5 minute read
Vila Real, ímpar!
Os mais de setecentos anos de história concedem a Vila Real o inestimável título de cidade capital de toda uma região. O norte interior, com a sua diversidade ímpar, é partilhado com o acesso privilegiado a essa pérola património da humanidade conhecida como Douro. Rodeada de paisagens e lugares únicos, pela qualidade dos seus ecossistemas, Vila Real é destino cimeiro da Biodiversidade. Na gastronomia, apresenta distinções inigualáveis como uma das sete maravilhas à mesa e maravilhas doces de Portugal. Boas razões para uma visita demorada, plena de sensações e experiências inolvidáveis.
“Entre!…e já está no Reino Maravilhoso.” Miguel Torga
Advertisement
O que visitar?
Palácio de Mateus | Casa de Mateus
Encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910. Todos os estudos referentes ao Solar de Mateus são unânimes em considerá-lo uma das obras mais significativas da arquitetura civil portuguesa do período barroco. Não se sabe ao certo em que data é que a Casa começou a ser construída, mas é certo que a sua conclusão se verificou em 1744, a Capela foi terminada em 1750, data que coincide com a época em que o Arquiteto italiano Nicolau Nasoni trabalhou na zona, a quem é atribuída a autoria da obra. Atualmente, a Casa de Mateus é administrada pela Fundação com o mesmo nome, fundada em 3 de Dezembro de 1970, e dirigida pela família, organizando diversas atividades de âmbito cultural, para além de conservar a biblioteca e o museu.
Igreja de S. Domingos | Sé de Vila Real
Classificada como Monumento Nacional, a igreja de São Domingos ou Sé de Vila Real, sede de um convento dessa ordem, foi erigida a partir de 1424 e constitui o melhor exemplo transmontano da arquitetura gótica. Passou por uma primeira remodelação, no século XVI, durante o reinado de D. Manuel, mas foi mais tarde, no século XVIII, que sofreu obras mais profundas. Nesta altura, a primitiva cabeceira gótica foi substituída em benefício de uma mais ampla, profunda e moderna, profusamente iluminada através de janelões nas paredes laterais. É deste período, também, que data a torre sineira (1742). A extinção das Ordens Religiosas, em 1834, significou a decadência do convento. Alvo de um violento incêndio, em 1837, que destruiu grande parte do recheio, só viria a ser restaurado nas décadas de 30 a 50 do século XX, altura em que foi colocado o atual retábulo-mor, obra maneirista do Convento de Odivelas. Mais recentemente, o IPPAR promoveu um projeto inovador, convidando o pintor João Vieira a efetuar um conjunto de vitrais para o edifício. O resultado foi uma composição inspirada no prólogo do «Evangelho Segundo São João», atualmente integrada na estrutura medieval do edifício.
Parque Corgo
O Parque Corgo situa-se nas margens do rio que lhe dá nome e tem uma área de cerca de 33 hectares; está ligado ao Parque Florestal, um verdadeiro pulmão da cidade e incorpora vários equipamentos: campos polidesportivos, itinerários pedestres, parque de merendas de Codessais (equipado com grelhadores e mesas), piscinas municipais abertas, parque infantil, cafés e casas de chá; é ainda possível ver antigos moinhos, alguns deles recuperados. Na área correspondente ao Parque Florestal está instalado um circuito de manutenção, que convida à prática de hábitos de vida saudáveis. Numa das margens do rio estão as instalações do Centro de Ciência Viva. Esta área da cidade assume um papel primordial na vida dos vila-realenses, havendo uma notória ligação criada entre estes, o rio e todo o ambiente do Parque. Deixe que o rio Corgo seja o seu anfitrião, ele dar-lhe-á a conhecer cada recanto deste Parque! Venha desfrutá-lo!
Parque Natural do Alvão
Esta Área Protegida, tal como o nome sugere, situa-se no conjunto montanhoso definido pelas Serras do Alvão e do Marão e parte da sua área está na zona indefinida de tran- sição das duas serras. A área do Parque Natural do Alvão corresponde à cabeceira da bacia hidrográfica do rio Olo, afluente do Tâmega, e a uma pequena aba (Arnal) virada a Este, pertencente à bacia do Corgo. É neste parque que se encontra a maior cascata natural da península ibérica, conhecida por Fisgas de Ermelo.
Vegetação e flora: as condições de clima e altitude em simultâneo, são responsáveis pela diversidade e diferenciação da cobertura vegetal. Até ao momento estão inventariadas e referenciadas cerca de 486 espécies de plantas, sendo 25 delas endemismos ibéricos, 6 endemismos lusitânicos e 23 possuem estatuto de conservação.
Fauna: a intervenção do homem no Parque Natural do Alvão tem determinado a manutenção e o equilíbrio entre as diferentes formas de vida da fauna selvagem. Esta atitude tem contribuído para a diversidade biológica ao serem criadas novas unidades ecológicas biótopos, campos agrícolas, lameiros, sebes, etc., que se associam aos biótopos naturais. É na área do Parque Natural do Alvão que encontra apascento uma raça autóctone, que origina uma das mais suculentas e saborosas carnes portuguesas: a Maronesa DOP.
Aldeia de Bisalhães | Olaria negra Bisalhães é uma aldeia situada na encosta sul da freguesia de Mondrões, concelho de Vila Real. É célebre pela olaria de Bisalhães, mais conhecida por “Barro preto de Bisalhães”. Recorde-se que a decisão de inscrição do barro preto de Bisalhães na lista do património cultural imaterial que necessita de salvaguarda urgente da Unesco foi tomada no dia 29 de novembro de 2016, em Adis Abeba, Etiópia, na sequência de uma candidatura apresentada pelo Município de Vila Real. Este reconhecimento internacional foi um passo fundamental para a valorização da arte ancestral dos Oleiros de Bisalhães, que deixou de estar confinada ao nosso território e passou a ser partilhada com o Mundo.
Destaques da Gastronomia!
Covilhetes
Espécie de “empadas” que devem o seu nome à pequena forma de barro preto (de Bisalhães) em que iam ao forno. Hoje em dia, o molde já não é de barro, mas o nome mantém-se. A tradição desta especialidade é muito antiga e está ligada às festas de Santo António, do Senhor do Calvário e da Senhora da Almodena, que eram as únicas ocasiões em que era vendido. Desde a década de 60 do séc. XIX que os Covilhetes começaram a ganhar notoriedade na Gastronomia Vila-Realense e, no séc. XX, havia pessoas que os vendiam pelas ruas da Cidade em tabuleiros cobertos com panos de linho. Atualmente, podemos comprar Covilhetes numa qualquer pastelaria de Vila Real, pois são comercializados diariamente. Integra o menu das 7 Maravilhas à Mesa de Vila Real.
Pitos de Santa Luzia
Com origem no antigo Convento de Santa Clara, os Pitos de Santa Luzia ganharam forma e paladar pelas mãos de Maria Ermelinda Correia, uma Irmã Imaculada de Jesus que, segundo reza a história, era muito gulosa. Ora, sabendo a Madre Superiora de toda a sua gula, proibiu-a de comer todo o tipo de doces. A Irmã Ermelinda Correia, não conseguindo controlar a sua gulodice, criou um doce cuja forma se assemelhava muito com os pachos de linhaça com que trata- va os doentes com problemas de olhos. E assim nasceu o Pito de Santa Luzia (padroeira dos doentes com problemas de olhos), uma especialidade com recheio de doce de abóbora e cobertura de massa de farinha, que é um dos ex-líbris de Vila Real. Manda a tradição Vila-realense que as raparigas ofereçam o Pito aos rapazes nos dias da Festa de Santa Luzia. Integra o menu das 7 Maravilhas Doces de Vila Real.
Carne Maronesa DOP
É nas pastagens da região delimitada pelas Serras do Marão, Alvão e Padrela que esta raça autóctone encontra apascento e são as particularidades deste território que conferem à Carne Maronesa D.O.P. características organolépticas únicas, fazendo dela um produto de topo, que se distingue pela textura tenra e sabor incomparável com que chega à mesa dos consumidores. Para que estas características possam ser verdadeiramente degustadas, a Carne Maronesa deverá ser apenas temperada com sal. Não deixe de provar esta especialidade e, se nos permite a sugestão, acompanhe com um Vinho Tinto Reserva da Adega Cooperativa de Vila Real.
Vila Real, uma lenda…
Reza a lenda, que durante o reinado de D. João I (ou de D. Dinis), durante a campanha de conquista da praça de Ceuta (Marrocos), estaria um grupo de rapazes a jogar o jogo da choca (uma espécie de hóquei medieval), com um pau a que davam o nome de “aleo”. O rei terá criticado a sua despreocupação em tempo de guerra, quando um dos rapazes, D. Pedro de Meneses, que viria a ser o 1º Conde de Vila Real, terá respondido que com o mesmo aléu com que jogavam a choca tratariam dos inimigos. Satisfeito com a resposta, o rei mandou que a palavra aléu fosse inscrita no brasão da cidade.