Revista Poder | Edição 125

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CIBERESPAÇO

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PRECISAMOS FALAR SOBRE INTERNET

Centro independente de pesquisa com financiamento misto e organização interna sofisticada, o InternetLab produz diagnósticos que envolvem direito e tecnologia e abre diálogo com os diferentes setores impactados pela rede – ou seja, todo mundo texto e fotos victor santos

O

vazamento de documentos sigilosos em 2013 pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden expôs a vulnerabilidade de usuários da rede e programas de vigilância em massa dos Estados Unidos que, por meio de servidores de empresas multinacionais, espionavam sua população e o governo de outros países, inclusive o Brasil. Por aqui, o debate ganhou espaço assim como a conectividade entre mídia e relações sociais. Em 2014, o número de usuários de internet passou da metade da população nacional e o país foi palco da aprovação de uma lei de vanguarda, o Marco Civil da Internet. A cidade de São Paulo ainda sediou a conferência NETmundial – Encontro Multissetorial Global Sobre o Futuro da Governança da Internet com entidades internacionais e diferentes setores envolvidos com o tema. Foi nesse contexto que três colegas da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Dennys Antonialli, 32 anos, Francisco Brito Cruz, 29, e Mariana Valente, 32, se uniram para fundar o InternetLab em 2014. Trata-se de um centro de pesquisa sem fins lucrativos, focado em análises e diagnósticos de questões ligadas a direito, tecnologia e políticas públicas, com o objetivo de fazer a interlocução entre a sociedade e os atores envolvidos.

A entidade se espelhou na experiência do Alexander von Humboldt Institute for Internet and Society onde Antonialli trabalhou em Berlim e conheceu o funcionamento de um centro independente e financiado pelo Google. A organização foi montada fora da estrutura acadêmica e conseguiu seu primeiro investimento com o próprio Google, o que garantiu o funcionamento do InternetLab por um ano. O segundo aporte veio da Ford Foundation. “Havia necessidade de mostrar que estávamos comprometidos em contribuir com o debate, e fazêlo de um jeito novo e sofisticado”, afirma Dennys. No intuito de preservar a independência, articulou-se uma estrutura de financiamento misto. Atualmente, a distribuição é de 58% de fundações e organizações do terceiro setor internacional, 40% do setor privado, 1% de fundações e organizações do terceiro setor nacional e 1% restante de pessoas físicas. A metodologia foi construída em paralelo a estruturas de governanças que são de enorme importância para os investidores estrangeiros que buscam iniciativas duradouras. Organizado como associação, o InternetLab tem estatuto, uma diretoria formada pelos três fundadores, conselho consultivo e fiscal, coordenadores de pesquisa, pesquisadores e estagiários.

PODER 11 ANOS “ME SINTO HONRADO EM FAZER PARTE DA HISTÓRIA DE SUCESSO DESTA REVISTA” Roberto Kalil Filho, médico cardiologista


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