Alfabeto dos Mitos do Futebol (versão de teste)

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Eduardo Franco & Gabriel Assis

Editora Gol de Placa

alfabeto dos

MITOS do futebol



Eduardo Franco & Gabriel Assis

alfabeto dos

MITOS do futebol



Eduardo Franco & Gabriel Assis

Editora Gol de Placa

alfabeto dos

MITOS do futebol


© Editora Gol de Placa Edição original: 2012 Concepção, pesquisa, layouts, desenvolvimento e diagramação: Eduardo Franco e Gabriel Assis Supervisão e argumento: Guto Lins, Elizabeth Grandmasson e Julieta Sobral Projeto acadêmico, realizado na disciplina de Projeto de Comunicação Visual, da PUC - Rio. 1ª edição, 2012

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Franco, Eduardo e Assis, Gabriel Alfabeto dos mitos do futebol Título original: Alfabeto dos mitos do futebol 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Gol de Placa, 2012 64 pp., isbn 978-85-7503-856-7 11-02518 CDD-686-224 Índice para catálogo sistemático: 1. Esportes: futebol 686.224 2. Mitos: futebol 686-224

Editora Gol de Placa Rio de Janeiro editoragoldeplaca.com.br


Agradecimentos

Nossos agradecimentos às nossas famílias e namoradas, que estiveram sempre dispostas a ver e opinar sobre aquele layout aparentemente “igualzinho ao de 3 horas atrás”; Aos nossos professores, orientadores e amigos que estiveram sempre opinando com um olhar mais experiente, em especial à Bebeth Grandmasson e Julieta Sobral. E mais especial ainda ao Guto Lins, que em cada reunião, antes de ver layouts e opinar sobre o livro, comentava sobre o jogo da véspera; E, é claro, a todos os grandes jogadores (principalmente os que passaram pelo Flamengo e Botafogo) que despertaram nossa paixão pelo futebol. E ficam aqui, já antecipadas, nossas desculpas a tantos grandes que tiveram que ficar de fora (o Pet, por exemplo, deu azar de ter o nome começando com a mesma letra do Rei).


Introdução

O

futebol mexe com o emocional, com as lembranças e a memória dos brasileiros. Lembranças de jogos inesquecíveis, jogadores sensacionais, jogadas de se admirar. O futebol é mais do que um esporte, é uma instituição. Possui uma história, termos, cultura, e uma mitologia próprios. Essa mitologia é o que mexe com os torcedores, que faz com que não sejam apenas espectadores e sim apaixonados protagonistas deste universo que é o futebol. E quem move essa mitologia são os heróis, os jogadores que deixaram sua marca na história. São verdadeiros mitos, com feitos fantásticos, inacreditáveis. São aqueles jogadores que, mais do que craques, marcaram os torcedores, mudaram a história. Inventaram jogadas, expressões, foram aplaudidos por um estádio lotado (inclusive pela torcida adversária) ou deixaram todos boquiabertos. São os jogadores de características inesquecíveis.


Gols fantásticos, dribles mágicos, jogadas que desafiam as leis da física, posicionamento de gênio ou, simplesmente, como diriam os franceses, possuem o tal do “je ne sais quoi”. É aquele algo a mais, que não se sabe exatamente o que é. Difícil de descrever, mas muito fácil de sentir e identificar. São aqueles que fazem o futebol ser muito mais uma paixão, e não apenas um esporte. Este livro não é mais um almanaque dos grandes craques, mas uma nostálgica reunião de alguns dos maiores mitos da história. O tratamento aqui não é enciclopédico, objetivo ou racional. Cada letra do alfabeto é representada por um desses mitos, de forma nostálgica, mitológica, e fantástica, tal qual eles merecem. Infelizmente, muitos outros tiveram que ficar de fora desta seleção. Mas esses 26 que aqui estão, certamente representam muito bem a história e mitologia do futebol, construída por eles próprios.





Jogador de muito habilidade, artilheiro, pontaesquerda, Amarildo foi figura muito importante na Copa do Mundo de 1962, na qual substituiu Pelé, contundido, participando de quatro jogos e marcando três gols: dois diante da Espanha e um contra a Tchecoslováquia, na final da Copa. Após a excelente participaçao no jogo da Copa do Mundo, Amarildo recebeu o apelido de “Possesso” Em 1963 foi negociado com o AC Milan, da Itália, onde fez sucesso, jogando até 1967. Jogou ainda na Fiorentina e na AS Roma. Voltou ao Brasil em 1973, para defender o Vasco, time no qual encerrou a carreira em 1974. No Botafogo foi “eternizado” como titular do maior ataque do Glorioso em todos os tempos: Didi, Garrincha, Quarentinha, Zagallo e Amarildo. Considera-se que Amarildo e Garrincha ganharam “sozinhos” a Copa do Chile para o Brasil. No Milan, na decisão do Mundial de Clubes contra o Santos em 1963, ele integrou o célebre ataque rubro-negro ao lado de Mora, Lodetti, Mazzola e Gianni Rivera.

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Romário é amplamente tido como um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Conhecido popularmente como “Baixinho”, pela baixa estatura, começou sua carreira no Vasco, mas virou ídolo pelos clubes onde passou (Barcelona, Flamengo, Fluminense, entre outros). Além de ser um jogador conhecido pela personalidade forte (o “marrento” chegou a afirmar que Deus teria apontado para ele e dito “esse é o cara”), foi eleito pela fifa o melhor jogador do mundo em 94, mesmo ano em que liderou a campanha do tetracampeonato mundial brasileiro. Sua fama de matador veio com o incrível posicionamento dentro da área e faro de gol, que lhe renderam mais de mil gols na carreira e comentários como o de Cruyff, que disse que o baixinho é um “gênio da grande área”.


Romário Baixinho

Gênio da grande área

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O termo “gol de placa” surgiu por conta de um gol marcado por Pelé no Torneio Rio-São Paulo. O jogo Considerado em que Pelé marcou primeiro gol de placa dada um dosomaiores laterais-direitos história ocorreu em um dia 5 de março partidada história, Carlos Alberto Torres foi onacapitão Fluminense x 3 Santos, válido pelodoTorneio Rioseleção 1brasileira na conquista Tricampeonato, São Paulo de 1961. O gol ocorreu aos 40 minutos na Copa de 70, no México. Levantou a famosa do primeiro tempo e foi segundo de Peléem no definitivo taça Jules Rimet, queo foi conquistada jogo nesta (PepeCopa completou para os santistas e Jabur (a taça seria dada à primeira seleção descontou para o Fluminense). que a conquistasse três vezes). O Capitão, como ficou conhecido, jogou pelo Fluminense, Botafogo, ApósFlamengo, driblar vários adversários vindoCosmos. do meio-deSantos e New York campo com a bola dominada, Pelé venceu o então goleiro Castilho fazendo com que o Maracanã Tinha habilidade, enorme respeito dos e o jornalista Joelmir Beting explodissem em euforia. companheiros e uma forte personalidade, queOo jornalista, empolgado com o fantástico haviaa fizeram liderar a fantástica seleção gol queque ganhou visto,Copa disse do queMundo tal gol merecia uma placa tamanha de 70, que tinha craques como sua beleza. Assim, uma placaGérson, de bronze foi feita e Pelé, Jairzinho, Tostão, Piazza, Clodoaldo colocada na entrada do Maracanã onde permanece e Rivelino, entre outros. O “Capita” ainda foi até hoje. Desde então, todosum os dos gols125 marcados com considerado por Pelé, melhores rara beleza são intitulados “gols de placa”. jogadores vivos da histórias, em 2004.


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Maradona é amplamente considerado um dos maiores, mais famosos e mais polêmicos jogadores do século xx. Reunia inteligência, vontade e talento, com dribles, habilidade para mudar drasticamente sua velocidade e dar giros surpreendentes. Enquanto jogador, Maradona foi reverenciado como uma divindade em seu país natal, sendo criada inclusive uma igreja dedicada a ele. Seu maior momento foi na Copa do Mundo de 86, que na opinião popular foi ganha inteiramente por ele. Internacionalmente, Maradona também consagrou-se como herói da equipe italiana do Napoli, um clube que, embora tradicional, estava entre os pequenos do país. Com El Diez, o Napoli viveu momentos de glória no final da década de 80, ganhando seus dois únicos títulos no Campeonato Italiano e lutando de igual para igual com as maiores equipes do país. A carreira de Maradona, porém, foi cercada de controvérsias, que não se limitaram aos gramados. As maiores delas foram relacionadas ao seu envolvimento com drogas, um vício que acabou por arruiná-lo nos gramados, mas que mesmo assim não diminuiu sua importância para o futebol.

D


Nascido em Santa Marta, na Colômbia, no dia 2 de setembro de 1961, Valderrama veio de uma família de jogadores de futebol. Criado em um bairro conhecido por formar muitos jogadores e participante da equipe de sua escola, onde seu pai era treinador, jamais cogitou outra profissão. Capitão da Seleção da Colômbia, “El Pibe”, como ficou conhecido, fez grande sucesso por sua técnica e seus passes precisos (além da inconfundível cabeleira), principalmente nas Copas de 90 e 94, mas seu principal ano a frente da seleção, foi a eliminatória sulamericana no ano de 93 onde a seleção colombiana fez uma das suas melhores apresentações.




Foi um dos heróis da Copa de 70, ocasião em que o Brasil conquistou em definitivo a Taça Jules Rimet, ao sagrar-se tricampeão. Ganhou o apelido de Furacão da Copa, tendo marcado gols em todas as partidas (marca até hoje não igualada). O pontade-lança botafoguense era considerado um dos maiores atacantes de todos os tempos, unindo doses excepcionais de técnia, velocidade, força, preparo físico e valentia, ou seja, um verdadeiro furacão. Tostão, companheiro de tricampeonato e cronista esportivo considera-o como um dos maiores craques brasileiros de todos os tempos, e João Saldanha, ao final da Copa de 70 colocou-o como um dos três maiores craques do Tri, ao lado de Pelé e Gérson.


“Éfalta na entrada da área. Adivinha quem vai bater...”

Não são poucos que consideram Zico o maior jogador de futebol dos anos 80, sendo chamado frequentemente no exterior de “Pelé branco”. É o maior artilheiro da história do Maracanã e do Flamengo, time em que é o maior ídolo. Zico é um dos quatro brasileiros a figurar no Hall da fama da fifa, ao lado de Pelé, Garrincha e Didi. Zico liderou o maior time da história do Flamengo, conquistando inúmeros Campeonatos Cariocas, 4 Brasileiros, a Libertadores da América e o mais importante de todos, o Título Mundial de Clubes, com uma final sensacional em que o Flamengo (guiado por Zico) aplicou um 3 a 0 no temido Liverpool da Inglaterra. Integrou a histórica seleção de 82, ditos por muitos como a que seria a melhor de todos os tempos, se não tivesse deixado de ganhar o título. Segundo Romário, “Zico foi o líder do melhor time que vi jogar. Ele é um mito e não haverá outro como ele.”

“Um pode o mu


ma jogada mudar undo.�

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Jogador competente, Higuita passou a destacar-se na Colômbia não só por suas boas defesas, mas principalmente pelas suas extravagências. Cabelo esquisito, roupas coloridas, jeitão desarrumado e loucuras em campo fizeram dele um ídolo nacional. Campeão da Libertadores de 1989 com o Atlético Nacional, Higuita fugia completamente dos padrões. Fazia gols de falta e jogava quase que como goleirolinha, avançando junto com a defesa. E ainda fazia malabarismos com a bola. Um deles, inclusive, saiu muito caro. Na Copa do Mundo de 90, tentou fazer gracinha com o camaronês Roger Milla, levou uma caneta e viu seu país ser eliminado da competição.




Dennis Bergkamp começou a carreira no Ajax, onde marcou 122 gols e ganhou uma Copa da uefa (campeonato que também ganhou defendendo a Internazionale). A partir de 95, começou a jogar pelo Arsenal, da Inglaterra, por onde ganhou a Liga e a Copa Inglesa. No clube londrino foi apelidado pelos torcedores de Iceman (“Homem de Gelo”), devido à sua frieza dentro de campo e por demonstrar pouca ou quase nenhuma emoção durante suas comemorações de gol. Está na história da Seleção nacional, sendo o segundo maior artilheiro.

I


Considerado um jogador revolucionário, tático, ofensivo, coletivo, vistoso e eficiente, inspirou muitos jogadores e treinadores a partir de suas extraordinárias atuações no Ajax e, principalmente, na Seleção dos Países Baixos, durante a Copa do Mundo de 74. Se, atualmente, há no futebol jogadores polivalentes que podem atuar sem posição fixa no campo, sem prejuízo de suas atuações individuais, muito se deve a este genial craque (e a seu treinador, Rinus Michels). Mesmo mais de trinta anos passados da Copa de 74, os Países Baixos, Michels e Cruyff sintetizam a última revolução tática na história do futebol e serão para sempre lembrados como sinônimos do chamado futebol total, o qual os jogadores de linha se sentiam à vontade ao desempenhar todas as posições. Visto como um pensador do futebol, costumava enfatizar a rapidez de pensamento tanto quanto a rapidez do corpo: sua característica velocidade era descrita pelo próprio como uma questão de saber a hora certa de começar a corre. Cruyff foi escolhido pelo iffhs como o maior jogador europeu do século xx.



Franz Beckenbauer é conhecido como der Kaiser (“o imperador” em alemão). Foi um dos maiores jogadores da história da Alemanha. Antes de se tornar Kaiser, recebeu a alcunha de “brasileiro da Alemanha”, devido a sua habilidade, futebol vigoroso, liderança natural, passes precisos de curta e longa distância, e capacidade de desarmar sem fazer faltas. Outras marcas registradas de seu futebol vistoso eram a elegância com seu porte ereto, passadas largas e a cabeça sempre erguida, além da grande visão de jogo. Aos 21 anos, já era eleito um dos melhores de uma Copa do Mundo. Ganhou títulos da Copa dos Campeões da uefa e da Copa da Alemanha pelo Bayern Munique e a Eurocopa e Copa do Mundo pela seleção. Como treinador, ainda ganhou alguns títulos pelo Bayern e a Copa do Mundo pela Alemanha.


K


NEGRO DIAMANTE

INVENTOR INVENTOR DA DA BICICLETA BICICLETA

•••••••••••••••••••••••••••••• Leônidas da Silva é considerado um dos mais importantes jogadores da primeira metade do século xx. Começou sua carreira no São Cristóvão, do Rio de Janeiro, mas passou por grandes clubes, como o Vasco, o Flamengo, o Botafogo, e o São Paulo. Ficou conhecido por sua criatividade e elasticidade, além de ser o criador da bicicleta, jogada que encanta os torcedores até hoje. Chegou a fazer um gol de bicicleta na Copa do Mundo de 38, mas o gol foi anulado, pois o juiz desconhecia a técnica.

Para Mario Filho, ele era esse tipo de jogador: “Quando a gente estava arregalando os olhos para ver se via, a mágica estava feita”; para Nelson Rodrigues: “Um jogador rigorosamente brasileiro, da cabeça aos sapatos. Tinha a fantasia, a improvisação, a molecagem, a sensualidade do nosso craque típico”. Leônidas fazia gol de todo jeito. Inclusive sem chuteira, como na prorrogação do jogo contra a Polônia.

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Bonsucesso Futebol Clube CArioca Esporte Clube VERSUS

•••••••• 24/04/1932 ••••••••

A Espetacular “Bicicleta”



Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha ou simplesmente Garrincha foi um jogador brasileiro que se notabilizou por seus dribles desconcertantes apesar do fato de ter suas pernas tortas. É considerado por alguns o maior jogador de futebol de todos os tempos. No auge de sua carreira, passou a assinar Manuel dos Santos, em homenagem a um tio homônimo, que muito o ajudou. Garrincha também é amplamente considerado como o maior driblador da história do futebol.

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Jogou 60 partidas pela Seleção Brasileira e encantou a todos em três Copas do Mundo: da Suécia (1958) e do Chile (1962), das quais o Brasil foi campeão, e da Inglaterra (1966). Com Garrincha, o Brasil obteve 52 vitórias e sete empate. Marcado por sua inocência e suas frases e comentários engraçados, Mané deixou saudades dentro e fora das quatro linhas e ficará pra sempre eternizado na história do futebol.

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Nílton Santos é considerado o maior lateralesquerdo de todos os tempos. Foi o precursor em arriscar subidas ao ataque através da lateral do campo, revolucionando a posição de lateral, que não época possuía apenas a função de defender. Vestiu apenas duas camisas ao longo de sua carreira: a do Botafogo e da Seleção Brasileira, disputando os mundiais de 50, 54, 58 e 62. É chamado de “A Enciclopédia” por causa de seu vasto conhecimento sobre futebol. Uma das histórias famosas da Enciclopédia é a do pênalti que cometeu contra a Espanha, que não foi marcado porque, de maneira fria, Nílton Santos deu um passo para frente e saiu da área. O árbitro marcou apenas uma falta.


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Meia bicampeão mundial pela Seleção Brasileira nas Copas de 58 e 62, foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo de 58, quando a imprensa o chamou de “Mr. Football”. Didi foi um dos maiores e mais elegantes meio-campistas de todos os tempos. O Príncipe Etíope, como Nelson Rodrigues o apelidou, possui o mérito de ter criado a “folha seca”, técnica em que a bola recebia um efeito inesperado na cobrança de falta, semelhante ao de uma folha caindo. O lance ficou famoso quando Didi marcou um gol de falta nesse estilo contra o Peru, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 58. Didi jogou no Fluminense, Madureira, Botafogo, Americano e até no Real Madrid.

O


“Eu me recuso a classificar Pelé como jogador.

“Nunca se viu nada parecido no mundo.”

Ele está acima de tudo.” “O Pelé foi o único jogador de futebol que superou as barreiras da lógica.”

o Rei do futebol

“Pelé é um MITO.”

“O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols como Pelé. “Como se É fazer um gol como Pelé.” pronuncia Pelé?

d-e-u-s”


Pelé é o maior jogador de futebol de todos os tempos. Considerado o Atleta do Século, é, sem dúvidas, o Rei do Futebol. Pelé encantou o mundo por onde jogou. Marcou 1.281 gols em sua carreira. Ganhou a primeira Copa do Mundo em 58, na Suécia, quando tinha apenas 17 anos. Depois ganhou ainda a Copa de 62 e 70. Jogou no Santos por quase toda sua carreira, colecionando títulos, como os da Libertadores da América e o Mundial. Nelson Rodrigues uma vez escreveu: “Racialmente perfeito, do seu peito parecem pendermantos invisíveis. Em suma: — ponham-no em qualquer rancho e asua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola, e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias.”

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Waldir Cardoso Lebrêgo herdou o apelido de seu pai, Quarenta, ídolo do Payssandu (time que iniciou sua carreira). É, até hoje, o maior artilheiro da história do Botafogo, com 313 gols em 442 jogos. Armando Nogueira assim o definiu: “Quarentinha, eu o vi jogar muitas e muitas vezes. Era um chutador temível, um atacante de respeito, que fazia tremer os goleiros, fossem quem fossem. Tinha na canhota o que, então, se chamava de canhão. Chutava muito forte, principalmente na bola parada. Era de meter medo. Nos jogos Botafogo-Santos, era ele de um lado, o Pepe, do outro. Ai de quem ficasse na barreira. Quarentinha nasceu no Pará, filho de um atacante que lhe herdou, intactos, o chute poderoso e o apelido. Não sei se o pai era tão tímido quanto o filho. Quarentinha jamais celebrou um gol, fosse dele ou de quem fosse. Disparava um morteiro, via a rede estufar, dava as costas e tornava ao centro do campo, desanimado como se tivesse perdido o gol.”


O maior artilheiro da história das Copas do Mundo, com 15 gols. Ronaldo jogou no Cruzeiro, PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madrid, Milan e Corinthians. O apelido de Fenômeno surgiu na época que defendia o Internazionale. Além de craque completo, artilheiro fantástico, Ronaldo é reconhecido como fenômeno por suas superações. Após a decepção da derrota na final da Copa de 98 para a França (com uma misteriosa convulsão antes do jogo), e uma sequência de cirurgias no joelho, quando muitos achavam que não teria mais futuro no futebol, Ronaldo foi convocado por Felipão para a Copa de 2002 e se provou como o Fenômeno. Foi o grande craque da Seleção, conquistou o pentacampeonato e a consagração de ser um dos maiores ídolos brasileiros.


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Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, mais conhecido como Sócrates e também referido como Doutor Sócrates, Doutor ou Magrão, foi um jogador e médico brasileiro. Como jogador de futebol, Sócrates foi considerado um dos maiores do Brasil e, segundo a fifa, um dos maiores do mundo. Ídolo do Corinthians e do Botafogo de Ribeirão Preto, clube em que foi revelado, ao lado de seu irmão Raí. Doutor Sócrates notabilizou-se também por sua militância política, particularmente nos anos 80, quando liderou um movimento pela democratização do futebol e participou do movimento pelas Diretas já!. Sócrates também atuou como técnico de futebol, articulista e comentarista esportivo.

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TAFFAREL Reconhecidamente um dos maiores ídolos da história da Seleção Brasileira, Taffarel somou 104 partidas oficiais pela seleção, participando de três Copas do Mundo (90, 94 e 98), sendo uma das principais peças do tetra. Iniciou sua carreira no Internacional, de Porto Alegre, onde foi e é grande ídolo da torcida. Mas foi na seleção que teve seus melhores momentos, sendo um dos grandes responsáveis pelo tetracampeonato. Enquanto Romário e Bebeto balançavam as redes adversárias, Taffarel garantia que a rede brasileira quase não balançasse, inclusive pegando pênaltis importantíssimos. Foi imortalizado por um bordão do narrador Galvão Bueno, que afirmou: “Foi o maior goleiro de seleção brasileira que eu vi, um gênio, só que ele não saía do gol e eu ficava desesperado. Teve um jogo que a bola passou e eu falei ‘sai que sua, Taffarel’, que queria dizer ‘vai na bola, pelo amor de Deus.” Verdade é que Taffarel foi um dos mias conscientes goleiros do Brasil, conhecedor do quanto a posição exige em termos de treinamentos especiais, físicos e psicológicos. Poucos se preparavam tanto e tão bem.


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L

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Ubaldo Miranda jogou no Atlético Mineiro na década de 50. Ídolo da torcida, que o carregava nas costas após conquistas e vitórias. Reza a lenda que se encontrava com uma tal de Dona Nina, que lhe dizia se aquele seria ou não o seu dia. Ficou famoso pelos seus gols espíritas (que inexplicavelmente entravam). Foi o jogador que mais marcou na campanha rumo ao pentacampeonato mineiro, com 39 gols. Após marcar um gol em 58, Ubaldo foi carregado, de calção e chuteira, do Estádio Independência até a Praça 7, no centro de Belo Horizonte, nos ombros da torcida.




Velho

Lobo

Zagallo

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Zagallo foi um grande ídolo como jogador e como treinador. É, ao lado de Beckenbauer, um dos únicos que ganhou Copas do Mundo como jogador e como treinador. Ganhou campeonatos como jogador pelo Flamengo e pelo Botafogo, e foi um dos astros da seleção que ganhou o mundial de 58 e 62, ficando conhecido como “formiguinha”, pois estava, segundo Nelson Rodrigues, “em todos os lugares ao mesmo tempo. Zagallo salva um gol, sai com a bola e, em seguida aparece lá na frente, na área adversária, desintegrando a defesa inimiga” .

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Como treinador, ganhou a Copa de 70, e de 94 (como auxiliar técnico). Conhecido por ser supersticioso, principalmente com o número 13. Segundo Tostão (comandado de Zagallo na Copa de 70), “Zagallo foi o primeiro que vi trabalhar especificamente a tática, os fundamentos técnicos, os detalhes do adversário, o que os técnicos tentam fazer até hoje. Ele estava à frente daquele tempo, foi um precursor disso tudo. Muita gente até hoje fala que a seleção de 70 não precisava de técnico, porque tinha grandes jogadores, e é o contrário, ele deu uma força de conjunto e disciplina tática muito grande.”

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George Weah passou pelo auge de sua carreira atuando pelo AC Milan, entre 1995 e 2000. Em 1995, foi eleito o Melhor jogador do mundo pela fifa, e recebeu a Bola de Ouro sendo o único africano a receber ambos os prêmios. Nascido na Libéria, Oppong (“Super”), como era chamado, ficou conhecido por seus gols inesquecíveis que tinham sempre uma marca: o domínio de bola perfeito, a arrancada em velocidade e o arremate fatal. Em 1996, ele pagou todas as despesas para que a seleção nacional, junto a ele, disputasse a Copa das Nações Africanas daquele ano. No início da temporada de 2001, assumiu a condição de técnico da seleção liberiana, ao mesmo tempo em que continuou como atacante do Olympique Marseille. Hoje se dedica a política em seus país de origem.


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Xerife Moises “zagueiro que se preza nao ganha o premio Belfort Duarte” bonsucesso • flamengo • botafogo • vasco • corinthians • paris sg • fluminense • bangu

Zagueiro de jogo viril e às vezes ríspido, era conhecido como Xerife pelos admiradores e como “Moisés Paulada” pelos adversários. Ficou conhecido por sua frase “Zagueiro que se preza não pode ganhar o prêmio Belfort Duarte”, ironizando o prêmio que era dado aos jogadores mais disciplinados. Apesar disso, foi expulso poucas vezes em toda a sua carreira. Começou no Bonsucesso e jogou em todos os grandes clubes cariocas, sendo campeão da Taça Brasil de 68 pelo Botafogo e campeão Brasileiro pelo Vasco em 74. Conquistou ainda o Paulista pelo Corinthians em 77.


X



YASHIN Aranha Negra

Lev Yashin é considerado um dos maiores goleiros de todos os tempos. Utilizava um uniforme todo preto, o que lhe rendeu o apelido de Aranha Negra. É, até hoje, o único goleiro a ganhar a Bola de Ouro, da France Football, prêmio para o melhor jogador da Europa, em 63. Quando se aposentou, em jogo-despedida em 71, a fifa homenageou-o com uma medalha de ouro especial, por sua extraordinária contribuição ao esporte. O Aranha Negra possui marcas impressionantes: Defendeu 150 pênaltis na carreira e não levou gol em 270 jogos. Defendeu por toda a carreia o Dínamo de Moscou e a Seleção Soviética, tendo participado de quatro Copas do Mundo. A frieza de Yashin no gol se manteve intacta durante toda sua carreira - talvez graças a ritual pouco comum a que ele se submetia antes de grandes partidas. Nessas ocasiões, o goleiro sempre fumava um cigarro e tomava uma bebida forte.

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Zinédine Zidane é considerado por muitos como um dos maiores jogadores de toda a história do futebol mundial. Tido como melhor jogador da história do futebol francês, sendo frequentemente comparado a seu compatriota Michel Platini. Durante sua carreira, defendeu equipes como Juventus e Real Madrid, estando presente também, na fase mais vitoriosa da história da Seleção francesa, que conquistou uma inédita Copa do Mundo e o segundo título da Eurocopa de sua história. Zizou era caracterizado pelas passadas largas, precisão nas cobranças de falta e em lançamentos e habilidade para driblar apenas quando necessário. Jogava de forma solidária, fazendo os companheiros brilharem, ditando o ritmo do time ao preparar as jogadas e distribuir assistências. Durante sua carreira, conquistou diversos títulos, além de faturar também diversos prêmios, incluindo três vezes como melhor jogador do mundo pela fifa.

Z




Neste livro foi utilizada a fonte Garamond Premier Pro nos textos que apoiam cada página. O lettering específico de cada página contou ainda com as seguintes fontes: ArmWrestler Bold; Billabong; Market Deco; Mexcellent; Blackout; Great Vibes; Futura Bold; Mesquite Std Medium; Museo Slab; Rechtman Plain; Baskerville; PlainBlackWide Normal; Code Pro Light Demo; Tokyo; Rogers; Colleged; Clear Line; the dead saloon Regular; Soviet Expanded; World. Os textos que acompanham cada página de jogador foram adaptados de artigos da Wikipedia br. Este livro foi impresso em papel couché brilho 90g/m2



Desculpem o jargão, mas o futebol é, sim, a maior paixão nacional. Ele mexe com o emocional, com as lembranças e a memória dos brasileiros. Possui uma história, termos, cultura, e uma mitologia próprios. E quem move essa mitologia são os heróis, os jogadores que deixaram sua marca na história. São verdadeiros mitos, com feitos fantásticos, inacreditáveis. São aqueles jogadores que, mais do que craques, marcaram os torcedores, mudaram a história. São os jogadores de características inesquecíveis, aqueles que tem algo a mais, que não se sabe exatamente o que é. Difícil de descrever, mas muito fácil de sentir e identificar. São aqueles que fazem o futebol ser uma paixão, e não apenas um esporte. Este livro não é mais um almanaque dos grandes craques, mas uma nostálgica reunião de alguns dos maiores mitos da história. O tratamento aqui não é enciclopédico, objetivo ou racional. Cada letra do alfabeto é representada por um desses mitos, de forma nostálgica, mitológica, e fantástica, tal qual eles merecem. Para os apaixonados por futebol, e para os que querem se deixar apaixonar; para os que viram (ou ouviram no rádio) cada Copa do Mundo, e para os que começaram a acompanhar agora. Este livro é para todos que, como todos os brasileiros, vivem a cultura do País do Futebol.


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