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POR QUE TEMOS FALADO
TANTO DE ESG?
POR GABRIELA BAUMGART
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Nunca se falou tanto sobre ESG, sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança. Na verdade, o tema não é novo, uma vez que as questões socioambientais já estão na pauta de muitas empresas. Parte desse debate se relaciona à mudança na forma como se faz negócios. Hoje, não é apenas o retorno econômico-financeiro que preocupa as empresas. Elas precisam ir além, pois são agentes de um processo de transformação social que se tornou mais complexo e agregou mudanças disruptivas.
Outra parte da discussão está atrelada à necessidade de integrar critérios ambientais, sociais e de governança a empresas que ainda não conseguiram combiná-los à sua estratégia. Não é uma tarefa fácil, pois exige uma mudança de cultura nas organizações que, além praticar novas ações, precisam informar adequadamente sobre o impacto que causam ou como tratam as comunidades afetadas por sua atuação.
Uma boa maneira de acelerar essa integração está na governança corporativa, o G do ESG. Não por acaso, por meio de princípios como transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa – que constam no Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, produzido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) –, é possível encontrar caminhos mais sustentáveis, conscientes e responsáveis. Tudo isso contribui para que as organizações enxerguem seu compromisso com todas as partes que orbitam seu negócio. Integrar o ESG à estratégia empresarial fortalece o ramo de atuação de uma empresa, incentiva outras a fazer o mesmo e garante longevidade, além de trazer valor econômico ao negócio.
Segundo relatório da consultoria PwC, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa serão concentrados nos aderentes à governança ambiental, social e corporativa, mesmo diante dos desafios socioeconômicos. O mesmo levantamento mostra também que 77% dos investidores institucionais planejam, em curto prazo, parar de comprar produtos não ESG. Quando se considera, por exemplo, a prática de greenwashing, a urgência pela integração e interdependência dos critérios ESG ao propósito empresarial só aumenta. O termo em inglês define um discurso sobre iniciativas ambientais descolado da prática. Associado aos princípios da governança, um bom letramento em ESG prepara os líderes para darem respostas transparentes, francas e plausíveis a todas as partes interessadas. E, paralelamente, aumentam a resiliência para lidar com as demandas regulatórias ou dos investidores.
Manter a escuta ativa também é outra forma de promover a integração de temas ambientais, sociais e de governança. Nesse sentido, algo que pode ajudar as empresas é instituir um comitê de assessoramento aos tomadores de decisão, representados em algumas organizações pelos conselhos de administração. Todo esse trabalho precisa ser orgânico e há muito a ser feito. O processo já começou e contamos no Brasil com ferramentas de governança corporativa, órgãos reguladores e entidades para que as letras ESG constituam um sólido tripé de nosso desenvolvimento. n