Professor: Que profissão é essa?

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Maria Aparecida da Silva Moreira

Professor Que profissĂŁo ĂŠ essa?



Professor Que profissão é essa?


SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA DEPARTAMENTO REGIONAL DO CEARÁ (SESI/DR-CE) CONSELHO REGIONAL - 2011-2013 Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro Alexandre Pereira Silva Carlos Roberto Carvalho Fujita Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo Marcus Venicius Coutinho Rodrigues Ricardo Nóbrega Teixeira Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representantes dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior


Maria Aparecida da Silva Moreira

Professor Que profissĂŁo ĂŠ essa?

Fortaleza 2014


© 2014. SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA DEPARTAMENTO REGIONAL DO CEARÁ (SESI/DR-CE)

Superintendente Francisco das Chagas Magalhães Coordenação dos trabalhos Núcleo de Educação e Cultura do SESI Coordenação Editorial Maria de Lourdes Lima* Revisão Silvânia Bravo Bezerra* Normalização Paula Pinheiro da Nóbrega* Diagramação e capa Marly Rodrigues Maia* FotografiaS Arquivo da Escola SESI Padre Azarias Sobreira

M838p Moreira, Maria Aparecida da Silva. Professor: que profissão é essa? / Maria Aparecida da Silva Moreira. – Fortaleza : SESI, 2014. 94 p. : il. ; 21 cm. ISBN: 978-85-62759-05-5 1. Educação. 2. Professor. 3. Cidadania. I. Título. CDU: 37.017.4

www.sesi-ce.org.br

(*) Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Gerência do Centro de Editoração, Documentação, Informação e Pesquisa (GEDIP)


Dedico esta obra ao meu esposo Mailton e ao meu filho Rafael, pelo apoio incondicional em todos os meus projetos profissionais e pessoais. Razão e motivação da minha vida. À minha irmã Marlene e família, que apesar da distância, são meu arrimo familiar. Aos meus pais Margarida e Milton (in memorian), pelos valores e virtudes ensinados. A todos os professores que aceitam o desafio constante de ser educador.



Agradecimentos A Deus, pelo dom da minha vida. Por ser meu guia e protetor em cada passo que realizo. Ao Núcleo de Educação e Cultura (SESI), pelo apoio na concretização deste livro. À Escola SESI Padre Azarias Sobreira, pelo constante aprendizado.



“A alegria nĂŁo chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender nĂŁo pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.â€? Paulo Freire



Prefácio Aceitei o desafio de escrever a apresentação deste livro da professora Maria Aparecida da Silva Moreira, movida por uma grande alegria em ver um sonho realizado. Conheci a escritora no SESI de Juazeiro do Norte e senti a felicidade de partilhar com ela muitas falas sobre a educação, incluindo dificuldades de aprendizagem, disciplina na sala de aula e os valores que a escola, mergulhada em conteúdos sistematizados, não mais prioriza, assim como a família. O livro nos convida a conhecê-lo a partir do seu título que aguça curiosidade e, nesse contexto, é importante ressaltar que, atualmente, vivemos constantes desafios, mudanças inesperadas e decisões tomadas na dúvida e essa realidade exige novos desenhos, novos perfis profissionais das diversas áreas, pessoas mais desenvolvidas, com competências atuantes, com habilidades, com falas praticadas e sabedoria para administrar atitudes e aprender a aprender com muita frequência. A profissão de professor traduz um conjunto de atividades que, dentro do seu cotidiano, permite-nos considerar que esse novo desenho começa a acontecer. O título traz a seguinte pergunta: Professor: Que profissão é essa? E nos comove, quando nos leva a vivenciar o professor no contexto do seu cotidiano, tendo que acender a sua própria chama se motivando e superando as dificuldades correlatas e não correlatas à sua labuta profissional. A autora nos apresenta, em uma viagem pelo imaginário, sua trajetória em sala de aula, ora com dúvidas, ora com ansiedade, porém sem deixar escurecer a curiosidade pela fascinante possibilidade do professor


contribuir para o desenvolvimento do aluno, consequentemente da sociedade. E, com sua prática, ela também busca entender questões como: aprender a lidar com a indisciplina e acreditar que o empenho diário da prática pedagógica não é investimento perdido, pelo contrário, esse esforço é renovado pela vontade de transformar e de fazer acontecer o processo de ensino e aprendizagem de forma contínua. O livro, em sua abordagem, traz uma mensagem de valor essencial para reflexão e construção desse novo desenho de professor que a sociedade exige e, em suas idas e vindas, a autora se diz, depois de muitas incertezas, fascinada pela profissão e coloca no palco o que de positivo existe na relação professor e aluno. Seus questionamentos sinalizam preocupações pertinentes no contento sociopolítico e econômico. A questão da prioridade à educação em nosso país é uma grande interrogação, isso fica claro ao mesmo tempo em que é atentado para o compromisso que o profissional da área da educação assume perante a sociedade. Nas entrelinhas, entendemos que o professor está em êxodos contínuos, em constantes processos de mobilização de ideias e de deslocamentos intermináveis, pois ele está vivo e, pela circunstância social, é convidado para o movimento de superação. Professora Maria Loureto de Lima.


Sumário 1 A Decisão

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2 Eu e a Educação

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3 A Educação: início de tudo

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4 O Ser Professor

35

5 Planejamento

45

6 Metodologia e Didática

51

7 Avaliação

61

8 Ensino / Ensinagem

71

9 Quanto Custa um Professor

79

10 Considerações Finais

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Referências

91



1 A Decisão A certeza nunca é certa se o destino interfere. Se a decisão é incerta, o instinto confere, a alma aperta e o caminho difere. Vai para o outro lado que não se quis ir. E constata-se de fato, que o caminho errado foi sempre o desejado para prosseguir. Aparecida Moreira

Há muito tempo, venho observando e fazendo analogias a respeito das funções que o professor desenvolve até chegar à sua aula, sua rotina, e o mais inquietante: a finalidade da sua missão, que acredito perpassar o ensino. Ressignificar o que está por trás do ato de ensinar. E nesse questionamento, fui adentrando cada vez mais neste universo que é a educação, e que tem como personagem principal a figura do professor. Assim, minha pretensão é fazer uma reflexão sobre esta profissão, que hoje, é tão pouco percebida no seu todo. E com isso, para quem é professor, ver-se e sentir-se valorizado e, para quem não é, entender um pouco mais sobre este ser que contribui tão significativamente para o desenvolvimento de outro ser. 15


Maria Aparecida da Silva Moreira Adianto que não será encontrado conceito único sobre esta profissão. São colocações a partir da minha prática, do que vivi, aprendi em sala de aula, do que errei, acertei, da leitura de autores com outros colegas e, principalmente com os alunos. É, no momento, a minha verdade. Para esta reflexão, farei muitas indagações acerca do tema, e iniciando relatarei um pouco da minha história, da minha trajetória profissional, de como fui “parar” neste universo docente e, desta forma, procurarei explicar esta digna profissão de professor. Iniciei minha trajetória profissional como professora de Educação Infantil, antes Pré-escola. E confesso que não era a que queria exercer para o resto da minha vida. – “Não é isso que quero pra mim” – dizia decidida. Esmerava outra profissão, a de Publicidade, Arquitetura. Com essas sim, fazia planos! Mas, professora não, essa não queria! Ser professora de crianças foi por necessidade. Na época, enfrentava a maior e irreparável perda da minha vida: falecimento dos meus pais. Era 1991. Eles se foram muito cedo. Minha mãe, por quase quatro anos, ficou vulnerável a um câncer intestinal que a venceu depois de debilitá-la muito. Meu pai, uma semana antes de ela falecer, adoeceu repentinamente, e ficou internado por uma semana. Depois da partida de minha mãe, retornou ao hospital, desta vez sem volta. Em menos de dezoito dias, havia partido para sempre as pessoas que mais amava e admirava na vida. Meus pais foram exemplo de humildade e fé, e são, até hoje, a base da minha vida. Perder os pais é “perder o chão”, ficar flutuando por muito tempo no vazio. Perde-se um pouco o sentido da vida. É olhar pra trás e não ver nada, olhar para frente e não enxergar. Como é difícil não tê-los mais! 16


Professor – Que profissão é essa? Depois desse momento conturbado, tive que refazer por completo minha rotina. Fui morar sozinha, por algum tempo dividi a casa com uma amiga, um tempo muito curto. Veio a responsabilidade pesada de tomar conta de uma casa. Não sabia por onde começar, mas precisava trabalhar em qualquer coisa e o que sempre surgia eram oportunidades para escolas de educação infantil, pois sempre havia contratação, mesmo que não tivesse experiência. Confesso que não foi nada fácil. Eu, filha caçula e a única dos filhos que ainda morava com meus pais (todos casados, morando em São Paulo), tivera que assumir responsabilidades nunca antes imaginadas. Por que não fui morar com um dos meus irmãos? Sinceramente, não sei. Ainda estive em São Paulo com minha irmã, mas voltei para resolver questões burocráticas do trabalho de meu pai, e também, havia o namoro de algum tempo, e fui ficando. Foi um aprendizado cruelmente antecipado. Vi-me sozinha e sem direcionamento definido, totalmente inerte num primeiro momento, embora contasse com o apoio do meu namorado e de alguns poucos amigos. Foram realmente dias difíceis. Devo a Deus minha superação e aos valores e exemplos que meus pais me deixaram, sem os quais, poderia ter seguido outra direção a qual pudesse desajustar-me ainda mais. Voltando à minha trajetória profissional, trabalhei numa escola infantil com uma turma de vinte crianças que cursavam o maternal. Foi uma experiência única. Como aprendia com elas! Embora não soubesse discernir, aqueles momentos estavam enveredando-me para o caminho que não queria seguir. Depois de algum tempo, precisamente um ano e meio, já casada, saí daquela escola e, em sociedade com uma amiga, montamos uma escola pequena, apenas três turmas de Educação Infantil. Ainda, sem saber, algo me contagiava nesta 17


Maria Aparecida da Silva Moreira profissão. Alguma coisa me conduzia para este caminho. Mas, como não era isso que queria para mim, não quis entender. Logo depois, fiz vestibular e conquistei o terceiro lugar no curso de Construção Civil-Edificações, por ser a que mais se aproximava de Arquitetura. E assim, fui conciliando-a com a escola. Entretanto, por vários motivos, a sociedade com minha amiga se desfez. Vendemos a escola e cada uma tomou direções diferentes, quer dizer, menos eu. Continuei como professora em uma escola particular, agora lecionando no 3º ano. Logo depois, fui digitadora, adivinhem de onde? De uma escola de renome, também particular. Seria destino? Nesta mesma escola, fui também professora de informática. Fiquei lá por dois anos, época em que concluía a faculdade. Finalmente poderia fazer algo que eu tinha vontade e sair da educação, até porque um professor da faculdade, engenheiro civil, convidou-me para estagiar em seu escritório, o que seria muito bom para adquirir experiência e segurança na área. Mas, não foi bem assim que aconteceu. Na mesma época, no ano de 1997, participei de uma seleção em uma empresa prestadora de serviços de Companhia Elétrica na qual fui selecionada. Tive que optar: estágio ou emprego garantido? Sem dúvida, o estágio era tudo que eu queria, mas escolhi o emprego, por ser a escolha mais sensata naquele momento, por já está casada, com filho pequeno, e marido com emprego recente. Nunca me arrependi da escolha, pois a família deve estar sempre em primeiro lugar. E, afinal, estava saindo da educação. Fiquei nessa empresa por três anos. Com a quantia recebida dos meus direitos, montei uma escola de Educação Infantil, desta vez sem sociedade. Era um encanto minha escola! Funcionava em tempo integral, tinha brinquedoteca, refeitório, teatro, parque... 18


Professor – Que profissão é essa? Lá ia eu novamente para o campo da educação! A essa altura, cheguei a pensar que era por falta de oportunidade na minha área acadêmica. Bom, isso era o que eu acreditava no início. Infelizmente a escola durou um pouco mais de um ano. Talvez a minha pouca experiência na área me fez desistir frente às primeiras dificuldades. Mas sem dúvidas, valeu muito todo o aprendizado. Essa fase da minha vida me fez refletir sobre o que eu queria realmente para minha vida profissional. Só me imaginava em escolas, escrevia apostilas didáticas para educação infantil, histórias, tudo na área da educação. Algo inexplicável direcionava-me para lá. Foi quando decidi iniciar outro curso de graduação – Pedagogia – e entender melhor essa profissão que me magnetizava. Não deu outra: encantei-me de vez! Todos aqueles teóricos falando de desenvolvimento cognitivo, estágios de desenvolvimento da criança, ensino e aprendizagem... envolviam-me de tal forma, que quanto mais eu ia conhecendo, mais e mais queria saber. É como se fosse um quebra-cabeça que não se completava, faltava sempre uma peça, e eu queria encontrá-la. Até hoje a procuro. Provavelmente nunca vou encontrá-la, pois percebo que a educação nunca será completa, haverá sempre uma peça a mais, infinitamente. Neste contexto, repensei minha afirmação de não querer isso pra mim. O destino, dom, magia, não sei explicar, me fazia cada vez mais adentrar no universo docente, fazendo-me retirar o que afirmei e me contradizer: – É isso mesmo que quero pra minha vida! A essa altura, não havia mais o que questionar. Estar na educação era tudo o que eu queria. A decisão demorou um pouco, mas, quando decidi, não houve mais volta. Não me imagino fazendo outra coisa, que não seja na área da educação. 19


“Educação é tudo. Educação é vida. Decidi por viver.”


2 Eu e a Educação Impregnei-me do encanto do saber. Mas antes, tropecei, cai, vacilei, errei. Era a educação a me equilibrar para que, em um novo ser, eu pudesse me transformar. Aparecida Moreira

Ao longo dos dezesseis anos, investi cada vez mais na profissão: especializações, cursos e o sonhado mestrado. Não foi um percurso fácil, pelo contrário, muitas dificuldades enfrentei, nos mais variados aspectos, até concluir o mestrado. Lágrimas derramei, mas elas serviram para regar a minha fé, a minha vontade de mudar, pois se não houver esforço, nada muda. A Educação Infantil me despertou para a escrita, escrevi três livros didáticos infantis, mas não publiquei. Ainda! Realizo-me em sala de aula como professora universitária. Conviver com alunos de vários lugares, de várias culturas, de histórias fascinantes de superação me dão uma sensação de evolução, de estar crescendo como profissional e pessoa. 21


Maria Aparecida da Silva Moreira Muitos erros cometi, é bem verdade, mas foram necessários para o aprendizado. Eu não desistia diante dos obstáculos, e os erros serão sempre desafios para mim. Hoje sou coordenadora pedagógica em uma instituição de renome – presente de Deus –, um trabalho que me proporciona um leque de formações e capacitações como educadora. Costumo dizer que quem tem o privilégio de fazer parte dessa instituição pode desenvolver qualquer função, em qualquer outro lugar, pois a dinamicidade, a enxurrada de informações e formações oferecidas por ela compõem condições suficientes para tanto. Não tem valor em espécie, só em crescimento, como profissional e pessoa. Toda essa dinamicidade de apropriar-se de vários conhecimentos, de ter a oportunidade de desenvolver diversas habilidades no campo da educação, mesmo havendo momentos de maior empenho é gratificante, o importante é estar em constante crescimento. Assim, adotei uma postura mais segura, mais confiante no que faço, uma profissional sem receios, uma sensação de saber que posso sempre mais. Valorizo tudo isso que primei em receber, pois a verdade é que, muitas vezes, temos a oportunidade, mas a deixamos passar por um motivo ou outro. Eu, graças a Deus, soube aproveitar. Em uma dessas formações, tive a oportunidade de demonstrar, em uma crônica, minha eterna gratidão pela instituição onde trabalho, a qual me faz uma profissional melhor. Segue: História de nós dois Ele tinha um pouco mais de trinta anos de idade quando o conheci. Eu ainda era menina, mas fiquei encantada com ele logo que me apresentaram. Não houve muitas dificuldades para ficar com ele, só precisava autorização do meu pai. E ele autorizou.

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Por muitos anos, cuidou de mim. Eu tinha alimentação, cuidados médicos, estudo. Cuidava também da minha família, quando precisava. Adorava encontrá-lo. Divertia-me e perdia-me no seu amplo aconchego. A cada passo que dávamos, eu aprendia significativamente. Com ele, eu estava segura. Era a única certeza que tinha. No auge da nossa felicidade, por motivos atrozes da vida, separei-me dele... Não tive escolha. Fui para longe, por muitos anos. Durante esse tempo, nada o substituía. Sempre comparava-o com os outros enfatizando suas qualidades. Mas, um dia, o destino nos aproximou novamente. Voltei para perto dele. Era apenas questão de aceitar-me de volta. Assim fiz. Fui procurá-lo. Entretanto, não foi tão fácil como a primeira vez. Tive que passar por outras pessoas para chegar até ele e provar que eu o merecia. Consegui. Ele recebeu-me de volta! Engraçado que senti certa estranheza em estar com ele, visto que tudo estava diferente. Eu já adulta, ele, ainda mais experiente e cheio de novas ideias e pensamentos futuros, deixoume, num primeiro momento, um pouco insegura. Mas, como sempre, ele pegou-me pela mão e ensinou-me o caminho. Eu nunca disse a ele, mas, naquele momento, estava enfrentando uma fase muito difícil na minha vida, e precisava muito da sua ajuda. É bem verdade que, às vezes, ele irritava-se e agitava-se, por conta de seus projetos, mas entendia que era como a teoria de acomodação de Piaget: primeiro há um desequilíbrio para equilibrar... mais ou menos isso. E fui, nesse novo contexto, também me equilibrando.

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Maria Aparecida da Silva Moreira E era isso que ele queria. Que eu crescesse cada vez mais. Daí, não contou esforços. Tudo queria me ensinar. Até hoje é assim. E vou me apropriando de tudo, de tudo mesmo que ele proporciona. E quando penso que nada mais há de novo para ofertar, surpreende-me com uma aurora de desafios, acompanhada de luzes de conhecimentos. Ele fez-me uma nova pessoa. Como cresci e amadureci! Hoje, ele tem um pouco mais de sessenta anos, mas está cada vez mais novo em visão de futuro. Tenho certeza de que é o companheiro para toda vida. Seu nome? SESI1, um eterno aprendizado. Maria Aparecida da Silva Moreira

Essa crônica relata a minha história com o SESI. Iniciei quando criança (aluna), depois, tive que ir embora, passei alguns anos em São Paulo, e só adulta tive a oportunidade de “reencontrá-lo”, agora como profissional, fiz parte de uma seleção para Supervisor Pedagógico (na época). Em 2007, fui efetivada, e, daí por diante, podem entender o restante da crônica e da minha trajetória profissional. Eu reconheço e aproprio-me com muita vontade deste enorme aprendizado, aprendizado para toda vida. Valor imensurável. Sinto-me cada vez mais convicta de que é isso mesmo que quero fazer na minha vida: ser professora, estar atuando significativamente na educação. Isso me faz sentir, de certa forma, especial, especial no sentido de incomum, extraordinário. 1 Serviço Social da Indústria (SESI) – Núcleo de Negócios Juazeiro do Norte – Escola SESI Padre Azarias Sobreira.

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Professor – Que profissão é essa? Realmente, não me imagino em outra área, que não envolva a educação. Provavelmente porque acredito que educação é tudo e sempre será. A educação realmente transforma. Transformame a cada dia.

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“A educação transforma, mas é preciso querer transformar-se.”


3 A Educação: início de tudo Não existe bem maior É pra vida toda Pra toda vida Inestimável valor Tesouro tão raro, Por lei consagrada O que mudou? Aparecida Moreira

Continuando refletindo... Após o breve relato da minha decisão de estar atuando na educação, de ser professora, de como tudo aconteceu, passaremos pelo imenso universo da educação. Elencarei alguns tópicos que estão relacionados com ela e com o professor, afinal, não existe uma sem o outro e vice-versa. Educação: base de tudo na vida. E você, a conhece bem? Como a definiria? Encantei-me com esta colocação sobre educação: Fico a pensar, qual o valor da educação? Realmente, não há como pensar em sociedade sem pensar em educação, não há como pensar em humanidade, sem a existência do educar.

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Maria Aparecida da Silva Moreira Desde os tempos remotos, os seres humanos são capazes de ensinar, de aprender, de compartilhar, de observar, de construir, de inventar, de “reinventar”, de sonhar, de comunicar, de..., isso tudo é educação. (RODRIGUES, 2014).

Tudo gira em torno da educação, melhor, a educação gira em torno de tudo. Cabe a cada um usá-la apropriadamente nas suas atitudes, nas suas decisões, nas suas escolhas, na sua vida. Um dia, no trabalho, por uma atitude de uma pessoa, comentei: “As pessoas dificultam demais as coisas quando não têm educação”. Imediatamente anotei a frase, e refleti sobre sua ação. E não é que é isso mesmo? A educação tem o dom de, se não resolver o problema a partir de toda uma argumentação precisa, conciliar ou amenizar a situação. Ela é perfeita, quando usada apropriadamente. Remetendo-se ao passado, percebe-se que, no princípio, nem todos tinham acesso à educação, educação sistematizada. Era centralizada aos mais sucedidos, à elite. Uma educação rígida que conduzia as ações de todos. Tempos em que a educação era almejada por muitos e alcançada por poucos. Muito poderia falar sobre esse tempo, a começar pelos jesuítas quando catequizavam os índios, era uma forma de educação. Entretanto deter-me-ei a discorrer num ponto de vista analítico, refletindo sobre as várias mudanças que aconteceram na educação no decorrer dos tempos. A educação perpassa os muros das escolas, direciona-se à família, à religião, enfim, ao social. De início, remeto-me à família. Base de uma boa educação. Na família, tinham-se as primeiras lições de educação: respeito aos mais velhos. Na verdade, não aos mais velhos propriamente dito, aos adultos. As crianças não tinham vez nem voz. Os pais exerciam uma autonomia privilegiada. Só um olhar era suficiente para entender e obedecer. Essa educação era para todos, independente da hierarquia. 28


Professor – Que profissão é essa? Imagine vivendo naquela época. Eu vivi um pouco dessa postura de obediência quando pequena. Lembro-me de que eu devia pedir a bênção também, para os mais velhos que não eram da família, amigos de meus pais que nos visitávamos. Não entendia, mas obedecia. Hoje, na íntegra, não se vê mais isso acontecer. Pelo contrário, os papéis estão drasticamente invertidos: os pais são quem obedecem aos filhos. O cenário familiar hoje não é dos mais agradáveis, salvo uma minoria, com valores ainda arraigados. Reconheço que, às vezes, exagero nas minhas colocações, o que pode parecer que a educação está perdida. Não é isso! Fico indignada em presenciar cenas entre pais e filhos, que deixamme inerte, com tamanha falta de respeito. O pior é que, muitas vezes, culpam a escola, o professor, por essa postura dos filhos. Será culpa deles? Por que pais deixam-se dominar pelos filhos? Tudo bem que os tempos são outros, que se devem acompanhar o ritmo das mudanças, não devemos ser “caretas”, mas daí, a perder o controle de autoridade, autonomia de pais, é demais para mim! Evidente que sou a favor da modernidade, da evolução das espécies, mas em conhecimento, sabedoria e tecnologia que complete e acrescente benefícios às nossas necessidades, facilitando nosso dia a dia. Temos realmente que evoluir, mas sem perdermos nossa essência, nossos valores empíricos, os que nos dão base para prosperar sem nos perdermos nesta enxurrada de avanços tecnológicos. Deveríamos direcionar esses avanços e não ser engolidos por eles. Por que perdemos as rédias? São muitos os fatores na minha concepção e um deles é a liberdade desenfreada que os pais dão aos filhos, para mostrarem-se “modernos”. 29


Maria Aparecida da Silva Moreira Paro agora, e pergunto: como foi sua educação? O que pensa da educação dos pais para com seus filhos? Que reflexão faz sobre educação familiar? De quem é a culpa de uma educação mal-assistida? A educação é a única saída para todas as nossas respostas. A educação é tudo, tudo pode e tudo faz, se assim quiser. Tudo veio, vem e virá da educação. Isso é inquestionável. Precisa apenas definir para aonde se quer ir. E o principal: como querer chegar. Muitos foram os caminhos percorridos pela educação. E, com o passar dos tempos, passou e passa, por várias transformações. Uma delas, a mais importante, a Constituição – A Lei! – Educação para todos. Para todos, mas que não seja de qualquer jeito! No decorrer dessas transformações, muitos acréscimos ocorreram, mudanças foram satisfatórias, é bem verdade. Há muito o que fazer. A educação, como já dito, é inacabada, estará sempre em constante mudanças. Como diz Freire (2005, p. 66): Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis a concepção “bancária” da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los.

Daí, a importância do professor. Ele fará valer essas ações, esses “depósitos”. Faz parte imprescindível. Projetos e mais projetos são implantados, uns dão certo, se aplicam bem e têm resultados significativos, outros, meio que engatinhando, vão sendo direcionados, e outros, sem muito êxito. 30


Professor – Que profissão é essa? Se antes a educação era para poucos, hoje está em todos os lugares, para todas as pessoas. Criança, adulto, jovem, trabalhador... A Educação de Jovens e Adultos (EJA) foi um segmento baseado na escola tradicional, voltada para o trabalhador que não tinha acesso à sala de aula regular, necessitando de uma educação que lhe atendesse noturnamente. Nessa necessidade, surge, em várias escolas, a EJA. No ano de 1854, surge a primeira escola noturna no Brasil, e em 1876, já existia 117 escolas por todo o país, como nas províncias do Pará e do Maranhão, que já estabelecia fins específicos para sua educação, no Pará, visava-se dar instrução aos escravos como forma de contribuir para sua educação e, no Maranhão, que os homens do povo pudesse ter compreensão dos direitos e deveres. (PAIVA, 1987, p. 165).

Um grande avanço, na educação. Infelizmente, de início, houve muita evasão. O novo exige mudanças, principalmente de visão. Só depois do ano de 1880 é que se ganhou estímulo com este segmento, por conta da reforma eleitoral da Lei Saraiva2. De acordo com fonte do censo de 1890 (PAIVA, 1987, p. 168), como 80% da população do Brasil era analfabeta, a sociedade começa a se mobilizar pela educação e com maior ênfase pela educação de adultos, pois estes eram maioria. Nesse

2 “O Decreto nº 3.029, de 9 de janeiro de 1881, teve como redator final Rui Barbosa e ficou conhecido como Lei Saraiva. Deveu-se tal denominação à homenagem feita a José Antônio Saraiva, ministro do Império, que foi o responsável pela primeira reforma eleitoral do país.” (BRASIL, 2014). “O referido decreto instituiu, pela primeira vez, o Título de Eleitor, proibiu o voto de analfabetos, além de ter adotado eleições diretas para todos os cargos eletivos do Império.” (SILVA, 2014).

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Maria Aparecida da Silva Moreira contexto, surgem as “ligas”, como a “Liga Brasileira Contra o Analfabetismo”, em 1915, no Rio de Janeiro.3 A educação ganha espaço também no mundo tecnológico – Educação a Distância (EAD). Modalidade que exige disciplina do estudante. Que exige uma metodologia mais direcionada, mais específica. A EAD oportuniza àqueles que não têm tempo para frequentar uma sala de aula regular, que trabalha ou que precisa de um horário mas flexível para estudar por seu tempo ser muito pouco, mas que quer escolarizar-se. Não é uma modalidade fácil, exige algumas mudanças de hábitos e um certo conhecimento em informática. Mas que traz um grande avanço na educação. O professor, nesta modalidade, ganha nome de tutor e parte para uma metodologia e didática ainda mais precisa e ousada. Surgiu, recentemente, a neurociência4 na aprendizagem. Um tema a ser ainda muito explorado no âmbito da educação, entretanto, estudos apontam que estratégias pedagógicas que compreendem o funcionamento do cérebro tendem a ser mais eficientes. O uso da neurociência na prática pedagógica pode contribuir para que o professor possa aprofundar-se no conhecimento da mente humana, subsidiando-o na sua prática fazendo uso de diferentes linguagens, de acordo com suas estratégias em sala de aula. A neurociência nos vem descortinar o que antes desconhecíamos sobre o momento da aprendizagem. O cérebro, esse 3

Texto adaptado da monografia de Silva (2014).

4 Neurociência é o estudo científico do sistema nervoso. Tradicionalmente, a neurociência tem sido vista como um ramo da biologia. Entretanto, atualmente ela é uma ciência interdisciplinar que colabora com outros campos como a Educação, Química, Ciência da Computação, Engenharia, Antropologia, Linguística, Matemática, Medicina e disciplinas afins, Filosofia, Física e Psicologia.

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Professor – Que profissão é essa? órgão fantástico e misterioso, é matricial nesse processo do aprender. (MIETTO, 2013). E assim, a educação vai acomodando essas ações, abrindo novas possibilidades, assumindo novas competências as quais são repercutidas na profissão do professor, que assume de prontidão todos esses processos de mudanças. Acreditar na educação é a única forma de se resolver, ou pelo menos amenizar os problemas sociais, que não são poucos. Não é minha pretensão partir para uma visão política, mas acredito que há muito o que fazer, o que lutar, para que a educação ganhe seu merecido espaço e que possa realmente transformar mentes, vidas, e por que não, o mundo.

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“A Educação é para todos sem distinção. Início de tudo ou início de um novo recomeço.”


4 O Ser Professor Chega por acaso se dispõe a servir Facilita o caminho nos faz progredir. Não existe distinção Tudo para todos Professor é doação Sem limite de esforço. Aparecida Moreira

Como você definiria professor? Conseguiria defini-lo numa palavra? Numa frase? Será se existe uma definição, um conceito preciso, pronto de professor? Eu não consigo elucidar um conceito exato de professor. Refletindo sobre isso, percebe-se que professor é um ser que não se define, sente-se. Que sente a presença, a dedicação, o ensinar, o prazer... Perceba que estamos sempre sendo beneficiados pelos serviços das mais diversas profissões, profissionais esses que podemos escolher: médico, dentista, cabeleireiro, doméstica, entre tantas. Mas a de professor, não é feito por escolhas. Já notaram isso? Veja, pode-se até escolher a escola ou a faculdade que quiser, mas não o professor. Salvo os cursinhos de pré-vestibular: Que já se faz alguma divulgação de professores que se 35


Maria Aparecida da Silva Moreira destacam. Mesmo assim, até chegar a essa escolha, quantos professores passaram por nós, sem que pudéssemos escolher? Essa é a primeira diferença que encontro nesta profissão. O professor nos é colocado meio pelo acaso, destino. Eles fizeram e fazem a diferença em nossa vida. Reconheçamos isto! Quem nunca teve um professor que fez a diferença em algum momento da vida, enquanto estudante? Poderia relatar vários depoimentos. Mas vou deter-me em expor o mais significativo, momento em que a educação começa a me transformar. Um pouco mais da minha história, desta vez, como aluna. Adianto que um professor, mesmo sem intenção, fez toda a diferença na minha vida. Devido à vida “cigana” de meus pais, nunca ficamos por muito tempo em uma cidade, o que dificultava ingressar nas escolas. Nunca fui para uma Escola de Educação Infantil, como acontece normalmente, por causa da idade. Só aos nove anos, iniciei meus estudos numa escola. Por conta disso, tive que entrar direto para a terceira série. Imaginem como foi a permanência nesta turma sem saber ler e escrever? Tortura! Como consegui me matricular? Bem, nunca me contaram, acredito que tenha havido algum meio para resolver a parte burocrática no meu ingresso à escola. Enquanto isso, lembro-me de uma menina, mocinha, que todos os dias ia lá em casa e colocava-me para escrever meu nome. E eu escrevia folhas e folhas, e assim decorei meu nome para escrevê-lo sem olhar. Chegado o primeiro dia de aula, eu, totalmente inocente, fui achando o máximo, era a minha primeira vez, aos nove anos! Cheguei a pensar que nunca iria para uma escola. A decepção veio logo na primeira semana de aula. A professora, lembro-me até hoje do seu nome: D. Rita, pegou o livro 36


Professor – Que profissão é essa? de texto, apresentou-nos e disse a página que deveríamos abrir. Era o texto da semana. Naquele tempo, fazia-se a leitura compartilhada: um aluno iniciava e, ao comando da professora, os outros iam continuando. Aquilo para mim era um tormento eterno. Essas aulas demoravam séculos! Eu, desesperada, pensando que a professora a qualquer momento pedir-me-ia para continuar a leitura, ficava tensa, e quanto mais eu fixava os olhos no texto, mais me desesperava! Ficava assim, até terminar aquele momento. Mesmo com toda essa agonia, tortura, não queria deixar de ir para escola, mas tinha que descobrir uma solução para aquele problema. Assim, encontrei o meio mais difícil, porém o único que veio de imediato. Quando chegava a casa, pegava o texto e pedia para minha mãe ler. Lia várias vezes e eu ia acompanhando as palavras, decorando-as, até decorar todo o texto. Foi assim com todos os textos. Na sala de aula, quando chegava a hora da leitura, eu ia acompanhando com o dedo, junto com os sons das palavras dos alunos, para não me perder no texto, pois, se a professora mandasse-me ler, eu saberia continuar e ninguém perceberia que eu não sabia ler. Que tormento para uma criança de nove anos! Foi um sacrifício sobre-humano que fiz, acreditem. Aprendi a ler e escrever da maneira mais complicada possível, do jeito que encontrei, desta forma, sozinha. Primeiro, pelos textos, aprendi as palavras, depois as sílabas e por último as letras. O inverso do tradicional. Mas consegui. E pasme! A professora nunca me pediu para ler. Acredito que minha mãe tenha contado a nossa história. Mas mesmo assim, devo a professora minha superação. Talvez se eu soubesse que ela nunca me mandaria ler, eu não tivesse a 37


Maria Aparecida da Silva Moreira determinação de querer aprender, embora de uma forma bem incomum. Essa professora mudou a minha vida, naquele momento. Apesar de muito nova, despertou-me a responsabilidade de acompanhar a turma, foi bem sacrificado, é verdade, mas foi um aprendizado para o resto da minha vida. Hoje percebo que, a partir daquele momento de superação, podia fazer muito mais do que somente o trivial. Essa fase da minha vida a resumo no poema a seguir: Fui para escola já crescida Escrevia meu nome, porque decorei. Não tinha noção de leitura, porém fui decidida. Não demorou muito – com o real deparei. Não tinha volta, aprender era questão de morte ou vida. Leitura era decorada, aprendi tudo da maneira mais complicada: As palavras vieram primeiro, letras e sílabas em seguida. Aflição e desespero durante o ano inteiro. Era 3ª série. “Sobrevivi” por superação. Essa etapa venci! Depois, foi tudo mais fácil, sabendo ler, o medo perdi. Tive vários professores, porém de um nunca esqueci. Me devolveu a autoestima, mediava meu aprendizado. E todos os meus estudos

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Professor – Que profissão é essa? foram por este esmerado. Superei várias fases. Amadureci. Profissionalmente cresci. Estudar exige apego. Isso não vou esquecer. Quanto mais eu sabia, mais deveria saber. Foram experiências únicas, e serão base para todo meu viver. Aparecida Moreira

Os professores, embora não escolhidos, marcam a nossa história de alguma forma. Muitas vezes, pode-se pensar que marcam negativamente, mas será que é negativamente mesmo? Talvez, o que acredita que é negativo futuramente será positivo. Veja o meu relato. Poderia ser negativo a professora não contar que não me pediria para ler, eu teria evitado tanto sacrifício. Mas se o tivesse feito, eu teria conseguido ler e escrever tão rápido? Com certeza não. Teria me acomodado. Portanto, isso para mim foi positivo. Mensurar a postura de professores não é tarefa fácil. Cada história tem suas particularidades. E cada personagem, seu ponto de vista. Entretanto, algo é certo: algum professor que passou por nossas vidas deixou, significativamente, sua contribuição de alguma maneira, para que pudéssemos crescer e nos tornarmos pessoas ainda melhores. Isso é fato. Embora haja controvérsias, o universo da educação é mágico, dinâmico, muitas vezes complexo, mas com muitos horizontes, diversas vertentes. Ser professor é um pouco isso, por mais que se possa definir numa palavra, numa frase, num ato, não há uma completude. Por isso indago: que profissão é essa? Muitas vezes, surpreendia-me refletindo sobre isso, razão deste livro. 39


Maria Aparecida da Silva Moreira A nossa vida é feita de escolhas, de decisões e devemos ser responsáveis por elas. Eu escolhi a docência. A educação. Embora não quisesse no início. Porém, quando decidi, me doei plenamente. Portanto, assim como tudo na vida, escolhas, decisões não devem ser impostas para depois haver expressões de lamentos, com argumentos rasos. Devem ser desejadas. Sentidas na pele. Não deve haver restrição. Mas sempre se ter a certeza de que o desejo continua vivo. Isso é para tudo que se fizer na vida. Há milhares de professores em milhares de escolas em todo o mundo. Não seria a profissão de professor a mais antiga? Tudo na vida vem de um ensinamento, de um aprendizado, de um conhecimento, que nos chegam, não necessariamente de um professor. A vida é um eterno aprendizado, não é o que dizem? Todas as profissões passam por um professor... Como se pode desvalorizá-lo? Décadas atrás, a visão que se tinha de professor era diferente. Colocado num patamar de destaque, era reconhecido e admirado pela sua postura de formador, e era chamado de mestre. Naquele tempo, ouviam-se frases cheias de admiração, como: – “Minha filha é professora!” ou – “Tá estudando pra ser professor!” Essa exclamação já não ouvimos mais, muito menos a última. Estuda-se hoje, para outras profissões, a de professor é a que menos se procura. Interessante que até mesmo alguns professores não dizem com tanta admiração que é professor. O que aconteceu? Daquele tempo aos dias de hoje, o professor ganhou novas nomenclaturas: docente, facilitador, mediador, tutor... Há também a denominação de “tia”, para as crianças do ensino infantil. Mudaram, também, os novos métodos de ensino, metodologia, houve novos rumos. Claro que, com os novos tempos, as novas 40


Professor – Que profissão é essa? tecnologias exigiam nova postura na educação. Mas por que a valorização da profissão de professor não está incluída nessas mudanças? Não ficou ainda mais reconhecido do que antes? Não evoluiu junto? Não se pode nem dizer que continua a mesma, visto que, num passado remoto, tinha reconhecimento e admiração de todos. Lembro-me de filmes de época em que os alunos tinham o hábito de levar uma maçã vermelha para a professora, em admiração e agradecimento, embora existissem a palmatória e os castigos de parede, existia o respeito. Há quem pense que não era respeito, era medo. Será? Não que eu seja a favor dos castigos, mas hoje os castigos foram trocados por diálogos, conversas intensivas com psicólogos e tudo mais, em troca os professores são agredidos e até mortos. Sem castigos não há maçãs? Irônico, mas real. Isso me preocupa. Tenho medo de chegar o dia em que esta profissão seja extinta. Será possível? Não podemos deixar isto acontecer! Os professores merecem mais apreço. Não falo numa visão política, embora haja esse caminho, mas vejo a profissão de professor numa visão holística, “a parte e o todo”. A sociedade impõe decisões em nossas mentes aos quais muitas vezes não queremos, e fazemos apenas para satisfazer à massa social. Hoje, até mesmo por conta da voz social os próprios professores não se dão o real valor que emite o que não é verdade. Ser professor é digno, e não haverá nada que o substitua, nem mesmo a mais alta tecnologia, pois não haverá a emoção e o prazer de se ensinar. Os professores estão insatisfeitos com sua classe visto o pouco ou nenhum reconhecimento e valorização, é bem verdade. Não estou querendo ser demagoga, mas sinto que isso pode mudar. Entretanto, precisamos acreditar na mudança. 41


Maria Aparecida da Silva Moreira Vejo esta profissão pelo outro lado, embora muitos pensem que não há. Por isso a defendo. E que outro lado é esse? Você provavelmente está perguntando. Eu respondo: O lado humano. O lado em que o ser humano tende a não querer usá-lo. Isso mesmo. Afetividade! Guarde bem esta palavra, ela será muito vista a partir de agora. A minha prática me ensinou a viver esta palavra mágica. Embora eu possa estar sendo um pouco dramática, é assim que percebo o outro lado desta profissão. É ver e ensinar além dos conteúdos, de aluno a aluno. É perceber que cada ser é distinto em sua essência e entender que essa diferenciação provoca uma atitude de respeito para com eles, fazendo-nos perceber que podemos fazer muito mais do que apenas ministrar conteúdos. De que não é só identificar que o aluno aprendeu, mas como ele aprendeu, pois é exatamente neste entremeio do ensinar e aprender que existe um viés de vivências que vão assegurar o aprendizado. Essas vivências se tornam uma sinergia necessária para que os resultados esperados sejam realmente alcançados de forma significativa. O que quero dizer é que entre aluno e professor deve haver não só uma relação imposta, rígida de professor e aluno, mas uma relação de respeito entre pessoas que estão juntas para enfrentar todas as dificuldades de um ano cheio de ensinamentos e aprendizados recíprocos. Para que se possa entender essa sinergia a que me refiro, nos próximos capítulos, serão vistas as competências e habilidades que o professor deve ter e/ou desenvolver em uma sala de aula. Ao fim, perceberá que ser professor não é missão fácil, mas que traz uma enorme satisfação de dever cumprido, quando realizado dignamente.

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“O professor inspira-se naqueles que contam suas histórias, cujo legado construiu e constrói conhecimentos.”


5 Planejamento Não se faz por acaso. Nem copia de outros. É competência maior Exige reflexão e teor. Feito para o aluno não para o professor. Aparecida Moreira

Falar de planejamento é remeter-se para o futuro. São planos que se quer atingir num determinado tempo e prazo. Como tudo na vida. Quando o professor inicia a elaboração da sua aula, planejamento é uma das primeiras competências que deve ser desenvolvida, e que de, certa forma, tem a mesma conotação, e o tempo e prazo são imediatos. A partir daqui, elucidarei sobre todo o processo que o professor deve fazer até chegar à sua aula. Antes de discorrer sobre o planejamento, é preciso que se destaque, no que diz respeito ao planejamento educacional/escolar, dois tipos de planejamentos: o planejamento participativo, que diz respeito aos princípios democráticos da escola, tendo como característica o envolvimento de todos os membros da comunidade escolar, para a sua concretização. A comunidade contribuirá no processo de decisões da escola. 45


Maria Aparecida da Silva Moreira Já o planejamento estratégico, que diz respeito ao gestor, são as providências tomadas pelo gestor da escola, métodos específicos (qualitativo e quantitativos) na resolução de problemas inerentes à escola, mudança de situações e criação de novas possibilidades para o alcance dos objetivos da escola, os quais perpassam o pedagógico, abrange não só a parte burocrática, como também, a administração interna. Percebendo-se essa distinção dos tipos de planejamento, nota-se que a junção dos dois alicerça o processo educacional na escola. O primeiro, norteado por alunos, professores, comunidade escolar e o segundo, centrado em uma única pessoa, o gestor da escola. Isso num contexto geral de planejamento realizado nas escolas, entretanto, para fins de ensino e aprendizagem do aluno, de forma mais direta, temos o planejamento pedagógico, inerente a cada professor. É, neste momento, em que o professor se apropria de suas habilidades e competências e desenvolve seu plano para ministrar sua aula, interagir os conteúdos sistematizados de forma que os alunos aprendam significativamente. Assim, a competência primeira do professor para ministrar sua aula mostra-se como um guia, devendo apresentar ordem sequencial, objetividade, coerência, flexibilidade. Entretanto, essa flexibilidade deve acontecer de forma que não interfira no objetivo a ser atingido. Ser flexível é mudar as estratégias e preservar o foco do plano, os objetivos. Ressalto que competência não se alcança – desenvolve-se. É fazer bem algo que se propõe a fazer. É a capacidade do sujeito de mobilizar recursos visando abordar e resolver uma situação complexa. Na profissão de professor, a todo tempo evidencia-se isso. O verdadeiro professor é um eterno pesquisador. Portanto, o planejamento, plano de aula deve estar envolto a essa pesquisa. Deve ser claro, sensato e real. Não deve ser 46


Professor – Que profissão é essa? feito ao acaso e muito menos para não ser colocado em prática. É o direcionamento do professor em sala de aula. De acordo com Menegolla e Sant’ana (2001, p. 11): A educação, a escola e o ensino são os grandes meios que o homem busca para poder realizar o seu projeto de vida. Portanto, cabe à escola e aos professores o dever de planejar a sua ação educativa para construir o seu bem viver.

Portanto, esse planejar é muito mais do que alimentar um formulário relatando qual conteúdo será trabalhado, suas atividades e avaliações. Tem todo um contexto social a ser envolvido, a ser contextualizado. Por isso é um momento de reflexão, em que o professor deve ter bem claro o que quer e como quer que sua aula seja desenvolvida, de forma que os alunos apropriem-se dos conhecimentos significativamente. Para planejar adequadamente a ação de ensino e atender às necessidades do aluno, é preciso, antes de qualquer coisa, saber para quem se vai planejar. Por isso, conhecer o aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo de planejamento. Veja como isso é abrangente! É preciso saber quais as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. E isso não é feito apenas de “olhar” para seu aluno, mas de olhar e “enxergar” o que ele traz de vivências. Por isso o planejamento é um momento de muita cautela, cuidado. O professor não deve planejar para ele próprio atingir sua meta de “dever cumprido”, e sim, para atingir as expectativas dos alunos, e conhecê-los é o ponto essencial para que o planejamento tenha o êxito esperado no processo ensino e aprendizagem. Geralmente, no plano de aula, preocupa-se muito com as estratégias, de como expor para os alunos o conteúdo a ser estudado e, com isso, criam-se diversas estratégias que, muitas 47


Maria Aparecida da Silva Moreira vezes, não têm o resultado esperado, ou não dá tempo para realizá-las, de tão complexas que são. A partir do pressuposto de que as estratégias são habilidades exercidas em sala de aula, pelo professor, para que os alunos consigam compreender os conteúdos, não significa dizer que deve ser com o uso de muitos recursos didáticos. Na maioria das vezes, as estratégias mais simples e com intervenções verbais são mais eficientes. O debate organizado por grupos, o conhecimento prévio do aluno, as analogias feitas pelas vivências, dentre outros, promovem um resultado melhor e mais significativo do que levar recursos tecnológicos, em que apenas o professor apresenta o conteúdo, de forma visual. Obviamente, que o aluno gosta e é atraído por esses recursos, pois agradam aos olhos e tendem a “prender” a atenção. Neste contexto, é preciso ter cuidado com o uso dessas estratégias, pois podem se tornar repetitivas e estagnar na mesmice, e, com o tempo, não surtir mais efeito. O mais importante desses recursos é que chamem a atenção do aluno, de forma rápida, e depois, o professor se aproprie dele para remeter-se ao conteúdo planejado, em que o aluno perceba esta relação de forma significativa. Planejar uma aula é viajar por um mundo onde o aluno gostaria de estar. A missão do professor é ensinar e a do aluno, de aprender. Porém, só é aprendido o que é desejado, quando há prazer. Daí a missão maior do professor no planejar: tornar sua aula desejada, prazerosa ao aluno. Isso só acontece quando realmente, ao planejar, está claro para o professor sobre as possibilidades de estratégias nas quais os alunos sentirão prazer, desejarão estar sempre presente na aula, pois sabem que, na aula, poderá haver esta sinergia do querer. 48


Professor – Que profissão é essa? O professor, quando percebe a grandiosidade do planejamento para seus alunos, “leva vida” ao cotidiano da sala de aula, da escola. É planejando, efetivamente, que o professor inova suas aulas. Parafraseando Grossi (2014), a teoria é para o professor o que a rede é para o equilibrista. Assim, digo que o planejamento é a segurança e o domínio do professor para ministrar suas aulas. É no momento de planejar que se descobre que cada aluno é especial, e que não há um só modo “moldado” a seguir. E, neste contexto, Carlos Libâneo fala da dialética transformadora – ensinar a pensar pelos conteúdos, atuar nos motivos dos alunos e inserir as práticas socioculturais nos conteúdos. Isso deve estar nas estratégias propostas no ato de planejar. Perceba que não é uma ação realizada de uma hora para outra. Planejar exige tempo para que o professor estude, reveja sua prática, e pense no que os seus alunos esperam da aula. E, com certeza, como a rotina deve ser evitada. Também é um momento de os professores partilharem suas ideias. Por muito tempo usava a expressão: “Trocar ideias”. Entendi, numa palestra com Terezinha Azeredo, a qual deixou bem claro que não existe essa troca, pois, quando trocamos algo, sempre perdemos algo. Portanto, eu não perco minhas ideias se partilhar com outros. É realmente uma partilha e não uma troca. Achei isso espetacular! Então, quando os professores partilham suas ideias, vivências, eles mutuamente agregam mais valores às suas, e daí novas ideias serão inseridas em sala de aula, e o aluno adquirirá novas formas de aprender.

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“Os resultados que acontecem na sala de aula sĂŁo o retorno do planejamento. Planeje o melhor.â€?


6 Metodologia e Didática Estão sempre juntas no processo de ensinar. Por um momento se diferenciam. São eficazes na sua função: promete e satisfaz. Uma mostra o método a outra como se faz. Aparecida Moreira

Muito há o que entender sobre metodologia e didática. Embora ainda se faça uma pequena confusão entre as duas, elas se completam e são imprescindíveis para que o professor tenha êxito no desenvolvimento da sua aula. A metodologia e a didática são a prática do planejado realizado pelo professor. O professor, quando planeja, já direciona sua prática para uma metodologia que atenda as expectativas do aluno, de forma eficaz. Assim sendo, a metodologia está relacionada aos métodos usados em sala de aula, pelo professor, para que o aluno entenda e assimile o conteúdo a ser desenvolvido. 51


Maria Aparecida da Silva Moreira Assim, para que o professor possa fazer da sua aula um momento de aprendizado significativo, é preciso que desenvolva metodologias adequadas para este fim, pois, nem sempre uma metodologia que deu certo em uma aula, ou turma, pode não surtir efeito em outras. Sabendo-se que a metodologia pode ser definida como o estudo dos métodos, as etapas a seguir num determinado processo e que tem como objetivo principal captar e analisar as características dos vários métodos disponíveis, se faz necessário que o professor, na sua competência, avalie as metodologias a serem utilizadas, saiba de suas capacidades, potencialidades, limitações ou distorções e analise criticamente os pressupostos ou as implicações de sua utilização no processo ensino e aprendizagem. Esta competência do professor necessita de, mais uma vez, domínio e conhecimento da sua área, da sua turma. Além de se saber escolher adequadamente e com eficácia os métodos a serem usados em sala de aula, para que os alunos possam se apropriar dos conteúdos com maior clareza e entendimento, o professor deverá, também, valer-se da didática na utilização destes métodos. Muitas vezes, o plano de aula é perfeito, atende, teoricamente, todos os requisitos para uma aula verdadeiramente proveitosa, entretanto, quando se depara com a didática do professor, tudo vai por “água a baixo”. Quando se tem metodologia mas não didática, de nada serve todo um planejamento com métodos grandiosos no processo de ensino e aprendizagem. Mas o que é Didática? Como dito no início deste capítulo, metodologia é o método a ser usado para que o conteúdo seja passado para o aluno, de modo amplo. São as estratégias, os recursos, mas que deve ser embasada numa intenção ampla do professor, atingindo todos 52


Professor – Que profissão é essa? os aspectos: filosóficos, sociais, culturais, no intuito de se chegar a um objetivo maior: aprendizado dos educandos. Assim, didática, podemos dizer, de forma clara e objetiva, que é a forma de o professor utilizar-se desses métodos em suas aulas, já de forma crítica, desenvolver uma prática educativa, instigadora e que deve acontecer no viés de interação entre professor e aluno, perpassando os muros da escola. Voltemos para o planejamento por um instante. Está lá, especificada toda aula, inclusive a metodologia. Mas como concretizar em sala de aula? A didática! É ela que faz valer seu planejamento. Competência magna do professor. Libâneo (1992, p. 25) argumenta que: A didática é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, as condições e os modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos.

A didática surgiu, na verdade o seu uso, segundo Gil (2007, p. 2), foi difundido com o aparecimento da obra de Jan Amos Comenius (1592-1670), Didática Magna, ou Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos, publicada em 1657. (PRESTES, 2014). Neste contexto, é interessante relatar um pouco sobre esse surgimento. Comenius, reconhecido como o “Pai” da Didática, percebeu a importância dela, ainda em sala de aula, quando aluno. Não gostava da aula que seu professor ministrava, não sentia prazer e nem interesse em aprender. A partir da sua inquietude, nasce a didática. Neste contexto, é interessante ilustrar num pequeno trecho sobre a vida de Commenius: 53


Maria Aparecida da Silva Moreira [...] Ao completar 12 anos ele viu sua família deixar a vida; órfão, conheceu a educação desprovida de afeto, a rigidez do sistema escolar, com a imagem terrível do professor despótico, as lições pretensamente dogmáticas, dotadas de uma verdade absoluta, as temidas palmatórias e a característica severidade. O garoto recebe, neste ambiente lúgubre, tão somente os rudimentos da arte de ler, escrever e contar. Estes elementos compõem a infância e a juventude de Comenius, e é justamente a forma como eles marcam seu espírito que o levam a desenvolver os alicerces do que ele considera a Didática Moderna, sistematizada em sua obra principal Didática Magna. O escritor se converte, então, no primeiro educador ocidental a privilegiar a interação entre os pólos instrução/ aprendizagem, do ponto de vista das distinções entre estes princípios. Sua teoria era, sem dúvida, inovadora para a época, o século XVII. (JAN..., 2014).

Percebe-se, nesta breve passagem da vida de Commenius, que começaria ali o que hoje chamamos de interação, interatividade. O aluno passaria a ter vez e voz em sala de aula. Penso, ter sido nessa repercussão que o professor também ganha em aprendizado, pois começa a apropriar-se de competências maiores para realizar suas aulas de forma dinâmica e interativa, a partir da didática/metodologia. Em sala de aula, não há como separá-las, se quisermos que a aula tenha seu pleno êxito. Por vezes, pode-se até fazer uso da metodologia sem ser didático, mas não se pode ser didático sem fazer uso da metodologia. Complexo? Nem tanto. É apenas uma questão de que não convém julgar sem conhecer. Ou seja, pode-se usar de várias 54


Professor – Que profissão é essa? estratégias em sala de aula, sem, necessariamente, ser didático, conhecer profundamente esses recursos, porém, não se pode ser didático sem a metodologia, pois a didática exige estudo dos métodos para aplicá-los com eficácia. Na pretensão de ser um pouco mais ousada, na definição de didática, penso que não se trata apenas de uma prática, como sempre se ouve, mas de algo além do conhecer teórico – afetividade – olhar para o mundo. Pois não basta conhecer, a aplicabilidade exige essa relação de integração e interação entre professor e aluno para que haja uma partilha de energia que suscite novos conhecimentos e não, uma relação de forma artificial. E, neste contexto, não falo sozinha, Ghiraldelli (2000, p. 11) comenta: Não qualifico a didática como uma prática, embora não despreze este seu lado. Muito menos, tento vê-la como uma teoria geral da educação, estando ou não travestida com o nome de Pedagogia – esta megalomania teórica deveria estar afastada de nós desde há muito. Prefiro, neste trabalho, vê-la como um campo de saberes. Então chamarei de didática um lugar, ao qual cabe estudar as principais teorias educacionais dos nossos tempos.

Completo com a afirmação de Ghirardelli (2000, p. 13): A verdadeira didática, no meu entender, deve muito à capacidade geral de se dispor para o outro, na troca de olhares e “cortejamento” entre educador e educando.

Nada na vida há sentido, se não for feito com dedicação, com alegria. E no âmbito da educação, sala de aula, não consigo visualizar de outra forma. E a Didática, – apropriando-me de frases feitas – é a arte de ensinar. Neste contexto, encontrei em Libâneo (1990, p. 26): 55


Maria Aparecida da Silva Moreira a ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. [...] trata da teoria geral do ensino.

Como também a metodologia, segundo Libâneo (1991, p. 53): a metodologia compreende o estudo dos métodos, e o conjunto dos procedimentos de investigação das diferentes ciências quanto aos seus fundamentos e validade, distinguindo-se das técnicas que são a aplicação específica dos métodos.[...] Técnicas, recursos ou meios de ensino são complementos da metodologia, colocados à disposição do professor para o enriquecimento do processo de ensino. Assim, diferencia-se metodologia de técnica, muitas vezes confundidas pelos docentes.

Essas definições se enquadram perfeitamente no que falo. Essa arte de ensinar deve estar inserida nestas duas competências/habilidades do professor: metodologia e didática, as quais fazem valer o planejamento feito por ele. Trata-se de um processo, de uma continuidade do planejamento. Esta é a arte! Colocar em prática o que foi idealizado em plano, com divina maestria, de tal forma que no desenvolvimento em sala de aula aconteça uma perfeita obra de arte, em que o professor é o artista, a tela, o aluno e a arte inserida nela, o resultado de sua aula – o aprendizado. Uma perfeita sinergia é o que o professor faz acontecer em aula, quando se apropria desta arte. A metodologia e a didática lhe proporcionam isso. Entretanto, para se chegar nessa performance, há muito o que se investigar, pesquisar e isso 56


Professor – Que profissão é essa? deve acontecer no momento do planejamento, como já visto no capítulo anterior. Metodologia e didática são os meios para ensinar, mas elas não funcionam se não forem bem definidas e direcionadas para o fim que se deseja. A “obra de arte” só vai ser concretizada se o professor estiver totalmente afetivo, disposto, focado. Quando falo de afetividade em sala de aula, como “ferramenta” essencial para o processo de ensino e aprendizagem, não falo somente do ponto de vista sentimental, emocional, mas, também, num aspecto crítico. Como coloca Freire (1996, p. 52, grifo do autor): quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor; inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento.

Essas palavras remetem ao fato de que nada se faz verdade pronta, em especial na educação. Não há receita pronta para ensinar. Educação é transformação...e não transferência... a verdade se transforma em certo naquele momento de aprendizado, pois um aprendizado leva ao outro e assim sucessivamente. Viver isso em sala de aula é perceber que o que surte efeito no aprendizado dos alunos não é o conteúdo trabalhado, mas como se é apresentado a ele. E esta forma de apresentá-lo, a didática e a metodologia, nos ensina. Não há mais espaço na sala de aula para o autoritarismo, aula mecânica e reprodutiva. Os alunos precisam de aulas em que o conteúdo esteja inserido na alegria, na interatividade, nas brincadeiras, na ludicidade, na conversa, enfim, do “bom dia” ao “até amanhã”! 57


Maria Aparecida da Silva Moreira A metodologia e a didática permitem isso, porém o professor precisa querer fazer, querer acontecer, querer desejar, querer ensinar. Resumidamente, as competências e habilidades do professor, no que diz respeito à didática e metodologia, é o que fará a diferença no desenvolvimento da sua aula, em que o foco principal é o aprendizado do aluno. Assim, a diferença é que a didática é uma ciência utilizada para estar inserida e fazer com que outra pessoa entenda o que você tem para ensinar. Deixando claro que a metodologia é a forma como se faz isso, mas a metodologia não é necessariamente didática, existem métodos para milhões de coisas, para várias formas de ensinar, a didática é voltada apenas ao ensino e suas complexidades.

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“Didática e metodologia não se dissociam em sala de aula.”



7 Avaliação Constrói conceitos. Julga e conduz. Certo e errado se deduz. Processo contínuo deve ser. Valores questionados, difíceis de definir. O que vem a ser? Promover ou punir? Aparecida Moreira

A avaliação no processo ensino e aprendizagem é a competência mais delicada e complexa que o professor desenvolve. É o fecho do círculo – planejamento, desenvolvimento (didática e metodologia) e avaliação. É a reflexão de como foi realizado todo o processo de aprendizagem do aluno, resumidamente em uma única pergunta: – O aluno aprendeu? Simples assim? Certamente não. Muito foi mudado no que diz respeito à avaliação escolar. Não se pode avaliar simplesmente por um formulário preenchido pelo aluno, no qual responde perguntas prontas a respeito de conteúdos vistos em sala de aula. Não mais! Não somente. Avaliar hoje significa ir além de respostas prontas, em que o aluno “decora” para o momento da prova e depois “deleta”. Avaliar é um processo contínuo. Não é só numa prova que se 61


Maria Aparecida da Silva Moreira deve avaliar o rendimento do aluno. Há todo um caminho a ser percorrido. Não é somente nas respostas dos alunos que se deve esperar acertos mas, principalmente, nas perguntas feitas. Há todo um contexto em torno de como avaliar. Envolve valores. Como define Luckesi (1996, p. 33), “é como um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão”. Assim, o professor tem uma função delicada a ser desenvolvida – avaliar e não punir. Perceba que não é uma missão fácil, exige reflexão, reflexão essa realizada desde o planejamento. O professor deve ter os objetivos bem definidos ao se fazer a avaliação, e o mais importante, o aluno deve compreender o que realmente se está querendo nas questões. Muitas vezes perguntas extensas e mal elaboradas podem distorcer a resposta dos alunos, que provavelmente entendeu outra coisa. Avaliar não deixa de ser um momento delicado, visto sua ampla gama de critérios – conteúdo, conhecimento prévio e valores do aluno. Processo que tem por intuito avaliar não somente o desempenho do aluno, mas também do professor. Você pode questionar: – Do professor? Explico. No momento em que o professor está avaliando o aluno, através de uma prova, por exemplo, ao mesmo tempo ele deve também se autoavaliar, baseado nas respostas dos alunos, podendo refletir: "" As questões elaboradas deram menção às respostas pretendidas, esperadas, ou a outras? "" As aulas ministradas foram repercutidas nas questões? "" Poderia ter formulado melhor a questão, de forma que não remetesse a outras respostas? 62


Professor – Que profissão é essa? Enfim, o professor foi preciso, cauteloso em suas questões? O que se pode melhorar para as próximas avaliações? O professor que usa dessa criticidade faz esta autoavaliação, entende que o aluno só vai reproduzir o que foi ministrado e compreendido em sala de aula, de acordo com a formulação das questões da avaliação. Infelizmente, segundo Sant’Anna (1995, p. 27),

há professores radicais em suas opiniões, só eles sabem, o aluno é imbecil, cuja presença só serve para garantir o miserável salário detentor do poder.

Essa realmente não deve ser a postura desejada de um professor. Há muitos critérios para uma avaliação que corresponda às expectativas tanto do aluno, como do professor. Entre eles o significado para o aluno, que ele possa construir seus conhecimentos fundamentado nos trabalhados durante as aulas, de forma significativa e não mecânica. Não se transmite conhecimento, se faz contruí-los. Feedback é a palavra que deveria substituir avaliação. Talvez causa-se menos repúdio pelos alunos. Que retorno tenho dos meus alunos sobre as minhas aulas? Essa é a pergunta chave embutida na avaliação – isto é feedback: retorno de algo que se faz. Entretanto, apesar de muito se ter mudado em sala de aula, tecnologias, aulas lúdicas, aulas interativas, dinâmicas, ainda repercute que a avaliação é uma vilã, que traz para o aluno um momento de angústia, medo e incertezas. É como cita Moretto (1996, p. 1): A avaliação tem sido um processo angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como recurso de repressão e alunos que identificam a avaliação como o “momento de acertos de contas”, “a hora da verdade”, “a hora da tortura”.

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Maria Aparecida da Silva Moreira Que bom seria, chegasse o dia em que o professor anunciasse a semana de avaliação e os alunos, num coro só, dissessem: “ – Oba, que legal!”. Será que podemos ver isso um dia? O professor deve engajar-se para isso. Percebe-se que a avaliação está rotulada como algo ruim, e o professor, como personagem principal desta ação, muitas vezes se prende à avaliação quantitativa, reprova ou promove o aluno, sem levar em consideração o seu desempenho durante o processo de ensino. Acredito que avaliação é a função que exige mais do professor, pois traz à tona, não só o que o aluno aprendeu, mas como foi aprendido e apreendido. Neste contexto, enfatizo Antunes (2013a, p. 100) quando diz: Aluno que aprende coagido... que aguarda uma prova como condenado à forca é sempre aluno que, transfigurado pela emoção, pode simular que aprende, mas se retém alguma coisa, ainda que depressa, seu cérebro trata de eliminar esse lixo incômodo e, assim, evoluir, livrando-se do insustentável peso de uma aprendizagem que, por se fazer imposta, se mostrará nociva.

É, nesse entrave, que é cobrado do professor um olhar reflexivo, justo, para que não exclua o aluno do processo de ensino e aprendizagem, pelo contrário, o inclua como um ser crítico, capaz de construir conhecimentos de forma significativa e, assim, poder atuar como cidadão digno em sociedade. Avaliar é preciso, mas de forma sensata, coerente e significativa, tanto para o aluno como para o professor. Avaliação deve ser um processo de entrosamento, interação, em que o aluno e o professor apropriam-se de algo que lhe trará um retorno do que realizaram juntos. Deve ser um momento oportunizador da reflexão da própria prática. Não deve 64


Professor – Que profissão é essa? haver um “punidor e um punido”, mas sim privilegiados, agraciados pelo aprendizado adquirido e revelado na avaliação. É, nesse contexto, que o professor toma este ato de avaliar não como um veredito final do processo em que se verifica o que o aluno conseguiu alcançar, e sim averigua com precisão as condições de aprendizagem em que o aluno se encontra e daí, permite que ele evolua na construção de seu conhecimento. O professor deve usar da imparcialidade para não correr o risco de “confundir” e punir o aluno por seu comportamento não desejado em sala de aula – incluir e não excluir. Diante de todos esses preceitos sobre o ato de avaliar, percebe-se que a avaliação tem como função: "" Conhecer o aluno. "" Verificar o rendimento (progresso) do aluno. "" Identificar as dificuldades de aprendizagem. "" Orientar a aprendizagem. Para tanto, o professor apropria-se de alguns tipos de avaliação para ter mais clareza e objetividade na hora de avaliar, os quais são realizados ao longo do ano letivo. São eles: "" Diagnóstica – Acontece logo no início do ano letivo com o objetivo de identificar os erros e planejar, com base no diagnóstico, atividades que serão realizadas durante o processo de ensino e aprendizagem. "" Formativa – Objetivo de informar os resultados da aprendizagem durante o desenvolvimento das atividades, possibilitando ações, intervenções para seus ajustes. Mostra como o aluno está se formando, se adequando. "" Somativa – Faz um balanço somatório de uma ou várias sequências de um trabalho de formação. Situa e classifica 65


Maria Aparecida da Silva Moreira o aluno, tendo a perspectiva de conclusão em evidência, pois acontece no final de cada ciclo (bimestre, semestre, ano). Neste contexto, Luckesi (1996) alerta que a avaliação com função classificatória não auxilia em nada o avanço e o crescimento do aluno e do professor, pois constitui-se num instrumento estático e frenador de todo o processo educativo. Segundo Luckesi (1996), a avaliação com função diagnóstica, ao contrário da classificatória, constitui-se num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação e do crescimento da autonomia. Avaliar, como visto, não é um processo de apenas um momento, mas de todo um processo de ensino e aprendizagem durante o ano letivo. A avaliação exige tempo. E esse tempo para avaliar não deve acontecer de forma aleatória apenas para aferir com notas o que o aluno aprendeu. Sua função é bem mais ampla, pois verifica como o aluno estava quando iniciou, seu desempenho durante o processo de ensino e aprendizagem e como chegou na etapa final deste processo. Trata-se de um processo que envolve não somente a parte de conteúdos sistematizados, obedecendo ao currículo escolar, mas também, do aspecto social, político, cultural que fazem parte da vida do aluno. Pois a avaliação está intrinsecamente ligada à natureza do conhecimento. E esse conhecimento não se dá apenas na sala de aula, na escola. E é, neste momento de avaliar, que se deve usar da afetividade, aquela afetividade que mencionei nos capítulos anteriores e que citarei por muitas vezes. Falo do cuidado em ver e rever o que o aluno fez; atenção em verificar em que o aluno não foi bom e o que fazer para que melhore; entender o “momento” do aluno no ato da prova. Posso está sendo extremista ou detalhista no que diz respeito à forma de se avaliar o aluno, mas faz-se necessário, para 66


Professor – Que profissão é essa? uma melhor reflexão, colocar minhas concepções, meus pensamentos e como eu percebo todas essas competências que o professor desenvolve no processo de ensinar. E, na minha trajetória como professora, avaliar é o momento mais minucioso de todo esse processo, pois deve ser feito à luz do desenvolvimento do aluno em sala de aula e também no seu contexto social, e não apenas por um instrumento que remete a um valor quantitativo. Neste momento, você pode está pensando: – “Não acredito que se façam isso ao avaliar uma prova!” Pois acredite, há quem faça – o professor. “O professor” e não qualquer professor. Desculpe-me o enfatismo, mas é preciso ser sincero, e realmente há quem não faça desta forma. Hoje em dia se tem falado muito sobre avaliação, autores têm sua contribuição sobre o tema, de forma que os professores possam avaliar de maneira justa. A autocompreensão e a autoaceitação do professor constituem o requisito mais importante em todo o esforço destinado a ajudar os alunos a se compreenderem e forjar neles atitudes sadias de autoaceitação. (ADAMUZ, 2014).

Veja, a seguir, um pequeno quadro comparativo sobre avaliação numa visão tradicional e num modelo adequado, segundo Luckesi (2002 apud CARLOS, 2013).

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Maria Aparecida da Silva Moreira Visão tradicional

Modelo adequado

Ação individual e competitiva

Ação coletiva e consensual

Apresenta um fim em si mesma Postura disciplinadora e diretiva do professor

Concepção investigativa e reflexiva Atua como mecanismo de diagnóstico da situação Postura cooperativa entre professor e aluno

Privilégio à memorização

Privilégio à compreensão

Concepção classificatória

Pressupõe a dependência Incentiva a conquista da do aluno autonomia do aluno Quadro 1 - Avaliação numa visão tradicional e num modelo adequado Fonte: Luckesi (2002 apud CARLOS, 2013).

De acordo com o quadro, é realmente impossível tratar de avaliação numa visão tradicional em especial, nos dias atuais, em que o aluno já traz para sala de aula um bombardeio de tecnologias. Penso que avaliar, não querendo ser repetitiva, é o momento em que se percebe todo o trabalho realizado em sala de aula – como o professor desenvolveu suas aulas e como o aluno conseguiu apropriar-se dos conteúdos expostos. Entretanto, muitas vezes só se percebe, se “corrige” o que diz respeito ao aluno. E a do professor, quem vai corrigir? Ele mesmo! É um ótimo momento, como dito, de o professor perceber a sua desenvoltura, a sua práxis. Pense nisso, professor.

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“A avaliação é um processo constante de observação e autorreflexão. Exige cautela e empenho.”



8 Ensino / Ensinagem Ensinar vai além de expor conteúdos. É falar a mesma linguagem; é trocar em miúdos. É perceber o outro, do outro lado. É lançar conhecimentos e ficar no amparo. É focar na aprendizagem. É fazer do ensino um ato de ensinagem. Aparecida Moreira

Ensinar é objetivo principal do professor. Para atingi-lo se desenvolve todas as competências e habilidades vistas nos capítulos anteriores. Nas mudanças ocorridas na educação, uma delas foi o processo de ensino. Ensinar, no método puramente tradicional, perdeu espaço. O aluno não é mais passivo. Não há como ser mais! O mundo mudou e esse processo mudou junto. Às caras de tantos avanços tecnológicos, o ensino ganha uma nova roupagem, tirando-o da passividade para a atividade. Porém, não tão simples assim. O que se tem como resultado do ensino? A aprendizagem. Mas às vezes o ensino não resulta na aprendizagem planejada. 71


Maria Aparecida da Silva Moreira É neste sentido que o ato de ensinar vai além da exposição de conteúdos. O professor, munido de todas as suas competências e habilidades, traz para o aluno o que se deve ser ensinado, entretanto, não significando que o aluno aprenderá. Então, quando o ensino é realmente “ensinado” efetivamente? Muitas respostas se pode obter: "" Quando o aluno compreende o que se é passado. "" Quando o aluno constrói um novo conhecimento do que foi ensinado. "" Quando o aluno se dispõe a entender a mensagem do conteúdo. "" Quando o aluno faz uso do que se foi ensinado. "" E enfim, quando o professor ensina percebendo as possibilidades dos seus alunos. O ensino é dialético. Para entender melhor, colocarei mais detalhadamente o que afirmo acima. Quando se ensina, é preciso perceber a compreensão de quem se está ensinando. E como perceber isso? O professor deve estar atento às reações, e refletir: Está tudo indo bem? Estou sendo compreendido? Estou sendo claro?. E a partir daí saber como prosseguir. Mudar as estratégias, a linguagem (a forma como se expressa), a interatividade, enfim, deter a atenção do aluno, pois sem ela nenhum ensino pode ser assimilado. Para se deter a atenção do aluno, é preciso fazê-lo coadjuvante da aula. Fazer parte. E isso só acontece a partir de um planejamento antecipado – como visto anteriormente, o planejamento é a primeira competência a ser desenvolvida pelo professor. Em palestra assistida de Celso Antunes, ele deixa claro que toda a aprendizagem é uma transformação, uma mutação 72


Professor – Que profissão é essa? que exige atenção e que a atenção pode ser desenvolvida, estimulada. Portanto, a atenção não é um estado permanente do cérebro, é um gatilho que se dispara. Assim, a atenção não depende intrinsecamente do receptor, mas do emissor – neste caso o professor. Perceba, nesta visão, que o docente tem um papel desafiador, que Celso Antunes chama de “atenção humana”. Quando se tem essa atenção, o aluno faz parte da aula, é realmente atencioso, constrói seu próprio conhecimento do que é visto, do que se é ensinado, a mensagem está sendo compreendida. E isso pode acontecer em todas as aulas, basta conseguir esta sinergia, esta harmonia entre o que o professor ensina e o que o aluno traz, fazendo com que aconteça a junção dessas duas partes, é a dialética – “não existe um sem o outro”, como diz Terezinha Azeredo. É construir a realidade de acordo com suas opções. É, nesta perspectiva teórica, que Emília Cipriano nos diz que o desenvolvimento e a aprendizagem do ser humano tem a ver direta e indiretamente com os seus contextos vivenciais. Neste sentido, o aluno levará adiante o que compreendeu, o que construiu em sala de aula, juntamente com o professor e demais colegas. Isso, repercutirá além dos muros da sala de aula, da escola. Deparará no meio social e cultural em que ele está inserido, acontecendo, desta forma, o que de mais sublime o professor pode alcançar – a aprendizagem significativa dos seus alunos. É a aprendizagem efetiva. Afetiva, acrescento eu. Nessa dialética, insere-se uma nova palavra para melhor compreender essa sinergia – a “ensinagem”. Um novo paradigma se apresenta para melhor conceituar o processo de ensino e aprendizagem.

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Maria Aparecida da Silva Moreira As transformações e mudanças acontecerão sempre na educação, como já elencado. A ensinagem muda o processo de se ensinar, mas não tira seu sentido. Mostra que não há mais alunos como antigamente e que os professores também não podem ensinar como antigamente. É o futuro se fazendo no presente. Muitos talvez pensem que não faz muita diferença esse acréscimo de palavra neste processo, mas o que realmente importa, com palavras novas ou não, parafraseando Celso Antunes, é que a teoria justifica a prática. Portanto, ensinagem perpassa o ensino colocado como obrigação. Ela nos diz que enquanto o aluno não aprender, o professor não conseguiu terminar de ensinar. Conceito de ensinagem retirado de pesquisa: Traz consigo compromissos éticos, políticos e sociais. Ensinar define-se com a ação de aprender e possibilita o método dialético (caminho entre ideias) de ensinar. Trabalha o conhecimento, conteúdo, formas de ensinar e resultados.5 Vasconcelos (1994), referindo-se ao processo da ensinagem, definiu três momentos fundamentais: "" Mobilização do conhecimento: possibilita ao aluno um clima favorável à interação, provocando uma tomada de consciência crítica e construtiva. "" Construção do conhecimento: se consegue por meio de desenvolvimento operacional, pesquisa individual. "" Elaboração da síntese do conhecimento pelo aluno: consolidação dos conceitos. Assim sendo, a ação de ensinar deve contar com fatores que favoreçam esse processo, em especial no que diz respeito 5

Saiba mais em Jak (2014).

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Professor – Que profissão é essa? ao tempo que o aluno terá para estudar, ambiente, participação conjunta dos sujeitos envolvidos – professores e alunos. Tudo muito bem planejado e estipulado. Tarefa que dependerá de dedicação e vontade. Desta forma, num primeiro momento, pode-se indagar que a introdução desta nova palavra, para definir um ensino com maior efetividade, quase nada muda no processo do ensino, somente a participação mais ativa do aluno. E isso não já acontecia? Meu aluno já não ganhou espaço em sala de aula? O aluno não é mais um sujeito passivo. Talvez sim, porém não havia uma relação mais “aberta” com o professor. É isso que se propõe a ensinagem – caminhar juntos, ser parceiros, entretanto, cada um assumindo o seu papel, com o devido respeito. É assim que o professor implementa ainda mais sua função. Como diz Rubem Alves: “As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.” (RUBEM..., 2014). Então, se a ensinagem vem para dar espaço à cooperatividade, coletividade, num viés de conhecimentos, construção e aprendizado, desafiando ainda mais a prática docente, que seja bem-vinda! Ela vem subsidiar o ensino para que aconteça efetivamente a aprendizagem, pois esse é o objetivo do ensino, não significando dizer que é mais importante que a aprendizagem. E assim, pode-se realizar uma ação integrativa no percurso formativo do aluno. Para que isso aconteça, não precisa ir muito longe, ou fazer algo mirabolante para que essa ensinagem aconteça (não confundir ensinagem com aprendizagem). Precisa-se somente se dispor a fazê-lo, como disse, um desafio a mais em sala de aula, e assim querendo, não faltará ideias, estratégias, as quais o docente, na sua plena criatividade, pode construí-las e desenvolvê-las tão bem. 75


Maria Aparecida da Silva Moreira Uma prática inovadora, diria ao processo de ensinagem, cujos objetivos essenciais é o desenvolvimento de raciocínio, precisão de conceitos básicos, crescimento em atitudes de participação e crítica perante os conhecimentos. Tudo realizado de forma em que o professor não perca sua autonomia e o aluno assuma um compromisso na conquista de construir conhecimentos. E como diz Vasco Moretto: “aprender é construir significados, e ensinar é oportunizar esta construção”.

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“A sala de aula é o palco onde o professor realiza sua arte. A arte de ensinar.”



9 Quanto Custa um Professor Custa um reconhecer. Um perceber. Um enxergar. Uma atenção. Um festejar. Um acreditar. Um agradecer. Isso tudo diário, e não apenas um justo salário monetário. Aparecida Moreira

Diante de tudo que foi relatado até aqui a respeito desta profissão, quanto custa pra você um professor? Valor inestimável. Um teto salarial justo deveria há muito já existir. Faz necessário, pois, como qualquer outra profissão, merece um salário digno do seu fazer. Neste sentido, o professor deveria ter o salário mais bem pago. Não me refiro somente ao salário, há outros elementos que também contribuem para valorização do professor como oportunidades para formações – o professor precisa estar em pleno contato com novos conhecimentos, por si só, muitas vezes não é o suficiente –, condições de trabalho, ambiente e ambiência. A maneira como a gestão e demais funcionários da escola (se o caso) se relacionam com ele, a preocupação dos coordenadores 79


Maria Aparecida da Silva Moreira pedagógicos, os quais se faz muito importante no exercício docente, em que deve desempenhar e entender suas competências e contribuir para o bom desenvolvimento da prática pedagógica e não ser “fiscal”, pois, infelizmente, muitos destes profissionais não conhecem sequer a legislação do ensino, em especial a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Entretanto, enquanto isso não acontece, que pelo menos possamos valorizá-lo, reconhecê-lo como o herói da educação, pois não existe educação sem a figura do professor. É fato que muito vem contribuindo para que o próprio professor se desvalorize (infelizmente). A sociedade grita aos quatro cantos que a profissão do professor vem perdendo espaço e valor, ninguém fala mais em ser professor, e o professor, de tanto ouvir, termina internalizando e pegando pra si esta visão. Que pena! Eu, como professora, educadora, sinto-me orgulhosa da minha profissão. Tenho prazer em ser, não importa o que alguns dizem desta profissão. E, apesar de o cenário atual ser tão pouco favorável para o professor, ainda sonho com o dia em que os professores possam levantar a cabeça e dizer em alto e bom som: “Eu sou professor, eu sou feliz!” Não é demagogia, acredito que muitos o são, mas devido à repercussão não muito favorável, se reprimem e ocultam este fato. A profissão de professor não é para todos, é verdade. Ser professor, parafraseando Freire (2013, p. 100), “É encantar-se com a própria magia da transformação”. Todas as profissões passam pelo professor. Frase feita, mas causa efeito. Vejam bem: o professor forma médico, psicólogo, advogado, engenheiro... e, num futuro, esses profissionais podem se tornar professor, mas um professor, pela sua formação, não pode ser outra coisa senão professor.

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Professor – Que profissão é essa? Neste sentido, mostro o verdadeiro valor do professor. Como? Se qualquer outro profissional pode ser professor, e professor não, não seria inferiorizá-lo? Outras profissões podem até ministrar aulas, repassar os seus conhecimentos, ensinar suas práticas, em qualquer que seja sua área, ganham nome de professor pelo ato de ensinar, porém, não são professor por formação, a menos que a inclua no seu currículo. São competentes para repassar sua prática, suas experiências. Não quero com isso fazer crítica aos demais profissionais que também dão aula, apenas enfatizo que o professor é um ser único no seu fazer, e isso é seu maior valor. Não há por que se subestimar. Ser professor com toda a grandiosidade da sua função realmente não é para qualquer um. E não importa o som que ecoa no vento. Esse valor ninguém tira do professor. Antunes (2013c, p. 100) se coloca muito bem neste contexto quando diz: Mas, se é verdade que não somente o professor ensina, nenhuma outra profissão tem em sua estrutura essencial essa função. É por essa razão que ser professor possui significado indizível, e também por esta mesma razão, é essencial que todos os que foram abraçados por essa função se aprofundem na plena compreensão do que efetivamente significa ensinar.

Percebe-se esta grandiosidade sendo reconhecida dignamente, pelo Imperador do Japão que se curva diante do professor. Ele sabe que jamais teria a sabedoria necessária para governar se não fosse aquele humilde cidadão. Enquanto isso acontece no Japão, nossos professores continuam a ganhar um salário subdesenvolvido. Por isso, falo que o professor é um herói. Apesar de tudo, os percalços que 81


Maria Aparecida da Silva Moreira a profissão apresenta consegue com excelência direcionar e transformar vidas. Nas palavras de Paulo Freire: Verdades da Profissão de Professor Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho. A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda. (CITAÇÕES..., 2014).

A verdadeira essência do professor está em sair do comodismo e buscar novos horizontes no desafio constante de ensinar. Parafraseando Antunes (2013b): O professor é um plantador de amanhãs, escultor de esperanças, e quanto custa tudo isso? Em um artigo publicado na Revista Crescer, deparei-me com este comentário: 82


Professor – Que profissão é essa? Acredito piamente que o trabalho do educador é um dos mais importantes da nossa sociedade. O que não nos damos conta é que os educadores estão mais tempo com os nossos filhos do que a própria família, são eles que participam ativamente da formação intelectual e afetiva das crianças. A importância do educador é tanta que já presenciei muitos lapsos de crianças em salas de aula, chamando seus professores de: “mãe”, “pai”, “avô”, “avó”. Somente pessoas marcantes na vida de alguém é que podem provocar nas crianças tal ato falho, ou seja, valorizar a educação e seus agentes é valorizar nossos filhos e a sociedade no geral. (BRENMAN, 2014).

Qual professor, que passou pela Educação Infantil, também não foi confundido por esses personagens marcantes na vida da criança? Somente nesta profissão pode-se sentir esta sensação e emoção de ser importante, marcante e de que alguém necessita da nossa presença, da nossa ajuda. E quanto custa tudo isso? Pode acontecer, depois de anos nesta área, se deparar com alguém que você parece conhecer e de repente, ouvir: – “Oi, professor! Lembra de mim? Fui seu aluno na primeira série!” Neste momento, você percebe que pode não ter reconhecido seu ex-aluno, mas ele, passe o tempo que passar, lembrará sempre, pois algo significativo você deixou para ele. E quanto custa tudo isso? O verdadeiro professor não mede esforço para que seus alunos aprendam e sejam seres cada vez melhores. Não se acomoda diante das mudanças e obstáculos. Avança cada vez mais na busca incessante de fazer com seus alunos, o que nenhuma outra profissão pode realizar com tanta maestria: transformá-lo em um cidadão consciente, crítico e transformador. E quanto custa tudo isso? 83


Maria Aparecida da Silva Moreira Não falo em valor monetário, pois faz parte de um contexto político, o qual não é o nosso foco neste momento. Até porque, já é sabido desta questão e que muito ainda se tem a vivenciar para obter o sonhado teto salarial desta classe. Ou talvez não. Tento colocar os verdadeiros valores de ser professor, para massagear o nosso ego e perceber realmente que somos profissionais essenciais para o mundo, não importa se as circunstâncias queiram mostrar o contrário. Sejamos, simplesmente professor. Simplesmente professor Chega sem ser escolhido. Assume a missão de fato. Aceita todos. Não há preferido, só o desejo do saber perpetuado. Cria, recria, desafia no ato nobre de ensinar. Conduz, abre caminhos. No dom confia e vai adiante, vidas transformar. Emana confiança, do não se desfaz. Atento, com adultos ou crianças e do desafio, não desiste jamais. Jeito sereno ou audaz. Media conhecimentos todo dia Com competências se faz capaz. Assim, orienta, é estrela guia. Marca por toda vida. Transporta desejo aos que perto estão. Se doa, arrisca, se dedica. Dá vida àqueles que estão em vão. Não para, não se cansa Apropria-se do saber de A ao Z. Indigna-se e volta a ter esperança Prossegue confiante com prazer. Tudo é cuidado, zelo e dever. Tarefa nada fácil, apreço se faz merecer.

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Professor – Que profissão é essa? Defende causas, está sempre seguro. Dá vez à voz, liberta mentes do obscuro. Faz com amor e não por amor, o que faz a diferença. E é assim, nem muito nem tão pouco, simplesmente professor. Maria Aparecida da Silva Moreira

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“Estar em sala de aula, como professor, é sentir a emoção e a responsabilidade de contribuir significativamente para mudanças de vidas. Valor imensurável.”


10 Considerações Finais Até aqui, procurei enunciar, a partir da minha prática docente, considerações e observações acerca desta profissão que há muito vem sendo “colocada” de lado. É o meu grito de alerta e de apreço ao professor. Enfatizar que não há profissão maior nem mais digna do que esta. Para que o cenário atual não apague o brilho que este profissional emana a todos ao seu redor. Mostrar que precisamos sim, de um salário que condiz com o nosso valor. Mas, enquanto isso não acontece, possamos internalizar o nosso real valor como profissional da afetividade – isso mesmo. Afetividade. É ela que impregna nossas ações docentes e que tem transformado vidas. Sempre acreditei nesta afetividade, pois ela nos leva onde jamais imaginamos ir. Ela me trouxe até aqui. Não falo no sentido de tocar, mas de olhar o outro e enxergar – cuidar, saber falar e saber calar, agir com a razão sem perder a emoção. E eu, não estou só nesta concepção. O nosso Papa Francisco expandiu o maior exemplo de tudo que expressei na profissão de ser professor, a questão do cuidar, e ele mudou pensamentos no mundo todo, com sua humildade e afetividade. Foi depois de ele ter deixado sua mensagem de paz, por meio de ações e atitudes tão nobres e humildemente, é que me determinei a concluir este livro. “Eu também preciso levar 87


Maria Aparecida da Silva Moreira a minha mensagem” – pensei. Talvez o mundo não me ouça como o Papa foi ouvido, mas com a minoria que puder entender a mensagem, alguma diferença será feita. O Papa nos diz para pensarmos grandes, para realizarmos coisas grandes. E nós, professores, pensamos e fazemos grande. Ninguém consegue ser alguma coisa na vida, se não for pelo professor. Nesta nossa profissão, a canção nunca é a mesma, pois são outras pessoas cantando, já dizia Terezinha Azeredo. Somos os profissionais que buscamos as causas para mudar as atitudes, porque sabemos que o futuro é feito no presente. Encerro, mostrando no texto abaixo, texto este produzido ainda como aluna na faculdade de Pedagogia, a essência de ser professor. Ser professor é segurar na mão. Ensinar e Aprender andam juntos, e às vezes nem se pode perceber... Despertar conhecimento é um ato tão sublime que vale a pena qualquer esforço... Você, professor, ensine algo a uma criança, algo simples, de uma letra a uma palavra inteira. Ensine e procure observar depois, nos olhos dela, tamanha satisfação, que parece nem caber no seu olhar... Com certeza ela chegará em casa divulgando com extrema alegria o que aprendeu com Você, professor. E você, o que aprenderia com isso? Talvez não tenha percebido ainda o que se descobre quando se ensina: que é IMPORTANTE na vida de alguém. Ser professor é muito mais do que passar conteúdos. É passar parte da sua vida dedicando-se a alguém, para que esse alguém seja ALGUÉM na vida. Já paraste para pensar quão isso é importante? Muita responsabilidade não é mesmo?

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Professor – Que profissão é essa? Mas a responsabilidade faz o caráter, a dignidade e o respeito. Queira ser professor por esta visão. Profissão de altos e baixos, de muita paciência. Profissão que todas as outras passam por ela, que financeiramente não é lá muito bem remunerada, e muitas vezes pouco reconhecida. Aprenda a ver com outro olhar a imensidão de virtudes que é ser professor. Não há dinheiro que pague a imensa gratidão de quem se é ensinado, o seu ensino, professor, sendo perpetuado e a satisfação do dever cumprido com honradez. Talvez não faça fortuna com isso, mas terá a consciência de que fez por prazer e não “brincou” de ser professor. Reflita sobre isso e seja professor com criatividade, com sentimentos, com reverência, com verdades... Com dinamismo, com consciência, com flexibilidade, com competências, com habilidades, seja professor, principalmente, “honesto” consigo mesmo, ou então... não seja professor.

Ser professor é isso: “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!” (Roberto Carlos)

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