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CARTAS

CARTAS

FUTURO, PRESENTE

Em seu livro Obrigado pelo Atraso, o jornalista e comentarista político americano Thomas Friedman propõe uma reflexão sobre o futuro, ou o que sobrar depois de conseguirmos domar o presente

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por paulo vieira

Você já ouviu a história muitas vezes: vivemos em plena revolução tecnológica, a tal quarta revolução industrial, em que a inteligência artificial é protagonista, mas não só: entram aí também os avanços da engenharia genética, a longevidade crescente da vida humana e os rigores do aquecimento global.

Enfim, um cardápio de novidades que vão se desdobrando em alta velocidade, sem dar folga para que os viventes possam refletir direito o que está a se passar. Predizer o que virá é ainda mais temerário: ora ouvem-se previsões funestas, em que milhões de empregos serão ceifados e cidades ficarão embaixo d’água, ora os otimistas ganham os microfones para atestar sua visão de um mundo mais igualitário, feliz, melhor compartilhado e mais eficiente à frente.

O jornalista americano e colunista político Thomas Friedman, há duas décadas titular do jornal The New York Times, deu-se ao trabalho de fazer uma parada para reflexão. Contou com um golpe de sorte, pois suas ideias sobre o assunto começaram a tomar corpo com o tempo livre que ganhava de seus entrevistados, que invariavelmente se atrasavam. O resultado é o livro Obrigado pelo Atraso, lançado no ano passado no Brasil pela editora Objetiva.

Para o autor, nunca houve, como hoje, uma “alteração no ritmo da mudança em tantos campos diferentes ao mesmo tempo”. É o que chama de “era das acelerações”. Há a aceleração tecnológica, com o poder computacional dobrando de tamanho a cada dois anos, a globalização e o impacto provocado pelo aquecimento global.

Começando pelo poder computacional, se a tão falada inteligência artificial vai, como se prevê, eliminar postos de trabalho, mais grave é constatar que diversas competências vão simplesmente desaparecer. Para os que irão precisar navegar nesse mar revolto melhor desenvolver as habilidades sociais – cooperação, empatia e flexibilidade –, algo com que os cérebros eletrônicos (ainda) não são capazes de lidar. Mas tem mais: habilidade técnica também deve vir no pacote.

Citando artigo da colega do New York Times Claire Miller, Friedman escreve que “as únicas ocupações cujos salários têm mostrado um aumento constante desde 2000 exigem habilidades tanto cognitivas como sociais”. Afinal, se é “apenas uma questão de ter empatia e se mostrar flexível, há uma oferta infinita de pessoas”. Para Friedman, no novo cenário corporativo, “os patrões terão de aprender a contratar as pessoas com base no que elas podem comprovadamente fazer, e não apenas em seu pedigree, e proporcionar aprendizagem contínua no interior da empresa. O funcionário, por sua vez, precisará se tornar senhor do próprio aprendizado e do cons

tante reaprendizado”.

Já sobre a globalização, ou simplesmente “mercado”, como o autor prefere, o momento é zenital. Friedman vê a globalização como “capacidade de qualquer indivíduo ou companhia de competir, conectar, trocar ou colaborar globalmente”. E num mundo mais “hiperconectado do que nunca”, na frase de um estudo, de 2016, do McKinsey Global Institute, que pinçou, “a globalização está explodindo”. Há no livro copiosos exemplos de como a hiperconectividade vem ajudando a prover recursos materiais e intelectuais a pessoas nos pontos mais remotos da Terra. Porém – há sempre um porém –, se pode ser “incri

O jornalista e colunista político americano Thomas Friedman, autor de Obrigado pelo Atraso

O QG da Infosys, em Bangalore, na Índia, em que Friedman viu cenas explícitas de globalização, e o novo livro do autor americano

velmente democratizante”, a globalização também pode “concentrar um poder fantástico nas mãos de gigantescas multinacionais”. Além disso, num momento em que ainda não havia o presidente Trump no horizonte, o autor indicava: “Na era das acelerações, se uma sociedade não constrói pisos sob as pessoas, muitas sairão em busca de um muro”. “Piso”, para ele, é saber aprender e se adaptar a alguns fatores que impulsionam a globalização: imigração, comércio e fluxos digitais.

No campo da “mãe natureza”, o cenário é sombrio. Friedman mostra como em duas gerações extrapolamos a capacidade da Terra de “continuar a suportar nosso mundo de forma estável”, na frase do cientista sueco Johan Rockström. “Passamos da condição de um pequeno mundo num grande planeta para a de um grande mundo num pequeno planeta.” Ainda há tempo de reverter o dano, mas não muito. “Se não agirmos rapidamente para amenizar essas tendências, seremos a primeira geração de seres humanos para a qual mais tarde significará tarde demais”, conclui o jornalista.

Com tudo isso, Friedman tem uma palavra otimista para os que seguirão – ou teimarão – por aqui. “Se conseguirmos atingir um nível mínimo de colaboração para manter nossas economias abertas e para continuar a aumentar o nível da educação para todos, uma vida melhor estará ao alcance para um número maior de

pessoas do que em qualquer outra época – e os próximos 25 anos do século 21 poderão ser uma época fantástica para se viver.”

APLAINANDO O TERRENO

Descontado o elemento de futurologia, em Obrigado pelo Atraso Friedman volta a um terreno que conhece bem. Em O Mundo É Plano, um de seus livros anteriores, ele já tratava desse planeta hiperconectado, que viu se desenhar à sua frente numa viagem que fez a Bangalore, na Índia. Lá, um exército de trabalhadores resolvia problemas para empresas de muitas outras partes do mundo, e não faziam parte desse contingente apenas programadores, engenheiros e técnicos de informática, como ele imaginava, mas também, por exemplo, contadores.

Um desses contadores, aliás, ofereceu-se para cuidar da declaração de imposto de renda do jornalista. Friedman ainda ouviria do CEO da Infosys, a multinacional de tecnologia indiana que visitava, a frase que fermentaria em sua cabeça e serviria de mote para o livro: “Estamos aplainando o terreno”. Tempos mais tarde, o autor perceberia que havia mais a ser aplainado: entre 2006 e 2007 o mundo iria conhecer o iPhone, o Facebook, o Twitter, além da tecnologia que democratizou o big data, criações que multiplicariam exponencialmente a hiperconexão. n

PODER INDICA

NORDESTE PEDE PASSAGEM

Comandar a maior agência de eventos, RP e branded content do Nordeste valeu, além de muito prestígio, um apelido curioso para CARLA BENSOUSSAN. Com mais de 1,3 mil eventos realizados pela Lead!, a pernambucana vem sendo carinhosamente chamada de “embaixadora da terra do frevo”. A brincadeira é explicada pelo sucesso de suas parcerias e o portfólio diversificado com marcas fortes como Petrobras, Ambev, Coca-Cola, Nestlé, Prada, Moët & Chandon, Claro, Vivo, Uber, CowParade Brasil, entre outras.

“Sinto que as pessoas dão atenção especial e têm interesse em tudo que a Lead! está envolvida. E isso é muito gratificante”, avalia. “O que alcançamos nesses 12 anos foi fruto de muito amor e dedicação dos envolvidos, que sonharam junto e ajudaram a tornar nossos projetos em realidade.”

Atualmente, a Lead! é um grupo bem estruturado e com atuação 360 graus no que diz respeito à presença dos clientes digitalmente e off-line. Para 2018, a empresa pretende continuar a expansão da agência no Sudeste, onde já atua no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo, além de levar seu know-how para o mercado internacional. Entre as apostas está ainda o fortalecimento da Dreams, braço da companhia que investe no formato wedding destination, oferecendo estrutura para quem sonha em se casar em um lugar paradisíaco, longe dos espaços comuns.

O crescimento orgulha Carla Bensoussan, porém o que a deixa mais feliz é ver que seu espírito agregador e visão empreendedora deram frutos: “Aperfeiçoar a prestação de serviços e oferecer aos clientes uma agência completa, que trabalha com excelência e resultados positivos, essa é minha grande satisfação”.

@LEAD_ASSESSORIA | + LEADPORTAL.COM.BR

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