, a quem fez. Discipulado não é uma metodologia de reprodução teológica, é pôr-se no caminho com Cristo e, no caminho, fazer escolhas e se juntar a outros na busca de servir ao Reino de Deus.
O preço do discipulado “E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.” (Lc 14.27)
Todo cristão é chamado a ser discípulo de Jesus, isto significa que, ao segui-Lo, Jesus terá a primazia em sua vida. Não importa o quanto custe a si mesmo, isso exigirá obediência incondicional à Palavra de Deus. Ser discípulo de Jesus tem um preço alto. Não é tarefa fácil amar os nossos inimigos, abençoar os que nos rejeitam e orar por todos os que nos perseguem. Perdoar os que nos ofendem, resistir às tentações, buscar antes de qualquer outra coisa o Reino de Deus e Sua justiça, e fazer a vontade de Deus aqui na terra como ela é feita nos céus, não é fácil. O padrão de conduta é alto demais. Os cristãos são chamados a negar-se a si mesmos, e a diariamente tomar sua cruz para seguir a Cristo (Lc 14.27). Quando Jesus proferiu essas palavras, estava a caminho de Jerusalém. Ele tinha plena consciência de que caminhava em direção à cruz. No entanto, as multidões que o seguiam pensavam que Seu destino final seria sentar em um trono e reinar sobre um império. Mas Ele deixou bem claro: quem o seguisse não receberia recompenCap. 1 ... O discípulo e o discipulado
17
sas materiais ou políticas. O chamado de Cristo para segui-lo é, antes de tudo, um chamado para tomar, cada um, a sua cruz de renúncia ao pecado e obediência sincera a tudo quanto Cristo nos ensinou e ordenou. Infelizmente, existe na Igreja muitos que seguem Jesus a distância e poucos verdadeiros discípulos. Muitos olham para este chamado e reconhecem que o preço para seguir a Cristo é muito alto. Mas Cristo prometeu estar conosco todos os dias, nos fortalecendo, protegendo e instruindo. Aquele que nos chamou, também percorrerá o caminho conosco e estará ali no final para nos receber (Mt 28.20b).
Um discípulo é um eterno aprendiz “E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.” (1Co 8.2)
Ninguém pode conhecer tudo acerca de Cristo e de Sua obra aqui na Terra, pois nosso tempo de vida é muito curto, isso quer dizer que precisamos dedicar todo o tempo possível para aprender. Devemos ser humildes, reconhecer nossas limitações e ter um espírito ensinável. Ninguém aprendeu tudo o que precisa para uma vida cristã autêntica ou conhece todas as artimanhas do inimigo. O inimigo apenas muda suas estratégias, mas seu intento de roubar, matar e destruir não muda (Jo 10.10). Nenhum cristão estará totalmente aperfeiçoado. É um desafio diário. Desse modo, seremos sempre aprendizes no que diz respeito ao conhecimento de Deus. Paulo nos afirma que tudo o que conhecemos é apenas uma fagulha, e só saberemos tudo realmente quando estivermos face a face como Ele: “Porque agora 18
DISCIPULADO
vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” (1Co 13.12) Nosso alvo é nos tornarmos cristãos maduros e desenvolvidos no conhecimento de Cristo. É um processo longo, demorado, que será concluído apenas na eternidade. O apóstolo Pedro em sua carta nos encoraja a isso com as seguintes palavras: “Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3.18a); a fim de sermos aprovados como servos fiéis.
A importância do conhecimento bíblico Quando falamos da preparação de um discípulo, o manual é a Bíblia. Um discípulo deve sempre primar pelo conhecimento das Sagradas Escrituras, não existe outro livro que deva receber maior preeminência (2Tm 3.16-17). Um cristão jamais poderá realizar coisas para Deus sem primeiro compreender o significado pelo qual foi salvo, e o valor transformador da Escritura (Js 1.8-9). A Bíblia afirma que o motivo pelo qual o povo se perde é a falta de conhecimento: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei” (Os 4.6). Um discipulador com pouco conhecimento corre o risco de ser superficial em seus ensinamentos. Um discipulador com pouca graça corre o risco de dar apenas informações e princípios, ainda que bons. Nós, cristãos, devemos buscar o equilíbrio entre a graça e o conhecimento. O desequilíbrio nessas áreas, por menor que seja, pode produzir um ensinamento errôneo a respeito da verdade da salvação.
O discipulado em ação O discipulado não é uma estratégia pela qual a igreja multiplica o Cap. 1 ... O discípulo e o discipulado
19
número de pessoas do dia para a noite. Discipulado é um trabalho contínuo, de investimento em vidas, visando a expansão do Reino de Deus na Terra. Devemos, como bons discipuladores, transmitir aos nossos discípulos esta mesma visão: a expansão do Reino de Deus por meio de uma relação pessoal centrada em Jesus Cristo, e em Sua Palavra: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” (2Tm 2.2). Por esse motivo, precisamos ser o modelo perfeito para entrar numa relação de discipulado, e isto só é possível se estivermos em consonância com Cristo, buscando que Sua perfeição nos cubra e nos envolva totalmente. Imagine um copo rachado sendo colocado numa máquina para ser multiplicado. É evidente que todos os copos clonados terão a mesma rachadura. Assim também somos nós ao discipular alguém. Tudo o que temos e o que somos será impresso naquele que instruímos. Por isso, Jesus nos aconselha: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.” (Mt 5.48). É claro que não somos perfeitos, mas devemos buscar incessantemente a perfeição de Cristo. Dessa forma, seremos bem-sucedidos, e não somente nós, mas também aqueles a quem discipulamos. Tanto o discipulador quanto o discípulo devem caminhar com sensibilidade e submissão à direção do Espírito Santo. O propósito do discipulado é um só: preparar as futuras gerações para que a obra de Deus tenha continuidade e alcance todas as pessoas de todas as nações. Quando investimos no discipulado, estamos sendo obedientes ao imperativo da Grande Comissão de Jesus. Fomos salvos proclamar as boas novas de salvação. Através do discipulado preciosas vidas são libertas das trevas e do poder de Satanás. O discipulado, além de produzir crescimento numérico na 20
DISCIPULADO
igreja, também proporciona maturidade espiritual em sua membresia. O profeta Oséias disse: “Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor; como a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” (Os 6.3)
Cap. 1 ... O discípulo e o discipulado
21
“A meta na formação de discípulos é que eles aprendam a obedecer a tudo o que Jesus Cristo ordenou a Seus próprios discípulos”
Bispo Oídes José do Carmo Presidente da CONEMAD/GO (Convenção Estadual dos Ministros Evangélicos das Assembléias de Deus – Ministério de Maduda CONAMAD (Convenção Nacional das Assembléias de Deus no Brasil – Ministério de Madureira); Pastor Presidente da Assembléia de Deus Campo de Campinas – Goiânia/GO; Membro do Conselho Administrativo da Editora Betel; Membro do Conselho Consultivo da Escola de Educação Teológica das Assembléias de Deus; Presidente da Associação Beneficente e Cultural Evangélica – ABCE; Presidente do Sistema Evangélico de Comunicação (Radio Paz FM, Revista Boa Ventura e Programa Paz na TV).
ISBN 978-85-8244-058-2
A continuidade do ministério de Cristo
reira no Estado de Goiás); 4º Vice-Presidente
DISCIPULADO
D
iariamente, o discípulo de Cristo precisa negar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus. Em outras palavras, precisa estar disposto a renunciar os desejos da carne, a lutar contra o inimigo de nossas almas, a estar neste mundo sem ser influenciado por ele, e até a perder a sua vida, se necessário for, por amor ao Evangelho de Jesus Cristo. De um modo ímpar e eficaz, o autor, Bispo Oídes José do Carmo, cuja história de vida é de comprometimento e amor ao Reino de Deus, aborda questões extremamente importantes acerca do discipulado e do processo de formação de um discípulo. Certamente, este livro é um convite à reflexão para todos aqueles que desejam ser o que Deus quer que todo cristão seja: um discípulo genuíno de Jesus!
Bispo Oídes José do Carmo
Sobre o autor
Bispo Oídes José do Carmo
DISCIPULADO A continuidade do ministério de Cristo
T
odo cristão, por definição, é um discípulo. Todavia, o discipulado não é a simples aceitação dos ensinamentos de Cristo nem a identificação com uma igreja, é um estilo de vida que busca obedecer a Deus e alcançar outras vidas. Nossa ocupação principal deve ser meditar e imitar a vida de Cristo. Devemos nos esforçar para viver de acordo com Seu padrão, porque a essência do discipulado é parecer-se com Jesus e fazer novos discípulos. A meta na formação de discípulos é que eles aprendam a obedecer a tudo o que Jesus ordenou a Seus próprios discípulos. Dessa forma, sem a obediência à vontade de Deus, revelada em Jesus Cristo, não há discipulado cristão verdadeiro. Quando Jesus comissiona discípulos, Ele pressupõe que há um conjunto de ensinamentos que eles receberam dEle, e que os mesmos têm a responsabilidade de transmiti-los à nova geração de discípulos. A comissão de Cristo à Sua igreja não foi a de ganhar “seguidores” ou “simpatizantes”, mas, sim, a de fazer discípulos entre todas as nações.