Meus Encantos

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MEUS ENCANTOS


MEUS ENCANTOS CAROLINA MICHELS



Copyright © Carolina Michels Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma e por qualquer meio mecânico ou eletrônico, inclusive através de fotocópias e de gravações, sem a expressa permissão do autor. Todo o conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do autor. Editora Schoba Rua Melvin Jones, 223 - Vila Roma - Salto - São Paulo - Brasil CEP: 13.321-441 Fone/Fax: +55 (11) 4029.0326 E-mail: atendimento@editoraschoba.com.br www.editoraschoba.com.br

CIP-Brasil. Catalogação na Publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ C841m Corrêa, Carolina Michels de Azevedo, 1995Meus encantos / Carolina Michels. - 1. ed. - Salto, SP : Schoba, 2013. 120 p. ; 21 cm. ISBN 978-85-8013-294-6 1. Adolescência. 2. Crônica brasileira. I. Título. 13-04523 CDD: 869.98 CDU: 821.134.3(81)-8


“Às vezes tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que, ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que, muitas vezes, fico consciente de coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia.” A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector



Ă€ Liane Michels, simplesmente por acreditar.



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p re f á cio

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Todo homem, antes mesmo de nascer, experimenta uma variada sorte de sensações e de sentimentos, que vão construir a sua personalidade. No entanto, por mais intensa ou complexa que seja nossa existência, nunca seremos capazes de perceber tudo aquilo que a vida pode nos oferecer. Isso porque as nossas escolhas nos conduzem a determinados caminhos, e não a outros; a determinadas conclusões, e não a outras. Para superar essas lacunas sentimentais, o ser humano desenvolveu, dentre outras formas de arte, a Literatura. No contato com o texto, podemos não só vivenciar as experiências de outras pessoas, mas também entender as nossas próprias: a Literatura mostra que somos todos navegantes de um mesmo barco. Quem nunca experimentou a saborosa sensação de descobrir num poema, conto ou romance a sua própria vida (real ou ideal) não leu ainda suficientemente. É claro, todavia, que desenvolver textos, nesse nível, requer sensibilidade, criatividade e, sobretudo, coragem. Em Meus Encantos percebemos essa coragem de expor ao mundo pensamentos que, embora possam não ser exatamente os da autora, vieram dela. Notam-se facilmente a sensibilidade e a criatividade de traduzir artisticamente algo que pudesse encaminhar o leitor a um mundo fascinante de sensações. E o resultado disso tudo foi um livro delicado e consistente. 11


Nas próximas páginas, encontraremos, portanto, textos sobre aquilo que constrói a nossa experiência existencial. Tenho certeza de que sairemos mais maduros dessa leitura, algo tão necessário para recuperarmos a nossa capacidade de reflexão e a nossa própria humanidade dentro do mundo moderno. Filipe Couto Poeta, autor do livro Breves Cantares de Nós Dois, professor de língua portuguesa, literatura brasileira e redação

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Pr ó lo g o

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Bem-vindo ao mundo dos livros! Perigo: você vai se apaixonar pelo protagonista ou antagonista da história, vai chorar, sofrer, rir e se divertir com os personagens, e nunca mais será capaz de viver sem um livro na mesa de cabeceira e poderá criar altas expectativas sobre as pessoas. Ah, pode dar uma onda boa também e fazer você esquecer o mundo por algumas horas, ampliar seus conhecimentos, viajar por vários lugares e abrir a mente, mas vou te dizer uma coisa, no final vale muito a pena.

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c a p í t u l o | Q ueri d o V oc ê Parte I



M ais U ma V e z

Tudo acabou, mas não estou ilesa a cometer o mesmo erro ou o mesmo acerto mais uma vez. Pode ser que tudo aconteça de novo ou pode até ser que nada venha a acontecer, mas eu realmente espero que aconteça algo novo, mais forte, agora que estamos mais maduros, mais sábios. O problema é que você me conhece bem, sabe cada reação que eu tenho, cada passo que eu dou. E eu te conheço bem, sei de seus gostos, suas carências. Tivemos poucas discussões, todas sem sentido, e o tempo que ficamos afastados foi por autodefesa, porque eu sabia, assim como você, que se ficássemos mais próximos do que a próprio destino já nos deixa, seria impossível não se apaixonar, não sofrer, seria impossível não deixar tudo de novo acontecer. Per g untas e mais p er g untas

O que será que vai acontecer agora? O que você sente? Por que você deixa tudo subentendido? Por que você não responde às perguntas que estão na minha cabeça? Vai acontecer ou não? Meu coração dói sem uma resposta, sem saber para onde ir, sem saber se deve esquecer ou não, sem saber como agir. Só quero saber como você se sente quando fala 17


comigo, quando a gente conversa, quando nos tocamos sem querer. Só quero saber o que ainda existe, que relação a gente tem. O que é isso? O que estamos fazendo? Eu não sei e acho que nem você sabe ao certo responder. Somos a metade de uma laranja ou somos dois amigos unidos? V aleria a Pena ?

Eu podia dizer que eu te quero aqui comigo, poderia dizer que você é tudo pra mim. Poderia até falar o quanto eu gosto de você, o quão maravilhoso você é e o que você me faz sentir toda vez que chega assim, como quem não quer nada, mas com aquele sorriso que é capaz de iluminar o céu de estrelas. Poderia dizer que você faz meu coração bater mais forte, faz eu ficar toda arrepiada quando você me fita nos olhos. Eu poderia dizer tantas coisas, poderia escrever tantas coisas, te mostrar tantas palavras, gestos, atitudes ou ações, mas será que valeria a pena? Di f eren ç as

Não me importam as diferenças. Não me importa se você é feio ou bonito. O que realmente importa é o que nós sentimos. Esqueça os outros, ninguém quer nos ver juntos, mas ninguém sabe o que somos um para o outro. Eles nunca vão entender que, apesar de tudo, o meu reflexo é você. Podemos ser opostos, mas eu não ligo para isso. Estou aqui, o que numa tradução grotesca significa que não queria estar em nenhum lugar no mundo que você não esteja. A única coisa que temos em comum é que somos diferentes e é isso que nos completa. 18


Primeiro A mor

O que fazemos com o primeiro amor? O que sentimos ao certo para saber que é o primeiro amor? Não sabemos e essa é graça de tudo, não sabemos se o que sentimos é amor, porque nunca tivemos esse sentimento antes, só o que sentimos são um conjunto de emoções, todas novas, só o que sentimos são um conjunto de emoções, todas novas, além das famosas borboletas no estômago. Temos a ânsia de ver aquela pessoa. Esperamos ansiosamente pelo sorriso dela e pensamos nela em todos os momentos. Estamos apaixonados quando temos ciúmes e sentimos necessidade de cuidar daquilo que é nosso. Queremos estar com a pessoa o tempo todo, queremos ser parte da vida dela, saber mais sobre ela, suas manias, manhas, medos, desejos e temos necessidade de tornar realidade tudo aquilo com o que ela sonhou. Sentimos que o primeiro amor chegou quando, dentro de nós, o coração bate mais forte e a timidez aparece no mais simples gesto de carinho, quando queremos falar com a pessoa a qualquer momento, nem que seja brigando. Mas, o mais importante, é que o primeiro amor nunca esquecemos, ele fica com a gente para sempre, lembrando que pode não ter sido o melhor, mas foi o mais marcante. O Q ue A contece C omi g o Q uan d o T e V e j o

Eu queria saber o que acontece comigo quando te vejo. Não sei se é paixão ou amor, só sei que é coisa do coração e a cada dia dói mais não saber o que fazer, como reagir, o que dizer. Posso passar por tudo, dar meia volta ao mundo, mas sempre 19


volto para você, sempre acabo pensando em você. Me lembro dos seus beijos, seus abraços, seus sorrisos, me lembro de cada gesto, cada toque de você. Sinto sua falta como uma criança do seu cobertor, como o Piu Piu do Frajola. Queria ter você aqui, sempre em meus braços seguros, só pra ter certeza que eu conseguiria te fazer feliz. Por que será que é assim? A gente não manda no coração e eu nem sempre penso em você, então, porque toda vez que você fala comigo ou me falam de você alguma coisa aqui no lado esquerdo do peito parece bater? S e para d os Pelo C oncreto

Pensando que era fim de tarde e o telefone tocou. Aquela voz doce do outro lado da linha que a fazia se sentir inteira. Para dizer bobagens e contar sobre o dia, esquecer os problemas e pensar na vida. Ela ria ao som da voz dele no telefone, os olhos dos dois estavam tão iluminados que pareciam a lua. Brilhavam de ansiedade, tanto tempo esperaram para ouvirem um a voz do outro novamente. Ele estava em casa e ela abriria seus braços e mostraria seu mais lindo sorriso assim que se vissem novamente, depois de quatro anos. Quatro anos lutando para que as coisas dessem certo, eles esperavam que pelo menos dessa vez dariam. Depois de tantas idas e vindas, de tantos meninos na vida dela, de tantas meninas na vida dele, o mundo deu voltas e parou em círculo, girou 360 graus, e parou ali, naquele lugar onde sabiam que pertenciam. Ela estava em casa. Pensando, sonhando com ele. Ele estava em casa. Pensando, sonhando com ela. Os dois estavam no 20


mesmo prédio, no mesmo andar, separados pelo concreto, sem se tocarem, só se escutavam. Escutavam a voz um do outro e o coração de ambos batendo, descontroladamente.

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