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Apolo e Dafne
Dizem que o maior amor de Apolo foi Dafne. A ninfa era encantadora. Ele a viu quando passeava em um bosque. A bela tinha acabado de tomar banho e secava os cabelos, torcendo-os delicadamente com as mãos. Diante da surpreendente imagem, ele exclamou: – Que maravilhosa ninfa!
Dafne se virou e viu o deus, que a observava atentamente. Assustada, saiu correndo pela mata adentro. Apolo correu atrás dela. Mas ela não queria saber dele. Correu mais rápido e sumiu. Ele olhou para todos os lados. Não viu nem sombra da jovem. Inconformado, jurou que a encontraria.
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Mal sabia que o desencontro tinha sido obra de Eros, que nunca se esqueceu de uma humilhação
sofrida quando criança. Certa vez, quando se divertia com seu arco e setas, foi zombado por Apolo, que morreu de rir daquela cena. Pior: caçoou do instrumento que Eros mais adorava. Ele se ofendeu e prometeu vingança.
Dito e feito. Ele preparou duas setas. Uma, com ponta de ouro para atrair o amor. A outra, com ponta de chumbo para rejeitar o sentimento. Com a seta de ouro feriu Apolo, fazendo-o cair de amores por Dafne. Com a de chumbo feriu Dafne para que sentisse horror a Apolo. Estava feito o estrago.
Perdidamente apaixonado, Apolo perseguia Dafne dia e noite. Ela fugia desesperada. Nunca tinha sentido tamanha repulsa por alguém. O mais feio dos faunos não lhe parecia mais odioso do que aquele deus que não a deixava em paz.
Numa das perseguições, com Apolo cada vez mais próximo, Dafne percebeu que não conseguiria escapar. Nesse instante, viu o pai, o deus-rio Peneu, entre as árvores. Pediu-lhe que a salvasse, transformando-a em outra criatura. Peneu atendeu ao seu pedido.
Quando Apolo estava quase lhe tocando os cabelos, ela sentiu um torpor estranho nas pernas, nos braços, no corpo. Não podia mais se mover. O corpo se revestiu de casca. Os cabelos viraram folhas. Os braços, ramos e galhos. Os pés se fincaram na terra.
Apolo parou espantado sem entender o que acontecia. E, impotente, viu surgir diante dele, no lugar de Dafne, um belo loureiro. O deus abraçou-se aos ramos e beijou a casca. Desde então, o loureiro se tornou a árvore sagrada do luminoso deus, símbolo do amor pela ninfa.
Em homenagem a Dafne, Apolo tomou uma decisão. Passou a usar as folhas de louro como coroa e, com elas, enfeitou a lira que carregava sempre consigo. Os heróis ganhavam dele coroas de louro como prêmio pelas conquistas. São os louros da vitória e do amor.