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Gestão de compras e vendas em Grupos ou Redes de Farmácias

OS GRUPOS OU REDES DE FARMÁCIAS SURGIRAM EM PORTUGAL COMO UMA SOLUÇÃO AGREGADORA DE PARTILHA DE RECURSOS PARA DAR RESPOSTA À CRISE ECONÓMICA QUE SE FAZIA SENTIR NO SETOR, PERMITINDO OTIMIZAR CUSTOS E REFORÇAR A VALORIZAÇÃO DOS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS.

Autor:Lúcia Neves, Winphar

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Oinício do milénio foi uma época marcada pela estagnação do crescimento económico na Europa. Portugal não foi exceção e, desde então, o sistema financeiro nacional foi fortemente abalado. Com a globalização dos mercados e a crescente preocupação com o crescimento dos gastos públicos em saúde, o Estado interveio no setor farmacêutico de forma significativa.

A liberalização da propriedade a não farmacêuticos, o aumento da quota de medicamentos genéricos com PVP muito reduzido, a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias e a diminuição das margens comerciais, foram alguns fatores que transformaram profundamente a situação económica e a rentabilidade das farmácias de oficina. Uma vez que a grande maioria das farmácias se assume como uma micro ou pequena empresa, surgiu a necessidade de ampliar a sua escala, o que levou ao fenómeno da constituição de grupos de farmácias, ou agregação de farmácias sob a mesma entidade. Isto permite que haja uma otimização de custos, visando simultaneamente valorizar as farmácias e reforçar o seu valor junto da comunidade. Os grupos ou redes de farmácias começaram a surgir em Portugal com o objetivo de dar uma resposta ao mercado, apresentando-se como uma solução agregadora de partilha de recursos e ferramentas de Gestão, perante a crise económica sentida no setor.

Nos dias de hoje, a intervenção dos grupos ou redes de farmácias evoluiu e vai muito além das compras/ negociação de produtos. As farmácias são independentes, mas beneficiam de uma estrutura que partilha ideais comuns, oferecendo uma ampla seleção de serviços, merchandising e gestão de categorias, marcas próprias, formação técnica, comunicação nas redes sociais e outros canais online, bem como a potenciação do negócio através de ferramentas de gestão e marketing.

O aumento da rentabilidade decorrente da associação das farmácias em grupo deve-se sobretudo ao aumento do poder negocial perante os laboratórios e armazenistas, melhorando as suas condições comerciais na compra. Assim, o alinhamento e eficiência na venda, conseguido através de objetivos bem definidos, assumem um papel fulcral para que a farmácia obtenha proveitos desta parceria, ao permitir ao grupo ver cumpridos os compromissos assumidos com os parceiros.

Para integrar esta parceria em pleno, é importante que os colaboradores da farmácia tenham bem presente, aquando da venda ao balcão, tanto o portfólio da farmácia, como o portfólio do grupo. Esta tarefa é particularmente árdua, uma vez que os portfólios contêm milhares de produtos e parcerias com diferentes laboratórios, os quais apresentam diferentes valores de rentabilidade de molécula para molécula. No limite, poderíamos pensar que escolher sempre do CNP mais rentável por CNPEM será o mais acertado, no entanto, estas premissas nem sempre são verdadeiras. A farmácia tem frequentemente objetivos de valor ou de quo-

É inegável que ao balcão o foco do farmacêutico deve ser o seu utente: ouvir as suas necessidades e transmitir assertivamente a informação técnica relativa ao aconselhamento farmacoterapêutico

Nos dias de hoje, a intervenção dos grupos ou redes de farmácias evoluiu e vai muito além das compras/negociação de produtos. As farmácias são independentes, mas beneficiam de uma estrutura que partilha ideais comuns, oferecendo uma ampla seleção de serviços

ta a cumprir por laboratório, o que permite ao grupo negociar a melhor rentabilidade global e oferecer as melhores condições à farmácia: por vezes é necessário limitar o lucro numa venda para maximizar o lucro noutras.

É inegável que ao balcão, o foco do farmacêutico deve ser o seu utente: ouvir as suas necessidades e transmitir assertivamente a informação técnica relativa ao aconselhamento farmacoterapêutico. Portanto, torna-se imperativo que o software interaja de forma integrada e intuitiva no fluxo de atendimento, fornecendo a informação supracitada acerca de margens e objetivos associados ao portfólio da farmácia, disponibilidade do produto, reservas em curso, interações, histórico do utente, sem necessidade de consulta de fontes externas.

Tal como o atendimento ao balcão, a receção de encomendas é um processo crítico de interação entre o farmacêutico e o software, no qual deve ser possível verificar rapidamente se os produtos encomendados estão a ser adquiridos ao preço negociado pelo grupo. Também é essencial conseguir saber, no momento da encomenda, se o produto está disponível no armazenista ao preço negociado pelo grupo, de forma e evitar despender tempo em processos de devolução. As parcerias estabelecidas por um grupo são dinâmicas. Evoluem em função da disponibilidade e necessidades dos laboratórios, das tendências do mercado e das necessidades das farmácias. É, pois, necessário que a farmácia vá adaptando o seu stock à evolução das parcerias, para evitar ficar com monos. Embora seja possível gerir um portfólio evolutivo com recurso à definição de pontos de encomenda (stock mínimo e máximo) este é um processo complexo e moroso, o qual é vantajoso ser gerido pelo software automaticamente.

O papel do software de gestão de farmácia é fundamental neste processo, ao criar a ponte entre a farmácia e o grupo a que pertence, promovendo um maior alinhamento das mesmas, que se traduz em vantagens para ambos, e garantindo a eficiência na operação da farmácia.

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