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Narciso e Eco
Você já ouviu falar em Narciso?
Para uns, é uma bela flor azul. Diz a mitologia que a flor é uma homenagem a um pastor de ovelhas chamado Narciso. Ele era belo. Mais do que belo, deslumbrante. Por onde andava deixava as pessoas e animais boquiabertos diante de sua figura.
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Desde criança provocava tanta admiração que a mãe nunca o deixava se olhar no espelho. Não queria que crescesse vaidoso. E Narciso cresceu sem entender por que provocava tanta admiração. Não conhecia o próprio rosto. E no dia em que se viu, ficou encantado. Por isso dizem que Narciso é sinônimo de homem vaidoso.
Eco era uma bela ninfa que cuidava, com muitas outras, dos bosques e das águas nas proximidades de onde Narciso vivia. Muito tagarela, falava com graça e entretinha os outros com seu jeito. Sempre ajudava a deusa Ártemis nas caçadas: distraía os animais com sua voz encantadora para então Ártemis surpreender as caças.
Um dia Zeus foi se divertir com as outras ninfas. Ciumenta, Hera correu atrás do marido. Encontrou Eco e lhe fez perguntas, tentando descobrir onde ele estava. Tentando distrair a deusa, Eco ficou conversando, contando-lhe histórias. Hera, que além de ciumenta era muito esperta, percebeu o jogo da ninfa e decidiu puni-la. Ela nunca mais iniciaria uma conversa e só repetiria a última palavra que a pessoa lhe dissesse.
Pobre Eco. Perdeu sua maior alegria e passou a vagar triste e solitária, até que um dia viu Narciso. O pastor tinha acabado de caçar e entrou no bosque para se refrescar. A ninfa ficou embevecida com tanta beleza. Daí em diante, silenciosamente, passou a seguir o rapaz sempre que ele entrava em suas matas.
Um dia, Narciso percebeu e perguntou: – Há alguém aqui? – Aqui – respondeu Eco.
Narciso olhou em torno e, não vendo ninguém, gritou:
– Apareça! – Apareça! – respondeu Eco. – Venha até aqui – disse o jovem.
A ninfa não se fez de rogada. Muito afoita, correu na direção de Narciso para atirar-se em seus braços. Ele levou um susto, pensando estar diante de uma maluca, e gritou: – Afaste-se!
E fugiu correndo. Ofegante, deitou-se à beira do lago. Quando se virou para beber água, viu sua imagem refletida. Era a primeira vez que via seu rosto.
Admirado com tanta beleza, atirou-se na água para abraçar a criatura. A figura desapareceu, e ele, procurando-a desesperadamente, se afogou.
Eco viu toda a cena e, sentindo-se culpada, quis morrer junto com o amado. Passou a viver nas cavernas e entre os rochedos das montanhas. Não comia, não bebia. Seu corpo foi definhando até sobrarem apenas ossos, que se transformaram em rochedos. Nada mais restou dela, a não ser a bela voz, que repete sempre a última palavra de quem fala entre rochedos e em cavernas.
O fenômeno é chamado de eco em homenagem ao mito da ninfa.