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Dicas do que fazer nesta temporada de frio

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ENTRE LENÇÓIS

ENTRE LENÇÓIS

A DOIS PASSOS

DO PARAÍSO

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Em tempos em que matar um leão por dia é pouco, um repórter estressado decidiu testar por uma semana o programa Estresse Controlado do Lapinha SPA – e não é que funcionou mesmo?

por fábio dutra

Desde que os psiquiatras passaram a falar inglês que as coisas andam meio difíceis para os urbanoides ultraconectados de plantão. Millennials (geração que nasceu na virada do século 20 para o 21) sofrendo de burnout (estafa cerebral severa) e fear of missing out (FOMO, na sigla em inglês, ou medo de estar perdendo algo) virou uma sentença comum de se ler no noticiário outrora escrito na língua de Camões. É tanta informação na tal da internet e tamanha é a aceleração da rotina mobile em que é possível realizar uma série de tarefas ao mesmo tempo – a geração na casa dos 20 anos atualmente é “multitask”, ou seja, faz várias coisas ao mesmo tempo – que a máquina está esquentando e chegando ao limite do processamento. O cérebro simplesmente não tem capacidade para digerir tanta coisa ao mesmo tempo. Resultado: a máquina pifa e há sofrimento psíquico decorrente. Sou uma das vítimas: eu precisava “resetar” a máquina. Ato contínuo – eureca! – lembrei do melhor lugar do mundo pra cuidar do corpo, da mente e do espírito. E me mandei pra Lapinha, claro.

Se empatia é a palavra da vez na publicidade, na vida real é a apatia que está tentando nos dominar. No Lapinha SPA (no feminino a Lapinha para os íntimos) não tem disso não: já na chegada o hóspede se sente abraçado pela equipe extremamente agradável, simpática e dedicada a cuidar de quem tá precisando mes

FOTOS DIVULGAÇÃO; FÁBIO DUTRA

Em sentido horário, um bangalô para massagens, a vista da piscina no fim do dia, o caldarium, que são bancos aquecidos para relaxar a musculatura, e as cores do céu no Paraná

mo se cuidar. Deixar-se ser cuidado está até nas instruções da chegada, para que ninguém fique sem jeito com os mimos e sorrisos com os quais será tratado pelas pessoas dali – a maioria natural da própria Lapa, cidade paranaense histórica onde fica a fazenda, com vários anos de casa e bastante satisfeitas de trabalharem por lá. De fato, a empresa de Margareth e Dieter Brepohl, fundada pela avó dele nos anos 1970, vive sua filosofia na prática: tudo é transparente, os funcionários sabem os resultados da empresa, participam da distribuição disso, são bem pagos e satisfeitos no emprego. Essa combinação de admissão das pessoas de lá com respeito com os trabalhadores gera uma excelência de serviços digna das maiores bandeiras de luxo internacionais – e sem os sorrisos protocolares e calculados dos grandes hotéis americanos, por exemplo. O ser humano como um todo, tal qual os antigos concebiam, é a linha da Lapinha. As comidas são deliciosas: é tudo ovo-lacto-vegetariano

para favorecer a desintoxicação, o que já faz com que a gente perca peso. Mesmo se buscarmos uma dieta sem grandes restrições calóricas para aproveitar melhor as maravilhas que a chef Arlete Zbonik cria com os produtos frescos e orgânicos produzidos ali mesmo. O famigerado farm-to-table (da horta para a mesa sem intermediários, em tradução livre), tão em voga atualmente, é praticado por lá com maestria já há muitos anos. Algumas massagens e hidroterapias, das mais variadas técnicas (sugiro que tente a de pedras quentes, com a competente e atenciosa Mariane), estão incluídas para quem escolhe o programa Estresse Controlado desenhado para nós, os acelerados modernos. E são mesmo milagrosas. A acupuntura, com a médica argentina Gabriela Guibaudo, é outra mágica à parte: parece que saímos reprogramados da sessão. E ser gentilmente contorcido com a thai terapêutica do Vilmar (quase 30 anos de casa e certificado lá na Tailândia, onde estudou) é um dever-ser de quem é da turma da Lapinha.

À esq., o bufê de saladas, quando é liberada, e detalhe para o nhoque de batata-doce; à dir., aulas à beira da piscina externa e a sauna seca com direito a vista

Ah, sim!, a turma da Lapinha. Por lá, fazemos as refeições todos no mesmo horário e é inevitável ficar amigo das pessoas ao redor. Nesta temporada, entre outras pessoas, conheci uma brasileira que já teve uma indústria de pães de queijo na... Califórnia, um empresário da indústria farmacêutica para... cachorros e um representante comercial de... moinhos de vento, para ficar apenas em alguns que têm profissões com as quais eu ainda não havia me deparado. Diversidade

FOTOS DIVULGAÇÃO; FÁBIO DUTRA

À esq., o pôr do sol. Abaixo, à dir., a piscina externa com raias de natação, hidromassagem e caminho contra correnteza, e a ducha Vichy, que promove a hidroterapia no corpo todo

a gente vê por aqui. Desde sempre. E quem está por lá está porque quer aproveitar o belo bosque de araucárias, curtir o pôr do sol maravilhoso à beira da piscina com vista, caminhar todas as manhãs pela região, uma das mais bonitas do país, se consultar com os melhores médicos naturalistas do Brasil, fazer tratamentos com as incríveis massoterapeutas e esteticistas, comer bem e saudável, reconectar consigo e com a natureza. E tomar chá. Muito chá. Dos mais variados tipos cultivados na fazenda da Lapinha. E uma pessoa assim não quer briga com ninguém: é dos melhores lugares pra fazer amigos. Posso dizer que voltei com tudo, renovado. E pronto pra outra – mas dessa vez dormindo, comendo e me exercitando entre um flash e outro de tantos mergulhos. A Lapinha ensina que é necessário alimentar a alma do que importa: os afetos do presente. Obrigado.

n

*O jornalista viajou a convite do Lapinha SPA

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