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O fim
de Francisco foram para pegar a arma em seu bornal e mirar no homem, que levou três tiros e também morreu, deitado ao lado de Francisco.
Marília Carreiro Fernandes
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Quando Francisco morreu, muita coisa mudou. A pistolagem para nós era um assunto quase enterrado. Justino lamentou-se por deixar escapar o menino, mas nada poderia ser feito. O destino escolheu que estivéssemos todos em nossos devidos lugares.
Voltamos a nos dedicar ao garimpo e à comercialização do gado. Eu, particularmente, cuidava da lavra. As gemas que mais apareciam eram azuis, Águas Marinhas. Encontrávamos ainda, depois de tanto tempo, muitas delas. Pequenas, puras, que davam um bom dinheiro e segurança para os garimpeiros que trabalhavam na fazenda.
Como voltei a lavrar, voltei também a pensar no que fora me dito anos antes sobre as três pedras. Duas foram achadas em minha fazenda, mas não fazia ideia de onde estava a terceira. A área de escavação já estava quase toda esburacada e não havia para onde continuar a procura. Eu acreditava que a terceira pedra poderia estar nas minhas terras, mas não a encontrava de jeito nenhum.
Os sonhos sempre são aliados dos garimpeiros. Dessa vez, não sonhei com a mulher de branco. Francisco reapareceu numa dessas madrugadas, limpído e sereno, dizendo que tinha visto a terceira pedra, a maior e última pedra da região. Conversei com ele para saber se ela estava escondida em nossa fazenda, mas não obtive resposta. Depois, o menino me disse que a opala negra estava enterrada num lugar profundo, muito distante da estrada e de difícil acesso. Há um canteiro, no centro
da cidade, que seria a porta de entrada para encontrar a pedra. A opala, de tão colorida, seria de fácil enxergar entre as terras abaixo do monumento.
Depois desse sonho, Francisco nunca mais apareceu. Jamais saberei se a Opala Negra – que, por incrível que pareça, é colorida – realmente existe. Aos olhos, às mãos e aos desejos, ela é inacessível.
Marília Carreiro Fernandes © Editora Pedregulho, 2014 © Marília Carreiro Fernandes, 2014
Coordenação editorial MARÍLIA CARREIRO FERNANDES Revisão KÉZIA LIDÓRIO Projeto gráfico, diagramação e ilustrações THIAGO LUIZ MENDES DUTRA
Nesta edição, respeitou-se o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Esta história é inspirada em causos de pistolagem e garimpo, muito comuns entre as décadas de 1950 a 1970. As personagens e os cenários são fictícios.
Editora Pedregulho www.editorapedregulho.com.br
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Fernandes, Marília Carreiro, 1989 F363o Opala negra / Marília Carreiro Fernandes. 2. ed. - Vitória : Pedregulho, 2014. 100 p. : il. ; 21 cm
ISBN: 978-85-67678-06-1
1. Ficção brasileira. 2. Literatura brasileira. I. Título.
CDU: 821.134.3(81)-3
Este livro foi composto em Officina Serif e impresso em papel pólen soft natural 80g/m² pela GM Gráfica e Editora para a Editora Pedregulho em agosto de 2014.
Marília Carreiro Fernandes