VIVER 158 - Fevereiro 2021

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VIVER conecta COM FERNANDA MONTANO

Guerreiras da quarentena A pandemia veio mostrar que você é a melhor mãe que seu filho pode ter

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oca o despertador. Você já abre os olhos pensando em tudo que tem para fazer naquele dia: “será que vou dar conta?”. Arruma a cama, tira o lixo, põe roupa para lavar, prepara o café da manhã. Tudo isso bocejando sem parar porque a noite não foi fácil com seu filho menor acordando com pesadelo e querendo dormir na sua cama. É hora de acordar o filho mais velho porque vai começar a aula online. Aí já começa o estresse porque ele não quer tirar o pijama nem abrir a câmera, muito menos fazer as tarefas. Mal acabou a aula dele já está na hora da live do mais novo, que você precisa ficar junto, afinal ele não sabe entrar no Zoom ou mutar o microfone. “Ixi, precisava de papel colorido e sucata para a atividade, vai ficar sem, não lembrei de ir atrás disso”. O marido já está em reunião no home office e lembra que não tiraram nada do congelador para o almoço. Vai ter que ser delivery hoje, o dia não está fácil. Nesse meio tempo você tenta trabalhar, nem que seja pelo celular. E ainda tem a compra online do mercado para ser higienizada com álcool antes de guardar. Já cansou só de ler? Isso que nem cheguei ainda na parte da criança pedindo coisa para comer a tarde inteira enquanto você tenta se concentrar naquele relatório que precisa entregar nem na briga de todo dia na hora de levar o pequeno para o banho. Pode parecer enredo de filme, mas é a realidade nua e crua

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das mães nesta pandemia do novo coronavírus. A vida de mãe sempre foi corrida e com mil coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas a rotina de quarentena, com aula online, home office, menos possibilidade de ajuda da rede de apoio e crianças com energia acumulada e saúde emocional abalada pelo isolamento elevou a sobrecarga materna ao nível máximo. E em meio a tudo isso, você ainda faz o possível e o impossível para que os filhos não sintam tanto o impacto de tudo isso, com noite de colchão na sala no fim de semana, brincadeiras nos intervalos das reuniões de trabalho e a busca incessante na internet por uma máscara que se adapte bem ao rosto da criança. Mas um dos meus livros preferidos na infância era Pollyanna e gosto de olhar tudo pelo lado bom: vamos sair desse furacão mais fortes e, o mais importante, mais conectadas com nossos filhos. Se antes vivíamos reclamando da falta de tempo com eles, na pandemia nos vimos “forçadas” ao convívio 24/7 sem chance de folga. Temos que tirar algo de bom disso, afinal estamos falando da nossa família. Gosto sempre de imaginar meus filhos daqui 20 ou 30 anos, contando aos meus netos como foi viver esse período de quarentena. Não quero que a memória deles seja só de pais estressados, brigando com eles e sem tempo para nada. Quero que eles digam “foi difícil sim, mas estávamos unidos”.

Fernanda Montano, educadora parental, jornalista da infância e mãe da Malu e do João @fernandakmontano

A vida de mãe sempre foi corrida e com mil coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas a rotina de quarentena elevou a sobrecarga materna ao nível máximo

Você é a melhor mãe que seu filho poderia ter e a pandemia veio nos mostrar isso com ainda mais força. Não se cobre para dar conta de tudo, eleja suas prioridades e crie memórias afetivas também deste momento. E viva nós, mães, guerreiras da quarentena!


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