M รก r i o M o r c e r f โ ข O P o e ta
Fรณrmula de Felicidade
José Angelo da Silva Campos
M á r i o M o r c e r f • O P o e ta
Fórmula de Felicidade
Copyright © José Angelo da Silva Campos Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma e por qualquer meio mecânico ou eletrônico, inclusive através de fotocópias e de gravações, sem a expressa permissão do autor. Todo o conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do autor. Editora Schoba Rua Melvin Jones, 223 - Vila Roma - Salto - São Paulo - Brasil CEP 13321-441 Fone/Fax: +55 (11) 4029.0326 | 4021.9545 E-mail: atendimento@editoraschoba.com.br www.editoraschoba.com.br CIP-Brasil. Catalogação na Publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ C213m Campos, José Angelo da Silva, 1963Mário Morcerf, o poeta : fórmula de felicidade / José Angelo da Silva Campos. - 1. ed. - Salto, SP : Schoba, 2013. 228 p. : il. ISBN 978-85-8013-273-1 1. Morcef, Mário. 2. Poesia brasileira. 3. Poetas - Brasil - Biografia. I. Título. 13-03034 CDD: 869.91 CDU: 821.134.(81)-1
Aos meus amados pais, Mário e Odete, que divinamente apresentam-me a vida, o seu autor e sentido; às minhas nove irmãs e meu irmão, pela nossa união fraterna e fiel colaboração nesta obra; à minha amada Cristina, mais que uma esposa, uma grande mulher, dedico esta obra. Ao Autor da vida e fonte de toda sabedoria, essência do meu ser, Deus Pai, por Jesus Cristo no amor do Espírito Santo, todo o meu agradecimento.
Fórmula de Felicidade “Fazer poesia e criar um universo de desejos bem limitado para sempre conseguir mais que o que se deseja. Crer em Deus, nele se manter ligado e ter confiança em si mesmo.”
Meus versos... ...são pobres em tudo, mas pretendem apenas registrar as minhas emoções do dia a dia, como as sinto e vivo. No fundo você verá que a minha alma, totalmente nua, se deixa flagrar e eu mesmo me reconheço nem tão mau que se abomine, nem tão bom que se adore; sou simplesmente humano, e como tal, feliz.*
*Trecho extraído do rascunho de uma carta do poeta dirigida à amiga professora Gercy Machado de Lima, a quem sempre recorria para as correções dos eventuais erros linguísticos dos seus escritos.
Sumário Apresentação.................................................................13 Prefácio..........................................................................15 Introdução.....................................................................17
Poesias..........................................................................19 Amor Gênese............................................................................21 Eternamente.................................................................23 Bodas de prata...............................................................24 Menestrel......................................................................25 Soneto do amor impossível.........................................26 Unos................................................................................27 Retorno..........................................................................28 Miragem.........................................................................29 Fé Aspiração........................................................................31 Comunhão......................................................................32 Teresa.............................................................................33 Postalzinho de maio.....................................................34
Domingo.........................................................................35 Perdão.............................................................................36 Paz...................................................................................38 Natal...............................................................................39 Oferenda........................................................................40 Ubiquidade.....................................................................42 Peregrino.......................................................................44 Busca...............................................................................45 Renúncia.........................................................................46 Político/Social Liberdade.......................................................................49 Fome................................................................................50 Apatia.............................................................................52 Poema à juventude........................................................53 Paz piedade.....................................................................56 In extremis de Tancredo Neves..................................58 Bilhete de intenções à assembleia constituinte..............................................59 E agora, João?.................................................................61 O grito do Ipiranga......................................................63 No centenário da libertação dos escravos..............65 Comício...........................................................................67 Colégio João Bley Meu colégio João Bley.................................................69 Colégio João Bley.........................................................71 Hino ao estudante castelense...................................72
Castelo Castelo...........................................................................75 Rio Caxixe......................................................................76 Castelo (2).....................................................................77 Flash na memória.........................................................78 Sardanisca......................................................................79 À beira do Castelo.......................................................80 Profecias........................................................................81 Espírito Santo Festival do vinho de Domingos Martins..................85 Pedra Azul.....................................................................87 Convento da Penha......................................................88 Vila Velha......................................................................89 Vitória............................................................................90 Venda Nova....................................................................91 Tema Livre Terra molhada..............................................................93 Simplesmente mamãe....................................................94 Criança...........................................................................95 Velhice............................................................................96 Primavera.......................................................................97 Consolação....................................................................98 Meu pai.........................................................................100 Versejador, mais nada................................................101 Esperança.....................................................................102 Rosário de minha mãe................................................103 Infância........................................................................104
Herança de escrava....................................................105 Soneto...........................................................................106 Teus olhos....................................................................107 Inverdade.....................................................................108 Prelúdio.......................................................................109 Trovas............................................................................110 Biografia...................................................................121 Mário Morcef Campos...............................................123 A família...................................................................133 Memórias fotográficas da família..........................141 Seus onze filhos..........................................................151 O pesquisador...........................................................159 Memórias...................................................................169 A fé do poeta............................................................181 O conselheiro..........................................................191 O poeta......................................................................201 Epílogo......................................................................223
Apresentação Aos nostálgicos, o sabor de rememorar nas entrelinhas dos seus versos e nas narrativas históricas um pouco do passado permeado com um tom profético do futuro. Aos amantes da literatura, o doce encanto do poema clássico que se faz moderno nas trovinhas alegres e nos acrósticos inteligentes, uma expressão singela da alma do poeta. Aos jovens, curiosos e àqueles que não o conheceram, o deleite das poesias e o regozijo da viagem pela história de uma vida. A leitura desta obra propõe um passeio a bordo de um veleiro que, livre, se deixa levar pelo vento rumo às águas profundas, onde o encontro com ele mesmo permite enxergar a própria alma. Ver nas palavras compostas harmoniosamente o amor, a paixão, o encanto, a desilusão, a revolta, a alegria e a fé, enfim uma vida com seus altos e baixos, assim como ela deve ser. Aliada a toda essa arte e magia que a poesia nos propicia, encontramos também fatos da vida do poeta que fazem dele um homem simplesmente humano, como ele mesmo dizia, mas diferenciado pelos dons que recebeu e soube, como ninguém, colocá-los a serviço do próximo. Conheceremos um homem de fé, conselheiro; um ho15
mem família; um homem além do seu tempo, pesquisador, meio cientista, profeta. Um homem que viveu a vida, participou da História e jamais se permitiu ser um mero espectador. Seja por sua arte poética, seja por suas descobertas mineralógicas, seja por seu amor a Deus e ao próximo, ou o seu senso de cidadania, que sua vida exposta nesta obra sirva para trazer alegria, paz e esperança a todos que abrirem as velas e, ao sopro do vento da imaginação, navegarem nas águas serenas deste mar de inspiração. O Autor
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Prefácio Luiza Alice Campos Calegari Escrever sobre o poeta Mário Morcerf, sem falar da pessoa do meu pai, é impossível. Em minha memória, essas duas facetas de sua personalidade se fundiram e marcaram a minha vida como filha e como poetisa. Homem honesto, íntegro, batalhador, estudioso, trabalhador, pesquisador, religioso, amigo, conselheiro, sonhador e poeta. Lembrar do meu pai, sempre lendo, sempre escrevendo e sempre declamando para nós a poesia que ainda estava sendo moldada por ele, é voltar a um passado longínquo e que se torna presente por meio do imenso amor com que é lembrado. Posso dizer que presenciei o parto da maioria dos seus poemas. Às vezes, era um parto doloroso. Ele vinha, falava um pedaço do poema, declamava insatisfeito. Andava pra lá e pra cá, falando baixinho, depois, se achegava a nós e dizia: Assim fica melhor, escutem! Nos sonetos, surgia uma rima rica. Nova dificuldade. Volta o poeta: Achei! E sempre buscava a 17
aprovação dos filhos e da mamãe. A última palavra era sempre dela. Outras vezes, o poema chegava pronto até nós. Era só aplaudir. Ele sempre mereceu o nosso aplauso: o poeta e o pai, o poeta e o esposo, o poeta e o funcionário público, o poeta e o homem, o poeta e o castelense. Aqueles que o conheceram sabem dizer quem foi o “Seu Mário”. E aqueles que o conhecerão a partir de hoje, através desta pequena mostra de sua obra literária, poderão dizer quem foi o poeta Mário Morcerf. Que a beleza e as mensagens destes poemas possibilitem a você adentrar nessa magia que é o mundo da POESIA. Castelo/ES, janeiro de 2013.
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Introdução Creio que através destas páginas cumpro um compromisso íntimo comigo mesmo de apresentar, ao público em geral, um homem por meio dos seus pensamentos explicitados em versos e prosas e sua história de vida, tanto no seio familiar quanto junto à sociedade. Não é a intenção desta obra encerrar tudo que há sobre o poeta nem suas composições, mas ao menos retratar, numa capitulação de fácil leitura, seus poemas separados por temas e os fatos históricos conforme o assunto. Iniciamos pelos poemas, sonetos e trovas, onde cremos estar contida a alma de toda a obra, em cuja leitura, como ele mesmo dizia: “você verá que a minha alma totalmente nua, se deixa flagrar e eu mesmo me reconheço nem tão mau que se abomine nem tão bom que se adore; sou simplesmente humano, e como tal, feliz”. Sequencialmente apresentamos sua biografia, extraída dos escritos do próprio poeta e dissertada por mim, corroborada por todos os seus filhos, buscando traduzir com a maior fidedignidade possível a sua real história de vida. Iniciada a apresentação biográfica do poeta, adentramos nos fatos, com algumas fotos e imagens, que caracterizaram sua personalidade, a família, o pesquisador, o histo19
riador, o religioso e o conselheiro. Esta obra não vem do nada, a fonte é rica, a vida de um poeta e sua expressão na arte literária. O trabalho de montagem dos textos, algumas dissertações narrativas da história por ele vivida e a apresentação de documentos e fotos que ratificam o conteúdo inserido, não são mérito de uma só pessoa. Com sugestões, inserções de textos e correções diversas, contamos com a participação ativa de todos os filhos do poeta, uns mais atuantes, outros menos, porém, podemos dizer que o resultado é, com certeza, o fruto de uma unidade iniciada no amor de Mário e Odete que se eterniza em suas palavras: “Não seja o nosso amor este momento, (...) (...) Que floresça nos filhos que tivermos; Para que neles sempre se desdobre Nos abraços e beijos que trocarem, Nos filhos que do amor deles nascerem; E nos netos dos netos de seus netos Mesmo no esquecimento, se eternize”.*
Castelo/ES, janeiro de 2013. José Angelo da Silva Campos
*Recorte do poema Eternamente, do poeta Mário Morcerf.
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Poesias
Amor
“Eu cantarei o amor que me perpassa O coração que só de amor suspira.”
Gênese Um só desejo de unir-se e nesse unir, um todo. Chegar àquele instante quando cessam as dores e as amarguras e se confundem os sentimentos, tudo é tranquilo mais do que o sonho mais do que a paz mais que o nirvana, o Infinito... Tocada a chama da Eterna Luz uma fagulha se lhe arrebata... Já no teu ventre 23
túnica branca e transparente, uma alma pura funde-se ao corpo de um ser nascente. Quando abracei-te e me abraçaste, nus nossos corpos e nossas almas também tão nuas dos preconceitos que se fez uno nosso egoísmo, e a nossa entrega fez-se oblação: e se fez carne e se fez alma o nosso amor.
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Eternamente Não seja o nosso amor este momento, Este instante de entrega, este tumulto Dos nossos corações descompassados Fervilhando no ardor que nos consome. Não seja o nosso amor somente o enleio, A maciez do carinho, o doce afago, O leve sussurrar, toda quietude Desse instante feliz de encantamento... Que floresça nos filhos que tivermos; Para que neles sempre se desdobre Nos abraços e beijos que trocarem, Nos filhos que do amor deles nascerem; E nos netos dos netos de seus netos Mesmo no esquecimento, se eternize.
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Bodas de prata O nosso amor é mais que estes abraços, Mais que estes beijos que nós dois trocamos. É mais que o sonho que a sorrir, sonhamos, Quando eu te prendo e prendes-me em teus braços. É mais que a força com que nos unimos, É mais que a entrega a que nos entregamos. É muito mais que tudo o que pedimos, E mais ainda, do que sempre damos. É mais encontro do que mesmo busca. Mais que o abandono em que a razão se ofusca, É renúncia, afinal, constantemente; Que dia a dia o coração liberta, E a nós, nos prende no calor da oferta Ao consumir-se ardendo eternamente.
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Menestrel Eu cantarei o amor cheio da graça Que o desejo de amar tanto me inspira; Eu cantarei o amor que me perpassa O coração que só de amor suspira; Eu cantarei o amor que se entrelaça Nos meandros do meu ser que assim delira, E que tímido às vezes se embaraça Nas sonâncias da minha pobre lira; Eu cantarei o amor que se mistura Na mesma taça em que a ilusão derrama Do seu doce sabor toda amargura; E o cantarei por todos os espaços, Qual louco menestrel que amor reclama, Carregando-te amor, pelos meus braços.
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Soneto do amor impossível Não posso ser o amor que tanto buscas, Nem posso oferecer-te o que desejas Desse sonho que sonhas e procuras, Em vão, na realidade de um momento. Já não posso nem devo ser promessa, Nem mesmo ser carícia de um instante, Nem ainda oferenda que se faça De um pouco de ilusão numa esperança. Devo eu ir como vim, sem ter ficado, Mas deixar, como deixo, algo que fica; E levar como levo, algo que vai: Pouco menos que amor, mais que amizade, E que há de persistir enquanto exista, E exista enquanto recordar-se possa.
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Unos Partiste? Não partiste, porque, quando Te foste, teu amor ficou comigo; E eu fiquei? Não fiquei, pois que te sigo Na saudade que vai te acompanhando. Despediste? Nem sei, pois não consigo Relembrar, que a lembrança me tomando Me leva a ti que vens me procurando, E nesse encontro nos concede abrigo. E assim vivemos ambos da saudade, Na asa ligeira da recordação, Unidos nesse amor mais que amizade. Não sofremos jamais a solidão: Teu coração bate em meu peito, e há de No teu peito, bater meu coração.
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