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Pigmalião e Galateia
Pigmalião era um grande escultor que vivia em Chipre. Muito talentoso, transformava tudo em arte. Nas mãos dele, pedra virava gente. Arame se transformava em leões, elefantes, peixes. Barro se tornava casa, morro, árvores. Uma festa!
O homem fazia mágicas. Recebia encomendas até de lugares distantes, porque era muito admirado. Mas ele tinha um grande problema. Detestava mulheres. Achava o corpo delas feio. O andar, deselegante. O espirro, sem educação. O falar, insuportável. Dizia que não reconhecia sua inteligência. Jurou que nunca se casaria.
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Com tanta intolerância, ele não era feliz. Sentia-se só, muito só. Resolveu, então, criar a mulher
perfeita. Trabalhou dias e noites sem-fim. Mas valeu a pena. Depois de muitos retoques, esculpiu em marfim a mulher ideal. Era tão bela que nenhuma criatura real poderia se comparar a ela. O modelo em que se inspirou era nada menos do que Afrodite, a deusa da beleza e do amor.
Pigmalião passava horas admirando a estátua. E não podia acreditar que não fosse de carne e osso. Apaixonou-se perdidamente por ela. Comprou-lhe presentes pensando que, assim, a tornaria mais humana. Colocou anéis nos dedos, brincos nas orelhas, colar de pérolas no pescoço. Vestiu-a com os mais belos vestidos. Deu-lhe flores e pássaros. Chamava- -a “minha esposa”.
O tempo foi passando, e a paixão crescia cada vez mais. O pobre escultor já não comia, não bebia, não trabalhava direito. As encomendas deixaram de ser atendidas. Os clientes ficavam indignados e o chamavam de irresponsável. O povo da cidade dizia que estava louco. Onde já se viu cair de amores por uma estátua e tratá-la como se fosse gente?
Chegou o dia do festival em homenagem a Afrodite, celebrado todos os anos em Chipre. Vinha gente de toda parte para render homenagens à deusa.
Pigmalião saiu de casa para as celebrações. Estava magro, pálido e com olheiras. Pudera! Desde que se apaixonou pela estátua, não comia nem dormia direito.
Diante do altar de Afrodite, ele hesitou, mas encheu-se de coragem e rogou: – Minha deusa, você tem o poder de me fazer o mais feliz dos mortais.
Tinha muito mais para falar, sobre a solidão ou a paixão que o enlouquecia, mas não se atreveu. Saiu em disparada, sem acreditar em tamanha ousadia, e voltou para casa. Afrodite, que adivinhava os pensamentos e desejos dos apaixonados, compadeceu-se de Pigmalião. Decidiu dar vida à estátua. E a chamou de Galateia.
Quando chegou em casa, o escultor mal pôde acreditar. Uma mulher de carne e osso veio toda sorridente ao seu encontro. Desde esse dia, ele e Galateia ficaram juntos e felizes.