Revista Poder | Edição 125

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ISSN 1982-9469

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R$ 14,90

MARÇO 2019 N.125

RADICAL LIVRE

A política discreta – e non stop – do prefeito de São Paulo, BRUNO COVAS

ÁLBUM DE RETRATOS

Os ensaios mais inusitados de nossa história

REI POSTO

A reinvenção do homem do século 21

O ILUMINADO Como DANIEL ROSSI, trader do mercado de eletricidade, apostou fundo na produção da própria energia limpa – que pode vir até do lixo

E MAIS

PERFEITAMENTE ALINHADAS As top executivas que estão dando o que falar no país

Limites da internet em discussão; os cenários dramáticos de Sergipe; a importância do sono e os gadgets para conquistar saúde e beleza sem esforço


poder

ĂŠ



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SUMÁRIO EDITORIAL COLUNA DA JOYCE LIBERANDO A ENERGIA

Daniel Rossi, da Capitale, o trader de energia que agora também passou a produzi-la: e ela é limpa e sustentável 20

QUE REI SOU EU?

A nova percepção da masculinidade 32

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ENSAIO

Uma retrospectiva com os melhores cliques da seção nos 11 anos da PODER 44

RETRATOS DO SERTÃO

Encontro com a essência da brasilidade no interior do Sergipe 50 52 56 58

PODER VIAJA CONSUMO HIGH-TECH CULTURA INC.

Marco Nanini no cinema e Anna Maria Maiolino nas galerias

CLASSE EXECUTIVA

Líderes mulheres relatam as estratégias de que lançaram mão e as dificuldades que enfrentaram para chegar ao topo de carreira

PRECISAMOS FALAR SOBRE INTERNET

Conheça o InternetLab, centro de pesquisa sobre a rede e as muitas questões que ela desperta

ALMOÇO DE PODER

PODER conversou com o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, que fala sobre o avô, PSDB, parques, ciclovias e baladas 26

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62 63 64

RAZÃO E EMOÇÃO CARTAS ÚLTIMA PÁGINA

DANIEL ROSSI POR ROBERTO SETTON

NA REDE: /Poder.JoycePascowitch @revistapoder @revista_poder

FOTO JAIRO MALTA

4 8 14



PODER EDITORIAL

O

Brasil é um pouco o país do “se”. O país do condicional: se não fôssemos colonizados por Portugal, se não tivéssemos escravos até a República, se não furássemos o mar atrás de petróleo, se não escalássemos Toninho Cerezo, se não incorporássemos quinquênios na aposentadoria do funcionalismo, se o Rio não fosse capital olímpica, se Tancredo Neves saísse do hospital... quem sabe estivéssemos melhor. Talvez. É possível. Mas assim o Brasil seria mesmo o Brasil? Difícil saber. Mas tente explicar o país para um estrangeiro. Pois é: PODER chega neste março a seu 11º aniversário tentando explicar o Brasil a nós mesmos – mostrando seus protagonistas, seus malucos-beleza, seus carregadores de piano, seus pensadores, seus bons e maus selvagens. Este mês o empresário Daniel Rossi, da Capitale, exibe a nova cara do nosso empresariado: ele não quer só dinheiro, mas energia limpa. E energia é quase amor. Também está aqui o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, que herdou a cadeira de João Doria e já começa a imprimir sua marca, bem mais discreta. Aos 38 anos, ele lembra um velho político, guardando as frases de efeito e as declarações bombásticas para o momento adequado – estamos esperando, Bruno. Discutimos aqui também a masculinidade: será o século 21 o último ato da jornada do macho? Se depender da energia que emana de Brasília, não sei não... Com ou sem eles, a mulher chegou lá, e executivas como Roberta Medina, Thereza Moreno e Giovana Baggio mostram como liderar com confiança e personalidade. No mais trouxemos aqui o jovem trio do InternetLab, que quer discutir o limite – ou a falta dele – da rede no dia a dia, a tecnologia para cuidar do corpo e os cenários insólitos de Sergipe. Onze anos? Estamos apenas começando. 11.

G L A M U RA M A . C O M



PODER JOYCE PASCOWITCH

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OLHO MÁGICO

NOVO HORIZONTE

Ao menos um integrante da família de SERGIO MORO (Justiça e Segurança Pública) quer porque quer que ele seja candidato à Presidência em 2022. Sua mulher, ROSÂNGELA WOLFF MORO, é o maior cabo eleitoral dessa candidatura: ela sonha com isso, fato já notado pelos mais próximos que trabalham junto ao ministro. Mesmo em Brasília, a ideia dele concorrer à sucessão de Jair Bolsonaro circula livremente entre integrantes da equipe do presidente.

8 PODER JOYCE PASCOWITCH

PELOTÃO

GUSTAVO BEBIANNO se manteve 48 dias como ministro de BOLSONARO. Só ROMERO JUCÁ, que no governo Temer deixou o posto no Planejamento uma semana e meia depois de assumir, caiu mais rápido que o ex-fiel escudeiro do presidente. O revés indica que o ministeriado não terá vida fácil neste mandato: MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO, do Turismo, por exemplo, já é dado como certo na linha de tiro. Além dele, há quem aposte em outros três nomes para serem substituídos nos próximos capítulos: Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ricardo Vélez Rodríguez (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Quem dá mais?

FOTOS JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL; ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL; VALTER CAMPANATTO/AGÊNCIA BRASIL; REPRODUÇÃO INSTAGRAM

O fato novo que tem chamado a atenção de Brasília nos primeiros meses do governo Bolsonaro na verdade tem muito pouco de novo: RODRIGO MAIA (DEM-RJ), reeleito presidente da Câmara dos Deputados, que comandará a casa até 2021. Jovem, embora muito experiente, Maia está roubando a cena ao conduzir a negociação com o Executivo. Velhos caciques do Congresso têm se mostrado surpreendidos com sua habilidade e já preveem voos maiores para o deputado carioca.


TRAÇO FINO

MATEUS CORRADI tornou-se CEO da fábrica de móveis Florense, lugar ocu-

pado até agora por Gelson Castellan, e faz assim a estreia da terceira geração da família à frente da empresa de 65 anos. Entre os planos da nova gestão está investir na rede com lojas mais modernas – o destaque será uma unidade em São Paulo, em fase de construção, que será espécie de QG da Florense. Além disso, um aporte pesado está sendo feito nas fábricas, no setor de produção, que ganhará uma das máquinas mais tecnológicas que a empresa já comprou.

TERRA FÉRTIL

Os ventos da economia têm soprado a favor de São Paulo. A cidade subiu 36 posições no ranking Doing Business, referência na análise do ambiente de negócios das economias mundiais. O levantamento do Banco Mundial apontou o programa Empreenda Fácil como uma das razões para a mudança do 176º lugar para a 140ª posição. “Este reconhecimento confere à cidade visibilidade internacional e valoriza nossos esforços para modernizar São Paulo, atraindo capital empreendedor”, destacou Daniel Annenberg, secretário municipal de Inovação e Tecnologia.

FOTOS FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL; GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

NO PEITO

Batida perfeita

Embora menos ativo após assumir como CEO do Goldman Sachs, DAVID SOLOMON não abandonou de vez a carreira de DJ – um hobby, na realidade. D-Sol, como é conhecido na cena eletrônica, lançou no mês passado o single Feel Alive – já disponível nas plataformas digitais. Além do beat, o bacana é que Solomon doa todo o lucro obtido com esses "bicos" para entidades filantrópicas que lutam contra a popularização de drogas opioides nos Estados Unidos. Ouve lá. É boa pra pista.

O desafio está lançado: se quiser aprovar a reforma da Previdência tal qual foi apresentada ao Congresso, JAIR BOLSONARO vai precisar mostrar que é um bom articulador e comunicador, características que, sabidamente, não estão entre os seus predicados. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da casa, tem dado sinais claros de que é Bolsonaro, e ninguém mais, quem tem o papel decisivo de convencer os deputados de que o projeto é bom para o país. Para Maia, se o presidente não se mexer e partir para o corpo a corpo não haverá maioria na Câmara. PODER JOYCE PASCOWITCH 9


O que é uma mulher? Eu lhes asseguro, eu não sei. Não acredito que vocês saibam VIRGINIA WOOLF

3 PERGUNTAS PARA... CAROLINA DOSTAL, especialista em LinkedIn e marketing digital, membro do time de expansão da AgregaCo., consultora de perfil LinkedIn e conexões inteligentes para Umanas

Eu considero uma rede onde você pode provar sua autoridade profissional, ser protagonista da sua própria história profissional, um lugar perfeito para fazer networking: multiplicar sua penetração off-line no mundo on-line, aumentar sua presença, escalar sua presença, já que é impossível estar em tantos lugares ao mesmo tempo. É um ambiente ideal para você se manter atualizado em relação ao seu mercado de atuação e principalmente a assuntos ligados ao futuro do trabalho, que é algo que preocupa muito os profissionais de todas as áreas e escalões. QUAIS AS DICAS PARA UTILIZAR A FERRAMENTA PARA ALAVANCAR SEGUIDORES E GERAR ENGAJAMENTO? E VALEM TAMBÉM CONSELHOS DO QUE NÃO É BOM FAZER.

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É importante se doar para a rede com de conteúdo relevante, compartilhando novidades sobre seu mercado de trabalho e experiências profissionais inovadoras que realmente possam fazer diferença na vida profissional dos usuários da rede. A regra dos três C é muito válida: Curtir, Comentar e Compartilhar sempre pensando em contribuir para a rede, afinal, redes sociais, mesmo que profissionais, se baseiam no relacionamento entre os usuários. Seu LinkedIn deve ser vivo, ativo. Esse é o propósito! Por outro lado, não devemos colocar conteúdo que fuja de assuntos profissionais. Perfil sem foto, sem resumo, ou ter uma conta só para constar; entrar em briga e discutir na rede assuntos polêmicos; mentir sua formação acadêmica – não faça nada disso. Também é bom evitar fotos da família ou com animais de estimação – a não ser que você seja do ramo. Mas um dos piores erros é ter o perfil em duplicidade.

C-LEVEL: A FORMA COMO ESSAS PESSOAS DEVEM USAR A REDE É DIFERENTE DE UM ESTAGIÁRIO, CERTO?

Os C-level têm um papel importantíssimo na construção da cultura da empresa. O LinkedIn, por ser uma rede social profissional, acaba sendo considerado um canal perfeito para difusão da cultura organizacional por meio da voz desses líderes. O conceito utilizado nesses casos é o de “Thought Leadership” e as empresas passam a ser mais admiradas quando seus CEOs compartilham sua visão de mundo na rede. Outro ponto que confirma a importância dessa atuação é a tendência da humanização das redes sociais, já que as pessoas estão mais PENSANDO NOS(AS) GRANDES EXECU- propensas a se relacionar com pessoas TIVOS(AS) E LÍDERES DO MERCADO, NO e não empresas.

FOTOS DIVULGAÇÃO; GETTY IMAGES

O LINKEDIN, POR VEZES, É VISTO COMO UMA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE CURRÍCULO, MAS ELA É MUITO MAIS DO QUE ISSO, CONFERE?



EM MARÇO, A MULHER E O HOMEM DE PODER VÃO... não têm feito sua parte. Vamos mudar isso? ASSISTIR a O Jardim das Cerejeiras,

do Grupo Tapa. A peça do dramaturgo russo Anton Tchekhov conta as peripécias de uma família aristocrata em decadência

big band brasileira composta apenas por mulheres convida a clarinetista e saxofonista. Na Sala São Paulo

VISITAR a nova escultura de

Richard Serra, no Instituto Moreira Salles. É a primeira obra do americano aberta à visitação pública na América Latina PARTICIPAR do South by Southwest,

o famoso festival SXSW, em Austin, no Texas e descobrir as tendências em tecnologia, interatividade, economia criativa, mobilidade e outros temas com o olhar no futuro

LUTAR contra a misoginia e

todo o tipo de preconceito

ENCARAR a maratona de Fórmula 1: Dirigir para Viver, série documental de dez episódios da Netflix que cobre a temporada 2018 da categoria. A produção é de James Gay-Rees, que fez sucesso com os documentários biográficos Amy e Senna

Instagram @everydayafrica, com imagens dos melhores fotógrafos que vivem e trabalham no continente. Incrível

FAZER um detox espiritual após a folia de Carnaval VOLTAR à infância e assistir ao remake de Dumbo. Com Michael Keaton e Danny DeVito e direção de Tim Burton

ACOMPANHAR o March

Madness, as finais do basquete universitário americano, para ver o nascimento da nova estrela do esporte: Zion Williamson, ala da Universidade Duke, que tem levado Barack Obama ao delírio

ASSINAR um dos planos mensais de ajuda humanitária aos refugiados venezuelanos. A partir de R$ 35, no site do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur)

RECICLAR, de fato, o lixo

ASSISTIR à Jazzmin’s Big Band em

companhia de Anat Cohen. A primeira

doméstico. Em São Paulo, por exemplo, usinas de tratamento operam bem abaixo de suas capacidades porque os cidadãos

CORRER a Meia Maratona de Nova

York. A largada é no Prospect Park, no Brooklyn, cruzando a Manhattan Brigde. Dia 17

com reportagem de dado abreu

PODER 11 ANOS “HÁ 11 ANOS DEMONSTRANDO QUE MUITO MAIS QUE UM SUBSTANTIVO ASSOCIADO A POUCOS, PODER É SIM UM VERBO. E DEVE SER CONJUGADO EM TODAS AS PESSOAS. NO SINGULAR E NO PLURAL” Guga Ketzer, publicitário

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FOTOS GETTY IMAGES; CRISTIANO MASCARO/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

VER os cisnes, pavões e toda arte de Erika Verzutti. No Centre Pompidou, em Paris

MATRICULAR-SE num curso de filosofia ou literatura, para arejar a mente e abrir os horizontes

SEGUIR o


PODER INDICA

PEDRAS PRECIOSAS

Um das líderes nacionais de processamento de granito, a BRASIGRAN tem se destacado no mercado internacional com parcerias de sucesso ao redor do globo, desde sua fundação, em 1989. O sucesso se deve ao background da empresa fundadora, a Mineração Corcovado, que é especializada na extração de materiais exóticos exclusivos de jazidas próprias. Com o trabalho integrado das duas companhias, qualidade e rapidez são pontos-chaves da produção da Brasigran, que tem acesso a todo o fluxo da cadeia. Além disso, outro diferencial são as 40 pedreiras próprias, que abrangem uma área superior a 400 mil hectares e um parque indus-

trial de 44 mil m2 com tecnologia de ponta. Vale destacar o pioneirismo do uso da tecnologia CNC em rochas, que possibilita cortes em 3D. As apostas high-tech associadas à versatilidade das pedras propiciam a criação de materiais naturais e diversificados como bancos, mesas, vasos e painéis. E é exatamente a multifuncionalidade das pedras que o estande da Brasigran traz para a Expo Revestir 2019, em São Paulo, expondo mais de dez materiais – dentre eles, Black Salinas, Golden Fusion, Emerald Green e Moulin Rouge – em obras de arte, paredes, piso, teto e bancadas. +BRASIGRAN.COM.BR I @BRASIGRAN


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ELÉTRON

LIBERANDO A ENERGIA A reputação como trader não era suficiente, pois Daniel Rossi queria deixar um legado. Assim, decidiu que a sua Capitale, que compra e vende energia para diversas empresas do Brasil, iria passar também a gerá-la. Mas teria de ser limpa por paulo vieira fotos roberto setton

P

ropósito. Causa. Legado. Essas palavras são tão comuns no discurso de empresários e CEOs atualmente que se um sujeito desembarcasse na Terra hoje em dia para ser apresentado ao sistema capitalista, ele talvez não ficasse sabendo que o motor da engrenagem é o lucro e a distribuição de dividendos. Mas nem sempre falar de propósito ou de um certo legado para a sociedade significa servir-se hipocritamente do vocabulário corporativo da hora para tornar mais palatável à opinião pública um negócio que muitas vezes só beneficia os poquiíssimos acionistas. Porque há gente que efetivamente toca seus negócios visando deixar um impacto menos pernicioso na sociedade ou uma pegada não tão predatória no meio ambiente. O empresário paulistano Daniel Rossi, 42 anos, é uma dessas pessoas. Ele não tem qualquer problema em usar a palavra “legado” ao justificar porque deixou de atuar apenas como um trader do mercado de energia para tornar-se também gerador. Gerador, é importante ressaltar, de energia limpa – solar, hídrica e biogás –, jamais de origem fóssil, como o petróleo, o GLP ou o carvão.

Apenas comercializar energia, agindo de maneira análoga à atuação da tesouraria de um banco de investimento – gerindo risco, antecipando-se às flutuações de preço naturais do mercado, fazendo hedge –, não deixaria o tal legado, na sua opinião. E assim, a Capitale Energia, que Rossi fundou com o sócio Rafael Mathias, em 2010, incorporou, no ano passado, a startup ZEG Ambiental, que desenvolve tecnologia para soluções de geração de energia limpa. “O encontro com a ZEG fez sentido total para nosso objetivo empresarial, que é levar uma solução sustentável de energia para o consumidor trazendo um benefício para a sociedade”, disse Rossi a PODER na sede da Capitale, no 13º andar de um edifício do Itaim Bibi, em São Paulo. A Capitale fez R$ 1,7 bilhão em 2018, segundo Rossi, e o empresário projeta faturamento semelhante para a ZEG em três anos. A arma da empresa é sua expertise em desenvolver projetos para clientes que se tornam parceiros comerciais na exploração de fontes de energia limpa. Hoje o grupo possui em seus ativos usinas hidrelétricas na Bahia – sem reservatórios, o que mitiga seu custo ambiental – e desenvolve no Chile um sistema de queima de resíduos sólidos, inclusive hospitalares, a alPODER JOYCE PASCOWITCH 15


tíssimas temperaturas (processo chamado de pirólise ultrarrápida), com o fito de gerar energia elétrica ou vapor. Um contêiner compacto, que pode ser distribuído para muitos pontos diferentes do país, conterá um reator para transformar lixo em gás e, então, eletricidade. Segundo Rossi, até 97% dos resíduos sólidos de um aterro sanitário podem virar energia elétrica nessa operação – ficam de fora vidro e outros materiais que não tenham carbono em sua composição. É um projeto que resolve dois problemas com uma “caixa d’água” só: além do ganho energético, aqui subsidiário, haveria liberação de espaço nos lixões. Eis um exemplo da chamada “economia circular”, em que resíduos tornam-se insumos para novos produtos. A economia circular rege outro projeto da ZEG, este desenvolvido para uma planta industrial em Juiz de Fora (MG) da empresa Nexa, a antiga Votorantim Metais. Foi com esse projeto, aliás, que a ZEG, então uma startup fundada por André Tchernobilsky e Gabriel Hamuche, tornou-se conhecida do mercado e acabou por ser incubada e depois incorporada pela Capitale. Aqui, os resíduos industriais da exploração do

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zinco viram biomassa e então vapor, que passa a ser usado na continuidade dos processos fabris. O projeto foi criado dentro de um programa de fomento tecnológico da Nexa, o Mining Lab, em 2016, e envolvia um “take or pay” (modalidade de acordo que obriga o contratante a honrá-lo mesmo que desista do projeto) para produção inicial de 5 toneladas de vapor por hora e capacidade instalada para o dobro disso.

PANACEIA Se há tecnologia disponível para transformar amplamente resíduos em energia, é de se espantar, ou melhor, de se lastimar, que isso só seja feito em escala muito reduzida. A ambição da ZEG, contudo, não é pequena, especialmente por abarcar diversas fontes energéticas. “Temos a visão e o desejo de entrar no mercado de combustíveis deslocando o uso do diesel”, diz Rossi. Para isso, a empresa também desenvolve soluções para produção de biogás a partir de matéria orgânica oriunda da agricultura e da pecuária. Parte da energia resultante é elétrica e térmica, mas outro quinhão pode se transformar em biometano, que alimentaria


“O Brasil não precisa temer a revolução energética. Precisamos competir, se possível liderá-la”

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O carro elétrico da Jaguar da equipe brasileira patrocinada pela ZEG que compete na nova categoria do automobilismo e Cacá Bueno, um de seus pilotos

veículos movidos a diesel. Difícil discordar de que o uso de energia limpa no lugar dos combustíveis fósseis é uma panaceia para algumas das dores ambientais do mundo, e isso está bem mais perto de nós do que se supõe, mas a realidade impõe, ao menos no Brasil, obstáculos à consecução dessa substituição. Deve-se lembrar que o Brasil é o mesmíssimo país que desenvolveu o álcool combustível, fomentou seu uso em larga escala pela indústria automobilística e, mais tarde, entrou com os quatro pés no pré-sal. Rossi, de qualquer forma, acredita que a troca da matriz energética veicular é mera questão de tempo – e o Brasil deve seguir a tendência mundial pró-eletricidade. É sabido que diversos países e cidades pelo mundo já impuseram restrições à fa-

bricação e à circulação de carros movidos a combustíveis fósseis, mas o empresário acha que a troca por aqui tem de ser feita com vagar, pois não há energia que dê conta de uma entrada súbita da frota brasileira no sistema. “Seria necessário usar energia de óleo diesel e carvão”, diz Rossi. Claro que não faz qualquer sentido ligar uma usina termoelétrica, que usa carvão, uma das matrizes energéticas mais sujas que se conhece, para fazer carros elétricos andarem. Que se dê tempo ao tempo então, mas que ele também não dure uma eternidade. Apoiar e patrocinar a equipe brasileira da Jaguar I-Pace eTrophy, fórmula própria da marca Jaguar, cujas corridas acontecem antes das provas da Fórmula E, exclusiva para carros movidos a eletricidade, foi um PODER JOYCE PASCOWITCH 17


“Temos a visão e o desejo de entrar no mercado de combustível deslocando o uso do diesel”

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dos investimentos em publicidade que a ZEG achou por bem realizar (veja box abaixo). A exposição global com a categoria faz sentido quando se sabe que o processo de transformação de energia a partir de resíduos sólidos em teste no Chile tem patente própria e tende a ser exportado de lá mesmo para o mundo, aproveitando os diversos acordos comerciais multilaterais daquele país. Executivos da ZEG viajam para acompanhar o circuito mundial e procuram apresentar suas soluções de energia nas cidades que hospedam as provas.

APAGAR DA LUZ Rossi começou sua vida profissional como trainee no finado Banco Real e construiu carreira no mercado financeiro até deixá-lo no rumoroso apagar das luzes do Banco Santos – a metáfora é mais do que figura de linguagem aqui, pois ele foi requerido pelos interventores do Banco Central a permanecer na função até o fim para ajudar na liquidação. Aí decidiu levar sua expertise em finanças para a energética EDP, passagem que significou, segundo ele, um downgrade na carreira – “tive de recomeçar do zero”, dramatiza. Foram cinco anos lá até fundar a Capitale. Hoje, a intimidade com

VELOCIDADE SEM BARULHO

Não há nada mais íntimo para o fã de automobilismo do que o ronco dos motores. Por isso o campeonato de Fórmula E, que surgiu em 2014, parecia fadado ao fracasso. É que motor elétrico, o propulsor obrigatório dos 22 carros das 11 equipes que disputam o torneio, não faz barulho. A fórmula, contudo, vingou, e está em sua quinta temporada, agora com uma novidade. Dez das 13 provas da temporada 2018/2019 contam com uma bateria preliminar, a Jaguar eTrophy, disputada apenas por carros I-Pace, SUV com motorização elétrica fabricado pela mítica marca inglesa Jaguar – hoje controlada pela montadora indiana Tata Motors -- e disponível nas lojas a qualquer mortal disposto a desembolsar cerca de US$ 70 mil pelo carro. A equipe brasileira, que tem o campeão de stock car Cacá Bueno como um de seus pilotos, leva o logotipo da ZEG em espaço nobre da fuselagem. “Com o patrocínio sinalizamos que o fenômeno do carro elétrico veio para ficar e que o Brasil não precisa temer a nova revolução energética. Precisamos competir, se possível liderá-la. Temos recursos naturais e um povo que adota rapidamente as novas tecnologias”, diz Daniel Rossi, que não quis revelar o valor do contrato, cuja duração é de dois anos.

movimentações financeiras lhe permite indicar com destreza os caminhos a ser trilhados na produção de energia. “Dominamos na Capitale duas grandes forças, que são a estratégia de preço e acesso ao mercado consumidor.” Eis uma das razões para a empresa não “colocar dinheiro em projetos se há um player fazendo mais barato e com mais eficiência” do que ela. “Sempre tivemos a humildade de enxergar o tamanho do investimento que poderíamos assumir”, diz. Os projetos de “capex” (aporte de bens de capital) não tão vultosos que ele persegue são também desdobramentos de sua atuação na Capitale, cujo negócio, afinal, é gerenciar as aquisições de energia elétrica de seus clientes. Para comprar bem, ele ensina, um dos pilares é não estar muito distante de onde a energia é gerada. “Gerar energia no norte e consumir no sul tem limites.” A filosofia o levou a abdicar da produção de energia eólica, cujas plantas industriais são custosas. De qualquer forma, os investimentos em geração de energia sempre contarão com parceiros estratégicos. “Não somos nem seremos uma empresa de engenharia. Não temos necessariamente 100% dos ativos em nossos negócios.” É natural, mas não deixa de ser curioso constatar que a Capitale tenha feito seu movimento “pró-legado” após readquirir os 50% de participação acionária vendida em 2012 para o Pátria Investimentos. Quando o fundo de equity entrou no negócio, a Capitale, segundo Rossi, buscava não só “musculatura financeira”, mas um parceiro para ajudar na governança. “Eu nunca tinha sido empresário, e com tantos problemas para ser empresário no Brasil, precisava me concentrar no negócio. O sócio tinha ‘skill’ para cuidar da governança.” Quatro anos depois, nas conversas com o Pátria para recuperar os 100%, Rossi converteu-se enfim ao propósito. Aparentemente não se tratou de uma conversão ideológica, sólida, com ideias claras e distintas como no caminho do cogito cartesiano, mas se o resultado é, afinal, o que importa, tratou-se de uma conversão digna da de Paulo na estrada de Damasco. “A ficha caiu na hora em que eu percebi que não conseguia encontrar um modelo de ‘valuation’ e com ele determinar o valor da Capitale. Estava claro que éramos só um negócio de trading, em que um ano é bom, o outro não é tanto”, diz. “Vi, então, que não estávamos construindo uma empresa, mas um negócio.” n

PODER 11 ANOS “PODER É UMA REVISTA QUE TRAZ INFORMAÇÕES RELEVANTES EM TEXTOS PRECISOS. A ESCOLHA CRITERIOSA DOS ENTREVISTADOS E DOS TEMAS DAS REPORTAGENS TORNA A LEITURA DA PUBLICAÇÃO OBRIGATÓRIA PARA QUEM QUER ENTENDER OS BASTIDORES DA VIDA POLÍTICA E ECONÔMICA DO PAÍS” João Doria, governador de São Paulo

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20 PODER JOYCE PASCOWITCH


FORÇA JOVEM

BRUNO COVAS

Aos 38 anos, o prefeito mais jovem que São Paulo já teve desde a redemocratização herdou a cadeira de João Doria com estilo próprio, como faz questão de ressaltar, e discrição – malha sozinho na academia do bairro, gerencia sua conta no Instagram e acompanha o filho nos jogos do Santos. Nesta entrevista, lembrou a relação com o avô Mário Covas, analisou os desafios à porta do PSDB e provou, ainda que avesso à comparação, ter mais lábia política que seu antecessor. Em suas palavras, é um “radical de centro” POR FÁBIO DUTRA , DADO ABREU E PAULO VIEIRA

P

ersonagem do Almoço de PODER da edição (114) de aniversário de 2018, o jornalista Juca Kfouri contou na ocasião sobre as únicas brechas para interromper as reuniões fechadas da revista Playboy em seus tempos áureos, na virada dos anos 1980 para os 1990: “Mãe é mãe, filho é filho, e capa é capa!”. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, do PSDB, apesar de não ter idade nem formação para ter feito parte daquela redação estelar – ele é advogado e tem apenas 38 anos –, parece seguir a mesma cartilha: só perdeu o foco nesta entrevista quando o celular tocou e ele pediu licença para sair da mesa e atender o filho Tomás, de 13 anos. Divorciado, recém-atleta (perdeu quase 20 quilos depois de uma crise de pedra no rim que o obrigou a uma cirurgia de emergência no Marrocos), com fama de baladeiro, que não refuta – “eu sou jovem e solteiro, o fato de ser prefeito não muda isso” –, apesar de ressalvar que sai cada vez menos por conta da rotina da administração, Covas malha seis vezes por semana, religiosamente, em uma academia da rua da Consolação, nos Jardins. Sair desse roteiro, só

FOTOS PAULO FREITAS

se o filho pedir: “Ontem ele queria jantar comigo e pulei o treino para encontrá-lo depois do expediente, ali pelas 21h30”, conta, orgulhoso, durante o almoço n’A Figueira Rubaiyat, a poucos quarteirões do endereço da maromba nossa de cada dia. E faz questão de frisar, em tom jocoso, mas sério: “Já perdi amigos e já perdi minha esposa; sobrou meu filho, minha única família, então não dá para arriscar mais”. A menção ao término das reuniões da prefeitura tarde da noite parece ser a tônica. A todo tempo Covas, herdeiro da cadeira de João Doria, que saiu para disputar e ganhar o cargo de governador de São Paulo, pontua a quantidade de trabalho – e tempo – que dedica à cidade. Neto de Mário Covas (1930-2001), medalhão moral do PSDB que também passou pela prefeitura (e pelo Bandeirantes), Bruno Covas faz parte de uma geração que não usa gravata, acredita que a gestão pública e a privada são semelhantes e, por consequência, na melhora da administração pela introdução de conceitos de gestão. Meritocracia e análises de desempenho são pontos basilares para essa turma de jovens líderes “radicais de centro”, que têm Emmanuel Macron, PODER JOYCE PASCOWITCH 21


atual presidente da França, como maior expoente. Ousado, Covas aceitou, em 2016, ser vice na chapa de Doria à cadeira do Edifício Matarazzo quando ninguém acreditava no sucesso eleitoral da dupla. Doria, escolha do então governador Geraldo Alckmin contra todos os outros caciques do PSDB contemporâneos de seu avô – de Fernando Henrique Cardoso a José Serra, passando por José Aníbal, Alberto Goldman e por um dos derrotados naquelas prévias do partido, o ex-secretário municipal de Cultura e ex-subprefeito da Sé Andrea Matarazzo –, acabou indo bem longe. Elegeu-se logo no primeiro turno, façanha que Bruno Covas jura jamais ter imaginado. Assim com nunca acreditou, ele disse, que o cabeça de chapa decidisse mesmo renunciar. Em 1986, Orestes Quércia, vice de Franco Montoro no mandato anterior, elegeu-se governador de São Paulo desafiando os caciques de seu PMDB, que queriam marcar o “x” na cédula com o nome de Mário Covas. Ganhou, mas não levou: tal petulância resultou numa poderosa debandada que culminou com a fundação do PSDB, em 1988, que viria a dominar o estado – e os planos presidenciais de Quércia. A despeito de ter feito o sucessor, Luz Antônio Fleury Filho, ele nunca mais alçou grandes voos e o histórico MDB paulista foi enterrado. Questionado, Bruno Covas não acredita que o movimento de João Doria seja da mesma fornada e defende que o problema de Quércia foi outro: “Por ganhar a convenção, ele não quis dividir a executiva; fez mais de 50% dos votos e quis tomar 100% do partido. Doria é um político moderno que aceitou disputar prévias, venceu, seguiu com o apoio dos filiados e respeita a política interna mesmo após os sucessos eleitorais”, advoga, para completar que seu antecessor na prefeitura “ocupa o cargo mais importante do PSDB no país e é o presidenciável natural em 2022. É meu candidato”. A convicção lapidar quase intimidou a reportagem de seguir inquirindo-o sobre o antagonismo de gestões entre ele e Doria que tem dominado as manchetes. Só que não. AGORA É QUE SÃO ELAS Mesmo rindo das piadas sobre a privatização do Estádio do Pacaembu – “no tabuleiro de Banco Imobiliário de João Doria só tem torre empresarial” –, ele segue com o projeto de venda. “É promessa de campanha e não podemos ignorar nosso eleitor”, diz. Também pretende seguir com a reforma da previdência municipal, independentemente do resultado das tratativas nacionais. “Não dá para esperar enquanto nossas finanças sufocam”, sustenta. E ataca: “Podem fazer greve, mas não farei como o [ex-prefeito

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Fernando] Haddad, por exemplo, que enviou o projeto e retrocedeu por conta da pressão dos servidores”, garante. Age da mesma forma em relação aos viadutos das marginais Pinheiros e Tietê (a ponte do Jaguaré cedeu no fim de 2018 e a ligação à via Dutra, esta a cruzar o rio Tietê, teve que ser interditada por possibilidade de desabamento em janeiro de 2019): “Os laudos para estabelecer os responsáveis demoram. Vou esperar para saber de quem é a culpa? Tem que consertar, liberar o fluxo e, se a despesa for comprovadamente de outro, buscar ressarcimento”, insiste, sério. Outras pontes necessitam de manutenção e a projeção é que levem R$ 300 milhões do orçamento deste ano, segundo o prefeito. Neste momento, ele aproveita para argumentar mais uma vez sobre a necessidade de austeridade fiscal. Mesmo assim, concorda que São Paulo merece ser mais agradável para quem a habita. Não tem ideia de qual será seu legado aos olhos da história, mas acaba de anunciar o Parque Minhocão (um jardim suspenso sobre um trecho do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, à semelhança, em escala reduzida, do que foi feito com o High Line nova-iorquino, erigido sobre uma linha de trem desativada) e quer porque quer entregar logo o Parque Augusta (praça num terreno abandonado a cercar as ruínas de um casarão, também na região central). Os projetos remetem mais a Fernando Haddad, ex-prefeito do PT que defendia tais empreendimentos, do que a Doria, mas o atual prefeito emenda o assunto entusiasmado pararapidamente falar da privatização do Parque do Ibirapuera, “que acontecerá este ano”.


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PRIMEIRO-NETO Advogado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, turma 171 – “(risos) sacanagem ter sido aprovado exatamente no 171º ano da escola, de advogados! (mais risos): na colação de grau só tinha piada sobre isso” –, e economista pela PUC-SP, Bruno Covas não fez política estudantil: “Meu avô era governador na época, qual seria minha legitimidade?”. Mas fez sim, e muita, no PSDB, tendo disputado “sem ajuda de padrinhos” a liderança da “ala jovem” da agremiação. Na sequência, em 2004, saiu candidato a vice-prefeito de Santos, cidade da família, mas perdeu. Já em 2006 as urnas lhe sorriram, elegendo-se deputado estadual paulista com notável votação. Em 2011, foi nomeado secretário estadual de Meio Ambiente pelo recém-empossado Geraldo Alckmin, que fora vice-governador de seu avô nas priscas eras: “Por isso, não tem como eu ser contra ciclovia, mas acho bicicleta um modal que não resolve totalmente o trânsito por ser ideal para percursos curtos; e discordo da forma como as ciclovias foram feitas pelo PT, sem conectividade, até porque prejudicam, inclusive, iniciativas nesse sentido por terem envenenado a população sobre o assunto. Agora o debate sobre duas rodas virou totalmente emocional”, reage. Em 2014, foi eleito deputado federal, tendo votado a favor do impeachment de Dilma Rousseff, biensûr. Sobre a derrubada da presidente, que julga acertada, o prefeito de São Paulo discorda ter sido aquele um erro estratégico de seu partido – que sofreu grave revés, comparável ao do Partido dos Trabalhadores com seu grande líder, Luiz Inácio Lula da Silva, atrás das grades.

“Já perdi amigos e meu casamento; sobrou meu filho, minha única família, então não dá para arriscar mais”

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PODER 11 ANOS “A PODER SE FIRMOU NA SOCIEDADE COMO A MAIS IMPORTANTE DO SETOR. MATÉRIAS INTELIGENTES E LEVES, MAS FEITAS COM PROFUNDIDADE, OUSADIA, SERIEDADE E COM INCRÍVEL EXCELÊNCIA GRÁFICA. MINHA LEITURA OBRIGATÓRIA” Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), advogado criminalista

Instado a falar sobre os youtubers e influencers, digamos, efusivos na internet, e que ajudaram bastante na eleição do presidente Jair Bolsonaro, Bruno Covas explica: “O PSDB teve problemas por não conseguir comunicar suas ideias racionais de centro, ideias que entendem os problemas sociais do país, mas também a necessidade das reformas; e por ter titubeado em questões-chave como as acusações contra Aécio Neves”, reflete. Flagrado em grampo pedindo dinheiro a um empresário, Neves não foi, de imediato, afastado da presidência do partido. Ele amarra o raciocínio: “Acredito que precisávamos, de fato, da forma desses influenciadores digitais que conseguem viralizar tudo com uma linguagem direta, mas para comunicar nossa maneira propositiva, que difere em muito deles em conteúdo”. Nesse sentido, Covas tem feito escola nas redes sociais. É ele próprio quem cuida de sua página no Instagram, negando à sua equipe de comunicação inclusive a senha de acesso. “Eles morrem de medo do que eu vou postar”, diverte-se. O papo já está mais ameno e o prefeito pede delicadamente que o deixemos comer o bife ancho que decorou seu prato. Rimos todos. Um dos repórteres de PODER lembra de um amigo com problemas para conseguir os documentos necessários para manter seu bar aberto em meio aos meandros kafkianos da burocracia paulistana. Covas conta que isso acontece diariamente, em qualquer lugar, e que quem é prefeito é prefeito 24 horas: “Às vezes estou almoçando com meu filho num domingo e me interpelam sobre um buraco na rua. Só posso dizer que o problema do seu amigo é democrático, é a mesma dor de cabeça para todo mundo”, ri, para dizer em seguida que trabalha forte para reduzir essas questões crônicas do trato do cidadão com o Estado. Dessa vez sem fazer rodeios, ele apresenta, sem dar muitos detalhes, a fórmula: vem aí uma anistia para imóveis e estabelecimentos em situação irregular. Voltamos, já no cafezinho, a querer saber, afinal, qual legado ele pretende deixar. Alguém cita a característica do avô de documentar tudo, de contas domésticas a orçamentos, passando por acontecimentos e encontros, narrada em Mário Covas: um Político em Linha Reta, texto de Francisco Viana reunido no livro Políticos ao Entardecer, organizado por Ney Figueiredo. Ele se orgulha da lembrança do avô, mas diz que não documenta nada. Nem responde à pergunta. Alto e atlético, se levanta, agradece e vai embora. Como se estivesse ainda à espera da demanda da obra que vislumbra realizar. n

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“O PSDB teve problemas por não conseguir comunicar suas ideias e por ter titubeado em questões-chave como as acusações contra Aécio Neves”


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LS 500h

LUXO SUSTENTÁVEL

Uma marca construída com base em tecnologia imaginativa, design elegante, qualidade superior e desempenho emocionante. Esta é a LEXUS, companhia que se esforça para transformar o high-tech em experiências excepcionais. Mais do que fabricar veículos, a busca por criatividade e inovação (pilares da marca) tenta antecipar as necessidades do cliente e fazer com que ele, a bordo de um Lexus, sinta-se em sua própria casa. A assinatura “Experience Amazing” encoraja a ir além do mercado de veículos de luxo ao promover um estilo de vida baseado em experiências fantásticas. Como parte desse conceito a Lexus traz mais uma vez o pioneirismo ao anunciar que, a partir de 2019, seu line-up no Brasil será 100% híbrido (primeiro país do mundo a ter este portfólio), proporcionando, simultaneamente, potência silenciosa com eficiência de combustível, excelente dirigibilidade e emissões limpas. O LS 500h, referência da frota, carrega este espírito. Vanguarda da Lexus nos

quesitos mais essenciais aos consumidores de luxo – design arrojado e máximo conforto com toque de sofisticação e tecnologia – possui um motor híbrido com potência combinada de 359 cavalos. A quinta geração do sedã foi toda planejada sobre a plataforma global para carros de luxo, a GA-C (Arquitetura Global para Veículos de Luxo, em português), e ganhou um perfil mais baixo e equilibrado, consequencia de seu centro de gravidade reduzido. A Lexus está presente no Brasil desde 2012 e iniciou recentemente uma nova fase em sua trajetória no mercado nacional com ações que envolvem a expansão de sua rede de concessionárias e a introdução de novos planos de financiamento e serviços ao cliente. No portfólio comercializado por aqui estão além do LS 500h os tecnológicos NX 300h, RX 350, CT 200h e as novidades apresentadas na última edição do Salão do Automóvel de São Paulo: o ES 300h, já está disponível para venda, e o UX 250h, previsto para chegar ao mercado ainda no primeiro semestre de 2019. + LEXUS.COM.BR


DIVÃ

QUE REI SOU EU? Oprimido entre a projeção mítica do eterno herói e a perda de papel de protagonista no trabalho e em casa, o homem enfrenta a encruzilhada. Se a inversão de funções com as mulheres parece menos problema que solução para certos extratos, para outros o resultado é a reinsurgência do velho machismo. Ainda mais no Brasil, onde 52% das mulheres economicamente ativas sofrem assédio

E

POR PAULO VIEIRA

m sua única obra teatral, O Homem da Tarja Preta, de 2009, o psicanalista e escritor Contardo Calligaris coloca em cena um personagem solitário. Trata-se de um homem – ou melhor, “do” homem. Não o herói, o velho arcano masculino, o sujeito que considera a própria sobrevivência um tema menor, expondo-se assim sucessivamente ao risco. O personagem, que ao fim do monólogo se pergunta “que homem sou eu?”, está mais para o bilhão de homens que nasceram, nascem e seguem a nascer sob a sombra dessa figura arquetípica. “Ecce homo.” Eis o homem, e eis um homem dividido. Que não é, nem jamais será, um Aquiles enlouquecido a saquear Troia; e que tampouco é capaz de se livrar da projeção simbólica do herói a vergar-lhe as costas. Sua sina é fracassar na missão que lhe foi confiada desde sempre: emular os passos decididos do herói. Mas há um agravante nestas últimas décadas, já que o mundo não aceita mais tão bem a figura

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“Os homens são induzidos a pensar que são fortes, que não podem falhar, inclusive em relação à sexualidade. As famílias têm dificuldades em criar seus filhos homens para serem ternos, delicados” MALVINA MUSZKAT, PSICANALISTA

com o desejo. Mas não é assim com muitos homens, e não é preciso nem da psicanálise para constatar que não se relacionar com o desejo é um passo para a violência.”

ONE BILLION

É certamente difícil para um millennial, quanto mais para alguém da geração Z, não ver exagero na recriação do ambiente corporativo dos anos 1960 e 1970

PODER 11 ANOS “HÁ 11 ANOS ACOMPANHO A PODER POR TRAZER EM SUAS PÁGINAS CONTEÚDO RELEVANTE, COM UM OLHAR SEMPRE ORIGINAL E INOVADOR” Christian Gebara, presidente da Vivo

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do Homem com H maiúsculo que até outro dia nos era familiar: o pai provedor da casa, o chefe, o líder inconteste. Homens dividindo as tarefas domésticas com as mulheres, ou assumindo papéis outrora femininos, algo hoje comum em certos extratos, ainda causam estranhamento no Brasil. Se no Japão e na Coreia do Sul a licença-paternidade se estende por até 52 semanas, no Brasil, que concede cinco dias (em casos especiais, 20), a conversa é mais embaixo, e qualquer avanço nesse campo parece virar uma indesejável “questão de gênero” – vide o menino veste azul/menina veste rosa da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em pleno 2019. “Homens com menos capital intelectual são tradicionalmente mais machistas. Se esse homem não consegue se afirmar dentro da sociedade, tem dificuldade para ter uma relação mais igualitária em casa”, diz a psicanalista Malvina Muszkat, especialista em mediação familiar e autora do livro O Homem Subjugado - O Dilema das Masculinidades no Mundo Contemporâneo (Ed. Summus), que em sua atividade clínica já atendeu muitas mulheres vítimas de violência. “Mas quando adquirem essa capital intelectual, tornam-se mais dispostos a compartilhar a vida doméstica”. Malvina também acredita que “os homens são induzidos a pensar que são fortes, que não podem falhar, inclusive em relação à sexualidade”. “As famílias têm dificuldades em criar seus filhos homens para serem ternos, delicados”, completa. Embora de maneira geral ainda sustente os pressupostos do que dramatizou em 2009, Contardo Calligaris atualizou bastante sua posição sobre a “jornada do homem” nestes anos. Hoje ele não tem dúvidas em afirmar que a sociedade ocidental, “desde o mito de Pandora até agora” é fundada na misoginia. “O personagem da minha peça ainda consegue se relacionar


em uma produção recente como, por exemplo, Mad Men. Não apenas pelo consumo irrestrito de álcool e cigarro, quase uma idiossincrasia cenográfica de tão ululante nos episódios, mas pela relação de dominação sexual explícita – às mulheres cabia apenas o papel de secretária e/ou amante. Ainda que fosse direito legal do homem em algumas sociedades matar caso tivesse sido traído pela esposa, o enredo de Mad Men soa hoje datado demais. Parece muito mais verossímil que um chefe mafioso assassino aplaque seus dilemas de consciência no divã, como faz Tony Soprano na série Família Soprano. Sem embargo, o glamour servil das agências de publicidade da avenida Madison nova-iorquina de Mad Men é, à luz de alguns dados, bastante pertinente. O Ministério Público do Trabalho do Brasil estima que 52% das mulheres economicamente ativas do país já foram vítimas de assédio sexual; em linha com isso, uma em cada três mulheres no mundo, segundo a campanha mundial One Billion Rising, foi ou será vítima de violência durante sua vida. É claro que muitos progressos houve, já que os espaços de liderança nos negócios e na vida pública que a mulher galgou eram claramente impensáveis décadas atrás. Mas a discrepância que existia e ainda existe seguem a justificar as ações afirmativas que visam diminuir o gap entre homens e mulheres em cargos de comando. Luiza Trajano, controladora do Magazine Luiza e ativista desse tema, estima que haja apenas 7% de mulheres nos conselhos de empresas com ações na bolsa, consideradas aí as herdeiras desses negócios. Ela já disse que, apenas por “meritocracia” seriam precisos 110 anos para equilibrar a balança. Não que essas ações estejam livres de dis-

torções – e extorsões. A julgar por uma série de reportagens do jornal Folha de S.Paulo, que ensejou a abertura de inquéritos pela Polícia Federal, a cota mínima obrigatória de 30% de candidatas mulheres a cargos eletivos parece ter sido a ferramenta preferencial para distribuição fraudulenta de dinheiro público para dirigentes – homens – do PSL. Um deles pode estar no ministério de Bolsonaro. Com o atual presidente da República, aliás, que praguejou em seu discurso de posse contra os grilhões do “politicamente correto”, o papel da primeira-dama parece voltar a ser bastante secundário, na linha do “recatada e do lar” que caracterizou a mulher de Michel Temer, Marcela Temer. Depois de fulgurar na cerimônia de posse do marido atuando como intérprete para surdos do que ali foi dito, Michelle Bolsonaro imergiu. Pode ser que o naufrágio econômico da gestão Dilma Rousseff, primeira presidente mulher do Brasil, tenha ajudado a rebaixar as expectativas em relação à presença feminina na política. Hoje, dentre os 27 governadores, há apenas uma mulher, Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do Norte. Trata-se de um downgrade em relação a 2006, quando foram eleitas Yeda Crusius (PSDB), no Rio Grande do Sul, Ana Júlia (PT), no Pará, e Wilma de Faria (PSB), no Rio Grande do Norte. Sabe-se que determinar o sexo dos anjos é uma questão proverbialmente insolúvel, mas intuir que é muito homem o Deus “acima de todos” do lema de campanha de Bolsonaro – e quem sabe o fundamento primeiro de uma futura teocracia à brasileira – é pertinente no atual estado de coisas. Que Ele, ou melhor, Elx, seja Elx quem for, nos tenha em boa conta. n

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ESPELHO

EMPODERAR É ECONOMIZAR Nos últimos 15 anos, o número de famílias chefiadas por mulheres mais que dobrou com o crescimento de 105% e já corresponde a 40% das residências do país. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e ratificam a iniciativa da jornalista especializada em economia CAROLINA SANDLER, criadora do site Finanças Femininas, autora do livro Detox das Compras (Saraiva, 2017) e coautora de Finanças Femininas – Como Organizar Suas Contas, Aprender a Investir e Realizar Seus Sonhos (Saraiva, 2015). Em 2012, ao ver o crescimento abrupto dos blogs de moda, Carol decidiu criar um site – que hoje tem vida também no YouTube e nas redes sociais – para empodeirar mulheres por meio da educação financeira. “A primeira fonte de informação das mulheres é a internet, mas o conteúdo disponível era 100% voltado para homens”, revela Carol. “A segunda é o gerente do banco, que muitas vezes é homem, com metas a bater e pronto para indicar plano de previdência para senhoras de 60 anos.” Veio então a ideia de fornecer ferramentas para que as mulheres pudessem tomar decisões financeiras apropriadas e bancar, de fato, sua vida. Hoje, o Finanças Femininas dialoga com 500 mil mulheres por mês e já impactou a vida de 20 milhões delas. Homens também contam na audiência da casa em busca da linguagem sem jargões econômicos e distante do noticiário yuppie do mercado.

“O empoderamento é essencial para o país e vai além do feminismo. A luta por direitos iguais beneficiará também os homens, inclusive economicamente, porque eles entenderão que o peso de ser o provedor não é apenas deles”, conta Carol, ressaltando que uma estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que se mulheres e homens tivessem o mesmo salário e igual papel no mercado de trabalho o PIB mundial cresceria 26%. Uma equação eficiente, segundo

a jornalista, corresponde à regrinha dos 50/30/20. Em suma: 50% do seu salário deve ser o suficiente para pagar os custos fixos, “gastos com moradia, alimentação, transporte, todas as despesas necessárias para você viver”; 30% é reservado para lazer e supérfluos, “a parte do orçamento destinada a pagar pelos seus prazeres”; e 20% fica para o futuro, “a fração que você deveria poupar”. Mas se a conta não fechar, Carol sugere: “Comece poupando 3%. Ter a consistência no guardar é a chave para mudar o comportamento”. n

por dado abreu foto bruna guerra 30 PODER JOYCE PASCOWITCH


PODER INDICA

Luiz Américo Camargo

FOTOS BRUNA GUERRA; FELIPE LUCENA/DIVULGAÇÃO

AVENTURA DOS SABORES

São Paulo tem o privilégio de ser umas das 19 cidades do mundo a receber o Taste Festivals, o maior evento de restaurantes do planeta. O Taste surgiu há 16 anos em Londres, quando apaixonados por comer e beber bem puderam desfrutar de uma experiência diferente. Realizado sempre em um espaço inusitado ao ar livre, o Taste Festivals nasceu para proporcionar um encontro do público com chefs renomados, deliciosos pratos, aulas exclusivas e muita diversão. Agora, a caminho da quarta edição do Taste of São Paulo, em agosto, a capital paulista também faz parte de outro distinto clube, o das metrópoles que realizam o Taste Tuesdays. Trata-se de um jantar mensal, às terças, sempre em um restaurante diferente, aproximando cozinheiros, profissionais de bebidas e, claro, os comensais. O Taste Tuesdays já acontece em Londres, Paris, Hong Kong e Sydney. A versão paulistana contempla os orientais modernos, os gastrobares, o fine dining ao estilo italiano, a diversidade regional da culinária brasileira. O evento expressará o melhor da nossa cena tão diversa, em uma experiência para poucos, até 30 pessoas, com uma atmosfera sempre exclusiva. E harmonizando entrada, prato e sobremesa, com menu criado sob medida. O primeiro

Taste Tuesdays aconteceu no Nit, o novíssimo bar do chef Oscar Bosch. Os próximos estão marcados para o Neto (12/3), Engenho Mocotó (9/4), Komah (7/5), Vista (4/6) e Ristorantino (2/7). Chefs, restaurateurs e especialistas em drinques, vinhos e cafés serão os anfitriões dessas aventuras gastronômicas, que prometem ser inesquecíveis. “Preparamos um circuito de estabelecimentos dentro da mesma proposta do Taste of São Paulo, com uma escolha cuidadosa, um calendário definido, destacando um restaurante e pratos exclusivos, desenvolvidos especialmente para aquela noite”, diz o curador Luiz Américo Camargo. A quarta edição do Taste of São Paulo está confirmada no Clube Hípico de Santo Amaro. A realização é da IMM, empresa brasileira que atua nas áreas de esporte, entretenimento e venda de ingressos. É um evento dos sonhos: a melhor comida, no mesmo lugar, ao mesmo tempo. Já participaram nomes como A Casa do Porco, Arturito, Fasano, Mocotó, Maní, Sal, Adega Santiago, Tuju e vários outros. Então, os comilões,que mal podem esperar até agosto, agora já sabem: basta aproveitar mensalmente o novo Taste Tuesdays.

INGRESSOS E MAIS INFORMAÇÕES EM TUDUS.COM.BR.


PÓDIO

CLASSE EXECUTIVA Três líderes mulheres relatam as estratégias de que lançaram mão e as dificuldades que tiveram de enfrentar para chegar ao topo de carreira POR ALINE VESSONI E DADO ABREU

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FOTO DIVULGAÇÃO

ROBERTA MEDINA, ROCK IN RIO Por um mundo melhor. O lema do Rock in Rio, o maior festival musical do planeta, com 18 edições realizadas, é a máxima aplicada pela sua vice-presidente executiva, Roberta Medina, à frente dos negócios do grupo em Portugal. “Entendo que todos nós somos um corpo único e dependemos um do outro. Eu depen-

do que você esteja bem para que eu esteja bem e nós dois precisamos da natureza em harmonia. Se juntos nos combinarmos, nos sintonizarmos, com certeza teremos uma mudança para um lugar melhor.” A visão de um organismo interdependente explica os 15 anos de sucesso da marca em Portugal, a se-

rem completados em maio próximo, meses antes do Rio de Janeiro sediar mais uma edição da festa na Cidade do Rock. Espanha e Estados Unidos foram outros países onde o festival também fincou bandeira, embora Roberta Medina faça questão de frisar que o Rock in Rio não é de levantar bandeiras. “Porque não há uma mais importante do que a outra”, conta. E por outra simples razão: público e artistas manifestam-se livremente e os temas latentes da sociedade são, naturalmente, apresentados em alto e bom som. Como fez a cantora Karol Conka, em 2017: “A gente está aqui para representar a diversidade. O amor é a única e verdadeira cura para uma das doenças mais graves da humanidade, que é a homofobia. Então, meus queridos, f... eles”, bradou a estrela pop. Eles, a quem se refere a cantora do hit “Tombei”, poderia ser entendido por showbiz, mercado que mesmo culturalmente dotado possui pouquíssimas mulheres em cargos de liderança. Elas estão no palco, estão com o microfone na mão, mas longe das cadeiras de decisão. “No Rock in Rio nossa referência é o mérito e temos mulheres em todos os postos”, conta Roberta. “Não trabalhamos a igualdade de gênero apenas pela igualdade de gênero. Levamos em conta a questão do mérito e sem jamais ceder a qualquer tipo de preconceito em nossos olhares.” Um ativo importante para reverter tal quadro, acredita a vice-presidente executiva do Rock in Rio, está no poder de transformação da música. “Uma pesquisa recente mostrou que 94% da geração Z tem a música como parte importante de sua vida. Outros 45% afirmaram que seu artista favorito influencia o seu estilo de vida. Ou seja, é uma arma muito poderosa de transformação.” PODER JOYCE PASCOWITCH 33


Poucos dias antes de conversar com PODER, a engenheira florestal Giovana Baggio esteve no Mato Grosso para acompanhar um dos projetos de agricultura sustentável de que é responsável. Depois, ela voltaria para o home office, em Curitiba. Como gerente da The Nature Conservancy Brasil, Giovana comanda uma equipe de 18 pessoas na Bahia, no Mato Grosso e no Pará. “O objetivo da TNC é encontrar o caminho do meio, que congregue a conservação da natureza com as necessidades da humanidade. Meu papel como gerente de estratégia de agricultura sustentável é achar soluções para que os

produtores rurais sigam a legislação vigente. Hoje, falamos de uma agricultura resiliente, a ideia de produzir 30, 40 anos sem acabar com os recursos naturais da terra”, explica. Com apenas 12 anos, Giovana decidiu que seria engenheira florestal. “Desde criança minha preocupação maior era com a destruição do planeta.” Parece estranho para quem cresceu numa capital como Curitiba, mas a sua Curitiba era tranquila, uma casa afastada da muvuca com quintal enorme, onde viu frutificar mais de 80 macieiras. O escotismo e a experiência do pai, engenheiro agrônomo, também tiveram importância no fu-

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GIOVANA BAGGIO, TNC

turo de Giovana. O mercado mudou um bocado de 20 anos para cá, e o número de mulheres aumentou consideravelmente na área de conservação florestal. Mas ainda há perrengues. “No começo, até você ganhar confiança, por falta de hábito daquela equipe em trabalhar com mulheres, principalmente em cargos de liderança, você tem de provar mais do que qualquer homem”, conta. O diálogo, contudo, trava na hora de conversar com os produtores rurais, reduto eminentemente masculino. “Você tem que adaptar a linguagem e se impor para sua opinião ser respeitada. Ainda existe muito machismo nessa área.” Não é à toa que a engenheira gosta tanto do projeto Cacau Floresta, que, além de combater o desmatamento na Amazônia, empodera mulheres. “As agroflorestas são soluções inovadoras. Ali são misturadas espécies locais como banana, mandioca e cacau para recuperar áreas degradadas. Em três anos, a área já produz”, sentencia. “Percebemos que muitas mulheres produtoras rurais se interessavam por isso, então a gente se aproximou dessa liderança feminina, isso fortalece o empoderamento feminino.”

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THEREZA MORENO, PRUDENTIAL

Quem olha para Thereza Moreno hoje, uma matemática simpática que não se nega a explicar as funções de atuária, sua especialidade, nem imagina os desafios que teve de superar para chegar ao cargo de CEO da Prudential do Brasil, maior seguradora independente do país no ramo de vida. Oriunda da classe média carioca, Thereza estudou toda sua vida em escolas públicas. Por estar entre as melhores alunas da educação básica da zona sul do Rio de Janeiro, foi convidada a ingressar no ensino fundamental no Colégio Pedro II – um dos mais tradicionais da cidade. Depois resolveu cursar matemática, sua matéria preferida na escola, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Quando entrei na faculdade, tinha muito mais homem que mulher. A matemática, as ciências exatas, de maneira geral, são um campo bem masculino.” Thereza acredita que embora tenha encontrado mulheres geniais

em seu campo de atuação, o mercado de trabalho fecha algumas portas para elas. “Toda vez que eu assumia uma área nova, gerenciando algo que não era minha expertise, era questionada: ‘Será que você vai dar conta?’.” Ao longo da carreira, Thereza conta que já ouviu diversas vezes em reuniões coisas como ‘você é a única mulher aqui, então finja que é homem’. “Fazia diferente. Sempre reforçava que era mulher e que estava ali porque era uma exigência da minha carreira.” Alguns desafios foram identifica-

dos por Thereza como preconceito de gênero e de raça. “Passei por discriminações desse tipo, de viés inconsciente, de que se fala muito atualmente. Escutava, respirava fundo e focava no trabalho. O preconceito existe e eu, além de ser mulher, sou negra e senti o preconceito nessas duas pontas, sem dúvida, mas eu tentava olhar para o lado positivo. Fiz isso minha vida toda e adquiri mais conhecimento, que é a grande chave para enfrentar a discriminação.” Tamanha lucidez teve, no mínimo, dois desdobramentos favoráveis, o primeiro para ela mesma. Quando o ex-CEO Marcelo Mancini anunciou, em setembro de 2018, sua aposentadoria, a matriz da Prudential, que fica nos Estados Unidos, não titubeou em fazê-la CEO interina. Há cinco meses, Thereza se desdobra nessa função e na que já ocupava anteriormente, a de vice-presidente de finanças. Ela aceitou, com a condição de poder exercer uma gestão participativa. “É positivo, nossos colaboradores perceberam essa diferença. Estou sendo transparente em cada movimento, isso fez toda a diferença.” O segundo desdobramento é para o coletivo, da reflexão sobre a construção das carreiras femininas. Motivada por um evento que aconteceu na sede da Prudential, nos Estados Unidos, surgiu um comitê de diversidade, do qual ela ainda participa. Nessa situação de ganha-ganha, CEO e funcionários saem todos fortalecidos. n

ONZE MULHERES E UM SEGREDO DENISE SANTOS: CEO da BP – Beneficência Portuguesa RACHEL MAIA: CEO da Lacoste ANDREA ALVARES: vice-presidente de marketing da Natura FERNANDA BARROSO: diretora-geral da Kroll no Brasil DENISE AGUIAR: presidente da Fundação Bradesco

ANA THERESA BORSARI: diretora-geral no Brasil de Peugeot, Citroën e DS MARÍLIA ROCCA: CEO da Hinode MARCELLA KANNER: head de marketing da Riachuelo NADIR MORENO: presidente da UPS Brasil JANETE VAZ: presidente do conselho do Laboratório Sabin CRISTINA PALMAKA: CEO da SAP no Brasil

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ENSAIO

DIGA

XIS! DE RINCON SAPIÊNCIA A TIAGO LEIFERT, DE DUNGA A RENATO ARAGÃO, DE CAIO BLAT A KONDZILLA, SÃO QUASE 100 OS ARTISTAS, ESPORTISTAS, POLÍTICOS E VISIONÁRIOS QUE PASSARAM PELO ENSAIO DE PODER. REVEJA ALGUNS QUE LACRARAM NESTES 11 ANOS


RINCON SAPIÊNCIA

FOTO Pedro Dimitrow STYLING Cuca Ellias EDIÇÃO#115 | abril 2018


DJ ALOK FOTO Pedro Dimitrow STYLING Cuca Ellias EDIÇÃO#117 | junho 2018

TIAGO LEIFERT FOTO Maurício Nahas STYLING Cuca Ellias EDIÇÃO#91 | fevereiro 2016


“ENVELHECER É ABRIR MÃO DA PERFORMANCE, DA VIRILIDADE. ISSO DÁ LUGAR À SABEDORIA, QUE É MAIS IMPORTANTE” FOTO Pedro Dimitrow STYLING Cuca Ellias EDIÇÃO#112 | dez. 2017-jan. 2018

PODER 11 ANOS “O MAIOR ENSINAMENTO DA PODER, AO LONGO DESSES 11 ANOS, TEM SIDO NOS MOSTRAR QUE OS PODEROSOS, DE FATO, SÃO PESSOAS QUE DERAM DURO, JAMAIS DESISTIRAM E SEMPRE TIVERAM UM PROPÓSITO CLARO DE TRANSFORMAR O MUNDO PRA MELHOR. ESSE É O PODER VERDADEIRO!” Ronaldo Pereira, presidente da Óticas Carol

CARLOS BURLE


LILIA CABRAL

FOTO Maurício Nahas STYLING Luna Nigro EDIÇÃO#106 | junho 2017

“AO PROJETAR A VITÓRIA FICA MAIS FÁCIL VENCER” KONDZILLA

FOTO Maurício Nahas STYLING Cuca Ellias EDIÇÃO#110 | outubro 2017


MIGUEL FALABELLA

FOTO Maurício Nahas STYLING Juliano Pessoa e Zuel Ferreira EDIÇÃO#103 | março 2017


VIAGEM

RETRATOS DO SERTÃO O menor estado do Brasil esconde riquezas dignas de cinema. PODER percorreu o interior de Sergipe, território que revela a essência do que é ser brasileiro fotos jairo malta

44 PODER JOYCE PASCOWITCH


O vendedor de legumes no mercado municipal de São Cristóvão, a 26 km de Aracaju

A vida passa lentamente em Romão, distrito da pequena Boquim, no leste sergipano; na pág. oposta, flagrante da cidade de Lagarto

PODER JOYCE PASCOWITCH 45


A vida passa lentamente em RomĂŁo, distrito da pequena Boquim, no leste sergipano


PODER 11 ANOS “PARABÉNS A PODER E A JOYCE, UMA DAS JORNALISTAS MAIS RESPEITADAS DO PAÍS, PELO CONTEÚDO SEMPRE RELEVANTE, DE FORMA LEVE E AUDACIOSA. QUE VENHAM MUITOS OUTROS ANOS PARA CELEBRARMOS. SAÚDE!” Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa

Cenas sergipanas: o açougueiro na feira de Boquim e, no sentido horário, Teófilo, dono do bar que leva seu nome, aqui não muito à vontade com o fotógrafo; Batatinha, roceiro do bem de Romão; e uma estradinha rural da região PODER JOYCE PASCOWITCH 47


PODER INDICA


BONS PRESSÁGIOS O ano de 2019 mal começou, mas CHARLÔ WHATELY e

FOTOS JOÃO LEOCI;HELSON GOMES/DIVULGAÇÃO

FELIPE SIGRIST só têm motivos para comemorar, afinal

os negócios da dupla estão a todo vapor, mais precisamente 30% acima do planejado. A crise passa longe do grupo que engloba a Casa e o Buffet Charlô e os restaurantes Cha Cha. Prestes a completar 31 anos, a marca Charlô ocupa lugar de prestígio no cenário da gastronomia paulistana. A Casa Charlô, que está localizada no coração do Itaim Bibi há três anos, tem inúmeras histórias de sucesso para contar: da emoção que envolve festas de casamento ao orgulho de ser o palco de grandes prêmios de multinacionais. Um lugar idealizado com o propósito de realizar sonhos, para encantar os clientes e superar suas expectativas. “Amo ouvir os noivos e conhecer suas histórias e, a partir daí, me inspiro buscando ingredientes que os descrevam”, conta Charlô, que é quem assina os cardápios superexclusivos, enquanto Sigrist administra e planeja novos negócios. Nos eventos corporativos, o renomado chef revela que a ideia é surpreender cada cliente. E como ele faz isso? Com menus assertivos e sofisticados. Não à toa, 2019 chega com outro case de sucesso para o grupo, que já conta com 45% de ocupação para festividades empresariais. “[O crescimento] está diretamente ligado ao trabalho comprometido que desenvolvemos ao longo de 2018, com a reestruturação da marca, apostando forte nas vendas e na aproximação com o cliente. Em 2016, por exemplo, quando todo mundo diminuía custos, nós fizemos exatamente o contrário e viemos para [a nova] Casa Charlô. Achamos que era uma ótima oportunidade. E era”, explica Sigrist sobre o retorno dos investimentos. Para além dos eventos, também é possível experimentar toda a expertise de Charlô na cozinha, nos dois restaurantes da marca, um deles localizado no Itaim e o outro nos Jardins, para atender executivos e amantes da alta gastronomia. Há três décadas tendo como norteador de seu trabalho a experiência do cliente, o resultado não poderia ser diferente de um crescimento acelerado, capaz de fidelizar habitués notórios e conquistar clientes novos todos os dias, que se encantam com a modernidade e a inovação dos serviços, dos espaços e da gastronomia. +CASACHARLO.COM.BR / BUFFETCHARLO.COM.BR / CHACHARESTAURANTE.COM.BR


PODER VIAJA POR ADRIANA NAZARIAN

JARDIM SECRETO

Se desbravar Kyoto já é uma viagem dos sonhos, imagine fazê-lo tendo como base um resort Aman. Pois saiba que, em novembro, o grupo desembarca no destino. E, como é praxe nos hotéis da rede, a localização tem de ser especial: um suntuoso jardim escondido perto do templo de Kinkaku-ji aos pés da montanha de Hidari Daimonji. Detalhe: o local pertencia a um dos maiores colecionadores de obi, aquela faixa dos quimonos, e ele planejava fundar ali um museu de tecidos para abrigar seu acervo. Com 24 quartos espalhados por pavilhões, o projeto propõe uma releitura dos ryokans (hospedaria típica do Japão), daí os tatames no chão, as alcovas embutidas e os ofurôs feitos de madeira local. Há ainda restaurante de alta cozinha japonesa, chá da tarde no meio do verde e spa com tratamentos à base de chá verde, feijão-preto, saquê e outros achados da região. +AMANRESORTS.COM

CASULO

Boa notícia para quem não abre mão do burburinho de Mykonos, mas gosta de ter momentos relax mesmo no auge do verão europeu. O Belvedere, um dos hotéis mais disputados – e bem localizados – do destino, acaba de inaugurar um anexo com suítes no melhor esquema residencial. No alto de um morro e com vistas surreais para a cidadezinha e o Mar Egeu, o Hilltop Complex Room & Suites inclui quartos com piscina, jacuzzi e até minicozinha. O melhor? A novidade está a apenas 250 metros do hotel e sua famosa piscina, além do spa Six Senses e do restaurante Nobu. Os hóspedes, claro, ficam livres para circular entre as duas propriedades. +BELVEDEREHOTEL.COM

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PRIMEIRO PRATO

Apesar de estar a poucos passos da Piazza Navona, o Liòn é um segredo bem guardado de Roma. No térreo de um prédio histórico, o restaurante faz parte de um projeto de revitalização da região. Ao melhor estilo do drama italiano, o décor impressiona: pense em tapetes coloridos, colunas de azulejo, sofá turquesa e discos de metal suspensos. Sob comando de Luca Ludovici, a cozinha funciona como um bistrô italiano, mas com pitadas contemporâneas e ingredientes orgânicos. +LIONROMA.IT

SANTUÁRIO ALPINO

Uma spa nórdico aos pés das Montanhas Rochosas do Canadá: é essa a proposta do novo Kananaskis. Batizado de santuário alpino, o local segue tradições milenares dos ciclos de hidroterapia. A dica é cumprir o circuito de piscinas com diferentes temperaturas – quantas vezes desejar –, seguido de alguns minutos de descanso. Os benefícios são inúmeros: elimina toxinas, reduz o estresse, alivia a musculatura e proporciona bem-estar total – quem já fez sabe que, realizada a experiência, não há noite de sono melhor. Para coroar, há salas de massagem com vista panorâmica para a região. +KNORDICSPA.COM

ESTELA FARINA, diretora-geral da Oceania Cruises para o Brasil

FOTOS DIVULGAÇÃO

“Barcelona é um dos principais portos do Mediterrâneo. É um destino que se renova o tempo todo e por isso sempre vale a pena voltar para lá. Recomendo uma visita ao museu Picasso, terminando com um delicioso café. Em seguida, um fim de tarde no bar de tapas do chef Ferran Adriá, o Tickets Bar, em Sant Antoni, e um jantar no restaurante Botafumeiro, com os mais frescos e saborosos peixes da região.

PODER 11 ANOS “PARABÉNS PELA DEDICAÇÃO, FOCO, ÉTICA E SERIEDADE: PODER É TUDO ISSO. VIDA LONGA!” Rui Costa, governador da Bahia

NOVOS ARES

Boa notícia para os viajantes exóticos que planejam um pulinho na Armênia. A capital Yerevan ganhou há pouco seu primeiro hotel de luxo. Parte do grupo Marriott, o The Alexander fica no centro histórico, a poucos passos dos principais pontos turísticos do destino. Tem spa comandado pela marca francesa Anne Semonin, pâtisserie, restaurante francês com adega caprichada e outro da deliciosa cozinha local. E por falar em gastronomia, vale lembrar que Yerevan tem ganhado opções cada vez mais modernas e sofisticadas. É o caso do Sherep, que prepara o pão local e outras delícias em sua cozinha aberta. +MARRIOTT.COM

PODER JOYCE PASCOWITCH 51


CIBERESPAÇO

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PRECISAMOS FALAR SOBRE INTERNET

Centro independente de pesquisa com financiamento misto e organização interna sofisticada, o InternetLab produz diagnósticos que envolvem direito e tecnologia e abre diálogo com os diferentes setores impactados pela rede – ou seja, todo mundo texto e fotos victor santos

O

vazamento de documentos sigilosos em 2013 pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden expôs a vulnerabilidade de usuários da rede e programas de vigilância em massa dos Estados Unidos que, por meio de servidores de empresas multinacionais, espionavam sua população e o governo de outros países, inclusive o Brasil. Por aqui, o debate ganhou espaço assim como a conectividade entre mídia e relações sociais. Em 2014, o número de usuários de internet passou da metade da população nacional e o país foi palco da aprovação de uma lei de vanguarda, o Marco Civil da Internet. A cidade de São Paulo ainda sediou a conferência NETmundial – Encontro Multissetorial Global Sobre o Futuro da Governança da Internet com entidades internacionais e diferentes setores envolvidos com o tema. Foi nesse contexto que três colegas da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Dennys Antonialli, 32 anos, Francisco Brito Cruz, 29, e Mariana Valente, 32, se uniram para fundar o InternetLab em 2014. Trata-se de um centro de pesquisa sem fins lucrativos, focado em análises e diagnósticos de questões ligadas a direito, tecnologia e políticas públicas, com o objetivo de fazer a interlocução entre a sociedade e os atores envolvidos.

A entidade se espelhou na experiência do Alexander von Humboldt Institute for Internet and Society onde Antonialli trabalhou em Berlim e conheceu o funcionamento de um centro independente e financiado pelo Google. A organização foi montada fora da estrutura acadêmica e conseguiu seu primeiro investimento com o próprio Google, o que garantiu o funcionamento do InternetLab por um ano. O segundo aporte veio da Ford Foundation. “Havia necessidade de mostrar que estávamos comprometidos em contribuir com o debate, e fazêlo de um jeito novo e sofisticado”, afirma Dennys. No intuito de preservar a independência, articulou-se uma estrutura de financiamento misto. Atualmente, a distribuição é de 58% de fundações e organizações do terceiro setor internacional, 40% do setor privado, 1% de fundações e organizações do terceiro setor nacional e 1% restante de pessoas físicas. A metodologia foi construída em paralelo a estruturas de governanças que são de enorme importância para os investidores estrangeiros que buscam iniciativas duradouras. Organizado como associação, o InternetLab tem estatuto, uma diretoria formada pelos três fundadores, conselho consultivo e fiscal, coordenadores de pesquisa, pesquisadores e estagiários.

PODER 11 ANOS “ME SINTO HONRADO EM FAZER PARTE DA HISTÓRIA DE SUCESSO DESTA REVISTA” Roberto Kalil Filho, médico cardiologista


ILUSTRAÇÕES GETTY IMAGES

Mariana Valente, Dennys Antoniall e Francisco Brito Cruz, do InternetLab, o trio que quer “descriptografar” o Marco Civil da Internet

A legitimidade do trabalho foi cimentada na elaboração de uma estrutura própria de pesquisa baseada em temáticas com pontos de intersecção, como desigualdade, identidade, liberdade de expressão, privacidade e vigilância. “Cada área tem uma estratégia de atuação que parte da avaliação sobre onde é importante incidir”, explica Mariana. Desde sua fundação, o InternetLab participou de 190 eventos em mais de 20 países, está em 19 publicações acadêmicas como livros e artigos, produziu 33 relatórios de pesquisa, tem 249 citações e participações em artigos na imprensa nacional e internacional. Ainda realizaram cinco contribuições técnicas para a Câmara dos Deputados, outras duas para o Supremo Tribunal Federal e mais duas para a ONU. Por fim, protocolou uma peça na Suprema Corte dos EUA, no caso “United States v. Microsoft Corporation”, na discussão sobre a obtenção de conteúdo em servidores localizados em outros países por parte do governo norte-americano. O trabalho também alcançou empresas, com incidência em companhias atreladas à pauta, como Vivo, Tim e Facebook. Isso tudo enquanto as pessoas vivem com – e na – internet, a geração de dados continua e a zona cinzenta entre o real e o virtual segue provocando dúvidas nos mais diversos setores da sociedade. n


FERVE

SILVIO GENESINI MARIA EUGENIA ROCHA E CELSO ISBERNER

INOVAÇÃO EM PAUTA

A Casa Glamurama foi palco de um bate-papo inspirador entre Joyce Pascowitch, Silvio Genesini e o sócio de consultoria da EY, Celso Isberner, sobre o superconsumidor do futuro e o impacto das tecnologias disruptivas em marketing e vendas. Veja quem acompanhou o evento que colocou em pauta as mudanças radicais nas formas de consumo.

DANIELA SCHMITZ

DANIELLE BIBAS

WALDIR CHAO

CARLOS TEREPINS

ANETTE RIVKIND

ANDRÉ RABELLO

ARIEL GRUNKRAUT


GISELLE E MARCEL RIVKIND

DANIEL TEREPINS

RODNEI GUARIZE

O BATE-PAPO

GABRIEL GUIMARÃES

FOTOS BRUNA GUERRA

MARIA EUGENIA DICKERHOF E DEBORAH BADEJO

RENATA DE STEFANO

HALLIA MAKANSE E ANDRÉ MEDINA


HIGH-TECH

EU ME

POR FERNANDA BOTTONI

ZIIP

Este aparelhinho utiliza nanocorrentes e microcorrentes para estimular a pele a produzir mais colágeno e elastina. Com isso, ela fica mais saudável e, claro, mais bonita. O Ziip foi projetado para ser usado em casa, de um jeito bem simples. Ele cabe na mão, tem design que se ajusta às curvas do rosto e liga e desliga com apenas um botão. Facinho. ZIIPBEAUTY.COM PREÇO: R$ 1.865

AMO

NEUTROGENA SKIN SCANNER

Um scanner que analisa profundamente o estado da sua pele e diz com precisão tudo o que ela precisa. Tem lente com zoom de 30 vezes para ampliar os poros e as linhas finas. Também é equipado com oito LEDs que proporcionam excelente ambiente de iluminação. Além disso, sensores revelam os níveis de umidade e a saúde geral da pele. Os resultados você pode acompanhar pelo smartphone, por meio de um aplicativo disponível para iPhone.

Aparelhos poderosos para conquistar beleza e saúde sem tanto esforço assim

RODRIGO SOARES,

NEUTROGENA.COM PREÇO: R$ 226

Gerente de relações públicas e imprensa da Porsche do Brasil “Utilizo muitos apps de notícias e também o Google Trips para planejar viagens. Para esportes, uso o Garmin Fênix 5 Plus, que monitora informações vitais e programa atividades. Também uso os apps Ski Track, para esquiar, e o da academia Bodytech. E como sou muito ligado em esportes de motor, quero montar um simulador profissional em casa.”

MUSE 2 MULTI-SENSOR

Mindfulness faz bem para a saúde em geral, mas não é um estado simples de alcançar. Certo? Se você tem dificuldades para afastar aqueles pensamentos fora de hora, pode contar com a ajuda do Muse 2. O assistente de meditação hi-tech, equipado com múltiplos sensores, fornece feedback em tempo real sobre sua atividade cerebral, frequência cardíaca, respiração e movimentos corporais. Quando sua mente se acalma, ouve sons tranquilos. Quando suas ondas cerebrais sinalizam distração ou salto de atividade, o som muda para trovões. O aplicativo do Muse 2 também oferece sessões de meditação guiadas. A conexão é via bluetooth. CHOOSEMUSE.COM PREÇO: R$ 938

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PODER 11 ANOS “PODER É A REVISTA QUE CONSEGUE AO MESMO TEMPO ENTREGAR CONTEÚDO RELEVANTE NUMA LEITURA SUPERGOSTOSA” José Vicente Marino, presidente da Avon no Brasil

NUFACE MINI

O NuFACE Mini é um dispositivo de tonificação facial portátil aprovado pela FDA (órgão do governo dos Estados Unidos para controle de alimentos e medicamentos) que ajuda a melhorar o contorno facial e a aparência de linhas finas e rugas. Para isso, estimula as áreas superficiais maiores do rosto e do pescoço com microcorrentes suaves. A recomendação é de usar cinco minutos por dia nos dois primeiros meses. Depois, basta usar de duas a três vezes por semana para manter os resultados.

EDEL+WHITE SONIC GENERATION WINNER 8

MYNUFACE.COM PREÇO: R$ 749

Quer abrir um sorriso mais claro? Conte com esta escova de dentes hidroativa. Suas correntes da tecnologia sônica criam fluxos pulsantes de fluidos que penetram até nos espaços mais estreitos. O trabalho pesado é feito por ondas sonoras de cerca de 42 mil vibrações por minuto. Para completar, as cerdas têm ação branqueadora e micropartículas de borracha que removem placas e manchas e canalizam as ondas de energia diretamente pelos menores espaços entre os dentes. EDELWHITE.SWISS PREÇO: R$ 399

WITHINGS BODY+

Balança? Que nada. Este aparelho superversátil fornece sua composição corporal completa, com peso, IMC (Índice de Massa Corporal), gordura corporal total (a tal “massa gorda”) e percentagem de água, além da massa óssea e muscular. E não é só isso. Ele registra os dados e exibe um gráfico com as oito últimas medições para o usuário tentar alcançar seus objetivos. Com Bluetooth você consegue acompanhar a evolução das informações pelo smartphone.

* PREÇOS PESQUISADOS EM FEVEREIRO. SUJEITOS A ALTERAÇÕES; FOTOS DIVULGAÇÃO

WITHINGS.COM PREÇO: R$ 2.250

LOW-TECH

COLEÇÃO TROPOS B.BLEND

A máquina de cápsulas de café viveu seus dias gloriosos há não muito tempo, quando todo mundo queria ter uma delas em casa, e parece estar de volta à forma agora, quando também é capaz de servir sucos, chás, refrigerantes, drinques funcionais, energéticos, chocolates, água de coco – e, claro, café. Neste lançamento da Brastemp em joint-venture com a Ambev, são mais de 30 as opções de bebidas encapsuladas. LOJA.BBLEND.COM.BR/MAQUINAS PREÇO: R$ 1.999

Tropos, em grego, significa “giro”, “mudança de rota”. Nesta coleção, o Estúdio Iludi busca, em poucos traços, a complexidade tropical unindo ao minimalismo algumas peculiaridades da pluralidade brasileira tão cantada em verso e prosa. A série é composta por cadeira, poltrona e um duo múltiplo – uma banqueta que serve como mesa lateral e um banco que pode também ser utilizado como mesa de centro. Um sincretismo sustentável, pode-se dizer. As peças são fabricadas com chapa de aço e têm acabamento em lâminas de madeira ou pintura automotiva. INSTAGRAM - @DPOTOBJETO

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CULTURA INC. POR LUÍS COSTA

ANNA VEZES TRÊS Artista que explora diversos suportes, Anna Maria Maiolino mostra em São Paulo, Milão e Londres obras em que empatia e impulso vital estão por trás das formas

A

o longo de seis décadas, a linha foi presença constante no trabalho de Anna Maria Maiolino, artista que é centro de três grandes exposições este ano. Na primeira delas, em cartaz até o dia 23 de março na Galeria Luisa Strina, em São Paulo, ela revisita o traço seminal com o qual criou performances, filmes em super-8, fotografias, vídeos, esculturas e desenhos. “Foi natural para mim reunir uma exposição onde a linha é o elemento compositivo importante”, diz Anna Maria. “A linha é visível nas coisas do mundo, como parte da natureza. E quando é invisível se manifesta e vibra através da nossa energia, dos impulsos vitais no nosso corpo.” Anna Maria Maiolino, que expõe na Galeria Luisa Strina sete esculturas e 15 desenhos em que a linha é a grande in-

térprete, explica que o verbo desenhar, do latim “designare”, tem diversos significados: desenvolver, conceber, criar, anotar, inventar, construir, projetar, cogitar. “Esses significados de alguma forma representam um maior entendimento de si mesmo, do entorno, da realidade, do mundo. No fim deste mês, a artista, nascida na Itália, em 1942, segue em cartaz, desta vez no PAC (Padiglione d’Arte Contemporanea), de Milão. Na metrópole mundial do design, 60 anos de carreira são esquadrinhados numa grande mostra individual. Em outubro, é a vez da galeria Whitechapel, de Londres, acolher o olhar de Anna Maria. O Amor se Faz Revolucionário envolve todas as mídias com as quais a artista trabalha. Ela explica que o nome da exposição é o subtítulo de um projeto

nunca realizado chamado Las Locas, concebido em 1992 e inspirado na “resistência e no amor” expresso pelas mães da Praça de Maio na Argentina, que foram (e continuam indo) às ruas protestar contra as atrocidades cometidas pela ditadura militar daquele país contra seus filhos. A exposição cobre seis décadas entre trabalhos artesanais e diversas experimentações. “Desde a década de 1970 os filmes em super-8, os vídeos, as instalações e as performances são obras construídas com metáforas que acentuam as significantes políticas e sociais”, diz. “Poderia classificar esses trabalhos como exercícios de cidadania, uma tentativa de transformar o que vivemos em consciência.” Com uma carreira de mais de 50 mostras individuais e presença em pelo menos outras 300 coletivas, Anna Maria Maiolino tem integrado exposições guiadas pela perspectiva do radicalismo e da resistência. Para a artista, se todos têm alguma dose de responsabilidade diante dos problemas sociais, os artistas a têm ainda mais. “A arte tem o poder de comover o outro. Com ela podemos realizar uma tentativa de exorcizar o mal, e sem dúvida podemos resistir. São esses os anseios que gostaria de manter vivos na minha obra”, afirma ela, para quem o ato poético pode despertar o que há de melhor e de mais transformador nos seres humanos. “Não há como saber como o espectador reagirá diante da minha obra, entretanto, gostaria que ele pudesse receber algum ganho, ainda que esse ganho seja pequeno.”

PODER 11 ANOS “O QUE FALAR DA PODER? SERIEDADE. ESSÊNCIA. CERTA VEZ A REVISTA ME ENTREVISTOU. AO LER A MATÉRIA, ME IMPRESSIONOU A FIDELIDADE E A CAPACIDADE DE CAPTAÇÃO DOS MEUS PENSAMENTOS E DA ESSÊNCIA DO NOSSO NEGÓCIO. MELHOR ENTREVISTA QUE EU JÁ DEI” Edgard Corona, fundador e presidente do Grupo Bio Ritmo


PODER É 1

3

4

FOTOS EVERTON BALLARDIN/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

2

1 - DISCO DE ESTUDO Uma das bandas mais reverenciadas da música brasileira nos últimos dez anos, o BaianaSystem acaba de lançar o terceiro álbum da carreira, O Futuro Não Demora, já disponível nas plataformas digitais. Produzido ao longo de um ano – parte dele na Ilha de Itaparica, defronte a Salvador, aonde grupo foi buscar refúgio musical –, o disco é um mergulho nas raízes da música baiana deste século. O álbum é repleto de parcerias, como a do rapper BNegão e a do músico franco-espanhol Manu Chao.

2 - BACK TO BAHIA Experimental, místico, moderno, pessoal. Foram muitos os adjetivos com que Caetano Veloso saudou pelas redes sociais o segundo disco de Tuzé de Abreu, Contraduzindo, lançado 18 anos após sua estreia no suporte. Flautista clássico e instrumentista de gigantes da MPB, Tuzé, 71 anos, embebe-se musicalmente dos anos da vanguarda baiana, a década de 1960, com a qual ele, Caetano, Gil, Tom Zé, Glauber Rocha e outros tantos escreveriam uma página muito importante da cultura brasileira.

3 - UM POEMA, TRÊS LEITURAS Num só livro, três medalhões: Edgar Allan Poe, Machado de Assis e Fernando Pessoa. É o que a mais recente edição de O Corvo (Companhia das Letras, R$ 44,90) propõe ao revisitar o clássico poema do escritor americano, escrito em 1845 e traduzido por dois dos maiores escritores da língua portuguesa. As versões de Machado e Pessoa são analisadas por Paulo Henriques Britto, que também traduz textos fundamentais de Poe sobre poesia.

4 - POESIA DO ÍNFIMO Até 7 de abril, o poeta mato-grossense Manoel de Barros (1916-2014) é o centro da “Ocupação”, nome que serve de senha para o Itaú Cultural celebrar artistas em sua sede, na avenida Paulista, em São Paulo. A mostra reúne manuscritos e outros materiais do autor de Os Deslimites da Palavra e Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo. Manoel de Barros brincava com a língua e dizia que “o que é bom para o lixo é bom para a poesia”.

PODER JOYCE PASCOWITCH 59


SOB MEDIDA POR DADO ABREU

de um restaurante muito conhecido e forte, o chef é imigrante como eu e conseguiu chegar ao topo com uma equipe treinada por ele e muito bem preparada. A comida é fantástica e precisa. O QUE FALTA NA SUA CASA: Acho que um pouquinho da presença da minha mãe, que mora do outro lado do mundo. Mas só um pouquinho, não muito (risos). UM ESPORTE/ATIVIDADE FÍSICA QUE PRATICA: Natação. TIME DO CORAÇÃO: Juventus de Turim. UM DISCO: Qualquer um do Queen. UMA MÚSICA QUE LHE REPRESENTE: “Certe Notti”, de Luciano Ligabue. GADGET INDISPENSÁVEL: Relógio. UM APLICATIVO: Uber, uso muito. UM INSTAGRAM: O do Nino Cucina (risos). @ninocucina UM SONHO: Acho que é conseguir fazer a diferença na vida das pessoas, fazendo elas acreditarem nelas mesmas e também que nosso trabalho pode mudar nossa vida. Independentemente de onde elas vieram. UM PERSONAGEM HISTÓRICO: Alexandre Magno. UM PERSONAGEM DA FICÇÃO: Não sou muito chegado a ficção, prefiro histórias reais. UMA LÍNGUA QUE GOSTARIA DE FALAR: Japonês. SE NÃO VIVESSE EM SÃO PAULO, QUAL CIDADE OU PAÍS ESCOLHERIA? Taiti. UMA CARACTERÍSTICA QUE ADMIRA EM VOCÊ: Determinação. UMA CARACTERÍSTICA QUE DETESTA EM VOCÊ: Eu sou

RODOLFO DE SANTIS, Chef e sócio dos restaurantes Nino Cucina, Da Marino, Giulietta Fogo Vino e Salumeria, todos em São Paulo UM LUGAR NO MUNDO: Japão. Admiro muito a

organização, equilíbrio, cultura e principalmente a precisa gastronomia de lá. A MELHOR HORA DO SEU DIA: Não tenho distinção, desde o momento em que abro os olhos até ir dormir eu tento dar 100% e fazer o melhor que posso para cada minuto valer a pena. A PRIMEIRA COISA QUE VOCÊ FAZ QUANDO CHEGA AO TRABALHO: Antes de tudo cumprimentar minha equipe, depois

focar na agenda e dar atenção a cada detalhe. UM TEMPERO: Essa é difícil, mas não acredito que

o tempero, em si, seja o diferencial de um prato. O principal é paixão e uma boa energia. Se estivermos mal, transmitimos isso para a comida. UM RESTAURANTE NO MUNDO: Chef’s Table at Brooklyn Fare. Passei meu último aniversário lá. Me emocionou porque além

60 PODER JOYCE PASCOWITCH

muito orgulhoso. SUA MAIOR EXTRAVAGÂNCIA: Carros esportivos. SUA MAIOR REALIZAÇÃO: A vida que levo hoje, as

possibilidades que venho tendo. SER BEM-SUCEDIDO É: Correr atrás dos sonhos com humildade

e respeito pelas pessoas e o lugar em que vivemos. ONDE E QUANDO VOCÊ É MAIS FELIZ: Sou feliz trabalhando e quando estou perto da minha mãe. UMA INSPIRAÇÃO: Meu avô. UMA MANIA: Trabalho. VÍCIO: Trabalho também (risos). UM MEDO: Meu medo e minha motivação são a mesma coisa, medo de não conseguir realizar meus sonhos e não me emocionar com o que faço. UM COMPROMISSO COM O SÉCULO 21: Ser o melhor no que faço. DESEJO PARA O FUTURO: Viver uma vida equilibrada e em constante evolução, crescer e levar minha equipe comigo. O QUE AINDA FALTA REALIZAR NA SUA VIDA: Aprender a viver a vida de forma mais intensa, aproveitando mais cada fase, mas sem perder o foco.


UM CHEF QUE TE INSPIRA: Marco Pierre

White [chef e restaurateur inglês]. Admiro a forma que ele mudou a profissão. Ele foi o primeiro chef que não era só 100% cozinha, mas mesmo assim conseguir ter uma imagem fortíssima e um mailing rico, isso 40 ou 50 anos atrás. Até hoje a intensidade dele me inspira.

UM ESPORTE/ATIVIDADE FÍSICA QUE GOSTARIA DE PRATICAR: UTENSÍLIO INDISPENSÁVEL NA COZINHA: Minhas facas.

Gostaria de voltar a fazer boxe.

UM LIVRO: A Arte da Guerra, de Sun Tzu.

Coleciono há 14 anos, cada uma tem uma história e uma energia. UM AROMA: Limãosiciliano. Me lembra muito a infância. Fora que é um ingrediente que adoro usar para equilibrar meus pratos.

UM HOMEM DE ESTILO:

David Beckham.

UM DRINQUE: Negroni. Além de ter as características que gosto em uma bebida (ser amargo e forte), me lembra muito a Itália e meu avô.

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

NÃO PODE FALTAR NO CAFÉ DA MANHÃ:

Definitivamente café. Não sou muito fã de comer muitas coisas de manhã, a não ser quando viajo, então o café puro é essencial, inclusive ao longo do dia (risos).

SUA PEÇA DE ROUPA FAVORITA:

Calça jeans, uso todos os dias. DRESS CODE IDEAL: Calça jeans, tênis e camiseta preta. Ou dólmã [o avental dos chefs].

PODER 11 ANOS “HÁ 11 ANOS DEMONSTRANDO QUE MUITO MAIS QUE UM SUBSTANTIVO ASSOCIADO A POUCOS, PODER É SIM UM VERBO. E DEVE SER CONJUGADO EM TODAS AS PESSOAS. NO SINGULAR E NO PLURAL” Guga Ketzer, publicitário

PODER JOYCE PASCOWITCH 61


É difícil imaginar algo que Keith Richards, o guitarrista dos Rolling Stones, oficialmente 75 anos, não tenha experimentado na vida. Mas numa entrevista concedida ao jornal espanhol El País ele deu pistas do que não pretende voltar a experimentar em seu, digamos, injury time. “O que quero dizer é que não tomo mais café da manhã com heroína ou álcool. O experimento acabou”, contou, sem talvez imaginar como facilitava a vida do repórter Fernando Navarro no trabalho de encontrar um título razoavelmente chamativo para a matéria. Não parou aí. “Minha filosofia de vida inteira pode ser resumida em que, afinal, eu aprendi a ser um avô”, disse ainda o músico inglês. Vovô Keith, contudo, segue “alive” e chutando. Este ano ele volta ao estúdio com Mick, Charlie e Ronnie para mais um disco de blues dos Stones.

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FOTO GETTY IMAGES

SOUL


THE

JOURNEY

LENNY KRAVITZ

PERFECTING

SHOPPING

IGUATEMI

SÃO

PAULO

WWW.TUMIBRASIL.COM


ins pi ra ção •

(substantivo feminino)

1 Do latim INSPIRATIO. Ação ou efeito

de inspirar; que tem efeito animador e estimulador da criatividade.

2 Motivação dos negócios, encorajando

e valorizando o desenvolvimento do capital humano alinhado à estratégia de talentos e negócios. Mobilização da cultura interna e aceleração do seu potencial, criando um ambiente de oportunidades e desafios que impactam diretamente o desempenho da empresa e as experiências criadas para os clientes. Termos relacionados: transformar o capital humano, criar experiências diferenciadas para os clientes, crescer e criar vantagem competitiva.

O mundo pede novas leituras. www.pwc.com.br/imperativos-negocios

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