rio de janeiro editora betel 2017
© 2017 Editora Betel Todos os direitos reservados. As citações bíblicas foram extraídas da Bíblia do Culto (Editora Betel, 2015), tradução revista e corrigida de João Ferreira de Almeida, salvo quando especificado outra versão. Preparação de originais, diagramação e capa: Alt3 Editorial Categoria: Vida Cristã/ Testemunho ISBN: 978-85-8244-059-9 1ª Edição: julho/ 2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Jéssica de Almeida – CRB 7/6858 G216f Garcia, Lídia, 1967 – Fiel em tempos de crise/ Lídia Garcia. – Rio de Janeiro: Editora Betel, 2017. 80 p. ; 21 cm. ISBN 978-85-8244-059-9
1. Vida cristã. 2. Biografia. 3. Testemunhos (Cristianismo) I. Título. CDD: 230
editora betel Rua Carvalho de Souza, 20, Madureira 21350-180, Rio de Janeiro, RJ Telefone: (21) 3575-8900 www.editorabetel.com.br facebook.com/editorabetel youtube.com/editorabetel instagram.com/editorabetel
agradeço A meu Deus, que me escolheu para manifestar Suas obras. Ao casal Leonardo Santos e Bruna Azeredo, que conduziram a mim e minha família à Recife/PE, o local do meu milagre. Obrigada por terem sido tão sensíveis à voz de Deus! À minha amiga Letícia Azevêdo e seu esposo Nilberto Mattos, anseio pela eternidade, quando estaremos para sempre juntos, sem limite de tempo e espaço. À Danielle Martins, Camilla Davis e Jeazinaian Passemko, minhas amigas, por todo carinho e companhia em muitas tardes de dor e angústia. Aos meus pastores, Elias Brás e Eliana Bonfim, e Waldir Lessa e Lucinéa Lessa, que compreenderam minha situação, me amaram e caminharam comigo apesar das minhas limitações. Meu ministério tem sido abençoado e próspero por vocês. À missa. Vasti Ferreira, um exemplo de servidão a Deus e ao próximo. Obrigada por todo carinho e tempo dedicado à leitura desta obra. Admiro-te pela humildade, hombridade e força! Ao pr. Fábio Antônio e Eldócia. Obrigada pelo incansável apoio, carinho e orações, mesmo estando distante. Aos amigos Thiago e Laudiceia, suas palavras foram o combus-
tível necessário para que este livro se tornasse realidade. Obrigada por tudo, amo vocês muitíssimo! À generosa Dilean Martins, que carinhosamente doou seu tempo à leitura das primeiras páginas e me orientou o caminho a seguir. Que Deus a recompense! Aos meus sogros, pr. Adilson e Erinéa, pelas orações. A todos os pastores da Assembleia de Deus em Rio do Ouro, suas respectivas esposas e a cada membro da Matriz e das congregações! Como foi maravilhoso chegar aos cultos e receber o carinho de cada um, expresso em um sorriso, uma palavra amiga ou um abraço. Sinto-me amada e abençoada por cada um de vocês! Aos muitos pastores de denominações diversas, que clamavam por mim, me ligavam e me visitavam. Que Deus os retribua!
porque para mim o viver ĂŠ cristo e o morrer ĂŠ ganho Filipenses 1.21
Sumário prefácio 9 introdução 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
minha família 13 primeiros sintomas 19 entre a realidade e a fé 21 o justo também é afligido 27 primeira cirurgia 31 o temido momento 35 gratidão 41 deus ouviu a oração de minha filha 47 segunda cirurgia 51 retorno ao rio de janeiro 59 terceira cirurgia 65
conclusão 69 depoimentos 71
prefácio O palco das grandes obras do Senhor Jesus Cristo, do qual revela Seu infinito poder e amor, muitas vezes se encontra na vida de um simples ser humano. Ele é nosso grande arquiteto, tendo sobre nós total domínio e autoridade. Cabe a nós, seres humanos, nos prostrar ante Sua soberania e nos sujeitar às Suas bênçãos. Não é o homem ou a mulher que decide viver experiências com Deus. Somos apenas o “palco” para que os desígnios dEle se cumpram. Jó declarou: “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido” (Jó 42.2). O apóstolo Paulo afirmou que, transformado pela renovação do entendimento, o homem experimenta “a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Este livro que você tem em mãos é o registro do testemunho de uma vida de milagres e traz alguns detalhes dos muitos momentos que total dependência a Deus. Entretanto, ao chegar ao final destas páginas, cada leitor terá definido em seu coração o motivo maior deste livro. Deus está no controle de todas as coisas, concedendo experiências especiais a pessoas especiais! Cada capítulo trata de uma etapa especial e mostra os cuidados de Deus nos momentos de dor, questionamento e, principalmente, de comunhão com Ele. Desde a infância, o casamento e a maternida11
de, até os primeiros sintomas da doença, o tratamento, as cirurgias, a morte, a ressurreição e o acompanhamento, Deus sempre esteve, de forma milagrosa, com Suas poderosas mãos estendidas. Este livro não somente impactará cada leitor, mas certamente produzirá a cura espiritual e, porque não dizer, também física, a muitos que precisam. Será um bálsamo para o coração ferido e contrito, pois foi inspirado pelo próprio Deus. Que Deus ilumine a mente de cada um durante a leitura desta fascinante obra, para que compreendam Seu propósito para a humanidade. Bispa Irene Ferreira Primeira Vice-Presidente da Confederação de Irmãs Beneficentes Evangélicas Nacional (ciben)
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introdução Ao aceitar publicar este livro eu precisei concordar em abrir as portas da minha privacidade para amigos e também para pessoas completamente desconhecidas. Pensar em toda essa exposição me fez temer, mas não o suficiente para conter o meu desejo de instigar em outras pessoas o anseio pela eternidade com Cristo. As experiências que partilho aqui não são fruto de minhas escolhas pessoais, mas do que a minha fé me levou a viver. Quando ouvi de Deus que Ele me levaria a um lugar distante para cuidar de mim, não pensei em qual seria o motivo. Na verdade, minha mente é limitada para compreender o querer do Senhor. Contudo, nesta caminhada de fé, eu sempre estive disposta a viver o sobrenatural de Deus em minha vida de modo ativo e intenso. Descobrir que eu teria apenas mais três meses de vida não roubou minha paz; pelo contrário, a paz que preenche meu entendimento me manteve constante. Enquanto aos olhos de muitos eu iria reclamar, chorar, murmurar ou até me entregar diante do sofrimento, eu adorava o senhor responsável por minha existência! E como louvei em meio ao deserto! Viver de milagre não foi uma tarefa fácil, mas foi necessário para que houvesse a manifestação das obras de Deus. A vontade de 13
Deus às vezes dói, mas aprendi que ela é boa, agradável e perfeita, não a meu modo, mas ao modo dEle. Quando compreendi isso, desfrutei de tanta paz que até hoje anelo pelo dia em que, outra vez, meu espírito será separado do meu corpo e levado para, enfim, desfrutar da eternidade. Todas as experiências que vivemos nessa terra contribuem para nosso amadurecimento espiritual. Por isso, desejo profundamente que a minha experiência com o Criador motive sua fé a permanecer fiel, mesmo em tempos de crise, e que a sua mente seja moldada e lapidada para entender que intimidade com Deus exige fé, entrega e disposição. Hoje em dia muitos consideram que o maior milagre é “Deus curar”, fazer, proporcionar etc. Entretanto, creio que o maior dos milagres será, ao final desta jornada, ouvir do Mestre: “Vinde, benditos de meu Pai” (Mt 25.34). Enquanto eu viver, todos verão a Glória de Deus manifesta em mim. Contudo, quando o meu Senhor me chamar, estarei pronta para desfrutar de Sua glória perpetuamente! Desejo que todos prossigam neste consenso: de que o Reino começa aqui. Deus vos abençoe!
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minha família Nasci em setembro de 1979 em Niterói/RJ e sou a segunda de três irmãos. Desde cedo fui criada em uma família disciplinada e direcionada ao temor a Deus. Aos cinco anos de idade, com muita alegria e entusiasmo, eu já pregava a Palavra de Deus na igreja, usando esboços preparados pelo meu pai. Um momento marcante de minha infância aconteceu quando eu tinha sete anos e, movida pelo Espírito Santo, asumi o controle de uma ministração. Ao invés de seguir o esboço baseado no Salmo 01, feito pelo meu pai, eu ministrei sobre Eclesiastes 9.11. Deus marcou meu ministério naquela noite, evidenciando o meu chamado para a Palavra. *** Cresci em um contexto de milagres, cura divina e libertação. Passei parte da infância e início da adolescência na cidade de Suzano/SP, para onde meu pai, um jovem pastor, fora enviado para dirigir uma congregação. Um trabalho árduo que se solidificou ao longo do tempo e muitas almas foram libertas e agregadas ao Reino de Deus. Naquela igreja pude ver, entre outros milagres, paralítico andar, pessoas expelirem tumores cancerígenos e uma família portadora do vírus hiv ser curada. Isso em uma época em que essas doenças, para pessoas de baixo poder aquisitivo, eram a sentença de morte. 15
Aos nove anos de idade tive a compreensão do que era o novo nascimento e desejei então descer às águas batismais. Entretanto, esse desejo só veio a se consumar quando completei onze anos de idade, no retiro Bom Pastor, realizado pela igreja Metodista Wesleyana em Itaquera/SP, na época presidida pelo pr. Silmar Coelho. No ano seguinte, nossa família retornou ao estado do Rio de Janeiro e meu pai assumiu uma congregação na cidade de São Gonçalo. A igreja tinha capacidade para acomodar 30 pessoas, mas o número de congregados era bem menor. Comecei então a fazer aulas de guitarra, cifrar alguns hinos e cantar nos cultos. Deus honrou aquele trabalho e, com o passar do tempo, almas foram sendo salvas. A congregação já não acomodava mais o povo e foi necessário comprar um terreno para a construção de um templo maior. *** Aos dezesseis anos eu fiz um voto com Deus e escrevi uma carta para Ele, descrevendo as características que desejava em um esposo. Dentre elas, a mais importante era que ele fosse servo temente a Deus e que tivesse prazer em fazer a obra sem oscilar, firme e constante. Em junho 1997, enquanto eu comemorava o aniversário de uma amiga em uma lanchonete, vi entrar um rapaz que eu já havia conhecido quatro anos antes, chamado Rogério. Ao olhá-lo senti o coração bater forte e percebi que ele não tirava os olhos de mim. Três dias depois, quando eu saída da escola, a tia e alguns primos de Rogério se aproximaram de mim sorrindo e dizendo que tinham um convite dele para mim. Ele havia me convidado para um festival de louvor que estava organizando, exatamente no mesmo dia em que começaria o Congresso de Jovens em minha igreja. Minha resposta não poderia ser outra: “Digam a ele que não posso ir, mas ele está convidado a participar do Congresso de Jovens amanhã na minha igreja”. Rogério foi ao congresso e, ao final do culto, fui cumprimentar aquele rapaz de quem só tinha ouvido coisas boas, sobre como ele 16
era envolvido com a obra de Deus e amava organizar eventos. No dia seguinte, com minha família reunida à mesa, meu pai perguntou onde eu o havia conhecido. Para minha surpresa, ele não apenas conhecia a família de Rogério, como disse: “Esse é um rapaz que eu gostaria de ter como genro!”. Meu pai não sabia da carta que escrevi para Deus, mas uma das condições era que meu futuro esposo e meu pai fossem amigos. Tempos depois, no dia 4 de julho daquele mesmo ano, com a benção de Deus e dos meus pais eu e Rogério firmamos compromisso e namoramos por dois anos e meio. Cada momento que compartilhávamos, cada descoberta, tudo o que eu havia escrito a Deus se revelava no caráter de Rogério. Certo dia, em um almoço surpresa, ele me pediu em casamento. Ficamos noivos e marcamos a tão sonhada data. *** 28 de Janeiro de 2000, data que mudou pra sempre nossa existência. Em amor nossas vidas se tornaram uma: “osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2.23). A igreja estava repleta de amigos, familiares e irmãos em Cristo. Nossa felicidade contagiava a todos naquela cerimônia. Rogério tocou a marcha nupcial e, ao som do saxofone, eu caminhei serena em sua direção. Ouvimos a palavra ministrada e cantei a linda canção “Você é tudo que eu pedi para Deus”. Foi lindo! Tínhamos a plena convicção de que ali se iniciava uma nova etapa em nossas vidas, “até que a morte nos separe”. Apesar de nossa pouca idade, começamos a escrever nossa história, comprometidos com a verdade de Cristo. Já éramos um, mas nosso amor se solidificou ainda mais quando nossa família aumentou. Após onze meses de casados, comecei a ter sintomas que nunca havia sentido antes: estava gerando o meu maior presente! No dia 25 de agosto de 2001 nasceu minha linda e bela menina, que se tornaria minha amiga, companheira e fiel cuidadora. Os anos passaram e ela, assim como nós, ama estar na casa de Deus, servindo-O com alegria. 17
*** Sempre chamei Rogério pelo nome, mas nossa filha acabou mudando isso. Conforme foi crescendo ela também passou a chamá-lo de “Rogério” e sempre que eu a corrigia, dizendo que era “papai”, ela me dizia: “Mamãe Lídia fala Otélio”. Nessas ocasiões eu sempre explicava: “Ele é papai da Lethícya e marido da mamãe”. Assim, sempre que Rogério chegava ela gritava: “Malido de mamãe Lídia chegou!” e eu perguntava: “E ele é o que de Lethícya?”. Ela respondia: “Papai Otélio”. Então ela passou a me corrigir e sempre que me ouvia dizer “Rogério” ressaltava: “Mamãe Lídia! Ele é malido da mamãe! Fala: malido!”. E assim, surgiu a forma carinhosa pela qual chamo meu marido até os dias de hoje. *** Lethícya teve uma infância marcada pela fé e experiência com Deus. Aos cinco anos de idade, enquanto conversava com uma professora que ainda não havia gerado um filho, ela perguntou: “Tia porque você não tem uma filha? Você não quer?”. A professora respondeu: “Querer eu quero, mas Papai do Céu ainda não me deu”. Lethícya olhou para a professora e disse: “Tia fecha os olhos porque eu vou orar por você!”. Mesmo estando em sala de aula, a professora, que é uma serva de Deus, fechou os olhos enquanto Lethícya orava ao Senhor: “Deus, minha tia quer um bebê. Dá um bebê para ela, em nome de Jesus, amém!”. Dois meses depois, no retorno das férias, recebemos a notícia de que a professora gerava uma linda menina! Quando Lethícya estava com seis anos, levei-a ao otorrinolaringologista, pois ela apresentava dificuldades para ouvir. O médico pediu uma audiometria e constatou a dificuldade auditiva. A angústia expressa em seus olhos, por não ter condições de responder as perguntas que eram feitas no momento do exame, me entristeceu. No retorno para casa eu refletia sobre aquele diagnóstico, pois sabia que era algo gradativo. Lethícya, com sua voz alta e firme, me con18
solou: “Mamãe Lídia, o nosso Deus é um Deus que cura. Ele vai me curar, você vai ver, Jesus vai me curar!”. As pessoas ao redor olhavam para nós e uma mulher perguntou para Lethícya: “Você está dodói?”. Com veemência, ela respondeu: “Eu só não escuto alto, mas Jesus vai me curar. Eu orei pela tia da minha escola e Jesus deu um bebê para ela”. Naquele momento a moça olhou para minha filha e, sorrindo, disse: “Então ore para Jesus me dar um bebê também, antes que eu perca o meu marido!”. Sem temer e sem muito controle no tom de voz, Lethícya espontaneamente pôs a mão sobre a barriga daquela mulher e orou. Os olhares e risos sobre minha filha foram inevitáveis, confesso que eu mesma não sabia como agir diante de tanta naturalidade de Lethícya. Ao final da oração, percebi que aquela mulher retinha as lágrimas e agora estava com um sorriso não mais de quem havia achado a situação “engraçadinha”, mas de alguém que havia sido realmente tocada. Ela agradeceu com um beijo. Na semana seguinte ao exame, nossa igreja deu início à campanha de oração chamada “Deus faz o impossível, o possível faço eu”. Por inciativa própria, Lethicya decidiu participar e, logo no terceiro dia, me perguntou: “Mãe Lídia, Deus já colocou a mão em você?”. Pega de surpresa com a pergunta, eu respondi que, em sentido literal, Deus não nos toca com Suas mãos, mas podemos senti-lo. Ela então completou: “Você que nunca sentiu a mão dEle! Hoje Deus colocou a mão em meu rosto e eu senti algo tão bom que meu rosto arrepiou. Eu estou curada!”. Diante da determinação e insistência que só Lethícya tem, repetimos a audiometria e, para alegria de todos, a audição constatada foi de cem por cento! Glória a Deus!
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