OPINIÃO
CONSELHO DE
MULHER POR MARLY PARRA
ILUSTRAÇÃO GETTY IMAGES
O
caminho para um futuro compartilhado será construído com diversidade e inclusão, uma vez que a complexidade, incerteza e a mudança tecnológica acontecem em ritmo alucinante. E para nos mantermos atualizados, precisamos de um extraordinário senso de percepção, sensibilidade e aceitação. Notamos que com o tempo a diversidade se torna essencial para a produtividade corporativa, performance e engajamento. E dessa forma vai superando o talento e a técnica. Times diversos têm melhor desempenho e resolvem melhor temas complexos, uma vez que a perspectiva individual enxerga os desafios de forma diferente. Na era da transformação, é preciso uma visão holística, a qual a mulher desempenha muito bem. O olhar para as pessoas, sejam colaboradores, fornecedores, clientes, investidores e a comunidade em torno, é o que fará a empresa construir sua reputação sólida a longo prazo, criando vínculos importantes com as novas gerações. Segundo dados do Estudo de Governança Corporativa do ACI Institute, pela primeira vez na história 54% das principais empresas da B3 possuem pelo menos uma mulher em seus conselhos de administração, porém apenas 11% dos cargos são de mulheres. As barreiras são históricas e culturais, com preconceitos sem fundamento, por isso o avanço é muito lento. A onda ESG fez com que grandes empresas analisassem a composição de seus conselhos de administração
estabelecendo objetivos de inclusão. Posso citar alguns exemplos, como a Vale, que contratou Rachel Maia, uma mulher negra para compor seu conselho com mais 12 homens. Percebem a disparidade? São 13 pessoas no conselho de uma das maiores empresas de mineração brasileiras, e apenas uma mulher. Já o Nubank decidiu “inovar” e contratou Anitta como conselheira, provocando um debate caloroso entre os profissionais de governança corporativa. É justo concorrer com influencers e artistas? Por outro lado, temos grandes exemplos no mercado que são inspiração para todos, como Leila Loria, presidente, Iêda Novais, vice-presidente, e as conselheiras Gabriela Baumgart e Claudia Elisa Soares, todas do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), que trabalham com afinco pela causa. Outra brilhante executiva é Ana Paula Pessoa, que agora preside o conselho do Credit Suisse European Bank, além das cadeiras nos conselhos da Suzano, Cosan, News Corp e da francesa Vinci. Como toda profissão, é preciso estudo, especialização e experiência para assumir o posto, e as instituições que trabalham há anos
para capacitação e certificação de profissionais, como o IBGC, do qual faço parte, a Escola de Negócios Saint Paul e a Fundação Dom Cabral, para citar algumas, contribuem para o desempenho sustentável das organizações por meio da geração e disseminação de conhecimento das melhores práticas de governança corporativa visando um mundo de negócios melhor, ético, transparente, com equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa com propósitos inspiradores. Enfim, para conquistarmos nossa cadeira é preciso estudo, dedicação e diversidade não apenas de gênero, mas também de conhecimento, ampliando a discussão para além do balanço financeiro e passando por inovação, brand experience, marketing, comunicação, engenharia de produtos, transformação digital, jurídico, recursos humanos e outras especializações do mercado. E, então, sua cadeira estará te esperando. n Marly Parra é conselheira de administração, membro da Comissão de Ética em Governança do IBGC e do Conselho da iHUB Investimentos XP
PODER JOYCE PASCOWITCH 61