Na janela do tempo

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Na Janela do Tempo



Na Janela do Tempo ZezĂŠ Freire | Grupo Vida Nova


Copyright © Maria José Cordeiro Freire Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma e por qualquer meio mecânico ou eletrônico, inclusive através de fotocópias e de gravações, sem a expressa permissão do autor. Todo o conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do autor. E ditora S choba Rua Melvin Jones, 223 - Vila Roma - Salto - São Paulo - Brasil CEP 13321-441 Fone/Fax: +55 (11) 4029.0326 | 4021.9545 E-mail: atendimento@editoraschoba.com.br www.editoraschoba.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057 Freire, Maria José Cordeiro Na janela do tempo : passagens da vida, encontros, passado, presente / Zezé Freire; Grupo Vida Nova. -- São Paulo : Schoba, 2013. 292 p. : il. ISBN 978-85-8013-253-3 1. Biografias I. Título II. Grupo Vida Nova CDU 929 13-0331 CDD 920.02 Índices para catálogo sistemático: 1. Biografias


Para Minha mãe, meu pai Alexandrina e Luiz (in memoriam) Meus filhos; Carlos Diego e Clodomir Netto Meu marido José Eleno Soares Meus irmãos Celecina, Lindalva (in memoriam); Maria das Montanhas; Maria Helena; José Carlos Meus cunhados Pereira, Murilo, Jaime Meus sobrinhos Mulheres do Grupo Vida Nova, que construíram comigo este projeto e cultivaram a “paciência de Jó”, na espera da sua concretização. O criador da capa: amigo e ex-aluno Ricardo Freitas Cavalcanti Todos que aceitarem fazer comigo esta viagem!



Agradecimento Zezé Freire

Os contatos com os integrantes do Grupo Vida Nova passaram a fazer parte das minhas mais importantes e enriquecedoras aquisições. Pessoas que aprenderam a viver com desprendimento e sabedoria! A essas “meninas”, que bebem com prazer cada gota de vida, a gratidão por aceitarem participar do projeto deste livro, construído lentamente, com muito sacrifício! Realizei! Realizamos!



Reflexão da Terceira Idade “Um dia o meu espelho me contou... Você está na terceira idade! Tomei um susto... me olhei de novo... Percebi, então, que pela aparência externa... Eu estava mesmo... Dura realidade... fiquei pensando... Quando entrei na terceira idade?... Não me lembrava... entrei tão devagarzinho Que nem percebi...quando teria sido?... Não com a queda dos meus cabelos... Esses começaram a cair aos trinta... Cabelos brancos?... O grisalho me pegou cedo... Tinha uns 45 anos de idade... Na época me meteu medo... Mas... quando teria sido?... Como posso ter esquecido? As rugas?... Meu gordo rosto sempre as escondeu Ainda não as tenho... A aparência cansada? Esta é de agora... Não defini a data... mas um dia...


Sem que eu percebesse... entrei na terceira idade... O que é a terceira idade?... Apenas uma convenção... Definiu-se pela idade... 55... 60... não sei... Sei pela minha mente... ainda sou adolescente... Agora... até mais que antes... voltei a agir por impulsos... Sinto-me ainda uma criança E ainda nessa minha andança...pelos caminhos da vida... Eu crio artes... Minha mente bola travessuras... As mais belas aventuras... Para a minha criança fazer... Virei criança outra vez... Aquela menina quieta... Calada e tímida de outrora... Mas que na hora de brincar... Inventava mil coisas na hora... Que a minha mãe/tia enlouqueciam... Assim era eu... será um início de caduquice?... Mas ainda me sinto assim! Sinto-me adolescente... Sentindo ainda, a vida pela frente!... Ainda sinto o amor... Ainda sinto a vida...


Estou na terceira idade... Estou viva! Obrigada, Deus!�



Agradecimento

Maria Rute Galvão de Souza (Em nome das integrantes que aceitaram o convite)

O Grupo Vida Nova – Terceira Idade de Pesqueira, fundado em 27 de abril de 1999, tem a sua sede na Rua Barão de Vila Bela e conta com a frequência de 68 sócias. Funciona com uma diretoria atuante que procura oferecer em suas reuniões semanais, às terças-feiras, propostas para a melhoria da qualidade de vida das suas associadas. Recebemos um convite de Zezé Freire para participarmos do projeto do seu livro – Na Janela do Tempo – onde protagonizaríamos fatos reais de nossas vidas. Achamos a ideia maravilhosa e aceitamos oferecer-lhe o material – narrativa de fatos – que confiamos seria trabalhado com seu toque peculiar de magia e singeleza. Sabemos da determinação da autora em superar obstáculos para conseguir o seu objetivo. Agradecemos a Zezé por nos fazer presentes nesse marco da sua e das nossas histórias!



Praça Dom José Lopes (Anos 60)

“Eu abri minha janela olhei o céu tão bonito Meu pensamento voou nas asas do infinito Cruzou vales e campinas, matarias e cerrado Depois desceu de repente E pousou suavemente lá no chão do meu passado...”



O Tempo

Mario Quintana

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é Natal... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado... Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... Seguraria o amor que está à minha frente e diria que eu o amo... E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.



A Janela está aberta... Através dela faremos viagens no tempo. Encontraremos jovens que, hoje senhoras maduras, aceitaram o meu convite para registrar momentos ou fases de vida, marcantes em suas histórias. Histórias simples, porém, não banais... Vividas com as emoções e peculiaridades das mulheres que as teceram. Nelas, entrelaçadas as saudades de pessoas, costumes e locais onde se desenrolaram. Embarquemos nessas viagens...


Sumário Apresentação............................................................................................. 23 Heronilda Silva de Oliveira

Pitadas de Bom Humor............................................................................. 25 Abenice Miranda da Silva

A Raposa................................................................................................... 33 Alexandrina Cordeiro Freire

Retalhos da Minha Vida........................................................................... 41 Alexandrina Galdino da Silva (Nenê)

A Importância dos Afetos......................................................................... 47 Alvanira Torres Máximo

Curiosidade dá e Passa!............................................................................. 53 Carmem Lúcia F. de Melo

Atrelada Às Águas!................................................................................... 59 Carmita Maciel

Se Essa Rua Fosse Minha... ..................................................................... 67 Corina da Conceição Melo

Chuva de Bênçãos!.................................................................................... 73 Creusa Torres

Da Fantasia à Realidade... Da Realidade à Fantasia!.............................77 Darcy Tenório de Brito

Podemos Mudar o Destino?...................................................................... 83 Dominícia Alves de Oliveira

Um Dia Muito Especial!.......................................................................... 87 Donatila M. de Siqueira

Antipática!................................................................................................ 93 Edite Santos

Não Foi Fácil Chegar... e Brilhar.............................................................. 99 Elizabeth de Souza Santos

Ousadamente........................................................................................... 105 Francisca R. de Araújo Mota (Nucha)


Para Ouvir a Banda Tocar...................................................................... 111 Ivanilda Porto Almeida

Negras Madeixas..................................................................................... 117 Joana Correia Guedes

Simplesmente Feliz!................................................................................ 123 Letícia Vieira da Silva

Ele Foi o Cara que o RC Falou............................................................... 131 Lídia Aulina dos Santos

“Amor de Carnaval Desaparece na Fumaça...” ou Não!.........................137 Lucília Sancho do Rego Barros

Captando Imagens de Vida..................................................................... 143 Maria Alves de Alencar

Contrastes................................................................................................ 149 Maria Anunciada Cordeiro

Escrito nas Estrelas... ............................................................................ 153 Maria Auxiliadora Leite dos Santos

Acredito em Milagres!............................................................................. 159 Maria Creuza da Silva Maciel

Doces Lembranças................................................................................... 165 Maria das Graças Galindo Miranda

Valeu Dois Mil Réis... E, Lembrança Infinda!....................................... 169 Maria de Lourdes Carvalho Freire

Cocoricó... O Galo que Não Esqueci!....................................................... 175 Maria de Lourdes Oliveira Galindo

Na Dança... Na Vida.............................................................................. 179 Maria do Socorro P. Alves (Socorro)

Infância Feliz!........................................................................................ 185 Maria Delzuite da S. Almeida

DNA Musical... Com Carnaval!............................................................. 189 Maria Helena de O. Silva (Nena)

Pesqueira, um Sonho que Virou Realidade.............................................. 197 Maria Inês da Silva (Inês)

Matizes e Richilieus................................................................................ 203 Maria Inês Silva Gonçalves


Uma Casa Especial................................................................................. 209 Maria José Cordeiro Freire (Zezé Freire)

Tempos e Caminhos que Percorri.............................................................. 219 Maria José do Amaral França (Zezé França)

Presente Inesquecível............................................................................... 225 Maria José Xavier de Lima (Zezé Lima)

Natal, Noite Feliz!................................................................................. 231 Maria Luiza Valença

Previsão Feliz!........................................................................................ 235 Maria Madalena Alves Gomes

O Sonho de Minha Mãe... O Sonho Meu!............................................... 241 Maria Rute Galvão de Souza

Coisas de Criança!................................................................................... 247 Maria Zuleide Miranda

Carinhosas Lembranças........................................................................... 253 Marlene Cardoso Barbosa

Parecia Impossível... Mas... O Sol Voltou a Brilhar!.............................. 259 Neuza Lopes Espíndola

Duas Cidades........................................................................................... 265 Odete de Andrada Alves

A Viagem dos Meus Sonhos.................................................................... 271 Rita de Oliveira Cardoso

Um Dia Muito Especial!........................................................................ 277 Severina Cavalcanti Gonçalves

Menina Travessa... Detalhes que Não Esqueci....................................... 283 Socorro Espíndola


Apresentação

Heronilda Silva de Oliveira

Em uma noite de quarta-feira, entre afazeres domésticos e intervalos para recompor as energias, a convite de Zezé Freire, debruceime Na Janela do Tempo e iniciei a leitura. Em princípio, para análise das vírgulas, dos pontos, dos verbos, das crases e... sem qualquer pretensão, deparei-me com uma maravilhosa volta ao meu tempo de infância e juventude. Que prazer! Ri muuuuito com as lembranças de Abenice...(eu estava lá). Como é bom recordar... E a partir daí, fui me envolvendo com as histórias, as experiências, as paixões... e quando dei por conta, era madrugada, já havia lido 140 páginas. Resolvi dormir, vencendo a vontade de prosseguir na leitura. No dia seguinte, apressei-me em retomá-la, pois concluí que olhar através da Janela do Tempo é um exercício gratificante, um lazer salutar, faz bem à alma, arranca de seu peito lindas, grandes e deliciosas recordações. Este livro é um deleite. É viver o adágio “recordar é viver”, revivendo velhas travessuras. Debruce-se também. Com certeza, você se sentirá passeando na Praça Dom José Lopes, devorando caramelo no Cine Moderno, acompanhando a procissão de Santa Águeda, indo ao Grupo Escolar Ruy Barbosa ou ao Colégio Santa Doroteia, dançando no Clube dos Radicais ou Clube dos 50, ouvindo o apito da Peixe às 11 horas, participando da festa de Dona Maroca, balançando-se nos “barcos ou canoas” de Seu Salvador... Quantas coisas boas vivemos e nem percebemos... Rememorar é saborear, com maturidade, a ingenuidade de tantos momentos felizes. Recomendo-lhe esta prazerosa leitura. A Zezé Freire, que também faz parte da minha história de vida, meus aplausos pela brilhante ideia. 25


Abenice Miranda da Silva


Pitadas de Bom Humor

“Rir é o melhor remédio!” “Encarar a vida com bom humor fortalece a mente e o corpo, tornando-os mais aptos a enfrentar situações de crise.”

Uma fazenda pertencente à tradicional família do vizinho município de Sanharó – família Foerster – foi o cenário escolhido para passearmos e vivermos algumas divertidas aventuras em um final de semana, nos distantes anos setenta. Eu e colegas do Colégio Santa Doroteia – turma 1971 – fomos as protagonistas daquele hilário e saudoso final de semana. A casa da fazenda era equipada com móveis e utensílios muito antigos. Havia imagens de diversos santos. Entre essas, estava uma imagem de Nossa Senhora da Conceição com um cabelo enorme. Começou a farra: as meninas batizaram-na logo de Nossa Senhora da peruca. O Sr. Paulo Foerster, proprietário muito gentil, ofertou-nos uma galinha para completarmos o almoço. Uma das colegas logo se prontificou, afirmando que sabia matar e preparar a dita cuja. Foi outra farra a matança! Tudo parecia correr de acordo com os bons princípios da arte 27


culinária: tempero cheiroso, carne no fogo... Chega a hora de servir a apetitosa. Mesa posta, tudo arrumado! Quando então, algumas colegas perceberam que os pés da galinha haviam ido para o fogo com unhas e tudo. Foi uma confusão! Fisionomias enojadas, algumas sem nem mais desejarem almoçar... Frustração vencida, o dia prosseguiu em clima de muita brincadeira. Ao anoitecer, ninguém queria ir até a cozinha ou ao banheiro sozinha; precisava ser em dupla ou em pequenos grupos. Achavam que a casa era mal-assombrada! Tive uma ideia para assustar ainda mais a turma: amarrei um cordão em uma tampa de panela e puxei-o até a cama que estava ocupando. Quando os candeeiros apagaram, comecei a brincadeira, esticando o cordão. O barulho das panelas levou a turma ao desespero! Umas choravam, outras rezavam, outras se encolhiam e se enrolavam da cabeça aos pés nos lençóis. Como eu não dava importância aos ruídos, uma colega corajosa desconfiou. Acendeu um lampião a gás – na fazenda não havia energia elétrica – foi até a cozinha e descobriu o que eu havia aprontado. Desmascarada, restou-me receber os “xingamentos e travesseiradas” que logo se transformaram em risadagens. Por essas simples manifestações de alegria o passeio entrou para o memorial das boas lembranças.

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