Viver 157 - Novembro 2020

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VIVER conecta COM ANDRESSA GULIN

Casa é saúde O investimento em um imóvel não se mede apenas pelo valor do m², mas pela saúde que oferece à nossa família

A

intensificação dos conceitos de convivência e isolamento trouxe a preocupação sobre a saúde mental da humanidade que precisou ser entendida de dentro de nossas casas. Se saúde é definida pelo “estado de completo bem-estar biopsicossocial” e não apenas pela “ausência de doença”, o que pudemos aprender sobre isso dentro das nossas casas? Primeiro, aprendemos que para garantir o bem-estar social precisamos resgatar nossas casas e transformá-las em um lar. A socialização é vital para o ser humano que se desacostumou a conviver com seus entes mais próximos, pois estava conectado com seu universo “celular”. A palavra “Lar” significa “onde tem o fogo”, local que era utilizado desde os homens da caverna para se reunir com as pessoas mais próximas e trocar experiências e compreender a visão do próximo. Identificamos que criar um ambiente em casa que permita essa conexão é fundamental para exercermos a socialização consciente. Quem experimentou tirar a TV dos quartos, cozinhar em família ou pelo menos garantir uma refeição onde a conversa não seja abafada por notícias ou posts de Instagram, com certeza manterá seus lares assim mesmo após a quarentena. Criar ambientes que permitam pequenos rituais como esses ajudam a criar uma conexão mais verdadeira entre as pessoas e melhoram a consciência sobre respeito ao coletivo. INDIVIDUALIDADE É FUNDAMENTAL O bem-estar psicológico é muito sensível a esse mundo multitarefas, onde a ansiedade tira o sono de milhares de pessoas em todos os cantos do mundo. Nesse período de quarentena, observamos que criar ambientes que proporcionam foco e atenção para tarefas específicas são ferramentas importantes para garantir a sanidade mental. Determinar espaços separados da casa para trabalhar e/ou estudar por exemplo, facilitam a concentração. Aprendemos que a individualidade é tão importante quanto a

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socialização e garantir espaços de privacidade e criar ambientes que permitam uma conexão interior contemplativa ou reflexiva - auxilia a manter a saúde mental em dia. Uma boa estratégia é tornar o quarto um local de relaxamento e retirar o celular do lado da cama - o seu despertador não precisa ser o celular e você vai dormir e acordar melhor. Ainda, para quem não tem a oportunidade de criar espaços reais para sua individualidade, pequenos sinais que alertam aos demais sobre seu momento interior, o simples ato de colocar um boné, um fone de ouvido ou uma blusa específica sinaliza que aquele momento é para ter o seu espaço. Aprendemos que nossa saúde física merece atenção. Atualmente, o bem-estar biológico está sensibilizado, fragilizado pelo medo de ter um corpo com fatores de risco e contaminado por um vírus onipresente. Criar ambientes que induzem hábitos saudáveis ajudam a manter o estado fisiológico do corpo em harmonia e a atenção a proteção do lar nos alerta sobre pequenos rituais protetores. Ao chegar em casa, tirar os sapatos e lavar as mãos passa a ser um sinal de respeito ao ambiente que nos acolhe e as pessoas que ali vivem. Janelas abertas tornaram-se mais importantes do que grandes máquinas de ar condicionado e muitos que passaram a abrir as janelas de seus quartos ao acordar, lembraram de como é gostoso entrar em contato com a natureza antes de responder as mensagens do celular assim que acorda. A luz do sol é fundamental para elevar a concentração de vitamina D no sangue e áreas com exposição a natureza estimula hormônios sensíveis ao ciclo circadiano e trazem a sensação de bem-estar. Sacadas, jardins, floreiras ou plantas internas que trazem vida para dentro de casa tornaram-se objetos de desejo e devem se tornar itens fundamentais para a escolha de futuros lares. Talvez a grande mudança após esse período de quarentena é que para valorizarmos a nossa família é preciso valorizar o nosso lar. E isso não se mede por m².


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