O Obreiro e a Amargura

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3ª Edição Editora Betel Rio de Janeiro 2017


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Capa: Gustavo Brito Editoração eletrônica: Alt3 Editorial Categoria: Vida cristã / Liderança ISBN: 978-85-8244-056-8 1ª Edição: março/2008 3ª Edição: março/2017

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Jéssica de Almeida – CRB 7/6858 A162o Abreu, Neuton Pereira, O obreiro e a amargura / Neuton Pereira Abreu. – 3ª ed. – Rio de Janeiro: Editora Betel, 2017. 88 p. ; 21 cm. ISBN 978-85-8244-056-8 1. Vida cristã. 2. Liderança. 3. Ministério I. Título.

Editora Betel Rua Carvalho de Souza, 20 — Madureira 21350-180, Rio de Janeiro, RJ Telefone: 21 3575-8900 E-mail: comercial@editorabetel.com.br Site: www.editorabetel.com.br    EditoraBetel

CDD: 268.8


DEDICATÓRIA Aos meus filhos: Paulo Cezar e Josué. Aos meus netos: Ana Paula, Paulo Cezar Jr., Joshua, Miguel e João Vitor. Aos meus pais: José e Raimunda (in memoriam). Aos meus irmãos: Pr. Alvéssimo, Pr. Olímpio e Pr. Juscelino (in memoriam), Adelson, Raimundo, Wilson, Edson, Severino, Adelina, Terezinha, Isabel, Helena, Irenildes e Euzébia.


AGRADECIMENTOS Ao Senhor Jesus, por me conceder esta rica oportunidade. Ao Bispo Manoel Ferreira, meu líder, e paradigma na formação de caráter e de sucesso ministerial. À minha querida esposa, pastora Lídia, leal, fiel e incansável companheira de todas as horas, pelo apoio e compreensão. Ao pastor Eduardo Sampaio, pelo incentivo. Ao pastor José Fernandes, o pai da ideia, quando me convidou para ministrar sobre o assunto, em um simpósio de pastores do Estado de Mato Grosso. Aos pastores José de Paula e Wisley Menezes pelas valiosas ajudas desde o início. À Assembleia de Deus em Iporá, onde se deu o início de transformar a ideia em livro.


SUMÁRIO Dedicatória 5 Agradecimentos 6 Apresentação 9 Introdução 11

Parte I O OBREIRO E A AMARGURA

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CAPÍTULO 1

A amargura do obreiro

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CAPÍTULO 2

Os sofrimentos de Jesus

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CAPÍTULO 3

Os sofrimentos do apóstolo Paulo

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CAPÍTULO 4

Os sofrimentos de Ana

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Parte II O OBREIRO AMARGURADO

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CAPÍTULO 5

O privilégio de ser obreiro

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CAPÍTULO 6

Como é um obreiro amargurado

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CAPÍTULO 7

Consequências na vida de um obreiro amargurado

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CAPÍTULO 8

Como fazer para ser liberto da amargura

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Parte III COMO DEVE SER A VIDA DE UM OBREIRO

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CAPÍTULO 9

Cheia do Espírito Santo

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CAPÍTULO 10

Vida de humildade

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Conclusão 87 Referências bibliográficas

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APRESENTAÇÃO Escrever um livro, por menor que seja, é uma linda realização pessoal. É uma das oportunidades de se compartilhar ideias e experiências. Após a definição do título, a escolha do material inicial necessário para possíveis consultas, é só sentar ao computador, buscar inspiração, e mãos à obra. Parece fácil, mas não é. É bem complexo. Precisa-se de bastante tempo, disciplina e concentração, senão desiste antes de concluir a tarefa. No meu caso, embora houvesse o desejo de escrever um livro, pensava em outro título. Esse surgiu meio por acaso. Estava indo de carro de Goiânia para Brasília, no mês de setembro de 2003, na companhia do pastor José Fernandes Correia Noleto, presidente do campo das Assembleias de Deus de Barra do Garças (MT), para participar de uma reunião de líderes. Durante aquele trajeto de aproximadamente 200 km, conversávamos a respeito da obra de Deus. Entre os assuntos de nossa conversa, falamos a respeito da conduta de obreiros. Foi então que fiz o seguinte comentário: “Nas experiências que tenho adquirido, estou convencido de que os principais problemas existentes nas igrejas são frutos da conduta de obreiros amargurados”. Ele sorriu, fez alguns comentários, e encerramos o assunto. Para minha surpresa, algum tempo depois, recebi um convite dele para ser um dos ministrantes em um simpósio para líderes, promovido por sua igreja em um hotel fazenda próximo da cidade de Primavera do Leste (MT). O meu tema seria: “O Obreiro e a Amargura”. Não tinha nada escrito a respeito. Elaborei um pequeno estudo de duas laudas em forma de tópicos e ministrei naquele simpósio. Percebi que houve boa aceitação. Ampliei um pouco mais e o ministrei em vários outros lugares. Sempre para


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obreiros e líderes. A repercussão, as manifestações por parte de diversas pessoas, os resultados positivos em algumas vidas, e vendo que o assunto despertava interesse, levou-me a concluir que o mesmo deveria sofrer uma análise mais profunda. Surgiu, então, a ideia do livro. Tenho, portanto, a grata satisfação de apresentar ao público evangélico, este modesto trabalho em forma de livro, diga-se elaborado com muito carinho, com a perspectiva de que seja uma bênção na vida daquele que o ler. É usual se ver um livro ser prefaciado por outra pessoa. A preferência é sempre por alguém bem conhecido no mercado editorial, ou que seja um líder influente. A intenção é a obra ser apresentada ao público alvo, e dar-lhe credibilidade. Isso é importante. Para mim, isso não seria tão difícil, haja vista, ter o privilégio de conhecer ilustres homens de Deus de destacada liderança. Confesso, porém, que tive dificuldade de fazer tal solicitação. Talvez temesse que o título não chamasse a atenção do suposto prefaciando, e o mesmo só aceitasse para não desagradar, e nem fizesse uma leitura prévia. Isso eu não queria. Por isso, com simplicidade, tomei a liberdade de apresentar o livro O Obreiro e a Amargura aos meus leitores. Um forte abraço.

O Autor


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INTRODUÇÃO Quando o salmista Asafe, autor do salmo 73, deixou de olhar para Deus, e olhar e invejar a prosperidade do ímpio, quase que seus pés se desviaram dos caminhos do Senhor. Foi, com certeza, uma fase muito difícil para aquele servo de Deus. Seu coração ficou amargurado. Ele se sentia revoltado diante da prosperidade dos maus. Chegou a pensar que não valeria a pena ser justo e fiel a Deus. Asafe, porém, buscou refúgio em Deus, entrou em seu santuário, e compreendeu qual seria o destino dos ímpios. Agora já com a sua fé renovada, testemunhou da insensatez de seu coração, e admitiu que a sua atitude parecia com a de um animal irracional: “quando o meu coração estava amargurado e no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante; minha atitude para contigo era como a de um animal irracional”. (Salmo 73.21-22; NVI, com grifo do autor). A amargura, além de perturbadora, é como praga que se espalha, como doença contagiosa que contamina e como veneno que mata. Ela danifica a vida de um obreiro. O obreiro amargurado é infeliz. A amargura tem sido uma arma sutil utilizada com muita frequência por Satanás, contra os que fazem a obra de Deus. Às vezes, por de falta de melhor entendimento de como se comportar diante das lutas e dos sofrimentos que nesta vida se está sujeito, e ainda por não saber aceitar com naturalidade as provações o coração fica amargurado. Irei, portanto, abordar esse assunto neste livro. As minhas experiências adquiridas ao longo dos anos, que por meio das provações e dos sofrimentos marcaram a minha vida, bem como as minhas observações do comportamento humano diante das vicissitudes do dia a dia, contribuíram para a elaboração deste trabalho.


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Diga-se logo que, a humildade, a obediência e a submissão a Cristo e aos líderes são as doses tríplices da vacina que protege o coração do obreiro da contaminação como vírus da amargura. Elas são os tripés da liderança. Com orgulho, com desobediência e com insubmissão, não é possível suportar os sofrimentos e as provações. Todo obreiro será testado nos sofrimentos e nas provações com o propósito de medir a sua maturidade. Sem maturidade o obreiro não estará apto para desenvolver com sucesso o seu ministério. O livro está dividido em três partes: a amargura do obreiro; o obreiro amargurado; e como deve ser a vida de um obreiro. Será sempre enfocada a importância de ser obreiro. Haverá muita repetição de frases e palavras, principalmente as palavras “amargura” e “obreiro”. Tenha um pouco de paciência, caro leitor. Espero que a leitura seja agradável, e não cansativa. Essas repetições foram necessárias. Estão dentro do contexto proposto. As repetições são importantes no processo de aprendizagem. A primeira parte, A amargura do obreiro, que tem como ênfase, os sofrimentos, tomou-se por base os sofrimentos do Senhor Jesus, do apóstolo Paulo, e de Ana, a mãe do profeta Samuel. A razão é simples. Primeiro, porque ninguém sofreu tanto quanto Jesus, a ponto de morrer para salvar a humanidade. Sentiu amargura, angústia e tristeza, mas morreu sem mágoa no coração. Não morreu amargurado. Morreu satisfeito por haver cumprido a vontade do Pai, e por ter consumado a sua missão. Segundo, porque o apóstolo Paulo é o maior exemplo de ser humano que já existiu. Como obreiro ninguém sofreu como ele. Foi salvo com a sentença de sofrer pela causa que ele perseguia. Ele tinha essa consciência, por isso, foi resoluto e disciplinado nos sofrimentos, não permitindo que os mesmos amargurassem o seu coração, e com isso prejudicasse o seu ministério. Terceiro, porque Ana representa aquelas pessoas que pelo fato de não conseguirem alcançar algo de importância para suas vidas, correm o ris-


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co de enfrentar momentos de amargura. Ana foi uma vencedora porque confiou no seu Deus. A primeira parte é uma análise sucinta, mas muito importante, a respeito dos sofrimentos que causam amargura, os quais o obreiro estará sujeito, sem, contudo, ficar amargurado. Os personagens citados são exemplos disso. A segunda parte, O obreiro amargurado, é a mais importante. Ali estão descritos os sintomas, as características, a conduta de um obreiro amargurado, e os males que podem causar à liderança e à obra de Deus. A inveja, o egoísmo, a mentira, a falta de respeito aos superiores, o ressentimento, o zelo extremo pela “sã doutrina”, a falta de humildade e de gratidão são alguns dos diversos pontos abordados de como é a vida de um obreiro amargurado. A terceira parte, Como deve ser a vida de um obreiro, aborda três pontos: o ser cheio do Espírito Santo, o fruto do Espírito e a humildade. Embora o livro não seja de cunho doutrinário, não deixa de tocar levemente em alguns pontos importantes da doutrina bíblica, mas sem nenhuma profundidade teológica. Fugiria do objetivo proposto, que é o de ser um remédio tanto preventivo, quanto curativo para a tão terrível doença chamada amargura, e que tem vitimado tanta gente. Não foi feita uma acurada pesquisa bibliográfica. Isso não foi necessário. Porém, algumas obras serviram como fonte de consulta, as quais estão arroladas ao final. Espero que este pequeno livro sirva de orientação para muitos líderes que queiram exercer um ministério mais saudável, mais amistoso, mais livre, mais alegre, mais feliz, mais espiritual, mais amoroso, mais voltado para o bem do próximo e, principalmente, o bem das ovelhas de Jesus. Boa leitura, bom proveito, passe a diante essa ideia.



Parte I

O OBREIRO E A AMARGURA Atentando diligentemente, por que ninguÊm seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados. (Hb 12.15).


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CAPÍTULO 1

A AMARGURA DO OBREIRO O obreiro é uma pessoa especial. A sua chamada é divina. Exerce uma atividade espiritual na obra do Senhor. Não vive para agradar a si mesmo, mas aos outros. O seu ministério é de servir. O seu coração deve ser limpo de qualquer tipo de amargura. A amargura danifica a vida de um obreiro. Ela é um mal tão perigoso, pois produz tristeza, sofrimento, mágoa, dor e ressentimento. A amargura é como “sofrimento arraigado de dor e ressentimento” (Aurélio). O obreiro, vítima desses sentimentos, estará em forte crise ministerial. A amargura é como praga que se espalha, como doença contagiosa que contamina e como veneno que mata. Não é difícil encontramos obreiros que vivem ressentidos e magoados, com suas almas e corações transformados em verdadeiros depósitos de amargura, que enche de fel o seu dia a dia, tendo uma vida amarga que apaga os sorrisos e destrói os relacionamentos. Por mais convicto que possa ser o obreiro de sua chamada; por mais diligente que possa ser de suas responsabilidades; por mais fiel que possa ser ao seu Senhor; por mais experiência que possa ter adquirido no exercício de seu ministério; por mais preparado, eloquente, zeloso e santo que possa ser, mesmo assim, não estará imune de ser picado pelo “inseto” da amargura. De certa forma, o ministério é uma incógnita. Não se sabe ao certo o que poderá acontecer e o que está reservado durante o labor ministerial. Uma coisa é certa, o obreiro tem que estar preparado para o pior, e por isso tem que estar vacinado contra o


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veneno do inseto da amargura. Caso contrário, os eu ministério estará fadado a um final melancólico, longe dos amigos, cheio de remorsos e ressentimentos. O Apóstolo Paulo, em sua resignação de enfrentar tudo para cumprir o seu ministério, declara: E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações. Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus. (At.20.22-24).

Quando o obreiro inicia o seu ministério, inicia com muita boa vontade, com brilho nos olhos numa demonstração de otimismo e entusiasmo, e cheio de lindos sonhos. Com o passar do tempo, aquilo que não foi previsto foi a rotina do dia a dia enfraquecendo a vontade e de certa forma ofuscando o brilho e seus sonhos, trazendo tristeza. O obreiro não pode permitir que os imprevistos e as lutas cotidianas lhe causem amargura, e esta lhe tire o brilho, os sonhos e a alegria de seu ministério. Infelizmente não são poucos os que são vencidos pelas marcas avassaladoras da traição, das tribulações, das provações, das incompreensões, das calúnias, das difamações, das decepções, das privações, das frustrações etc., e que permitem que o veneno da amargura faça parte de sua vida ministerial, que deveria ser amável, dócil e irrepreensível, passando a ser um obreiro amargurado, e por isso ficando privado da graça de Deus, tendo uma vida de perturbação com a qual contamina outras pessoas. A Palavra de Deus recomenda que se esteja em alerta para não ser viti-


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mado com essa terrível doença chamada amargura. Este livro tem o objetivo de ser um remédio preventivo e também curativo para esse terrível mal, que assola muitos obreiros. Embora as lutas e tribulações sejam previsíveis, não é possível detectá-las com antecedência, tampouco as suas dimensões. Quando as tribulações chegam, vão deixando suas marcas. A falta de uma visão prévia do que representa o ministério e um preparo psicológico e espiritual para o labor ministerial, poderá levar o obreiro a tomar posições precipitadas que venham a afetar negativamente a sua missão como obreiro. É possível e aceitável que o obreiro sinta amargura diante dos sofrimentos enfrentados no dia a dia, no desempenho de suas atividades na obra de Deus. Os sofrimentos são inevitáveis eles vão acontecer mesmo. Eles fazem parte de forma contínua da vida daqueles que se dedicam em realizar a missão divina de cuidar das ovelhas do Senhor Jesus Cristo que estão aqui neste mundo. O sofrimento é um daqueles temas bíblicos mais difíceis de compreender e explicar teologicamente. Como se explicaria o sofrimento de um cristão? Como explicar o sofrimento daquele que tem dedicação integral ao Reino de Deus? Deus preocupa-se conosco quando estamos sofrendo? Não temos que ficar fazendo tais conjecturas; sofrimento é um dado importante na vida do obreiro, não é necessário querer explicação – é apenas aceitá-lo e tirar os benefícios que ele proporciona na vida de um obreiro, principalmente daquele que exerce liderança. Quanto maior for à liderança, maior será o sofrimento e a luta. Estamos preparados para essa dura realidade? Os sofrimentos, porém, podem causar amargura. A amargura aqui abordada não é aquela arraigada de mágoa, dor e ressentimento, abordagem da segunda parte deste livro, mas, sim, daquela advinda das tribulações e angústias pelo envolvimento direto com a causa santa, na defesa dos valores eternos, na qualidade de embaixadores de Cristo aqui na terra. Tam-




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