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hippie de Mick Jagger
DESIGN
LUXO INCLUSIVO Ex-executivo da Diesel, o holandês Wilbert Das reinventou sua carreira ao fundar o Uxua, de Trancoso, inicialmente um hotel, hoje uma usina de criação estética
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POR ALINE VESSONI
Oholandês Wilbert Das estava no auge de sua carreira como diretor criativo da grife italiana Diesel, mas ser um sobrenome do mundo da moda para ele não dizia muito. “Tinha 20 anos na Diesel e sabia que queria diminuir meu ritmo de trabalho, aquela velocidade já não fazia muito sentido para mim.” Logo depois de renovar seu contrato com a maison, deu-se férias e veio parar em Trancoso, na Bahia. Ele já tinha visitado o Brasil, conhecia Brasília, Manaus, Foz e o litoral cearense, mas não exatamente o axé. E o Quadrado estava cheio de axé. “Pensei em montar um estúdio de design e me dividir entre Trancoso e a Itália.” Veio o estúdio, depois um hotel-butique, o Uxua, e uma usina de ideias estéticas que se traduzem por uma produção de mobiliário e de acessórios como óculos e bolsas. Para tocar as empresas, Das trouxe da Diesel seu braço direito, Bob Shevlin. O Uxua ocupa 11 casas, todas elas com cozinha, suítes e jardim privativo. O “plus” é justamente o serviço de hotel, uma ideia inovadora para
Bob Shevlin e Wilbert Das, criadores dos lindos espaços do Uxua, de Trancoso, conjunto de casas com serviço de hotel de luxo
Trancoso quando de seu lançamento, que acabou “virando trend”, segundo o holandês. Celebridades mundiais, como Anderson Cooper, âncora da CNN, hoje também proprietário de uma casa na vila pensada por Das, ajudaram no boca a boca. Estrangeiros, aliás, têm feito fila: um grupo de belgas encomendou projetos para Das que já ganharam destaque na revista do jornal The New York Times. Em Trancoso, Das e Shevlin tiveram de aprender os segredos da hospitalidade de luxo. Das já havia participado da construção de um hotel em Miami, mas de
butava nesse métier. “Decidi me jogar completamente nessa nova aventura.” É o mesmo espírito do Uxua que a dupla está levando para Jalisco, no México, num projeto hoteleiro que tem a participação do ator Richard Gere. O mote é que hóspedes e locais convivam da maneira mais harmoniosa possível. “A ideia é ser inclusivo. Quase tudo no mercado de luxo é o que chamam de ‘exclusivo’, mas a coisa mais incrível que se leva de uma viagem é a experiência.” Claro está o que Das entende por experiência: o encontro harmonioso entre forasteiros e moradores. “É o conceito que nos levou a construir o hotel bem no Quadrado de Trancoso: ter a chance de falar com os vizinhos, ver as coisas que eles veem. É o que queremos no México.”
AULAS DE INGLÊS
Um dos nortes do Uxua é a sustentabilidade. Ambiental, econômica e sobretudo social. Em uma comunidade bastante desassistida como Trancoso, o Uxua cuida diligentemente de seus funcionários. Oferece aulas de inglês para todos que quiserem e banca 50% do curso superior para nove deles. Uma das metas para 2020, segundo Das, é ter 20 colaboradores na universidade. “Primeiro ponto é cuidar de nossas pessoas”, diz. Mas
Nos projetos do Uxua, a natureza se integra perfeitamente às casas; chuveiro e óculos também são assinados pela dupla de designers Das e Shevlin; abaixo, a loja onde comercializam suas peças
também é mandatório no Uxua preservar o verde, até para gerar conforto térmico. Das e sua equipe também se utilizam, sempre que possível, de materiais e móveis antigos, que restauram. Além disso, o hotel conta com aquecimento solar e o consumo
de plástico foi praticamente abolido. A hospitalidade ganhou, mas Das e Shevlin não abandonaram completamente as raízes, já que o estúdio de design, aquele do começo de tudo, segue a todo vapor, criando acessórios de muito apuro estético. n
PODER INDICA
MÚLTIPLA EXCELÊNCIA
Na sala de conferência da LOGITECH, em São Paulo, um banner com a imagem de um dos craques do e-sports divide o espaço com caixas de som bluetooth, headsets, teclados, mouses e dezenas de itens tecnológicos. Nos próximos dias o local deverá ganhar o retrato de outro pro player: Igor Fra- ga, campeão no mês passado do McLaren Shadow Project e contratado pelo time de e-sports da escuderia de Fórmula 1 para testar, em simuladores, as inovações que Carlos Sainz Jr. e Lando Norris acelerarão nas pistas. Fraga está entre os jogadores apoiadas pela Logitech, patrocinadora de 40 equi- pes de e-sports, entre elas a INTZ, a mais vencedora do Bra- sil, e a TSM, o Real Madrid dos games.
“Somos uma companhia multibrands”, explica Jairo Ro- zenblit, presidente da Logitech no Brasil. “A empresa nasceu na Suíça, em 1981, focada em acessórios de informática. Contudo, após a explosão dos tablets, surgiu uma dúvida: o que seria de uma empresa que vive em função de periféricos? Era preciso se reinventar, e foi o que fizemos rapidamente.”
Presente em mais de 100 países, a Logitech tem sob o seu guarda-chuva divisões que abrangem uma grande diversidade de periféricos pessoais (com ou sem fio), com ênfase especial em produtos para navegação virtual, jogos, comunicações pela internet, controles de música digital e entretenimento domés- tico. Entre elas estão a Astro, gigante dos games, a Ultimate Ears, marca de equipamentos de som criada pelos irmãos Van Halen, e a Jaybird, responsável pelos melhores fones de ouvi- do sem fio do planeta. E vem mais por aí. A companhia acaba de comprar a Blue, empresa de microfones, numa operação de mais de US$ 100 milhões.
“Ano passado os concorrentes deixaram de investir e nós fizemos o contrário. Na crise enxergamos oportuni- dade, lançamos novas linhas e ganhamos mercado”, conta Rozenblit, antes de destacar o crescimento no mercado de ações. “Há sete anos, quando fizemos a startup no Brasil, as ações da companhia valiam US$ 7 na Nasdaq. Hoje beiramos US$ 36 e, em 2018, chegamos a bater US$ 48.” Resultado, se- gundo o executivo, de transformação, modernização e, aci- ma de tudo, excelência de qualidade.