Combatendo o Aedes Aegypti - Fund 1

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COMBATENDO O

AEDES

AEGYPTI Para Prevenir a Dengue, o Zika Vírus, a Febre Chikungunya e a Microcefalia

Livro do Aluno Adriana Brunstein Pesquisadora da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), Pós-doutorado no Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o câncer, Doutorado em Física pela Universidade de São Paulo (USP). Atua na área editorial como coordenadora, produtora e revisora de texto e conteúdo para guias de saúde, material educativo, entre outros.

Tatiana Catelli Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atua como jornalista e na produção de texto e conteúdo para Guias de Saúde, Materiais Educativos, entre outros.



Apresentação

N

ão é exagero algum falar que não há um dia sequer em que não nos deparamos com notícias sobre a dengue, a febre zika e a febre chikungunya, todas elas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, personagem que já virou protagonista em uma história nada bacana. E essa história está acontecendo cada vez mais perto da gente, em um cenário desolador onde parece não haver espaço para um final feliz. A ideia deste livro é que você receba informações importantes sobre o Aedes aegypti, as doenças que ele transmite e, acima de tudo, como preveni-las. Com atitudes simples, todo mundo pode ajudar essa história a mudar de rumo. Bom combate!

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Sumรกrio

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O Aedes aegypti ..............................................................6 Por que controlar o Aedes aegypti?................................................................ 11 O ciclo de vida do Aedes aegypti .................................................................... 15 Os hábitos do Aedes aegypti ............................................................................ 19

Dengue .......................................................................... 22 Dengue clássica ................................................................................................... 26 Dengue hemorrágica .......................................................................................... 26 Dengue reincidente ............................................................................................ 28 A vacina contra a dengue ................................................................................. 29 Verdades e mentiras ........................................................................................... 32

Chikungunya................................................................ 34 Sintomas ................................................................................................................. 36

Zika ................................................................................. 38 Sintomas ................................................................................................................. 40 Microcefalia ........................................................................................................... 41 O zika vírus e a microcefalia no Brasil ......................................................... 44 Verdades e mentiras ........................................................................................... 47

Febre amarela ............................................................. 52 A febre amarela no Brasil ................................................................................. 53 Precauções ............................................................................................................. 54

Combate ao Aedes aegypti ...................................... 56 Principais criadouros .......................................................................................... 57 Prevenção ............................................................................................................... 57

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O Aedes aegypti

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O

termo Aedes vem do grego e quer dizer “odioso”, “desagradável”, já aegypti vem do latim e significa “do Egito”, que é o local de origem do mosquito. Mas, desde o século XVI, ele vem se espalhando pelas regiões subtropicais e tropicais (Ásia e América) do planeta. Essa dispersão começou porque os mosquitos vinham com os navios que traficavam escravos da África para outras partes do mundo. Podemos ver que não é de hoje que o mosquito anda circulando por aí. Casos de dengue, uma das doenças transmitidas por ele e que estampa as manchetes diárias dos jornais, já haviam sido relatados em Curitiba, no Paraná, no final do século XIX, e em Niterói, no Rio de Janeiro, no início do século XX. E, nessa época, o Aedes já era motivo de preocupação porque transmitia a febre amarela urbana.

A primeira descrição científica do mosquito ocorreu em 1762, mas seu nome científico, Aedes aegypti, só foi estabelecido em 1818.

Fonte: Shutterstock

Por meio de medidas para combater a febre amarela, o Brasil conseguiu erradicar o mosquito de seu território em 1955, mas não demorou muito para ele voltar. No final da década de 1960 lá estava ele de novo. A hipótese mais provável para explicar a reintrodução do mosquito no Brasil é a chamada dispersão passiva dos vetores, por meio de deslocamentos humanos marítimos ou terrestres – dinâmica facilitada pela grande resistência do ovo do vetor ao ressecamento. O relaxamento das medidas de controle após a erradicação permitiu a reintrodução do mosquito no país. Hoje, ele é encontrado em todos os estados brasileiros.

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Em 1958, o país foi considerado livre do vetor pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, a erradicação não recobriu a totalidade do continente americano, e o vetor permaneceu em áreas como Venezuela, sul dos Estados Unidos, Guianas e Suriname, além de toda a extensão insular que engloba Caribe e Cuba.

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Pesquisa de 1908 já descrevia características do Aedes aegypti O verão de 1908 deixou a população carioca em alerta pelo risco da febre amarela. Foi nesse contexto que Antonio Gonçalves Peryassú, pesquisador do então Instituto Soroterápico Federal (hoje chamado de Instituto Oswaldo Cruz), fez descobertas sobre o ciclo de vida, os hábitos e a biologia do Aedes aegypti. Seus estudos foram fundamentais para a erradicação do mosquito em território nacional nas décadas seguintes e ainda hoje norteiam as pesquisas sobre o controle do vetor. Numa monografia com mais de 400 páginas, intitulada Os culicídeos do Brasil, o entomologista (profissional que se dedica ao estudo dos insetos) descreveu os hábitos do Aedes aegypti e de uma série de outros mosquitos da mesma família, apresentando aspectos nunca antes observados de sua biologia.

Você sabia? Os culicídeos são insetos pertencentes à ordem Diptera, conhecidos também como mosquitos, pernilongos, muriçocas ou carapanãs. Atualmente, são reconhecidas mais de 3500 espécies deles. Os culicídeos são hematófagos, ou seja, se alimentam de sangue, e por isso se tornam importantes vetores de doenças.

Durante dois anos, Peryassú realizou uma série de experimentos com o Aedes aegypti. Seu estudo trouxe preciosas informações sobre aspectos como a resistência à dessecação do ovo do mosquito, que pode ficar até um ano sem contato com a água. Também fez observações quanto à produtividade dos criadouros, questão ainda debatida na atualidade, afirmando que, em geral, grandes reservatórios de água são os focos mais produtivos do vetor. Entre suas mais interessantes descobertas está a relação do mosquito com a temperatura e a densidade populacional. Ao realizar o primeiro levantamento detalhado da infestação do 9

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mosquito no Rio de Janeiro, o pesquisador associou a maior presença do Aedes aegypti ao aumento da densidade populacional de certas áreas da cidade e também mostrou a similaridade entre o mapa da concentração da população do inseto com o da ocorrência de casos de febre amarela. Suas observações mostraram, ainda, que a queda da temperatura ambiente para menos de 20ºC interfere no desenvolvimento e na reprodução do mosquito, levando a uma consequente redução dos casos.

Fonte: Agência Fiocruz

Reprodução do mapa integrante da monografia Os culicídeos do Brasil, de Antonio Gonçalves Peryassú.

As descobertas de Peryassú deram ainda mais força à campanha movida pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz para a eliminação do mosquito, que foi controlado na década de 1920 no Rio de Janeiro. A maioria dos pontos levantados em suas pesquisas continua na agenda científica dos especialistas que hoje buscam desenvolver estratégias de controle do mosquito. 10

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Dá o play!

Documentário produzido pelo Serviço de Produção e Tratamento de Imagem do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, Aedes aegypti e Aedes albopictus: uma ameaça nos trópicos tem como objetivo contribuir para um melhor entendimento da dispersão de ambas as espécies pelos continentes e de seu papel como transmissores de viroses, tendo como enfoque principal a dengue (o Aedes albopictus causa pequenos surtos de dengue, principalmente no sudeste da Ásia). O documentário é composto por imagens reais e virtuais de mosquitos, mostrando os continentes de origem, sua dispersão pelo mundo, características morfológicas, hábitos alimentares, reprodução e ambiente onde vivem. São 22 minutos que valem a pena!

Fonte: Agência Fiocruz

Aedes aegypti e Aedes albopictus: uma ameaça nos trópicos

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Por que controlar o Aedes aegypti? O tempo todo nos deparamos com campanhas e alertas sobre a importância do combate ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor de doenças (e por isso chamado de vetor) como dengue, febre amarela, febre chikungunya e febre zika. Mas, na verdade, as doenças são causadas pelos vírus que eles carregam. Então, por que essa ênfase no controle do mosquito?

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Bem, existem três personagens na história da transmissão das doenças:

Há um velho ditado que diz que “uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco”. E, nessa cadeia de transmissão, o elo mais fraco é o mosquito. O vírus é microscópico, e por isso é muito difícil detectá-lo e localizá-lo em uma região, país ou estado. Já o mosquito possui uma fase de larva que é cercada e limitada geograficamente por um depósito ou criadouro. Assim, é mais fácil fazer o controle do mosquito, principalmente nessa fase de larva. Esse controle cabe ao homem e é realizado por meio da eliminação de criadouros. Diminuir a população de mosquitos ainda é a melhor ferramenta de controle, pois, mesmo que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenha registrado uma vacina contra a dengue, ela não imuniza contra os vírus chikungunya e zika.

Fonte: Shutterstock

O mosquito, o vírus e o homem.

No entanto, nem todos os Aedes aegypti transmitem doenças, porque nem todos estão infectados com vírus. Para que a transmissão de uma doença ocorra, é preciso que o vetor esteja infectado e infectivo, que são conceitos diferentes. O mosquito fêmea (apenas as fêmeas picam, e logo saberemos por que) se torna infectado quando suga o sangue de alguém doente no curto período em que a pessoa tem várias partículas do vírus circulando em seu sangue. Neste momento, o mosquito fica com o vírus em seu “estômago”, mas ainda

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não é capaz de transmiti-lo. Apenas quando as partículas do vírus se disseminam pelo corpo do mosquito, se multiplicam e invadem suas glândulas salivares ele se torna infectivo e, então, pode transmitir o vírus a outra pessoa. No caso do vírus da dengue, isso ocorre de 10 a 12 dias após o mosquito picar a primeira pessoa.

A vacina contra a dengue já possui registro concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Dengvaxia® foi registrada como produto biológico novo. O registro permite que a vacina seja utilizada no combate à dengue. Porém, vale destacar que a vacina não protege contra os vírus chikungunya e zika.

Fonte: Portal Brasil

Fique antenado!

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Ao mesmo tempo em que pica para sugar o sangue, o Aedes cospe saliva, que é composta por uma série de substâncias analgésicas e anticoagulantes que fazem com que o mosquito não seja notado e consiga sugar o maior volume de sangue possível. Neste processo, as partículas de vírus são injetadas na corrente sanguínea da pessoa, junto com a saliva do mosquito. Quanto maior a longevidade média de uma população de mosquitos, maior a chance de que ela possua indivíduos que

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consigam se tornar infectivos. Ao mesmo tempo, quanto menor o esforço que as fêmeas fazem para colocar seus ovos, maior a garantia de longevidade da população. O esforço das fêmeas do mosquito acontece em dois momentos principais: procurar uma fonte de sangue (necessário para amadurecer os ovos) e depositar seus ovos (que precisam do ambiente aquático para eclodir e se desenvolver para os estágios de larva, pupa e, finalmente, mosquito). É importante ter em mente que quanto maior a disponibilidade de locais para que as fêmeas depositem seus ovos, maior a chance de ter uma população longeva de mosquitos, e maior a chance de haver mosquitos infectivos, capazes de transmitir doenças.

Atividade Ciclo de vida O que você entende por ciclo de vida? O que seria o ciclo de vida de um ser humano? E de um inseto? Que fatores podem influenciar cada um deles? Após refletir sobre as perguntas acima, faça uma redação explicando o que você concluiu.

ADULTO EMERGINDO

OVOS

Fonte: Shutterstock

Ciclo de vida do Aedes aegypti.

FÊMEA ADULTA COLOCANDO OVOS

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O ciclo de vida do Aedes aegypti O Aedes aegypti possui três fases diferentes de vida: o ovo, a fase aquática (que envolve as etapas larva e pupa) e a fase adulta, em que o mosquito chega a sua fase alada.

Se liga! Os ovos são capazes de resistir a longos períodos de dessecação, que podem prolongar-se por mais de um ano. Já foi observada eclosão de ovos com até 450 dias, quando colocados em contato com a água. A capacidade de resistência dos ovos de Aedes aegypti à dessecação é um sério obstáculo para sua erradicação. Esta condição permite que eles sejam transportados por grandes distâncias em recipientes secos, o que representa o principal meio de dispersão do inseto, a chamada dispersão passiva. Por isso é necessário o combate contínuo aos criadouros durante todas as estações do ano.

Os ovos são depositados nas paredes verticais de criadouros, bem próximos à superfície da água. Inicialmente, os ovos, que medem menos de 1 mm de comprimento e são difíceis de serem observados, possuem cor branca e, com o passar do tempo, escurecem devido ao contato com o oxigênio.

Para respirar, a larva vai à superfície, onde fica em posição quase vertical.

As larvas vivem na água se alimentando e vindo à superfície para respirar. As larvas passam por quatro estágios de crescimento, sendo que, do primeiro ao quarto, elas vão de 2,5mm de comprimento a 7,30mm conforme se alimentam com algas e partículas orgânicas dissolvidas na água. Elas não resistem a longos períodos sem alimentação e não toleram águas poluídas e luz intensa, por isso se dão muito bem em recipientes como caixas d´água que possuem algum furo ou não estejam devidamente tampadas. A larva é composta de cabeça, tórax e abdômen.

Fonte: Shutterstock

Quando a água sobe de nível, o ovo eclode e, então, surge a larva, que representa o início da fase aquática.

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A etapa de larva dura de 3 a 4 dias, e é seguida pela etapa de pupa, que dura 2 ou 3 dias. As pupas não se alimentam e, quando inativas, se mantêm flutuando na superfície da água. Uma pupa, vista de lado, parece uma vírgula. Sua cabeça e tórax são unidos, constituindo o cefalotórax, e ela tem um par de tubos respiratórios que atravessam a água e permitem sua respiração.

Ao flutuar na superfície da água, a pupa facilita a emergência do inseto adulto.

Fonte: Shutterstock

Na etapa de pupa ocorre a metamorfose do estágio larval para o adulto. Nesse ponto, o mosquito já está pronto para acasalar.

Se liga! Do ovo à forma adulta, o ciclo de vida do Aedes aegypti varia de acordo com a temperatura, disponibilidade de alimentos e quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro, uma vez que a competição de larvas por alimento (em um mesmo criadouro com pouca água) consiste em um obstáculo ao amadurecimento do inseto para a fase adulta. Em condições ambientais favoráveis, após a eclosão do ovo, o desenvolvimento do mosquito até a forma adulta pode levar um período de 10 dias. Se a verificação e eliminação dos criadouros forem realizadas uma vez por semana, podemos interromper o ciclo e evitar o nascimento de novos mosquitos. 16

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O acasalamento do mosquito acontece dentro ou ao redor das habitações próximas aos criadouros. Uma única cópula é suficiente para a reprodução ser concretizada, pois a fêmea guarda o esperma em estruturas denominadas espermatecas. Após a cópula, as fêmeas precisam se alimentar com sangue, que é importante para o desenvolvimento completo dos ovos e sua maturação nos ovários. Normalmente, elas estão aptas para a postura de ovos 3 dias após a ingestão de sangue, quando então procuram o local para a desova e todo o ciclo se reinicia. Em geral, mosquitos sugam uma só pessoa a cada lote de ovos que produzem, mas o Aedes aegypti, além de tudo, apresenta discordância gonotrófica.

Você sabia? Discordância gonotrófica é uma peculiaridade do Aedes aegypti que capacita o mosquito a picar e sugar o sangue de mais de uma pessoa para um mesmo lote de ovos que produz. Há relatos de que um só mosquito infectivo transmitiu dengue para cinco pessoas de uma mesma família, no mesmo dia.

Um mosquito fêmea, durante sua vida, pode dar origem a 1500 mosquitos. Os ovos são distribuídos por diversos criadouros, estratégia que garante a dispersão e preservação da espécie. Se a fêmea estiver infectada por vírus quando realizar a postura de ovos, há a possibilidade de as larvas filhas já nascerem com o vírus, processo conhecido como transmissão vertical.

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O mundo macro e micro do mosquito Aedes aegypti – para combatê-lo é preciso conhecê-lo Ferramenta estratégica para a difusão de conhecimentos sobre a dengue e seu vetor, a obra mescla imagens reais e virtuais que descrevem detalhadamente o ciclo de vida do mosquito e alertam para a necessidade do controle de criadouros naturais e artificiais do Aedes aegypti. Entre os prêmios que conquistou destacam-se o segundo lugar no Festival Mif-Sciences, em Cuba, em junho de 2006; menção honrosa da Associação Mundial de Filmes de Medicina e Saúde (WAMHF, na sigla em inglês), em novembro de 2006, e do 44º Festival Internacional TECHFILM, na República Tcheca, em março de 2007.

Fonte: Agência Fiocruz

Dá o play!

Atividade Fotografando diferentes dimensões Pesquisas realizadas em campo indicam que os grandes reservatórios, como caixas d’água, galões e tonéis são os criadouros que mais produzem Aedes aegypti e, portanto, os mais perigosos. Isso não significa que a população possa descuidar da atenção a pequenos reservatórios, como vasos de plantas, calhas entupidas, garrafas, lixo a céu aberto, bandejas de ar-condicionado, poço de elevador, entre outros. Caminhe pelo seu bairro e fotografe, com uma câmera ou mesmo com um celular, os pequenos e grandes candidatos a criadouros do mosquito que, apesar de suas diferentes dimensões, abrigam o mesmo perigo. Compartilhe suas fotos com seus colegas e veja o que cada um encontrou no seu dia a dia. Discuta que risco cada situação mostrada nas imagens traz para a saúde da comunidade. 18

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Os hábitos do Aedes aegypti O Aedes aegypti pode ser descrito como um mosquito de hábitos oportunistas. É um mosquito doméstico que vive dentro ou ao redor de domicílios e de outras construções frequentadas por pessoas, como estabelecimentos comerciais e escolas. Ele está sempre perto do homem e não se arrisca a uma aventura nas matas. A fêmea jamais botará seus ovos em poças d´água naturais, ela escolhe sempre criadouros artificiais. Seus hábitos são preferencialmente diurnos e eles se alimentam com nosso sangue, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer, mas se tiver a oportunidade de picar à noite ele não hesita. O mosquito é capaz de ficar em casa, esperando a gente chegar. Seus locais preferidos para repousar são nichos de móveis, cortinas, estantes e o vão embaixo da mesa. Rapidamente, eles também criaram resistência aos inseticidas e repelentes mais utilizados.

Fique antenado! Aponte seu smartphone para o QR code abaixo para conferir os esclarecimentos às perguntas mais frequentemente feitas à Agência sobre esse assunto.

Repelentes e inseticidas: perguntas e respostas Desde que o Ministério da Saúde externou a possibilidade de haver relação entre o zika vírus e os casos de microcefalia diagnosticados no país, a Anvisa vem recebendo diversos questionamentos relacionados ao uso de repelentes de insetos.

Fonte: Shutterstock

Conteúdo extra!

Por isso, a Agência elaborou uma lista com respostas às perguntas mais frequentes. A Anvisa esclarece, por exemplo, que não há, dentro das normas da Agência, qualquer impedimento para a utilização destes produtos por mulheres grávidas, desde que estejam devidamente registrados na Anvisa e que sejam seguidas as instruções de uso descritas no rótulo. 19

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Quanto mais pessoas disponíveis e menos cobertura vegetal, mais fácil para o mosquito encontrar alvos para sua alimentação. Outro fator importante é a falta de infraestrutura de algumas localidades. Sem fornecimento regular de água, os moradores precisam armazenar o suprimento em grandes recipientes, que na maioria das vezes não recebem os cuidados necessários e, por não serem completamente vedados, acabam tornando-se focos do mosquito.

Fonte: Wikimedia

A presença do Aedes aegypti é mais comum em áreas urbanas, e a infestação é mais intensa em regiões com alta densidade populacional, principalmente em espaços urbanos com ocupação desordenada.

A infestação do mosquito é sempre mais intensa no verão, em função da elevação da temperatura e da intensificação de chuvas, fatores que propiciam a eclosão de ovos do mosquito. Para evitar essa situação, é preciso adotar medidas permanentes para o controle do vetor, 20

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durante todo o ano, a partir de ações preventivas de eliminação dos principais focos. Como o mosquito tem hábitos domésticos, essa ação depende, sobretudo, do empenho da população.

Se liga!

Fonte: Shutterstock

Um Aedes aegypti não chega a voar nem 200 metros do local em que ele nasce e não alcança uma altura maior que 1,5m. Portanto, se você estiver perto de um não tenha dúvidas de que ele nasceu por perto. Mas isso não significa que ele não alcance andares mais altos de prédios ou possa se deslocar para outros bairros ou cidades. Por incrível que pareça, o mosquito pode se locomover “pegando carona” em um ônibus ou carro e até mesmo subir em um elevador. Ele costuma procurar lugares mais escuros para ficar e, por isso, se esconde muitas vezes em quinas de móveis e inclusive em meios de transporte.

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Dengue

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E

m todo o mundo, os números da dengue se multiplicaram nos últimos 50 anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a doença infecta 100 milhões de pessoas anualmente, em ciclos epidêmicos. Nos oito primeiros meses de 2015, aqui no Brasil, foram confirmados 693 casos de óbito por dengue, configurando um número recorde de vítimas, e 1.416.179 prováveis casos da doença, sendo a maioria deles na região sudeste do país, no estado de São Paulo.

Você sabia? A palavra “dengue” tem origem espanhola e quer dizer “melindre”, “manha”. O nome faz referência ao estado de moleza e prostração em que fica a pessoa contaminada pelo vírus.

A primeira menção a uma doença semelhante à dengue está em uma enciclopédia chinesa de 992. Os estudos indicam que o vírus se desenvolveu no Sudeste da Ásia e se espalhou pelo mundo nos séculos XVIII e XIX junto com os navios que transportavam produtos pelos oceanos. Tanto o vírus, que faz parte da família Flavivírus (o mesmo da febre amarela e da hepatite C), quanto os mosquitos que o carregam, o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, chegaram a diversos países tropicais causando grandes epidemias. O Aedes aegypti teve mais sorte que seu correspondente silvestre e conseguiu se adaptar, com sucesso, ao ambiente urbano. Novos surtos voltaram a aparecer com força após a Segunda Guerra Mundial, quando as cidades cresceram muito e as viagens se tornaram mais comuns. Nesse período, foram registrados os primeiros casos de dengue grave, que causa hemorragia e pode levar à morte. Foi também o momento em que o vírus foi isolado por Albert Sabin e começou a ser estudado.

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Fonte: Wikipédia

O vírus da dengue foi isolado pelo cientista polonês radicado nos Estados Unidos Albert Sabin, durante a Segunda Guerra Mundial.

Descobriu-se que ele havia sofrido mutações durante seu desenvolvimento ao redor do globo e não era apenas um, mas quatro. São os chamados quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Cada sorotipo representa um grupo de tipos de vírus que causam a mesma resposta imune no organismo. Assim, são reconhecidos 4 tipos semelhantes de vírus que

Se liga! Quando os sorotipos foram identificados, imaginava-se que as grandes diferenças ocorriam apenas entre eles. No entanto, com as pesquisas em biologia molecular, verificou-se que isso era uma gigantesca simplificação. A análise genética do vírus, por volta dos anos 1980, mostrou que em cada sorotipo há vírus que são tão diferentes como o homem e o chimpanzé. Fonte: Shutterstock

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causam o mesmo conjunto de sintomas que caracterizam a dengue. Todos podem causar tanto a forma clássica da doença quanto a hemorrágica. Outra característica incomum do vírus é sua capacidade de se tornar mais agressivo na segunda ou terceira infecção. Isso acontece porque ele consegue se ligar aos anticorpos do organismo e enganar o sistema imunológico. Uma pessoa que tem dengue pela primeira vez desenvolve células de defesa contra a doença. Se acontecer de ser picada pelo mosquito uma segunda vez, infectado por outro sorotipo, o novo vírus que entra no organismo consegue se colar aos anticorpos criados pela primeira infecção. Assim, o anticorpo funciona como um cavalo de Troia, levando o vírus para dentro do sistema imune: a dupla entra com facilidade nas células imunológicas, que reconhecem o vírus como uma célula de defesa. Desse modo, o parasita se multiplica rapidamente no organismo.

Dá o play! Um vilão de muitas caras Em vídeo produzido pela equipe de pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) falam sobre a importância de se estudar a genética do vírus da dengue, a evolução urbana do surto da doença e a produção de mosquitos modificados geneticamente que dão cria a proles que morrem antes da idade adulta, diminuindo sua transmissão. De acordo com os pesquisadores, as estratégias contra a dengue devem ser usadas em conjunto para um combate mais eficaz ao vírus.

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Dengue clássica A dengue clássica, também chamada de tipo comum ou benigna, não traz maiores danos à saúde. Ela costuma se manifestar como uma gripe forte. Mas, se a região em que você mora apresentar casos de dengue, fique atento aos seguintes sintomas: • Febre alta com início súbito • Forte dor de cabeça • Dor atrás dos olhos, que piora com movimento • Febre alta do paladar • Forte dor • Dor atrás dos • Perda do pala• Perda e apetite com início de cabeça olhos, que piora dar e apetite • Manchas e erupções na pele semelhantes ao sarampo, súbito com movimento principalmente no tórax e membros superiores

• Náuseas e vômitos

• Náuseas e vômitos • Tonturas • Extremo cansaço • Tonturas • Extremo • Moleza e dor nocansaço corpo

• Moleza e dor no corpo

• Muitas dores nos ossos e articulações

• Muitas dores nos ossos e articulações

A maioria dos pacientes apresenta dois ou três desses sintomas. Febre alta e dores são os mais frequentes. Contudo, existe uma forma branda da dengue que se apresenta sem sintomas e só poderia ser identificada através de exames laboratoriais.

• Manchas e erupções na pele semelhantes ao sarampo, principalmente no tórax e membros superiores

Dengue hemorrágica A dengue hemorrágica é a forma perigosa da doença. No início, os sintomas são iguais aos da dengue clássica, a diferença ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sinais de alerta: • Dores abdominais fortes e contínuas • Vômitos persistentes • Pele pálida, fria e úmida Sangramento pelo nariz, boca e gengivas • Sangramento • Manchas • Sonolência, • Dores • abdomi• Vômitos • Pele nais fortes persistentes pelo nariz, vermelhas agitação e • Manchas vermelhas na pele pálida, fria e contínuas e úmida boca na pele confusão • Sonolência, agitação e confusão mental e gengivas mental

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• Sede excessiva e boca seca • Pulso rápido e fraco Dificuldade • • Sede excessivarespiratória • Pulso rápido e boca seca e fraco • Perda de consciência

• Dificuldade respiratória

• Perda de consciência

Na dengue hemorrágica, o quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a pessoa à morte em até 24 horas. De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, cerca de 5% das pessoas com dengue hemorrágica morrem. O doente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, náuseas ou até mesmo não apresentar qualquer sintoma. O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem indicar a evolução para dengue hemorrágica. Esse é um quadro grave que necessita de imediata atenção médica, pois pode ser fatal.

Se liga! Nunca espere para saber se a dengue é clássica ou hemorrágica. A espera pode significar a diferença entre a vida e a morte. Por isso, diante de qualquer suspeita de dengue (febre alta e repentina e dores em todo o corpo): • Procure imediatamente atendimento médico. • Fique em repouso e beba bastante líquido. • Não use medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico ou derivados. Leia atentamente as bulas dos medicamentos e só use aqueles receitados pelo médico. • Na dúvida, evite qualquer tipo de analgésico e anti-inflamatório antes de obter orientação médica.

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Dengue reincidente A possibilidade da reincidência da doença é preocupante. Caso ocorra um segundo episódio da dengue, os sintomas se manifestam com mais severidade. Como o sistema imunológico já apresenta certa sensibilização, ele responde de maneira exagerada à nova infecção. Esta reação exagerada do sistema imunológico é um problema. Pode causar inflamações e, por isso, aumenta o risco de lesões nos vasos sanguíneos, o que levaria à dengue hemorrágica. Um terceiro episódio poderia ser ainda mais grave, e um quarto seria mais perigoso que o terceiro.

Você sabia? Quanto mais vírus existirem, maior a probabilidade de haver uma infecção. Se houvesse só um tipo de vírus, ninguém poderia ter dengue duas vezes na vida.

O diagnóstico da dengue é realizado com base na história clínica do doente, exames de sangue, que indicam a gravidade da doença, e exames específicos para isolamento do vírus em culturas ou anticorpos específicos. Para comprovar a infecção com o vírus da dengue, é necessário fazer a sorologia, que é um exame que detecta a presença de anticorpos contra o vírus da dengue. A doença é detectada a partir do quarto dia de infecção. Inicialmente, é feito um diagnóstico clínico para descartar outras doenças. Após essa etapa, são realizados alguns exames, como hematócrito e contagem de plaquetas. Esses testes não comprovam o diagnóstico da dengue, já que ambos podem ser alterados por causa de outras infecções.

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Não existe tratamento específico para dengue, apenas tratamentos que aliviam os sintomas. Deve-se ingerir muito líquido, como água, sucos, chás, soros caseiros etc. Os sintomas podem ser tratados com dipirona ou paracetamol. Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios, como aspirina e AAS, pois podem aumentar o risco de hemorragias.

AtividAde Curiosidade científica Você já deve ter percebido que, em algumas propagandas televisivas de medicamentos, no final uma voz diz bem rápido: “Este medicamento é contraindicado em caso de suspeita de dengue”. Como já vimos, esses medicamentos são aqueles à base de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios. Mas você já se perguntou por que eles não podem ser tomados em caso de suspeita de dengue? O que será que acontece em nosso organismo? Por que podemos tomá-los quando não estamos com dengue? Faça uma pesquisa sobre esse tema e organize o que você aprendeu por meio de explicações, imagens de apoio e tudo o que você julgar importante para esclarecer as questões levantadas aqui e aquelas que você tiver durante a execução da atividade.

A vacina contra a dengue Como já vimos, a Anvisa liberou, no Brasil, uma vacina contra o vírus da dengue, produzida pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. O nome da vacina é Dengvaxia.

A Sanofi Pasteur, divisão de vacinas do Grupo Sanofi, é a maior empresa mundial totalmente dedicada a vacinas para uso humano. 29

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Desde que foi anunciada a vacina, muitas dúvidas surgiram. Vamos esclarecer as principais delas: Quem pode e quem não pode tomar a vacina? A vacina é indicada para pessoas entre 9 e 45 anos de idade. Fora desta faixa etária, os estudos demonstram que sua eficácia é baixa e, portanto, não é indicada. Ela é contraindicada para gestantes e pessoas com a imunidade comprometida. A vacina garante uma boa proteção contra a dengue? A vacina tem uma eficácia que não é considerada muito alta, ela garante aproximadamente 65,6% de proteção geral. Para se ter uma ideia, a vacina da febre amarela garante 90% de proteção, e a do sarampo 98%. E já aprendemos que o vírus da dengue tem 4 sorotipos. A vacina protege contra os quatro, só que contra o sorotipo 2 ela tem uma eficácia ainda mais baixa, de apenas 47,1%. Mas vale a pena tomar? Segundo o laboratório Sanofi, os estudos indicaram que a vacina tem a capacidade de proteger contra os casos mais graves de dengue. Por isso, vale a pena. Vamos entender. Quem já teve dengue uma vez, pode pegar de novo. Porque há os 4 sorotipos do vírus. Quem já pegou dengue pelo número 1, por exemplo, ainda está vulnerável aos de número 2, 3 ou 4. Só que, quando se pega dengue pela segunda vez, é muito pior: a chance de desenvolver uma forma mais grave, como a dengue hemorrágica, por exemplo, é muito maior. Aí é que entra a vacina. Ela tem a capacidade de proteger as pessoas que já tiveram dengue das formas mais graves desta doença, que podem causar óbito. Quantas doses são? No total, são 3 doses, com intervalo de 6 meses entre cada uma. Isso significa que a proteção total só se conquista depois de 1 ano. Mas após a primeira dose, um certo nível de proteção já se inicia. A vacina está indicada apenas para pessoas de 9 a 45 anos. Crianças pequenas e idosos não serão beneficiados? Diretamente, não. Indiretamente, sim. Vamos entender. Para o mosquito contaminar alguém, ele precisa primeiro picar uma pessoa que já está contaminada, isto é, que está com vírus 30

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no sangue. O vírus, então, entra no mosquito. Na próxima picada é que o vírus é injetado no sangue da outra pessoa e a contamina. A vacina diminui o número de indivíduos contaminados de 9 a 45 anos. Portanto, os mosquitos continuam picando as pessoas, só que não há mais vírus nelas. Resultado: indiretamente, todos ficamos protegidos. Menos vírus circulando na população, menos chance de todos nós, de todas as idades, pegarmos dengue. A vacina será distribuída gratuitamente pelo SUS? As autoridades estão discutindo o custo e o benefício de incluir a vacina no calendário nacional de imunização e de fazermos campanhas de vacina em massa se for o caso. A vacina custa cerca de R$ 80,00 a dose. A vacina protege do zika e chikungunya? Não. Esta vacina só tem eficácia contra o vírus da dengue. Por isso, todos os cuidados para erradicar o mosquito devem ser mantidos.

Fique antenado! O Instituto Butantan, aqui do Brasil, em parceria com institutos de pesquisa norte-americanos, também desenvolveu a produção de uma vacina contra a dengue. A vacina deverá proteger contra os quatro sorotipos do vírus. A estimativa é produzir cerca de 100 milhões de doses por ano.

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Verdades e mentiras A dengue é uma doença leve Mentira! Como tem um espectro muito grande de sintomas, algumas pessoas acham que a doença pode se resumir a sintomas como febre e dores no corpo. A dengue, no entanto, pode se desenvolver de formas graves e levar à morte. O risco de gravidade da doença aumenta quanto mais vezes se contrai dengue Incerto! Há uma tendência de um caso ser mais grave quando a pessoa já teve dengue antes, mas isso não é completamente comprovado, nem é igual para todos. Há casos de manifestações graves da doença e de mortes na primeira infecção. As larvas se desenvolvem principalmente em água limpa Verdade! O mosquito prefere água de aparência limpa: transparente e sem mau cheiro. No entanto, para combater a doença, é importante acabar com qualquer recipiente que acumule água, seja suja ou limpa. Ar-condicionado e ventiladores são eficazes contra o mosquito Mentira! Temperaturas abaixo de 20°C podem deixar o mosquito mais “quieto”. Mas a medida não é eficaz porque o ar pode não cobrir todo o ambiente de forma uniforme. O ventilador também não espanta o mosquito o tempo todo. O mosquito pica mais nas pernas Verdade! O mosquito voa a até 50cm de altura e se orienta por moléculas do organismo que ficam junto ao chão por serem mais pesadas que o ar. Isso não significa que ele só vá picar nas pernas – a pessoa pode estar deitada, por exemplo. Secar reservatórios é uma boa medida para combater a dengue Incerto! Secar reservatórios não acaba com os ovos do mosquito, que na maioria dos casos sobrevivem por três meses sem água. Após secar reservatórios e vasos, é importante colocá-los em locais onde nunca mais caia água ou enchê-los com terra. O mosquito não chega até andares altos Mentira! Eventualmente, andares mais baixos podem ter mais criadouros porque o mosquito pode chegar àquela casa com 32

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mais rapidez. Mas o mosquito pode se espalhar pelas escadas e pelo elevador e chegar a andares mais altos. Aplicar repelentes no corpo impede picadas do mosquito Mentira! Repelentes são importantes durante epidemias, principalmente quando usados nas partes inferiores do corpo. O método não é totalmente eficaz devido a fatores como suor e a durabilidade do produto. Quem toma vitamina B não é picado Mentira! O método não é eficaz. A ingestão de vitamina B pode fazer com que a pessoa elimine moléculas que evitam um pouco a picada, mas o efeito gerado não tem o poder de afastar totalmente o mosquito. Qualquer picada do mosquito transmite o vírus da doença Mentira! Para transmitir o vírus da dengue, o Aedes aegypti precisa estar contaminado. E nem todos os que circulam estão. Colocar água sanitária na água elimina larvas Verdade! A água sanitária é capaz de matar as larvas. Autoridades da área de saúde aconselham o uso de uma colher de chá do produto para cada litro de água. Esta solução serve também para regar plantas. Dengue hemorrágica só ocorre em pessoas que têm a doença pela segunda vez Mentira! A dengue hemorrágica pode ocorrer em quem nunca teve sintomas da dengue antes. Muitas pessoas acham que quem tem a doença pela segunda vez obrigatoriamente vai apresentar o tipo hemorrágico, o que não é verdade. Apesar de o risco ser maior do que da primeira vez, grande parte das pessoas não apresenta o tipo hemorrágico na segunda ou terceira vez. Borra de café na água das plantas mata os ovos do mosquito Mentira! Não há comprovação da eficácia do uso de borra de café na água das plantas. Em vez disso, é mais garantido eliminar os pratos dos vasos ou colocar areia até a borda para eliminar a água. Também é importante lavar esses pratos com bucha e sabão semanalmente para eliminar os ovos, que não são visíveis e podem estar grudados no recipiente. Esta prática é muito eficaz contra a dengue. 33

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Chikungunya

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A

febre chikungunya é uma doença relativamente nova no Brasil. O primeiro caso registrado de transmissão dentro do país ocorreu em 2014. Ela é causada pelo vírus CHOKV, da família Togaviridae e do gênero Alphavirus, e tem como vetores os mosquitos do gênero Aedes aegypti e Aedes albopictus.

Fonte: Shutterstock

Aedes albopictus, mosquito que também pode transmitir dengue e febre chikungunya.

O vírus circula em alguns países da Ásia e da África. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, ele já foi identificado em 19 países desde 2004. Neste ano, um surto na costa do Quênia propagou o vírus para Comores, Ilhas Reunião e outras ilhas do Oceano Índico. Em 2006, ele chegou à Índia, Sri Lanka, Ilhas Maldivas, Cingapura, Malásia e Indonésia. Em 2007, o vírus foi identificado na Itália. Em 2010, França e Estados Unidos também registraram casos, mas sem transmissão autóctone, ou seja, as pessoas foram infectadas em outros países.

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Você sabia? Chikungunya significa “aqueles que se dobram” em suaíli, um dos idiomas falados na Tanzânia. O nome se refere à aparência curvada dos pacientes que foram atendidos na primeira epidemia documentada, ocorrida nesse país da África oriental que tem, oficialmente, o nome de República Unida da Tanzânia, entre 1952 e 1953. Os pacientes não conseguiam erguer seus corpos devido às dores articulares características da doença.

Estima-se que pelo menos 30% das pessoas picadas pelo mosquito infectado permanecem assintomáticas, ou seja, não apresentam sintoma algum da doença. Após adquirir a febre chikungunya, a pessoa torna-se imunizada pelo resto de sua vida e não corre o risco de ter a doença outras vezes. A febre chikungunya pode atingir qualquer pessoa, mas os sintomas apresentam-se mais intensos em crianças, idosos e pacientes com doenças crônicas. Assim, essas pessoas necessitam de cuidados redobrados durante o período de tratamento.

Sintomas Os sintomas da febre chikungunya são: • Febre acima de 39ºC, com início repentino • Dores intensas nas articulações, principalmente nos pés e nas mãos Pode ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele.

Como no caso da dengue, também não existe um tratamento específico para a febre chikungunya. Os sintomas são tratados com medicação para a febre (paracetamol) e as dores articulares (anti-inflamatórios). Não é recomendado usar o ácido acetilsalicílico devido ao risco de hemorragia. A pessoa infectada deve ficar em repouso e ingerir muito líquido. 36

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Se liga! A febre chikungunya e a dengue, além de serem transmitidas pelo mesmo vetor, apresentam alguns sintomas em comum que causam confusão na hora de realizar o diagnóstico. Entre os sintomas da febre chikungunya, podemos citar febre alta superior a 39ºC, dores de cabeça, dores no corpo, manchas avermelhadas na pele e dores extremamente intensas nas articulações, sendo esse último sintoma o mais característico. Algumas manifestações atípicas também podem surgir, tais como convulsões, insuficiência cardíaca, paralisias e insuficiência respiratória. Geralmente, os sintomas iniciam-se de dois a dez dias após a picada do mosquito e perduram por aproximadamente dez dias. Não são comuns casos de morte em consequência dessa patologia. O verdadeiro entrave está na possibilidade de persistência das dores articulares e musculares, o que caracteriza a fase crônica da doença, que pode durar até três anos, afetando diretamente a qualidade de vida do paciente. Para prevenir-se da doença, é fundamental que se controle o número de mosquitos no ambiente por meio da eliminação dos criadouros.

Atividade Epidemias na História Bactérias, vírus e outros microrganismos já causaram estragos tão grandes à humanidade quanto as mais terríveis guerras e desastres naturais. Faça uma pesquisa sobre as grandes epidemias que ocorreram ao longo da história, levantando pontos como quando elas ocorreram, o cenário histórico por trás de cada uma, a forma de contaminação e o agente causador, o número de óbitos. Elas poderiam ser evitadas? Com que precauções? 37

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Zika

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E

rupções na pele, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, vermelhidão nos olhos, náuseas, fotofobia, conjuntivite e coceira intensa. Os sintomas são parecidos com os da dengue e da febre chikungunya, mas as consequências da infecção pelo zika vírus (ZIKV), que também é transmitido pelo Aedes aegypti, são bem mais críticas. Apesar de ter uma evolução branda, com sintomas que duram em média de dois a sete dias, o zika está associado à microcefalia em bebês cujas mães foram contaminadas durante a gestação. Além disso, há o risco de desenvolvimento da síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que ataca o sistema nervoso, recentemente associada ao vírus, e que acomete principalmente crianças e idosos.

Fonte: Shutterstock

Em casos mais graves, a síndrome de Guillain-Barré, pode até paralisar a musculatura respiratória, impedindo a pessoa de respirar, levando-a à morte.

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A febre zika é uma doença nova. O primeiro surto significativo da doença ocorreu em 2007, nos Estados Federados da Micronésia. Entre 2013 e 2014, o vírus emergiu novamente e causou uma significante epidemia na Polinésia Francesa, espalhando-se pela Oceania e chegando à América pela Ilha de Páscoa, no Chile, em 2014. Em 2015, o vírus foi reportado em pelo menos 14 estados brasileiros, a maioria na Região Nordeste, e também em outros países da América do Sul. No Brasil, onde provavelmente o vírus foi introduzido durante a Copa do Mundo realizada em 2014, há um grande surto de microcefalia na região Nordeste e casos em que o vírus agravou o quadro clínico de pessoas acometidas por outras enfermidades.

Sintomas Os sintomas da febre zika são muito parecidos com os da dengue e da chikungunya: • Febre entre 37,8ºC e 38,5ºC • Dor de cabeça e atrás dos olhos • Dor nas articulações, principalmente dos pés e das mãos • Dor muscular • Erupções cutâneas acompanhadas de coceira, que podem afetar o rosto, o tronco e membros periféricos como pés e mãos Os sintomas da febre zika duram, em média, de 4 a 7 dias. Alguns sintomas mais raros que também podem ocorrer são: • Dor abdominal • Diarreia • Constipação • Fotofobia • Conjuntivite • Pequenas úlceras na mucosa oral

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Não há tratamento específico para febre zika, somente terapias de apoio que incluem repouso, hidratação e uso de medicamentos para febre e dor, lembrando que não é recomendável o uso de ácido acetilsalicílico e de drogas anti-inflamatórias, devido ao risco de hemorragia.

Microcefalia A microcefalia é uma anomalia de ordem neurológica em que o tamanho da cabeça do feto ou da criança é menor do que o tamanho normal para a idade. É conhecida também como nanocefalia. Com o crânio menor, o cérebro não se desenvolve adequadamente, comprometendo o crescimento saudável da pessoa. Esta condição está relacionada a diferentes graus de retardo mental, problemas motores, de equilíbrio, de deglutição e de fala. Observa-se também a ocorrência de convulsões. Em alguns casos mais graves, a criança pode vir a óbito logo nos primeiros anos de vida, mas há casos em que as pessoas portadoras dessas enfermidades chegaram à terceira idade. É fundamental compreender que o crescimento do crânio é determinado pelo desenvolvimento do cérebro. Assim, na maioria dos casos, a microcefalia aparece devido ao fato de o cérebro parar de crescer em ritmo normal. A microcefalia é uma condição que acompanha toda a vida do paciente, não podendo ser revertida e nem mesmo corrigida. Não há tratamento específico, sendo que o estímulo da criança no convívio social é a indicação de maior importância.

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Schlitzie (também escrito como Schlitze ou Shlitze) foi um ator e performer norte-americano, conhecido principalmente pelo seu papel no filme Freakes, de 1932. Sua longa carreira, que incluiu inúmeras apresentações com o circo Ringling Bros. and Barnum & Bailey, fez de Schlitzie um ícone cultural popular. Seu verdadeiro nome, data e local de nascimento são desconhecidos. A informação em seu certificado de óbito e no próprio túmulo é de que ele nasceu em 10 de setembro de 1901 em Nova Iorque, mas há quem afirme que ele é do Novo México. Sua morte ocorreu em 24 de setembro de 1971.

Fonte: wikipédia

Se liga!

Schlitzie nasceu com microcefalia, que pode ter sido consequência da Síndrome de Seckel, um distúrbio caracterizado por retardo do crescimento intrauterino, nanismo (ele tinha apenas 1,22m de altura), perfil de “cabeça de pássaro”, microcefalia e retardo mental. Diziam que Schlitzie era como uma criança de 3 anos, não conseguia se cuidar sozinho, falava apenas usando palavras monossilábicas e montava apenas algumas pequenas frases. Entretanto, ele era capaz de executar tarefas simples e acreditavam que ele entendia o que lhe era dito. Apresentava, ainda, um tempo de reação muito rápido e muita habilidade para mímica. Aqueles que o conheceram descreveram Schlitzie como afetivo e sociável. Era uma pessoa que adorava dançar, cantar e ser o centro das atenções, não hesitando em fazer uma performance para qualquer um que parasse para conversar com ele.

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Uma criança que nasce com microcefalia requer assistência médica e exames periódicos que avaliem seu desenvolvimento neuropsicomotor. Além disso, há necessidade de uma equipe especializada em acompanhamento familiar, com o intuito de promover educação dirigida aos pais para melhora da qualidade de vida dos filhos, incluindo, muitas vezes, a necessidade de fisioterapia e terapia específica. Quando a microcefalia é diagnosticada durante a gestação, é indicada, além da orientação médica, orientação psicológica para mãe durante esse período. A doença possui diferentes formas de classificação, entre elas sua fase de desenvolvimento: • Microcefalia congênita: quando é observada logo após o nascimento, ou seja, desenvolveu-se ainda no útero.

Imagem de tomografia craniana. À esquerda: normal. À direita: microcefalia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os recém-nascidos que apresentam o perímetro da cabeça inferior a 32 centímetros devem ser diagnosticados como microcéfalos.

Fonte: Wikipédia

• Microcefalia pós-natal: quando é observada no decorrer do primeiro ano de vida.

A classificação pela causa, no entanto, é a mais esclarecedora: • Microcefalia verdadeira, vera ou primária: quando é decorrente de fatores genéticos (identificável ao nascer). • Microcefalia ambiental: quando apresenta outros fatores desencadeantes.

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Se liga! A microcefalia pode ter como causa fatores genéticos e ambientais. Conhecida como microcefalia verdadeira, vera ou primária, a malformação tem causa genética hereditária, de caráter autossômico recessivo e é identificável logo ao nascer. Para manifestar o transtorno, a criança precisa herdar uma cópia do gene defeituoso do pai e outra da mãe, que não manifestam a doença. A microcefalia primária pode estar correlacionada com várias síndromes genéticas e anomalias cromossômicas. Já a microcefalia por craniossinostese pode estar associada a causas secundárias, que determinam o fechamento prematuro das moleiras (fontanelas) e das suturas entre as placas ósseas do crânio, o que impede o crescimento normal do cérebro. Elas podem afetar o feto dentro do útero, especialmente nos três primeiros meses de gestação, ou depois do parto, nos dois primeiros anos de vida da criança, quando o cérebro ainda está em acelerado processo de formação. São consideradas causas secundárias da microcefalia por craniossinostese: consumo de cigarro, álcool e outras drogas ou de alguns medicamentos, doenças infecciosas (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, varicela, herpes zóster, entre outras), fenilcetonúria materna não controlada, intoxicação por metilmercúrio, exposição à radiação, desnutrição materna, má-formação da placenta, traumatismo cranioencefálico e hipóxia grave (falta de oxigenação nos tecidos e no sangue) na hora do parto. Fonte: BRUNA, M. H. V. Doenças e sintomas: microcefalia. Disponível em: http://drauziovarella.com.br/crianca-2/microcefalia/. Acesso em: 4 dez. 2015.

O zika vírus e a microcefalia no Brasil Em novembro de 2015, o Ministério da Saúde confirmou a relação entre o surto de microcefalia no Nordeste e o zika vírus. Em nota oficial à imprensa, o Ministério da Saúde esclareceu que se trata de uma situação inédita na pesquisa científica mundial. Por isso, as investigações sobre o tema devem ser contínuas, a fim de esclarecer questões funda-

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mentais como transmissão, atuação no organismo humano, infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. A princípio, o risco está associado aos três primeiros meses de gravidez.

Fonte: Shutterstock

O zika vírus foi originalmente isolado de uma fêmea de macaco Rhesus febril na Floresta Zika, localizada nas proximidades de Entebbe, em Uganda, em abril de 1947.

Você sabia? O zika vírus, que usa como vetor o Aedes Aegypti, não havia causado microcefalia em nenhum outro lugar do mundo.

Inicialmente, o maior número de casos foi registrado em Pernambuco, primeiro estado a identificar o aumento de microcefalia em sua região. Em seguida, vieram os estados de Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí, Ceará e Bahia. 45

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O que dizem os números? Casos de microcefalia notificados nos anos anteriores no Brasil:

2010 153 2011 139 2012 175 2013 167 2014 147 Os 7 estados brasileiros atingidos pelo surto de microcefalia em novembro de 2015: Casos em investigação nos 7 estados que tiveram aumento inusitado de microcefalia:

N° DE CASOS EM 2015

ESTADO

PERNAMBUCO SERGIPE

RIO GRANDE DO NORTE PARAÍBA CEARÁ PIAUÍ

BAHIA

268 44 39 21 9

10 8

Casos em investigação nos 7 estados que tiveram aumento inusitado de microcefalia:

PIAUÍ

CEARÁ

UF

RIO GRANDE DO NORTE PARAÍBA

PERNAMBUCO

SERGIPE

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BAHIA

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2010

2011

2012

2013

2014

2

2

4

0

1

1 8 6 7

3

12

0

4 2 5

1

13

4

9 3 9

2

7

4 5 5

10 0

14

6 7 5

12 2 7

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Verdades e mentiras Uma pessoa pode ter sido contaminada pelo zika vírus e não saber Verdade! Assim como nas outras doenças virais transmitidas pelo mesmo mosquito (dengue, febre chikungunya), acredita-se que cerca de 80% das pessoas contaminadas pelo zika vírus não apresentam qualquer sintoma, o que não quer dizer que as consequências da infecção (microcefalia nos bebês dessas gestantes, por exemplo) não ocorram.

Microcefalia no Nordeste foi causada pela vacina contra rubéola, não por causa do zika Mentira! Apesar de ter relação com outras doenças, como rubéola, infecções por citomegalovírus, toxoplasmose e uso de drogas na gestação, por exemplo, a vacina não é responsável pelo surto atual. Segundo o Ministério da Saúde, todas as vacinas do calendário nacional são seguras. A vacina nunca é aplicada durante a gestação e é produzida com vírus vivos e atenuados, que não são capazes de provocar as doenças.

Quem pega zika uma vez não corre risco de se contaminar novamente Mentira! Os casos de infecções sucessivas e de coinfecção com outras doenças causadas pelo Aedes Aegypti, como dengue e chikungunya, são possíveis, desde que causados por vírus diferentes. Ainda não se sabe quais são as consequências dessa condição para a saúde.

O vírus pode ser transmitido pelo sêmen Incerto! Segundo o Ministério da Saúde, não há estudos consistentes a esse respeito. Houve apenas um caso descrito de transmissão sexual. Além da adoção rotineira do preservativo para a proteção contra doenças sexualmente transmissíveis, o período de doença e os dias seguintes devem ser tratados com uma cautela adicional.

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Fique antenado! O que é falso e o que é verdade nas mensagens de WhatsApp sobre zika Mensagens escritas e em áudio nas redes sociais – especialmente no WhatsApp – têm criado alarme na população ao narrar cenários catastróficos sobre o surto de zika vírus e sua relação com a epidemia de microcefalia no país. Dizendo ter informações “de fonte segura”, os autores das mensagens falam em um suposto aumento de casos de complicações neurológicas graves, atingindo especialmente crianças até os sete anos e idosos, que não poderiam ser revelados, a pedido das autoridades. O Ministério da Saúde, a Fiocruz e especialistas consultados pela BBC Brasil explicam o que é falso, o que é verdadeiro e o que ainda não está totalmente confirmado entre as afirmações dessas mensagens. Falso: crianças de 1 a 7 anos e idosos estão apresentando ‘sequelas neurológicas graves’ após zika Segundo as autoridades de saúde, a informação não é verdadeira simplesmente porque pessoas de qualquer idade podem ter casos mais graves após serem infectados por diversos vírus e bactérias. “O vírus da zika e outros, como varicela, herpes vírus, enterovírus e até dengue, podem causar outros danos neurológicos – encefalites, cerebelites e neurites (inflamações no sistema nervoso) –, mas no cenário atual não está havendo grande aumento desses casos em crianças. Isso acontece talvez em 1% dos casos totais e geralmente em pacientes com baixa imunidade”, diz a neuropediatra Maria Durce Carvalho, que acompanha casos de microcefalia e outras infecções no Hospital Oswaldo Cruz, em Recife. “Não sei de onde vem essa informação de que crianças de até sete anos seriam mais suscetíveis, mas não é bem assim”, afirma. Um dos áudios que circulam no WhatsApp chega a dizer que há crianças “chegando aos hospitais já em coma” em Pernambuco.

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Mas em nota sobre os boatos, a Secretaria de Saúde do Estado diz que “não está sendo observada, em qualquer idade, mudança no padrão de ocorrência dos casos de encefalite relacionados com o vírus da zika ou qualquer outro vírus.” “As crianças ou adultos podem apresentar diversos sintomas neurológicos, sendo que estas complicações têm ocorrido numa frequência muito baixa”, afirma o comunicado. O Ministério da Saúde, por sua vez, diz que “entre pessoas infectadas pelo vírus da zika, cerca de 80% não desenvolvem sintomas, sejam adultos ou crianças. Dentre essas pessoas, apenas uma pequena parcela pode vir a desenvolver algum tipo de complicação, que deverá ser avaliada pelos médicos, uma vez que o zika é uma doença nova e suas complicações ainda não foram descritas.” Não há confirmação: Há aumento expressivo de casos de síndromes neurológicas associadas à zika Ao menos seis estados do Nordeste registraram, em 2015, aumento no número de casos registrados de Síndrome de Guillain-Barré, uma rara doença neurológica autoimune que pode ser provocada por diversos vírus e bactérias, incluindo o zika vírus, a dengue e a chikungunya. A doença, que tem tratamento, provoca paralisia muscular e, em casos graves, pode atingir os músculos do tórax e impedir a respiração. Mas essa síndrome passou a ser registrada com mais frequência depois que foi confirmado que o zika vírus poderia causá-la. Normalmente, os serviços de saúde não são obrigados a notificar ocorrências da doença para as secretarias estaduais. Por causa disso, o Ministério da Saúde diz não ter registros da síndrome no país. Já alguns estados têm dados sobre a ocorrência da doença em 2015, mas não em anos anteriores. Isso torna mais difícil saber se o aumento dos casos é realmente fora do que ocorreria normalmente após o surto de um vírus como o zika. “Temos visto um aumento dos casos de Síndrome de Guillain-Barré sim, o que faz sentido, já que temos um surto de dengue, zika e chikungunya”, diz a médica pernambucana Maria Angela Rocha, chefe do serviço de infectologia do Hospital Oswaldo

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Cruz, em Recife, e parte do grupo de pesquisa sobre o zika vírus e a microcefalia em Pernambuco. “Mas não é nada como aumento de casos de microcefalia que tivemos, que é muito fora do padrão.” De acordo com o vice-diretor do Instituto de Microbiologia da UFRJ, Davis Fernandes Ferreira, a Polinésia Francesa registrou 20 vezes mais casos de Síndrome de Guillain-Barré após o surto de zika em 2014. “Nós estamos vivendo possivelmente um dos maiores surtos documentados de zika vírus. Ainda estamos coletando os dados e tentando entender a relação entre ele e a síndrome.” Não há confirmação: Zika pode ser transmitido por fluidos corporais (sêmen, leite materno, etc.) Alguns trabalhos científicos internacionais identificaram a presença do vírus da zika no sêmen e no leite materno, mas os cientistas ainda pesquisam se a doença realmente pode ser transmitida por eles. Até o momento, a única forma confirmada de transmissão do vírus é pelo mosquito. “A transmissão sexual seria possível, porque já há publicação e relato de pessoas com quem isso aconteceu. Mas é uma situação única, porque a pessoa tem que estar infectada, doente e ter relação exatamente nessa época. Não seria uma forma principal de infecção, mas é importante se prevenir”, diz o microbiólogo Davis Ferreira. Em 2011, um estudo divulgado na publicação científica Emerging Infectious Diseases registrou o caso de um cientista americano que, ao voltar do Senegal, que passava por um surto de zika, teve os sintomas da infecção em casa. Sua mulher, que não havia saído dos Estados Unidos, foi infectada pelo vírus, o que levou à interpretação de que ela teria sido infectada pelo sêmen do marido. O vírus também foi encontrado em amostras de leite materno de duas mães na Polinésia Francesa. No entanto, o vírus encontrado não era do tipo replicante, que transmite a doença. Para Ferreira, é difícil que o vírus no leite cause infecção no bebê, já que o zika não é adaptado para a transmissão por via oral. “Transmitido pelo leite, ele teria que passar pelo estômago

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do bebê, e o suco gástrico (que ajuda a digerir os alimentos) é muito hostil”, diz. Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, ainda não existem provas suficientes de que o vírus possa ser transmitido pelo leite materno para que se recomende interromper a amamentação. Além da nutrição do bebê, o leite materno é importante para protegê-lo de doenças. Além disso, os especialistas esclarecem que, ainda que infectado pelo vírus, o bebê recém-nascido não desenvolveria microcefalia, porque seu cérebro já está praticamente formado. Verdade: A melhor proteção contra a zika é combater o mosquito Aedes aegypti Até o momento, não há vacina contra o zika vírus no mundo. E o processo de desenvolvimento e aprovação de uma pode levar até 10 anos, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, atualmente é difícil até mesmo diagnosticar a doença e diferenciá-la com certeza da dengue e da febre chikungunya. Portanto, a melhor forma de se prevenir continua sendo evitar o contato com o mosquito Aedes aegypti, que transmite todas elas. Conteúdo extra! Aponte seu smartphone para o QR code abaixo para ler a matéria completa.

Além de evitar manter água parada em reservatórios sem tampa ou em utensílios domésticos, é essencial usar repelente tanto em adultos quanto em crianças após os seis meses de idade. Para gestantes e recém-nascidos, recomenda-se também usar roupas longas, que deixem menos partes do corpo expostas. Algumas mensagens no WhatsApp recomendam o uso de repelentes caseiros, mas, segundo os médicos, não há comprovação de que eles são eficientes. Nas farmácias, há repelentes à base de substâncias como DEET, EBAAP e Icaridina, em concentrações diferentes. Todos eles podem ser usados por gestantes e por crianças a partir dos 2 anos. Para as crianças, no entanto, é recomendado repelentes menos concentrados. Os médicos recomendam passar o produto na pele e por cima das roupas, especialmente nos horários que os mosquitos mais atacam, à noite e no início da manhã.

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Febre amarela 52

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febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por vetores. Geralmente, quem contrai este vírus não chega a apresentar sintomas ou os mesmos são muito fracos. As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos, por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a doença.

A febre amarela ocorre nas Américas do Sul e Central, além de em alguns países da África, e é transmitida por mosquitos em áreas urbanas ou silvestres. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é principalmente o mosquito Haemagogus. Já no meio urbano, a transmissão se dá através do nosso já conhecido Aedes aegypti. A infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina contra ela circula em áreas florestais e é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Além do homem, a infecção pelo vírus também pode acometer outros vertebrados. Os macacos podem desenvolver a febre amarela silvestre de forma não aparente, mas com quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra.

A febre amarela no Brasil No Brasil, desde 1942, não há registro de transmissão da febre amarela em ambientes urbanos, ou seja, há mais de 70 anos não é identificado nenhum caso da doença no país provocado pela picada do mosquito Aedes aegypti. A eliminação deste ciclo urbano foi possível pela existência de uma vacina eficaz e pelas campanhas nacionais para imunização combinadas ao combate ao mosquito vetor. Como a transmissão silvestre da febre amarela não é erradicável, porque envolve primatas não humanos (macacos), a vacina continua sendo recomendada para moradores e visitantes de áreas onde foram notificados casos suspeitos da doença.

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Precauções Àqueles que vão viajar para qualquer localidade no Brasil ou no exterior, a Anvisa indica que consultem um dos Centros de Orientação para a Saúde do Viajante. A vacina é oferecida gratuitamente em postos de saúde municipais ou estaduais. Para garantir imunidade, precisa ser tomada no mínimo dez dias antes da viagem. O certificado de vacinação emitido pelo posto de saúde deve ser guardado. Com ele em mãos, pode-se obter o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP).

Fique antenado! Conteúdo extra! Aponte seu smartphone para o QR code abaixo para saber mais sobre a batalha de Oswaldo Cruz e a volta do Aedes aegypti.

Como “truculência” de Oswaldo Cruz varreu o Aedes aegypti das cidades brasileiras Rio de Janeiro, início do século 20. Na calada da noite, eles entravam nas casas à procura de um invasor sorrateiro e muitas vezes imperceptível. Reviravam tudo e, se o encontrassem, matavam-no sem dó nem piedade. Essa era a rotina do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, criada pelo sanitarista Oswaldo Cruz, para combater a epidemia da doença, também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que assolava o país. Agindo por vezes de forma truculenta, as chamadas brigadas de mata-mosquitos ─ grupos de agentes sanitários munidos de inseticidas capazes de eliminar focos de insetos ─ empregavam um modelo de ação totalmente militar. Apesar das críticas, as medidas surtiram efeito em pouco tempo. Em março de 1907, a febre amarela foi considerada erradicada no Rio de Janeiro. E até hoje não existem casos notificados da variação da doença em áreas urbanas no Brasil.

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Atividade Por trás das charges A charge é um tipo de ilustração que geralmente apresenta um discurso humorístico e está presente em revistas e, principalmente, em jornais. São desenhos elaborados por cartunistas que captam de maneira perspicaz as diversas situações do cotidiano, transpondo para o desenho algum tipo de crítica, geralmente permeada por fina ironia. No episódio da Revolta da Vacina, que ocorreu em 1904 no Brasil e também envolvia Oswaldo Cruz, muitas charges foram produzidas. Após estudar esse episódio, identifique nas charges ao que exatamente elas se referem e qual a ironia envolvida.

Charge publicada em 1910 no jornal O Malho.

Charge de Leonidas publicada em O Malho, 1904. Charge publicada em jornal da época.

Charge publicada em jornal da época, intitulada O espeto obrigatório.

Charge publicada em jornal da época. 55

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Combate ao Aedes aegypti 56

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elo que vimos até agora, não restam dúvidas de que precisamos fazer de tudo para combater o Aedes aegypti. Trata-se de um inseto versátil na escolha dos criadouros onde deposita seus ovos, que, de tão resistentes, sobrevivem vários meses até que a chegada de água propicie a incubação. Uma vez imersos, os ovos desenvolvem-se rapidamente em larvas, que dão origem às pupas, das quais surge o adulto. O único modo possível de evitar a transmissão da dengue, da febre chikungunya, da febre zika e da febre amarela é a eliminação do mosquito transmissor. De que forma? Combatendo os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença.

Principais criadouros Pesquisas realizadas em campo indicam que os grandes reservatórios, como caixas d’água, galões e tonéis (muito utilizados para armazenagem de água para uso doméstico em locais dotados de infraestrutura urbana precária), são os criadouros que mais produzem Aedes aegypti, portanto são os mais perigosos. Isso não significa que a população possa descuidar da atenção a pequenos reservatórios, como vasos de plantas, calhas entupidas, garrafas, lixo a céu aberto, bandejas de ar-condicionado, poço de elevador, entre outros. O alerta é para que os cuidados com os reservatórios de maior porte sejam redobrados, pois é neles que o mosquito seguramente encontra melhores condições para se desenvolver de ovo a adulto.

Prevenção É muito fácil fazer a sua parte para ajudar no combate ao Aedes aegypti, basta fazer uma checagem rápida nos locais onde ele costuma colocar seus ovos uma vez por semana. É importante que essa periodicidade seja respeitada porque o ciclo de vida do mosquito, do ovo à fase adulta, leva de 7 a 10 dias. Então, se nos comprometermos a realizar as ações corretas a cada semana, podemos interromper esse ciclo e evitar o nascimento de novos mosquitos. Essa é a forma mais eficiente para garantir a saúde de sua família e de sua comunidade.

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As orientações para eliminação de criadouros descritas a seguir foram elaboradas por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz):

Calhas limpas, sem folhas e outras sujeiras, evitam o acúmulo de água.

Bandejas de geladeira também podem se tornar criadouros para o mosquito.

Pneus devem ser guardados, em locais cobertos e garrafas vazias armazenadas sempre com a boca para baixo.

Galões, tonéis, poços, latas e tambores devem ser totalmente vedados, inclusive aqueles usados para água de consumo.

Ralos limpos e com aplicação de tela evitam o surgimento de criadouros.

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Na área de serviço, baldes virados com a boca para baixo evitam o acúmulo de água.

A caixa d’água totalmente vedada evita a entrada ou saída de mosquitos.

O uso de pratos nos vasos de planta pode gerar acúmulo de água. A utilização de areia para preenchê-los ou uma lavagem semanal eliminam o problema.

Bandejas de ar-condicionados limpas impedem o acúmulo de água.

Lonas usadas para cobrir objetos ou entulhos bem esticadas evitam a formação de poças d’água.

Piscinas e fontes devem ser limpas e tratadas com o auxílio de produtos químicos específicos. Plantas como bambu, bananeiras, bromélias, gravatas, babosa, espada de São Jorge e outras semelhantes também podem acumular água.

Vasos sanitários fora de uso ou de uso eventual devem ser tampados e verificados semanalmente.

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As gestantes, além dos cuidados acima, devem se prevenir contra o zika vírus de acordo com as seguintes orientações:

Acompanhar a gestação por meio de consultas pré-natal, realizando todos os exames recomendados pelo médico.

Evitar contato com pessoas que apresentem febre, erupções cutâneas ou infecções.

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Não utilizar medicamentos sem prescrição médica.

Não consumir bebidas alcoólicas ou qualquer outro tipo de drogas.

Adotar medidas para reduzir a presença de mosquitos transmissores de doenças, com a eliminação de criadouros (retirar recipientes que tenham água parada e cobrir adequadamente locais de armazenamento de água).

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Atividade Faça sua campanha Coloque em prática o que você aprendeu e dissemine as informações de combate ao mosquito em seu bairro e escola. Você pode utilizar cartazes, folhetos, fazer uma peça de teatro com seus colegas, compor uma música, fazer um vídeo. Use sua criatividade para que as pessoas se conscientizem sobre a importância de cada ação de prevenção.

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Sites consultados http://www.ioc.fiocruz.br/ http://veja.abril.com.br/noticia/saude/dengue-por-que-e-tao-dificil-exterminar-a-doenca/ http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/ post/vacina-contra-dengue-esclarecendo-duvidas.html http://www.dengue.org.br/index.html http://portalsaude.saude.gov.br/

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