SOB O CÉU DOS SIGNOS

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SOB O CÉU DOS SOB O CÉU DOS SOB O CÉU DOS

SIGNOS SIGNOS SIGNOS

EDITORA

OLYMPIA OLYMPIA OLYMPIA

Capa: Roberto Pereira com Canva Pro

F825 Franco, Carlos (organizador) Editora Olympia, 2024 Uberlândia, MG

Pág. 154

ISBN: 978-65-86241-14-3

1.1.Ficção brasileira – Contos I. Título

“Ora(direis)ouvirestrelas!Certo, Perdesteosenso!"Eeuvosdirei,noentanto, Que,paraouvi-las,muitavezdesperto Eabroasjanelas,pálidodeespanto...

Econversamostodaanoite, enquantoaVia-Láctea,comoumpálioaberto, Cintila.E,aovirdosol,saudosoeempranto, Indaasprocuropelocéudeserto.

Direisagora:"Tresloucadoamigo! Queconversascomelas?Quesentido Temoquedizem,quandoestãocontigo?"

Eeuvosdirei:"Amaiparaentendê-las! Poissóquemamapodeterouvido Capazdeouvireedeentenderestrelas”.

OlavoBilac

Sumário

Apresentação/Carlos Franco

Página 7

Todos os signos sofrem de amor/Ariel Ganassim

Página 34

Horóscopo: amores místicos/Bruna Esteves

Página 39

Que bom seria se o dia de hoje jamais tivesse existido/Carlos Henrique dos Santos

Página 49

O tempo e as estrelas/Célio D’Ávila

Página 56

Metamorfose/David Laureano Alves

Página 67

Tatuagem de escorpião/Detuner Jaques

Página 80

Malulinha e o mapa astral/Eduardo Martínez

Página 85

Celestial união: sob o céu dos signos, a jornada

mágica dos amigos canceriamos/Jean Javarini

Página 88

Sob o olhar de Leandra: a jornada celestial dos signos na selva da vida/Jean Javarini

Página 97

Entre deuses e astronautas: a jornada do zodíaco/Jefferson Machado

Página 105

Celeste/Lucas Pereira da Silva

Página 114

Constelação de amor: o ballet de Luna e Sol/Maria Eduarda B. S.

Página 126

Mesa para doze cadeiras/Marjorie de Souza Morato

Página 135

As constelações do destino/Matile Facó

Página 140

Os amores de um leonino/William R. F. Ramires

Página 145

Tatuagem zodiacal/W. Marcia Sousa

Página 150

Apresentação

O céu sempre tem muito a nos dizer. Olhando as estrelas nos guiamos nas noites escuras, percebemos o nascer e o pôr do sol, os dias e as noites, a lua, os planetas, as nebulosas e as estrelas que, no conjunto, formam constelações. E, assim, nos orientamos nos mais diferentes afazeres, no trabalho e no lazer, na descoberta de nós mesmos e dos outros.

Percebemos ainda que as fases da lua influenciam asmaréseosciclosda natureza, osequinóciosque são as quatro estações do ano: verão, outono, inverno e primavera. Olhando para o céu podemos prever chuvas e temos a exata noção de temperaturas. Também o imaginamos o local onde o sagrado, livre da matéria, fez morada. E percebemos ao longo do tempo que o céu é um mapa capaz de nos orientar. Uma rota do nosso destino que começa a ser traçada quando nascemos e que nos acompanha, passo a passo, até a esperada ascensão ao firmamento.

Presente desde a antiguidade, as cartas celestes, que constituem uma espécie de mapa do céu noturno, que os astrônomos e estudiosos dividem emgrades, de latitude elongitude, como osgomos de uma laranja, para facilitar a localização de

estrelas, constelações, galáxias e os astros e asteroides, há muito despertam curiosidade envoltas em fina camada de mistérios.

Criadas por povos primitivos, essas cartas evoluíram ao longo do tempo e ganharam, em 2018, uma versão em 3D divulgada em abril daquele ano no European Week of Astronomy and Space Science, evento que aconteceu em Liverpool, na Inglaterra, resultado de trabalho colaborativo de diversas instituições de pesquisa.

“Uma equipe liderada pelo Dr. David Sobral, da Lancaster University, fez o gráfico usando o telescópio Subaru, no Havaí, e o telescópio Isaac Newton, nas Ilhas Canárias. Olhando para trás no tempo para 16 diferentes épocas entre 11 e 13 bilhões de anos atrás, os pesquisadores descobriram quase 4.000 galáxias antigas, muitas das quais evoluíram para galáxias como a nossa própria Via Láctea”, explicava o anúncio oficial deste evento que deu origem a novos estudos e que tem influenciado a leitura, com mais precisão, da influência dos movimentos das estrelas, astros, constelações e galáxias na Terra.

Trata-se uma história praticamente infinita, pois desde a antiguidade, o homem encontrou no céu um norte para caminhar e explorar o espaço ao redor. Muito desse conhecimento pode ser encontrado em desenhos em cavernas, onde

povos primitivos se abrigaram das intempéries e dos animais selvagens.

Os primeiros registros da importância do céu, dos seus astros e estrelas, datam, no entanto, de 4.200 anos antes de Cristo (a.C.). São as cartas estelares egípciasque,emboraastronômicas,existiramnum tempo em que não se distinguia astronomia de astrologia.

Essas cartas teriam sido a base do conhecimento difundido por Hermes Trismegisto, legislador e filósofo egípcio que viveu cerca de 1.500 a.C. (não há precisão, pois alguns apontam 2.500 a.C.), e teria deixado de legado 36 livros que se perderam com asconstantesinvasõesao Egito, entre osquais a famosa Tábua Esmeralda. O pensador também teria destacada influência no campo da medicina por associar os fatores climáticos e o movimento astral com os estados físicos do homem.

A filosofia hermética, atribuída a Hermes Trismegisto, foi ainda a base do conhecimento filosófico grego de Sócrates, Platão e Aristóteles. São obras que destacaram a importância de se olhar para o céu em busca de sinais e que deram origem a uma leitura que acabaria por perceber que um conjunto de 12 constelações se repetia sempre em movimento e que este girava, para alguns povos em torno da lua, o calendário lunar, e para outros povos em torno do sol, o calendário solar.

Por conta da observação desse fenômeno natural foi que o homem começou a medir o tempo e há cerca de três mil anos e ergueu os primeiros relógios solares, como o Stonehenge, o mais famoso círculo de pedras do mundo, no Reino Unido. Mais tarde uma linha imaginária britânica, o Meridiano de Greenwich, dividiria o globo estabelecendo longitude e serviria ainda para, transformando a Terra numa laranja, dividida em 24 partes, medir as horas e dividir o Ocidente do Oriente, exatamente como quem parte uma laranja ao meio em dois hemisférios, o Norte e o Sul.

Todas essas conquistas só foram possíveis pela contemplação do céu, os mapas imaginários nele contidos. Foi assim, passo a passo, que os homens chegaram às constelações que acabariam por integrar o chamado zodíaco num tempo em que astronomia e astrologia eram faces de uma única moeda, a primeira, contendo os cálculos matemáticos e os fenômenos relacionados à passagem dos astros no céu e os outros na associação destes com as divindades e objetos que tinham algo a dizer sobre a influência que exerciam no comportamento humano e possibilitava a leitura dos seus atos.

Fruto de diversas influências, dos primeiros apontamentos babilônicos ao desenvolvimento da matemática pelos árabes e egípcios, aliados à

filosofia greco-romana, o surgimento do zodíaco 5 séculos antes de Cristo (a.C.) foi um dos mais importantes marcos no estudo da astronomiaastrologia, sem a diferenciação entre as duas hoje existente.

A partir do zodíaco surgiram os mapas astrais, com os quais os povos antigos passaram a analisar datas e traçar rotas do que viriam a chamar de destino. Aristóteles ao analisar o comportamento da cultura oriental que relacionava a leitura dos mapas, além das estações do ano, ao movimento dos astros, preferencialmente a lua, com elementos da natureza como água, terra, ar, fogo, madeira acabou por criar uma teoria dos elementos essenciais dispensando o quinto elemento: a madeira, que era apontado como o elemento quesofrea influência dosdemais dentro de uma visão de transformação contínua e que nomina animais do zodíaco chinês.

Por essa possibilidade de o zodíaco permitir uma leitura de atos e atitudes humanas, a partir dos seus reflexos na natureza, imperadores, reis e rainhas passaram a consultar astrólogos e a solicitar além de seus mapas os dos adversários e até o momento ideal para o início de batalhas e a conquistas dos louros, as folhas que desde a Grécia antiga coroavam os vencedores.

Há registros de que o imperador Tibério consultava mapas astrais de adversários antes de

empreender suas batalhas pelo domínio do Império Romano enquanto o imperador Augusto cunhou seu signo do zodíaco em moedas.

O conceito dos elementos por Aristóteles acabou por dar origem à divisão dos 12 signos do zodíaco entre os que são do ar (Gêmeos, Libra e Aquário), da terra (Touro, Virgem e Capricórnio), da água (Câncer, Escorpião e Peixes) e do fogo (Áries, Leão e Sagitário).

Dentro desse conceito, a sequência no zodíaco é sempre fogo, terra, ar e água, pois tudo, segundo correntes que passaram a integrar os elementos aos signos, começa como inspiração (fogo), se materializa (terra), se espalha (ar) e então se dilui, se dissipa (água).

Para os orientais, todos esses elementos dependem da madeira para exercer essas funções e este é o quinto elemento, símbolo da transformação.

Além da propagação do conceito aristotélico, diversas correntes passaram a dividir o mapa entre os dois hemisférios, o Norte e o Sul, delineados pelo movimento de rotação da Terra, que ainda era desconhecido, mas por perceberem a oposição das estações do ano e os astros que se tornavam mais visíveis no período, mas opostos se estivessem no Norte ou no Sul desse globo cortado ao meio.

Assim, surgiu nesse zodíaco a designação entre ascendente e descendente contando-se uma casa de 1 a 7 e ainda relacionando-as com os planetas que então eram visíveis como Plutão, Netuno, Saturno e Júpiter. Com contribuições de diversos povos, sobretudo os gregos, definiu-se, ao longo do tempo, que é o zodíaco é uma faixa do céu limitada por dois paralelos de latitude celeste: um situado a 8º ao Norte e o outro a 8º ao Sul da Eclíptica (linha central do Zodíaco). Nessa faixa, existe uma relação direta criada pela passagem do Sol, da Lua e dos planetas.

Foi isso, o que permitiu a conceituação de ascendente e descente entre a primeira casa e a sétima. É importante observar que esses mapas e calendários ganharam uso justamente por possibilitarem a leitura das estações e do tempo, mesclando conhecimentos do que hoje se divide entre astronomia e astrologia.

ASTRONOMIA

(substantivo feminino; etimologia: do grego astronomía.as; do latimastronomia.ae.)-Ciênciaqueestuda o universo, espaço sideral, e os corpos celestes,buscandoanalisareexplicarsua origem,seumovimento,suaconstituição, seu tamanho etc. (Astronomia física. Aquelaqueanalisaascondiçõesfísicasdos astros).(Astronomiamatemática.Aque estudaocálculodasforçasqueagemsobre

os astros). (Astronomia náutica. O conhecimentodaposiçãoedomovimento dos astros aplicado à navegação). Não confundircomastrologia.

ASTROLOGIA (substantivo feminino; etimologia:dogregoastrología.as;dolatim astrologia.ae) - Doutrina, estudo ou prática, que busca supor ou decifrar a influência dos astros na vida, no comportamento das pessoas e nos acontecimentospelosquaiselaspassam, buscando ainda prever o futuro. Não confundircomastronomia.

Hoje, essas definições que constam de dicionários são claras e precisas, mas durante séculos não se fez essa separação entre o papel da astronomia e da astrologia, menos ainda dos que exerciam as funções de astrônomos e astrólogos, uma vez que em ambos os casos a análise, fazendo uso de cálculos matemáticos e observações ao longo de um período, tinha por objetivo avaliar as influências dos astros na natureza e, por consequência, na vida humana.

Essas observações primárias foram essenciais para a lavoura, a caça e a classificação dos equinócios, as estações do ano, a evolução do homem no planeta Terra. À leitura original e primária, foram acrescidos novos significados por força das culturas que fazem uso desse conhecimento e os

transladaram para o universo mítico na qual se inseriam.

Para a maioria dos historiadores, numa jornada longe ainda de ser consensual, os primeiros povos a fazerem uso da leitura do céu e de sua influência nos fenômenos foram os caldeus, habitantes da margem oriental do rio Eufrates, que ajudaram a erguer o império babilônico liderado por Nabopolassar e, posteriormente, por seu filho, Nabucodonosor, o Nabuco, criador dos jardins suspensosdaBabilôniaequedeuorigemàfamosa ópera do italiano Giuseppe Verdi (1813-1901).

A descoberta de tábuas de argila, com indicações de fenômenos naturais enunciados pela posição das estrelas e da rotação da Terra em relação ao Sol e à Lua na hoje iraquiana Mossul dá conta do importante papel da observação do céu. Há ainda registros de povos maias e astecas da América Latina.

Durante séculos, astronomia e astrologia andaram juntas, como irmãs siamesas, uma influenciando a outra, emprestando conceitos e leituras as mais diferentes. Foi assim que visões primárias deram origem a um sistema que acabou por se tornar padrão e que repartia, inicialmente, o céu em 12 faixas, que os gregos definiram como correspondentes a 12 símbolos relacionados ao círculo dos animais, o zodíaco em grego.

Esses símbolos, hoje conhecidos como signos, marcavam a trajetória do Sol e da Lua e dos primeiros planetas que se tornaram visíveis a olho nu e com os equipamentos rudimentares da época e que ganharam nomes de deuses gregos como Júpiter, Netuno e Saturno. As cartas celestes solares e lunares tiveram papel crucial na difusão tanto da astronomia como da astrologia fomentando a indústria na produção de equipamentos e até viagens espaciais em busca do entendimento do universo em torno da Terra.

Paramelhorcompreenderessesestudos,épreciso partir da eclíptica que é o círculo máximo da esfera celeste que representa a trajetória anual do Sol em seu movimento aparente ao redor da Terra que, hoje se comprova cientificamente, é resultado da translação da Terra, que em um ano, descreve sua órbita ao redor do Sol. Este se desloca pela Eclíptica atravessando 13 constelações chamadas de constelações zodiacais, que são: Peixes, Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Ofiúco (inexistente nas leituras de horóscopos porque complementa o curto período de Escorpião), Sagitário, Capricórnio e Aquário.

É importante observar que os primeiros estudiosos dos astros contemplavam planetas e estrelas no céu a partir da Terra, que então

percebiam como um ponto fixo enquanto o Sol percorria a Esfera Celeste e, portanto, a Eclíptica.

Éimportanteressaltarparaumaleituracorretados mapasamplamenteaceitosda União Astronômica Internacional (UAI) que 24 constelações estão localizadas na faixa zodiacal, algumas de forma integral e outras somente uma parte, mas as que são atravessadas, de fato, pela Eclíptica são 13 constelações.OSolpermaneceemmédiaummês em cada constelação na Esfera Celeste. No caso de Virgem, onde leva mais tempo, são 44 dias, já em Escorpião, onde passa menos tempo, apenas 07 dias, por isso Ophiuchus, onde passa 18 dias, completa este giro. A constelação foi abandonada na leitura zodiacal, sendo esse período incorporado por outros signos do zodíaco facilitando a divisão do tempo entre os 12.

A pesquisadora Ariana França Clávia, do Observatório Astronômico Frei Rosário, também conhecido como Observatório Astronômico da Piedade, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), localizado em Caetés, a 65 km de Belo Horizonte, desenvolveu estudo acadêmico, hoje usado pelos que se dedicam ao conhecimento da astrologia e da astronomia, descrevendo as constelações do Zodíaco na ordem de passagem do Sol, durante o ano, considerando como primeira constelação a de Capricórnio (19 de janeiro a 15 de fevereiro).

Os textos a seguir em itálico, que complementamos em tipologia normal, são da pesquisadora em documento público do referido observatório. É importante observar que as datas referem-se aos períodos de maior visibilidade das constelações do zodíaco, definidas pela União Internacional Astronômica, portanto representam variação entre as usadas na leitura astrológica que deu origem aos horóscopos.

A pesquisadora para melhor entendimento desta variação do tempo nas constelações incluiu no estudoaconstelaçãodeOphiuchus,completandose corretamente o céu no período de um ano tendo como referência a faixa zodiacal. É um bom exemplo da divisão hoje existente entre astrologia e astronomia:

Capricórnio, a cabra do mar

Aconstelaçãoéantiga,efoiumdosprimeiros membros do Zodíaco, sendo a sua menor constelação.Possuiestrelasdepoucobrilho,epor issonãoéfácildeidentificá-lanocéu.Alinha vermelha, atravessando Capricórnio na figura, representaalinhadaEclíptica.Localiza-seentre AquárioeSagitário.

Énormalmentetraduzidacomo"ACabradoMar" ou"ACabraPeixe",emboraonomesignifique, literalmente,comchifresdecabra.Namitologia

grega,representavaodeusPã,queerasemelhante aumbode.

Pã era muitoindeciso,nuncasabiatomaruma decisão depressa. Numa ocasião, os deuses estavam fugindo de um monstro marinho chamadoTifón.Osdeusessedisfarçarampara despistaromonstro,masPã,emdúvidadequal animalsetransformar,quandoviuasombrado monstroaproximar-se,semconseguirdecidir-se, transformou o seu tronco em cabra e as suas pernasnumrabodepeixe:ficoutransformado numpeixe-cabra.

Aquário, a era de Aquarius

É uma das maiores constelações do Zodíaco, localiza-seentreCapricórnioePeixes.OSolpassa emAquáriode16defevereiroa11demarço.Na mitologiagrega,representaumjovem,eàsvezes umhomemvelho,derramandoáguadeumajarra. Eraumbelopastor,Ganimedes,dequemZeusse agradou.Zeusenviouumaáguia(háversõesque dizemqueopróprioZeusquesetransformou) quelevouorapazparaomonteOlimpo,onde serviriacomocopeirodosdeuses.

A chamada Era de Aquarius, que teve início neste século, sucedendo a Era de Peixes, é chamada por muitos de Era do Ser, quando o homem, mais introspectivo, faz um balanço da sua vida na Terra e evoca valores mais nobres na jornada, embora

nessa evocação possam trazer para o presente os valores negativos, como os do fascismo, que encontravam-se apagados pela luz do processo civilizatório. A transição de uma era zodiacal para outra, que dura cerca de dois séculos, é sempre marcada por forte ebulição social e política. A pandemia Covid-19 é exemplar deste momento de interior que marca o início de nova era.

Nas águas de Peixes

Representadoispeixesligadospelassuascaudas naestrelaalphapiscium.Naverdade,onomeda alfa,"AlRischa",significa"ocordão".Aconstelação é bastante fraca; as estrelas de Peixes são geralmentedequartamagnitude.Localiza-seentre AquárioeÁries.OSolpassaemPeixesde12de marçoa18deabril.Suaimportânciaestáem conteropontoemqueoSolcruzaoequadorindo emdireçãoaonorteacadaano,noequinóciode março.

Na mitologia grega representa Afrodite e seu filho Eros, que se transformaram em peixes e mergulharam no Eufrates para escapar do monstro Tífon. Sensibilidade e intuição são características de Afrodite e Eros que foram incorporadas por astrólogos em suas leituras do zodíaco.

Áries,

o rebelde carneiro grego

Seunomesignificacarneiro.Situa-seentrePeixes eTouro,enãoémuitobrilhante.Umadasformas de encontrá-la no céu é localizar as Plêiades (grande aglomerado aberto de estrela na constelaçãodeTouro),poisficapróximaaeste aglomerado.OSolpassaemÁriesde19deabril a13demaio.Namitologiagrega,representao carneiro cujo velocino de ouro estava num carvalhonaCólquida,costalestedomarNegro. Jasãoeosargonautasfizeramumaviagempara levarovelocinoàGrécia.

Rebelde e impaciente, o carneiro, na visão de astrólogos, tem ideias próprias. É cordial, mas não gosta de ser limitado nem aceita a figura de autoridade, por isso tornou-se guardião na mitologia grega de segredos os quais defende mesmo quando está em risco. Se domado, tornase afável desde que tenha liberdade e não lhes sejam impostos limites.

O exuberante brilho de Touro

Touro é uma constelação que pode ser encontradacomfacilidade.Localiza-sepróximaa constelaçãodeÓrion.Suaestrelaalfa,Aldebaran, éumaestrelagigantevermelhadecormuitovisível no céu. Possui o grande e nítido aglomerado abertodeestrelas,Plêiades,conhecidotambém comoSeteIrmãs.

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Podemosverseismembrosdesteaglomeradoa olhonu.Distacercade400anos-luzdaTerra.O SolpassaemTourode14demaioa19dejunho. Outro aglomerado grande em Touro são as Híades(partedaconstelaçãoemformatode“V”). Estálocalizadoacercade150anos-luzdenós,eé oaglomeradoconsideradomaispróximo.(...).

Na mitologia grega, o Touro representa o disfarce que Zeus usou para atrair a atenção da princesa da Fenícia chamada Europa. Atravessou o Mediterrâneo a nado levando Europa nas costas até ilha de Creta.

Gêmeos, Gemini

Esta é uma constelação identificável com facilidadeporsuasestrelasmaisbrilhantes,Castor ePollux,querepresentamascabeçasdosgêmeos mitológicos.Localiza-seentreTouroeCâncer.O SolpassaemGêmeosde20dejunhoa20de julho.Castor(alphaGeminorum)naverdadenão éamaisbrilhantedeGêmeos,mesmotendoo nomedealfa.AmaisbrilhanteéaPollux.Castor estáa52anos-luzdedistância.Nãoéumagrande estrelaemparticular,temcercadeduasvezeso diâmetrodoSol,eéumnotávelbinário.JáPollux, estáacercade34anos-luz.Éconsideravelmente maior,comumdiâmetroestimadodecercade dezsóis.Elasestãoa4,5grausdeseparaçãouma daoutra,oqueajudaaobservadoresestimarem

distânciasdeseparaçãoentreoutrasestrelasno céu.

Namitologiagrega,osgêmeossãoapenasmetade irmãos.Sãofilhosdamesmamãe(Leda),mastêm paisdiferentes.OpaideCastoreraumreide Esparta,Tíndaro,eopaidePolluxeraninguém menosqueZeus.

Câncer, o caranguejo

Câncer, traduzido como caranguejo, é a constelaçãomaisfracadetodasasconstelaçõesdo Zodíaco.Localiza-seentreGêmeoseLeão.OSol passaemCâncerde21dejulhoa9deagosto.Um dosobjetoscelestesemCânceréoaglomerado estelarM44chamadodePresépio(ouColméia, ouManjedoura).Épossívelvê-loaolhonucomo umpontodifuso,eficabonitoemaiscompleto quandoobservadoporbinóculo.

Namitologiagrega,ocaranguejoatacouHércules duranteasualutacomaHidra,masfoiesmagado pelopédoherói.Navisãodeastrólogos,nascidos nosignodecâncersãobrincalhõesesimpáticos. Intuitivoscostumamperceberriscoseminentese têmfacilidadeparaatuaremnocampoespiritual.

O rugido do poderoso Leão

É uma constelação onde a figura lembra realmente um leão. Localiza-se entre Câncer e Virgem.OSolpassanestaconstelaçãode10de

agostoa15desetembro.Nomitogrego, Leão atormentava uma pequena aldeia da Grécia chamada Neméia. O animal era de couro impenetrável, mas Hérculesconseguiumatá-lo. Alphaleoniséchamadade"Regulus",eeravista como"GuardiãdoCéu".OnomedeRegulusfoi dado por Copérnico, mas a estrela era mais conhecida na antiguidade como “Cor Leonis”, “Coração de Leão”. Regulus é um binário múltiplo.Localiza-setãopróximaàEclíptica,que aLuamuitasvezespassaperto,eatéocultaa estrelaemrarasocasiões.

Para os astrólogos, os nativos de Leão são imponentes como o animal que os representa. Têm forte e dominante personalidade e, muitas vezes, se sentem imortais e ficam irritados ao perceberem que são mortais como todos os seres.

A disciplinada Virgem

OSolpassaemVirgemde16desetembroa30 deoutubro.Estaéasegundamaiorconstelaçãodo céueamaiordoZodíaco.Virgempossuiuma sériedeantigosmitosecontos.Paraosantigos romanos,eraadeusaCeresdocrescimentodas plantas alimentares e das colheitas, e particularmentedomilho.

AlphaVirginiséconhecidacomoSpica:aorelha "detrigo"queadeusacarrega.Spicaéumbinário eclipsanteazul-brancocomumperíododepouco

mais de quatro dias. A estrela é o dobro do tamanhodoSol,mascomumaluminosidadede cercadeduasmilvezesadosol.Estáa260anosluzdedistância.

Na visão da maioria dos astrólogos, nativos de Virgem são organizados e têm mania de limpeza. Extremamente disciplinados, são pessoas que se irritam facilmente quando veem ambientes sem sujos e desarrumados. Por isso, alguns relacionam o signo à pureza e ao imaculado.

A balança de Themis

A constelação de Libra está localizada entre Virgem e Escorpião. Representa a balança da justiçaseguradaporVirgem.OSolpassaemLibra de 31 de outubro a 22 de novembro. Para os gregos antigos, esta constelação fazia parte do Escorpiãosendosuasgarras.Porisso,suasduas estrelas mais brilhantes, ainda chamadas de Zubenelgenubi (alfa librae) e Zubeneschamali (betalibrae),quesignificam“garradosul”e“garra donorte”,respectivamente.

Na mitologia, Libra também está associada à balança de Themis, a deusa da Justiça, que pesa os atos dos bons e dos maus. É símbolo do Poder Judiciário em todo o mundo ocidental. Themis não aceita, portanto, julgamentos parciais que a violam e ao seu poder de equilíbrio. Os nativos do

signo são, em sua maioria, combatentes de injustiças e defensores da ética nas relações.

A flecha de Sagitário

O nome Sagitário deriva da palavra em latim sagittaquesignificaseta.Foramosromanosque deramonomeàconstelaçãodeSagitário.Éuma brilhanteconstelaçãodoZodíaco,entreEscorpião e Capricórnio. Tem como característica um padrãodeestrelasquelembraoformatodeum bule.Localizasepróximaaregiãodocéuondeestá situadaadireçãodocentrodanossagaláxia,Via Láctea. O Sol passa em Sagitário de 18 de dezembroa18dejaneiro.

Na mitologia a constelação está associada a Quíron, o centauro, metade homem, metade animal.

Ophiuchusbrilhanocéu

Ophiuchus(emportuguêsOfiúco)ou serpentário, é uma constelação distribuída sobre o equador celeste. Representa um homem segurando uma serpente.

A cabeça de Ofiúco fica próxima da constelação de Hércules, e seus pés sobre a constelação do Escorpião. Embora seja uma constelação em que o Sol passe de 30 de novembro a 17 de dezembro, ela não faz parte do zodíaco.

A descrição das constelações presentes na faixa zodiacal pela pesquisadora Ariana França Clávia mostra que, com o passar dos anos e o maior conhecimento da esfera celeste, a correspondência entre astrologia e astronomia também se distanciou, pois o Sol passa por constelações hoje que não eram vistas a olho nu e por rudimentares telescópios, iluminando, assim, períodos que antes não correspondiam aos primeiros mapas zodiacais, que acabaram por consagrar a leitura do céu.

Mesmo astrônomos conceituados asseguram, no entanto, que a astrologia acompanhou algumas das mudanças, incorporando novas leituras a fim de manter o espírito vivo dos pioneiros que associaram os astros ao comportamento do homem na Terra.

“É o caso de algumas inovações relativamente recentes na escala histórica, como a descoberta dos planetas Urano, Netuno e Plutão, que trouxeram novos elementos à interpretação astrológica do céu”, segundo o historiador David Pingree, da Universidade de Brown, nos Estados Unidos.

Pingree é autor, em parceria com Robert Gilbert, do livro “Astrologia nos tempos modernos” (Astrologyinmoderntimes), uma das referências mais usadas para mostrar a relevância de leituras feitas do céu pelos antepassados, onde se incluí o

zodíaco e a sua influência na vida dos povos e seu imenso realce no mapa do céu de cada dia. “O homem sempre foi tomado pela curiosidade do que lhe reserva o amanhã”, resume Pingree. E nisso acerta em cheio.

Agrandejornadanasestrelas

O fato de as grandes religiões enxergarem o céu como a morada dos deuses, o lugar de onde Deus tudo vê e tudo move, explica essa crença que é do céu que surgem os sinais mais importantes para a vida humana.

Curiosidade que também faz girar bilhões nas mais diferentes moedas do mundo na busca por descobrir se existe vida em outros planetas. Foi o que levou o homem à lua e aos programas contínuos de mapeamento do céu e de seus planetas como Marte.

Uma grande jornada pelas estrelas que está longe do fim e que teve início nos primórdios com a contribuição de diversos pesquisadores e homens como o grego Ptolomeu, autor do “Almagesto” , um tratado de astronomia que sintetiza os conhecimentosanterioresdeAristóteles, Hiparco, Posidônio e outros pensadores em 13 volumes.

Neles, Ptolomeuapresenta com tabelasnuméricas mais que a localização de estrelas e planetas tendo como referência que estes giravam em torno da Terra e não o contrário como hoje se tem

conhecimento por meio do movimento de translação do nosso planeta. O importante é que sua obra abriucaminho para o reconhecimento da importância da astrologia, fundando suas bases modernas e abrindo o caminho para sua dissociação da astronomia.

Nesta jornada, foram inúmeras as contribuições, mas uma em particular, do francês Michel de Nostredame (1503-1566), latinizado como Nostradamus, acabou por atrair maior atenção para a astrologia. A sua “Les Prophéties” (As Profecias), onde faz previsões com base em cálculos matemáticos a partir do movimento dos astros em profunda interpretação astrológica fizeram tremendo sucesso e fazem até hoje.

Os movimentos políticos, econômicos e sociais desde o lançamento do livro publicado pela primeira vez em 1555 comprovaram o valor das suas narrativas e o seu elevado grau de acertos.

As Profécias apresentam em 942 quadras poéticas fatos relacionados à pessoas e lugares. De certa forma uma imensa carta adivinhatória que, se por um lado despertou o interesse para a astrologia, por outro abriu também as comportas do charlatanismoemrelaçãoaotema.Portratar-sede interpretações no território do sensível, o que nos dizem os astros forçou a separação cada vez maior entre os que se dedicam à leitura do céu para fins científicos por meio da astronomia e aqueles que

identificam o comportamento humano influenciado pelo movimento dos planetas e das constelações.

É uma grande jornada ainda longe do fim, ou melhor, sem fim. Mas de uma coisa é certa: a Terra é redonda e só é plana para os charlatões e aqueles que ignoram o processo civilizatório que poderá transformar a Terra, o planeta em que vivemos, no Reino de Deus como desejava Jesus Cristo, seu enviado.

Tanto que na principal oração que é base do cristianismo, Cristo acentuava no Pai Nosso que “ vem a nós o vosso Reino” , ou seja, que seja implantado este reino onde vivemos por meio do amor ao próximo e o respeito às diferenças, a formação de uma sociedade de comuns em direitos e deveres, mas sempre enfática no amor e no respeito, pois aquele que for livre de pecados que atire a primeira pedra.

Não há em nenhuma das traduções da oração do palestino Cristo, o Pai Nosso, menção a “irmos de encontro ao Reino de Deus” , mas sim de este reino vir a nós por meio dos nossos atos e do nosso convívio com o outro e com a natureza ao redor. Com sua sensibilidade aguçada, o compositor Sérgio de Britto Álvares Affonso, da banda Titãs, sintetiza essa visão do Cristo que nos sugere viver mais e em harmonia, pois “Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não

trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vosvestirá muito maisa vós, homens de pequena fé?” :

Epitáfio

Deviateramadomais

Terchoradomais

TervistooSolnascer

Deviaterarriscadomais

Eatéerradomais

Terfeitooqueeuqueriafazer

Queriateraceitado

Aspessoascomoelassão

Cadaumsabeaalegria

Eadorquetraznocoração

Oacasovaimeproteger

Enquantoeuandardistraído

EDITORA OLYMPIA

Oacasovaimeproteger

Enquantoeuandar

Deviatercomplicadomenos

Trabalhadomenos

TervistooSolsepôr

Deviatermeimportadomenos

Comproblemaspequenos

Termorridodeamor

Queriateraceitado

Avidacomoelaé

Acadaumcabealegrias

Eatristezaquevier

Oacasovaimeproteger

Enquantoeuandardistraído

Oacasovaimeproteger

Enquantoeuandar

Deviatercomplicadomenos

Trabalhadomenos

TervistooSolsepôr

Para encerrar, nos cabe ressaltar que a Editora Olympia tem imenso orgulho em, por meio destas antologias, abrir caminho para novos e premiados autores que, com seus textos, enfatizam a importância desta jornada universal por meio do conhecimento, da leitura e da escrita, da interpretação dos sinais que nos enviam o universo.

Boa leitura, boa viagem.

Todos os signos sofrem de amor

Todos os dias, incansavelmente, alvorecia o Sol. Incansavelmente, todos os dias era preciso levantar-se da cama. Com o pé esquerdo, e não por motivo de má sorte: somente o inesgotável fato de que havia nascido canhoto.

Porém, bem como todo o conjunto de sua vida, a história de usar principalmente a mão esquerda, enquanto agora despia a roupa de dormir, possuía uma ressalva. Até os trinta anos, ele imaginava-se destro e fazia tudo como alguémdestro.Demorou a perceber que continuamente afrontava a própria natureza canhota para agradar a maioria.

Típico de seu signo, querer ser amigo de todo mundo do jeito errado. Embora, a princípio, tivesseusadoamãodireitaparanão irritarsuamãe que, sendo professora, havia-lhe ensinado ler e escrever antes de seu ingresso no ensino fundamental. O restante deu-se por lembrete de qual lado deveria segurar o lápis.

Agora, aos trinta anos, finalmente podia assumir que era canhoto. Escolheu com cuidado suas peças de roupa para o dia. Apesar de não possuir nenhum lugar em especial para sair, gostava de

ficar bem arrumado em casa, ainda mais no dia de sábado.

Uma vez que arrumou sua cama e calçou um par de tênis clinicamente brancos, encaminhou-se ao banheiro, onde realizou sua higiene matinal e penteou os cabelos ruivo-escuros. Depois, apresentou-se à área comum da casa, desejando um “bom dia” tímido a quem encontrou, a mãe e a irmã, sentadas à mesa para o desjejum. Havia frutas, pães, café e suco, mas nada ao seu agrado. Especificamente, gostava pela manhã de um pão francês prensado com uma fatia de queijo derretido e um fio de azeite, que se pôs ao preparo.

“A sua tia,” a mãe dele falava à irmã mais atrás “reclama que o genro tem pernas curtas. Tem pernas curtas, mas ganha quinze mil reais por mês.”

Após despejar um fio de azeite no pão delicadamente preparado, com sua mão canhota um pouco trêmula, foi doloroso dar-se conta de que ele possuía pernas longas e parecia terminantemente desempregado, desde que havia pedido demissão de seu último emprego. Portanto preferiu não se juntar às duas na mesa. Ficou no balcão da cozinha mesmo, comendo enquanto a conversa prosseguia sobre o perfil de marido que a mãe esperava para sua irmã mais nova. Ele terminou de comer e saiu

sorrateiramente pela porta da cozinha à uma cadeira ao lado defora da casa, ondesentou-seem um silêncio constrangedor.

Fazia algum tempo que se havia tornado pessoa demasiada difícil. Provavelmente, a mãe nem pretendesse atacá-lo, mas era verdade, e uma verdade dolorosa. Ele não passava de um imprestável, contando os seus dias naquela casa.

Queria morrer, e pensando nisso, acendeu um cigarro que achou no bolso. Gostava de fumar quando se lembrava da morte, como um tipo de rito. Ninguém poderia dizer-lhe que aqueles cigarros acabariam tirando sua vida inconsequentemente, sendo um gesto tão premeditado, de requintada paciência em sentarse para pouco a pouco tragar seu desejado fim.

O cão Dionísio veio acompanhá-lo, deitando-se no chão mais adiante, mas ainda assim distante. Era o animal de estimação do pai dele, embora a princípio ele tivesse comprado para si próprio. Aconteceu que um preferiu ao outro, e agora meramente, tinham aqueles momentos, entre um cigarro ou outro.

“Sabe, Dionísio,” disse ele soltando uma baforada de fumaça no ar “a vida é um culto ou ao passado ou ao futuro. Você pode viver pelo seu próprio passado, e isso é vaidade. Até viver preso aos piores traumas não passa de vaidade. Você pode

viver pelo passado dos seus contemporâneos, e isso é objetividade. Como seguir uma receita para o sucesso de alguém que enriqueceu. E, é claro, você pode viver pelo passado de quem não vive mais e entrou para a história. O que poderia ser definido como uma espécie de religião.”

Apósuma brevepausa maníaca,eletornoua sugar o cigarro e outra vez soprou a fumaça. Riu e enfim continuou seu monólogo com o cão Dionísio:

“O passado é a árvore da vida. E o futuro, ah, o futuro é onde mora a morte, só. Eu nasci com o rabo virado para o futuro. É coisa de influência dos astros. Você sabe, coisas do meu signo. Ou melhor, o que você sabe?”

Maria sim, geminiana, valia a pena lembrar-se. Memória leve e enjoativa como a maresia, que verde condensava num olhar, num brilho no rosto de sorrisos flutuantes. Vinha como ao som de harpa, como musa carregada nas nuvens do céu azul, em pele de bronze com o cabelo ventando.

Primeiro envaidecia, namorado tanto tempo de moça faceira. Depois objetivamente, só para ver como tudo se havia perdido. Mas aí, as coisas ficavam um poco mais profundas.

O passado também era cheio de futuros mal remendados, e um deles era Maria, Maria com quem havia adiado o noivado porque não se considerava um bom futuro para ela. No final

estava certo. Não era bom futuro nem para si mesmo. Mas o dissabor da dúvida sobre o que poderia ter sido ainda amargava a boca.

Ora, quem pretendia ao casamento não visava nenhum futuro, futuro pertencia a um mundo de ilusões de gente solteira, que ainda não se formou nafaculdade.Casamentosignificavaenterrar-se.O futuro estava matando o futuro!

E assim, era em religião que lembrar-se de Maria terminava, em penitência, em jejum, em confissões desinteressantes a seus diários intermináveis, em promessas de nunca mais, em reza. Ele sufocou um gemido e secou uma lágrima. Procurando o cinzeiro que costumava deixar por ali, apagou o cigarro, exatamente como havia feito depois de consumir aquela memória desgastante.

Tão cedo na manhã, o dia prometia.

“A solidão é uma arte, Dionísio, e como um bom artista, vou tentar vender a minha na praia.”

Por isso, levantou-se e foi-se, ver o seu aquário chamado mar.

Horóscopo: amores místicos

Apesar de já ter completado trinta e dois anos, Laura ainda mantem umhábito que costuma fazer todas as manhãs ao acordar: ler o horóscopo. Não há nada e nem ninguém na face da Terra que a faça abandonar este costume que adotou desde os doze anos de idade. Ler o horóscopo, portanto, se tornou algo tão natural para ela a tal ponto de acreditar em tudo o que lia! E começou a fazer coisasabsurdastambém como, porexemplo, só se relacionar com homens de signos compatíveis com o dela!

Se os caras não fossem de Gêmeos, Sagitário, Leão ou Aquário, ela perdia logo o interesse. Não fazia nem questão de conhecer. Se fossem virginianos, corria para bem longe deles! Afinal, não havia signo do Zodíaco mais incompatível com o de Libra do que Virgem – metódico, inflexivelmente realista — e nada romântico — o pesadelo de toda e qualquer pessoa libriana!

Laura queria encontrar o parceiro ideal, que fosse compatível com ela em tudo (ou pelo menos quase tudo). Será que era demais pedir por algo assim? Ela se questionava.

Nos aplicativos de namoro, a primeira informação que buscava era a do signo e quando o específico dado não constava no perfil, era uma das primeiras coisas que perguntava na conversa. As amigas falavam o tempo inteiro de que ela estava perdendo a oportunidade de conhecer caras muito bacanas por conta de uma crendice tão boba e infantil. Ela era grata pela preocupação das amigas, mas não dava a mínima para o que diziam comrelaçãoaestaquestão.Elajá sofreumuito por amor e alguns relacionamentos do passado deram errado justamente por não ter seguido as orientações do horóscopo.

A primeira ilusão amorosa aconteceu quando ela tinha dezesseis anos. Gustavo, o seu primeiro namorado, a traiu com sua melhor amiga da escola. Após um ano de namoro, ela finalmente tinha decidido que ele seria o cara com quem ela perderia a virgindade, entretanto, descobriu que ele e Nathália estavam transando já algum tempo. Uma dupla traição. Algumas amigas em comum também sabiam do rolo entre os dois, mas decidiram manter em segredo e encobrir o feito. Ficaram do lado de Nathália, mesmo ela tendo se aproveitado da confiança da própria amiga para roubar seu namorado. Laura se sentiu traída por todos. Decidiu romper relações com várias pessoas naquela época e procurou fazer novas

amizades. Nunca mais falou com Gustavo ou Nathália. Ele é taurino.

Dois anos depois, ela conheceu o Breno na faculdade de arquitetura. Tiveram uma conexão muito forte e após três meses ficando, decidiram namorar.Elefoi a primeira pessoa com quem teve relação sexual aos dezenove anos de idade. Uma experiência incrível! Como ela demorou tanto tempo para descobrir o quanto transar era bom demais! O problema era que mesmo namorando, ele queria continuar vivendo uma vida de solteiro. Com o tempo, Laura se cansou disso e terminou o namoro para não ter que ficar disputando a atenção e o tempo dele com os amigos. Se Breno não a valorizava, outro cara o faria. Ele é canceriano.

Após um período estando solteira, curtinho em alta com os amigos nas baladas, barzinhos e paquerando muito, Laura conheceu o Roberto. Foram apresentados por um amigo em comum da faculdade. Ela estava quase finalizando o curso de Arquitetura e ele o de Engenharia Civil na Federal. Foi paixão à primeira vista. Eles saíram diversas vezes, se divertiram muito e transaram bastante também. O melhor sexo que ela já tivera até então. Não que tivesse tido muitos, mas o encaixe era perfeito. Contudo, ao fim do último

semestre, ele desapareceu e nunca mais deu notícias. Soube por terceiros que ele tinha voltado para o interior em que morava assim que se formou. Covarde, não teve nem a decência de se despedir! Ele é capricorniano.

Por fim, já com seus vinte e três anos, conheceu o Danilo, formado em Relações Públicas. Ele era seis anos mais velho do que ela. Namoraram por quatro anos e viveram muita coisa juntos. Ela aprendeu e amadureceu tanto ao lado dele, era grata por isso. Estavam muito felizes e tinham planos para o futuro. Entretanto, ele recebeu uma proposta de trabalho irrecusável para trabalhar numa grande empresa multinacional. A questão era que ele teria que morar um ano fora, nos Estados Unidos, em Nova Iorque. Esta notícia a abalou inicialmente, mas ela sabia que não poderia impedir que ele fosse, afinal, era uma oportunidade incrível que ele não poderia deixar de aceitar.

Os primeiros meses foram difíceis por conta da saudade que um sentia do outro, mas com o tempo foram se acostumando com a ausência. Trocavam mensagens pelo whatsApp diariamente e se falavam por vídeo-chamada ou ligação toda noite. Com o passar do tempo, no entanto, as ligações foram ficando escassas e Danilo mais

distante e disperso nas conversas, mas ele dizia que estava muito ocupado e atarefado com o trabalho. Não tinha tempo para ficarem se falando com tanta frequência durante a semana.

Ele não sabia, mas Laura faria uma visita surpresa para eleno fimdaqueleano para passaremoNatal eoRéveillonjuntos.Quandoavisou,umdiaantes, que estaria viajando para encontrá-lo, ele deu a notícia de que tinha se apaixonado por outra pessoa e que estavam juntos há quatro meses. Porém, ele não sabia como contar para ela e foi deixando esta tarefa para depois. O mundo de Laura desabou naquele instante. Após dois minutos em completo silêncio, chorou que nem uma criança. Danilo pediu desculpas pela traição, mas disse que ela merecia alguém melhor do que ele e desejava que ela fosse feliz com outro. Ele é pisciano.

Por um breve momento, Laura pensou em cancelar a viagem, mas a mãe dela convenceu a jovem a viajar. A filha não poderia perder todo o dinheiro que gastou e mesmo podendo alterar a data das passagens, aquele seria o jeito ideal de superar o término. Dona Helena e uma prima muito próxima de Laura se juntaram a ela na viagem e fizeram de tudo para que se divertisse e distraísse a mente. Não deu muito certo, pois o

rompimento era muito recente. Ele tinha sido a razão pela qual ela decidiu viajar e em vários lugares por onde passou, ela se pegou pensando como teria sido se eles estivessem ali, juntos. Contudo, Laurafezo possívelpara afastar osmaus pensamentos e curtir aquela viagem.

Quando retornou ao Brasil, Laura estava decidida a mudar sua postura com relação aos homens. Ela seria mais seletiva e não se deixaria enganar tão facilmente por promessas vazias e falsas juras de amor.Foi quando decidiuqueseguiria a risca tudo o que o horóscopo falava para que a sua vida amorosa mudasse para melhor. Afinal, estava cansada de relacionamentos malsucedidos e fracassados.

Dos vinte e oito anos aos trinta e dois, ela só se envolveu com caras dos signos de Gêmeos, Sagitário, Leão, Aquário, Libra ou Áries (signo que complementa o dela). Porém, nada que durasse por muito tempo. Apenas pequenos rolos com data de expiração rápida. Ela protegeu o coração de modo que ninguém mais adentrou, pois estava muito bem blindado. A verdade é que Laura nunca mais teve um dissabor amoroso, mas também não viveu grandes emoções (ela não se permitia). Os sentimentos estavam adormecidos. Aliás, já fazia tempo que não sabia mais como era

verdadeiramente amar alguém. Parece que tinha desaprendido a amar.

Por outro lado, a vida profissional de Laura estava indo maravilhosamente bem. Ela era muito boa no que fazia e se destacava bastante no meio em que trabalhava. A empresa estava crescendo e já tinha dois sócios, três contando com ela. Todos bem entrosados, engajados com os projetos e com muita vontade de crescer profissionalmente. Ganhava muito bem, o suficiente para pagar as contas e viajar pelo mundo. Numa dessas viagens, conheceu o Saulo em Barcelona. Um brasileiro que também estava a passeio com alguns amigos. Conheceram-se em um barzinho e passaram a noite inteira conversando. Ele se encantou com a beleza e a personalidade de Laura.

A conversa fluiu de tal maneira que conversaram sobre vários assuntos e quando se deram conta, tinham se passado três horas num piscar de olhos. Ele não resistiu ao charme daquela mulher tão linda e interessante e a beijou. Um beijo intenso e gostoso, ela jamais esqueceria. Saulo não queria que a noite terminasse para que pudessem ficar conversando e trocando beijos e carícias por mais algumas horas. Ele, então, pediu o número de celular dela e a convidou para que se encontrassem novamente no dia seguinte. Ela

aceitou sem pestanejar. Nem ela mesma estava acreditando no que estava fazendo!

Ao total, eles passaram três dias juntos em Barcelona. Conheceu todos os amigos dele e se juntou ao grupo que era composto por sete pessoas (dois casais e três solteiros). Saulo era um dos solteiros, na verdade, estava divorciado há dois anos. Um curitibano de quarenta anos, pai de uma menina de quinze anos. Um fisioterapeuta apaixonado pelo que faz há dezoito anos. Em pouco tempo ela já sabia algumas informações básicas sobre a vida dele. Passaram momentos muito agradáveis e tiveram uma conexão que há muito tempo não sentia. Finalmente, estava se sentindo viva por dentro.

No último dia, ela o convidou para dormir no quarto de hotel em que estava hospedada. Laura ficou com receio de que ele recusasse o convite por estar na companhia dos amigos, mas ela não queria perder a oportunidade de ter um momento mais íntimo com ele. Afinal, aquele encontro foi muito especial para ela e talvez, eles nunca mais se vissem. A finitude daquele encontro também estava tornando tudo ainda mais excitante, empolgante e prazeroso para ela que não sentia algo assim faz tempo. Para a felicidade de Laura, Sauloaceitouoconviteeambostiveramumanoite

maravilhosa na cama. Ela estava se sentindo plena demais.

Ao despertar no dia seguinte, ela ficou contemplando a beleza daquele homem de barba robusta, cabelos castanhos claros e olhos azuis por alguns minutos. Enquanto isso, ficou imaginando de qual signo ele era. Será que era de gêmeos? Afinal era bem socialecomunicativo.Será queera sagitariano? Este signo gosta de viver novas aventuras, além de ser muito divertido. Ou será que era leonino? Saulo soube esbanjar carisma, brilho próprio echarmepara seduzi-la emquestão de minutos. Ele tinha uma intensidade no olhar que a fez estremecer em diversos momentos e a delirar com pensamentos picantes.

Tomaram o café da manhã no hotel juntos e antes de se despedirem, ela não resistiu e perguntou de qual signo ele era. Saulo sorriu e ficou sem entender direito o porquê daquela pergunta aleatória.

—Quer dizer que você é uma dessas pessoas que acredita em astrologia?

—Digamos que sim. Fiquei muito curiosa para saber, mas estou com receio de ouvir a resposta.

—- Vai mudar alguma coisa entre nós se eu disser de qual signo eu sou?

Não, nada mudaria o que vivemos juntos nestes três últimos dias.

Então, deixa o mistério da vida continuar lhe surpreendendo.

Daquele dia em diante, Laura compreendeu que a astrologia não passava de uma pseudociência que estuda os signos dos zodíacos, proporcionando informações sobre as personalidades e relações humanas. A arte de adivinhar o futuro pelos astros, porém, não era uma verdade absoluta. Apenas um guia místico que dá um direcionamento até determinado ponto, pois o destino cada um faz o seu.

Que bom seria se o dia de hoje jamais tivesse existido

Carlos Henrique dos Santos

Terminou de beber o café enquanto aguardava o aplicativo atualizar. Deu uma conferida no aquário, apagou a luz e bateu a porta justo no momento em que o celular acendeu dando por encerrada a tarefa de atualização. Enquanto aguardava o elevador começou a ler: “Horóscopo do dia 1 de fevereiro: Conciliar vidaprivadae social se revela desafiador coma Lua nosetor íntimo,demandandocapacidadediplomáticaede ajuste.”Hum, ajustes diplomáticos, sei... “Procure revisarsuasmetaseseaprimorarperanteavida. No amor, a rotina afetiva pede por uma repaginação constante devido às diferenças pessoaisquepodemsesobressair.Entendaqueo que deve ser priorizado é o modo sereno de resolverquaisquersituaçõesadversas.”

Repaginar? Será que devo entender isso como um “fim, acabou, melhor partir para outra?” Enquanto pensava ela caminhava em direção ao estacionamento. Lembrou que deveria passar no cartório naquela tarde e isso a entediou. Não gostava de quando fatos do seu passado invadiam o presente e a lembrança dos anos que viveu no

orfanato a enchiam de mal humor, por isso, à mensagem da “tia” Maria, ex-diretora do Recanto

Infantil, dizendo que o cartório ligara avisando que a nova certidão de nascimento estava pronta para retirada a partir da tarde do próximo dia, respondeu um “o.k.” com má vontade.

Na rádio as notícias sobre a passagem do asteroide viam intercaladascomasmúsicas.Não sabia oque era pior: se a ínfima probabilidade de colisão com aTerra(algoaindamenordoquesuasjápequenas chances de ganhar na loteria e nunca mais pensar em emprego) ou o modo banal e até mesmo infantil como o fato em si era noticiado, fazendo parecer que a possibilidade do fim do mundo não passava de um quadro num programa idiota de humor.

Nessas horas ela, além de irritada, contestava a ideia de que os piscianos são emotivos e altruístas. Sentia-se como alguém com zero comiseração e isso não a deixava com nenhum resquício de culpa. Pelo contrário, via-se como uma pessoa centrada e equilibrada a ponto de não se deixar levar por emoções. Nem mesmo as piores memórias da sua infância, marcada pela solidão, os silêncios da biblioteca e as conversas com as outras meninas, cada vez mais desesperançosas à medida em que o tempo passava e nenhuma família a adotava, a afetavam negativamente.

Entendeu aos poucos que menos pode ser mais, ou seja, se tinha menos companhia lhe sobrava mais tempo. Se havia menos saídas esporádicas para fins de semana com famílias em processo de adoção, mais ela poderia se dedicar a estudar, aproveitando os momentos solitários para ler. E foi assim que ela usou a seu favor o que poderia ser visto como pontos negativos.

Estudou, se formou, conseguiu um emprego, depois outro, foi aprovada num concurso e quando deu por si o orfanato e a ausência de família eram como um quadro pintado em tons pastéis escondido nos porões da memória.

O dia na escola transcorreu sem maiores problemas. Como era início de ano e os alunos ainda não haviam retornado, cabia aos docentes apenas se reunirem e planejarem ações e atividades para o novo ano letivo. Nessas reuniões ela mais ouvia do que falava, anotava as recomendações e se deixava guiar pelos mais experientes enquanto elaboravam planos de curso em grupos. Na saída decidiu almoçar no Centro da cidade, assim ficaria mais perto do cartório.

Passou antes numa livraria, comprou o novo Guia completodeastrologia:umdiálogoessencialcom o seu eu interior e parou para tomar um café enquanto folheava a obra. Enquanto lia que “a exploração de múltiplas perspectivas e crenças

permitemconcluirquecomopontonegativodos piscianosencontra-seaausênciadeassertividadee certasdificuldadesnoestabelecimentodelimites” ela se remexia na cadeira e balançava a cabeça em sinal de total discordância com aquilo. Já começando a se arrepender da compra ela fechou o livro e deixou a atenção se concentrar na música que tocava. Uma melodia suave a deixou mais tranquila. Dirigiu-se ao caixa quando a música chegou ao fim e deu espaço para a voz irritante do apresentador informando que não havia mais riscos do encontro entre o planeta Terra e o asteroide. Este acabava de ter sua rota desviada por algum fator físico difícil de entender que constava de um boletim divulgado há poucos instantes pela NASA.

Respondeu ao comentário sobre o assunto da moça do caixa com um sorriso sem graça, pagou e foi embora.

Após o almoço não quis mais perder tempo e foi direto ao cartório. Preferia resolver o quanto antes suas pendências burocráticas. Aguardou mais do que gostaria na fila até ser direcionada ao setor responsável pelo seu documento. Pensou em aproveitar a espera para ler um pouco mais do seu Guia, porém lembrou da irritação que o pequeno trecho lido antes causou e desistiu. Abriu o App e deu uma espiada nas últimas atualizações referentes ao seu signo. Esse era um hábito com o qual vinha brigando ultimamente, já que não

queria sedeixar levar demaispor especulações,no entanto era difícil se controlar, principalmente ao ler trechos como os que atribuíam aos piscianos um traço imaginativo, alguém que faz da imaginação uma: “(...)eficazferramentadefuga doreal,sendoumdossignosdoZodíacomais criativos.Quandoelaboraoseumundointerior,o piscianochegaaoseurefúgio,poisénafugada realidade que ele se faz capaz de deixar os problemasparatrás,fugindodetudoaoadentrar nomundodaimaginação...” .

Ouviu o som emitido pelo painel, olhou e viu que era sua vez de ser atendida. Informou os dados solicitados, entregou os documentos pedidos e aguardou mais um pouco enquanto a jovem que a atendia se retirou. A expressão “mundo da imaginação” ouvida de uma criança que esperava sentada ao lado de uma idosa a fez sorrir. Assim estava quando recebeu das mãos da jovem sua certidão de nascimento. Porém sua expressão foi gradativamente se alterando à medida em que ouvia a atendente dizer:

— Senhora,queiramedesculparpelademoraem entregarseudocumento, maséquenóstivemos que fazer uma alteração nele. Como a data de nascimentodooriginalestavabastantedanificada, impedindomesmodesaberqualera oprimeiro númerodoseumêsdenascimento,foinecessário

entrarmos em contato com o cartório onde a senhorafoiregistradaparatirarmosadúvida.

Enquanto ouvia ela ia assentindo com a cabeça, ora afirmativamente, ora negativamente, e o tempo todo seus lábios tremiam levemente, como se fosse chorar:

— Porissoaquió(eajovemapontavanacertidão antiga)naverdadeeraonúmeroumenãozero: 12/12éoseunascimentocorretoenão12/02.O quepareciaum zero cortadoera mesmo o um.

Sorriumeiosemgraça aopercebero efeitoque suaspalavrashaviamcausado.

Enquanto caminhava até o terminal rodoviário foi invadida por uma estranha sensação de tristeza. No ônibusatéemcasa não foi diferente e ao longo da noite era esse era o sentimento com o qual ela precisava lidar. Um estranhamento consigo mesma a abalava a ponto de ver-se chorando sem motivo aparente enquanto escovava os dentes. Ao sentar-se frente à tv não conseguia ainda acreditar que todo esse tempo ela esteve de certa forma enganada sobre si mesma. Sentia como se tivesse vivido uma vida que, percebia agora, parecia não ser a dela, tudo porque suas crenças e convicções em seu mapa astral, que tanto direcionavam sua existência, principalmente nos momentos mais tensos, agora se mostravam totalmente descabidos.

Desde a adolescência que lia regularmente sobre seu signo, que buscava nos astros uma orientação.

E agora, sorria incrédula, ela descobre que é tudo mentira, que ao invés de peixes é capricórnio o seu verdadeiro signo. É quando ouve o apresentador dando detalhes sobre a mudança de destino do asteroide, então sorri pensando que o mundo não acabou e isso desperta nela um novo ânimo mas acredita que bom mesmo seria se o dia de hoje jamais tivesse existido.

O tempo e as estrelas

Em um mundo bem diferente do nosso, havia um reino chamado Cruvinel, onde as pessoas viviam em harmonia com a natureza, com muita paz e prosperidade. Elas cultuavam as estrelas e buscavam extrair forças magicas derivadas das constelações, nesse reino havia uma bondosa rainha chamada Clara Cruvinel. Além de rainha, ela era ocultista e buscava ter emseu reino pessoas que fossem alinhadas às suas crenças pacificas, como o seu braço direito, o primeiro mago Caleb, mestra da magia do tempo, meia idade, com barba longa e sempre com um chapéu pontudo (que todos acreditavam ser para esconder sua calvície.

Caleb tinha uma grande afinidade com a constelação de Touro, que por sua ligação com a constelação da força e da persistência lhe proporcionou a romper o tempo, criando um pingente em formato da constelação como fonte de energia para manipular o passado, presente e futuro, acelerando o tempo de plantações para maior fartura entre outras formas discretas que não corressem o risco de romper o continuo tempo-espaço. Apesar de sua aparência inocente easvezestola,Caleberapoderosoemuitosoutros

reinos cobiçavam ter acesso ao seu poder para reverter a história e se tornarem os soberanos.

Entre esses reinos que ameaçavam o equilíbrio, estava o reino de Albatroz, governado pelo tirano rei Estevam Albatroz, com sua altura de dois metros, pele pálida e cabelos dourados e encaracolados, fazendo curvas semelhantes aos chifres de um bode, o rei era protegido pelo sombrio poder de Áries, que todos diziam ser a constelação mais sombria, por sua semelhança ao próprio nome de Ares, o Deus da guerra.

Como todos os anos o reino de Cruvinel fazia o famoso festival do pavão, quando a constelação de Pavo mais brilhava no céu, com muitos desfiles e convidados de todas as regiões, Caleb que não conseguia dispensar a chance de comer o máximo que pudesse, era presença constante no festival e aproveitando-se dessa brecha, Estevam mandou um grupo de mercenários disfarçados de artistas e comerciantes para sequestrar Caleb, o que foi facilmente feito, usando comida com veneno para sono.

O que se pôde ver naquele dia, era um grande contraste ao fim da noite entre os gritos festivos no reino Cruvinel e os gritos de dor de Caleb enquanto era torturado por Estevam pessoalmente, enquanto tentava convencê-lo a entregar o segredo da magia do tempo, com a

crueldade que só um inferno astral poderia causar a um protegido pela constelação de touro.

Enquanto isso, no outro dia Clara chamou duas das melhores guerreiras do reino para liderar a missão de ir ao reino inimigo, Thais era uma jovem valente e inteligente, de cabelos enrolados na altura do ombro e pele negra. Ela era protegida pela constelação de virgem e seu poder vinha de uma espada de prata com um quartzo rosa, presente de Caleb para canalizar melhor a magia e sabedoria da constelação protetora. Junto dela iria Nathalia, uma guerreira com muitas tatuagens pelo corpo e sempre com seu arco pronto para acertar os inimigos com a mais milimétrica precisão e dons de escudo e cura, conhecida por aqueles que tem a constelação de Sagitário como suaprotetora.Suapeleerabrancaeseucabeloliso chegava nas costas. As duas não tinham muita ligação, exceto a afinidade com o mago Caleb.

Naquela manhã, ambas saíram em cavalos, enquanto os olhos azuis de Clara brilhavam abençoando a jornada de suas protegidas, seu primeiro desafio era o deserto de leão um lugar árido e quente, onde viviam feras selvagens e armadilhas mortais. Nathalia tinha um tom mais aventureiro e alegre na maior parte do tempo e tentou puxar assunto com Thais, que a princípio estava focada demais na missão e tinha medo de se distrair dois perigos. Porém o excesso de foco

em ir ao destino deixou a cavaleira pouco atenta a sua volta e quando passavam por uma grande duna de areia, não percebeu um leão de jubas flamejantes que saltou em sua direção, sendo atingido em cheio por uma flecha de água conjurada pela arqueira que lhe acompanhava.

—Aqua Flash! — gritou Nathalia, fazendo uma imensa flecha perfurar o corpo do leão e ao mesmo tempo apagar as chamas de sua juba — Você está bem? Sei que está preocupada, mas foco em excesso também pode ser prejudicial.

—Ah, que bom que você viu ele ! — Suspirou aliviada Eu sei, e você tem razão, é que você sabe, o Caleb é meio inocente demais. Com toda certeza ele está sofrendo nesse momento. Mas ela mal teve tempo de acabar sua frase e viram uma manada de elefantes zumbis em sua direção com o terrível cheiro de carne apodrecida e suas vísceras pendendo para fora do corpo. —Bem, acho que agora a agitação vai começar de verdade.

O caminho pelo deserto levou a tarde toda, e as guerreiras tentaram ao máximo não conjurar técnicas que gastasse sua energia mágica, ainda que a pele grossa dos animais exigisse que elas precisassem muitas vezes deslizar suas espadas para cortar suas peles e no caso de animais como os elefantes, nada pudesse ser usado para alimentação, ficaram felizes ao durante a noite conseguirem um pouco de paz e com isso montarem acampamento.

Sabe, eu só espero que ele esteja resistindo, apesar de tudo e que a gente consiga chegar lá rápido, tenho uma flecha com o nome deEstevam escrita já disse Nathalia, literalmente mostrando a flecha.

—Acho que ele sabe se virar, não me surpreenderia se ele começasse a fazer tantos trocadilhosparatentarsuavizarador datorturaaté que o rei o mandasse embora. Isso causou as risadas de ambas que sabiam que aquilo era possível que acontecesse, dado o humor questionável do feiticeiro do tempo.

Namanhãseguinte,osolmalhavialevadoembora as estrelas e ainda era possível ver a lua no céu, quando ambas partiram mais uma vez em direção a uma vegetação completamente diferente, pois como magia das estrelas, ao fim do deserto escaldante havia uma elevação que conduzia aos montes degelados de Capricórnio, uma região montanhosa e com imensos pinheiros, na qual muitos se aventuravam na época do Natal para conseguir as melhores árvores. Dizem que, com sorte,aindaerapossívellevarumaárvoreondeum Gatolomeu estivesse morando e com isso, conseguir sete pedidos mágicos. Essas criaturas que pareciam felinos humanizados, concebiam 7 desejos a quem os capturassem (mesmo que os desejos pudessem ser interpretado de forma errada pelos bichos).

Eu deveria ter trazido alguma roupa mais fria disse Thais timidamente fazendo uma pausa Mas não queria peso demais no meu cavalo.

Ao olhar para o lado viuquesua companheira não conseguia prestar atenção pois estava tremendo enquanto os cavalos pareciam ter cada vez mais preguiça de seguir pelo caminho que ia ficando mais inclinado.

—Não é à toa que esse rei tem poucos amigos, construir um castelo tão próximo de montanhas como essa, apesar de ser uma boa estratégia de proteção também, já que isso faz com que menos pessoas tenham coragem de se meter com eles. Responde a outra enquanto tenta se balançar para passar o frio.

—Sabe, eu nunca entendi bem a relação sua e do Caleb, vocês são um casal – pergunta Thais.

—Na verdade somos, mas nos também nos permitimos amar outras pessoas, se existem tão numerosas constelações no céu, acreditamos que possamos ter amores grandes a ponto de se expandirem a outras pessoas — responde Nathalia sorrindo e deixando sua companheira de jornada pensativa.

As montanhas de capricórnio nem sempre tinham gelo epara sorte dasduas,naquela época o frio era

grande, mas não tanto quanto poderia ter sido, claro que isso tinha um outro efeito negativo, os seres mais perigosos da região não estavam hibernando. Eram chamados de capritauros por serem semelhantes a minotauros, mas com cabeça de cabras e serem capazes de usar mágica. Eles não eram nada amigáveis, com raras exceções e geralmente usavam imensas espadas ou machados bumerangue para atacar suas vítimas e foi exatamente um desses machados que derrubou uma arvore na frente das guerreiras, forçando o início do combate.

Após a queda do grande pinheiro, Thais jurou ter visto um Gatolomeu correndo com três filhotes, além de um machado imenso, com pontas vermelhas e uma aço negro espelhado e um cabo feito de maneira rústica com galhos de árvore, logo se ouviu os berros de um bando com no mínimo quinze capritauros, que avançavam em direção asguerreira.Pelaproximidadeda maioria, Thais teve que agir primeiro retirando as espadas da bainha preta com adornosdouradose exibindo sua lâmina laranja com sigilos mágicos por todo seucorpo, elasalta para oalto, virando sedeponta cabeça e no ar solta seu ataque mágico.

— Onda Térmica — grita a garota enquanto sua espada faz um círculo flamejante em volta das duas, servindo como ataque e defesa.

Bem pensado responde Nathalia enquanto Thais desce suavemente sobre seu cavalo mais

uma vez – Agora é a minha vez – diz ela enquanto coloca quatro flechas de uma vez em seu arco entoando palavras mágicas, ao atirar para cima, as quatro flechas se multiplicam atingindo alguns dos animais, que ainda seguem em direção a elas, como se estivessem cegos de fúria.

À medida que o número aumenta e as guerreiras começam a se cansar, logo veem uma figura caminhando vagarosamente em sua direção, um sátiro de um metro e sessenta e cinco com cabelos e pele negras e um violão na mão começa a tocar uma melodia que ordenava ao bando se afastarem, deixando as heroínas soltas.

Prazer, meu nome é Lucas, sou o protetor dessas terras e fui informado por um grupo de Gatolomeus que vocês estavam em perigo, para chegar ao seu destino, basta continuarem por mais cerca de duas horas. Ah, e quando virem o Caleb, digam que ele me deve uma visita, aquele demônio! — De forma súbita como ao aparecer, o sátiro toca mais alguns acordes e desaparece na neve,deixandoasduasamigassementenderoque aconteceu, mas com a certeza que era um bardo.

Seguindo as instruções de Lucas, logo as duas estavam diante do castelo. Nathalia usou um feitiço de invisibilidade para que pudessem descer

deixar os animais em segurança e avançar de formadiscreta.Ocasteloéenormeemaltura,feito com pedras em tons marrons sem grandes preocupações com simetria, mas tinha apenas duas torres, o que não era muito comum para castelos da época. Porém era fácil de entender o motivo, o castelo tinha uma grande área abaixo da terra, possivelmente seguindo até parte do interior da montanha.

— Vamos, seu maldito mago! Me dê logo o poder da magia do tempo! – gritava o rei enquanto cortava Caleb com sua espada, mas assim que o corteerafeito,elesecurava. Vamos,seumaldito mago! Me dê logo o poder da magia do tempo!Gritava o rei, repetindo a ação várias vezes, as vezes se queixando da regeneração de Caleb. Quando as duas guerreiras entraram na sala de tortura e veem Caleb ensanguentado, apesar dos cortes estarem fechados, percebem que parecia que quanto mais tentavam se aproximar, mas ficam distantes, como se voltassem para a porta, o que se repetiu algumas vezes.

O rei Estevam já estava cansado quando Caleb olhou em direção as amigas e disse — Bem, acho que agora já posso desativar, o loop temporal.Assim que essas palavras foram ditas, o rei viu sua espada ser retira da sua mão por Thais, enquanto Nathalia o prendia na parede com três flechas e corria para soltar seu amado. — Vocês

demoraram, no primeiro dia eu estava sendo realmente torturado, quando me deram brecha, eu lancei um feitiço de loop temporal e por sorte, esse idiota é tão cego pelo poder, que não viu que estava preso dentro dele mesmo. Enquanto achava que me torturava, estávamos repetindo o mesmo corte, várias e várias vezes.

Ao ouvir isso, o rei ficou se sentiu envergonhado por sua ingenuidade enquanto fora amarrado por uma corrente mágica criada por Caleb — Bem, agora como vamos embora? – Pergunta o feiticeiro Viemos nos cavalos, foram quase três dias ao todo, se não fosse pelo sátiro Lucas, teria sido mais. – Disse Nathalia ao mago, que rebateu mais uma vez perguntando Ah, uma hora vocês precisam conhecer o Lucas melhor, é um ótimo bardo e foi colega meu no colégio, acho que lhe devo uma visita a uns quatro anos — disse Caleb pensativo- Mas espera, vocês vieram andando? Por que não ativaram as asas dos animais? Teria sido bem mais rápido.

Quando saíram mais uma vez invisíveis e tendo amordaçado o rei da nação inimiga, Caleb mostrou as guerreiras que elas estavam com dois cavalos alados e bastava dar alguns tapas na bunda deles que eles liberavam suas asas, o que fez a viagem de volta durar menos de três horas, sem os desafiosterrestres. Caleb, por quenunca contou isso sobre os nossos cavalos, sabe que ninguém

usa eles com asas no exército né? Perguntou Thais em tom irritado, enquanto o mago com sua a cara lavada de quem esquece algo de extrema importância responde Pensei que todos soubessem – levando um cascudo da guerreira que veio lhe resgatar. — Seu mago estranho, preciso saber mais segredos, faz tempo que não vamos a uma taverna colocar a fofoca em dia. — Conclui Thais, enquanto Nathalia prende o rei Estevam no cavalo dela.

Logo que chegam ao castelo da terra Cruvinel, os olhos azuis de Clara, parecem ainda mais brilhantes e seu sorriso com um ar de deboche de quem esperava a nos prender aquele homemBem-vindo Caleb, e ainda mais bem vindo você, maldito Albatroz! Sua estádia aqui vai ser bastante longa. Pedro, Arthur, levem ele para a masmorra! — E assim os dois soldados fizeram enquanto o Estevam berrava – Logo minha família vira para derrubar esse reino estupido, os Albatroz são os verdadeiros donos dessa terra!

E, assim, provavelmente, vá acontecer, mas naquela noite estava reservava uma festa em homenagem ao mago e honras especiais as guerreiras que o trouxeram de volta ao reino Cruvinel, os próximos conflitos? Bem, estes são preocupações para outro bardo narrar, e queiram as constelações que a prosperidade continue naquele reino.

Metamorfose

Em toda sala de aula em uma escola no Brasil, existe 5 tipos de aluno:

“O queridinho CDF”, e na minha escola é o Davi.

“O do Fundão”, conhecido aqui como Gustavo e sua turma.

“A própria papelaria”, chamada Gabriela.

“A militante”, seu nome é Amanda.

E por fim, “A louca dos signos”, que não havia na minha sala.

No 1º colegial da outra sala tinha uma, chamada Raissa, mas ela só usava suas habilidades para inventar desculpas quando precisava humilhar alguém. Ela já destruiu a tarefa de um garoto só porque o coitado era de Escorpião, porém todos sabem que era inveja.

Prazer, eu sou Maísa, e sou a única daqui que não possuo ocupação...

Tenho QI de uma barata sem cabeça.

Sou azarada demais para ser do fundão.

Não sei formar duas frases sem engasgar para militar.

E não tenho nem 2 reais para um salgado, quem dirá uma caneta colorida.

Mas eu sou alguém que todos querem por perto, afinal, eu me dou bem com todos na escola, até mesmo com a diretora.

Bom dia, Maísa disse a diretora Fernanda passando por mim cortou o cabelo?

— Bom dia! Cortei 3 dedinhos.

Ficou linda! Boa aula e toma cuidado com o Gustavo.

— Bom trabalho — respondi sorrindo.

Viram? Eu posso não ser ninguém, mas isso me faz ser alguém. Confusos? Imaginem as altas discussões que faço com o professor de filosofia.

— Em que sala? — disse um garoto passando do meu lado.

— Lá no 1º ano A! — respondeu seu amigo correndo.

O que esses saquinhos de bala querem na minha turma? Olhei para o bebedouro de vi meu amigo mais novo, Mateus do 9º ano C. Loiro natural e que vinha com camisa de futebol todo santo dia.

Fio! Vem cá.

Quer dinheiro para o salgado? Você me deve do mês passado inteiro! — respondeu se aproximando.

— Calado, calopsita! Vou pagar mês que vem, já falei! — Aproximeide seu ouvido — Ficousabendo de algo da minha turma? Uma briga... ou novidade... o Davi tirou um 5 e surtou?

Ah! Não ficou sabendo? Balancei a cabeça negando A menina nova da sua turma. Estão dizendo que ela sabe feitiçaria.

Peguei Mateus pelo braço e corremos até a minha sala, que parecia uma feira com promoção no quilo do Kiwi.Não davapara entrar semempurrar um ao outro, mas mesmo assim entramos, e fiquei de frente a frente com a tal da feiticeira.

Você é a bruxa? perguntei vendo um sorriso surgir dos seus lábios.

— Sou sim, e você deve ser... — fechou os olhos e pegou 3 cartas do baralho — afrontosa, elegante e M..., você é leonina e seu nome deve ser Maria... não! Maísa.

Releinomeupescoçoparaverseeuestavausando minha corrente de latão com meu nome, entretanto, não havia nada.

Você poderia mandar essa galera sair da nossa sala? pedi afastando uns garotos do 6º ano da altura da minha bunda.

— Pessoal... depois eu prometo atender um por um — pediu com uma voz doce, para mim, era voz de rapariga dando o golpe do baú. A sala ficou mais vazia que escola nas férias —, é um prazer estudar aqui, Maísa. Vocês brasileiros possuem uma energia... — inspirou profundamente — mágica!

— Só sinto cheiro de amaciante — falei depois de cheirar profundamente.

É... tudo bem? falou Mateus ficando do meu lado Sou Mateus... pisciano, conhecido como amor da sua vida arregalei os olhos.

— Mateus? — Dei um peteleco em sua testa — Se toca! Você é 2 anos mais novo que ela.

Está tudo bem, gostaria de ler seu futuro? perguntou sentando à mesa.

— Só se ele mostrar a gente passando nossa lua de mel no estádio do Rio — disse sentando, e eu tive uma vontade de puxar a cadeira e fazê-lo passar vergonha.

Algo cheirava mal nessa “feiticeira”, e não era seu amaciante.

Antes de começar, eu sou Mégara. Aprendi feitiçaria astrológica e taróloga na Argentina, mas eu sou Brasileira.

— Mégara? Que nome...

—Maravilhoso! — disse Mateus me interrompendo, eu queria dizer “macabro”.

A bruxa pediu para Mateus colocar seu polegar em uma carta, ficando suas digitais, em seguida a embaralhou no baralho e tirou 3 cartas. Uma foice, um castelo e uma bússola, Mateus tremeu quando viu a bússola.

— A foice combinada com o estádio significa que você será ferido ou que sua esperança irá morrer em algum lugar ou momento que você sempre sonhou.Abússola remete ao seulado pisciano,ou seja, sofrerá dias, meses, anos ou décadas pela perca, masquando a areia acabar, terá a chance de voltar com seu sonho.

Mateus se levantou com os olhos arregalados e saiu da sala com a cabeça baixa. Seu único sonho é jogar futebol, seus pais dizem que ele aprendeu a chutar uma bola deitado antes mesmo de saber engatinhar.

— Gostaria de ler seu futuro? — perguntou pegando minha mão e a colocando em uma carta idêntica à que usou na digital do meu amigo.

Não... neguei tirando sua mão do meu braço eu preciso ver como Mateus está.

O recreio já havia terminado e ainda não consegui encontrar Mateus. Achei um pouco estranho ter tão pouca pessoa no pátio durante do intervalo, eu contei 80 crianças de 400.

Eu sabia onde ele estava, mas o lugar normalmente era vigiado por um inspetor, e entre toda a escola, ele fazia parte dos 6 que não gostam de mim. Não é nada pessoal, esse inspetor detesta até mesmo sua família, o único que ele deixa atravessar são os garotos que jogam futebol, e como Mateus não tira aquela roupa, ele passava quando bem entendia.

Nesse lugar havia um lago, e meu amigo amava resmungar olhando a água cair. Sabe... coisa de homem de não conseguir mostrar seus sentimentos para outros homens.

Andei até o local onde fica a passagem para o lago e... pela primeira vez não havia ninguém.

Inspetor...? perguntei olhando para os lados.

Havia no chão roupas idênticas as usadas pelos funcionários e entre elas um jarro de barro com água.

Abri o portão após pegar as chaves na roupa largada no chão e corri até a direção do lago, mas nenhum sinal de Mateus. Sentei perto da água

para pensar, onde que esse garoto se meteu? Enquanto refletia, avistei um peixe aproximando da beirada do lago.

— A escola colocou um peixe, Mateus iria amar — falei aproximando meu rosto, e o peixe pulou na minha face. Assustada, caí dentro da lagoa e escutei uma voz fina, porém nostálgica.

— Maísa! Socorro! Glub Glub... — olhei para o peixe e vi sua boca se mexer.

Ma... Ma... Mateus! gritei pegando o peixe na mão Que merda é essa?

— Do nada eu comecei a encolher e... me joguei no lago! Eu virei... um peixe? — perguntou se jogando no lago novamente.

Assenti com a cabeça e peguei o peixe nas mãos.

— Diga para Mégara... que se ela quiser eu posso ser o peixinho dourado que ela nunca sonhou em ter! — falou em lágrimas, ou talvez aquilo era só água da lagoa suja.

Mégara... peixe... signo... Isso tem o dedo daquela bruxa! Eu sabia que ela encrenqueira falei colocando Mateus na água cuidado para não ser comido por...seilá...umtubarão ou águia. Eu vou lá acabar com o reinado da Circe do mercadão.

Corri pelo caminho de volta e quase desisti ao passar pelo portão e ver um rio de escorpiões pretos pelo caminho, mas segui em frente quando todos me olharam e abriram uma pequena passagem para eu passar. Eu devo ter pisado em alguns... só uns 20... 27, tudo bem, eu piquei em uns 50.

Quando cheguei no pátio, minha vontade era de colocar um chapéu e tocar um berrante.

— E agora? — resmunguei boquiaberta.

Estava repleto de leões e leoas, carneiros, touros e escorpiões nas paredes. O bebedouro lotado com peixes tentando ficar em água e em vários pedaços, havia estátuas com algumas pessoas segurando um arco e outras que também eram estátuas, mas tinham duas cabeças.

Vários animais se aproximaram, mas um se destacou.

Maísa! Era um cavalo, e aquela voz era do Davi.

— Davi, por que você é um cavalo? — Saber daquilo era irrelevante no momento, mas eu sou curiosa e sei que não existe um signo de cavalo.

Meu pai é brasileiro e minha mãe chinesa, eu nasci na China e lá tem o Ano do Cavalo relinchou o que te faz ainda ser humana?

Foiafeiticeira! faleietodososanimaisfizeram barulho.

— Claro! A maldita digital — disse o cavalo.

— Preciso de ajuda para pegar aquelas cartas de volta, alguém sabe onde ela está?

Eu a vi entrando e trancando a porta da nossa sala, Maísa disseumdoscarneiros, era Amanda, a militante.

— Amanda! Você por acaso viu o Gustavo? A marra dele de garoto do fundão cairia bem agora.

Olhei na direção na qual o carneiro andou e vi uma estátua segurando um arco do formato de Gustavo.

— Péssimodiaparasersagitário — faleipisandoem um escorpião — ou um inseto.

— Escorpiões são artrópodes — relinchou.

— Cala a boca, Davi! Preciso que você quebre a porta, o resto eu resolvo mandei e prendi meu cabelo. Eu posso não ser literalmente uma leoa como algumas do meu lado direito, mas eu tenho a fúria de uma legítima... rainha da selva.

Davi deu um coice na porta e ela voou para o outro lado da sala, primeira vez eu agradeço a falta de verba por não trocar as portas cheia de traça.

Sua bruxa! falei a vendo segurando sua bolsa Mégara... está mais para uma bruxa megera! Aquelas que comiam crianças.

— O que foi, Maísa? Não gostou da fazenda? — disse com uma voz aguda e lábios debochados.

— Transforme meus amigos de volta, ou eu vou chamar as leoas.

Inocente, pobre e ingênua leonina! Seu signo é um dos mais amados e atrevidos, mas não é um dos mais inteligentes. Os leões lá fora estão morrendo de medo, eles acham que eu posso pegar uma varinha mágica e transformá-los em gatinhos gargalhou está sozinha, Maísa! Sorri enquanto soltava meu cabelo.

A única leoa que eu vou chamar, vai ser a que está aqui. E seu nome é Maísa gritei correndo até a bruxa. Dei um tapa na sua cara e ela puxou meu cabelo volta para floresta! dei um chute em sua barriga e acertei nas costas com uma cadeira.

— Floresta? Eu moro em condomínio! — gritou colocando sua bolsa no chão — A Metamorfose é uma arte ancestral da minha família... eu roubo a essência, e posso me transformar em qualquer animal mágico, e advinha qual é o meu preferido?

— perguntou pegando uma carta do seu bolso e colocando sua digital.

Um... gato preto? falei na sinceridade, mas ela pareceu não gostar.

— Não! Um Animal dos 12 signos chineses, um dragão — derepente,seucorposetransformouem um animal voador com o corpo esticado.

— Ferrou... — peguei a mochila e a carta que Mégara acabara de usar e corri para fora da sala que desabava e subi no Davi — isso é estranho — , e subi no cavalo.

O dragão correu atrás de nós quebrando as paredes e deixando os animais aflitos. Alguns faziam barreiras com o corpo para proteger as estátuas e vasos com água pela escola, sem querer, enquanto via se tinha alguém ferido, deixei uma carta cair da bolsa da bruxa dentro de um dos vasos, e logo em seguida, vi um touro se transformando em um garoto do 3º colegial infelizmente, estava nu e cru.

— Davi, pegue essa mochila e jogue em um vaso sanitário — falei colocando a bolsa em sua boca e ele correu em outra direção.

Maísa... sua covarde disse o dragão muito perto de mim, mas eu já estava perto de onde eu queria estar. No lago.

Quando cheguei lá, olhei para o dragão acima e me amedrontei.

Encurralada, inocente leonina falou o dragão aproximando sua cabeça fedida perto de mim.

— Que merda é essa? — falou Mateus atrás, agora transformado em um humano.

— Sua esposa — respondi com um tom sarcástico.

Como! Como cancelou a metamorfose? perguntou soltando fumaça pelas narinas.

Peguei a carta que Mégara usou do bolso e com a outra mão segurei o dedo de Mateus.

Deve ter comprado esse baralho na 1,99 perto do Bar do Antônio. Água tira a digital, e graças ao Davi, todos voltaram! Quem não é inteligente agora?

O dragão girou no céu e começou a cair na minha direção, então peguei o dedo de Mateus e coloquei sua digital na carta de Mégara.

— Eu não quero virar peixe novamente! — gritou Mateus desesperado.

Você não, mas ela vai o dragão encolheu aos poucos até cair no lago, virando um peixe.

— Como... sabia disso? — perguntou Mateus olhando sua fuura esposa com nadadeiras.

Intuição falei usando como desculpa a minha pura sorte.

Mateus relou no meu ombro e percebeu que estava nu, então virou para o outro lado.

— Obrigado, Maísa... não precisa pagar o lanche — falou sem me olhar.

— Sabe, Mateus... pode acreditar em signo, eu tambémacredito,masnuncadeixedesorrirouaté mesmo de chorar, se isso foi o que te deixa feliz. Siga seus sonhos, o que somos sem a esperança em realizar nossos desejos?

Pode deixar, filósofa.

Olhei para Mégara mais uma vez, minha turma pode não ser completa por não ter a louca dos signos, mas pelo menos temos alguém que nenhuma outra turma tem...

Eu... afinal, quem é mais incrível do que eu? Desculpa a ignorância... ...coisa de leonina, sabe?

Tatuagem de escorpião

Detuner Jaques

Paulo nasceu no dia oito de novembro de 1969, portanto do signo de escorpião. Ele não sabe qual o ascendente, muito menoso descendente.Eleaté procurou na internet, mas desistiu pois não quis gastar nessa descoberta, ainda que ele, é bem curioso.

Pelo menos, Paulo sabe que é o oitavo signo do zodíaco, quepertenceao elemento água eéregido por Plutão.

Tem várias características, como misterioso, intenso, persistente, amoroso, entre outros, mas o que Paulo acha que mais se idêntica, é a vingança. Mas calma, ele não é do mal, até porque ele também leu, que o escorpiano é misterioso e sedutor, que está sempre flertando mesmo sem perceber – ele começa a lembrar de várias situações, e realmente dá uma risadinha contida, discreta, mesmo que esteja sozinho em casa.

Paulo no decorrer da vida, começou a gostar tanto de ser de escorpião, que desejou muito ter uma tatuagem do seu “espetacular signo”. Mas essa vontade começou a despertar mais ainda, quando já estava noivo. Sua noiva sempre foi contra ele, a

usar brinco, piercing, cabelos compridos, e tatuagem, então, nem em sonho.

Paulo então deixou seu sonho num cantinho do seu coração, na esperança de um dia, ainda que num futuro distante, sua companheira consentisse com o seu desejo.

Pois bem, o tempo passou, eles se casaram e tiveram uma filha, uma gatinha e uma cachorrinha. Família maravilhosa, parecendo propaganda de café da manhã, com margarina, mas no fundo, Paulo ainda nutria o desejo da tatuagem.

Paulo agora, se aproximava dos seus cinquenta anos e fez uma lista de presentes que queria ganhar: bonequinhos e/ou revistas em quadrinhos da Marvel ou da DC, um celular novo (qualquer um com mais memória), anel ou pulseiras (sua esposa não era contra esses acessórios), uma camiseta do internacional, ou qualquer coisa, pois não era exigente.

No dia do seu aniversário, como era tradição, a sua filha o acordava muito cedo da manhã, perto das seis da manhã, e junto com a mãe cantavam parabéns para o agora, cinquentenário.

Paulo, mesmo meio zonzo de sono, abriu seu sorriso de sempre ele sempre foi e ainda é uma pessoa muito bem humorada, independente do dia, horário, tempo ... e curtiu o carinho da sua

família. Sua filha também colocou sobre a cama, a gata Stephanie e a cachorra Scarlet, para todos compartilharem aquele momento.

O aniversariante recebeu uma caixa, onde tinha um tênis (apesar de não ter pedido na lista, estava precisando), também recebeu um cartão feito pela sua filha.Aliás, receber um cartão dela, sempre foi o melhor presente para ele. A criatividade dos enfeiteis e principalmente das palavras da filha, o deixam muito emocionado e ele chora.

A propósito Paulo chora por tudo. Chorou na primeira festinha da filha na escolinha, nas propagandas que passam na TV sobre o Natal, chora pelas suas bichinhas de estimação, enfim esse é o Paulo.

Depois de ler, soluçando e chorando o cartão, sua esposa lhe entrega outra caixinha pequena. Ele abre e tem um adesivo com um signo de escorpião. Ele então fala:

— Que legal posso colar no vidro do carro.

Mas sua esposa diz para virar o adesivo, que está escrito vale uma tatuagem.

Ele, ainda meio sem entender nada fala: Boa essa brincadeira, de vale tatuagem. É aquelas do tipo henna?

Sua filha cai na gargalhada e sua esposa sorri e diz suavemente:

— Paulo isso é umvale tatuagemreal, para tufazer.

O homem volta a chorar e agradece, dizendo que não estava esperando esse presente. Ele então abraça as gurias, enquanto chora.

Nos dias seguintes, a ideia é achar algum tatuador indicado por alguém tatuado, obviamente, mas também com um valor não tão “salgado”. Então ele encontra o tatuador, e manda para ele, o desenho de escorpião que ele quer.

No dia do encontro, para sua enorme surpresa, o tatuador foi o mesmo ex-colega de aula, do segundo grau (hoje conhecido como ensino médio), o qual deu uma surra em Paulo, num dia ao final de uma aula. Por muito tempo, Paulo nutriuseudesejo devingança pelo, entãotatuador, pensando em devolver a surra que levou ou até fazer algo pior.

O tatuador, não reconheceu Paulo e o cumprimentou com muita simpatia acompanhado de um forte abraço.

Paulo sentiu seu sangue subir, relembrando a surra que levou, mas quase que imediatamente lembrou do carinho da sua família, lhe dando o presente que sempre sonhou, e então sorriu para o tatuador.

A tatuagem ficou linda, no antebraço direito, medindo uns treze centímetros de comprimento.

Paulo pensou em lembrar ao seu tatuador, que fora o mesmo que o havia surrado muito, mas desistiu e foi para casa voando, para mostrar sua marca na pele.

Durante o caminho agradeceu a Deus, por ter ajudado na sua atitude, de deixar a vingança para o passado, e ter a certeza de que devemos viver o presente com muito amor e paz no coração.

Malulinha e o mapa astral

Sou aquariano, com Mercúrio e Vênus em Aquário, ou seja, o típico aquariano. Por conta disso, confesso que estava preocupado com a chegada de uma virginiana na família, justamente a minha filha, Maria Luiza, a Malu, que eu apenas chamo de Malulinha. Por isso, recorri à expertise do meu grande amigo Francisco Seabra, a quem sempre chamo de Meu Guru.

Astrólogo de renome internacional, o Francisco me tranquilizou, pois disse que a Malu iria me ensinar a ser mais organizado. Aliás, mais organizado é modo de dizer, já que eu nem organizado sou. Tanto é que a minha mulher, a famosa Dona Irene, vive me dando broncas porque deixo as coisas espalhadas por todo o apartamento.

Pois bem, a minha filha é virginiana, com ascendente em Sagitário, Lua em Áries na casa 5. É óbvio que não entendo muito bem de astrologia e, provavelmente, você, que está me lendo, também não. Então, para encurtar a história, o meu amigo me disse que a Malulinha tem o

coração quente como a cabeça de palitos de fósforo, ou seja, será muito namoradeira. Que seja! O mundo precisa mesmo de amor!

Outra questão apontada no mapa astral da Maria Luizaéemrelaçãoaotrabalho.OMeuGuru disse que ela será do tipo perfeccionista e excelente profissional, com capacidade para ciência e tudo o que é lógico e racional. O que não entendi é que ele me falou que a minha filha irá puxar essa gana por trabalho de mim e da minha esposa. Que a Dona Irene é trabalhadora, isso bem sei. No entanto, apesar de trabalhar muito, o meu sonho sempre foi passar a vida em frente à praia.

Além desse lado trabalhador, a Malulinha também terá um temperamento artístico, já que Vênus,astroligadoaoamoreàbeleza,seencontra no resplandecente signo de Leão. Adorei esse ponto, já que adoro artes. Provavelmente iremos nos dar muito bem por conta disso.

Criar filhos é, afinal, um grande aprendizado. Ainda hoje me pego em conflitos com as minhas filhas maiores. A Ana Maria, a quem só chamo de Ninica, por exemplo, é ariana, o que nos coloca em confronto algumas vezes. Todavia, ela tem o ascendente em Peixes, algo que nos une que nem unha e carne. Já a do meio, a Mariana, que só chamo de Torresminho, é aquariana com

ascendente em Leão. A Dona Irene? Bem, ela é Capricórnio com ascendente em Peixes.

Conviver com a diversidade é algo fantástico. Tanto é que a minha esposa é de Teresina, enquanto as minhas duas primeiras filhas e eu nascemos no Rio. Isso, aliás, foi uma questão levantada pelasminhas herdeiras, quetentaram de tudo para que a irmãzinha também fosse carioca.

Que nada, nasceu gaúcha, a primeira da família em 103 anos. E viva a diversidade!

Celestial união: Sob o Céu dos

Signos, a Jornada Mágica dos Amigos Cancerianos

Jean Javarini

Sob o céu estrelado, onde as constelações desenhavam histórias antigas e mitológicas, um grupo de cancerianos se reunia em um centro astrológico para explorar as profundezas do zodíaco. No mês lunar dedicado ao signo de Câncer, a energia emocionalmente sensível dos presentes preenchia o ambiente. Um astrólogo experiente, conhecido por suas habilidades intuitivas, guiava o grupo através das complexidades do mapa astral canceriano. Entre eles, um escritor de horóscopo tomava notas, preparando-se para traduzir as influências celestiais em palavras que acariciariam a alma dos leitores. O consultor de relacionamentos astrológicos compartilhava suas percepções sobre a natureza protetora e empática dos cancerianos.

Eles têm a incrível capacidade de se conectar profundamente com suas famílias e entes queridos. Comentou ele, enquanto todos refletiam sobre as qualidades que tornavam os cancerianostãoespeciais.Oinstrutor deastrologia

destacou a influência da lua, regente do signo, na personalidade e comportamento dos cancerianos.

— Assim como as fases da lua, os cancerianos podem ser reservados em algumas épocas e extrovertidos em outras, tudo depende do ambiente e da confiança que cultivam com o tempo. Explicou ele.

Enquanto o grupo explorava as constelações associadas a Câncer, o astrólogo mencionou a ligação do signo com a nostalgia e as memórias do passado.

Os cancerianos têm um apego profundo às suas casas, buscando conforto e segurança em ambientes familiares, observou, enquanto todos compartilhavam histórias sobre suas próprias casas e memórias afetivas.

A designer de joias astrológicas presente no grupo inspirou-se na imaginação criativa dos cancerianos para criar peças únicas que capturavam a essência emotiva do signo. Enquanto isso, um cuidador nato entre eles expressava sua lealdade e instinto natural de cuidar e nutrir os outros. Em um canto da sala, um reservado canceriano, inicialmente relutante em se abrir, encontrou conforto na atmosfera acolhedora do centro astrológico.

É incrível como a energia deste lugar me faz sentir em casa. Comentou ele, revelando um lado mais extrovertido de sua personalidade.

A feira astrológica realizada naquele dia contou com um planetário que cativou a imaginação de todos. Sob o brilho das estrelas artificiais, o grupo compartilhou histórias românticas e adaptáveis sobre como os cancerianos enfrentavam os desafios da vida. No final do encontro, enquanto a lua iluminava o céu, eles se dispersaram pela livraria esotérica próxima, ansiosos para explorar mais sobre sua jornada sob o céu dos signos. Cada um levou consigo um pouco da magia do zodíaco, prometendo retornar àquele lugar de conhecimento e conexão celestial.

No dia seguinte, o grupo de entusiastas decidiu visitar uma loja de cristais conhecida por suas pedras preciosas associadas aos signos do zodíaco. Ali, sob o brilho de ametistas e quartzo rosa, eles se maravilharam com a variedade de cristais que ressoavam com a energia canceriana. A terapeuta holística entre eles sugeriu uma meditação com cristais para aprofundar a conexão emocionalmente sensível dos cancerianos com as energias ao seu redor. Enquanto seguravam pedras relacionadas à lua e à água, cada um sentiu uma sensação de calma e paz interior. Durante a tarde, o grupo decidiu explorar um jardim botânico próximo, onde elementos astrológicos eram incorporados ao design. O cenário era uma representação viva das características de Câncer, com áreas aconchegantes e flores delicadas que evocavam a imaginação e a nostalgia. Enquanto

passeavam pelo jardim, o consultor de negócios baseado emastrologiacompartilhou insightssobre como os cancerianos, cautelosos por natureza, podem prosperar ao adaptar-se às mudanças quando necessário.

— Assim como as plantas se adaptam às estações, os cancerianos podem florescer mesmo em situações desafiadoras. Explicou ele.

Ao anoitecer, o grupo decidiu encerrar o dia em um planetário, onde uma apresentação sobre as constelações gregas e seus mitos fascinou a todos. A ligação do signo de Câncer com o caranguejo, um ser mitológico grego, trouxe à tona discussões sobre como a astrologia se entrelaça com narrativas antigas. Antes de se despedirem, o escritor de livros astrológicos propôs uma última reflexão sobre a natureza romântica dos cancerianos.

Eles veem o mundo através de uma lente emocional, buscando conexões profundas e experiências significativas. Resumiu ele.

O grupo, agora unido por laços de amizade e entendimento astrológico, prometeu se encontrar novamentena próxima feira astrológica.Sobocéu dos signos, eles perceberam que, assim como as constelações em constante movimento, a jornada dos cancerianos é marcada por uma incrível

capacidade de se adaptar, nutrir e amar sob o abraço celestial do zodíaco.

À medida que as semanas passavam, o grupo de amigos aficionados por astrologia continuava sua jornada sob o céu dos signos. Decidiram explorar um centro astrológico renomado que oferecia workshops mais aprofundados sobre os mistérios do zodíaco. Lá, encontraram um instrutor que os cativou com sua paixão pela astronomia epela rica história dos signos. O consultor de relacionamentos astrológicos, inspirado pelo ambiente do centro, decidiu organizar um evento especial dedicado aos cancerianos. A feira astrológica anunciava consultas individuais, leituras de mapa astral e até mesmo um espaço para os participantes compartilharem suas próprias experiências emocionais e memórias afetivas. Durante o evento, a designer de joias astrológicas apresentou uma nova coleção inspirada nas constelações associadas ao signo de Câncer. Suascriações capturaram a imaginação de todos, refletindo a sensibilidade e a criatividade inerentes aos cancerianos. Enquanto isso, o cuidador do grupo, movido pela lealdade característica dos cancerianos, organizou uma surpresa tocante para todos. Em um momento especial durante a feira, homenageou cada membro do grupo, destacando suas qualidades únicas e expressando gratidão pela união que haviam formado. Ao final do evento, o grupo

decidiu estender a celebração em uma livraria esotérica próxima. O escritor de livros astrológicos, inspirado pelo dia cheio de eventos, começou a esboçar um novo projeto literário que exploraria as nuances emocionais e espirituais dos cancerianos. Em uma noite estrelada, decidiram visitar umplanetário queoferecia uma experiência única de imersão nasconstelações. Sob o falso céu noturno, sentiram-se conectados não apenas aos elementos celestiais, mas também uns aos outros, formando uma verdadeiraconstelaçãodeamizade e compreensão. A jornada sob o céu dos signos continuava, e o grupo de amigos cancerianos descobriu que, além das características astrológicas, era o apoio mútuo e a aceitação que tornavam a experiência tão enriquecedora. Cada um, à sua maneira, contribuía para a sinfonia cósmica que se desenrolava em suas vidas, sob o abraço caloroso do zodíaco.

À medida que o grupo de amigos cancerianos avançava em sua jornada sob o céu dos signos, decidiram explorar novos horizontes. Receberam um convite para participar de um evento astrológico em uma cidade distante, onde um renomado astrólogo compartilharia insights exclusivos sobre os mistérios do zodíaco. Empolgados com a ideia de expandir seus conhecimentos, embarcaram em uma viagem cheia de expectativas. No evento, o astrólogo destacou a importância das constelações na

formação da personalidade, e o grupo absorveu cada palavra como uma pérola de sabedoria.

Durante a feira astrológica que se seguiu, encontraram novas lojas de cristais, cada uma oferecendo pedras preciosas associadas ao signo de Câncer. A terapeuta holística entre eles sugeriu uma meditação coletiva no final do dia, utilizando os cristais para intensificar a conexão emocional e espiritual que compartilhavam. O consultor de negócios baseado em astrologia aproveitou a oportunidade para organizar uma mesa redonda sobre a adaptabilidade dos cancerianos diante das mudanças. O evento foi um sucesso, com participantes compartilhando histórias inspiradoras de superação e crescimento pessoal. Enquanto o grupo explorava o local, descobriram um novo planetário com uma apresentação fascinante sobre as constelações gregas. Em um momento de contemplação, todos se lembraram dajornadaquehaviamtrilhadojuntos,eadesigner dejoiasastrológicaspresenteoucada umcom uma peça única como símbolo da amizade celestial que compartilhavam. À medida que o último dia do evento se desenrolava, o escritor de livros astrológicos compartilhou com o grupo uma ideia empolgante: criar um livro colaborativo sobre suas experiências sob o céu dos signos, destacando não apenas as características de Câncer, mas também a magia única de sua jornada. Com a promessa de um novo capítulo em suas vidas astrológicas, o grupo de amigos cancerianos retornou para casa,

levando consigo não apenas conhecimento e experiências, mas também a certeza de que, sob o céu dos signos, a amizade verdadeira pode florescer como as constelações que iluminam a noite escura. Unidos por laços cósmicos, continuaram a explorar os mistérios do zodíaco, sabendo que, independentemente das mudanças celestiais, sua conexão era eterna. Assim, sob o brilho das estrelas, encerraram um capítulo, ansiosos pelo próximo ciclo de descobertas sob o mágico céu dos signos.

Sob o céu estrelado dos signos, o grupo de amigos cancerianos encerrou uma jornada repleta de descobertas e conexões. Unidos por laços cósmicos, absorveram as lições da astrologia e compartilharam experiências que transcendiam o zodíaco. Enquanto se despediam do evento astrológico, carregavam consigo não apenas lembranças do céu noturno, mas também a promessa de novos capítulos sob o abraço caloroso do zodíaco. Unidos pela amizade e pela magia celestial, sabiam que, independente das constelações, sua jornada continuaria a brilhar, guiada pelas estrelas que marcavam o caminho de suas vidas.

Assim, sob o eterno céu dos signos, o grupo de amigos cancerianos encerrou sua jornada, levando consigo a certeza de que, enquanto as estrelas continuassemadançar,suaamizadepermaneceria

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como uma constelação imutável no vasto universo do zodíaco.

Sob o olhar

de

Leandra: a jornada celestial dos signos na selva da vida

Sob os céus estrelados dos signos, a leonina Leandra era conhecida como a rainha da selva. Seu signo de Leão não apenas definia sua personalidade, mas inspirava respeito e admiração entre os outros animais do reino. Numa noite repleta de luas e astros antigos, Leandra reuniu os outros signos para uma celebração esotérica, onde frutas exóticas e o brilho dos corpos celestes se mesclavam em uma dança harmoniosa. Comentários sobre a leoa majestosa e suas habilidades astrológicas ecoavam entre as constelações. Sua intuição, protetora como a mãe de uma grande família de felinos, tornava-a uma consultora procurada para assuntos delicados e sentimentais. Leandra era conhecida por suas capacidades empáticas e pela habilidade de recordar até mesmo a menor parte da memória passada. Apegada às suas casas confortáveis na selva, cada canto refletia a nostalgia de tempos felizes e de um reino próspero sob o domínio da leonina rainha. A leoa, intuitiva e criativa, era cautelosa ao se aventurar em ambientes

desconhecidos. No entanto, quando confiava, revelava uma extroversão rara, iluminando os lugares mais sombrios com sua presença magnética. Entre as constelações, Leandra era uma figura reservada, escolhendo cuidadosamente em quem confiar. Sua lealdade à sua família era inabalável, e ela desempenhava o papel de cuidadora com graciosidade e força. Ao relacionar-se com outros animais, Leandra podia sentir até o menor suspiro de preocupação. Seu dom de evitar criticar e, ao invés disso, inspirar com gestosromânticoseafetuosos, a transformava em uma líder querida e respeitada. Além de suas habilidades na selva, Leandra era uma astróloga respeitada, uma escritora de livros esotéricos e uma instrutora sábia sobre os mistérios do zodíaco. Seus eventos astrológicos atraíam criaturas de todas as partes do reino, ávidas por uma visão das estrelas através dos olhos da leonina. Numa de suas explorações pelo universo esotérico, Leandra descobriu uma loja de cristais, onde encontrou pedras que ressoavam com sua natureza felina e selvagem. Com suas descobertas, ela se tornou a guardiã de um planeta místico que emanava uma energia única. Assim, sob o céu dos signos, Leandra, a leoa majestosa, reinava como uma fera incomparável, uma rainha do zodíaco cuja grandeza e majestosidade inspiravam a todos que cruzavam o seu caminho.

Em uma noite estrelada, Leandra recebeu um chamado dos astros para liderar um evento astrológico demagnitudecósmica.Sua famacomo consultora e instrutora havia ultrapassado os limites da selva, e criaturas de todos os cantos do reino se reuniram para testemunhar a sabedoria da leoa leonina. O evento astrológico revelou segredos antigos sobre as constelações e as personalidades que habitam cada signo. Leandra, com sua natureza emocionalmente sensível, guiou a todos por uma jornada através dos corredores do zodíaco, explorando os recantos mais profundos dos comportamentos e das energias celestiais. Enquanto o Sol se punha, Leandra lançou um olhar nostálgico para o horizonte. Sua memória passada, entrelaçada com as estrelas acima, trouxe à tona lembranças de vitórias e desafios que moldaram sua jornada sob os céus dos signos. Empolgada com o sucesso do evento astrológico, Leandra decidiu embarcar em uma nova empreitada: a escrita de um livro esotérico. Este seria um guia para os animais da selva e além, revelando os segredos dos planetas e das constelações de uma perspectiva única e majestosa. A leoa leonina também explorou novas lojas de cristais, buscando gemas que pudessem intensificar sua ligação com as energias celestiais. Cada pedra preciosa tornou-se um talismã, amplificando suas capacidades intuitivas e criativas, enquanto ela se tornava uma guardiã ainda mais poderosa do planeta místico que

descobrira. Numa noite de lua cheia, Leandra convocou umareunião com oslíderesdasdiversas tribos na selva. Demonstrando sua natureza cautelosa, expressou a importância de confiar na harmonia da fauna e na preservação do equilíbrio natural. Leandra, a fera majestosa, tornou-se não apenas a rainha da selva, mas também uma embaixadora do zodíaco em seu reino. Seu reinado era marcado pela lealdade, cuidado, e um toque de romance que inspirava a todos sob os céus dos signos. E assim, a leoa leonina continuou a desbravar os mistérios do universo, deixando uma trilha de estrelas cintilantes por onde passava.

Em uma noite de constelações brilhantes, Leandra, a leoa leonina, sentiu uma chamada especial dos astros. Os corpos celestes conspiraram para guiá-la até um local misterioso, onde uma loja de cristais exibia uma pedra que ressoava intensamente com sua essência: o Olho Celestial, um cristal de rara beleza e poder. Ao segurar o Olho Celestial, Leandra sentiu uma conexão profunda com energias cósmicas. Inspirada, decidiu compartilhar esse presente celestial com os habitantes de sua selva, proporcionando-lhes uma sensação de paz e equilíbrio. Empolgada com a descoberta, Leandra organizou um evento astrológico especial, onde todos os animais da selva se reuniriam para experimentar as energias do Olho Celestial. A lua cheia iluminava o local, enquanto Leandra, agora

também conhecida como a "Guardiã das Estrelas", compartilhava seus conhecimentos sobre o cristal e seus benefícios místicos. A notícia do evento espalhou-se rapidamente, atraindo criaturas de todas as partes do reino. Naquela noite, a selva tornou-se um lugar mágico, onde as constelações pareciam dançar em sincronia com os batimentos do coração da leoa leonina. Enquanto a lua lançava sua luz suave, Leandra sentiu um chamado ainda mais profundo. Uma visão de um novo planeta, oculto nos confins do espaço, revelou-se a ela. Este planeta misterioso, cujo nome ressoava como "Lunaris", era um local sagrado, guardião de segredos ancestrais que Leandra ansiava explorar. Guiada pela intuição, Leandra iniciou uma jornada rumo a Lunaris, acompanhada por um grupo seleto de animais confiáveis.Essa expedição transcenderia oslimites da selva e do próprio zodíaco, levando-os para além dos céus dos signos conhecidos. Enquanto isso, na selva, as constelações continuavam a brilhar, testemunhando o legado deixado pela leoa leonina. Seu reinado, agora marcado pelo Olho Celestial e pela promessa de Lunaris, tornou-se uma lenda que ecoaria entre as gerações futuras. Sob o céu dos signos, a magia da leoa leonina viveria para sempre.

A jornada de Leandra para Lunaris foi uma odisseia que transcendeu a compreensão da selva e dos próprios astros. O grupo encontrou

paisagens cósmicas deslumbrantes, com luas desconhecidas iluminando o caminho. Lunaris revelou-se um lugar de conhecimento ancestral, onde segredos do zodíaco eram entrelaçados com asprópriasestrelas.Guiadospelaintuiçãoleonina, Leandra e seus companheiros exploraram cada recanto de Lunaris, descobrindo salas de memórias estelares e corredores que ligavam mundos distantes. Leandra sentiu uma conexão ainda mais profunda com a vastidão do cosmos, entendendo que sua missão ia além da selva que um dia chamou de lar. Enquanto isso, na selva, a ausência da leoa leonina era sentida. Os animais, inspirados pela lenda de Leandra, mantinham viva a chama do Olho Celestial, buscando na pedra a orientaçãoea sabedoria transmitidaspela Guardiã das Estrelas. De volta a Lunaris, Leandra e seus companheiros descobriram uma revelação extraordinária: o cristal que ela segurava era, na verdade, uma chave para abrir um portal entre os mundos. Com uma decisão ponderada, Leandra escolheu retornar à selva, carregando consigo o conhecimento cósmico e a promessa de Lunaris. Ao voltar, Leandra percebeu que a selva havia mudado. Sob os céus dos signos, a lenda da leoa leonina cresceu, envolvendo a selva em uma aura de magia e mistério. Leandra compartilhou suas experiências com os animais, lembrando-os de que, assim como as constelações que adornavam o céu, eles eram parte de algo maior. O Olho Celestial, agora um símbolo venerado, tornou-se

um ponto de encontro para os animais compartilharem histórias e sabedoria. A selva transformou-se em um reino de respeito, compreensão e cooperação, guiado pelos ensinamentos da leoa leonina. E assim, sob os céus dos signos, a história de Leandra, a Guardiã das Estrelas, ecoou como uma fábula eterna. A selva floresceu em harmonia, cada animal encontrando seu papel no vasto espetáculo cósmico que se desenrolava acima. A leoa leonina havia cumprido sua missão, mas seu legado continuaria a brilhar, deixando uma marca indelével sob os céus dos signos.

E assim, Leandra, a Guardiã das Estrelas, permaneceunamemóriadaselvacomoaleoaque transcendeu os limites da própria lenda. Seu retorno trouxe uma nova era de compreensão e cooperação entre os animais, enquanto o Olho Celestial continuava a irradiar luz sobre a selva, lembrando a todos da conexão eterna entre o mundo terreno eos mistérios cósmicos. Sobo céu dos signos, a história de Leandra ecoou como um cântico celestial, inspirando gerações futuras a explorar as maravilhas do zodíaco e a abraçar a grandiosidade que reside em seus próprios corações.

Assim, sob o céu dos signos, a lenda de Leandra, a leoa leonina, permaneceu viva como um farol celestial, guiando cada jornada na selva da vida

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comapromessadeque, mesmonasmaisdistantes constelações, a magia e a sabedoria continuam a tecer os destinos dos corajosos que ousam olhar para o alto.

Entre

Deuses e Astronautas:

A Jornada Além do Zodíaco

Jefferson Machado

Os cientistas na Terra decifravam misteriosos sinais de rádio provenientes do distante planeta Gene, que orbita Alfa Centauri B. A comunidade científica estava intrigada e ansiosa para descobrir a origem desses sinais.

Diante da complexidade do enigma cósmico, os cientistas decidiram enviar uma missão espacial para investigar o planeta. A bordo da nave de exploração denominada “Celestial Voyager”, uma equipe de especialistas estava pronta para desbravar o desconhecido. A missão era liderada pelo Capitão da Nave, o Comandante Orion Steele.

A tripulação era composta pelo Engenheiro Chefe, a Tenente Valentina Forge, e pela Arqueóloga Dr.ᵃ Aurora Stellara. Cada membro era especializado em sua área, e todos compartilhavam uma animação diante da perspectiva de explorar um novo mundo.

Enquanto a Celestial Voyager se aproximava de Gene, a antecipação a bordo aumentava. O

Comandante Steele liderava com determinação, enquanto a Tenente Forge se ocupava dos aspectos técnicos e mecânicos da nave. A Dr.ᵃ Stellara, a arqueóloga, estava ansiosa para descobrir possíveis vestígios de civilizações ou fenômenos arqueológicos no planeta misterioso.

Após três anos-luz no espaço, a nave Celestial Voyager finalmente chegou ao seu destino. O trio, liderado pelo comandante Orion Steele, começou a orbitar o planeta e a analisar os sinais de rádio com mais detalhes. Decidiram aterrissar em um local estratégico próximo à fonte dos sinais.

A engenheira exclamou:

— Comandante! Estou detectando de onde está vindo os sinais de rádio.

Orion Steele questionou com interesse:

— Qual a localização?

A Dr.ᵃ Aurora Stellara tomou a frente e disse, apontando para os dados em seu monitor:

Vem de uma região abaixo da superfície, numa espécie de falésia no polo norte do planeta.

O comandante, analisando a informação, ponderou as próximas ações da missão enquanto se preparavam para pousar. A descoberta da fonte dos sinais de rádio prometia ser um momento crucial na investigação de Gene, e a tensão misturada com a excitação permeava a atmosfera da nave espacial.

A tripulação pousou com muita dificuldade, enfrentando desafios na entrada da atmosfera peculiar do planeta. Ao tocarem a parte externa, os astronautas sentiram as pedras sob seus pés, uma sensação única, destacando a aspereza do solo local.

O céu, tingido em tons azulados e esverdeados devido à composição atmosférica única, contrastava com o ambiente terrestre ao qual a tripulação estava acostumada. Era uma paisagem alienígena, mas, ao mesmo tempo, fascinante.

A equipe começou a explorar, cautelosa diante do terreno desafiador. As rochas e formações geológicas características do planeta impunham obstáculos, mas também sugeriam a presença de uma história geológica rica e intrigante.

Enquanto investigavam, eles descobriram uma abertura na terra, uma entrada para uma caverna. A abertura parecia esculpida pela ação dos

elementos ao longo de eras, sugerindo uma relação intrínseca entre a superfície e o subterrâneo. A curiosidade impulsionou o grupo a adentrar, onde esperavam encontrar respostas sobre os enigmáticos sinais de rádio e responder as perguntas do planeta.

A arqueóloga, apontava uma câmera trigonométrica para a entrada da caverna, proferindo suas observações com entusiasmo:

Cavernas como essa costumam se formar em regiões vulcânicas quando a lava endurece apenas na superfície. O fluxo continua correndo abaixo dessa crosta e, quando seca, deixa os tubos vazios por onde corre. Pelos meus cálculos, a caverna tem cerca de 20 metros de profundidade.

Enquanto prosseguiam com a exploração, a inclinação suave da caverna proporcionava vistas em constante transformação. A paisagem subterrânea, diversificada e repleta de formações rochosas intrigantes, desafiava os exploradores a cada passo.

A temperatura na caverna mantinha-se estável e moderada, um alívio bem-vindo em relação às possíveis variações térmicas no planeta. Guiados pelas explicações da Dr.ᵃ Stellara, reconhecia a importância da formação geológica única na qual

se encontravam, destacando a fascinante relação entre a inclinação suave, as características térmicas e a possível conexão com sistemas aquíferos subterrâneos. Nesse cenário alienígena, os exploradores estavam prestes a desvendar segredos enterrados nas entranhas do planeta Gene, enquanto a arqueóloga continuava a documentar cada descoberta com seu aparelho.

O Comandante Steele verificando por meio do oxímetro a quantidade de oxigênio na atmosfera da caverna, constatou níveis estáveis, ordenando que retirassem os capacetes. Quando a Tenente Valentina retirou o seu traje, ela deu uma respiração profunda, como de um alívio. Foi quando eles observaram que à sua frente havia uma câmara gigante que continha um palácio em pedra esculpida.

No fundo da caverna, o palácio se revelava como uma obra-prima arquitetônica. As paredes imponentes, sustentadas por colunas ornamentadas, criavam uma atmosfera majestosa. No coração do castelo, 12 pilares majestosos se erguiam, com a marca do zodíaco. Detalhes meticulosos capturavam desde a crina majestosa de Leão até a delicadeza das escamas de Peixes.

A iluminação suave, proveniente de minerais luminescentes nas paredes e no teto, destacava os

ícones, criando um clima mágico na câmara. Padrões celestiais adornavam as paredes, ecoando as formas dos signos do zodíaco e conectando-se harmoniosamente a constelações que se estendiam pelo teto.

No centro, um altar elevado marcava o epicentro da gruta. Sobre o altar, uma representação cósmica simbolizava a união dos signos, sugerindo uma conexão profunda com o cosmos. Os cientistas, maravilhados com a descoberta, percebiam que este antro extraordinário era um testemunho da interseção entre o conhecimento cósmico e as tradições mitológicas, proporcionando uma narrativa visual que transcendia a mera representação do zodíaco.

Na câmara do palácio, situada nas profundezas da caverna em Gene, as paredes eram uma tapeçaria viva de conhecimento ancestral. Pinturas meticulosas refletiam a influência dos sumérios, babilônios, egípcios e gregos, como se uma conexão do universo tivesse transcendido as eras.

As representações sumérias retratavam seres celestiais descendo dos céus, oferecendo ao povo local conhecimento das estrelas e emblemas celestiais. Nas cenas babilônicas, observava-se uma mescla de divindades e cientistas, sugerindo

uma sabedoria compartilhada entre o divino e o humano.

Os egípcios eram retratados com seus olhares voltados para os céus, astros e constelações, sendo cuidadosamente registrados em papiros. Pinturas ilustravam a interação direta entre deuses e faraós, onde ensinamentos celestiais eram transmitidos de entidade divina para os homens.

Os gregos, por sua vez, eram representados em meio a diálogos com seres das estrelas, como se os deuses do Olimpo tivessem desempenhado um papel crucial na transmissão de conhecimento astronômico. Hermes guiava sábios gregos em suas explorações do cosmos, enquanto outras divindades inspiravam o desenvolvimento da astrologia.

Nessas pinturas, a narrativa mística de deuses astronautas se desdobrava, sugerindo que entidades interestelares visitaram essas antigas civilizações para compartilhar a sabedoria das estrelas. Os símbolos do zodíaco eram apresentados como um legado divino, uma linguagem celestial que conectava a humanidade às estrelas e às constelações. Impactados com essa revelação, contemplavam as paredes do palácio, mergulhando nas representações de um passado onde deuses e astronautas se entrelaçavam,

deixando um legado que ecoava através dos séculos. Cada pincelada contava uma história, imortalizando a ligação entre o divino e o explorador humano que busca desvendar os mistérios do universo.

Conforme os estudiosos interagiam nas paredes do palácio, uma experiência singular se desdobrava, revelando conexões pessoais profundas e transformadoras. Cada membro sentia uma atração magnética em direção a insígnia correspondente ao seu signo do zodíaco, desencadeando uma jornada de autodescoberta e despertar de habilidades únicas.

Ao tocar o símbolo de Áries, Orion Steele, o Capitão da Nave, sentiu uma súbita onda de coragem e liderança fluindo por seu ser. Sua determinação eforça interior foramintensificadas, revelando habilidades de tomada de decisão ainda mais aguçadas.

Aengenheira chefe, ao interagir com o símbolo de Touro, experimentou um aumento em sua estabilidade e resistência. Sua habilidade em solucionar problemas técnicos tornou-se quase intuitiva, como se estivesse sintonizada com as forças fundamentais do universo.

Para Aurora, o símbolo de Libra desencadeou uma sensação de equilíbrio e harmonia. Suas habilidades de análise e diplomacia foram aprimoradas, permitindo uma compreensão mais profunda das conexões entre elementos distintos.

Conforme exploravam suas novas habilidades, ficava claro que os sinais do zodíaco eram mais do que meras representações astrológicas. Eles eram canais de poder, refletindo as características intrínsecas de cada indivíduo e desbloqueando potenciais antes adormecidos.

Eles não sabiam quem eram aqueles arquitetos do espaço, nem onde estavam, mas a partir daquele momento descobriram que os símbolos do Zodíaco eram mais que singelos sinais. Era a herança de uma civilização alienígena. A compreensão desse legado trazia uma mistura de fascínio e inquietação aos pesquisadores, que agora estavam destinados a investigar não apenas Gene, mas também os segredos deixados por uma civilização há muito esquecida.

Lucas Pereira da Silva

Celeste

Luiza! Calma! Já chego ai! abro a porta de casa Que? Mas eu tô quase na sua rua, não tem por que se estressar comigo por não chegar na hora que tu quer!

Caminho olhando para o céu estrelado, tremendo, não pelo frio. Tenho pavor de estrelas. Não gosto de pensar que existe algo tão imenso assim lá fora, é sufocante. Minha mãe dizia que, quando eu dormia em alguma área aberta, eu tinha convulsões e pesadelos.

Bato na porta da casa de Luiza. A porta colide com tudo na parede, minha amiga me olha toda corada, com os punhos cerrados.

Ah Adriana!!! Você não chegou quando eu te mandei chegar!!! Sabia que já estava tudo pronto?

Me fez esperar que nem uma otária! — entro na casa.

— Lu, a gente mora um do lado da outra, se me atrasei 2 minutos foi muito — sento no sofá e pego uma xícara de uma mesinha em frente ao sofá.

Ah que saco, tá bom Adriana! Vamos direto ao ponto! – ela respira bem fundo, soltando todo o ar de uma vez. Um barulho mais alto do que deveria sai de seus lábios.

— Pra que você me chamou aqui? — Luiza se senta

Deixa eu adivinhar! Você tá aí toda arrumada, botou até lente de contato, e olha que tu odeia lente. Isso só pode significar que tu arranjou um marido

Ela ri, e ri muito alto, uma risada digna de um Oscar.

— Essa foi muito boa! Você é uma piada Adria! –Adria? — Por agora eu não quero saber de nenhum homem.

— Então tu arrumou o que? Um ficante? — Adria? Sério?

— NÃO! Arrumei uma criança — seu tom de voz desafina de leve.

— O que? Como assim? Se tu não tá namorando e nem tem ficante, então você só engravidou de um qualquer por aí? tomo aquele café amargo e aguado.

— Não muiê! Adotei uma garotinha — se levanta.

Você querendo criança? Impossível, você era a nerdola do grupo, disse que nunca iria ter filho na vida – deixo escapar um risinho.

Luiza se aproxima da porta fechada de seu quarto

— É que sabe, esses dias vi uma mulher com uma filha, as duas sorriam tão felizes... — olha para porta por alguns segundos – Aí eu fiquei tão brava por não saber cuidar de criança, que decidi adotar uma — aperta a maçaneta. Bem forte.

E então a porta abre.

— Diz “oi” Celeste!

Uma garotinha, que deve ter uns 10 anos, sai do quarto. Seus cabelos são longos e pretos, com alguns brilhos brancos sutis. Seu rosto é bem rosado. Suas vestes são como as de uma boneca. Seus olhos são bem grandes, com um misto de azul, roxo e alguns detalhes esbranquiçados. Quando percebi, me encolhi até o final do sofá. Aquela menina... Eu tô tremendo... Mas aqueles olhos dela... São parecidos com...

Um céu estrelado.

Oi tia Adria! – Adria de novo? Minha mamãe falou que você ia dar um abração em mim! — minha respiração... Preciso respirar....

Abraço a garotinha.

Me sento no sofá novamente... Inspiro devagar...

Expiro...

Bem Adria, essa é minha filha. Ela não é linda?

Me diz se eu não sou uma mãezona?

Retomo o fôlego, acalmo a minha mão tremula.

— Muito linda mesmo... Lindíssima.

Me sento no sofá. Não me lembro de sentir minhas pernas se movendo — Obrigada...—

Obrigado tia! — desvio meu olhar do dela — Você também é bonita!

A Celeste pega um pequeno leão de brinquedo e bate ele em outros brinquedos, um caranguejo de pelúcia, um peixe, um arqueiro...

— Terra chamando Adria!!! — aquele cabelo...

Mesmo ela de costas, ainda me sinto tão...

ADRIA!!!

— Sim? — que aperto — O que foi Lu? — puxo o ar, um ar lento.

Lembra da nossa formatura? os brinquedos de Celeste voam para longe, tombam. Resta apenas uma boneca de cabelos verdes e um leão de pé.

Se lembro de quando você foi rejeitada? Com toda certeza! — ela olha para mim, esses olhos tão imensos, complexos, tão além do que eu consigo entender... Será que só me resta a...

— Cala boca! Na época eu era mó cabaça! Usava óculos! — pega um cigarro e acende — Hoje já sou uma mulher muito mais madura.

— Pô Luiza, você era mô bonitinha, oh sua ingrata! E era esperta que só, ajudava todo mundo da sala e ainda tirava nota alta a Celeste me encara, respiro... Devagar... Bem devagar... Expiro... Lento... Bem lento...

Não, isso é passado, agora priorizo eu mesma –dá uma tragada no cigarro, soltando anéis de fumaça.

Que passado o que! Você era igualzinha à antes atéuns3diasatrás,agoraqueadotouacriançaque ficou assim – tomo aquele café, amargo, insípido.

— Titia Adria, segura pra mim? — a mulher de cabelos verdes.

Oh Celeste, a titia Adriana não pode agora, ela tá conversando com a mamãe — o café dança pela xícara e acaba pingando no tapete. Deixo a xícara na mesinha. Aperto minha mão bem forte.

Pega Celeste vai para o quarto, desfilando ágil, deixando para trás apenas um rastro negro brilhoso. É como se o céu se abrisse na terra, um céu escuro, estrelado, impossível.

— Hey! Eu mudei para melhor tá? Acha que eu ia continuar sendo boazinha sendo feita de trouxa até quando? a boneca está na minha mão, tento soltar...

—Todo mundo gostava de você, ninguém fazia você de trouxa – a mão vibra. Aperto a boneca.

— Nah, baboseira, estou milhões de vezes melhor agora, nem me lembro como era ser eu mesma Luiza sorri, meiga como no colegial. Seus olhos se enchem.

Lu, aconteceu algo? – expiro... Inspiro... Expiro... Uma batida... Duas batidas...

Respiro... Inspiro... Expiro... Cinco, seis, sete, dez... Meu tórax, sinto uma vibração... Como aqueles sons altos da minha rua, como uma...

Não aconteceu nada Adriana... Não aconteceu nada... NADA! EU TO BEM, EU SOU EU MESMA TÁ LEGAL?! – como uma crise....

— Calma Luiza, só perguntei mesmo, é que foi muito repentino — a boneca. Continuo apertando a boneca... Minha unha corta meu dedo.

Todos falam a mesma coisa, é um saco, é tudo um bando de invejoso, não aguentam me ver... — deixo a boneca cair no chão.

Uma gota de sangue cai da minha mão.

Lu... Calma... Tá tudo bem... ouço passos.

Como assim? Claro que tá tudo bem! Sou eu afinal de contas!!! noto algo preocupante. Puxo um paninho que carrego comigo e o ergo para limpar o nariz de Luiza — Que? Acha que eu não sei me limpar não?

O pano está carmesim.

Continuo limpando e limpando, o pano começa a avermelhar e avermelhar... Ela esmaga o cigarro na primeira coisa que acha próxima daqui.

É o boneco de Leão.

Celeste entra na sala. Pega a mulher de cabelos verdes do chão. Volta a brincar. Apenas com a mulher.Sangue pinga nas roupasdeLuiza, o pano está se movendo contra a minha vontade.

Acho que vou chamar um médico…

Fica tranquila Adria! toma o pano da minha mão Eu sou muito saudável, não preciso de

nenhum médico de merda não!!! sorri, fazendo muita força nos dentes do sorriso.

Mas... Celeste me encara de novo, não consigo entender o que ela deseja, o que ela quer me dizer, porque a Lu a adotou. Esses cabelos parecem aquele céu de hoje, esses olhos cósmicos... Está além de mim, está além de tudo.

Mais uma gota sai da minha mão.

— Eu ainda sou eu mesma! Eu sempre fui assim!

Forte, confiante!!! – Celeste bate a mulher no leão, que está com uma bituca enterrada na cabeça. Quando a criança pegou esse brinquedo?

— Não sei não, Lu, se eu não fosse sua amiga a muito tempo, talvez nem te reconhecesse – ela continua me olhando enquanto bate e bate no leão. O que essa menina vê em mim? Deve ser muito interessante... Ou talvez seja algo que nunca poderia imaginar, como o cosmo, ou como uma criança com essas características. Olhos roxos já são um evento raro, não deveria ser possível ter alguém com essa coloração única, é irreal, eu não entendo! EU NÃO ENTENDO!

Pode até achar que tem razão, mas na verdade eu sempre fui assim, só estava fugindo da minha verdadeira essência — a criança dos olhos estrelados desvia o olhar para sua mãe — Sempre

esteve escrito nas estrelas Celeste sorri, tão meiga, linda... Como... Como a...

Respiro... Engasgo. Uma tosse seca arranca minha voz, a explode.

Calma Adria, toma seu café gosto tão forte, ácido, diluído... Que horrível.

Sabe... Não acredito que exista uma verdadeira você, somos o que decidimos ser, esse é o tal caráter né? — meu globo ocular embaça por leves segundos. Celeste puxa minha mão.

— Titia Adria, vem brincar comigo! — ela sorri como a Luiza no colegial.

— A titia tá falando com a mamãe, tem como esperar só um...

NÃO!!!

Silêncio. Minha íris embaça.

— Bem, Adriana, ainda sinto vontade de ajudar os outros, de estudar, ter um bom emprego, achar alguém que preste. E eu odeio essas lentes mesmo pegooleãoeamulher ecolidoumcomooutro, bem forte, para quebrar mesmo — Mas é que não tem o que fazer, as estrelas quiseram assim — mais forte, mais forte, quebra, quebra. Uma perna do

leão voa, parte da juba racha, a cara amassa, o corpo fica todo arranhado. E a boneca intacta.

As estrelas não erram. Não entendo muito bem essas coisas, mas é quem eu tenho que ser — outra perna do leão, o rabo, a bituca de cigarro. Tudo espalhado pelo chão.

A mulher de cabelos verdes cai da minha mão.

Uma lágrima escorre do olho de Luiza, apenas o direito.

Lu, não precisa “obedecer às estrelas”, que mané mentalidade é essa mulher? Seja você mesma! – passo as duas mãos no meu rosto. O suor é frio, gelado, quase glacial.

Olho para trás.

Celeste não está lá.

Eu não tenho opção... As estrelas quiseram assim... Celeste está sentada no colo da mãe. Com a mulher decabelo esmeralda na mão.Luiza chora pelos dois olhos, deixando seu rosto cinza e borrado de maquiagem.

— Luiza... — respiro, inspiro, expiro, meu coração bate, e bate, e bate, corre, pulsa devagar... Bate mais rápido, respiro, expiro, inspiro, garganta

seca, suor... Pego a xícara, tomo todo café. Lacrimejo.

Ondevocêachouessacriança? – osolhosdela... A criança me observa, não sei o que ela vê, só sei que é algo muito fora da minha compreensão. Ela me olha como se eu não estivesse aqui com o corpo, ela me engole naquele universo, e nele eu sou insignificante. Para de me olhar... Não sou isso... Não consigo te ver... Não enxergo nada... NADA!!!

Adriana... Adriana... Adriana... Celeste sai do colo da mãe — Ela caiu do céu.

A xícara cai junto de uma gota de sangue da minha mão.

Luiza deixa a toalha sujar o chão.Está encharcada.

Adria! Gostei de você! Quer ser minha mamãe? estende a boneca. Nada sai da minha boca, do meu âmago, só aquele muco na garganta, amargo, seco.

Pego a boneca. Pequenos sons abafados fogem da garganta.

A, tá falando sobre a Luiza? Não tem o que se preocupar, mamãe, ela não vai ficar com ciúmes! — meus dentes rangem... Meu cabelo soa...Tá tão frio...

Mata a Luiza mamãe ergo a boneca... Vejo o leão na minha frente, com a cara cheia de cinzas...

Vou brincar com a minha filha...

— Hahahaha! Agora você é de Virgem! É como as estrelas querem! É você mãe!

Bate, bate, bate, bate, bate, bate, mais uma vez, mais uma, outra, outra, mais outra, de novo, de novo, MAIS UMA VEZ, DE NOVO, NOVAMENTE, BATE, BATE, BATE, BATE, QUEBRA, QUEBRA!!!

— Essa... Sou eu? — a cabeça do leão foi amassada Essa é a Adria? uma lágrima escorre do meu olho, só o direito.

Mais uma gota de sangue pinga da minha mão...

O chão continua igual...

É assim que as estrelas querem mamãe! pego ela no colo.

— É assim que as estrelas querem... — quem sou eu?

O sol resplandece na janela, iluminando meus cabelos esverdeados.

Agora sou de Virgem, sou Adria.

Constelações de Amor: O

Eterno Ballet de Luna e Sol

Em um recanto esquecido do universo, jazia Estrelar, uma cidade cravada nas veias cintilantes do cosmos, onde as estrelas não meramente cintilavam no manto noturno, sussurravam destinos em melodias cósmicas.

As ruas de Estrelar, banhadas em prata sob a carícia da luz lunar, serpenteavam como rios de sonhos líquidos, refletindo a dança silenciosa da noite. Os edifícios, com suas torres elegantes apontando para o infinito, eram como sentinelas eternas, em constante diálogo com os astros.

Suas silhuetas recortavam o céu, criando um espetáculo de sombras e luz que dançavam ao ritmo do universo. Nas praças e parques, fontes murmuravam canções de água, e as árvores, imóveis, mas sábias, sussurravam segredos antigos ao vento.

Neste berço estelar, enraizado no coração do zodíaco, onde cada constelação contava sua própria história, um amor proibido desabrochava, tão puro e forte quanto as forças primordiais que teciam o tecido do espaço-tempo. Era um amor que desafiava as regras escritas nas estrelas, um

amor que prometia reescrever os destinos traçados no céu noturno.

A cidade de Estrelar, um poema cósmico em pedra e luz, era o palco para essa saga de amor e estrelas, uma narrativa entrelaçada com a própria essência do universo. Em cada canto, em cada sombra, em cada raio de lua, a história de Luna e Sol se desenrolava, tecendo um novo destino sob o céu que tudo via. Luna, filha de Virgem, era um mistério encarnado.

Seus olhos eram poços profundos de sabedoria, refletindo uma alma que ponderava sobre os segredos mais ocultos do universo. Com sua natureza meticulosa e sua tendência à introspecção, ela se movia com uma graça que parecia coreografada pelas próprias estrelas. Mas sob sua fachada de calma e controle, ardia um coração apaixonado, uma chama que só o jovem rapaz Sol poderia alimentar.

Sol, nascido sob o signo de Peixes, era a própria personificação da alegria e da esperança. Seu sorriso era uma obra de arte, uma curva luminosa capaz de banir as sombras da dúvida e do medo. Ele caminhava pela vida como se dançasse em um ritmo queapenas ele podia ouvir, um ritmo ditado pelas ondas do amor e da emoção.

Em seu peito, um coração que batia ao compasso do amor por Luna, uma melodia que ressoava em

todo o seu ser. Juntos, Luna e Sol eram a união perfeita do céu e do mar, uma harmonia de opostos que apenas o verdadeiro amor poderia orquestrar. Seus encontros secretos, sob a abóbada celeste, eram momentos extremamente especiais e únicos para os dois.

Elescompartilhavam sonhosesorrisos, suasalmas entrelaçadas em um elo que desafiava as estrelas. Cada toque era uma centelha, cada olhar uma promessa eterna.

Eles estavam perdidamente apaixonados, um pelo outro, uma paixão que desafiava o próprio universo. Estrelar, com suas casas de pedras antigas e suas avenidas ladeadas por árvores cujas folhas pareciam sussurrar canções estelares, era um cenário digno desse amor.

Durante as noites, a cidade brilhava com uma luz própria, cada lâmpada uma estrela terrena, cada janela um portal para mundos desconhecidos. Era uma cidade que respirava mitos e bebia da taça dos céus.

Porém em uma noite fatídica, sob a lua nova, o chão de Estrelar tremeu. E um velho vidente, com olhos que enxergavam além do véu do tempo, sonhou que a união de Luna e Sol havia despertado algo antigo e poderoso, mas antes que pudesse fazer algo sobre isso, e alertar os dois apaixonados, uma sombra colossal surgiu, seus

olhos como faróis cósmicos, prometendo desfazer o que o amor havia construído.

Mas o amor de Luna e Sol era um fogo que não podia ser extinto, uma chama eterna que ardia com a intensidade de mil sóis. Naquele momento, Luna e Sol se abraçaram, estavam decididos enfrentarem juntos, seja o que fosse aquilo, um abraço que era mais do que um mero encontro de corpos; era o encontro de almas, o entrelaçar de destinos escritos nas estrelas. Sua paixão, fervente e pura, acabou irradiando uma luz deslumbrante, tecendo um véu de esperança que envolveu a entidade sombria.

E em torno deles, o ar vibrava com a energia de seu amor.

À noite, que antes era um manto de incertezas e medos, agora era banhada em uma aurora celestial, uma dança de luzes que desafiava a escuridão. A luz emanava deles em ondas, cada pulso uma sinfonia de cores, cada centelha um poema de amor eterno. A criatura, uma entidade ancestral forjada na ira dos astros, encontrou-se perdida nessa tempestade de luz. Seus olhos, que antes brilhavam com a frieza de galáxias distantes, agora refletiam a beleza avassaladora do amor de Luna e Sol. Diante da força desse amor, o guardião celestial começou a vacilar, sua forma sombria tremendo sob o peso da verdadeira luz.

Então, em um momento de êxtase cósmico, a entidade se desfez.

Não com um rugido de fúria, mas com um sussurro de aceitação. Ela se desintegrou em um espetáculo de estrelas cadentes, cada uma brilhando com o brilho do amor impossível de Luna e Sol. As estrelas traçaram arcos no céu, pintando a tapeçaria da noite com traços de luz e esperança, cada uma levando consigo uma parcela de sua esperança renovada. As estrelas cadentes caíram como lágrimas de alegria, tocando os corações daqueles que testemunhavam o espetáculo. E naquele momento mágico, Estrelar e seus habitantes perceberam que o amor verdadeiro não conhece limites, não se curva às leis dos céus, mas escreve suas próprias constelações no firmamento do destino.

A lenda de Luna e Sol, como uma chama inextinguível, varreu as ruas de Estrelar, os séculos seguintes, insuflando os corações com um calor desconhecido. O que antes era uma suspeita de temor nos olhares dos moradores, transformou-se em brilhos de esperança. As pessoas começaram a ver o céu não mais como um campo de batalha estelar de destinos predestinados, mas como um vasto mural de possibilidades infinitas, onde cada estrela era uma história de amor esperando para ser escrita.

Em Estrelar, aprenderam que o amor, como a força mais poderosa do universo, poderia alterar as linhas do destino. As famílias, outrora temerosas de uniões entre signos opostos, começaram a celebrar a diversidade do zodíaco. O amor de Luna e Sol se tornou um símbolo de união e coragem, uma prova viva de que até os corações mais distantes, como estrelas em galáxias diferentes, podem encontrar um caminho para se unir.

As celebrações anuais, antes marcadas por rituais rígidos de adoração aos signos, transformaram-se em festas de amor e alegria. As ruas de Estrelar se enchiam de músicas, danças e risos, enquanto os casais de diferentes signos trocavam juras sob o céu estrelado, inspirados pela história de Luna e Sol.

E então, atualmente na noite em que Virgem e Peixes se alinham no firmamento, um fenômeno extraordinário acontece. As estrelas, como se despertassem de um longo sono, brilham com um fervor renovado. Esse brilho, mais intenso e mágico do que nunca, parece dançar no céu, tecendo constelações de amor e paixão. As pessoas de Estrelar, de mãos dadas, olham para cima, seus corações pulsando em uníssono com as estrelas. Sussurros do poder de um amor que transcendeu as estrelas viajam com o vento, alcançandocadacantodacidade,cadabecoecada

lar. Nessas noites, dizem que se pode ouvir uma melodia suave vindo das estrelas, uma canção de amor eterno, cantada por Luna e Sol.

“No véu do firmamento, onde sonhos se entrelaçam,

Dança a balada de Luna e Sol, amor que jamais se abafa.

Ela, filha da noite, de olhos profundos como o mar,

Ele, herdeiro do crepúsculo, cujo sorriso tem o poder de iluminar.

Luna,tecidaemmistérios,almadeVirgemserena,

Em seucoração, umachama, por Sol, eternacena.

Sol, espírito de Peixes, vagando livre, sem direção,

Encontra em Luna seu porto, seu destino, sua canção.

Entre constelações e destinos, teceram um amor proibido,

Em silêncio, sob estrelas, um sentimento incontido.

Na dança dos astros, no etéreo balé cósmico,

Encontraram-se, desafiando o zodíaco, o destino sísmico.

Nos olhos de Luna, Sol viu galáxias desconhecidas,

Nas mãos de Sol, Luna sentiu suas tempestades acolhidas.

Em cada encontro secreto, sob o manto da noite estrelada,

Uniam-se em juras eternas, em uma terra encantada.

Mas veio a noite da prova, quando a terra tremeu,

O amor de Luna e Sol, um guardião celeste desafiou.

Mas firme em seu amor, o casal enfrentou a sombra,

Com um abraço, uma luz, desfizeram a penumbra.

Agora, a cada ano, quando Virgem e Peixes se encontram,

Estrelar se ilumina, as estrelas, gentis, se prontificam.

A lembrar a todos, da força de um amor verdadeiro,

Que desafia os céus, eterno, brilhante e derradeiro.

Então canta, ó céu, tua balada de amor e esperança,

De Luna e Sol, eternos, na memória da criança.

Pois mesmo nas noites mais escuras, em qualquer lugar,

Brilha a história de amor, que ensinou Estrelar a amar.”

As crianças de Estrelar agora crescem ouvindo essa canção, aprendendo que o amor verdadeiro não conhece barreiras, nem mesmo aquelas impostas pelo céu.

E, assim, a lenda de Luna e Sol, eternizada nas estrelas e nos corações dos habitantes de Estrelar, continua a inspirar gerações, ensinando-lhes que o verdadeiro amor é como o universo - vasto, misterioso e infinitamente belo.

Mesa para doze cadeiras

Marjorie de Sousa Morato

Em uma conversa ao redor de uma mesa oito amigos se irmanavam. Seis de modos despreocupado e soltos enquanto dois atentos, observam cada micro expressão, dicção, palavra engolida e piada solta. Um exercício de estudo do ser, na verdade um êxtase em analisar, olhar por volteio as aparências e como se empurrasse o simulacro dissesse: Deixa eu ver que tem aqui!! Ou de forma mais gentil apenas flertar com a sombra transvestida de coragem e dizer com dedo comedido em riste próximo ao nariz: - Estou te vendo! Mas nada disso como uma ameaça ou julgamento. É uma forma de dissecar o comportamento humano tornando-o humano sem drama. Dois virginianos que se olham entre uma dedução e outra.

Oh, signo algumas vezes incompreendidos! Ditos frios mas tão amorosos que tem em coração e mente a ação e desejo de ser útil e fazer dessa experiência terrestreumlugar epessoasmelhores. E busca ser melhor também.

Vamos brincar?

Imaginemos uma mesa de doze lugares com cada signo e um Jogo de Tarô Cigano.

As regras serão postas a mesa.

Logo Áries grita: —-Vamos logo!

O Touro que está beliscando um sanduíche de maionese com abacaxi, presunto e ervas continua mastigar tranquilo e se aconchega ainda mais na cadeira.

Gêmeos brada como se fosse dois: — Mas calma lá! Se bem que já podia começar.

Câncer coloca a mão no coração e toma o apelo para si.

Leãosacodeoscabelos,sorriesoltaumagracinha: — Vamos que o sol tem que brilhar!

Virgem pede que ouçam as instruções e começa a ditar as regras.

Libra olha com charme para todos.

Escorpião com fogo nos olhos seca o canceriano que até então eufórico amua.

Sagitário ri e brinca com a turma: — Larga disso! Vamos sair?

Capricórnio pede silêncio e que comece logo que ele não tem tempo a perder.

Aquário com rosto blasé olha ao redor enquanto o Peixes pergunta se ele está bem e sente um arrepio.

Áries toma a palavra e diz: — Vou pegar uma carta do monte e vamos falar sobre ela.

Rápido pega a carta e aparece o Buquê.

É o seguinte é um buquê de flores. Ele... sei lá. Coisa mais boba.

Passa a carta para Touro. Esse cheira a carta e diz:

— Tão belas. Vou vende-las a granel e depois comprar outras para enfeitar a mesa da minha casa.

Gêmeos replica: Pego e distribuo a todos mas vou ficar com maior parte e plantar algumas.

Câncer acha lindo o que é falado mas não quer abrir mão do buquê: - Eu fico com ele para lembrar desse momento único. – e solta uma

lágrima que escorreu até o sorriso de canto esboçado.

Leão pega e mexe na carta para se ver no reflexo da mesma e olha para Virgem como quem diz:Me surpreenda já que está do meu lado.

Virgem olha com atenção e exclama: São lavandas! Florescem o ano todo e perfumam todo o lugar além de afastar pragas e deixar o ambiente habitável.

Libra concorda mas teme desagradar os outros e dá um sorriso avassalador.

Escorpião pega a carta e diz: — Mas isso é erva não é flor. Como dar um buquê de erva? Eu que não aceito. Planta de terra seca e sem graça.

Sagitário declama extrovertido: - Oh flor inquietante de vastos campos! Já vi uma plantação dela em uma das viagens que fiz. Foi com um grupo! Eh...não lembro quem eram masfoi bom.!

Capricórnio busca em seu arquivo mental:Fazemóleosessenciaiseremédiosdeváriasflores. Cheira-las acalma. – diz agitado.

Aquário faz um rosto de contrariado e em entonação de quem palestra desfere: — A brincadeira é de que mesmo? Tanta coisa acontecendo no mundo e a gente aqui perdendo tempo com cartinha.

Peixe pega e suspira: Creio que cada um falou que sentiu. Estão todos bem? Senti uma pontada no peito. Querem um remédio?

Áries toma as rédeas: - Prestem mais atenção quero sair daqui logo. Façam melhor que isso! - e toma a carta respeitoso.

– Pego as flores, mas quero também que você, Escorpião, as receba. Dizem que ficam cheiro de flores em mãos generosas.

Ele nos nervos com a investida passa rápido para Gêmeos na ânsia livrar do sentimento de controle do outro e conversar com inteligente companheiro.

Gêmeos olha desconfiado e demonstrando alegria diz: - Querido Escorpião para a brincadeira não acabar passo para Leão! — e dá uma piscada para ele.

Leão com ar majestoso agradece e passa caloroso a Libra que recebe apaixonado mas logo entrega para Câncer em dúvida se seria para Capricórnio.

Câncer percebe e se sente ofendido, mas lisonjeado, mais ofendido que lisonjeado, e passa por desaforo para Capricórnio que ao pegar olha para o lado e entrega a Aquário.

Este com olhar investigativo para a ação decorrida entrega para Sagitário que está pensando ainda nos campos pelo planeta e entrega a Touro que ele já vislumbra pastando no cenário bucólico.

Touro pressente e corre para Virgem em busca de segurança que analisa e entrega a Peixes que emocionado e tendo visto que todos receberam a carta escapa da mesa sentindo-se pleno e vai nadar no vasto oceano dos sentimentos.

As Constelações do Destino

Matile Facó

Numa pequena aldeia onde o tempo se desdobrava em suspiros de vento e sombras dançantes, vivia Mariana, uma mulher cuja alma se entrelaçava com os signos do zodíaco. No dia em que a lua se vestia de prata e as estrelas cintilavam como diamantes perdidos, Mariana começou a notar algo extraordinário: os signos do céu refletiam-se em sua própria existência.

Ela, uma Virgem nascida sob o signo de Virgo, sentia uma conexão íntima com as constelações que bordavam o firmamento noturno. O meticuloso universo parecia costurar os destinos como fios invisíveis. Seus dias eram marcados por previsões astrais, e suas noites eram iluminadas por uma esperança que se erguia das estrelas.

Numa tarde de outono, Mariana encontrou-se com Sofia, uma Peixes de olhos profundos e um sorriso que evocava oceanos misteriosos. A união de suas almas parecia entrelaçada no próprio tecido cósmico. Sob as sombras de um carvalho centenário, elas compartilharam sonhos, desejos e

confidências, como se os signos do zodíaco as guiassem para aquele encontro.

Juntas, Mariana e Sofia desvendaram os segredos dos céus e aprenderam a ler os sinais escritos nas estrelas. Cada constelação tornou-se um capítulo emsua história, eaaldeia, antessilenciosa, pulsava agora com a energia do universo. O destino, como um mapa estelar, desdobrava-se diante delas, revelando caminhos inexplorados e desafios que só as estrelas conheciam.

Conforme as estações mudavam, a vida de Mariana e Sofia entrelaçava-se com os mistérios do zodíaco. Certa noite, sob o olhar atento de Gêmeos, as duas amigas viram-se diante de escolhas que refletiam a dualidade das estrelas. Gêmeos, o signo das decisões e das encruzilhadas, lançou sua sombra sobre elas.

Mariana, sempre fiel à sua natureza analítica de Virgem,ponderavacadaopçãocomosefosseuma constelação a ser decifrada. Enquanto isso, Sofia, influenciada pela fluidez de Peixes, buscava nas águas profundas da intuição a resposta para seus dilemas. A dualidade das Gêmeos desafiava a harmonia que compartilhavam.

A aldeia vibrava com a tensão celestial, e os murmúrios do vento pareciam carregar consigo segredos guardados nos céus. Sob a luz crescente da lua, Mariana e Sofia enfrentaram desafios que

exigiam escolhas difíceis. As estrelas, como testemunhas silenciosas, assistiam à dança das gêmeas celestiais refletida na complexidade de suas vidas.

A dualidade, que outrora parecia uma bênção, tornou-se um desafio que colocou à prova a força de sua amizade. Em meio a incertezas, elas aprenderam que, assim como as constelações mutáveis do zodíaco, a vida também exigia adaptação e aceitação das dualidades que compõem a existência humana.

Enquanto as estações prosseguiam, Mariana e Sofia enfrentavam um desafio que ressoava com a majestade do signo de Leão. Uma força imponente, quase selvagem, emergiu em suas vidas, exigindo que descobrissem a coragem latente em seus corações.

Sob a luz intensa do sol de verão, Mariana e Sofia confrontaram obstáculos que pareciam tão intransponíveis quanto a juba do leão. A coragem, a virtude do feroz signo, tornou-se sua aliada na batalha contra adversidades que testavam os limites de sua resistência.

Cada rugido do leão celestial era um lembrete de que o destino, assim como a juba selvagem, poderia ser domado com coragem. Mariana, com a meticulosidade de uma Virgem, traçou estratégias, enquanto Sofia, com a intuição de uma

Peixes, mergulhou nas águas profundas da emoção para encontrar força.

A aldeia, agora imersa na aura do leão, testemunhava a metamorfose das amigas. Seus passos tornaram-se mais firmes, seus olhos, mais destemidos. A coragem, como uma constelação guia, iluminou o caminho à medida que avançavam rumo ao desconhecido. As lições do Leão, entrelaçadas com os fios do destino, revelavam a nobreza que se escondia no coração humano quando confrontado com desafiosdignos de uma epopeia estelar.

À medida que o ciclo celestial continuava, Mariana e Sofia encontraram-se sob a suave influência de Peixes, o signo final do zodíaco. O universo, como um livro cósmico, chegava ao seu último capítulo, e as amigas perceberam que, apesar das reviravoltas, cada desafio tinha sua razão de ser.

Em meio às águas calmas de Peixes, Mariana e Sofia descobriram a arte da aceitação e da harmonia.Ajornadaquecomeçoucomaprecisão de Virgem, enfrentou as dualidades de Gêmeos, e encontrou a coragem do Leão, culminava na tranquilidade de Peixes. As estrelas, como testemunhas silenciosas, guiaram-nas para um entendimento mais profundo de si mesmas e do universo.

A aldeia, uma vez agitada pelas mudanças cósmicas, agora desfrutava da serenidade que as amigas trouxeram consigo. Mariana e Sofia perceberam que o verdadeiro poder estava na aceitação das diferentes facetas da vida, assim como as estações mudam, e os signos se sucedem.

Sob um céu estrelado, Mariana e Sofia abraçaramse, celebrando não apenas o fim de uma jornada, mas também o início de uma compreensão mais profunda da conexão entre o céu e a terra. O zodíaco, como um mapa celestial, revelou-se um guia sábio em suas vidas, marcando cada experiência como uma constelação única.

E assim, sob a benevolência de Peixes, as amigas seguiram adiante, carregando consigo as lições do zodíaco, entrelaçadas com as estrelas que testemunharam sua jornada extraordinária. O universo, como um sábio guardião, continuaria a tecer suas histórias nos céus, enquanto Mariana e Sofia, unidas pelo fio cósmico, caminhavam na harmonia das águas de Peixes, prontas para os mistérios que ainda aguardavam nos confins do cosmos.

Os amores de um leonino

A mãe de Leonel era apaixonada por horóscopos, não passava um dia sem ler seu destino nas palavras mágicas que saiam naquela coluna do jornal. Entender os presságios para ela não era somente um passatempo, era um desígnio, se não fizesse aquilo sentia que faltava algo, como sair de casa sem tomar o café da manhã.

Passou mesmo inconscientemente o vício para o filho: Leonel. Um leonino convicto, líder, dominador, o rei do mundo e também para sua filha: Caprica, a capricorniana, teimosa que só ela, uma cabeça dura convicta.

Entretanto, essa história não é da mãe Maria do Socorro: a supersticiosa, nem de Caprica: a teimosa. Falaremos de Leonel e de sua vida amorosa, que nem foi assim tão épica, mas a relação dele com os signos foi decisiva até descobrir que existia outro caminho.

Leonel na adolescência era muito tímido, apesar de ser leonino. Tinha um amigo sagitariano expansivo, comunicativo e cativante que chamava a atenção de todos e todas. Entretanto, sua imprudência não tinha limites e muitas vezes se

dava mal. Leonel soube aproveitar esses impulsos do seu amigo sem participar de seus descuidos e mesmo acanhado, conseguia ter boas relações.

Neste período conheceu Ana Lúcia, uma geminiana de dupla personalidade, pediu em namoro como todo adolescente fazia décadas atrás. A primeira resposta de Ana foi um não convictoesaiuemdisparadasumindonamultidão de adolescentes da escola, mas após consultar ela mesma, Lúcia voltou sorridente e aceitou.

A inconstância perdurou por meses. O rapaz aparecia na casa da moça e convidava para sair, Ana aparecia emburrada e logo falava que não queria ir para lugar nenhum. Mandava o jovem sentar na sala com seu pai e subia para seu quarto.

Minutos depois aparecia Lúcia pronta e perfumada para o passeio.

Leonel, mesmo sendo dramático, não aguentou aquela dualidade e confiante terminou o namoro.

Pouco tempo depois, já saindo da adolescência, conheceu a mística Morgana. Uma escorpiana raiz. Enigmática e traiçoeira que só. Passaram um tempo juntos. A moça levou o jovem para caminhos misteriosos e sempre que podia lhe dava uma punhalada na alma, ou ferroada. Numa festa com góticos no cemitério a moça deu um perdido em Leonel, quando a encontrou ela

estava dançando sobre um túmulo com um sagitariano qualquer.

O rapaz se viu obrigado a terminar seu namoro. Foi quando conheceu uma libriana assim que entrou na faculdade, e parecia ter achado o equilíbrio perfeito. Uma pessoa sensata que ponderava os desafios antes de entrar de cabeça, mas com um pequeno defeito, valorizava a futilidade, isso o leonino detestava. Passeios no shopping desanimaram o rapaz e logo sem condições financeiras para manter aquele fútil relacionamento, acabou se afastando.

O rapaz chegou a consultar sua mãe sobre qual seria o melhor caminho a seguir. Queria ter relações mais confiáveis e estáveis, sentia seu tempo passando, precisava de algo mais sério. Maria do Socorro consultou seu horóscopo e viu que era um dia propício para jogar suas moedas da adivinhação e pegou seu I-Ching, depois de muitos anos de movimento negativos dos astros para tal modalidade.

As moedas não mentem: dizia sua mãe. E o resultado surpreendeu Leonel. Era uma ariana que ele tinha que achar.

Assim, o jovem passou quase todo curso universitário procurando uma ariana bonita para pedir em namoro. Eram poucas as que

encontrava, e, quando achava, estavam comprometidas ou não atraiam o jovem leonino.

Porém, no último ano de estudo na faculdade encontrou a mulher que parecia perfeita, Ariel era o nome dela, linda, sensível e com fortes determinações, o que a tornava um pouco impulsiva, ou muito, e competitiva ao extremo. Quase uma cópia de suas características.

Os dois acabaram ficando juntos e estreitaram os laços, anunciaram o noivado. Mas nem tudo eram flores, a competição entre os dois era acirrada. Quando havia um pão somente sobre a mesa, quase se estapeavam para conseguir o derradeiro alimento. Nenhum dos dois abria mão, nem de perder um par-ou-ímpar. Escolher um filme para assistir era uma luta. O que comer então era quase na base dos gritos, gradualmente foram se isolando cada um em seu mundo.

A comida era individual e os filmes cada um assistia o seu em seu aparelho portátil, Leonel percebeu que o I-Ching, talvez, estivesse errado, ou sua mãe não soube interpretar direito, a teimosia dos dois acabou causando o rompimento do relacionamento. O noivado chegou ao fim, o pobre leonino se encontrava formado no curso universitário e sem um par.

Foi quando conheceu em seu trabalho Penélope, uma charmosa moça, decidida e guerreira, que

também havia passado por muitos altos e baixos em outros relacionamentos, mas se afeiçoou ao nosso leonino.

Logo começaram aflertareficaramjuntos, Leonel demorou para questionar qual o signo da moça, nem a data do nascimento queria saber, com medo de quebrar o encanto. Mas um dia não teve jeito e perguntou para a bela Penélope sobre o signo dela e a moça lhe respondeu de pronto:

— Não acredito em signos.

Hoje, após anos de casamento, os dois estão juntos. Leonel tem um trio de filhos e não acredita mais nos horóscopos nem em qualquer característica oriunda do zodíaco. Astros somente os das telas.

Tatuagem Zodiacal

O Céu, em um momento indeterminado do passado, recebeu uma notícia que o deixou perplexo de surpresa e felicidade, a Vida confioulhe detalhes do seu projeto de expansão e multiplicação, pois aspirava experienciar partes de sipulsando no útero da mãe natureza.Por sua vez, o Céu, emocionado, decidiu homenageá-la.

Então, pegou seu lápis de luz para tatuar diversas formas em sua exuberante pele e, dessa forma, cada semente da Vida seria eternizada em sua essência.

Primeiro, desenhou resplandecentes pontos, uns pequenos e outros maiores; uns mais próximos e outros mais distantes, pois sentiu que a diversidade de tamanho, brilho e a localização poderia ser observada de qualquer lugar na eternidade e por todas as manifestações de nascimento e desenvolvimento, consagrando-os de Estrelas, além disso, sensibilizou-se em sua autoestima, pois jamais havia se sentido tão elegante, então intuiu que aquela homenagem

marcada em seu próprio corpo fazia jus a completude conduzindo-a perfeição.

Então, concedeu o livre arbítrio e a matéria prima oriunda do plano intermediário entre a matéria e o espírito para que o lápis flutuasse de uma estrela aoutraemergindoencantamentoesedução,como uma bailarina que fascina por meio dos seus suaves movimentos ao som de melodias harmoniosas e simultaneamente intensas, dessa forma uma complexidade de rabiscos foram concebidos, assim presenteando o Céu com formas exuberantes, algumas enigmáticas, porém todas vibrando evolução.

Nesse ínterim, o Universo designou um mensageiro para avisar ao Céu que havia uma absurda poluição visual em seus domínios, desarranjando o equilíbrio gestado pelas leis da Física, responsáveis pela ordemcósmica, equeele tinha o prazo de um giro do sol em torno de si mesmo, para depurar tal sujeira. De súbito, o Céu estremeceu de decepção, pois deduziu que os astros internariam gratidão por tamanha obra de arte. Após muito refletir, decidiu que continuaria sua homenagem e entregou-se à ousadia do lápis.

Findo o prazo estabelecido, o Universo exigiu a prestação de contas e recebeu em suas mãos um mapa astral explicitando o trabalho finalizado,

tamanha foi a surpresa que o Universo abençoou com honrarias intergalácticas, pois vislumbrou a exuberância da tatuagem, digna de ser ostentada nas cerimônias sociais cósmicas, apesar da validação foi advertido que o Céu formalizasse, em um ritual de batismo, a consagração dos nomes de cada conjunto de estrelas que adornavam o seu corpo.

Aceita a missão, o Céu e a Vida exalando sintonia e intuição, vocalizaram em uníssono, os nomes das constelações atreladas às configurações projetadas pelo lápis, tais como: constelação de Áries; constelação de Touro; constelação de Escorpião,entreoutras,eforamnotandoquecada uma possui características particulares e significativas, como a capacidade de identificar as estações do ano.

A vida assimilou que as constelações eram, magneticamente vinculadas a todos os astros, tal como portavam o dom de individualizar os frutos ofertados por suas sementes, transmitindo personalidades específicas de acordo com os movimentos que definem o tempo exato da transmutação do dia em noite e do fechamento do ciclo de um ano sequenciado pela abertura do novo ciclo com o nascimento da sequência de meses zodiacais. Então, a posição das tatuagens

localizadas em lugares significativos do Céu, embasaram as mãos do destino.

Finalmente, após a aprovação do Universo, a Vida seguiu com seu projeto evolutivo de disseminar partes de si mesma numa imensa atitude de solidariedade, assim com suas sementes férteis os seus sonhos eram empreendidos e cada agrupamento de embriões ganhava características polarizadas, positivas e negativas, tais como o grupo que eclodiu sob o eletromagnetismo da exuberante constelação de Gêmeos, evidenciando a especialidade da comunicação e da criatividade, bem como a inconstância e a mutabilidade de humor. Assim, o universo legisla, conciliando os pontos de equilíbrio.

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