Copyright © Licio Maciel Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma e por qualquer meio mecânico ou eletrônico, inclusive através de fotocópias e de gravações, sem a expressa permissão do autor. Todo o conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do autor. Editor Responsável: Thiago da Cruz Schoba Coordenador Editorial: João Lucas da Cruz Schoba Capa: Editora Schoba / Francis Manolio Diagramação: Editora Schoba / Júnia Noronha
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Maciel, Licio Velejando melhor : teoria e técnica / Licio Maciel. -- Salto, SP : Editora Schoba, 2011. Bibliografia. ISBN 978-85-8013-089-8 1. Barcos a vela 2. Meteorologia 3. Navegação à vela 4. Regatas 5. Veleiros 6. Velejadores I. Título. 11-09566 CDD-797.124 Índices para catálogo sistemático: 1. Esporte da vela : Esportes náuticos 797.124
Editora Schoba Ltda Rua Melvin Jones, 223 - Vila Roma - Salto - São Paulo CEP 13321-441 Fone/Fax: (11) 4029.0326 E-mail: atendimento@editoraschoba.com.br www.editoraschoba.com.br
A todos os jangadeiros brasileiros, que enfrentam o mar em suas rústicas embarcações. A memória de Eric Hiscock, Bernard Moitessier, Éric Tabarly, Geraldo Tollens Link e Sérgio Mirski. A Aleixo Belov, maior velejador brasileiro de cruzeiro A Robert Scheidt, maior velejador brasileiro de regatas. A Torben Grael, maior velejador brasileiro de regatas oceânicas. A todos que dignificam o esporte da vela.
Agradecimentos
À minha querida esposa Leda Ceres, a cujo amor, dedicação e paciência, devo não estar até hoje molhando os pés numa jangada.
Sumário
O Autor Licio Maciel.................................................................... 11 Prefácio......................................................................................... 13 Capítulo 1 Considerações Iniciais.................................................................. 45 Capítulo 2 Regiões da Velejada...................................................................... 69 Capítulo 3 Vetores........................................................................................... 73 Capítulo 4 Ajustes Básicos ............................................................................ 87 Capítulo 5 Largando as Amarras.................................................................. 119 Capítulo 6 Melhorando a Velejada............................................................... 141 Capítulo 7 Comentários sobre alguns equipamentos.................................... 165 Capítulo 8 Meteorologia............................................................................... 171
Capítulo 9 Palavras Finais............................................................................ 181 Capítulo 10 Tópicos Importantes.................................................................... 187 Referência Bibliográfica........................................................... 201 Anexo 1 Vocabulário................................................................................. 203 Anexo 2 Abreviaturas................................................................................ 227 Anexo 3 Termos Português/Inglês............................................................. 229 Anexo 4 Termos Inglês / Português........................................................... 247
O Autor Licio Maciel q
Nasceu em Maceió, Alagoas, em 1930; estudou em Recife e Rio de Janeiro, onde se formou em engenharia. Em sua infância e juventude, sempre morou na praia (Pajuçara e Olinda) e veleja desde os 14 anos de idade. Navega assiduamente em seu veleiro “Krum II”, de cruzeiro, projeto Bruce Roberts, de 27 pés de comprimento, em fibra de vidro (sanduíche de Airex e de Belcobalsa). Possuindo barco no Rio de Janeiro desde 1955, sempre buscou a simplificação da vida a bordo em proveito do objetivo principal: velejar. Em paralelo com as inúmeras atividades que exerceu ao longo de todos esses anos (foi bancário; militar; engenheiro; professor; gerente industrial; consultor de informática, sistemas de segurança e telecomunicações), tendo inclusive a oportunidade de trabalhar em outros países, sempre dedicou suas horas de folga ao esporte da vela. Já navegou por quase todo o nosso litoral e ilhas oceânicas, parte do litoral E dos EUA, golfo do México e golfo de Benguela. Realiza freqüentes cruzeiros aos Abrolhos, Fernando de Noronha e litoral do NE, como também entre Bertioga e Vitória do Espí13
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rito Santo, em particular às regiões de Búzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Ilha Grande e Angra dos Reis. É autor de vários “livros digitais” versando sobre náutica, uma forma que encontrou para difundir o esporte da vela e, principalmente, demonstrar com um exemplo concreto que velejar não é esporte exclusivo de rico: “Ao Longo da Grande Barreira de Corais Brasileira” (esgotado) “Roteiro Costa Leste – de Bertioga a Natal” “Navegação Programada – GPS – Sextante – Computador” (esgotado) “Velejando Melhor – Teoria e Técnica” “Algoritmos Astronômicos (CD-ROM encartado).
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Prefácio q
“Muitos anos velejei sem saber exatamente o que estava fazendo...”
Com o barco na poita, velas içadas, panejando levemente numa brisa, se largamos as amarras com as escotas caçadas numa tensão qualquer, o barco se afastará derivando e forçosamente pegará seguimento para a frente. Aí o iniciante concluirá: “Já sei velejar!”. É o que geralmente acontece, embora possa parecer exagerado. Com o passar do tempo, porém, ele vai vendo que os outros barcos de mesma categoria, da mesma classe, andam mais e estão com melhor “aspecto”. É a partir desse instante, dessa constatação, que começa o interesse em saber ajustar as velas, empregar corretamente o aparelho, procurar saber as causas e como contornar os problemas. Como conseguir velejar corretamente? O meu barco anda menos porque os outros barcos é que são bons. Será? Estarei velejando certo? Como saber o que é o certo? A partir destas perguntas é que se começa realmente a aprender. As velejadas curtas passarão a ser mais como treinamento para as regatas de fim de semana, como um teste, com maior atenção nos ajustes, vendo o barco ganhar velocidade. Os cruzeiros serão feitos com mais atenção aos ajustes, antes feitos sem lógica, sem nenhum
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critério; o barco renderá bem mais, a velejada trará bem mais satisfação. Se bem que os objetivos de cruzeiristas e regatistas sejam um pouco diferentes, não resta dúvida que a primeira preocupação em qualquer caso deve ser a de conduzir a “máquina” de maneira correta, da melhor forma possível, seja ela de regata ou de cruzeiro. E isto deve ser feito conscientemente, sabendo-se exatamente o que se está fazendo. Velejar não é um mero passatempo, um simples esporte; é uma atitude mental, envolvente e que exige muita dedicação, muita perseverança; é um esporte que fascina. Por ser um esporte extremamente técnico, exige muito estudo, muitas horas queimando a pestana... É uma ciência, cheia de conceitos, regras e leis, que devem ser seguidas, estudadas e principalmente praticadas. Velejar, em regata, em cruzeiro ou em simples passeios, pressupõe dominar a técnica de vela. Não há dúvida de que todo grande velejador se esforçou muito, treinou muito e estudou muito para progredir no esporte (embora alguns procurem transparecer que aprenderam por osmose ou por inspiração divina...). Mas isto é mais uma desculpa para não ensinar. Quanto mais você estudar as partes físicas que interferem no barco como um sistema, melhores resultados alcançará. E o principal é não ter que decorar os ajustes, uma vez que tudo tem uma lógica. As regatas não são ganhas na sorte... Em qualquer esporte a dedicação é de grande importância para o desenvolvimento individual. Mas, não precisamos sair por aí “desbravando” tudo; alguém já fez isto por nós. Pelo menos, desde 1720, com a criação da primeira associação de vela na Inglaterra, cem anos depois do primeiro barco esportivo ter sido construído. Inicialmente, velejando em águas abrigadas, em cruzeiro ou em regatas, o desenvolvimento no esporte é progressivo; depois, o primeiro patamar é atingido e nele muitos ficam satisfeitos. Afinal, barco foi feito para diversão, alegam; “para que complicar?”... Para mergulhar, basta uma máscara com respirador, pés de pato (nadadeiras) e fôlego; o mar poderá começar a ser esquadrinhado. 16
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Mais tarde, um arpão, uma faca presa à perna para segurança. Em seguida as roupas, as garrafas, já estarão na mira ou, talvez, um narguilé (compressor com filtro, etc.). Daí, o desenvolvimento terá que ser orientado. Um curso básico de mergulho se impõe. Depois, poderá ter prosseguimento num curso avançado, salvamento e primeiros socorros, curso de mestre e de instrutor, para os mais aguerridos. Mergulho em cavernas, em naufrágios, fotografia, filmagem e vídeo, etc. Os equipamentos, roupas, coletes, instrumentos, lastros, etc. Quem desejar um rápido desenvolvimento, com segurança, deverá freqüentar cursos, que hoje existem muitos e bons. Antes, tínhamos que nos safar com revistas estrangeiras e o livro de Santarelli. O pára-quedista aprende a dominar o pára-quedas no ar, a técnica da queda livre, as posições, os retardos, o cálculo do desvio, a sustentação, a meteorologia, o vento de camada, os modos e as posições de aterragem, uma excelente forma física, um grande número de saltos, regras de segurança, cálculos de desvio, enfim, uma serie de requisitos imprescindíveis, os detalhes indispensáveis; um instrutor é de todo aconselhável, claro. Mas, nada impede de você “vestir” o pára-quedas e saltar sem saber nada, no peito; o pára-quedas abrirá e você se safará na aterragem, o que a forma física ajudará bastante. Mas, há de reconhecer que está errado. O mesmo diríamos para o vôo livre, etc. O alpinista necessita de uma grande forma física, uma parte teórica seguida de prática até que os detalhes sejam assimilados. Muitos pensam que é só subir em pedra como lagartixa; outros julgam que é uma caminhada um pouco mais íngreme. Você pode colocar os melhores atletas no campo-escola que nenhum escalará as pedras dos diversos graus de escalada se não forem ressaltados e treinados os detalhes de cada uma; são os macetes. Equipamentos, detalhes vitais de emprego, cuidados. Exercícios físicos especializados. Técnicas de escalada; lenta progressão nas modalidades e graus de escalada, também para acostumar os nervos; regras de segurança. Um instrutor guia de escalada, faz-se de todo necessário. A equitação exige uma enorme dedicação e uma larga faixa de 17
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conhecimentos; é um esporte complexo e que exige muito esforço do praticante. E muita paciência. Uma faixa enorme de modalidades. Sem dúvida, não ter um instrutor é ficar estagnado num patamar por muitos anos... Muitos pensam que é só passar a perna e sair “andando”, galopando... E assim poderíamos citar uma infinidade de modalidades de esportes, com a preparação racional, com a parte técnica sobressaindo, uma parte prática intensa e a necessidade de enorme gama de requisitos, esforço contínuo, persistente, etc. Daí, a importância de um técnico, um treinador, e por aí a fora. É interessante lembrar que não só no campo esportivo acontece isto; em qualquer atividade sempre será exigida uma grande dedicação, muito estudo e muita prática. Como último exemplo, podemos lembrar o músico; quantas horas dedicadas ao estudo teórico, prática no instrumento, audições, etc. Ao escutá-lo tocar, não se pensa em nada disso, achando que ele aprendeu tudo naturalmente, é um “artista”. É claro que os virtuosos levarão vantagem, mas com dedicação e força de vontade será sempre possível obter grandes resultados. Baden Powell, o nosso grande violonista, numa entrevista na TV, declarou que estudava 8 horas por dia e o violão tomava todo o seu tempo, até dormindo... E por que seria diferente com referência ao iatismo? Se você quer apenas “andar” de barco à vela em águas abrigadas, procure ao menos melhorar um pouco os ajustes, após algumas leituras da parte que achar mais interessante; logo estará vendo os benefícios... o barco melhorando, mais veloz, bem ajustado, criando alma nova e você pegando confiança, dominando a máquina com segurança. Mesmo que ela seja de cruzeiro, tem que ser mareada corretamente; valerá a pena... Se pretende ganhar regatas ou efetuar grandes percursos, este resumo será apenas o começo; você terá que estudar muito mais, tanto nos livros e, principalmente, nas revistas nacionais e estrangeiras; praticando no barco, sempre. E, naturalmente, um técnico será de grande valia. Cada nova vela, com corte diferente, radial ou misto, com ca18
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