Enigma do Passado

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O ENÍGMA DO PASSADO



O ENÍGMA DO PASSADO Newton Goulart


Copyright © Newton Goulart Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma e por qualquer meio mecânico ou eletrônico, inclusive através de fotocópias e de gravações, sem a expressa permissão do autor. Editora Schoba Rua Melvin Jones, 223 - Vila Roma - Salto - São Paulo - Brasil CEP 13321-441 Fone/Fax: +55 (11) 4029.0326 | 4021.9545 E-mail: atendimento@editoraschoba.com.br www.editoraschoba.com.br

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ G727e Goulart, Newton O enigma do passado / Newton Goulart. - Salto, SP : Schoba, 2012. 232p. : 21 cm ISBN 978-85-8013-188-8 1. Romance brasileiro. I. Título. 12-7023. CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3 26.09.12 15.10.12

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Nairobi Ingrid e Helga chegaram de Berlim no aeroporto de Nairóbi às dezenove horas tendo em mente a sua missão. Kraus Albert Spier, pai de Helga, fora taxativo, deviam se passar por turistas no Quênia para não chamar atenção, e após dois a três dias partiriam para Londres e de lá deveriam voar para Roma, seu verdadeiro destino, seguindo para o Vaticano onde monsenhor Petre as esperava e deixar em seu poder os documentos que portavam para que este os guardasse em lugar seguro na Santa Sé. As moças desconheciam do que se tratava,mas estavam acostumadas a transportar objetos de um lugar para o outro sem questionar, suas ordens era entregá-los somente a monsenhor Petre. À tarde em Nairóbi estava cinzenta e triste, chegara o período de chuvas e o céu coberto de nuvens prenunciava uma tormenta, com raios cruzando o espaço e trovões ensurdecedores. As garotas acostumadas a cumprir ordens de sua organização desceram do avião entrando no saguão do aeroporto olhando para os lados, preocupadas, não sabiam se era impressão delas, mas quando estavam a bordo notaram dois homens morenos com longas barbas que entraram rapidamente no avião parecendo estar procurando por alguém. 7


Instintivamente se encolheram em suas poltronas, seriam elas as procuradas? Observando-os disfarçadamente, notaram que eles as fitaram e em seguida se acomodaram nas poltronas à sua frente. A viagem até Nairóbi fora normal, mas elas não conseguiram se acalmar, tinham certeza que os homens sentados à sua frente estavam seguindo-as; e se fossem da organização”Filhos de Moises” corriam sério risco de morte. Helga segurava a maleta que deviam entregar no Vaticano, suas mãos tremiam. Quando finalmente desceram em Nairóbi já tinham decidido, alugariam um cofre no Aeroporto e guardariam lá os documentos. Ao descerem,enquanto Ingrid vigiava os dois homens, Helga se encaminhou para o setor onde se encontravam os cofres de segurança alugando um e após constatar que seus seguidores não a estavam seguindo,colocou os documentos no seu interior indo em seguida ao encontro da amiga que a aguardava no grande salão do aeroporto. ­— Tudo bem? Perguntou à amiga. — Sim, respondeu Helga com um sorriso mostrando disfarçadamente a chave do cofre à amiga. — Nossos amigos estão logo ali, mostrou Ingrid com o olhar. Olhando disfarçadamente para o local indicado pela amiga, Helga viu os dois indivíduos próximos à saída por onde elas teriam que passar. Elas não tinham como se desviar deles, então seguiram em frente passando sem olhá-los, tomando um táxi para a cidade, que fica a quinze quilômetros do Aeroporto. No caminho notaram que outro táxi as seguia, então pediram ao motorista que desse algumas voltas pelo quarteirão

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confirmando que realmente eram seguidas. Após rodarem por cerca de vinte minutos e vendo que seus perseguidores não desistiam, solicitaram ao motorista que as deixasse no Quênia Hotel onde Spier havia lhes feito reservas. No Hotel estariam seguras,pensou Helga. Ao descerem, o outro veículo estacionou logo à frente. Não havia dúvida, elas haviam sido localizadas. Um funcionário do Hotel se aproximou pegando suas malas,transportando-as para o Saguão do Hotel. As garotas o seguiram se aproximando do balcão onde confirmaram suas reservas, indo em seguida para o apartamento onde tomaram um longo banho, descendo em seguida para sondar o ambiente. Eram exatamente vinte e uma horas quando se acomodaram a uma mesa no bar do hotel. Quando o garçom se aproximou, pediram dois martinis. Enquanto aguardavam a bebida, Helga perguntou: — Você viu os homens que nos seguiram? Ingrid que se acomodara de frente para a porta de entrada do bar fez sinal afirmativo com a cabeça, olhando significativamente para frente. Helga se virou vendo os dois homens, estes as fitavam sem disfarçar, tendo em seus lábios um sorriso de escárnio que mais parecia um rito de dor, seus olhos brilhavam maldosamente. As moças estremeceram, estavam apavoradas, os pensamentos fervilhavam. Como deveriam agir? Ligariam para Spier? Estavam absortas em seus pensamentos quando ouviram uma voz. : — Senhoritas, suas bebidas. As garotas se viraram, era o garçom, que sorridente colocou os copos com o Martini à sua frente. Agradeceram com um sorriso. Quando o rapaz se afastou,

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viram os dois homens se aproximarem sentando a uma mesa ao lado da que elas ocupavam, pedindo também uma bebida. Elas sentiram suas pernas fraquejarem, nunca em suas missões haviam passado por tal situação e a única coisa que poderiam fazer era continuar sentadas na esperança que os indivíduos se retirassem. Não poderiam chamar a polícia, pois não tinham como provar que os indivíduos as estavam ameaçando, por isso decidiram esperar.

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A Intervenção Há mais de dois anos, os irmãos Marcelo e Neviton Celleri haviam chegado a Nairóbi para trabalhar na construção e manutenção de rodovias. Os dois eram jovens, Marcelo tinha 36 anos, cabelos negros, olhos verdes, com 1,70 metros de altura, porte atlético e Neviton com 30 anos, 1,83 metros, cabelos ruivos, olhos azuis e também com um físico bem desenvolvido. Em sua profissão de Engenheiros civil tinham graças a seu espírito de aventura trabalhado, na Venezuela e na Argentina, na região da Patagônia, e quando surgiu oportunidade de trabalharem no Quênia, não pensaram duas vezes. Aquele dia tinha sido especial, tinham terminado a tarefa a eles designada faltando apenas os relatórios finais e no máximo em uma semana poderiam tirar férias e retornar ao Brasil para rever a família e matar a saudade. Fora um dia cansativo, pois tiveram que vistoriar todo o percurso da rodovia para constatar se tudo estava em ordem e apesar do tempo instável realizaram a inspeção. Estavam eufóricos e não paravam de fazer planos para seu retorno, o que vinham discutindo quando se aproximaram de seu hotel. Eram vinte horas quando entraram no hall do Quênia 11


Hotel onde estavam hospedados, olharam a sua volta acompanhando o movimento de hóspedes que chegavam sendo suas bagagens transportadas por jovens em carrinhos, enquanto os viajantes eram recebidos por funcionários que os encaminhavam a seus aposentos. Todo fim de ano o movimento era intenso devido à chegada de turistas que vinham atraídos pelas belezas naturais do Quênia. Após alguns minutos, os jovens resolveram subir a seus quartos onde tomaram uma boa e reparadora ducha. Desceram, seguindo para o bar do hotel, no balcão pediram dois whiskys que passaram a bebericar lentamente, estavam absortos em seus pensamentos quando notaram duas belas garotas sentadas a uma mesa do outro lado bar. — Veja, disse Neviton, chamando a atenção do irmão. — Já havia notado, respondeu Marcelo, há tempos não vejo garotas tão lindas. Elas aparentavam ter 25 a 26 anos, uma era loura e tinha os cabelos presos atrás da cabeça, seus olhos eram grandes azuis e pareciam assustados. A outra era morena de cabelos curtos e soltos, olhos castanhos, ambas de uma beleza incomum. Os rapazes repararam que elas cochichavam e vez por outra olhavam para dois indivíduos que estavam em uma mesa próxima a delas e que as encaravam. Os indivíduos eram morenos com longas barbas negras, seus olhos eram duros e enquanto fitavam as moças ensaiavam um sorriso. Incomodadas, elas viraram o rosto para o balcão onde os rapazes haviam se acomodado em duas banquetas. Estes sorriram e as cumprimentaram com a cabeça, as garotas retribuíram fazendo-lhes sinal para que se aproximassem. Os rapazes se levantaram levando consigo os copos com a bebida e ao se aproximarem perguntaram: em inglês se pode-

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riam fazer-lhes companhia. As garotas concordaram com um lindo sorriso, apontando-lhes duas cadeiras vazias. Após se sentarem, Ingrid se adiantando à amiga, disse: Eu sou Ingrid e minha amiga se chama Helga somos aeromoças, mentiu, estamos de folga até amanhã às nove horas quando devemos partir para Londres. Marcelo sorrindo respondeu: — Muito prazer, eu sou Marcelo e meu irmão Neviton. O que vocês estão bebendo? — Martini, respondeu, Helga falando pela primeira vez. Marcelo fez um sinal ao garçom que se aproximou pedindo que lhes trouxesse outra rodada. A conversa foi se animando, as garotas disseram que eram alemãs, trabalhavam como aeromoças há três anos e que inclusive já haviam estado de férias no Rio de Janeiro onde pretendiam voltar, pois adoraram o carnaval e a paisagem. Os rapazes disseram que eram engenheiros e que sempre optaram por trabalhar em outros países pela curiosidade de conhecer novos povos e seus costumes, e que trabalhar na África lhes proporcionou conhecer vários países do continente, inclusive o Egito que sempre fora o sonho dos dois. Era mais de vinte e três horas quando Marcelo sugeriu que deveriam jantar, as garotas concordaram e os quatro passaram para o restaurante que estava cheio e tiveram que esperar mais trinta minutos, mas nem notaram o tempo passar tão animada estava a conversa. No restaurante uma música suave vinda de alto-falantes colocados estrategicamente nas paredes brancas, enchia o ambiente dando ao local uma sensação acolhedora. Após o jantar se encaminharam para a boate do Hotel e se acomodaram numa poltrona, neste momento as afinidades estavam definidas, Marcelo se sentia atraído por Ingrid, e Ne-

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viton não tirava os olhos de Helga. Às duas horas da manhã, resolveram subir para seus apartamentos e a convite dos rapazes elas resolveram ficar com eles. Eram seis horas da manhã seguinte, quando Ingrid se levantou vestindo-se rapidamente, olhou para a cama onde Marcelo dormia jogando-lhe um beijo, em seguida abriu a gaveta de uma pequena mesa que tinha no quarto, colocando um envelope em seu interior, abriu a porta do apartamento com cuidado fechando-a em seguida, encaminhando-se para o apartamento de Neviton. Helga a esperava no corredor. — Temos que ir, disse à amiga. — Sim, respondeu Helga. — Não podemos levar a chave do cofre, por isso, eu a deixei com um bilhete para nossos amigos, disse Ingrid. — Ótimo, respondeu á amiga, assim que pudermos voltaremos para buscá-la. — Vamos sondar o ambiente. Dizendo isso, desceram ao térreo e seguiram para a saída do hotel olhando com cuidado para fora, após constatarem que os dois homens que as seguiam não se encontravam nas imediações, fizeram sinal a um táxi pedindo que as levasse a Estação Rodoviária. Ingrid teve a ideia de visitarem o Park Tsavo, lá elas teriam espaço para saberem se estavam sendo seguidas e devido ao grande número de turistas que visitavam o local, elas se sentiriam seguras, pois não acreditavam que os indivíduos tivessem coragem de ameaçá-las em lugar público. Eram sete horas quando seguiram de ônibus com destino ao Park. Após verificarem que os seus seguidores não se encontravam a bordo, com um suspiro de alívio se recostaram no banco fechando os olhos, decididas a descansar. A viagem transcorreu calma sem nenhum incidente e

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após três horas chegaram a seu destino, pois o Park fica a 279 quilômetros de Nairóbi, desembarcaram na entrada principal. Estavam famintas, pois não haviam tomado o café da manhã, então, entraram em um dos vários restaurantes do local e se alimentaram. Às 10h30min seguiram para o setor onde o Park oferecia passeios pelos 20.281,00 km², que é a área protegida pelo Governo do Quênia . Ao se acomodarem no veículo que as levaria num safári pelo Park esqueceram seus problemas e se deliciaram com o cenário à sua frente, repletos de animais selvagens que descansavam despreocupadamente. Um cicerone ia descrevendo o local: — Nesse instante estamos passando pelo Yata, planalto que se caracteriza por imensas savanas de árvores e prados onde cresce springe e acácias, a parte leste é formada por grandes montanhas... As garotas estavam tão absortas em seus pensamentos que só perceberam que o passeio chagara ao fim quando o motorista anunciou que haviam retornado ao local de onde haviam partido. Passava das dezesseis horas, então resolveram comer algo, pois estavam famintas. Entraram no mesmo restaurante onde haviam tomado café pela manhã, o local estava repleto de turistas e enquanto esperavam por uma mesa Helga resolveu ligar para Spier. Quando Spier atendeu, a garota lhe narrou todo o acontecido confessando que ambas estavam com muito medo. Spier procurou acalmá-la dizendo que entraria em contato com seus agentes no Quênia e os mandaria esperá-las no ponto terminal de ônibus. Mais calma, Helga desligou contando a Ingrid o que Spier lhe dissera.

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Quando finalmente conseguiram uma mesa, fizeram sua refeição em silêncio perdidas em seus pensamentos. Às dezoito horas, se acomodaram numa poltrona do ônibus que as levaria de volta a Nairóbi, estavam tão cansadas que dormiram todo o trajeto somente acordando quando o motorista anunciou que haviam chegado ao seu destino. Helga consultou seu relógio, eram exatamente vinte e uma horas. Descendo do veículo notaram um carro negro estacionado logo à sua frente, de seu interior alguém as chamou: — Venham garotas, Spier nos mandou buscá-las. As moças se aproximaram certas que eram os agentes que Spier prometera que iria buscá-las no terminal rodoviário entrando na parte traseira do veículo, ainda não haviam visto o rosto dos homens que se encontravam olhando para frente. — Onde devemos deixá-las? Perguntou o que estava no banco do passageiro, olhando-as de frente, tendo em sua mão direita uma arma que lhes apontava. As moças sentiram as pernas fraquejarem, se estivessem de pé teriam caído, pois imediatamente reconheceram os indivíduos que as estavam seguindo. Instintivamente tentaram abrir a porta do carro, porém, estavam travadas. Elas mal podiam respirar tal seu desespero e terror, enquanto isso o motorista pôs o carro em movimento, partindo em grande velocidade. Helga, procurando se controlar, perguntou: — O que os senhores desejam? — Você não sabe querida? Respondeu o que lhes apontava a arma com um sorriso sarcástico, seu semblante era horripilante lembrando um réptil, sua voz soava esganiçada e antes que Helga dissesse mais alguma coisa, dando por encerrada a conversa, ele ordenou:

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— Silêncio, teremos muito tempo para conversar. Após rodarem por alguns minutos, as moças notaram que se afastavam da cidade, o caminho era acidentado, do lado de fora a escuridão era total, por isso não podiam saber para onde eram levadas. Aproximadamente duas horas depois, chegaram ao seu destino uma casa onde apenas uma lâmpada colocada acima da porta iluminava o local. Havia uma velha garagem ao lado do prédio onde estacionaram o veículo, em seguida desceram e ordenaram que as moças fizessem o mesmo, abrindo uma porta na lateral do prédio empurram-nas para dentro. Ao entrarem elas notaram que era uma casa muito velha, com as paredes precisando de pintura, o imóvel tinha três cômodos e cheirava a mofo, parecia que a longo tempo não era usado. Os indivíduos as amarraram e as jogaram em uma cama imunda. — Vocês devem estar na esperança que os agentes mandados por Spier venham em seu socorro, não? Perguntou um dos indivíduos, pois não tenham falsas esperanças porque esse carro pertencia a eles e neste momento o porta-malas lhes serve de urna funerária. Dizendo isso, soltou uma sonora gargalhada, seguido pelo companheiro. Após se certificarem que a janela estava devidamente trancada, se retiraram, fechando a porta por fora. Alguns minutos após saírem, elas ouviram o ronco do motor do carro se afastando. — Temos que fugir ou teremos o mesmo destino dos agentes, disse Helga, sentindo um calafrio percorrer-lhe o corpo. — Sim, respondeu sua amiga, mas estamos amarradas. — Eles ao me revistarem não encontraram uma pequena lâmina que trago sempre no bolso da blusa, se puder alcançá-

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la poderei cortar suas cordas. Dizendo isso, a moça num grande esforço fez com que o objeto caísse sobre a cama onde ela fora colocada e se virando pegou-a acionando um pequeno botão no cabo do objeto onde surgiu uma pequena lâmina. Num grande esforço as garotas conseguiram se aproximar, Helga começou a cortar as cordas que prendiam as mãos de sua amiga e após alguns minutos conseguiu soltá-la e depois foi desamarrada por Ingrid. Tentaram abrir a porta, mas apesar de todo o esforço ela não cedeu, então restava a janela. Nesse instante ouviram o som muito distante do motor de um veículo. — Rápido, gritou Helga desesperada, eles estão voltando. Mas apesar de todo esforço, elas não conseguiam arrancar a madeira que os indivíduos tinham pregado na janela, suas mãos sangravam, o som estava se tornando mais alto, quando Ingrid teve uma ideia: Se aproximando da cama e retirando o colchão começou a saltar sobre ela, Helga compreendendo a intenção da amiga se juntou a ela e pôs todo seu peso sobre o estrado e sentiu o barulho dele se rompendo, elas apanharam dois pedaços de madeira enfiando-os entre a tábua da janela e a madeira pregada usando-os como alavanca e num último e desesperado esforço conseguiram arrancá-la deixando a passagem livre. Quando já estavam fora do imóvel perceberam pelo som do motor que o veículo estava muito próximo. A dez metros aproximadamente havia um pequeno bosque, elas correram desesperadamente para lá se escondendo antes que os indivíduos as vissem. Após estacionarem o carro, os dois homens entraram na casa conversando animadamente, pareciam estar de muito bom humor, mas ao abrirem a porta do quarto soltaram uma

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sonora praga, o local estava vazio e a janela fora arrombada. Eles mal acreditavam, as garotas haviam fugido. Saíram imediatamente e dando partida no veículo, contornaram o pequeno bosque, estacionaram e esperaram. Conheciam bem o local e sabiam que a única saída seria por lá. As garotas na ânsia de fugir correram até o outro lado do bosque e caíram extenuadas, tinham chegado ao limite de suas forças, suas gargantas ardiam pelo esforço para respirar, seus corpos estavam machucados pelos espinhos da mata. Aos poucos sua respiração foi se normalizando e resolveram continuar a fuga, mas ao se levantarem do chão deram com os seus algozes que as fitavam com um sorriso de triunfo nos lábios. Nada poderia salvá-las agora. Os homens se aproximaram pegaram-nas pelo braço arrastando-as para o carro levando-as de volta para seu cativeiro — Muito bem, disse um dos homens, agora vamos ter uma longa conversa. Dizendo isso, arrastaram as duas para o quarto jogandoas sobre o colchão imundo onde elas haviam estado antes, amarrando-as fortemente, ferindo seus braços e pernas, em seguida começaram a lhes perguntar: — Onde está o documento que vocês deviam levar para o Vaticano? — Não sabemos do que vocês estão falando, retrucou Helga. Um dos homens olhou para o outro, dizendo pela primeira vez o nome do comparsa. — Ismael refresque a memória da moça. O outro indivíduo acendeu um cigarro, deu algumas tragadas e se aproximou de Helga encostando a brasa em seu pescoço. A moça soltou um grito de dor, ainda negando: — Somos apenas duas aeromoças de folga, não temos co-

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nhecimento de nenhum documento. — A garota é muito corajosa ou burra, disse o chamado Ismael aproximando-se de Helga pressionando novamente a brasa do cigarro em seu colo. A garota fechou os olhos, se contorcendo de dor. Ismael olhou para o companheiro, dizendo: — Você não vai participar da festa, Joseph? O outro acendeu outro cigarro e começou a torturar Ingrid e a pergunta era sempre a mesma, onde elas haviam escondido o documento. Elas quase desfaleciam de tanta dor. Quando os indivíduos viram que não conseguiriam nada, torturando-as deixaram o quarto, voltando quase em seguida, Joseph trazia uma maleta retirando uma seringa e um pequeno vidro introduzindo nesse uma agulha, tirou uma pequena quantidade de um líquido incolor. — Temos que resolver isso logo, disse, já está amanhecendo e nosso tempo está acabando, já nos divertimos o suficiente, concluiu se aproximando de Ingrid que estava sendo imobilizada por seu companheiro, aplicando-lhe todo o líquido da seringa. Os primeiros raios do sol invadiram o local, passando pela janela que elas haviam quebrado quando tentaram fugir. Helga olhava para amiga aterrorizada. Ingrid começara a sentir o efeito da droga que lhe havia sido ministrada, sentia um enorme torpor. A droga havia tido o efeito esperado pelos bandidos e em poucos minutos ela confessou que haviam colocado o documento num cofre de segurança do Aeroporto e que a chave se encontrava com os rapazes. De posse da informação, decidiram que elas não tinham mais nenhuma utilidade, então resolveram eliminá-las e reti-

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rando uma pistola da cintura, Joseph atirou em suas cabeças, em seguida pegaram seus corpos colocando-as na mala do veículo ao lado dos dois agentes que haviam assassinado antes. Joseph comentou sorrindo maldosamente: — Não cabe mais ninguém, vamos esperar anoitecer para desovar seus corpos.

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A chave Eram exatamente dez horas quando Neviton entrou no quarto de seu irmão se aproximando de sua cama sacudiu-o, esse abriu os olhos sonolentos, lembrando da aventura da noite passada, sorriu olhando para o lado da cama e viu que estava vazia, se sentou de um salto perguntando ao irmão: — Onde estão as garotas? — Não sei, parece que resolveram partir sem se despedir. Marcelo pegou o telefone chamando a portaria do hotel perguntando ao recepcionista se ele havia visto duas garotas, uma loura e a outra morena saindo do hotel. O rapaz respondeu que elas haviam saído aproximadamente às seis horas e ele estranhou o fato de não terem tomado café. Os rapazes ficaram intrigados e decepcionados, elas deviam tê-los acordado e teriam tomado café juntos, antes de partirem. — Bem, disse Marcelo, vou tomar um banho e desceremos para tomar café. Neviton concordou e voltou a seu apartamento para também se preparar. Enquanto tomavam café, comentavam que era muito estranha a atitude das garotas, quando lhes ocorreu que elas poderiam ter deixado um bilhete explicando a razão de terem 23


partido sem se despedirem. Voltaram a seus apartamentos examinando tudo. Neviton nada encontrou, porém Marcelo ao abrir a gaveta da pequena mesa que tinha em seu quarto encontrou um envelope, abrindo-o retirou um papel dobrado ao meio e uma chave. Ansioso desdobrou o papel. Marcelo leu em voz alta o que Helga havia escrito: “Meus amigos, passamos momentos incríveis ao seu lado, perdoemnos por não termos nos despedido, por favor, guardem essa chave com vocês, assim que pudermos voltaremos para buscála, beijos, Helga e Ingrid”. Neviton pegou o bilhete das mãos de seu irmão e releu em silêncio, dizendo: — Você reparou como a letra está tremida? Parece que a garota estava muito nervosa. Dizendo isso, estendeu o pequeno papel para Marcelo que o apanhou examinando-o com cuidado. — Realmente, disse, parece que ela estava muito ansiosa. Os rapazes ficaram alguns minutos em silêncio, o perfume do corpo de Helga ainda pairava no ar, Marcelo se levantou, consultando o relógio, disse: — São onze horas, nesse instante elas devem ter partido para Londres, mas no Aeroporto talvez descubramos como localizá-las. — Sim, concordou seu irmão, também estou preocupado e ia sugerir o mesmo. Marcelo se lembrou da chave e após examiná-la viu que se tratava de um cofre de segurança do aeroporto. Colocou-a juntamente com a carta dentro do envelope e ao saírem deixou os objetos no cofre do hotel. Em seguida pegaram um táxi pedindo ao motorista que os levasse ao aeroporto, foram vinte minutos até seu destino

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que percorreram em silêncio cada um perdido em seus pensamentos. Ao entrarem no saguão do aeroporto notaram que este estava com mais movimento que o normal. Era na maioria, turistas que se acotovelavam para abrir passagem, com muita dificuldade conseguiram se aproximar do balcão da empresa que elas disseram trabalhar perguntando à recepcionista se as conhecia, essa respondeu que não, mas que poderiam procurar o responsável pela empresa que atendia no escritório, ao lado. Depois de longa espera foram atendidos pelo responsável que se apresentou como Robert Potter. Após descreverem as garotas, Robert lhes disse que não as conhecia, lhes assegurando que as aeromoças que partiram no voo para Londres não correspondiam à descrição deles e que eram de origem inglesa. Os rapazes ficaram intrigados e perguntaram se a Empresa não teria as fotos das aeromoças que prestavam serviço para eles. Robert respondeu que sim, mas a política da empresa não permitia que pessoas não pertencentes ao seu quadro as examinassem. Eles ficaram desolados. Quando estavam saindo, Robert lhes sugeriu que procurassem outras companhias. Agradecendo, os rapazes resolveram seguir o conselho. Após visitarem várias companhias, tendo conseguido que algumas lhes mostrassem fotos de suas aeromoças, constatando que nenhuma correspondia a das garotas, resolveram voltar ao hotel. Eles estavam intrigados, como duas garotas lindas de fechar o comércio poderiam passar despercebidas? Parecia que elas jamais tinham existido e que tudo não passava de um lindo sonho dos dois. Tomaram um táxi na saída do aeroporto seguindo diretamente para o hotel. — Quem sabe as meninas voltaram ao hotel e estão nos

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