PERFIL
NAVEGAR É PRECISO Maitê Proença redescobre o amor com Adriana Calcanhotto, enfrenta a Globo na Justiça e revela as dores e alegrias de sua história no monólogo O Pior de Mim. Aos 64 anos, quer mais: está aprendendo a velejar para viajar o mundo. Plano que ela diz ser perfeitamente possível POR DOLORES OROSCO
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Mais do que ser uma mulher vítima ou privilegiada, jovem ou velha, branca, hétero, atriz ou viajante, meu dharma é acender a pequena lanterna que recebi e mostrar o que eu vejo.” A frase está no monólogo O Pior de Mim, escrito e encenado por Maitê Proença. O espetáculo é carregado de traços autobiográficos, mas é nesse trecho específico que a atriz revela muito de quem é hoje, aos 64 anos. Maitê nem sempre vê o que os outros estão vendo. E num tempo tão polarizado quanto o atual, no qual uma opinião define de que lado se está, a atriz é fiel ao que sua lanterna mostra, sem medo de ser exaltada ou cancelada. Assim é, por exemplo, quando fala sobre o namoro com a cantora Adriana Calcanhotto. “Eu queria que ela fosse homem. Para essa atividade sempre gostei mais de homem. Mas ela é uma mulher, gosto dela e aceito isso”, afirma. “Sei que as feministas e os LGBTs não vão gostar do que acabei de dizer. Mas, honestamente, é assim, entendeu? Posso experimentar algo diferente para estar com ela.” Outro momento em que Maitê não fez
18 J.P JUNHO | JULHO 2022
FOTOS JULIANA REZENDE
questão dos aplausos da maioria envolveu a colega Regina Duarte. Ao declarar apoio ao atual governo, em 2020, Regina foi duramente atacada pela classe artística, incrédula ao ver a atriz em trincheiras bolsonaristas. “Fui muito criticada por defender a Regina naquela ocasião. Continuo sem entendê-la porque esse governo se mostrou tão equivo-
“Queria que a Adriana fosse homem. Mas ela é uma mulher, gosto dela e aceito isso. Sei que as feministas e os LGBTs não vão gostar do que acabei de dizer. Mas, honestamente, é assim, entendeu?”