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A outra parte da lista

Francisco me contou alguns dias depois qual foi a estratégia para matar o homem que lhe acertou o tiro na barriga. Junto com o camarada amigo do Justino, observaram a rotina do homem por dois dias. No terceiro, esperaram a noite cair e as luzes da casa se apagarem. No escuro, foram até o que imaginavam ser o quarto dele, mas não esperavam encontrar uma mulher no mesmo ambiente – um detalhe importantíssimo que os dois se esqueceram de pensar. Decidiram então deixar a morte, ali na porta, para outro dia.

Só que Francisco, além de bom atirador, dava-se também ao desastre. Na saída, esbarrou num jarro que caiu de uma estante, fazendo um verdadeiro estardalhaço. Correram os dois pela grama do lado de fora da fazenda e subiram na moto, dando a entender que realmente tinha algum ladrão ou pistoleiro na casa. Com a frustrada ação do menino, Justino decidiu assumir o trabalho. Disse que esperaria os ânimos baixarem para agir novamente.

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Certo dia, quando Justino e Francisco estavam no Brasília, um dos capangas veio dizer aos dois que o outro fugitivo por quem procuravam estava perto de São João. Decidiram, na mesma hora, ir até lá, de carro. Justino aproveitaria para passar no bar do Miguel e recarregar o estoque das balas envenenadas, que estava no fim.

Antes mesmo do almoço, já chegaram ao bar e atualizaram Miguel dos fatos. Ele contou ainda que um homem passou por ali outro dia e se comportou de forma

Marília Carreiro Fernandes

estranha. Toda hora olhava para os lados, como se fugisse ou procurasse alguém. Parecia querer roubar. Devia ser mesmo o homem que procuravam.

Justino contou que havia recebido o recado de que o homem estava por ali, um pouco mais próximo de Monte Verde. Decidiu seguir viagem e subiu a serra. Não foi tão difícil achar o camarada. Na primeira hora de chegada ao local, encontraram-no no bar e puxaram conversa, pedindo bebidas. Ofereceram ao moço, como cortesia. Engrenaram num papo muito bom até o anoitecer. Justino pediu para que o dono do bar trocasse suas doses de cachaça por água, sem que ninguém além dele percebesse. Quando viu que o homem já estava mais pra lá do que pra cá, resolveu oferecer carona para ele até a sua casa. O moço todo desconfiado, passou de desconhecido a amigo de Justino e Francisco.

Foram os três. Francisco, assim que entrou no carro, dormiu, para o desgosto de todos. O outro moço, Justino fez questão de fazê-lo ficar desperto. No meio da serra, parou o carro, pediu para que o indivíduo descesse e disse que era ali o fim da jornada. A casa deles era a última luz do alto de um morrinho, que não dava para levar o carro. Convidou-o para entrar na mata e ir até lá. No início do caminho, sacou a arma e atirou, matando o fugitivo e acordando Francisco, ainda no carro.

Levou o corpo até a ribanceira, passando pela estrada e por Francisco, meio bêbado. Pediu para que o menino empurrasse o corpo morro abaixo. Voltaram para a fazenda.

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