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Redes sociais: usos políticos
Explore os elementos das imagens da abertura com os estudantes. Com base na primeira pergunta, observe se eles reconhecem os eventos retratados nelas – as legendas podem ajudar na identificação. Explique a eles, brevemente, o contexto de cada uma delas: manifestações contra os governos ditatoriais no Oriente Médio, no contexto da Primavera Árabe, Cairo, Egito, 2011; manifestações do movimento Occupy Wall Street contra a desigualdade econômica e social relacionada à influência de grandes empresas no governo estadunidense, Nova York, EUA, 2011; manifestações contra o aumento da tarifa do transporte CAPítulo 2 público em São Paulo, junho de 2013; manifestações contra o governo comunista chinês e seus projetos de lei, Hong Kong, 2019; manifestações contra o aumento da tarifa do metrô em Santiago, Chile, 2019. Redes sociais: usos políticos
Aulas 1 e 2
No capítulo anterior, pudemos conhecer mais profundamente o que são as redes sociais e sua história. Agora, vamos pensar sobre as possibilidades de utilizar esses espaços virtuais para ações políticas e sociais reais e de que forma essas ações podem influenciar nosso dia a dia.
No século XXI, especialmente na década de 2010, houve um aumento de cerca de 60% no tempo que as pessoas passam utilizando as redes sociais em todo o mundo. Isso se deve à ampliação das funcionalidades das redes sociais, cujo objetivo primordial era apenas conectar pessoas com interesses comuns.
Uma das principais funções expandidas diz respeito às mobilizações sociais e à política. Pudemos acompanhar o crescimento dessa tendência nos últimos anos e, inclusive, nos envolver em algumas dessas ações, cada vez mais familiares a nós. É possível que você já tenha estabelecido um diálogo com frases como “Você vai ao ato em defesa da educação? Estão organizando pelo Facebook, já tem mais de 19 mil pessoas confirmadas!”.
Pelas redes, hoje, as pessoas podem ir além de compartilhar seus gostos musicais, suas fotografias preferidas ou seus pensamentos mais diversos. É possível partilhar interesses políticos e se mobilizar socialmente. a) Observe as fotografias. Você reconhece os eventos retratados nelas? b) Você costuma acompanhar alguma página de movimentos sociais, de partidos ou representantes políticos nas redes sociais?
Quais? Por quê? c) Você já participou de alguma mobilização social que foi organizada nas redes sociais?
Qual? Por quê? d) O que vem à sua mente quando você pensa na relação entre as redes sociais e a política?
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Nova York (EUA), 2011.
EDUARDO MUNOZ/REUTERS/FOTOARENA
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Santiago (Chile), 2019.
MUHAMMED EMIN CANIK/ANADOLU AGENCY/GETTY IMAGES
Em seguida, sugira que os estudantes façam as reflexões propostas nas demais questões da abertura. As respostas são pessoais. No caso da última pergunta, é possível que os estudantes mencionem tanto impressões positivas quanto negativas que têm sobre a relação entre as redes sociais e a política. Eles ainda podem fazer um levantamento de páginas que acompanham e do porquê. Habilidades dos Itinerários Formativos trabalhadas neste capítulo: EMIFCG01; EMIFCG02; EMIFCG03; EMIFCG04; EMIFCG07; EMIFCG08; EMIFCG09; EMIFCHSA01; EMIFCHSA02; EMIFCHSA04; EMIFCHSA07; EMIFCHSA08; EMIFCHSA09; EMIFCHSA10; EMIFCHSA11; EMIFCHSA12. O texto na íntegra das habilidades encontra-se no Manual do Professor.
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Cairo (Egito), 2011.
MANOOCHER DEGHATI/AP PHOTO/GLOW IMAGES
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Hong Kong (China), 2019.
ANTHONY KWAN/GETTY IMAGES
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São Paulo (SP), 2013.
NELSON ANTOINE/FOTOARENA
ALAN CARVALHO
PROJETO
Ao final deste volume, realizaremos um projeto, em que você fará um manual de sobrevivência on-line com base nos conteúdos vistos neste material.
Este capítulo contribuirá para esse projeto com a apresentação dos assuntos: mobilizações político-sociais nas redes, uso de dados pessoais como ferramenta política, Lei Geral de Proteção de Dados e ética nas redes sociais.
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Aulas 3 a 5 INTERNET E REDES SOCIAIS: FERRAMENTAS POLÍTICAS
As redes sociais proporcionam maneiras de se encontrar e de se conectar com o outro. Isso permite que pessoas com intere sses comuns se aproximem, compartilhando arte, música e posicionamentos políticos e sociais.
Temos presenciado cada vez mais a aproximação de pessoas com os mesmos interesses políticos e sociais em plataformas como o Facebook, o Twitter, o YouTube e o Instagram. Mas o fato é que, apesar dessas aproximações ocorrerem em espaços virtuais, seus resultados extrapolam essa limitação; é possível utilizar as redes sociais para promover petições, debater e disseminar ideias, organizar greves, passeatas, protestos e, assim, proporcionar mudanças.
Antes da possibilidade de estarmos amplamente conectados, o poder de ação individual era limitado às pessoas mais próximas dos idealizadores de movimentos sociais, que, além de compartilharem o mesmo interesse, ainda teriam de ter a disponibilidade de participar presencialmente de seus encontros para debater ideias e organizar suas mobilizações. presencialmente de seus encontros para debater ideias e organizar suas mobilizações.
Agora, os ambientes virtuais, além de proporcionarem mais conexões entre pessoas com interesses comuns, também oferecem flexibilidade, pois não é mais preciso estar geograficamente no mesmo local ou no mesmo fuso horário para comunicar-se com as pessoas. Nesse sentido, as redes sociais expandiram em larga escala as redes sociais expandiram em larga escala o alcance dos movimentos políticos e sociais – veremos, no decorrer do capítulo, alguns exemplos reais de como as redes sociais foram usadas para impulsionar alguns dos movimentos político-sociais mais importantes no mundo.
ALAN CARVALHO
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2. Resposta pessoal. Os estudantes podem coletar os dados de diferentes formas, manualmente ou usando tecnologia.
No gráfico podem constar diferentes níveis de relevância como: muito importante, importante, indiferente, pouco importante e nada importante. É recomendável que a enquete apresente um momento de justificativa para que o entrevistado argumente o porquê de sua resposta. É importante que os resultados lhes proporcionem um maior entendimento de como outras pessoas pensam o assunto.
O poder das redes sociais
Leia o texto e responda às questões a seguir.
A internet possibilita uma fonte de interação entre os movimentos sociais na promoção de uma nova sociedade, expandindo os efeitos coletivos e individuais na construção de uma sociedade participa tiva através destes novos meios de comunicação.
BARTTKIW, Paula Izabela Nogueira. O poder da comunicação das redes sociais nos movimentos populares. Rev. Estud. Comun. Curitiba, v. 17, n. 42, p. 120-135, jan. /abr. 2016. Disponível em: <https://periodicos.pucpr.br/index.php/estudosdecomunicacao/ article/view/22547/21631>. Acesso em: 15 set. 2020.
1. Com base em sua reflexão sobre a leitura, responda: Você acredita que as redes sociais são ferramentas importantes para movimentos políticos e sociais?
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes expressem sua opinião embasada no conteúdo abordado e em suas
experiências pessoais.
2. Promova uma enquete com os integrantes de sua família e da comunidade fazendo a mesma pergunta. Após coletar as respostas, monte um gráfico baseado nelas. 3. Agora reúnam todos os gráficos individuais para que os resultados se unifiquem em apenas um gráfico. Resposta pessoal. Ao unificar os dados, os estudantes ampliam a visão de mundo já explorada no tópico anterior. 4. Debatam os resultados apontando se concordam ou não com eles. Quais conclusões você pode extrair da análise dessas informações?
Resposta pessoal. Os estudantes devem confrontar o resultado da enquete com suas próprias opiniões; é preciso
compreender e respeitar como outras pessoas pensam. Ao analisar os dados, devem ser observadas as variações de
respostas entre as diferentes faixas etárias e conforme os diversos tipos de relação que as pessoas têm com a internet
e as redes sociais.
Ativismo virtual
O texto a seguir mostra como as redes sociais são usadas cada vez mais como espaços de atividades políticas e sociais. Leia-o com atenção.
Utilizando as redes, pessoas do mundo todo criam movimentos, levando outras pessoas a aderirem às suas causas. Inúmeros exemplos atestam o poder das mídias e redes sociais e sua influência nas ações afirmativas [...].
Os atores sociais conectados podem compartilhar abaixo-assinados – por exemplo – no site Avaaz, que promove campanhas de mobilizações fortemente coletivas [...], e utiliza as redes sociais para difundir as suas demandas.
Além do mais, neste espaço que acolhe as reivindicações coletivas, notamos os indivíduos, atores-em-rede, fazendo valer os seus direitos. [...]
SILVA, Irley David Fabrício da; CARVALHO JÚNIOR, José Genildo Alvez de. As redes sociais como espaço de articulação dos protestos sociais no contexto democrático do século XXI. Temática. Ano XI, n. 5, mai. 2015. Disponível em: <https:// periodicos.ufpb.br/index.php/tematica/article/download/24360/13349/>. Acesso em: 31 ago. 2020.
O Avaaz, citado no texto, é uma rede de mobilização social fundada em 2007 pela Res Publica, grupo de advocacia global, e pelo MoveOn.org, grupo estadunidense de ativismo virtual, que oferece uma ferramenta de abaixo-assinados on-line. Você conhece essa rede? Já criou ou participou de abaixo-assinados nela? Que tal desenvolvermos um projeto usando essa rede?
1. A turma, em conjunto, deve definir com clareza sua reivindicação – ou suas reivindicações.
Pensem em algo que vocês acham que precisa mudar na escola, no bairro ou na comunidade. 2. Façam uma pesquisa sobre o tema para conhecê-lo mais profundamente e saber se já há algum movimento ou ação que esteja mobilizando essa reivindicação. 3. Com base em seus conhecimentos, criem um projeto de abaixo-assinado on-line – escrevam o texto-base do abaixo-assinado, explicando sua solicitação e os motivos para realizá-la. Depois, basta publicá-lo no Avaaz e levar os resultados para os representantes políticos da comunidade.
Pratique
Esta atividade colabora para o desenvolvimento da habilidade EMIFCG09 dos Itinerários Formativos. Ao propor um abaixo-assinado com base em uma causa real da comunidade, os estudantes estão se mobilizando para oferecer uma intervenção em problema de natureza sociocultural.
Leia o texto a seguir e responda às perguntas.
Ao conectar de forma on-line as redes de contato “off-line” dos indivíduos, as redes sociais podem facilitar o acesso a um grande número de relações pessoais, assim permitindo aos movimentos sociais atingirem uma quantidade de interessados que gere uma “massa crítica” [...]. As redes sociais também podem promover a construção de identidades pessoais e de grupo [...].
Estes sites podem também operar como centros de informação [...]. Usuários do Facebook, por exemplo, possuem um “Feed de Notícias” para monitorar seus contatos pessoais e se manterem atualizados sobre o que está acontecendo com seus amigos. Por outro lado, esses serviços permitem que seus usuários criem e se juntem a grupos baseados no interesse comum. Assim, aqueles que se unem a movimentos sociais e grupos políticos na rede podem receber informações de mobilização que não poderiam obter em nenhum outro lugar, encontrando, desta forma, mais oportunidades de engajamento em atividades políticas [...].
Ao mesmo tempo, o aumento na participação em redes sociais online tipicamente ajuda na construção de relacionamentos baseados na confiança entre seus membros [...], ampliando ainda mais o potencial das redes sociais de aumentar o engajamento em protestos e outros comportamentos políticos. [...]
VALENZUELA, Sebastián. Analisando o uso de redes sociais para o comportamento de protesto: o papel da informação, da expressão de opiniões e do ativismo. Tradução Letícia Perani. Revista Compolítica, n. 4, vol. 1. ed., jan.-jul., 2014, p. 17-18. Disponível em: <http://compolitica.org/revista/index.php/revista/article/download/56/58/>. Acesso em: 28 ago. 2020.
1. Explique o que o autor quis dizer quando afirmou que as redes sociais conectam de forma on-line as redes de contato “off-line” das pessoas.
O fato de as redes sociais conectarem de forma on-line as redes de contato "off-line" das pessoas significa que as redes sociais levam para o mundo virtual parte das relações do mundo "real", possibilitando o aumento das conexões entre pessoas.
2. Segundo o texto, ao unir pessoas, qual a contribuição das redes sociais aos movimentos sociais?
Ao unir pessoas com algo em comum, as redes sociais permitem que os movimentos sociais atinjam uma quantidade maior de interessados, gerando uma massa crítica.
3. O que você entende por “massa crítica”, mencionada no texto?
Resposta pessoal. É interessante que os estudantes percebam que “massa crítica”, nesse contexto, é um grupo de pessoas que, por compartilhar valores e ideias, podem sustentá-los.
4. Além de uma geração de “massa crítica”, identifique no texto quais ações as redes sociais podem promover.
Segundo o texto, as redes sociais também podem promover a construção de identidades pessoais e de grupo; a criação de grupos com interesses em comum; a troca de informações; oportunidades de engajamento em atividades políticas e a construção de relacionamentos.
5. Levante uma hipótese sobre como o uso das redes pode proporcionar às pessoas mais engajamento em atividades políticas.
Resposta pessoal. Ao se conectar a movimentos sociais ou a grupos políticos nas redes sociais, as pessoas podem obter informações sobre temas importantes, participar de debates, organizar e participar de mobilizações. São exemplos de atividades em que as pessoas possivelmente não teriam a oportunidade de se envolver fora das redes sociais.
REDES SOCIAIS E MANIFESTAÇÕES PELO MUNDO
Aulas 9 a 14
Os últimos anos nos mostraram o aumento das possibilidades políticas dos usos das redes sociais. Presenciamos, no mundo todo, manifestações de proporções gigantescas organizadas ou fortalecidas virtualmente e que viralizaram em tempo recorde.
Protestos na América
Vamos relembrar algumas das manifestações mais importantes realizadas em terras americanas.
Em Nova York, nos Estados Unidos, em setembro de 2011, surgiu o movimento Occupy Wall Street (Alexandre Carvalho, um de seus idealizadores, explica o movimento no vídeo). Sua origem está em um e-mail que a revista Adbusters encaminhou aos seus assinantes, lançando a hashtag #occupywallstreet. Cerca de dois meses depois, o que era apenas um slogan tornou-se uma campanha mundial que mobilizou, por meio das redes sociais, milhares de pessoas a irem às ruas questionar as desigualdades políticas, econômicas e sociais promovidas pelo capitalismo.
http://ftd.li/vyrg3e
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Manifestantes em Nova York (EUA), em outubro de 2011. “We are the 99%” é um dos lemas do Occupy Wall Street, que incita a união dos 99% da sociedade em oposição aos que fazem parte do 1% que permanece enriquecendo.
http://ftd.li/z8geq4
Manifestação em São Paulo (SP) em março de 2015, em apoio a Dilma Rousseff durante o processo de impeachment.
KEVORK DJANSEZIAN/GETTY IMAGES
No contexto dessas manifestações, as redes sociais foram utilizadas não somente para divulgar os eventos e convocar as pessoas, mas para mostrar imagens dos atos nas ruas, inclusive da repressão policial contra os manifestantes (saiba mais sobre o uso das redes sociais como forma de denúncia, acessando o link).
Alguns anos depois das manifestações do movimento Occupy Wall Street, o Brasil presenciou, em 2013, o que alguns estudiosos chamam de Jornadas de Junho. Inicialmente com uma pauta bem definida, o Movimento Passe Livre (MPL) organizou manifestações na cidade de São Paulo contra o aumento das tarifas do transporte público, reunindo milhares de pessoas. Com a divulgação dos atos na mídia tradicional (muitas vezes de maneira depreciativa) e nas redes sociais (que impulsionou o surgimento de mídias alternativas), e com o aumento da violência policial para conter os manifestantes, outros grupos e movimentos sociais uniram-se às manifestações do MPL.
O crescimento do número de manifestantes trouxe também a diversidade de demandas, que, inclusive, eram até opostas umas às outras. Ou seja, não havia mais unidade de demandas nos protestos, tendência que se perpetuou em manifestações nos anos seguintes.
Em 2015, por exemplo, o Brasil passava por uma crise política e econômica, e nesse cenário, teve início o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, acusada de crime de responsabilidade fiscal. Nesse contexto, também foram organizadas manifestações a favor e contra o impeachment, sempre com a ajuda das redes sociais, que evidenciaram a extrema polarização ideológica do período e deram corpo a grupos identificados com a ala direita da política, como o Movimento Vem Pra Rua (2014) e o Movimento Brasil Livre (2014).
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NACHO DOCE/REUTERS/FOTOARENA
Ainda na América, outro exemplo importante no campo das manifestações populares é o Chile, em 2019. Inicialmente, assim como no Brasil, manifestantes saíram às ruas contra o aumento da tarifa do metrô na capital do país, Santiago. Posteriormente, conforme as mobilizações virtuais cresceram, suas reivindicações se transformaram e abrangeram questões nacionais, como a falta de serviços públicos (saúde e educação, por exemplo), resultado das intensas práticas neoliberais que regem o país há décadas.
A violenta repressão do Estado durante os atos, nos quais manifestantes foram baleados por militares, fez o movimento ganhar mais força. Em outubro de 2019, um protesto realizado em Santiago reuniu cerca de 1 milhão de pessoas — a maior manifestação chilena desde o fim da ditadura, em 1990 (o vídeo a seguir mostra o histórico de como as manifestações chilenas evoluíram).
Pratique
6. Leia o texto a seguir e faça o que se pede.
[...] o alvorecer do século XXI proporcionou novos mecanismos de organização sociopolítica e, através deles, novas ferramentas e estratégias de mobilização. A comunicação móvel, associada às redes sociais, potencializaram as manifestações e, através desses recursos, proporcionaram o surgimento de um novo método de ativismo político.
TELES, Paulo Roberto Alves. Sob a névoa: o que os movimentos Occupy Wall Street e Los Indignados têm a nos dizer? XXIX Simpósio Nacional de História, 2017, p. 10. Disponível em: <https://www.snh2017.anpuh.org/resources/ anais/54/1488912424_ARQUIVO_SOBANEVOA-OQUEOSMOVI MENTOSOCCUPYWALLSTREETELOSINDIGNADOSTEMANOSDI ZER.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2020.
Avalie se é possível dizer que o Occupy Wall Street utiliza o método de ativismo político, surgido no século XXI, mencionado no texto.
Sim. O Ocuppy Wall Street utiliza o método de ativismo
político mencionado no texto, que tem as redes sociais
como grandes aliadas. Por meio delas, o movimento
promoveu manifestações com a participação de milhares de
pessoas no mundo todo.
http://ftd.li/vazcd5
7. Observe a fotografia a seguir, da manifestação chilena em 2019. a) No cartaz, que diz "A TV mente! Agora somos nós que damos as notícias!", há um indício de uso de novas formas de obtenção e divulgação de informações. Qual é esse indício?
ANTILLANCA/SHUTTERSTOCK.COM
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Manifestação em Santiago (Chile), outubro de 2019.
No cartaz, os dizeres "a televisão mente" indicam a necessidade de utilizar outros meios de obtenção e
divulgação de informação e ideias, inclusive relacionados
às próprias manifestações.
b)Em sua opinião, de que maneira as novas formas de obtenção e divulgação de informações diferem dos meios tradicionais?
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes ponderem sobre como as redes sociais, diferentemente dos meios tradicionais, como a televisão, apresentam uma pluralidade maior de pessoas contribuindo com a circulação de informação. É possível ir além nessa reflexão e questionar os estudantes com a seguinte afirmação: não é porque a televisão mente que a internet é um meio seguro e confiável de informação.
A atividade possibilita que os estudantes confrontem como os políticos e/ou páginas que se dedicam a discutir questões políticas abordam certos assuntos de maneira crítica, refletindo sobre como essas abordagens impactam seus seguidores e a imagem desses produtores de conteúdo.
Para compreender melhor as redes sociais e sua ligação com os processos de polarização ideológica no Brasil e no mundo, acesse a reportagem no QR Code. 1. Reúnam-se em grupo e, juntos, releiam e analisem os dados que a notícia apresenta. 2. Façam um levantamento de perfis e páginas em redes sociais dedicados a abordar questões políticas. Nessa busca, é importante selecionar veículos de diferentes posicionamentos políticos e ideológicos. 3. Pesquisem temas polêmicos que contribuíram para reforçar a polarização ideológica nas redes sociais e como os perfis e as páginas selecionados anteriormente abordaram esses temas. 4. Analisem e comparem os dados sobre como um mesmo assunto foi abordado de forma diferente, dependendo da página ou do perfil analisados. Fiquem atentos à linguagem usada, ao enfoque do texto, às imagens utilizadas para ilustrar o assunto etc. 5. Em seguida, com base nos dados levantados nas etapas anteriores, criem um quadro comparativo sobre como um mesmo tema foi abordado por páginas e perfis diferentes. 6. O resultado da pesquisa pode ser divulgado em suas redes sociais pessoais e até mesmo na da escola.
http://ftd.li/dejx69
Aulas 15 e 16 O Oriente Médio e a África vão às ruas
No Irã, em meados de 2009, a população foi às ruas após o resultado das eleições presidenciais recém-realizadas, que reelegeram Mahmoud Ahmadinejad. A principal motivação foi a alegação, pela oposição, de que houve fraude no processo eleitoral.
Para driblar a censura e as restrições às mídias impostas pelo governo, os iranianos utilizaram redes sociais como Facebook, Twitter e YouTube para organizar os atos, protestar virtualmente e divulgar ao mundo o que acontecia no país.
Panfleto com o seguinte questionamento: “Onde está meu voto? Ahmadinejad não é meu presidente”. Berlim (Alemanha), julho de 2009.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/583a80609d6516bb45ec351bab3bab06.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
360B/SHUTTERSTOCK.COM
Para conter o ativismo na rede e retomar o controle daquilo que era noticiado sobre o país, o governo bloqueou o acesso a algumas dessas plataformas — que só foi liberado novamente cinco anos depois, em 2013.
Dois pontos se destacam nesse processo: a brutalidade da reação do governo contra os manifestantes nas ruas, denunciada via redes sociais, e o ciberativismo da população iraniana (o grupo ciberativista Anonymous deu grande suporte ao movimento iraniano, ajudando a driblar a censura no país em 2009; veja sua história), que levou pessoas no mundo todo a manifestar seu apoio à causa. Leia uma reportagem de 2009 sobre o movimento.
Um ano após o ocorrido no Irã, teve início um dos mais conhecidos exemplos deste século do uso das redes sociais em contextos de manifestações sociais: a Primavera Árabe, uma série de movimentos que começou na Tunísia contra o ditador Zine El-Abidine Ben Ali, e que ganhou força ao ser divulgada pelas redes sociais.
http://ftd.li/w5jubf
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/b0289d7d4d7bc428e7e412b1923b0747.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
MARWAN NAAMANI/AFP/GETTY IMAGES
A contestação a governos autoritários, às altas taxas de desemprego e às precárias condições de vida se espalharam para outros países árabes, como Egito, Síria, Iêmen, Marrocos e Argélia. Essa onda de manifestações organizadas pelas redes sociais levou milhares de pessoas às ruas, com demandas diversas, embora a maioria levantasse discursos em prol da democracia.
Assim como no Irã em 2009, a brutalidade na repressão às manifestações da Primavera Árabe, que resultou em muitos mortos e feridos, foi denunciada nas redes sociais, sem as quais, provavelmente, os protestos não teriam sido tão massivos nem teriam gerado essa enorme onda de mobilizações na região.
A participação popular durante a Primavera Árabe despertou um grande ativismo político que resultou em algumas conquistas, como a queda do ditador Hosni Mubarak no Egito (que logo voltou a ser uma ditadura) e a transição da Tunísia para uma democracia.
http://ftd.li/egrsmm
Manifestante em Dubai (Emirados Árabes), com uma fotografia que mostra a repressão policial no Irã no contexto das manifestações pós-eleições presidenciais, em junho de 2009.
Hacktivismo
Embora o termo hacker seja associado a pessoas que cometem crimes virtuais, na verdade, seu significado remete a qualquer um que se dedique tão intensamente a uma área específica de uma tecnologia que encontra meios de controlar um sistema de forma única. Inclusive, há grupos de hackers defensores de causas políticas e sociais. Conheça mais sobre o hacktivismo:
http://ftd.li/bn2jw7
Pratique
A alternativa 01 está incorreta, pois as redes sociais não são espaços desprovidos de mecanismos de poder, de controle social e de interferência de organizações políticas e sociais. Ao mesmo tempo que as redes proporcionam possibilidades de conexão entre as pessoas, elas são espaços que possibilitam diversos tipos de controle. A alternativa 02 está incorreta, pois o estabelecimento de um ambiente comunicacional mediado pelas máquinas, ou seja, tecnológico, não impede que sejam construídas relações com características que lembrem as relações estabelecidas com a proximidade física. 8. (UEM-PR) Considerando os temas comunicação, cultura e ideologia, assinale o que for correto. 01. As redes sociais da internet são lugares de expressão subjetiva, livre, espontânea e autônoma, desprovidas de mecanismos de poder, de controle social e de interferência de organizações políticas ou empresariais. 02. A instituição de um ambiente comunicacional mediado pelas máquinas impede a construção simbólica dos processos de troca de significados, uma vez que este se baseia na proximidade entre as pessoas e no contato face a face. 04. As insurreições árabes desta última década e as ações de resistência como o Occupy Wall Street utilizaram as redes sociais da internet como espaços de construção de poder, de propagação de propostas de mudança social e de deliberação. Essas ações tiveram impacto tanto no ciberespaço quanto no espaço urbano, por isso podem ser chamadas de movimentos sociais em rede. 08. As plataformas tecnológicas comunicacionais criam espaços de interação que muitas vezes se assemelham a uma “economia da dádiva”, fomentando iniciativas de compartilhamento de conteúdos, trocas e retribuições. 16. A contínua transformação da tecnologia na era digital amplia o alcance dos meios de comunicação para todos os domínios da vida social, num processo que é simultaneamente global e local, genérico e personalizado.
Soma:
28 (04 + 08 + 16).
9. Vimos que a Turquia censurou os veículos midiáticos e, posteriormente, o acesso a algumas redes sociais quando os protestos da Primavera Árabe eclodiram no país. Em 2013, quando as manifestações estavam mais intensas, a CNN
Internacional transmitiu ao vivo os protestos, enquanto a CNN Turca transmitiu um documentário sobre pinguins. Apesar da grandiosidade desse movimento, a Turquia ainda vive sérios problemas com relação ao acesso à informação e à liberdade de expressão. Assista à reportagem de 2017. http://ftd.li/gs674f
Com base nas informações da reportagem, pondere sobre a influência das redes sociais no cotidiano dos turcos a partir da Primavera Árabe, considerando as limitações e possibilidades dessa ferramenta.
Resposta pessoal. Possibilidades: as redes sociais conseguiram mobilizar uma grande quantidade de pessoas; as informações se
expandiram para outros continentes, que compartilhavam reivindicações similares; ajudaram a denunciar e a divulgar informações
que os meios de comunicação tradicionais não podiam veicular etc. Limitações: por mais que as redes sociais tenham impulsionado
esses movimentos, os problemas de acesso à informação e de liberdade de expressão continuam presentes. Ou seja, as redes
sociais não tiveram o poder de superar essas dificuldades históricas.
Aulas 17 a 20 Casos na Ásia
É possível que, desde 2018, você tenha ouvido falar dos protestos em Hong Kong, seja na televisão, na internet e, principalmente, nas redes sociais. A região de Hong Kong foi administrada pelo Reino Unido de 1842 a 1997, quando foi devolvida à China sob o acordo conhecido como “Um país, dois sistemas”. Hoje, esse território funciona de forma semiautônoma, mas a situação deve mudar em 2047, data que, segundo o acordo, a região passará a ser administrada totalmente pelo Partido Comunista da China. Para entender melhor esse complexo contexto político administrativo, leia a reportagem do jornal Brasil de Fato e assista ao vídeo do canal Gazeta do Povo sobre o assunto.
Mas o que isso tem a ver com os protestos? Bem, eles se iniciaram a partir das críticas a um projeto de lei que autorizaria que suspeitos de crimes em Hong Kong fossem extraditados para a China para serem julgados, ameaçando as liberdades individuais de Hong Kong e desequilibrando o poder entre a região e a China. O projeto de lei foi encarado como uma forma de antecipar o fim dos 50 anos de capitalismo em Hong Kong, o que aterroriza os valores ocidentais e a forma de viver dos moradores da região.
O receio da interferência do governo chinês em Hong Kong impulsionou as manifestações, majoritariamente organizadas pelas redes sociais, fator usado estrategicamente para driblar a polícia. Os manifestantes, por exemplo, marcavam “caças a pokémons” em grupo (feitas por meio do jogo Pokémon Go) ou enviavam mensagens com horários e locais das manifestações a outros celulares via bluetooth em locais públicos, como o metrô.
ISAAC LAWRENCE/AFP/GETTY IMAGES http://ftd.li/j4zayf
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/653c3f5745b6c52961b17a2baeaee270.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
http://ftd.li/dhmro3
Protestos em Hong Kong e o mundo dos games
Os protestos em Hong Kong impactaram também o mundo dos games. Em outubro, Chung Ng Wai, um competidor do jogo on-line Hearthstone, foi suspenso ao expressar ao vivo, após uma partida, seu apoio às manifestações em Hong Kong. Leia a matéria sobre o caso.
http://ftd.li/cqy6ph
Manifestantes em Hong Kong (China), em junho de 2019. O guarda-chuva, utilizado pelos manifestantes como proteção, virou um símbolo desses atos.
http://ftd.li/9tt355
A intensidade dos protestos mobilizados virtualmente é refletida em suas conquistas?
É importante destacar que muitas das manifestações mencionadas até o momento não formaram um movimento unificado. As redes sociais conseguiram chamar muitas pessoas para as ruas, mas, na maioria das vezes, esse grupo é diverso em termos ideológicos e no que diz respeito a interesses e pautas. O poder de mobilização das redes sociais não conseguiu fazer com que os movimentos que elas ajud aram a idealizar solucionassem os problemas e atendessem às demandas reivindicadas na mesma proporção e intensidade que ocorreram os protestos. • Veja como a socióloga e tecnologista Zeynep Tufekci aborda o assunto. Em seguida, debatam o conteúdo em conjunto, tentando responder à pergunta anunciada no título.
http://ftd.li/jjrbtg
Casos na Europa
JON NAZCA/REUTERS/ FOTOARENA
Na Espanha em 2011, surgiu o movimento conhecido como “Los indignados”. Também organizado via redes sociais, sua origem está relacionada à crise econômica espanhola de 2008 e à forma como o governo lidou com a situação (para entender melhor essa crise e suas consequências, acesse a notícia Crise financeira de 2008: você sabe o que aconteceu?). Insatisfeita com o cenário político e social, a população foi às ruas por emprego, educação e mudanças na política, buscando uma democracia direta plebiscitária.
A primeira manifestação ocorreu em 15 de maio — por isso, o movimento também é conhecido como 15-M — e foi planejada pela Democracia Real YA!, organização surgida na internet no início de 2011 e ainda atuante. Essa articulação se alastrou por toda a Espanha, e em diversos locais os manifestantes organizaram acampamentos em praças públicas para continuar com as reivindicações e fortalecer o movimento.
Um dos principais efeitos dos movimentos espanhóis de 2011 foi a criação do partido político Podemos, de orientação progressista. Formado por membros do movimento 15-M, sua oficialização data de janeiro de 2014; ainda em seus primeiros meses de existência, chegou a eleger, com mais de 1 milhão de votos, cinco deputados Manifestação organizada pelo movimento Democracia para o Parlamento Europeu.
Real YA! na cidade de Málaga (Espanha), 2011. A faixa de O partido tem a interprotesto diz: “Não somos mercadoria nas mãos de políticos net como importante aliae banqueiros”. da e utiliza as redes sociais como meio de divulgação de ideias e mobilização da população. Além disso, o Podemos mantém canais on-line pelos quais a população pode participar ativamente de debates e projetos.
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/1dc278b1b2812ef84c42b3ecd6b3a784.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
• Ciberativismo
Vimos que as redes sociais são ferramentas essenciais para a organização de grandes movimentos políticos e sociais que mobilizam milhares de pessoas ao redor do mundo. Mas, o ciberativismo pode ir além de protestos, ele pode ser um meio de as pessoas criarem soluções para diversos problemas. Assista ao vídeo no qual André Bordignon, um dos fundadores da organização Minha Campinas, apresenta alguns exemplos de como o ciberespaço pode contribuir para a materialização dessas soluções.
http://ftd.li/razkfo
Pratique
10.(UENP) Produza um artigo de opinião, assumindo o papel social de um leitor de jornal que intenciona publicar seu ponto de vista em relação à questão polêmica: De modo geral, o ativismo nas redes sociais, ou ciberativismo, tem repercussões significativas na sociedade ou fica restrito ao mundo virtual?
Não se esqueça de que o artigo de opinião é um texto argumentativo, por isso, além de se posicionar frente à questão exposta, é preciso selecionar bons argumentos para a defesa da sua tese.
Os textos a seguir abordam a questão apresentada, mas lembre-se de que eles podem ser usados apenas como suportes para a sua argumentação e nunca copiados deliberadamente. Você será avaliado pelo grau de autoria do texto!
Texto 1 Ciberativismo: ativismo nasce nas redes e mobiliza as ruas do mundo
[...] Quando você busca apoiar uma causa social, o que faz? Provavelmente uma das primeiras coisas é acessar a internet: fazer uma doação, compartilhar campanhas e experiências, assinar uma petição ou confirmar presença em algum protesto. Esses são alguns dos exemplos de como a rede vem ampliando o ativismo social e político e criando novas formas de atuação e mobilização, compondo o que é chamado de ciberativismo.
O ciberativismo é um termo recente e consiste na utilização da Internet por grupos politicamente motivados que buscam difundir informações e reivindicações sem qualquer elemento intermediário com o objetivo de buscar apoio, debater e trocar informação, organizar e mobilizar indivíduos para ações, dentro e fora da rede. Com essas possibilidades, todos podem ser protagonistas de uma causa. [...]
Andréia Martins, da Novelo Comunicação 04/02/201412h53. (Disponível em: <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/ atualidades/ciberativismo-o-ativismo-da-rede-para-as-ruas.htm>. Acesso em: 22 ago. 2017.)
Texto 2 As redes sociais e sua influência na sociedade
[...] Alguns importantes acontecimentos mundiais tiveram uma intensa participação das redes sociais e parte da solução dos problemas foi derivada das atuações nelas.
Um exemplo? Vamos ao caso da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro. Aos poucos, foram surgindo comunidades e grupos no Orkut e no Facebook e perfis no Twitter. A sociedade mostrou-se madura, solidária e participativa, conseguindo junto aos órgãos públicos grandes conquistas para as comunidades sofridas, agilizou os processos de doações de remédios a coletas de sangue, divulgou a situação de várias áreas através de fotos e dicas de acesso, dados de meteorologia e mapas. [...]
As redes mostraram a sua importância, deixando de lado tempo e espaço, influenciando o destino de dezenas de pessoas, através da rápida disponibilização de informações relevantes, de forma que muitos puderam usufruir deste ambiente e agir junto aos necessitados. [...]
Por Alexandre Mendes, em 24/02/2011 (Disponível em: <https://imasters.com.br/artigo/19889/redes-sociais/ as-redes-sociais-e-sua-influencia-na-sociedade?trace=1519021197&source=single>. Acesso em: 22 ago. 2017).
Texto 3 Quando as redes sociais favorecem um “ativismo preguiçoso”
São meios eficientes quando não se requer mais do que o compromisso dos usuários
[...] Hoje em dia, para muita gente, entrar no Facebook ou no Twitter significa mergulhar em um grande protesto, onde as pessoas comentam sem parar artigos das edições digitais da imprensa e notícias dos onipresentes casos de corrupção entre políticos e empresários, convocam atos políticos ou simplesmente desabafam contra aqueles que consideram como os responsáveis pelo desastre de nosso país.
[...] O paradoxo é que o Facebook me mostra um entorno social e a rua, outro. As redes sociais fervem de agitação política. No mundo “real”, nada muda. [...] A realidade, aparentemente, é que as redes sociais criam bolhas ideológicas. Duas pesquisas divulgadas nos últimos meses ratificam essa ideia. Segundo um estudo do Pew Research Center, as pessoas de direita tendem, predominantemente, a ter amigos que concordam com suas ideias políticas e a fazer parte de grupos com ideias parecidas, enquanto os esquerdistas têm uma tendência maior a apagar ou bloquear amigos por causa de divergências políticas. Outro estudo, publicado na revista Science, confirma que as pessoas constroem uma espécie de “sala de espelhos” digital de suas próprias opiniões, e que o usuário médio das redes tem apenas cerca de 23% de amigos com ideias políticas diferentes das suas. Além disso, os especialistas no assunto descobriram que o Facebook e o Twitter amplificam aquilo que, em ciência política, se chama “espiral do silêncio”: os usuários têm medo de publicar opiniões políticas quando pensam que elas podem ser lidas por outros com ideias diferentes. [...]
Resposta pessoal. A atividade propõe que os estudantes escrevam um texto argumentativo acerca dos impactos do ciberativismo na sociedade, refletindo se o ciberativismo é capaz de ir além das suas limitações virtuais. Os casos estudados no volume e os textos apresentados na questão fundamentarão os posicionamentos dos estudantes. A atividade mostra como o tema do ciberativismo, trabalhado na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas possui grande interdisciplinaridade, tendo aparecido, por exemplo, na proposta de redação da Universidade Estadual do Norte do Paraná.
JAVIER CALVO, 31 MAI 2015 - 18:05 BRT (Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/ 2015/05/31/internacional/1433106323_876086.html>. Acesso em: 22 ago. 2017).
Texto 4
(Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-N-DlCJYW__A/ViQgWfUlOWI/AAAAAAAADtU/fSucd_N1puo/s1600/ ativista-internet-cyberativistasfacebook- rede-social-twitter.jpg>. Acesso em: 22 ago. 2017).
11.Aponte o diferencial do uso das redes sociais nas manifestações em Hong Kong em 2019.
A população utilizou diversas estratégias em redes sociais e aplicativos para se organizar e divulgar as manifestações sem que o
governo e a polícia soubessem, como eventos camuflados e disseminação de informações por bluetooth em espaços públicos de
alta circulação de pessoas.
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12.Além divulgar informações, as redes sociais foram utilizadas pelo movimento 15-M para receber sugestões de toda a população. Dessa forma, podemos dizer que as redes sociais podem ajudar a transformar esses processos em ações mais democráticas?
Sim. Quando usadas de maneira ética e colaborativa, as redes sociais servem para a troca de ideias, impressões e reflexões,
ampliando a participação popular e tornando processos, como os movimentos do 15-M, mais democráticos.
Aulas 21 a 25 REDES SOCIAIS E ELEIÇÕES
Anteriormente, vimos como movimentos políticos e sociais usaram as redes sociais a seu favor. Mas alguns desses movimentos estudados destacaram-se por terem seus desdobramentos direta e profundamente relacionados com a política mundial.
Vimos, no caso do Brexit, que é possível utilizar as redes sociais para disseminar anúncios e propagar fake news e, assim, influenciar a opinião pública com base na manipulação de dados on-line. Essa estratégia tornou-se muito popular em diversos países. Durante a campanha das eleições espanholas de novembro de 2019, por exemplo, diversos partidos, incluindo o Podemos, com origem no 15-M, tiveram suas contas no WhatsApp bloqueadas por terem disparado mensagens em massa, desrespeitando as determinações de uso do aplicativo.
Veremos agora outros casos de destaque sobre uso estratégico das redes sociais em campanhas eleitorais. Europa
DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP/GETTY IMAGES
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/4fa5d43f98b77982334d8c08a08adc50.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
Nigel Farage, político britânico, em frente a uma propaganda anti-imigração durante campanha a favor do Brexit. Muitas fake news espalhadas pelos grupos pró-Brexit apresentavam mensagens xenófobas, Londres (Reino Unido), 2016.
Em 2016, o Reino Unido promoveu um plebiscito que decidiu por sua saída da União Europeia, evento conhecido como Brexit e que traria impactos econômicos, políticos e sociais para todos os países do bloco.
Após o resultado, surgiram acusações de que os grupos pró-Brexit, com a ajuda de empresas privadas de análise de dados, como a Cambridge Analytica, utilizaram ilegalmente informações de usuários do Facebook para o direcionamento de anúncios e a disseminação de fake news durante a campanha.
Para alguns estudiosos, o uso político das redes sociais feito pelos grupos pró-Brexit fortaleceu a estratégia política da construção da pós-verdade, que nos dias atuais é amplamente utilizada em campanhas políticas em outros contextos e países. Para entender melhor essa estratégia, leia o artigo da BBC News sobre o assunto. Este caso mudou a forma como lidamos com as redes sociais e trouxe à tona como elas podem ser usadas como armas antidemocráticas, embora elas também sejam usadas como ferramentas democráticas.
http://ftd.li/z33jue
Estados Unidos
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos de 2009 a 2017, usou a internet como ferramenta determinante em sua campanha. É importante destacar que um dos diferenciais da campanha on-line promovida pelo time de Obama foi utilizar as redes sociais e os demais canais virtuais não apenas como meio de divulgar informações sobre o então candidato, mas também para “ouvir” as pessoas, construindo, assim, uma via de mão dupla – postura que não era comum à época.
A fotografia que mostra o casal Obama se abraçando, postada no perfil oficial de Barack Obama para comemorar sua reeleição em 2012, foi a mais curtida de toda a rede social até aquele momento.
AHMAD FAIZAL YAHYA//SHUTTERSTOCK.COM
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/f8b7d5874b35c95b9bf88924efbe10c0.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
http://ftd.li/bfvp76
SCOTT OLSON/GETTY IMAGES
Donald Trump e Hillary Clinton se cumprimentam durante um dos debates presidenciais, St. Louis (Estados Unidos), 2016.
A campanha de Obama em 2008 promoveu ações em diversas redes sociais, como Facebook, Twitter, MySpace, YouTube, BlackPlanet, Migente.com, com conteúdos diversos e foco na proposta de aproximação do candidato com a população estadunidense. Já para a campanha de 2012, a estratégia do foco nas redes sociais foi expandida e aprimorada. Uma delas foi o lançamento do documentário The Road We’ve Traveled, disponibilizado no YouTube, mostrando os feitos de Obama no primeiro mandato.
O esforço das campanhas políticas de Obama surtiram efeitos e ele saiu vitorioso em 2008 e 2012, tornando-se o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. A partir de então, o uso das redes sociais em campanhas eleitorais tornou-se um fator essencial para conquistar eleitores e tornar suas plataformas mais visíveis a eles. Para ajudar a refletir sobre o impacto do uso das redes na escolha dos eleitores: em 2020, mais da metade da população adulta estadunidense usou a internet para obter e divulgar informações sobre os candidatos. Após o segundo mandato de Obama, Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos no início de 2017. Durante sua campanha, os principais veículos impressos do país apoiaram a candidata Hillary Clinton, que, como Trump, também investiu nas redes sociais. Sem o apoio das mídias tradicionais — canais de televisão, jornais e revistas —, que se posicionaram abertamente, Trump promoveu uma campanha focada nas redes sociais, principalmente no Facebook e no Twitter, que incluiu funcionários dessas duas plataformas e do Google trabalhando diretamente com sua equipe. Assim como nas eleições do Brexit, em que houve o uso irregular das redes sociais, a campanha eleitoral de Trump foi acusada de usar informações de cerca de 70 milhões de usuários do Facebook, que o ajudaram a direcionar materiais de campanha de forma mais certeira ao traçar um perfil psicológico avançado do usuário e atuar em cima de seus pontos mais frágeis — o que podemos chamar de publicidade política. O ocorrido gerou um escândalo, e as investigações sobre a possível fraude ainda estão em andamento. Igualmente em razão desse ocorrido, o Facebook, em 2018, viu despencar o preço de suas ações na bolsa de valores dos Estados Unidos, e a Cambridge Analytica (do caso Brexit) encerrou suas operações.
Esses casos demonstram o outro lado das redes sociais: ao mesmo tempo que elas são ferramentas que conectam pessoas e ajudam movimentos políticos e sociais a se mobilizarem, elas também são desenhadas para que seus usuários forneçam cada vez mais informações, que, por sua vez, são usadas como meios de persuadi-los.
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Brasil
A intensa polarização política que ganhou força no Brasil a partir de 2013 continua presente, e as eleições presidenciais realizadas em 2018 evidenciaram muito esse contexto. No segundo turno, Jair Bolsonaro, representante do Partido Social Liberal, venceu o adversário Fernando Haddad, representante do Partido dos Trabalhadores, com 55% dos votos. Essa oposição ideológica serviu de munição para a atuação de ambas campanhas eleitorais, sobretudo nas redes sociais. Com somente 8 segundos na propaganda eleitoral transmitida pela televisão, Jair Bolsonaro focou sua campanha nas redes, e sua vitória evidencia que a estratégia gerou o resultado esperado (ouça a análise do professor de filosofia e cientista político Renato Janine Ribeiro sobre o uso da internet como meio de comunicação nas eleições brasileiras de 2018 — antes dos resultados do segundo turno).
Nessas eleições, a intensificação do uso das redes sociais nas campanhas oficiais foi algo que marcou todo o processo. A comunicação on-line disseminou de forma massiva muitas informações falsas em plataformas como Facebook, Instagram, WhatsApp etc. Os boatos espalhados, geralmente pautados em dicotomias simplistas como “o bem contra o mal”, geraram medo, tensão e repulsa. É importante destacar que os eleitores tiveram grande papel nessa ampla rede de informações falsas divulgadas no período das eleições. Além disso, telefones de usuários foram coletados no Facebook e utilizados no WhatsApp para que mensagens fossem disparadas em massa (prática que, como vimos anteriormente, é ilegal).
Como uma das principais diferenças na campanha de Bolsonaro em relação a outros candidatos, podemos mencionar a ausência em debates televisivos e a presença em lives promovidas por sua equipe nas redes sociais. Após ser eleito, os perfis oficiais de Bolsonaro nas redes sociais continuam sendo um dos principais canais de conexão entre ele e seus apoiadores.
http://ftd.li/w3tqwg
Live: transmissão ao vivo feita por meio das redes sociais. As lives podem ser realizadas por qualquer pessoa e para tratar de assuntos diversos.
ANTONIO SCORZA/SHUTTERSTOCK.COM
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Nas eleições realizadas no Brasil em 2018, as redes sociais foram utilizadas de diversas formas tanto por candidatos quanto por eleitores. Juiz de Fora (MG), 2018.
Pratique
13.Assista ao vídeo sobre a manipulação de dados das redes sociais e responda aos itens que seguem. a) Com base no vídeo, explique brevemente como ocorre a manipulação de dados nas redes sociais.
http://ftd.li/5anbrq
Comprando robôs, ou seja, perfis falsos, para curtir ou comentar postagens. Dessa forma, algoritmos reconhecem uma
atividade alta sobre um tema e o classificam como popular nas redes.
b)Aponte um dos principais problemas trazidos por essa manipulação.
Ao controlar a popularidade de certos assuntos, é possível influenciar a opinião das pessoas e, assim, manipular disputas
políticas, por exemplo.
c) Com o uso de robôs, também é possível fazer contracampanhas na internet. Como elas funcionam?
Quando uma contracampanha é lançada sobre um assunto em alta, robôs popularizam outros assuntos, fazendo com que as
hashtags em alta anteriormente percam popularidade e não sejam mais vistas e compartilhadas por muitas pessoas.
14.A campanha a favor do Brexit utilizou novas estratégias políticas digitais. Quais foram elas? E como elas alteraram a política mundial?
O uso ilegal de dados de usuários de redes sociais e a disseminação de fake news, as quais revelaram a sistematização da
pós-verdade como estratégia política, amplamente usada na atualidade.
15.Que inovações fizeram parte da campanha presidencial de Barack Obama nas eleições de 2008? E qual o impacto delas na política posterior ao seu mandato?
A campanha de Obama utilizou intensamente as redes sociais para se conectar com a população estadunidense, produzindo e divulgando conteúdos em diferentes plataformas. Essa estratégia foi um marco na utilização das redes sociais em campanhas políticas, tornando-se imprescindível para uma campanha bem-sucedida. Por meio delas, os candidatos conseguem compartilhar opiniões diversas sobre diferentes assuntos e criar um canal de diálogo para "ouvir" a população, criando uma conexão com o público, o que resulta na aproximação entre eleitorado e políticos.
16. Assista ao vídeo Como a Cambridge Analytica analisou a personalidade de milhões de usuários no Facebook, produzido pela BBC Brasil, e responda às perguntas. a) Que ação foi promovida pela equipe de Donald Trump durante a campanha das eleições de 2016 nos Estados Unidos após a obtenção de informações de usuários do Facebook?
http://ftd.li/xzfg9y
Houve a publicação diária de milhares de anúncios no Facebook, direcionados aos diferentes perfis dos usuários. Esses anúncios
personalizados tinham o intuito de difundir a plataforma política de Trump, levando em conta a personalidade dos usuários.
b) Por que não é possível provar que ações como as adotadas na campanha de Trump podem levar um candidato a vencer as eleições?
Porque não é possível rastrear, retrospectivamente, em quais candidatos as pessoas que receberam anúncios votaram.
17.(UFMS-RS) O pleito eleitoral para a presidência do Brasil de 2018 foi marcado pela polarização entre partidos de direita e esquerda, fato que em raros momentos da história democrática brasileira foi verificado. Os acontecimentos dessa campanha política foram marcados por situações novas e que acarretam mudanças na sociedade do presente. Assinale a alternativa que caracterizou as últimas eleições presidenciais do Brasil e que demonstra uma transformação da sociedade. a) A retomada dos grandes comícios públicos com os candidatos e a mobilização de multidões para a divulgação das campanhas de governo, aos moldes de governos populistas. b) A transmissão de longos debates entre candidatos, via rádio e internet, como forma viável para o eleitor decidir seu voto, além de exercitar a democracia e apresentar as propostas dos candidatos concorrentes. c) A utilização da internet como plataforma de divulgação de ideias no formato mais inovador de mídias, sendo que as redes sociais tiveram importante e decisivo destaque na exposição de ideias e defesas contra as chamadas fake news. d) As associações entre os grandes partidos de esquerda e os grandes partidos de direita, que formaram blocos políticos nunca antes vistos e que dividiram o Brasil entre as ideias que se posicionaram antagonicamente. e) A interferência de grandes grupos econômicos internacionais que, com a polarização política, encontraram ambiente favorável à disseminação de ideias e conceitos de governança já testados em países em desenvolvimento, como Índia e África do Sul.
As eleições brasileiras de 2018 foram marcadas pela intensa polarização política que ganhou força desde as manifestações de 2013 e pela utilização da internet como meio de divulgação de ideias de partidos e políticos e de aproximação do eleitorado. Nesse contexto, a divulgação de informações falsas ganhou força, mas o espaço das redes sociais também foi utilizado para desmenti-las.
Privacidade hackeada
O documentário Privacidade hackeada apresenta as polêmicas da empresa de consultoria Cambridge Analytica sob a perspectiva do professor de design de mídia David Caroll, que leva seu caso à corte inglesa, já que a lei estadunidense não protege suas inf ormações digitais. Veja o trailer.
Privacidade hackeada.
Direção: Karim Amer e Jehane Noujaim. EUA: The Othrs e Netflix, 2019 (114 min).
http://ftd.li/7ct4ss
1. Assistam ao filme juntos e, em seguida, debatam sobre as ações TCD/PROD.DB/ ALAMY/ FOTOARENA da Cambridge Analytica. 2. Após o debate, escrevam uma crítica de cinema sobre o documentário. Capa do documentário Privacidade hackeada. Questione os estudantes se há ética envolvida nos casos destacados pelo documentário, como o uso de dados pessoais para influenciar eleições e se eles concordam ou não que esse uso de dados é considerado uma arma. Faça-os refletir sobre seus próprios dados on-line, que são usados para influenciá-los, mesmo não sendo considerados como adultos pelo governo. Outra possibilidade de análise é pensar na quantidade de dados que as redes sociais possuem deles em comparação com os da população mais velha, já que eles nasceram em um mundo completamente digitalizado.
Aulas 26 a 29 REDES SOCIAIS, ÉTICA E POLÍTICA
A questão é que os casos dos Estados Unidos e do Brasil não são a exceção. Segundo o relatório “Desafiando a verdade e a confiança: um inventário global da manipulação organizada nas mídias sociais” (Challenging Truth and Trust: A Global Inventory of Organized Social Media Manipulation, em inglês), desenvolvido em 2019 pelo Instituto de Internet da Universidade de Oxford, na Inglaterra, essa estratégia de manipulação usando dados das redes sociais está presente em 70 países. Em 2018, a pesquisa levantou que 48 países já usavam esse serviço desde 2010.
Isso é possível por meio das chamadas tropas cibernéticas, ou cibertropas, contratadas para coletar dados, direcionar propagandas, divulgar informações falsas, propagar discursos de ódio e dar popularidade a certos temas. Segundo o relatório, as campanhas de desinformação ocorrem, como vimos, principalmente durante períodos de eleições ou de crise política.
Mundo: densidade de tropas cibernéticas (2017)
0º
Círculo Polar Ártico
Trópico de Câncer OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO
Equador OCEANO PACÍFICO
0º
Trópico de Capricórnio
Densidade de tropas cibernéticas*
1 2 3 4 5
Meridiano de Greenwich OCEANO ÍNDICO
0 2 655 RENATO BASSANI
Fonte: BRADSHAW, Samanta. HOWARD, Philip N. Troops, trolls and troublemakers: a global inventory of organized social media manipulation. Computacional Propaganda Research Project, University of Oxford, 2017. p. 22.
http://ftd.li/ryh9ua *Esse valor tem como base a variedade de formas organizacionais (governo, partidos políticos, sociedade civil, cidadãos individuais ou empresas terceirizadas) que dispõem de tropas cibernéticas por país. Quanto maior a densidade de cibertropas, maior a quantidade dos tipos de organização que as utilizam.
Na prática, essas tropas utilizam perfis falsos nas redes, administrados por pessoas reais ou robôs, e que podem ser divididos de acordo com suas funções: há os perfis que encabeçam o conteúdo, há aqueles que amplificam o que foi idealizado e há ainda os perfis que reproduzem em massa os assuntos, o que gera a sensação de que a maioria das pessoas possui o mesmo posicionamento sobre uma determinada questão.
O objetivo de seus serviços está em categorizar usuários de acordo com seu nível de suscetibilidade (para entender melhor como você colabora com dados, assista ao vídeo) e agir de acordo com sua pessoalidade, não necessariamente para convencer de uma notícia falsa, mas para fazer você se colocar em dúvida em relação a certos tópicos. O jornalista Adrien Chen escreveu em uma de suas matérias para a revista estadunidense The New Yorker que essa estratégia, de gerar apreensão e paranoia, visa destruir o uso democrático da internet e de suas plataformas, enquanto os grupos que contratam esses serviços são beneficiados.
Preso em nome da lei!?
Mas, e aí? Quer dizer que as redes podem servir aos interesses de determinados grupos por meio de ações ilícitas e sem transparência, e tudo bem? Não é bem assim, pois cada país tem sua legislação em relação ao assunto e suas formas de fiscalização. Mas essas regras estão sempre mudando.
Nos Estados Unidos, desde o atentado de 11 de setembro, o país tem revisto suas leis de privacidade digital, sob a justificativa de combate ao terrorismo. E essas questões têm se intensificado; por exemplo, ainda no início de 2020 Trump ameaçou banir a rede TikTok, de origem chinesa, dos EUA, alegando questões de soberania (o que potencialmente alerta que os Estados Unidos podem estar fazendo o mesmo com suas redes sociais). Outro detalhe: a proibição dessas redes sociais na China não é vista pelos EUA sob uma ótica de proteção à soberania do país, mas sim como censura pura.
Já em meados de 2020, durante a pandemia de covid-19, o Twitter sinalizou que as publicações de Donald Trump continham informações falsas. Com isso, Trump assinou um decreto que altera partes da Lei de Decência na Comunicação dos Estados Unidos. Em termos de regulamentação das redes sociais, o decreto revisará a lei atual que impede que as plataformas sejam responsabilizadas por conteúdos postados por seus usuários, colocando como prioridade a liberdade de expressão dos indivíduos, algo que, sob o olhar de Trump, não está garantido nas redes sociais, uma vez que elas têm o poder de excluir comentários e bloquear usuários, por exemplo. Veja a notícia: Trump assina decreto que reduz proteção de redes sociais.
No Brasil, a intensa utilização da internet com o intuito de manipular a opinião pública durante as eleições de 2018 levou à criação da chamada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, em 2019. Formada por deputados e senadores, a CPMI tem como objetivo investigar as ações de grupos que produziram e divulgaram notícias falsas, atacaram virtualmente usuários e agentes públicos vulneráveis, aliciaram menores para fins diversos na internet, entre outros crimes. Um dos principais focos da CPMI é a campanha de Jair Bolsonaro à época das eleições. Inicialmente, a Comissão deveria encerrar suas atividades em 13 de abril de 2020, mas foi prorrogada por prazo indeterminado.
Em agosto de 2020, as leis de proteção de dados virtuais no Brasil foram alteradas. Veja como funciona a nova estrutura no link da página Politize!.
Pratique
http://ftd.li/2j2vkg
http://ftd.li/hycp79
18.Pondere sobre o posicionamento do jornalista Adrien Chen sobre como a estratégia política envolvendo tropas cibernéticas impacta nossas vidas.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes ponderem sobre o uso político envolvendo tropas cibernéticas e como isso
impacta suas vidas, analisando que tipo de notícias e outros materiais estão mais ou menos presentes em suas redes sociais
e como reagem aos conteúdos que chegam até eles.
19.Vimos que cada país possui suas próprias leis em relação à proteção de dados virtuais, embora a internet seja uma rede internacional. Julgue se é válido que os países se unam e elaborem um único conjunto de leis para esta questão.
Resposta pessoal. Os estudantes podem alegar que uma única lei de proteção de dados internacional pode ser algo positivo,
já que todas as pessoas estariam protegidas da mesma maneira, ou que uma única legislação sobre o tema exclui
especificidades sociais, políticas e culturais que mereçam ser levadas em conta na construção das leis.
20.Acesse novamente o link da página anterior com a matéria da Politize! sobre as mudanças na legislação referente à proteção de dados e reflita sobre elas. Em seguida, escreva seu posicionamento a respeito das mudanças.
Resposta pessoal. Os estudantes deverão comparar a antiga e a nova legislação sobre proteção de dados e julgar se as
mudanças foram positivas ou negativas.
Oriente os estudantes a pensar em um roteiro básico para que a estrutura do podcast tenha começo, meio e fim. Os grupos devem pensar se haverá blocos específicos no podcast, elencar os principais pontos que os participantes vão abordar e selecionar um mediador, principalmente se houver pessoas com posicionamentos opostos.
http://ftd.li/u5kucs
Rodas de conversa
O programa Canal Livre, que compõe o quadro jornalístico da Band, debateu em um de seus programas “A política na era das redes sociais”. Veja o resumo dos principais pontos discutidos neste episódio. 1. Em conjunto, assistam ao vídeo e sistematizem as http://ftd.li/ftpkbg principais palavras-chaves ditas no debate. 2. Dividam-se em grupos e elaborem um podcast. Inspirem-se nas reflexões do vídeo e atentem-se às palavras-chaves levantadas anteriormente para enriquecer a conversa. Em seu programa, busquem ponderar sobre a seguinte questão: O que há de bom e de ruim nas redes sociais?
OS DEBATES NAS REDES
Aulas 30 a 33
Até agora, exploramos como as redes sociais podem ser usadas como instrumentos de mobilização política e também como meio de espalhar desinformação e até de manipular pessoas.
Afinal, as redes sociais proporcionam espaços de criação e obtenção de informação que contribuem para a formação de uma inteligência coletiva, fortalecendo a cidadania? Ou elas abrem espaços para mais desinformação? Na verdade, elas são as duas coisas!
Mas ainda há outra problemática importante a ser pensada sobre o uso das redes sociais. Ao funcionarem como espaços nos quais as pessoas podem se expressar livremente (desde que sigam os termos de serviço da plataforma), além de possibilitarem, como vimos, a disseminação de opiniões eticamente inadequadas, esses locais virtuais de exposição de ideias e opiniões tão polarizadas estão se tornando também um espaço de julgamento rápido, rígido e constante.
A prática de julgar os outros é acompanhada de sentença: a cultura do cancelamento (assista ao vídeo que explora o assunto). Você conhece essa prática? Ela consiste, basicamente, em expor nas redes opiniões de outras pessoas ou grupos diferentes das nossas, em tom de denúncia, para que essas pessoas ou grupos sejam “cancelados”, ou seja, boicotados.
Essa cultura tem feito muitos se questionarem sobre suas postagens, além de ter levantado e construído debates importantes para a sociedade, o que é positivo (veja o que o rapper brasileiro Emicida falou sobre essa prática). Mas a concepção de que, se cometermos um erro em uma publicação, podemos ser cancelados também tem feito as pessoas carregarem o medo de se expressar e de falhar. E falhar é uma característica humana, não é mesmo?
Sob a perspectiva da cultura do cancelamento, você acredita que as redes sociais têm se distanciado de seu âmbito democrático? Você acha que essa prática tem sido mais usada para endurecer o debate público ou que ela tem proporcionado mais discussões enriquecedoras e aprendizados? Leia como a revista Piauí refletiu sobre esse tema.
A seguir, vamos conhecer exemplos de pessoas públicas que foram “canceladas” nos últimos tempos em decorrência de determinadas opiniões ou atitudes.
http://ftd.li/2mfqsx
http://ftd.li/y9s5d3
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/558355118c790da5d0ae53e63e652afc.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
Caso de cancelamento
Mas não pense que o cancelamento acontece só com gente famosa... Qualquer pessoa pode ser cancelada nas redes sociais. Acompanhe a reportagem da BBC que mostra o caso do cancelamento de Emmanuel Cafferty, que até perdeu seu trabalho por conta de um pré-julgamento feito on-line.
Anitta,
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/9d0c99562fac6d0258919cf9c3239757.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
cantora brasileira.
Drauzio Varella,
médico brasileiro.
http://ftd.li/jcthob
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/bafab821065c123e061a43d7852dcd09.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
ALAN CARVALHO
Marcelo Tas,
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/802e9331147585871527bc5eb9649345.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
apresentador, ator e escritor brasileiro.
Lilia Schwarcz,
historiadora brasileira.
Drake,
cantor canadense.
J. K. Rowling,
escritora britânica.
Paola Carosella,
chefe de cozinha, argentina.
Pratique
21.(Enem/MEC) Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece nas redes sociais: a democracia racial apregoada por Gilberto
Freyre passa ao largo do que acontece diariamente nas comunidades virtuais do país. Levantamento inédito realizado pelo projeto Comunica que Muda […] mostra em números a intolerância do internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um algoritmo vasculhou plataformas […] atrás de mensagens e textos sobre temas sensíveis, como racismo, posicionamento político e homofobia. Foram identificadas 393 284 menções, sendo 84% delas com abordagem negativa, de exposição do preconceito e da discriminação.
Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).
Ao abordar a postura do internauta brasileiro mapeada por meio de uma pesquisa em plataformas virtuais, o texto a) minimiza o alcance da comunicação digital. A imagem de cordial e hospitaleiro do brab)refuta ideias preconcebidas sobre o brasileiro. sileiro, construída em diferentes campos, pode ser contestada ao analisarmos suas c) relativiza responsabilidades sobre a noção de respeito. ações nas redes sociais. A propagação de discursos preconceituosos e discriminad)exemplifica conceitos contidos na literatura e na sociologia. dores nas plataformas evidencia que essa perspectiva deva ser repensada. e) expõe a ineficácia dos estudos para alterar tal comportamento. 22.Como o texto da atividade anterior se articula com a cultura do cancelamento?
A cultura do cancelamento é a sentença virtual baseada no julgamento rápido de alguma postagem ou ação de alguém. É uma
atitude diretamente relacionada à postura agressiva que os brasileiros possuem on-line, conforme o texto aponta.
23.Como você avalia a cultura do cancelamento? Explique considerando o que você julga serem seus pontos negativos e positivos.
Resposta pessoal. É interessante que os estudantes percebam que, ao mesmo tempo que a cultura do cancelamento pode ser
utilizada para a construção de debates necessários sobre temas diversos, ela pode ser interpretada como um comportamento
repressor, que provoca receio nas pessoas.
Estudo de caso
Como vimos, as pessoas podem ser canceladas por diferentes motivos e porque, muitas vezes, são mal julgadas. Faremos um estudo de caso apresentado como um julgamento em tribunal! 1. Em conjunto, selecionem um caso polêmico de cancelamento nas redes sociais. 2. Em seguida, determinem os papeis que cada um interpretará no tribunal: promotor, juiz, réu, testemunha, júri etc. 3. Pesquisem e fortaleçam os argumentos que sustentarão sua defesa. 4. Façam a simulação de um tribunal que cancelará ou absolverá a pessoa (ou grupo) julgada.
Síntese
Aula 34
2
1
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/71df9b1bfd8a496b83e81fefc9860c94.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
No século XXI, as redes sociais vêm ganhando força como instrumento de articulação e fortalecimento de grupos na promoção de atividades políticas diversas. 3 A cultura do cancelamento, por exemplo, é um meio que as pessoas encontraram nas redes sociais para promover debates baseados em posicionamentos políticos ou sociais, provocando, muitas vezes, o boicote à pessoa ou à marca que se manifestou.
As redes sociais unem pessoas com os mesmos interesses, sejam pessoais, profissionais, sociais ou políticos.
6Nesse contexto, os dados das redes sociais transformaram-se em
“armas” capazes de manipular informações (e opiniões) e divulgar notícias falsas por meio de cibertropas, que contribuem para a formação de discursos políticos cada vez mais polarizados.
AS POSSIBILIDADES DE USO DAS REDES SOCIAIS APRESENTAM UM CONFLITO CONSTANTE ENTRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PROMOÇÃO DA DESINFORMAÇÃO.
Exemplos: eleições estadunidenses (2016) e eleições brasileiras (2018).
GRANDEDUC/SHUTTERSTOCK.COM
![](https://assets.isu.pub/document-structure/210810214332-325840c9a35f69f16a0b3c4b8dc1cc1e/v1/fea986501c2e3a6d6c8f59260312f48e.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
4
Outro grande exemplo desse uso é a organização e divulgação de manifestações populares. Por meio das redes sociais, pautas são levantadas e protestos convocados.
STUDIOSTOKS/SHUTTERSTOCK.COM As redes sociais também são usadas nas campanhas eleitorais em todo o mundo. Elas têm sido meios de comunicação estratégicos para campanhas vitoriosas.
5
Eventos marcantes: Occupy Wall Street (EUA), Jornadas de Junho e manifestações em 2015 (Brasil), Primavera Árabe (África e Oriente Médio), 15-M (Espanha) e manifestações em Hong Kong.