2 minute read
Orfeu e Eurídice
–Que deus é este que nos traz esta música maravilhosa? Que voz é esta, que parece de anjos? Nunca ouvi nada assim – comentou a ninfa Eurídice com as amigas.
A jovem pensou que estivesse sonhando. Espantadas, as companheiras exclamaram: – Como? Você não conhece Orfeu? Nunca ouviu sua música e sua voz?
Advertisement
Então lhe contaram que ele era filho do deus Apolo, de quem ganhara de presente uma lira. Aprendeu a tocar tão bem que nada resistia ao encanto de sua música. Os pássaros paravam para escutar, os animais selvagens ficavam mansos. Deuses se emocionavam. Homens, mulheres e crianças se maravilhavam. Todos diziam nunca ter existido um músico como ele.
Orfeu era um dos argonautas que tinham ido com Jasão conquistar o Velocino de Ouro. Durante a viagem, tocava e cantava para dar ritmo aos remadores e acalmar as brigas dentro do navio. A música livrou os argonautas do canto das sereias. Até aquele dia, tripulações inteiras de outros navios eram atraídas pelo canto e mortas sem compaixão. Com essas proezas, ficou famoso.
As amigas ninfas armaram o encontro. Orfeu conheceu Eurídice. Ela se apaixonou por ele. Ele caiu de paixão por ela. Os dois se casaram e viviam tão felizes que encantavam as pessoas ao redor. Mas, um dia, pouco depois do casamento, Eurídice foi passear com as amigas no campo e, sem querer, pisou em uma cobra. Foi picada e morreu.
Com a morte da amada, Orfeu foi tomado por uma tristeza sem-fim. Continuava cantando e tocando como ninguém. Mas as músicas eram tão tristes que as pessoas choravam ao ouvi-las. O reino estava ficando infeliz. Com pena de tanto sofrimento, os deuses disseram a ele para procurar Hades, o rei do mundo inferior, e pedir que devolvesse a vida a Eurídice.
Cheio de esperança, o apaixonado procurou Hades. Tocava a lira para amansar os monstros que tentavam impedir a caminhada. Chegando à sala do trono, Orfeu tocou e cantou para o deus, arrancando lágrimas de ferro do senhor dos mortos, que disse:
– Pode levar sua amada, mas com uma condição: ande na frente da sua mulher. Não olhe pra trás. Só se volte quando chegar à Terra.
Assim fizeram. Os dois caminharam. Andaram muito. Ele, na frente; ela, atrás. Durante o percurso,
tonto de felicidade, Orfeu tocou a lira e cantou melodias maravilhosas. Quando estavam quase chegando,
bateu a dúvida. Eurídice o estaria seguindo? Olhou pra trás. Teve tempo de ver a amada desaparecer. Ela morreu de novo. Desta vez, para sempre.
Orfeu nunca mais amou outra mulher. Quando morreu, as musas o enterraram num túmulo onde o rouxinol canta mais suavemente do que em qualquer outra parte da Grécia. Sua lira foi colocada por Zeus entre as estrelas. Orfeu, enfim, reencontrou Eurídice. Nunca mais a deixou.